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APRENDIZAGEM?
INTRODUÇÃO
Este trabalho de pesquisa tem como objetivo distinguir alfabetização de letramento, conceitos
geralmente confundidos pelos professores alfabetizadores.
A missão de alfabetizar letrando exige um trabalho árduo por parte dos professores e de toda a
equipe escolar. Assim, verificarei como se dá o processo ensino-aprendizagem nas escolas
estaduais e municipais.
Embora nossos alunos leiam razoavelmente bem, percebe-se que sentem dificuldades para
interpretar textos diversos. Isso me preocupa, uma vez que o índice de analfabetismo é
considerado baixo no Brasil.
1- LETRAMENTO
Esse termo, considerado polissêmico (Kleiman,1995), tem feito com que educadores saiam
em busca de significados, pois, para muitos deles, até bem pouco tempo era totalmente
desconhecido. Esse termo gera polêmica entre o educador que pretende expandir seus
conhecimentos e o educador passivo, ou seja, aquele que não está comprometido com a
educação. Quando falo em educação, é no sentido amplo, é no sentido de querer alterar de
alguma forma o aprendizado irreal para o aprendizado significativo.
São perceptíveis as falhas existentes no processo educacional e essas falhas necessitam ser
reparadas, e para isso, é preciso ousar, é preciso construir e procurar caminhos que, amenizem
a distância entre o real e o ideal.
É necessário um trabalho árduo da parte dos professores e de toda a equipe escolar, para que
haja compreensão da prática da leitura e escrita, dentro e fora da sala de aula. Assim pode-se
perceber que no contexto textual e num mundo em transformação, de uma cultura produzida
pelas novas tecnologias, é de fundamental importância que educadores alterem suas
metodologias em sala de aula.
Street (1995) apud Marcuschi (2003, p. 19), afirma que o letramento não é o equivalente à
aquisição da escrita. Existem “letramento sociais” que surgem e se desenvolvem à margem da
escola não precisando por isso serem depreciados.
Paralelamente à oralidade, os contextos sociais básicos em que a escrita está inserida na vida
das pessoas são, entre outros: o trabalho, a escola, o dia-a-dia, a família, a vida burocrática, a
atividade intelectual, que possuem objetivos diferenciados.
É possível fazermos indagações a respeito dos tipos de leituras e escritas feitas em casa,
porém é impossível aferir com exatidão como esse exercício doméstico interage nos diversos
tipos de atividades comunicativas.
As perplexidades nesse campo são imensas, pois todo conjunto de práticas, seja em contextos
formais e ou informais, contribuem para o processo de aprendizagem.
A alfabetização tem alguns aspectos contraditórios, ora úteis ora preocupantes aos
governantes, que controlam e supervisionam o estudo de tal forma que detêm o poder para
que tenham seus próprios objetivos realizados.
O letramento envolve as mais diversas práticas da escrita, nas mais variadas formas, na
sociedade.
A sociedade brasileira é heterogênea em relação ao letramento, uma vez que não existe
“sociedade letrada” e sim, “grupos de letrados”.
A língua falada é muito mais analisada do que a língua escrita, porém, as observações são
feitas geralmente segundo a ótica da última, no entanto desconhecemos as características de
ambas, evidenciando que o que conhecemos são as características de um sistema normativo
da língua.
A escrita, por sua vez, não serve como fator de identidade individual ou grupal, não
esquematiza o ser nem o identifica individualmente numa feitura de texto jornalístico; uma
vez que, se compararmos textos sobre o mesmo tema redigidos por diversos autores, teremos
opiniões unificadas, porém escritas diversificadas.
Reclama-se que os alunos não se interessam por ler (não têm o hábito de leitura) ou só lêem
quando são obrigados e pressionados pelo professor e que não entendem os textos, pois
apresentam dificuldades de compreensão e interpretação dos textos, o que os prejudica em
matérias como: história, geografia, ciências, etc; já que são baseadas em textos didáticos.
Os pais dizem que em casa os filhos não lêem e passam o tempo em frente à TV, internet e
vídeo-game. Além disso, dizem que não sabem como fazer para que os filhos se interessem
pela leitura, mas como saber se, na escola, que era para se estimular a leitura, já que é nela
que se forma o cidadão crítico e ativo, os professores não sabem como fazê-lo?
Para se formar um leitor, temos que distinguir entre formação e leitura, formar e ler; pensar e
refletir sobre o que se leu e se modificar, absorver o que será útil e necessário para o seu
crescimento, e não apenas passar para o outro o que acaba de ler sem qualquer reflexão ou
questionamento.
O texto possibilita o diálogo do autor (expressa sua idéia no texto) com o leitor (que lê,
questiona-se sobre o que leu e tira suas conclusões).
Assim, as diferenças entre fala e escrita podem ser vistas e analisadas na perspectiva do uso e
não do sistema e o ser humano é capaz de enriquecer o processo da escrita num processo
interativo e construtivo, que sabemos, traz a marca da oralidade.
Um sujeito pode ser alfabetizado sem ser letrado, uma vez que os textos aplicados em sala de
aula não lhe dão condições para resolver questões que o mundo lhe propõe.
Um sujeito pode ser letrado sem ter sido alfabetizado, e esta, é uma situação encontrada no
comportamento de não-escolarizados que desenvolveram formas variadas de leitura
transformando seu dia-a-dia num cenário informativo.
É letrada a pessoa que consegue tanto ler quanto escrever com compreensão uma frase
simples e curta sobre sua vida cotidiana. É iletrada a pessoa que não consegue ler nem
escrever com compreensão uma frase simples e curta sobre sua vida cotidiana. (UNESCO
apud SOARES, 2001, p. 71).
O educador do novo milênio precisa criar um ambiente escolar de letramento, trazendo para a
escola variados portadores de textos, ou seja, revistas, rótulos, embalagens, documentos,
cédulas, talões de cheque, notas fiscais, passagens de transportes, entre outros.
A leitura diária de variados textos sejam eles de informação ou de humor, tem por finalidade
contribuir com o nível de letramento.
Quando nós, professores, favorecemos discussões e debates sobre textos lidos em classe, não
nos limitando às tradicionais perguntas didáticas, obtemos resultados surpreendentes. Embora
o debate seja uma atividade essencialmente argumentativa, com exigências cognitivas de
raciocínio, isso permite que quanto mais cedo isso for trabalhado mais cedo se dará o nível de
letramento; pois quando dominamos o assunto, então a escrita se dará com mais facilidade.
Hoje, visa-se à formação de leitores e produtores de textos, nas mais diversas situações de
interação social. O desafio é alfabetizar letrando, lembrando que é possível que haja um
indivíduo alfabetizado e mal letrado, pois esses caminham juntos.
O objetivo é que o aluno decifre o código, domine a escrita e a leitura e aplique-as na sua vida
social.
A aprendizagem depende das diversas áreas do conhecimento, e hoje ela não é mais um
processo vertical (professor sabe, aluno não) e sim um processo horizontal (sujeito aluno;
objeto de conhecimento (no caso a escrita); intermediado pelo principal (mas não único): o
professor).
Antigamente, a escola só tinha que se preocupar com bons professores para alfabetizar de
primeira a sétima séries, já que eles só tinham que ensinar as crianças a decodificar os códigos
oral e escrito.
Hoje com as propostas do (MEC – PCN –1997) temos que formar bons leitores e produtores
de textos, sujeitos hábeis nos diferentes usos lingüísticos, oral e todas as formas de textos.
Por isso, é tarefa de toda a equipe escolar, (especialmente dos professores da língua
portuguesa), pois isso depende de formas efetivas de organização e funcionamento do corpo
docente da instituição.
Para tanto é necessário que a escola desenvolva um projeto de alfabetização (ensino da língua
portuguesa) que se estenda por dois aspectos:
Essa interação dos docentes não ocorrerá, no entanto, ao acaso; é necessário que a
coordenação pedagógica da escola (diretor ou coordenador – pedagógico) atue efetivamente
nesse campo, e que crie esse vínculo com o corpo docente, e particularmente com os ligados à
língua portuguesa. Só assim poderemos criar cidadãos conscientes e ativos na sociedade por
meio do processo de alfabetização escolar (porém não é suficiente somente isso).
É na escola que se aprende de forma sistematizada o uso da escrita e leitura, mas é em casa
que a criança começa a desenvolver o letramento; na escola isso é aprimorado e ampliado.
Para se tornar letrado não basta apenas o convívio com a escrita no meio familiar; é preciso
que a escola contextualize a escrita a partir do cotidiano da criança.
Para alfabetizar letrando o professor deve usar o cotidiano da criança, coisas do seu meio,
para ela se familiarizar e entender a importância do letramento. Para que esse aprendizado
fique fácil para ela, o professor deve propor atividades que envolvam leitura e escrita em suas
práticas do dia-a-dia como uma ida a um supermercado, ou à elaboração de uma lista de
compras.
Nesse processo, o professor tem que dar base e estrutura para a criança passar da consciência
ingênua para a crítica e que se sinta capaz de transformar o meio em que vive.
Nem a escrita e nem a imprensa podem fazer nada sozinhos, mas, quem os lê e os interpreta,
sim. O professor tem que ser um cidadão crítico e ativo, e dar base para que seus alunos
também sejam. Para isso, o professor propicia reflexões e trabalha com o cotidiano do aluno.
O professor também tem de ser reflexivo em suas avaliações de profissional e cidadão.
O professor deve estabelecer relação de confiança e respeito pelo que o aluno sabe e é, para
participar das reflexões por meio do diálogo.
Além disso, deve colocar-se na posição de aprendiz com o aluno, de modo que este perceba-
se atuante no próprio processo de aprendizagem. Tudo deve basear-se na troca de experiência,
em boas táticas e na conversa informal, como o que eles fizeram no final de semana ou como
resolveram tais exercícios.
Deve-se respeitar a criança e sua variedade lingüística, já que esta, muda de acordo com cada
grupo social. Importante saber que não existe um grupo certo ou errado, e que o professor
deverá mostrar a importância da norma culta e ensiná-los a usá-la sem discriminar ou
desvalorizar o dialeto utilizado no meio social em que a criança vive.
No processo de alfabetização, o aluno tem que ter em mente a clareza do porquê e para quê
aprender a ler e escrever, uma vez que a leitura pode ser definida como um pensamento
estimulado pela linguagem escrita (cf. Smith, apud Kleiman, 1995).
Nesse processo, a criança deve aprender que existem diferentes interlocutores, além das
variações e gêneros de textos. Portanto, o aluno deve saber antes de tudo a quem ele quer
escrever e que gênero aplicar. E, ao escolher sobre o que escrever, é melhor sugerir coisas do
cotidiano da criança, pois à medida que ela vai crescendo e refletindo sobre a sociedade e seu
meio, vai se tornando reflexiva e crítica nas questões sociais.
A proposta inovadora tem como foco principal a organização curricular, baseada até então
numa visão curricular tradicional, centrada nas disciplinas e que pouco tem a ver com a
realidade do aluno e, por isso, não possibilita a formação crítica. Na verdade, tem que ser
elaborada a partir da realidade vivenciada na escola e da comunidade para haver a
interdisciplinaridade e total entendimento no ensino.
É importante que o professor esteja ciente de seu papel na hora da aprendizagem escrita e que
leve em consideração a relação do som com a escrita e trabalhe sobre isso. É importante o
professor trabalhar com textos para ensinar a importância de se saber escrever.
Um outro aspecto, é achar que as atividades para apropriação da escrita devem ser feitas em
silêncio, já foi comprovado que ao falar (produzir som),a criança se intera e percebe a relação
com a escrita, e mais, trocar idéias com os colegas ajuda na construção de mais conhecimento.
Também é importante falar com o professor enquanto se fazem as atividades, já que ensinar é
trocar experiências.
Mesmo considerando a enorme e inegável importância que a escrita tem nos povos e nas
civilizações “letradas”, continuamos como observou Ong (1982):
a oralidade jamais desaparecerá e sempre será, ao lado da escrita, o grande meio de expressão
e de atividade comunicativa. A oralidade enquanto prática social é inerente ao ser humano e
não será substituída por nenhuma outra tecnologia. Ela será sempre a porta de nossa iniciação
à racionalidade e fator de identidade social, regional, grupal dos indivíduos. (ONG, 1982 apud
MARCUSCHI, 2003, p. 36).
É interessante começar a dar textos simples aos alunos, com frases que comecem e terminem
na mesma linha, sem palavras difíceis, para que a criança vá pegando o gosto pela leitura,
também não podemos dar os textos e fazer apenas perguntas óbvias de compreensão do texto
ou limitarmo-nos ao ensino da gramática, pois estaremos ocultando o sentido real da leitura,
que é modificar nosso modo de ser, agir e pensar.
Como o novo mundo exige o “novo homem” para seu mercado de trabalho; as escolas acabam
formando-os apenas para isso e esquecem de formar verdadeiros cidadãos. Vale ressaltar que
as críticas contidas nos livros, textos manuscritos, não devem ser encarada como verdadeira e
absoluta, mas passíveis de reflexão e críticas.
Desse modo, o professor deve trabalhar desde cedo com a leitura reflexiva, levando textos que
interessem aos alunos e abrindo debates sobre o que leram, o que aprenderam e suas críticas.
Pesquisas feitas em sala de aula deixam clara a importância da relação afetiva entre os
membros da classe, com a qualidade de aprendizagem.
Eles falam também nas atividades lúdicas e diversas que aprendem, falam que é bom, é
gostoso fazê-las e se torna mais fácil e prazeroso aprender. Enfim, fica evidente que a
afetividade anda lado a lado, entrelaçada com a aprendizagem cognitiva.
Como já vimos, alfabetizar não é apenas codificar e decodificar, mas saber usar e refletir,
questionar os códigos e particularmente usá-los no cotidiano, mas é necessário um trabalho
amplo e profundo e de longo prazo para alcançar objetivo.
A instituição deve, portanto, estar apta e preparada para isto. Para se formar cidadãos capazes
de ler e de interpretar todo e qualquer tipo de texto, tem que haver um trabalho contínuo e
coletivo dos educadores para montarem seus projetos, pois o fracasso dos alunos não está
necessariamente no próprio aluno, mas em toda a instituição escolar.
É evidente que para se atingir o objetivo de letramento, tem que haver um trabalho coletivo de
toda a instituição escolar, para se fazer um trabalho reflexivo.
O conceito de letramento, por sua vez, surgiu na metade dos anos 80, e é visto de duas
perspectivas:
O professor não precisa de ajudas extras para desenvolver a leitura em seus alunos, basta
compreender as necessidades específicas de cada aluno e, a partir daí desenvolver os métodos
e materiais a serem usados na aula.
Antes, porém, temos que saber a importância de ser um bom leitor, pois na globalização
necessita-se de profissionais que saibam interpretar textos e elaborá-los também.
Com essa exigência do mercado, a escola tem que se adaptar às propostas e atingir essas
metas na formação de cidadãos capazes de mudar a realidade e desenvolver técnicas de
aprimoramento.
Os fenômenos afetivos têm influência sobre nós e também sobre nossa aprendizagem, pois
caracterizam nosso processo de conhecimento e nos ajudam ou atrapalham; os fenômenos
afetivos representam a maneira como os acontecimentos e situações repercutem em nós.
Por isso, o aprendizado ocorre com a interação de outras pessoas, por meio da inserção social
que vivemos, com a ligação que temos com os outros; é só assim que a aprendizagem ganha
significado e sentido. Diz-se que para o conhecer do ser humano são necessários três
elementos: quem vai aprender, objeto a ser aprendido e o mediador .
Assim, é importante o tipo de relação existente dentro da sala de aula entre os alunos e o
professor, pois tal relação de afetividade poderá ajudar ou prejudicar os conhecimentos dos
alunos.
Isso é tão óbvio que a criança desde que nasce já estabelece sua aprendizagem com a relação
afetiva, por meio do choro e movimentos corporais, e tal aprendizagem à medida em que vai
sendo aprimorada, permite que a relação afetiva vá ganhando vias de escoamento mais
complexa.
Várias teorias foram desenvolvidas a respeito da aprendizagem, muitas até divergiam entre si;
mas chega-se à conclusão que o erro é uma etapa do caminho da aprendizagem e é
fundamental para o desenvolvimento do aluno, e cabe ao mediador “professor” ajudá-lo a
construir seu desenvolvimento por meio do erro, pois é com o auxílio de um mediador que a
criança vai aprimorar seus conhecimentos sanando os erros cometidos como parte do processo
cognitivo.
Sendo tão importante a figura do mediador, este precisa, observar três categorias de mediação
adequadas.
Segundo, a “intervenção adequada de correção”: que se dá, quando a correção faz o aluno
perceber e corrigir seus erros, e que este compreenda e reelabore adequadamente seu erro.
Lembramos que a função do mediador é aprimorar as habilidades dos alunos e capacitá-los
diante de suas dificuldades, sem causar lhes constrangimentos. Cada atividade tem sua melhor
maneira de ser corrigida: individualmente, coletivamente, em grupos; é função do professor
decifrar a que mais se adequa a cada situação.
Terceiro, a “intervenção que proporciona autonomia”: só ocorre quando o aluno percebe seu
sucesso de desenvolvimento e controle de suas atividades causadas intencionalmente ou não
pela professora. Cabe a cada professor, dar estrutura e base para os alunos realizarem suas
tarefas sem medo de errar e de tomar iniciativas nas atividades, deixando-os livres para errar e
realizar suas atividades.
CONCLUSÃO
Uma criança alfabetizada é uma criança que sabe ler e escrever; uma criança letrada é a que
tem o hábito, as habilidades e até mesmo o prazer de leitura e escrita de diferentes gêneros de
textos, em diferentes contextos e circunstâncias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KLEIMAN, Angela B. O que é letramento : uma nova perspectiva sobre a prática social da
escrita . Campinas: Mercado de Letras, 1995.
SOARES, Magda. Letramento : um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
SOARES, Magda. Linguagem e escola : uma perspectiva social. 15. ed. São Paulo: Ática,
1997.
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