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19/02/2018 ConJur - STJ anula pena de homicídio por escuta concedida indevidamente

MEDIDA INDEVIDA

STJ anula pena de homicídio porque escutas


foram autorizadas sem justificativa
19 de fevereiro de 2018, 10h17

Por Brenno Grillo

As decisões que permitem a instalação de escutas telefônicas devem ser


devidamente fundamentas e embasadas em pedidos que justifiquem
minuciosamente a necessidade da medida, ou seja, que descrevam que não há
outros meios de obtenção de provas.

Esse foi o entendimento da 6ª Turma do


Superior Tribunal de Justiça ao anular a
condenação aplicada a um homem acusado
de homicídio qualificado. Segundo a defesa
do réu, todas as escutas telefônicas são nulas
porque foram autorizadas por decisões
judiciais que descumprem as determinações
da Lei 9.296/96, que rege o tema.

Para o advogado do acusado, Willey Lopes


Sucasas, do Sucasas, Tozadori e Alves
Advogados, foram descumpridos os artigos
Decisões foram anuladas por falta de
2º, 4º e 5º da norma. “Os quais determinam
justificativa para a medida.
que a quebra ocorra apenas quando da
existência de indícios de autoria, quando não
seja possível a produção da prova por outro meio, que sua realização seja necessária
a apuração dos fatos e que as decisões sejam fundamentadas.”

Ele disse também que todas as decisões permitindo a quebra do sigilo telefônico
“são estereotipadas, meras cópias umas das outras”. A afirmação, continuou, foi
constatada porque as peças têm, inclusive, os mesmos erros de digitação, apesar de
terem sido proferidas por juízes diferentes.

“O que leva a crer, data venia, que sequer foram prolatadas por juízes”, criticou,
destacando ainda que o pedido da polícia para quebra do sigilo telefônico não
demonstrou que esse seria o único meio viável de obtenção de prova.

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19/02/2018 ConJur - STJ anula pena de homicídio por escuta concedida indevidamente

Por fim, acusou os juízos de primeiro e segundo graus de cerceamento da defesa


porque as escutas não foram decupadas completamente e porque foram gravadas
ligações em que seu cliente conversa com ele ao telefone. “[O advogado] Pode e deve
recusar-se a depor como testemunha sobre fatos que envolvam os interesses de
clientes ou ex-clientes”, lembrou.

No acórdão recorrido, os desembargadores afirmaram que não foi constatada


“qualquer ilicitude” nas escutas, pois a interceptação telefônica foi pedida apenas
depois que a polícia fez diligências prévias que mostraram possível relação do
acusado com os fatos. “Sendo que sua identidade somente foi efetivamente
conhecida no decorrer das interceptações, o que aponta para a impossibilidade de
utilização de outros meios para obtenção da prova naquele momento”, explicaram.

Sobre a justificativa, os magistrados defenderam que houve devida argumentação


pelos requerentes, confirmada, inclusive, na decisão de primeiro grau, que acolheu
os pedidos da polícia e do Ministério Público, “acrescentando ainda que ‘se trata de
medida indispensável à apuração do crime de duplo homicídio’”.

O relator do caso no STJ, ministro Nefi Cordeiro, concordou com os argumentos da


defesa e destacou que as decisões de primeira e segunda instâncias não
apresentaram detalhamento necessário para concordar com os pedidos de escutas
feitos pelas autoridades, que também não detalharam os motivos das
interceptações.

“É exigida da gravosa decisão de quebra do sigilo telefônico e interceptação


telefônica a concreta indicação dos requisitos legais de justa causa e
imprescindibilidade dessa prova, que por outros meios não pudesse ser feita”,
complementou.

Cordeiro disse ainda que, nas decisões, “sequer há remissão aos fundamentos
utilizados na representação pelo Delegado de Polícia, tampouco na manifestação
ministerial”.

Esse contexto, finalizou, só confirma a “ausência de fundamentação casuística, em


genérico decreto de deferimento da interceptação telefônica, medida cabível a
qualquer procedimento investigatório, e assim incapaz de suprir o requisito
constitucional e legal da fundamentação”.

Clique aqui para ler a decisão.


Resp 1.705.690

Brenno Grillo é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 19 de fevereiro de 2018, 10h17

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