Nome: Lucas de Oliveira Amorim

Definição
Uma máquina de Turing com múltiplas fitas opera, como o nome diz, com mais de
uma fita, de forma que cada uma delas tenha uma cabeça de escrita/leitura
independente.

Inicialmente, os dados de entrada mantém-se apenas na primeira fita, enquanto as

outras estão vazias.

Conforme a leitura é executada, a máquina lê símbolos consecutivos sob as cabeças

de leitura e imprime um símbolo em cada fita, assim como em uma máquina mono-
fita, com a diferença da operação ocorrer em várias fitas ao mesmo tempo.

A definição formal
Uma máquina de Turing multi-fita pode ser definida como uma 6-upla:

M = {Q, X, β, δ, q0, F}
Onde:

 Q é o conjunto finito de estados

 X é o alfabeto da fita
 β é o símbolo branco
 δ é a função de transição, definida por δ: Q × Xk → Q × (X × {L, R, N})k, onde
k é o número de fitas
 q0 é o estado inicial
 F é o conjunto de estados finais

Teorema 4.3.1 – Smid

“Seja k ≥ 1 um inteiro. Qualquer máquina de Turing de k fitas pode ser convertida para
uma máquina de uma fita equivalente.”

O teorema é poderosíssimo no sentido de facilitar a construção de máquinas de Turing.

Criar uma máquina multi-fita é muitas vezes mais simples, e com a garantia de poder
transformá-la sempre em uma máquina mono-fita equivalente, não precisamos nos
preocupar em começar pela solução com múltiplas fitas.
Veja que aqui podemos fazer um parelelo com o teorema 2.5.1, onde é afirmado que
dado um autômato finito não-determinístico, existe um autômato finito determinístico
tal que a linguagem aceita pela NFA é a mesma do DFA.
Em ambos os casos, existe uma primeira (falsa) impressão de que o método é mais
poderoso, onde na verdade o que muda é só a dificuldade de construção.
Exemplos
Para exemplificar o funcionamento das máquinas de Turing multi-fita, vamos mostrar duas
máquinas equivalentes, de forma que uma seja multi-fita e outra seja de uma fita. Assim
conseguiremos destacar as principais diferenças.

 Exemplo – Palíndromo
Usando uma fita:
Ideia: Ler o símbolo mais a esquerda e em seguida apagá-lo, deslocar a cabeça para
o canto direito e verificar se o símbolo atual é o mesmo que o anteriormente
deletado. Caso sejam iguais, deslocar a cabeça para a esquerda e repetir o processo,
do contrário, a máquina imediatamente entra em estado de rejeição. O estado de
aceitação é alcançado quando a máquina processa uma cadeia de caracteres vazia.
A função de transição pode ser definida como:

Vamos executar essa máquina para a entrada “abba” com a ajuda do programa de
computador JFLAP (construímos a máquina de Turing no software, permitindo que
ela seja executada):

No primeiro passo, estamos no estado inicial,

a cabeça encontra-se posicionada no canto
esquerdo.
 Lemos uma letra “a”, e por isso avançamos
para o estado qa, não escrevemos nada na fita
e movemos a cabeça para a direita, assim
como a função de transição determina.

Trata-se de um processo longo para demonstrar por completo aqui neste trabalho, mas
seguindo rigorosamente o que a função de transição nos diz, eventualmente
chegaremos ao estado de aceitação:

O que nos confirma que a cadeia “abba” é de fato um palíndromo.

Usando duas fitas:

Ideia: Copiar a cadeia de entrada para a segunda fita, posicionar a cabeça da primeira
fita no canto esquerdo e a cabeça da segunda fita no canto direito. Comparar os
símbolos lidos por ambas cabeças e verificar se são iguais. Logo depois a primeira fita
move-se para a direita e segunda fita para a esquerda e o processo se repete.
Podemos definir a função de transição como:

Como fizemos com a máquina de uma fita, vamos executar a multi-fita no JFLAP e ver
que resultado obtemos para a string “abba”:
Sucesso, a máquina entrou em estado de aceitação, concordando com o resultado da
máquina anterior, mesmo que tenham sido feitas com técnicas diferentes.

Podemos finalmente chegar à conclusão de nosso exemplo. Duas máquinas de Turing,

uma funciona com duas fitas, a outra com uma somente. Mesmo assim, ambas realizam
exatamente as mesmas funções, não há nenhuma perda, como já garantido pelo
teorema 4.3.1.
Observe que a máquina multi-fita é de aparência e construção mais simples, tem menos
estados, sua ideia é mais simples, é mais eficiente. É a que tendemos a pensar primeiro.
Acredito que estes sejam os pontos que gostaria de ressaltar usando o exemplo,
deixando bem claro a importância do teorema.