Sie sind auf Seite 1von 311

"

RUTH E. NOGUEIRA
1~

CARTOGRAFIA
REPRESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E
VISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

lo

~DITORA
2ª edição revista

~
DA UFSC WUE DID.ITICA

L...
Este livro é um projeto que se
tornou realidade depois de mais de
vinte anos de expe riência na
produção de mapas e no ensino de
Cartografia e outras disciplinas nas
quai s o mapa representa uma
importante saída de dados, ou
instrumento de análise espacial.
Seu título di z o conteúdo que ele
abrange: como fazer a represen-
tação de dados espacia is e qual o
papel dos mapas como meio de
comunicação e visuali zação de
dados.
Acredita-se que a "facilidade de
construir" mapas com as ferramen-
tas tecnológicas desenvolvidas para
análise de dados espaciais, aliada ao
desconhecimento da representação
cartográfica, são os responsáveis
pela atual prolife ração de mapas
inefi cientes. Tentando reduzir esse
problema, fez-se um esforço pa ra
condensar as teorias da Cartografi a
e procurou-se faze r um livro
completo e atu al na área de
Cartografi a Temática, utilizando-se
uma linguagem clara e didática e
exemplos nacio nais . Com isso ,
espera-se que os estudantes, pes-
qu isadores e profissio nais da
Cartografia, Geografia, Agrimen-
sura e de outras áreas consigam
e nt e nd e r mais fa cilm e nte o
conteúdo dos assuntos tratados e
possam, então, elaborar melhor
seus mapas.
CARTOGRAFIA
REPRESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E VISUALIZAÇÃO DE
DADOS ESPACIAIS

' l·
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Reitor
Lúcio José Botelho
Vice-Reitor
Ariova/do Bolzan
EDITORA DA UFSC
Diretor Executivo
Alcides Buss
Conselho Editorial
Eunice Sueli Nodari (Presidente)
Cornélio Celso de Brasil Camargo
Carmen Sílvia Ria/
João Hernesto Weber
José Rubens Morato Leite
Maria Cristina Marino Calvo
Ni/céa Lemos Pelandré
Regina Carvalho
Ruth E. Nogueira

CARTOGRAFIA
REPRESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E VISUALIZAÇÃO
DE DADOS ESPACIAIS

2ª edição revista

Editora da UFSC
Florianópolis
2008
© 2006 Ruth E. Nogueira

Editora da UFSC
Campus Universitário - Trindade
Caixa Postal 476
88010-970 - Florianópolis - SC
Fone (48) 3721-9408, 3721-9605 e 3721-9686
Fax (48) 3721-9680
edufsc@editora. ufsc. br
http://www.editora.ufsc.br

Direção editorial e capa:


Paulo Roberto da Silva
Revisão técnico-editorial:
Aldy Vergés Maingué
Editoração:
Daniel/a Zatarian
Revisão:
Júlio César Ramos

Ficha Catalográfica
(Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da
Universidade Federal de Santa Catarina)

N812c Nogueira, Ruth E.


Cartografia: representação, comunicação e visualização
de dados espaciais / Ruth E. Nogueira. - 2. ed. rev. -
Florianópolis: Ed. da UFSC, 2008.
314p.: il.

Inclui bibliografia

1. Cartografia. 2. Mapas. 1. Título.


CDU: 912
ISBN 978-85-328-414-3

Reservados todos os direitos de publicação total ou


parcial pela Editora da UFSC
Impresso no Brasil
AGRADECIMENTOS

Reúno aqui algumas das coisas que aprendi estudando Cartografia e


fazendo mapas e outras tantas que aprendi ensinando Cartografia. Portanto,
tenho muito a agradecer. Primeiro Àquele que me concedeu talentos e
pacientemente espera para ver o que faço com eles: meu Deus; enquanto eu
existir não será tempo suficiente para agradecê-Lo. Depois, agradeço e dedico
este livro àqueles que ao longo da história da humanidade estudaram e
aprimoraram os instrumentos e técnicas que representam o espaço geográfico,
deixando registrado o conhecimento para que outros tivessem acesso a ele.
Agradeço aos meus mestres da UFPR com quem iniciei meus estudos
superiores, aprendendo o que era a Cartografia, a Geodésia, a Fotogrametria ...
Especialmente aos professores François Albert Rosier, Lineu Raton, João Bosco
Lugnani e Cami 1Gemael. Quero lembrar também o professor Oda ir Gersino
da Silva, da UFSC, meu professor de Cartografia Temática e orientador no
Curso de Mestrado em Geografia, por ter me mostrado o universo da
representação cartográfica.
Gostaria também de agradecer aos meus alunos, a quem ensinei e
ensino Cartografia, que se mostraram ou continuam interessados em aprender
e aplicar a Cartografia em tantas e nas mais variadas áreas do conhecimento.
Para mim é sempre um prazer ensinar, pois é um aprendizado contínuo.
Finalmente, é necessário agradecer especialmente àqueles que
tornaram possível a realização desta obra. À Universidade Federal de Santa
Catarina pela "licença capacitação" a qual me permitiu terminar esta obra e
à minha colega e amiga Rosemy da Silva Nascimento, que assumiu minhas
aulas nesse período. À professora Mariane D'al Santo, que ensina Cartografia

/
na Universidade Estadual de Santa Catarina, que, gentilmente, se dispôs a
ler e contribuir com críticas e sugestões ao conteúdo do livro. À Ana Maria
Vasco pela revisão ortográfica e de compreensão textual. Aos meus auxiliares
de digitação e desenho: meus alunos Kênya Naoe de Oliveira, Simone Daniela
Moretti e Luiz Felipe, e meu filho Günter N. Loch. E finalmente, aos meus
alunos que me permitiram usar seus mapas com as devidas adaptações, e
que serviram como alguns dos exemplos ilustrativos.
A todos, o meu muito obrigada!
"Achada maneira de pôr cada uma das terras deste
mundo em seu certíssimo lugar, ficaram muito mais
fáceis todas as navegações antigas, descobriram-se
muitos mares e terras de novo, facilitaram-se todos
os comércios, descobriu-se outro mundo novo, e fica
agora tão fácil dar uma volta ao mundo, como era
antigamente navegar da ltál ia para a África, e
finalmente, com muita facilidade agora se comunica
com todo o mundo e se navega.
E esta é a verdadeira e perfeita Geografia, a qual
principalmente consiste em demarcar terras pela
correspondência que tem cada uma ao céu, com a
devida largura e longura; e desta maneira se pode
pôr em uma breve carta e pintura todo mundo e
qualquer parte, província, reino ou comarca dele
com muita certeza."
(Dom João de Castro,
Da Geografia por modo de Diálogo, e. 1538,
apud Miceli,2002)
SUMÁRIO

L1sTA DE FIGURAS ................................................................................................. 17

L1sTA DE QUADROS ............................................................................................... 23

L1sTA DE TABELAS .................................................................................................. 24

PREFÁCIO ............................................................................................................ 25

APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 2 7

CAPÍTULO 1 - A NATUREZA DA CARTOGRAFIA ........................................................... 31


1.1 Formas de comunicar o conhecimento ...................................................... 31
1.2 O que é um mapa ..................................................................................... 32
1.3 Mapa, carta e planta .................................................................................. 36
1.4 A Cartografia e os mapas ........................................................................... 37
1.5 Características básicas dos mapas ............................................................. 37
1.5.1 Localização e atributos .......................................................................... 37
1.5.2 Escala .................................................................................................... 38
1.5.3 Projeção cartográfica ............................................................................. 38
1.5.3.1 Superfícies de projeção ....................................................................... 40
1.5.3.2 Classificação das projeções cartográficas segundo as propriedades ..... 42
1.5.3.3 Classificação geral das projeções de natureza geométrica ..................... 42
1.5.4 Abstração ............................................................................................... 45
1.5.5 Simbolismo ............................................................................................ 46
1.6 Tipos de mapas ......................................................................................... 46
CAPÍTULO 2- DADOS PARA MAPEAMENTO ................................................................ 51
2.1 Necessidade de conhecer os métodos de aquisição de dados .................... 51
2.2 Levantamentos terrestres ........................................................................... 52
2.2.1 Topografia .............................................................................................. 52
2.2.2 GPS - Global Positioning System ........................................................... 52
2.3 Levantamentos aéreos ............................................................................... 53
2.3.1 Levantamentos aerofotogramétricos ....................................................... 53
2.4 Scanners de alta resolução ........................................................................ 55
2.4.1 Sensores multiespectrais ......................................................................... 55
2.4.2 Sensores a laser ...................................................................................... 57
2.4.3 Sistemas radar ........................................................................................ 59
2.5 Imagens orbitais ........................................................................................ 61
2.5.1 Sensores passivos ................................................................................... 61
2.5.2 Sensores ativos ....................................................................................... 62
2.6 Digitalização de mapas analógicos ........................................................... 64
2.7 Arquivos de dados estatísticos socioeconômicos ....................................... 65
2.8 Estocagem e formato dos dados ................................................................. 66
2.8. l Características de arquivos vetoriais-e raster ........................................... 66
2.8.1. l Arquivos no formato vetorial ............................................................... 66
2.8.1.2 Arquivos no formato raster .................................................................. 67
2.9 Controle e qualidade dos dados ................................................................ 68

CAPÍTULO 3- CARTOGRAFIA DE BASE ...................................................................... 71


3.1 Carta internacional do mundo ao milionésimo .......................................... 71
3.2 Mapeamento sistemático nacional ............................................................ 73
3.3 Cartas cadastrais ....................................................................................... 76
3.4 Cartografia de base e sua relação com a cartografia temática .................... 80
3.5 Cartografia de base e sistema de informações geográficas - SIG ................ 80
3.6 Informações sobre o relevo ....................................................................... 83
3.7 Projeções cartográficas adotadas no Brasil ................................................. 85
3.7.1 Projeções cartográficas adotadas em mapeamentos nas escalas maiores
que l: 25.000 ........................................................................................ 85
3.7 .2 Projeção conforme de Gauss .................................................................. 86
3.7.3 Projeção universal transversa de Mercator- UTM .................................. 87
3.7.4 Projeção local transversa de Mercator - LTM .......................................... 89
3.7 .5 Projeção cônica conforme de Lambert ................................................... 90

CAPÍTULO 4 -SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA-SIC ECARTOGRAFIA ............... 91


4.1 Origem da tecnologia SIG ......................................................................... 91
4.2 A evolução da tecnologia SIG ................................................................... 92
4.3 O método cartográfico .............................................................................. 95
4.4 Aplicação do método cartográfico em ambiente SIG ................................. 97
4.5 Relação dos SIGs com a Cartografia ........................................................ 101
4.6 Aspectos importantes dos mapas como entrada de dados em SIG ........... l 02
CAPÍTULO 5 - COMUNICAÇÃO, VISUALIZAÇÃO EFUNDAMENTOS DA REPRESENTAÇÃO
CARTOGRÁFICA ............................................................................. 105
5.1 Comunicação cartográfica ....................................................................... 105
5.2 Etapas da pesquisa em comunicação cartográfica .................................... 106
5.3 Modelos de comunicação cartográfica .................................................... 107
5.3.1 Comunicação na cartografia digital ...................................................... 109
5.4 Teoria do processamento da informação na mente humana: o modelo de
Klatzky .................................................................................................... 11 O
5.5 Cognição e Cartografia ............................................................................ 111
5.5.1 Cognição ............................................................................................. 111
5.5.1.1 Cognição visual ................................................................................ 112
5.5.2 Imagem mental e mapas ...................................................................... 112
5.6 Visualização na Cartografia ..................................................................... 113
5.6.1 Discussão sobre os mapas como ferramenta de análise visual .............. 114
5.6.2 Estágio atual da visualização cartográfica ............................................. 118
5.7 Design ou representação cartográfica ...................................................... 119
5.8 A gramática cartográfica .......................................................................... 122
5.8.1 Estudo dos símbolos para representação cartográfica ............................ 122
5.8.2 Mapas topográficos .............................................................................. 123
5.8.3 Mapas temáticos .................................................................................. 123
5.9 Semiologia gráfica ................................................................................... 126
5.1 O Variáveis visuais ou variáveis gráficas ...................................................... 127
5.10.1 Variável visual forma ............................................................................ 129
5.10.2 Variável visual tamanho ....................................................................... 130
5.10.3 Variável visual valor ............................................................................. 130
5.10.4 Variável visual cor ................................................................................ 131
5.10.5 Variável visual croma (saturação) ......................................................... 132
5.10.6 Variável visual orientação .................................................................... 132
5.10.7 Variável visual granulação ou textura ................................................... 133
5.10.8 Variável visual arranjo ou padrão ......................................................... 133
5.11 Cor e Cartografia ..................................................................................... 134
5.12 A teoria da cor ........................................................................................ 135
5.12.1 Dimensão da cor .................................................................................. 136
5.12.2 Teorias sobre a visão da cor .................................................................. 136
5.12.3 Modelagem dos sistemas de cores ........................................................ 137
5.12.3.1 O sistema da cor natural - SCN ......................................................... 137
5.12.3.2 Modelos coloridos desenvolvidos para a tela do computador ............ 139
5.13 Círculo das cores ..................................................................................... 141
5.14 Tipos básicos de esquemas de cores para displays eletrônicos ................. 142
5.14.1 Esquema qualitativo ............................................................................. 142
5.14.2 Esquema binário .................................................................................. 143
5.14.3 Esquema seqüencial (hierarquia) .......................................................... 143
5.14.4 Esquema divergente ............................................................................. 144
5.15 Outras observações importantes sobre cor .............................................. 145

/
CAPÍTULO 6- MEDIDAS DAS VARIÁVEIS GEOGRÁFICAS E ABSTRAÇÃO CARTOGRÁFICA ........ 147
6.1 Natureza dos fenômenos geográficos ...................................................... 147
6.1.1 Distribuição discreta ............................................................................ 148
6.1.2 Distribuição contínua ........................................................................... 148
6.1.2.1 Comportamento espacial das distribuições contínuas .......................... 149
6.2 Características qualitativas e quantitativas dos fenômenos geográficos ..... 149
6.3 Medidas das variáveis geográficas ........................................................... 150
6.3.1 Nível de medida nominal ..................................................................... 151
6.3.2 Nível de medida ordinal (hierarquizada) .............................................. 151
6.3.3 Nível de medida intervalar ................................................................... 151
6.3.4 Nível de medida proporcional (classificação) ....................................... 152
6.4 Princípios de seleção e generalização ..................................................... 154
6.4.1 Seleção ................................................................................................ 154
6.4.2Generalização cartográfica ...................................................................... 154
6.4.2.1 Cuidados a serem observados na generalização cartográfica ........... 155
6.4.2.2 Generalização gráfica e conceituai ................................................... 156
6.4.2.3 Generalização manual e automática ................. ~ ............................... 159
6.4.2.3.1 Generalização raster ...................................................................... 159
6.4.2.3.2 Generalização vetorial ................................................................... 160

CAPÍTULO 7- REPRESENTAÇÕES CARTOGRÁFICAS: MAPAS FÍSICOS ................................. 161


7.1 Mapas climáticos .................................................................................... 161
7.1.1 Questões importantes para a cartografia do clima ................................ 162
7.1.2 Representação de massas de ar e ventos ............................................... 164
7 .2 Representações da crosta terrestre ........................................................... 164
7 .2.1 Pequeno histórico ............................................................................... 164
7.2.2 Mapas que representam a altitude do relevo ......................................... 170
7 .2.2.1 Cores hipsométricas .......................................................................... 1 70
7.2.2.2 Mapas hipsométricos ........................................................................ 171
7.2.2.3 Classes de altitude ............................................................................. 171
7 .2.3 Representações geológicas ................................................................... 173
7.2.3.1 Mapas murais .................................................................................... 173
7.2.3.2 Mapas básicos .................................................................................. 173
7.2.3.3 Mapas detalhados ............................................................................. 174
7.2.3.4 Organismos de levantamento geológicos .......................................... 174
7.2.3.5 Simbologia para os mapas geológicos ............................................... 174
7.2.4 Representações da geomorfologia ........................................................ 176
7 .2.4.1 Mapas geomorfológicos .................................................................... 1 76
7.2.5 Representações dos tipos de solo ......................................................... 179
7.2.5.1 Tipos de mapas de solos .................................................................... 179
7 .2.5.2 Cartografia dos solos ......................................................................... 181
7.3 Mapas clinográficos ................................................................................ 182
7.3.1 Métodos para a construção de mapas de declividade ........................... 183
7.4 Mapeamento do uso e cobertura da terra ................................................ 186
7.4.1 Aplicações dos mapas de uso e cobertura da terra ................................ 186
7.4.2 Escalas dos mapas de uso e cobertura da terra ...................................... 187
7.4.3 Classes de uso da terra ......................................................................... 189
7.5 Mapeamento da rede hidrográfica ........................................................... 192
7.5.1 Modificações na representação cartográfica em mapas da hidrografia 192

CAPÍTULO 8 - BASE ESTATÍSTICA PARA REPRESENTAÇÕES TEMÁTICAS •••••••••••••••••••••••• 195


8.1 Tratamento de dados estatísticos para a produção de mapas .................... 195
8.2 Dados absolutos e dados derivados ......................................................... 196
8.2.1 Densidades .......................................................................................... 197
8.2.2 Medidas estatísticas de tendência central ............................................. 198
8.2.2.1 Média aritmética ............................................................................... 198
8.2.2.2 Variância e desvio padrão ................................................................. 199
8.2.2.3 Mediana ............................................................................................ 200
8.2.2.4 Moda ................................................................................................ 200
8.2.2.5 Relação entre média, mediana e moda .............................................. 201
8.2.3 Razões: taxa, proporção e porcentagem ............................................... 202
8.3 Arredondamento de dados ...................................................................... 202
8.4 Métodos para a determinação do número de classes e intervalo das
classes .................................................................................................... 203
8.4.1 Determinação do número de classes .................................................... 204
8.4.2 Métodos de determinação do intervalo entre as classes ........................ 204
8.4.2.1 Método da amplitude ........................................................................ 204
8.4.2.2 Método dos quantis (quantidades) ..................................................... 204
8.4.2.3 Método gráfico: gráfico da dispersão da freqüência ........................... 206
8.4.2.4 Método do histograma ...................................................................... 207

CAPÍTULO 9 - REPRESENTAÇÕES CARTOGRÁFICAS: TEMAS HUMANOS, ECONÔMICOS EFÍSICOS .••• 211


9.1 Métodos de mapeamento para fenômenos qualitativos ............................ 212
9.1.1 Mapas de símbolos pontuais nominais ................................................. 212
9.1.2 Mapa de símbolos lineares nominais .................................................... 213
9.1.2.1 Quando empregar o método ............................................................. 213
9.1.2.2 Construção de mapas de fluxo para dados qualitativos ....................... 214
9.1.3 Mapas corocromáticos ......................................................................... 215
9.1.3.1 Quando empregar o método ............................................................. 215
9.1.3.2 A construção de mapas corocromáticos ............................................ 215
9.1.3.3 Cuidados na construção de mapas corocromáticos ........................... 216
9.2 Métodos de mapeamento para fenômenos quantitativos .......................... 217
9.2.1 Mapa de símbolos proporcionais .......................................................... 217
9.2.1.1 Quando empregar o método ............................................................. 217
9.2.1.2 Base conceituai do método ............................................................... 217
9.2.1.3 Construção de mapas de círculos proporcionais de modo manual ...... 219
9.2.1.4 Cuidados na construção dos mapas .................................................. 221
9.2.1.5 Uso do computador para a construção de mapas de círculos
proporcionais .................................................................................... 222
9.2.1.6 Vantagens e desvantagens do uso do método de símbolos
proporcionais .................................................................................... 223
9.2.2 Mapas de pontos .................................................................................. 224
9.2.2.1 Quando empregar este método ......................................................... 224
9.2.2.2 Base conceituai do método ........................................................ .'...... 224
9.2.2.3 Construção do mapa ......................................................................... 224
9.2.2.4 Localização do ponto ........................................................................ 225
9.2.2.5 A escala do mapa .............................................................................. 225
9.2.2.6 Construção manual de um mapa de pontos ....................................... 225
9.2.2.7 Cuidados na construção de mapas de pontos .................................... 226
9.2.2.8 Uso do computador na construção de mapas de pontos ....................... 226
9.2.2.9 Vantagens do mapa de pontos ........................................................... 227
9.2.3 Mapas coropléticos .............................................................................. 228
9.2.3.1 Quando empregar o método ............................................................. 228
9.2.3.2 Base conceituai do método ............................................................... 228
9.2.3.3 Construção de mapas coropléticos .................................................... 230
9.2.3.4 Desvantagens do uso de mapas coropléticos ..................................... 232
9.2.4 Mapas isopléticos ou de isolinhas ........................................................ 232
9.2.4.1 Quando aplicar o método ................................................................. 232
9.2.4.2 Base conceituai do método ............................................................... 233
9.2.4.3 Construção manual de mapa isoplético ou de isolinhas ...................... 233
9.2.4.4 Uso do computador na construção de mapas isopléticos
e de isol inhas .................................................................................... 235
9.2.4.5 Cuidados na interpretação de um mapa isoplético ............................ 236
9.2.5 Mapas de fluxos ................................................................................... 236
9.2.5.1 Quando empregar o método ............................................................. 236
9.2.5.2 Construção de mapas de fluxo para dados quantitativos ....................... 237
9.2.5.3 Inovações no desenho de mapas de fluxos ........................................ 240
9.2.6 Mapas diagramas ................................................................................. 241
9.2.6.1 Quando empregar o método ............................................................. 241
9.2.6.2 Uso do computador na construção de mapas diagramas ...................... 241

CAPÍTULO 1O-A CONCEPÇÃO DE MAPAS ............................................................... 243


10.1 O uso público dos mapas ........................................................................ 243
10.2 O que se precisa saber para a confecção de um mapa ............................ 244
10.2.1 Propósito, usuário e recursos financeiros .............................................. 245
10.2.2 Disponibilidade dos dados ................................................................... 245
10.2.3 Limites técnicos ................................................................................... 247
10.2.4 Planejamento de desenho .................................................................... 248
10.2.4.1 Esboço gráfico ................................................................................... 248
10.2.4.2 Balanço visual ................................................................................... 250
10.3 Componentes visuais de um mapa temático ............................................ 251
10.3.1 Título ................................................................................................... 251
10.3.2 Legenda ............................................................................................... 252
10.3.3 Orientação geográfica (indicação do Norte) ......................................... 253
10.3.4 Escala .................................................................................................. 253
10.3.5 Inserções .............................................................................................. 254
10.4 Mapa de fundo ou mapa básico .............................................................. 254
10.4.1 Elementos do mapa básico ................................................................... 255
10.4.2 Adequação das feições à escala do mapa temático ............................... 255
10.5 Textos nos mapas .................................................................................... 256
10.5.1 Procedimentos técnicos para textos sobre o mapa ................................ 256
10.5.1.1 Letras dentro de mapas ..................................................................... 256
10.5.1.2 Textos marginais de um mapa ............................................................ 258
10.5.2 A abordagem Gestalt para textos .......................................................... 259
10.6 Apresentação e disposição de mapas ...................................................... 261
10.6.1 Formação da cor na tela de monitor colorido ....................................... 261
10.6.2 A cor na impressão gráfica ou plotter a jato de tinta ............................. 262
10.6.3 Produção de poucas cópias .................................................................. 262
10.6.4 Produção de muitas cópias .................................................................. 263

CAPÍTULO 11 - REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS ............................................................. 265


11.1 Tabelas ou séries ..................................................................................... 266
11.1.1 Apresentação de tabelas ....................................................................... 267
11 .2 Efetividade dos gráficos ........................................................................... 268
11.3 Planejamento para a visualização de gráficos .......................................... 269
11.4 Elementos dos gráficos construídos a partir de eixos cartesianos .............. 269
11.5 Tipos de gráficos ..................................................................................... 271
11.5.1 Gráficos de linhas ................................................................................ 271
11.5.2 Gráficos de barras ou de colunas ......................................................... 274
11.5.2.1 Regras básicas para desenhar gráficos de barras ................................ 276
-- -/ 11.5.3 Histograma .......................................................................................... 278
11.5.3.1 Construção de histogramas ............................................................... 278
11.5.4 Gráficos de setores ............................................................................... 279
11.5.4.1 Regras básicas para representação de um gráfico de
setores .............................................................................................. 280
11.5.5 Gráfico direcional ou polar .................................................................. 282
11.5.6 Gráfico triangular ................................................................................. 2B3
11.5.7 Gráfico de pirâmides ............................................................................ 284

CAPÍTULO 12 - MULTIMÍDIA E CARTOGRAFIA .......................................................... 287


12.1 Cartografia em multimídia ....................................................................... 288
12.2 O potencial da Cartografia em multimídia ............................................... 290
12.3 Funções da mídia na Cartografia ............................................................. 291
12.4 Hipermapas ............................................................................................ 292
12.4.1 Principais funções de um hipermapa .................................................... 293
12.5 Produtos cartográficos em multimídia ..................................................... 294
12.5.1 Mapas como ferramentas para acesso à informação em multimídia .......... 295
12.5.2 Atlas em multimídia: os atlas digitais ou atlas eletrônicos ..................... 296
12.5.2.1 Características dos atlas ..................................................................... 297
12.5.2.2 Vantagens e desvantagens de um atlas em multimídia ....................... 298
12.6 Mapas como ferramentas para a visualização .......................................... 299
12.7 Estocagem ótica disponível ..................................................................... 300
12.8 O futuro da Cartografia em multimídia .................................................... 301
12.8.1 A natureza e qualidade dos dados ........................................................ 301
12.8.2 Novas áreas de aplicação da Cartografia em multimídia ....................... 303

REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 305


LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1- Temperatura média anual de um lugar - exemplo de representação


cartográfica gerada: a) com objetivo de comunicação; b) com objetivo de
análise ...................................................................................................... 35
Figura 1.2 - Superfícies de projeção: plano, cilindro e cone ......................................... 40
Figura 1.3 - Aspectos da superfície de projeção em relação à superfície de referência .... 41
Figura 1.4 - Pontos de projeção para sistemas perspectivos ......................................... 43
Figura 1.5 - Exemplos de projeção convencional contínua: (a) projeção de Mercator, (b)
projeção de Miller e (e) projeção interrompida e condensada em dois mapas
contíguos .................................................................................................. 44
Figura 1.6 - Processo de mapeamento: realidade (foto oblíqua retratando a paisagem),
fotografia aérea vertical (obtenção de dados da realidade) e mapa mostrando
a representação da realidade abstraída ..................................................... 45
Figura 1.7 - Classificação dos tipos de mapas .............................................................. 47
Figura 1.8 - Uso da terra em área de exploração de carvão ......................................... 49
Figura 1.9 - Parte do mapa de natalidade do município de São José, SC ...................... 49
Figura 2.1 - Parte de uma fotografia aérea na escala 1: 8 000 (reduzida aqui ............... 55
Figura 2.2 - (a)c imagem CASI de parte de Siderópolis, SC e (b) a mesma imagem
classificada e georreferenciada ................................................................. 56
Figura 2.3 - (a) Parte de um modelo digital do terreno gerado a partir dos dados do Laser
scanner e (b) Visualização 3D desse MDT ................................................ 58
Figura 2.4- Produtos do Laser scanner a) MDS, b) DTM, e) ortofoto verdadeira em
RGB (colorida na·original) e d) Imagem raster em 3D ............................... 59
Figura 2.5 - Banda X (a) e banda P (b) do SAR na Floresta Nacional de Tapajós ........... 61
Figura 2.6- Imagem do·satélite QUICKBIRD ............................................................... 62
Figura 2.7 - Imagem JERS 1-SAR (filtrada) .................................................................... 63
Figura 2.8- Parte de um mapa derivado da análise espacial de dados estatísticos ........ 65
Figura 2.9- (a) Representação de uma linha (b) no formato vetorial e (e) formato raster ..... 66
18 CARTOGRAFIA - REPRESENTAÇÃO, COMUNlCAÇÃO E VISUALIZAÇÃO OE DADOS ESPACIAIS

Figura 3.1 - Parte da folha da CIM- a original é colorida ............................................ 72


Figura 3.2 - Ca~~as topográficas do mapeamento sistemático brasileiro - à esquerda
escala 1: 50 000, à direita escala 1:100 000 os originais são coloridos ..... 76
Figura 3.3- Parte de uma planta cadastral urbana ....................................................... 77
Figura 3.4- Parte de um mapa do uso do solo, cujo mapa de fundo básico foi a
planta cadastral ........................................................................................ 78
Figura 3.5- Comparação dos fenômenos do mundo real e a concepção cartográfica na
visão local e na visão regional ou mais distanciada .................................. 82
Figura 3.6- Fuso de 6° na projeção de Gauss com cilindro secante ............................. 86
Figura 3.7 - Especificações de um fuso UTM- N' é a distância em metros à linha do
Equador e E' é a distância em metros ao MC ............................................. 87
Figura 3.8- Fusos UTM no Brasil e respectivo meridiano central de cada um .............. 88
Figura 3.9- Um fuso UTM comporta seis fusos LTM: exemplo utilizando o território abran-
gido pelo Estado de Santa Catarina que está todo dentro do fuso 22 S............ 89
Figura 3.1 O- Projeção cônica de Lambert com dois paralelos padrões .......................... 90
Figura 4.1 - Aerofoto pancromática preto e branco, na escala original 1:30000; abrange
a cidade de Siderópolis, SC e seus arredores em 1996 .............................. 99
Figura 4.2- Resultados da análise espacial efetuada para detecção das mudanças
temporais em aéreas de mineração......................................................... 100
Figura 4.3- Gráfico da evolução do uso/cobertura da terra na área de mineração de
carvão em Siderópolis-SC ....................................................................... 100
Figura 4.4- Componentes que formam um SIG ......................................................... 103
Figura 5.1 - Esquema básico de um processo de comunicação .................................. 108
Figura 5.2- Modelo de comunicação na cartografia analógica, reinterpretado, cuja
base são os modelos de Salichtchev e Ratajski mostrados por Simielli .... 108
Figura 5.3 - Modelo de comunicação na cartografia automatizada ............................ 11 O
Figura 5.4- Modelo de comunicação em um SIG ...................................................... 11 O
Figura 5.5 - Teoria de Klatzky: reconhecimento de um estado do Brasil ..................... 111
Figura 5.6- Representação de Oi Biasi para a visualização como ferramenta de
pesquisa científica ................................................................................. 115
Figura 5.7 - Uma base conceituai para a Cartografia ................................................. 116
Figura 5.8- Cartografia e o uso de mapas a partir das novas tecnologias da computação:
as três principais situações para visualizar mapas em um SIG ................. 117
Figura 5.9 - Elementos que constituem a gramática cartográfica ................................ 123
Figura 5.1 O- Representações cartográficas utilizando pontos ...................................... 124
Figura 5.11 - Representações cartográficas utilizando linhas ........................................ 125
Figura 5.12 - Variáveis visuais: elaborado com base em Robinson (1995) e Kraak e
Ormeling (1997) ..................................................................................... 128
Figura 5.13 - Váriável visual forma no modo de implantação pontual .......................... 129
LISTA OE FIGURAS 19

Figura 5.14 - Variável visual tamanho no modo de implantação pontual ..................... 130
Figura 5 .15 - Variável visual valor mostrando a hierarquia dos dados .......................... 131
Figura 5.16 - Emprego da variável visual orientação .................................................... 132
Figura 5.17 - Mapa coroplético onde foram utilizadas linhas para preencher áreas ...... 133
Figura 5.18 - Exemplo de emprego da variável visual padrão ...................................... 134
Figura 5.19 - Sistema de cor natural ............................................................................ 137
Figura 5.20 - Gráfico triangular do sistema de cor natural mostrando a localização de
sombras, tintas e tons de cinza ............................................................... 138
Figura 5.21 - Diagrama ilustrativo do sistema RGB ...................................................... 139
Figura 5.22 - Diagrama ilustrativo do sistema HSV ...................................................... 141
Figura 5.23 - Círculo das cores .................................................................................... 141
Figura 6.1 - Exemplos de diferenciação de dados pontuais, lineares e zonais,
considerando os quatro níveis de medidas das variáveis geográficas ....... 153
Figura 6.2 - Exemplos de generalização gráfica: (a) suavização, (b) deslocamento,
(e) exagero e (d) seleção e fusão ............................................................. ·157
Figura 6.3 - Exemplos de generalização conceituai: (a) fusão, (b) simbolização, (e)
seleção e (d) realce ................................................................................. 158
Figura 6.4- A imagem (a) mostra o resultado da classificação, e a imagem (b), após
aplicar filtro ............................................................................................ 160
Figura 7.1 - Variável visual valor empregada em mapa climático ............................... 163
Figura 7.2 - Variável padrão ou textura empregada em mapa climático ..................... 163
Figura 7.3 - Mapas primitivos com a representação do relevo .................................... 165
Figura 7.4- Mapa de Tuscany feito por Leonardo da Vinci entre 1502 e 1503 ........... 166
Figura 7.5 - Modelo tridimensional do terreno .......................................................... 169
Figura 7.6- Imagem de intensidade do sensor Laser scanner ..................................... 169
Figura 7.7 - Classes de altitude para toda a Terra baseadas na progressão geométrica ... 172
Figura 7.8- Unidades do relevo brasileiro ................................................................. 177
Figura 7.9 - Mapa exploratório de solos .................................................................... 180
Figura 7.1 O- Mapa esquemático de solos .................................................................... 181
Figura 7.11 - Esquema de cálculo de declividade em cartas com curvas de nível ........ 183
Figura 7.12 - Ilustração da declividade entre duas curvas de nível ............................... 185
Figura 7.13 - Declividade entre duas curvas, obtida com uso de gabarito de distâncias
horizontais .. :.......................................................................................... 1ílS
Figura 7.14 - Mapa de uso e cobertura da terra na APA da Costa Brava, município de
Balneário Camboriú -SC ....................................................................... 191
Figura 7.15 - Legendas de mapas mostrando aplicações da variável visual cor em
mapas da rede hidrográfica para estudos ambientais. Compilado a partir
dos mapas originais coloridos (no mapa original cada nome da cor é
substituído pela própria cor) .................................................................. 193
20 ÚRTOGRAflA - Rfl'RESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E VISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

Figura 8.1 - Curva normal ......................................................................................... 199


Figura 8.2- Simetria da curva de distribuição dos dados: a) distribuição simétrica,
b) distribuição assimétrica positiva, e) distribuição assimétrica negativa ..... 201
Figura 8.3 - Distribuição dos dados em quartis .......................................................... 205
Figura 8.4- Gráfico da dispersão da freqüência ......................................................... 206
Figura 8.5 - Exemplo de aplicação do método do histograma para determinação do
número e intervalo de classes ................................................................. 208
Figura 8.6- Mapas de densidades resultantes de três métodos de cálculo das densidades:
a) amplitude, b) quantis, e) distribuição da freqüência ............................ 209
Figura 9.1 - Legenda de mapa de símbolos pontuais nominais: a) símbolos geométricos;
b) figuras evocativas ............................................................................... 213
Figura 9.2 - (a) Mapa da rede viária e (b) mapa de fluxo ............................................ 214
Figura 9.3 - Padrões com igual valor ......................................................................... 215
Figura 9.4- Parte de uma imagem classificada; a original é colorida ......................... 216
Figura 9.5 - (a) Comparação da influência da forma na estimativa de tamanho de
símbolos proporcionais e (b) Formas dos símbolos proporcionais ........... 218
Figura 9.6 - Tamanhos dos círculos proporcionais para mapas temáticos de escala
pequena ......... ;....................................................................................... 218
Figura 9.7 - Ábaco para o cálculo dos símbolos proporcionais .................................. 220
Figura 9.8 - Uso impróprio do método de símbolos proporcionais ............................ 221
Figura 9.9 - Legendas obtidas para (A) representar círculos escalados para raio
proporcional ao valor e (B) círculos escalados psicologicamente para
compensar a subestimação ..................................................................... 222
Figura 9.1 O- Exemplo de um mapa de símbolos proporcionais ................................... 223
Figura 9.11 - Concepção de um mapa de pontos (desenhado com base em Dent (1996) .. 224
Figura 9.12 - ·Localização dos pontos próximos ao centro gravitacional, desenhado
com base em Dent (1996) ...................................................................... 225
Figura 9.13 - Desenho da legenda de um mapa de pontos - os tamanhos das caixas
e dos pontos são determinados pela escala do mapa .............................. 226
Figura 9.14 - Exemplo de mapa de pontos ................................................................... 227
Figura 9.15 - Exemplo de mapa coroplético: densidade demográfica do Brasil ............ 229
Figura 9.16 - Resultado de três métodos de escolha do intervalo de classes ................. 231
Figura 9.17 - Interpolação linear entre pontos ............................................................. 234
Figura 9.18 - Processos de construção de um mapa isoplético (a) desenho dos
segmentos de reta unindo todos os pontos e linhas de valor 20 deter-
minado; (b) detalhe de como é obtido o lugar por onde passa a linha ..... 234
Figura 9.19 - Localização do ponto de controle (valor da área) para a construção de
um mapa isoplético ................................................................................ 235
Figura 9.20 - Mapa de fluxo: petróleo na economia mundial (original colorido) .......... 237
LISTA DE FIGURAS 21

Figura 9.21 - Exemplo de mapa de fluxos .................................................................... 238


Figura 9.22 - Legendas em um mapa de fluxo: (a) valores específicos, (b) intervalo de
classes, (e) legenda exata em degraus ..................................................... 239
Figura 9.23 - Duas formas de representar a circulação de trabalhadores no espaço;
confeccionado com base em Kraak e Ormeling (1997) ........................... 240
Figura 9.24 - Exemplos de mapas diagrama ................................................................. 242
Figura 1O.1 - Saída de mapas gerados pelo StatCart (original é colorido) ...................... 247
Figura 10.2 - Exemplos de variações possíveis para uma visualização de dados
cartográficos; elaborado com base em Robinson (1995) ......................... 249
Figura 10.3 - Esquemas preliminares de um mapa para testar o balanço visual ............ 250
Figura 10.4 - (a) Mapa de referência reduzido e (b) mapa básico após a generalização
cartográfica ............................................................................................ 255
Figura 10.5 - Alternativas para localizações regionais de acidentes geográficos ........... 257
Figura 10.6 - Exemplos de fechamento de textos sobre mapas ..................................... 260
Figura 10.7 - Exemplos de alinhamento semelhante em textos sobre mapas ................ 260
Figura 10.8 - Exemplos de similaridade em textos sobre mapas ................................... :~60
Figura 10.9 - Como as cores se formam: (a) superposição das três cores resultando em
uma visão da cor branca, (b) superposição de duas de cada vez resultará
em amarelo, magenta e ciano ................................................................. 261
Figura 11. 1 - Elementos de uma tabela ........................................................................ 268
Figura 11 .2 - Elementos típicos de um gráfico genérico ............................................... 270
Figura 11.3 - Figura de uma ogiva ............................................................................... 272
Figura 11.4 - Assinatura espectral das áreas amostrais de uma imagem Landsat TM ..... 272
Figura 11 .5 - Gráficos de Linhas trabalhados com texturas, visando à comunicação .... 273
Figura 11 .6 - No gráfico (a) observa-se a variação de um fenômeno ao longo do tempo
em cinco lugares .................................................................................... 273
Figura 11 .7 - Receita do turismo nas três capitais do Sul do Brasil ............................... 274
Figura 11 .8 - Gráfico da Figura 11 .7 com nova proposta de visualização .................... 275
Figura 11 .9 - Série histórica em gráfico de coluna ....................................................... 276
Figura 11. 1O- A eficácia dos gráficos de colunas é definida pela escolha da representação:
a) um gráfico balanceado visualmente - colunas sem cor e textura ao fundo;
b) um gráfico confuso - textura nas colunas é ineficaz .............................. 277
Figura 11. 11 - Gráfico de barras utilizado para comparar duas categorias ..................... 277
Figura 11. 12 - Histograma típico ................................................................................... 278
Figura 11. 13 - Histograma de uma imagem ....................................................................:79
Figura 11. 14 - Gráfico de setores: (a) visualização ótima, (b) visualização prejudicada
pela vista tridimensional oblíqua ............................................................ 280
Figura 11. 15 - Gráfico de setores sobre o uso da terra em Siderópolis - SC ................... 281
22 ÚRTOGRAFIA - REPRESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO EVISUAllZAÇÃO DE DAOOS ESPACIAIS

Figura 11.16 - Gráfico direcional ou polar: número de banhistas nas praias da ilha de Santa
Catarina em 2002 (dados hipotéticos) ..................................................... 282
Figura 11.17 - Gráfico triangular típico ......................................................................... 284
Figura 11.18 - Pirâmide da variação temporal da população urbana e rural no Brasil,
1920 - 2000 .......................................................................................... 285
Figura 11.19 - Gráfico da pirâmide de idades e sexos .................................................... 285
Figura 12.1 - Esfera do potencial cartográfico e o plano geográfico da realidade:
a Ca11ografia na multimídia corresponde ao movimento da esfera .......... 290
LISTA DE QUADROS

Quadro 3.1 - Extrato da tabela de base cartográfica digital ............................................. 75


Quadro 3.2 - Projeções cartográficas adotadas no Brasil ................................................ 85
Quadro 4.1 - Aplicação do método cartográfico de modo automatizado em SIG ........... 98
Quadro 7.1 - Afastamento das curvas de nível e declividade ....................................... 182
Quadro 7.2 - Proposições de classes de declividade para a construção de mapas ........ 183
Quadro 7.3 - Classificação do relevo em função da declividade .................................. 184
Quadro 7.4 - Distâncias horizontais e respectiva declividade na escala 1:50000 ........ 185
Quadro 7.5 - Níveis de mapeamento ........................................................................... 190
Quadro 11.1 - Tipos de séries estatísticas ....................................................................... 267
LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 - Espectro visível ................................................................... ;....................... 135


Tabela 8.1 - Microrregião de Canoinhas (SC) ................................................................. 203
Tabela 8.2 - Intervalo das classes ................................................................................... 206
Tabela 8.3 - Mortalidade infantil na microrregião de Campos de Lages, SC ................... 207
PREFÁCIO

Ao receber o convite da Profa. Ora. Ruth Nogueira Loch para prefaciar


este 1ivro, senti-me honrado pela deferência, mas também preocupado, pela
responsabilidade de apresentar um livro que de antemão já sabia ser um
material bibliográfico de alta qualidade.
A leitura do livro foi prazerosa e proveitosa, tanto pela forma clara e
didática que a autora apresenta, como também pela abrangência e
profundidade dos conceitos apresentados.
Tendo alguns pontos comuns com a Profa. Ruth, tais como a graduação
em Engenharia Cartográfica e pertencer ao quadro de professores de um
departamento de Geografia de uma Universidade Federal, sabemos
perfeitamente da grande dificuldade dos estudantes das áreas de Geociências,
para a obtenção de material bibliográfico nacional.
Desta forma, vem este livro ajudar a preencher um grande vazio
bibliográfico existente na área. Com certeza poderá ser adotado como
referência, não só para as necessidades de conhecimentos cartográficos
exigidos para a formação do geógrafo tanto em nível de bacharelado ou
licenciatura, como também ser utilizado por todos aqueles que os necessitem,
pois a abrangência dos assuntos, cobrem também as interfaces com o
geoprocessamento, projeto cartográfico, aquisição e tratamento de dados,
indo do GPS às novas tecnologias, laserscanning e cartografia multimídia.
Assim, presta a Profa. Ora. Ruth Loch um inestimável serviço, não só
aos estudantes universitários, mas também aos docentes, por terem agora a
sua disposição, um material bibliográfico de qualidade e inteiramente
compatível com as necessidades de conhecimento da área de Cartografia.
Prof. Dr. Paulo Márcio Leal de Menezes
Universidade Federal do Rio de Janeiro
APRESENTAÇÃO

Este 1ivro foi pensado e elaborado para ter como leitores os estudantes
de graduação e pós-graduação, que de algum modo precisam fazer mapas;
para tanto, necessariamente precisarão de conhecimentos sobre Cartografia.
Espera-se também que seja útil aos pesquisadores e profissionais das mais
variadas áreas do conhecimento, na medida em que reconhecem o potencial
dos mapas como instrumento de visualização, análise e comunicação de
dados espaciais.
Este livro objetiva diminuir as ambigüidades observadas na
apresentação de mapas, cada vez mais comuns entre a população leiga e
nas diversas áreas do conhecimento. Tem-se observado que os mapas estão
mais acessíveis ao público em geral; no entanto, na maioria das vezes, eles
não cumprem o seu papel. E que papel é esse? A função de um mapa quando
disponível ao público é a de comunicar o conhecimento de poucos para
muitos, por conseguinte ele deve ser elaborado de forma a realmente
comunicar. Acredita-se que a facilidade de "construir" mapas com as
ferramentas tecnológicas desenvolvidas para análise de dados espaciais,
aliadas ao desconhecimento da representação cartográfica são os responsáveis
pela atual proliferação de mapas não eficientes.
Na Cartografia Analógica à construção de mapas era limitada aos
especialistas, como mostra a afirmação de André (1980, p.223) ·"para a
redação correta de um documento cartográfico é necessário conhecer as
técnicas gráficas. [... ] Um cartógrafo é aquele que traduz um tema físico,
humano ou econômico dentro da linguagem gráfica, constituída de signos e
cores, diferente da linguagem falada."
A revolução tecnológica trouxe uma mudança radical para a Cartografia.
Atualmente um usuário de mapas pode se sentir estimulado a ser cartógrafo,
28 (ARTOGRAFIA - REPR[S(NTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E VISUALIZAÇÃO rn: DADOS ESPACIAIS

ou seja, pode estar apto para criar seus próprios mapas, pois o ferramental está
disponível, permitindo experimentar novas possibilidades de usar/criar mapas.
O problema que ocorre é que esse usuário geralmente não sabe nada sobre
representação cartográfica, além é lógico, de desconhecer os fatores de
sustentação da Cartografia Contemporânea: a cognição, a comunicação e a
visualização. Todas limitadas pelas ferramentas tecnológicas.
Considerando o exposto, fez-se aqui um esforço para condensar, neste
volume, a teoria básica da Cartografia, para se consiguir sensibilizar e
esclarecer os leigos e estudantes, ajudando-os numa melhor elaboração de
seus mapas. Para tanto, o livro inicia com conceitos básicos de Cartografia,
enquanto o segundo capítulo apresenta a origem dos dados para o
mapeamento e o terceiro aborda a questão da Cartografia de Base, ou seja a
Cartografia Nacional e a Cadastral. Considerou-se necessária a dedicação
de um capítulo no que diz respeito às Projeções Cartográficas, uma vez que
elas foram e ainda continuam sendo um assunto complexo, e, no entanto,
muitas vezes são ignoradas por profissionais que não são da área da
Cartografia.
Outro assunto imprescindível foi relacionar os Sistemas de Informações
Geográficas - SIG à Cartografia. Tratando-os sob o ponto de vista da
Cartografia, discute-se o método cartográfico, isto é, as análises espaciais
por intermédio dos mapas.
Desde o capítulo sexto até o capítulo décimo, trata-se mais
especificamente da Cartografia Temática, com um peso maior para as
representações socioeconômicas, uma vez que estas, por sua natureza
quantitativa, requerem tratamento de dados numéricos e escolha de método
de mapeamento. O alfabeto cartográfico, as variáveis gráficas, a comunicação
cartográfica, a visualização cartográfica e a representação' cartográfica são
assuntos tratados com detalhes e exemplos.
O décimo primeiro capítulo foi dedicado às representações gráficas
denominadas Diagramas ou Gráficos. Assim como os mapas socioeco-
nômicos, os gráficos facilitam a visualização e análise de dados numéricos,
porém neste caso, de forma não espacializada. E para serem úteis, eles devem
ser apresentados de forma a facilitar a comunicação dos dados. Então, muitos
aspectos deverão ser levados em conta para construí-los; isto significa muito
mais que a escolha de um software que execute automaticamente um
comando de construção de um determinado tipo de gráfico.
Finalmente, esboçou-se uma idéia do que vem a ser a Cartografia em
Multimídia, tão em voga atualmente no exterior, e conclui-se o livro
abordando a questão do futuro da Cartografia.
APRfscNTAÇÁO 29

Por se tratar de um 1ivro de Cartografia Contemporânea, esperava-se


uma atenção para os softwares para produção de mapas. No entanto, optou-
se por deixar de fazer referências específicas a um ou outro tipo, preferindo
tratá-los, quando fosse o caso, como ferramentas para a produção,
visualização ou manipulação de mapas.
Termino esta apresentação dirigindo-me especialmente a alguns dos
meus ex-alunos: Aqui está o tão necessário conteúdo que tanto me cobraram
para que eu o disponibilizasse escrito. Espero que ainda continuem tão
entusiasmados como eu pela Cartografia. Creio que estes vinte e poucos
anos de carreira profissional tenham me dado alguma experiência como
engenheira no início, e depois como professora, pois é esta experiência que
relatei aqui. Este livro é para mim como um filho, que demorou muito mais
que os outros para ser gestado, mas, que nasceu com a mesma expectativa.
Porém, a pergunta ao olhá-lo é: a quantos ele servirá? Espero que a muitos,
e assim me sentirei feliz por saber que o tempo "tirado" para fazê-lo
proporcionará novos tempos para outros.
Agradeço sugestões e críticas.
CAPÍTULO 1
A NATUREZA DA CARTOGRAFIA

1.1 FORMAS DE COMUNICAR O CONHECIMENTO

:\-' A comunicação entre os seres humanos permite que eles compartilhem


informações, idéias, emoções e habilidades. Para tanto, utilizam palavras,
imagens, figuras, gestos, gráficos, dentre outros, para alcançar tal propósito
(Barbosa e Rabaça, 2001 ). No domínio dos comportamentos sociais, os gestos
e a linguagem oral deram origem a rituais e comportamentos; enquanto a
música e o canto contribuíram para aumentar o alcance da mensagem e sua
carga de emoção (Claval, 1999). Entretanto, a invenção de códigos gráficos
que traduzem a linguagem trouxe um progresso decisivo para a comunicação
do conhecimento acumulado. Graças à escrita, as experiências do passado
deixaram de depender da memória dos indivíduos. A escrita dos números
possibilitou, igualmente, a difusão da matemática (fazer contas), a troca de
mercadorias (valor) e a invenção da moeda. 1r
\ Cada uma das formas de comunicação exige do indivíduo capacidades
específicas para que a comunicação ocorra. Por exemplo, na linguagem
escrita deve-se ter a aptidão para a leitura e a escrita; na fala, a capacidade
de articular as palavras; na matemática é preciso reconhecer simbolizações,
reconhecer relações entre conjuntos, números, magnitudes e abstrações. Na
quarta forma de comunicação, usando gráficos, é preciso saber construir e
interpretar planos e diagramas a partir da observação de números, de desenhos
e imagens ou mesmo do próprio meio ambiente. Ao estudar o progresso da
civilização, o homem se depara com esforços nesse sentido, como procurar
representar, por gráficos, as coisas importantes do meio ambiente que
32 ÚRTOGIWIA - REPRESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO EVISUAl.IZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

permitiam sua sobrevivência. São do tempo das populações nômades das


cavernas, os desenhos ou inscrições rupestres, que lembram animais. Também
é da antiguidade a notícia dos primeiros "mapas" marcando itinerários. Ainda
não aparecia a estrutura espacial do ambiente; somente marcavam uma rota
que comunicava um conhecimento essencial à sobrevivência.
A evolução humana na construção de gráficos e mapas aconteceu
paralela à evolução das idéias e da tecnologia. O mapa foi, na verdade, uma
maneira que o homem encontrou para representar o que era importante ou
de interesse de um grupo dominante. Era preciso comunicar o conhecimento
existente sobre o mundo e isto envolvia o espaço e sua percepção e as imagens
construídas pela mente humana. Nesse processo, o homem desenvolveu
habilidades em descrever um cenário geográfico usando a simbologia gráfica
para construir o que se designa "mapa". Conforme as necessidades e a
tecnologia disponível, evoluíram os mapas de simples representações do
meio, para complicadas representações considerando a esfericidade da Terra.
Logo, o mapa é uma forma de comunicar um conhecimento que se
efetiva somente se o usuário, o leitor do mapa, conseguir obter tal
conhecimento ao lê-lo. Portanto, o mapa como forma de comunicação exige
tanto do seu criador como do usuário conhecimentos específicos de
Cartografia. Apesar deste fato, o mapa não pode ser negligenciado como
instrumento de comunicação, por ser extremamente eficiente para expressar,
manipular e analisar idéias, formas e relações que ocorrem no espaço bi e/
ou tridimensional.~

1.2 Ü QUE É UM MAPA


s. Na linguagem coloquial e em diversas outras áreas da Ciência que
não aquelas ligadas à Cartografia, tais como Medicina, Economia e
Administração, também são utilizados os termos "mapeamento" e "mapa".
Contudo, tanto o ato de mapear quant~o produto - mapa - são diferentes 1"
daqueles que se conhece na Cartografi~'GeralmeQt~, sigDifiç_~m~mª forma
de levantamento de dados e de apresentá-los,_Q~_ajnda_um_instrum_ento
fé!cilitador para a compreensão da estrutura-de-u'!l f~nôme_no _qualquer, ffi:!e
pode ou não ser.g~Qgráfiço~ Por isfo, .. freqüent~m~nte_, Â- forma_ de
r~présentàçãó-aoõtada-difere de .um mapa-c:omüos-profissionais.~ das
G~9_ciênçias re_conh~c~_m~ Às vezes, essà ·representação não passa de uma
lista de palavras e números, organizados sistematicamente ou, então, um
fluxograma mostrando como ocorre um fenômeno ou processo. Outras vezes,
ÚPITUlO 1- A NATUREZA DA ÚRTOGRAflA 33

é um esquema gráfico de algum fluxo, por exemplo, do sangue no corpo


humano, ou da seiva em uma espécie vegetal.
A palavra mapeamento tem assumido um significado mais amplo no
vocabulário. É comum ouvir nos noticiários coisas como "[ ... ] estão
procedendo ao mapeamento da droga no País[ ... ]"; ou,"[ ... ] o mapeamento
do genoma humano[ ... ]". Mas, de fato, o resultado de um levantamento ou
pesquisa é algo muito diferente dos mapas gerados na Cartografia.
/No livro Mapping in the age of digital media, Silver e Balmori (2003)
mostram uma interessante coletânea, na qual diversos pesquisadores
apresentam novos assuntos e temas para a cartografia eletrônica: aplicação
de projeções cart9gráficas para representar o corpo humano em três
dimensões (3-DVC:omo uma extensão do processo não tradicional de
escultura; mapeah1ento em 3-D dos movimentos do corpo humano no espaço;
construção de mapas em 3-D do espaço interno do corpo humano a partir
de scanners que registram dados volumétricos compostos de múltiplas fatias
de diferentes tipos de tecidos no interior do corpo; mapas das formas de
objetos arquitetônicos em 3-D, perseguindo a manutenção da sua
especificidade de objeto original; o uso de imagens para a visualização
científica de eventos como "fluxo corrente versus posição" em uma estrutura
do mundo quântico para a obtenção de novas informações que antes não
eram possíveis. Além destas, a coletânea traz outras interessantes aplicações
distintas daquelas que a comunidade cartográfica está habituada a ver, o
que pode ser um outro caminho para a Cartografia.
J(- Os mapas da Cartografia têm características típicas que os classificam,
e representam elementos selecionados em um determinado espaço
geográfico, de forma reduzida, utilizando simbologia e projeção cartográfica.
Dent (1996) amplia esse conceito quando afirma que os mapas são capazes
de fornecer uma estrutura para guardar e ou mostrar o conhecimento
geográfico e experiências dos mais variados interesses, sem os quais seria
difícil orientar-se no espaço geográfico ou nos grandes ambientes terrestres
(água, ar e terra). ·~~
~. Para os cartógrafos, os mapas são veículos de transmissão do
conhecimento. Eles são representações gráficas de determinado espaço
geográfico, concebidos para transmit~.a visão subjetiva ou o conhecimento
de alguém ou de poucos para muito?' Esse conhecimento pode ser o mais
amplo e variado possível ou o mais restrito e objetivo possível. Então, cada
mapa tem um autor, uma questão e um tema (mesmo os mapas de referência
geral, os topográficos ou os cadastrais).
34 CARTOGRAFIA - Rfl'RESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E VISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

Cosgrove (2003) apresenta um conceito interessante de mapa. Para ele

O mapa é um dos instrumentos que servem para aumentar a capacidade do


corpo humano, ele é um objeto híbrido, nem puramente natural nem
puramente cultural. Como um telescópio ou microscópio, ele nos permite
ver em escalas impossíveis para olhos descobertos e sem precisar movermo-
nos fisicamente no espaço.

Esse autor coloca o mapa como um mero estágio no processo de


mapeamento, pois, entende que este é complementado com o entendimento
do conteúdo do mapa; e para entender o conteúdo, a idéia, o significado de
um mapa, é preciso inseri-lo no contexto histórico e social do qual ele emerge
e sobre o qual atua.
Segundo MacEacheren (1994), "o mapa é principalmente um
dispositivo de apresentação. Ele apresenta uma vista abstrata de uma porção
do mundo com ênfase em algumas feições selecionadas [ ... ]". Entretanto,
Robinson e Petchenik (1976 apud Dent, 1996) preferem defini-lo como uma
"representação gráfica do meio", e, neste contexto, Dent (1996) explica que
o meio inclui todos os aspectos culturais e físicos do ambiente, inclusive as
abstrações mentais que não estão explícitas fisicamente na paisagem
geográfica.
Se os mapas são modelos da realidade e a realidade é vista de maneira
individual, então eles são subjetivos e não podem ser considerados como
fotografias da realidade ou a própria realidade reduzida. Veja, um bichinho
de pelúcia é um modelo de algum animal, mas não é o animal reduzido, por
mais que lhe sejam dados atributos característicos daquilo que está
representando.
-k
Mas, afinal o que é um modelo? Segundo Echenique (1972 apud Batty,
2003, p.14), "Um modelo pode ser interpretado como a representação da
realidade, na qual são consideradas as características relevantes observadas
e que a realidade consiste em objetos ou sistemas, que existiram, existem ou
podem existirf.Neste contexto, um mapa como modelo da realidade pode
tudo: representar o passado, o futuro desconhecido ou imaginado,
considerando o científico e a arte, os fatos e a ficção.
A visão de Wood e Keller (1996) sobre mapas é mais política. Para eles
o mapa "representa idéias e o trabalho do passado sobre o meio [... ]" que,
simultaneamente, as pessoas vivem e colaboram para construir; ele é capaz
de tornar o passado presente; ele"[... ] mostra os interesses difundidos através
de um sistema social, concentrados em uma classe, profissão, ocupação e
economia, nesta ou naquela vizinhança, cidade, país, neste ou naquele
CAPiruLO 1- A NATURCZA DA CAAroc1w1A 35

interesse" . Os mapas são produtos construídos a partir de um sistema de signos


naturalizados por tais forças conservati vas, em que estes signos são dispostos
a serviço de um m ito de que o mu ndo, mostrado em um m apa, é natural.
Na hi stóri a da Ca rtografia e da humanidade, veri fi ca-se que os mapas
antigos eram v istos como veículos de orientação no espaço geográfi co. A
principa l ca racterística dos mapas era a estocagem dos dados geográficos que
serviam para anál ise dos lugares e de como chegar até eles. Com a evolução
humana e também da Cartografia, os mapas passa ram a ser considerados
também como uma form a de comun icação de dados e mais recentemente,
como um instrumento de visualização científi ca. Entretanto, a Cartografia pode
ligar igualmente a análi se, a visualização e a comunicação de dados. Um
exemplo destes aspectos diferenciados da Cartografia é mostrado na Figu ra
1.1. Considerando as cl asses de precipitação, é possível visualizar num relance
a d istribuição de cada classe em relação às outras (Figura 1.1 a) . O u então, ter
apenas uma idéia das vá rias cl asses de prec ipitação, deixa ndo para o leitor
form ular uma idéia própri a do fenômeno "precipitação" (Figura 1 .1 b).
Um mapa pode ser co nsiderado como um Sistema de Inform ação
Espac ial que fo rn ece respostas para mu itas qu estões concernentes à área
representada, tais como:
a) as distâ ncias entre do is pontos, a posição de pontos com relação a
outro;
b) o tamanho de áreas e
c) a distribuição de certos padrões.

Estas respostas podem se r retiradas diretame nte do mapa se m


necess idade de ajuda nem de i mp lementações.

O Baixa
D

• Alta

Figura 1.1 - Temperatura média anual ele um lugar - exemplo de representação cartográfica
gerada: a) com objetivo ele comunicação; b) com objetivo ele análise
36 ÚRTOGRAflA- REPRESENTAÇÃO, COMUNlCAÇÃO EVISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

1.3 MAPA, CARTA E PLANTA

Na linguagem verbal e também na literatura da língua portuguesa


encontram-se expressões coadjuvantes à palavra MAPA, usadas
indiscriminadamente como sinônimos, por exemplo, as palavras CARTA e
PLANTA. Bakker (1965) comenta que a palavra mapa teve origem na Idade
Média e era empregada ap~nas para designar as representações terrestres, e
que somente depois do século XIV, os mapas marítimos passaram a ser
designados como cartas, como exemplo, as Cartas de Marear. Observando a
literatura técnica e científica nas línguas inglesa, francesa e alemã, percebe-
se que nestas línguas não há confusão entre os termos mapa e carta. Em
alemão, existe a palavra karte para todas as representações cartográficas. O
mesmo acontece na língua inglesa, em que predomina a palavra map,
enquanto no francês, a única vez que se observa a palavra mape refere-se ao
. mapa mundi; no mais existe somente a palavra carte.
A confusão no Brasil entre as palavras mapa, carta e planta tem origem
no uso popular de documentos cartográficos, ou seja, as pessoas que usavam
mapas foram cristalizando idéias que acabaram por criar a presente situação.
Atualmente, estes termos estão ligados à ESCALA de representação, gerando
os seguintes conceitos:
! a) MAPA: representação dos aspectos físicos naturais ou artificiais, ou
aspectos abstratos da superfície terrestre, numa folha de papel ou
monitor de vídeo, que se destina para fins culturais, ilustrativos e
para análises qualitativas ou quantitativas genéricas. Geralmente é
concebido em escalas pequenas.
:< b) CARTA: representação dos aspectos físicos naturais ou artificiais da
Terra, destinada para fins práticos da atividade humana, permitindo
a avaliação precisa de distâncias, direções e localização geográfica
de pontos, áreas e detalhes. Geralmente concebida em escalas
médias a grandes.
-t. c) PLANTA: representação concebida em escala muito grande (1: 500
a 1: 2 000), de áreas suficientemente pequenas que podem ser
assimiladas, sem erro sensível às superfícies planas, isto é, onde a
curvatura da Terra pode ser desconsiderada. A projeção desta
superfície para o plano de representação é ortogonal, portanto, a
escala é preservada em qualquer ponto ou direção, o que não
acontece com os mapas e cartas, que terão variações conforme a
projeção cartográfica escolhida para representar a superfície curva
da Terra.
CAPITulO 1- A NATUREZA DA ÚRTOGRAFIA 37

1.4 A CARTOGRAFIA E OS MAPAS


Os levantamentos executados na superfície terrestre por meio da
Geodésia, Fotogrametria e Sensoriamento Remoto e Topografia geram dados
de diversos interesses e para serem visualizados espacialmente são
representados graficamente no plano, assunto este que caracteriza o objeto
da Cartografia (Gemael, 1976). Portanto, o objetivo da Cartografia,
inicialmente, consiste na representação da superfície terrestre ou parte dela,
de forma gráfica e bidimensional, que recebe o nome genérico de mapa ou
carta. Atualmente, o conceito de Cartografia apresenta uma acentuada
tendência de alterar o significado inicial a ela atribuído. Algumas definições
incluem os aspectos da confecção e uso de mapas, cartas e outros produtos
tais como, maquetes, visualizações 3-D da superfície, etc. Outros entendem
a Cartografia como o conjunto das ciências que conduzem ao mapa, tendo
como exemplo o título dos Cursos de Engenharia Cartográfica em nosso
país. Entretanto, outras ciências além das já citadas no início deste parágrafo
produzem mapas, de onde derivam vocábulos como Cartografia Geológica,
Cartografia Geomorfológica, Cartografia Geotécnica, Mapeamento de
Superfície, dentre outros e isto pode confundir conceitos com tipos de mapas.
Independentemente das discussões do conceito de Cartografia,
ninguém há de discordar que o produto, inegavelmente objeto desta ciência,
é o mapa. Um mapa ou carta apresenta características próprias, sendo, por
conseguinte, diferente de outros tipos de representações gráficas cujas
características serão tratadas a seguir.

1.5 CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DOS MAPAS

1.5.1 LOCALIZAÇÃO E ATRIBUTOS

Os mapas são concebidos a partir de dois elementos da realidade:


localização e atributos.
• Localização: dada por suas posições no espaço (coordenadas)
bidimensional ou tridimensional.
• Atributos: são as qualidades ou magnitudes, ou ainda podem ser
compreendidos como uma variável temática, como: temperatura,
clima, tipo de solo e tipos de religiões.
38 (ARTOGIWIA- RCPRESENTAÇÃO, COMUNlCAÇÃO EVISUAl.IZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

1.5.2 ESCALA

Os mapas são representações reduzidas do mundo real. E ao se definir


a relação dimensional entre a representação gráfica e a realidade, caracteriza-
se a Escala.
Toda vez que se decide fazer a representação gráfica de uma porção
do ambiente, a primeira coisa a ser feita é escolher a escala do mapa.
A escala mostra a quantidade de redução do mundo real, quando
representado na forma gráfica. Tecnicamente, a escala é definida como a
razão entre a distância gráfica (d) a distância real (D), em que cada distância
é expressa na mesma unidade de medida e reduzida de tal forma que o
numerador seja representado pela unidade. Exemplo: 1: 20 000. Neste caso
sabe-se que, 1 (cm): 20 000 (cm); quer dizer, um centímetro gráfico,
corresponde a vinte mil centímetros da realidade, ou seja, duzentos metros.

POSSIBILIDADES DE INDICAR A ESCALA

A escala pode ser representada nos mapas de três formas:


a) descrição verbal (escala falada): 1 cm corresponde a 100 m;
b) representação unitária ou numérica: 1:1 O 000 e
e) representação gráfica· barra de escala 100 o 100 200 m
• 1 1 1 1

A seleção da escala tem conseqüências importantes na aparência do


mapa e no seu potencial de comunicação. Quanto menor a escala, maior
será a generalização e simbolização no mapa.
- Escala grande: denominador pequeno - pequenas áreas - dados
com representação detalhada.
- Escala pequena: denominador grande - grandes áreas - dados com
representação geral.

1.5. 3 PROJEÇÃO CARTOGRÁFICA

Conforme explicado no item 1.3 c, pode-se desconsiderar a superfície


curva da Terra nas plantas porque se representam pequenas áreas. Nos globos
terrestres, a representação da Terra se restringe a um problema geométrico
de solução imediata: construir uma figura em escala adequada, semelhante
a que se deseja representar, isto é, uma esfera. Porém, no caso geral, a
representação de superfícies consideráveis nas quais a curvatura da Terra
CAPITULO 1- A NATUREZA DA ÚRTOGRAflA 39

não pode ser negligenciada, a representação plana desta superfície envolve


dificuldades tais, que exigem laboriosas soluções. Tal fato é devido à forma
do nosso Planeta - esférica ou elipsoidal. Estes tipos de superfície não
permitem suas representações em um plano sem dobras ou rasgaduras.
Portanto, nenhum mapa será exato, ou seja, geometricamente semelhante à
figura que deseja representar; ele sempre terá deformações.
Como não há possibilidade de uma representação absolutamente
rigorosa, o homem procurou soluções cartográficas aproximadas, as quais
são conhecidas sob a denominação genérica de projeções cartográficas. 1
Os primeiros sistemas de projeção remontam à antiguidade; nos dias
atuais existe mais de uma centena de projeções as quais são resultantes do
trabalho e de muita imaginação de famosos matemáticos, cartógrafos e
astrônomos. Quando alguém estuda projeções cartográficas é preciso muita
imaginação para tal compreensão.
Qualquer sistema de projeção representará a superfície da Terra com
deformações, as quais serão tanto maiores quanto mais extensa for a área
em consideração. Existem sistemas desenvolvidos para representar a área
em verdadeira grandeza, outros para conservar a forma da área, outros para
manter os comprimentos em certas direções. Contudo, não é possível
conservar todas estas características da área em representação. Tal constatação
deu origem ao que denominamos de propriedades das projeções
cartográficas, sendo elas:

CONFORMIDADE

Ausência de deformação angular. Em tal caso, é mantida a similitude


entre as regiões representadas, ou seja, a forma ou fisionomia dos elementos
desenhados no mapa mantém-se igual àquela da superfície terrestre. Para
conseguir manter a similitude das formas, são alteradas as áreas. Este é o
caso da conhecida projeção de Mercator, na qual os ângulos das figuras
pequenas são conservados, mas as grandes áreas aparecerão aumentadas.
Um exemplo sempre citado nos livros didáticos é o da Groenlândia, que
aparece no planisfério construído nessa projeção, com superfície superior à
América do Sul, apesar de ser cerca de oito vezes menor.

Gemael (1976) considera o vocábulo "projeção" impróprio, porque nem sempre uma
projeção cartográfica se subordina às regras da geometria descritiva; somente os Sistemas
Perspectivos são suscetíveis de definição genérica simples, em concordância com a
Geometria Descritiva. Segundo o autor, não fosse o uso consagrado do vocábulo, ele
poderia ser substituído pelo termo "representação".
40

EQUIVALÊNCIA

Conserva a relação entre as áreas da super fíci e terrestre e as


representadas no mapa. As projeções deste tipo mantêm a proporção de
tamanho entre a superfície rea l e a do desenho. Em ta is tipos, para que a
relação entre as áreas seja mantida, é alterada a forma ou a fisionom ia das
regiões representadas no m apa . Um exemplo atual nos livros didáticos é a
projeção de Peters, que apa rece para fazer oposição à de M ercator. Ela
apresenta verd adeiram ente as áreas dos países, porém as fo rm as são
visivelmente alteradas. Os partidários dessa projeção para o planisféri o
consideram -na pol iti camente mais correta para mostrar o tamanho rea l das
massas continentais e que, esta é oposta àquela de Mercator, que aumenta a
área dos países do hemi sfério Norte onde estão os grandes gru pos dominantes
no que tange às questões econôm ica e cultural.

EQÜIDISTÂNCIA

Conserva ina lterada a relação entre os comprimentos med idos em certas


direções. Esta questão implica na relação de comprimento dos paralelos e
meri dianos rea is com aqueles desen hados nos mapas.

1.5.3 .1 SuPERFfCIES DE PROJEÇÃO

Como a superfície terrestre (esfera ou elipsóide) não se desenvolve


sobre o plano sem grandes deformações, foi desenvolvido um arti fício, isto
é, cri aram-se superfícies intermediárias ou auxi li ares. Estas superfícies são
chamadas de superfície de projeção e podem ser, o p lano, ou uma superfície
aux i/iardesenvo lvível em um plano como o ci lindro ou o cone. Para visualizá-
los basta observar as figuras abaixo (Figura 1.2).

...........................

Figura 1.2 - Superfícies de projeção: plano, cilindro e cone


CAPITULO 1- A NATUREZA DA URTOGRAFIA 41

Quanto aos aspectos da superfície de projeção em relação à superfície


de referência, eles podem ser:
• Normal - O aspecto normal, em relação às projeções azimutais,2
significa que o plano de projeção é perpendicular ao eixo de rotação
da Terra com ponto de tangência no pólo; nesse caso designadas
de projeção polar. Para as projeções cilíndricas, o cilindro que
envolve o globo é perpendicular ao plano do Equador, isto é, paralelo
ao eixo da Terra, e esta projeção é conhecida como equatorial,
enquanto, no caso das projeções cônicas, o eixo do cone é paralelo
ao de rotação da Terra.
• Transverso - Para o aspecto transverso, em projeções azimutais o
plano é perpendicular ao plano do Equador (projeção equatorial);
em projeções cilíndricas, o cilindro é paralelo ao plano do Equador
e perpendicular ao eixo da Terra, e em projeções cônicas o eixo do
cone é perpendicular ao de rotação da Terra e ambas são projeções
transversas.
• Oblíquo - O aspecto oblíquo acontece quando o plano da projeção
azimutal não é nem perpendicular ao eixo da Terra, nem perpendicular
ao plano do Equador e nas cônicas e cilíndricas, o eixo não coincide
nem é perpendicular ao eixo de rotação da Terra. Bakker (1965)
considera as projeções que se comportam desta forma como projeções
horizontais. Observe na Figura 1 .3 como estes três aspectos
aconteceriam para o caso de cada uma das superfícies de projeção.

Normal Trans ersa

Figura 1.3 - Aspectos da superfície de projeção em relação à superfície de referência

2 As Projeções Planas são geralmente designadas como Azimutais. A superfície de projeção


é um plano que pode ser tangente ou secante à Superfície de Referência. São chamadas
de Azimutais em virtude dos azimutes, em torno do ponto de tangência, serem
representados sem deformações. As Projeções Azimutais são também são chamadas de
Zenitais (Bakker, 1965).
42 CARTOGRAFIA - RIPRESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E VISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

1.5. 3. 2 ÜASSIFICAÇÃO DAS PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS SEGUNDO AS PROPRIEDADES


a) Projeções conformes
Conformidade é a característica de verdadeira .forma, na qual uma
projeção preserva na carta as magnitudes angulares formadas pelos mesmos
pontos representados da superfície da Terra. Uma condição necessária é a
interseção perpendicular de linhas do canevá à semelhança do que ocorre
no globo. A propriedade de conformidade é importante em mapas que são
usados para analisar ângulos, tal como acontece em navegação.
b) Projeções equivalentes
A equivalência é a característica de igualdade de áreas. Ou seja, cada
área em uma representação está em verdadeira grandeza (desde que se
considere a escala em questão); por isto pode ser relacionada com outras
em qualquer outro setor da representação. A preservação por equivalência
envolve transformação inexata dos ângulos e distâncias e é importante em
mapas usados para comparar densidades e os dados de distribuição, como
no caso da demografia.
e) Projeções afi láticas
São aquelas que não conservam ângulos e nem as áreas; nestes sistemas
é dada a preferência para reduzir ambas as deformações em vez de eliminar
uma à custa de contemplar a outra.
d) Projeções eqüidistantes
Na verdade, qualquer uma das projeções anteriormente citadas pode
apresentar o atributo de serem eqüidistantes em alguma direção, nunca
em todas. Estas direções são ausentes de deformações lineares, mantendo
as Qistâncias corretas em certas direções privilegiadas. Um exemplo é a
projeção conforme de Gauss; ela é eqüidistante segundo o meridiano central
(somente este), que é projetado em verdadeira grandeza, ressalvada a escala
(Gemael, 1976).

1.5 J .3 CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS PROJEÇÕES DE NATUREZA GEOMÉTRICA


Existem outras classificações para as projeções cartográficas. Porém,
esta tem maior destaque haja vista facilitar o entendimento do que vem a ser
projeção cartográfica.
C.•,rhuw 1- A NATURfLA DA CARrcx:RArlA 43

a) Si stem as perspecti vos


São aqueles que têm ori gem nos ensinamentos da geometria descritiva;
por isto são construídos a partir de uma defi nição geom étri ca simples, como
é o caso dos sistemas azimutais o rtográfi cos, estereográficos e gnomônico
(Figura 1 .4).
Sobre um pl ano tangente ao planeta Terra, proj eta- se a reg ião a
representar segundo um centro de projeção, analogamente a um ponto de
vista situado em: (1) Gnomôn ico 3 - no centro da Terra; (2 ) Estereográfi co -
no po nto di ametralm ente o posto ao de tangê nc ia; (3) Eqüidistante; (4)
Equiva lente; (5) O rtográfico - no infin ito .

L
~

1-Ft-:::::i~+::>!rt-~-#o/-~~:::----1t.1--~~----iv.-
....
~

3 4
........
~ 5

infinito
Figura 1.4 - Pontos de projeção para sistemas perspectivas
Fo111c: Robinson (1995, p.33)

b) Sistemas não perspectivos


O s sistemas não perspectivos, como o nome diz, fogem às defin ições
geométricas, não são subordinados à Descriti va e são subdivididos em dois
grupos:
• Projeções modificadas ou Pseudoprojeções - sã o si stem as
resultantes de va ri ações simpl es cios sistemas p erspecti vos; um
exem plo é o sistema az imutal po lar equiva lente.
• Projeções convencionais - co m o o p ró prio no m e di z, são
abso lutamente artifi ciais; pode se r definida, an aliticamente, uma
séri e ele condi ções para ori ginar as projeções con ven c io nai s;
considerando a representação da total idade da superfíc ie terrestre,
elas poderão ser contínuas ou interrompidas (Figura 1.5).

O sistema Gnomônico é afilático, ou seja, não conserva nem os ãngulos nem as áreas.
44 0.1mx;1WL\ - m1:1<1NTAÇÁO, (().\IU~"CAÇÁO { \15UALIZAÇÁO IX DADOS CSl'AOAIS

Figura 1.5 - Exemplos de projeção convencional contínua: (a) projeção


de Mercator, (b) projeção de Miller e (e) projeção Interrompida e
condensada em dois mapas contíguos
fonrc: lf3GEa (2002) e Robinson ( 1995)
ÚS'flULO 1-A NAIURr7A DA W lOCRAflA 45

Devido a sua importância, no item 3.7 do capítulo 3 deste li vro, se


dará continuidade às projeções ca rtográficas, tratando daquelas utilizadas
nos mapas produz idos no Bras il.

1.5. 4 ABSTRAÇÃO

O s mapas são abstrações da rea lidade, sendo impossíve l reduzir o


mundo rea l tal como ele é e representá-lo no mapa. Ele é tão compl exo, que
o resultante ficaria ilegível ou muito confu so . Portanto, os mapas mostram
so m ente as informa ções se lecio nadas no mund o r ea l para se rem
representadas. Essa informação é subj eti va e depende de uma va riedade de
operações, tais como classifi cação e simplifi cação que procuram faci litar o
seu en tendimento .
Cons iderando, então, que os dados pa ra mapeamento são referentes à
rea lidade, esse processo acontecerá cm dois momentos principa is: (a)
abstração e (b) representação, ou constru ção do mapa (Figura 1.6).

• v•,•h (J....., ,.,,..., , ...


- " · ••--·• - .. ••l•t. t •• - t,..••• ...... ,._, . . '1 •
1-• •~:f"..f ftl ••• ( • - •• ... t I~ 1
.. ., .. . . .. . lo • .._.

Figura 1.6 - Processo de mapeamento: realidade (foto oblíqua retratando a paisagem), fotografia
aérea vertical (obtenção de dados da realidade) e mapa mostrando a representação da realidade
abstraída
46 ÚRTOGRAflA- REPRESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E VISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACWS

1.5.5 SIMBOLISMO

Os dados que descrevem um fenômeno de um determinado espaço


geográfico (seja um país, estado, município, bacia hidrográfica ou outro lugar
qualquer) podem ser mostrados com o uso de uma variedade de signos
gráficos. As características gráficas dos traços relacionados aos atributos dos
dados conduzem à idéia de signos, os quais são designados de símbolos. Os
símbolos dotados de significado geográfico, quando arranjados num plano,
formam o que se chama de Mapa.
Assim, todos os mapas usam signos para representar elementos da
realidade. O significado dos signos caracteriza o simbolismo da Cartografia.
Alguns símbolos usados em mapas têm significados universais, tais
como:
a) água - azul;
b) vegetação - verde e
c) estradas - 1inhas pretas ou vermelhas.
Todos os símbolos usados para representar dados consistem de vários
signos ou traços, tais como, linhas, pontos, cores, tons, padrões, e assim por
diante. Por isto, a LEGENDA e/ou as Convenções Cartográficas 4 são
necessárias em um mapa. Elas revelam o significado dos signos, trazendo a
idéia do que ele representa. A idealização desses signos para construir um
mapa, sua seleção e arranjo afetam fortemente a visualização e a
comunicação do mesmo.

1.6 TIPOS DE MAPAS

Apesar de os mapas apresentarem características básicas, eles podem


variar drasticamente em aparência. Pelo seu aspecto, denota-se sua pretensão
de uso. Existem mapas especializados para muitos propósitos.
É senso comum que uma das funções mais importantes dos mapas é
servir a necessidade de orientação ou mobilidade, incluindo a navegação
4
A diferença entre Legenda e Convenções Cartográficas é muito simples: os mapas de
referência, por sua natureza, usam convenções padronizadas e universalmente aceitas para
representar os elementos gerais da superfície terrestre, tais como rios, estradas, cidades; os
mapas temáticos por tratarem de temas de natureza muito diferentes não podem ser
subordinados a convenções, por isto a simbologia usada deve ser decodificada pela Legenda.
(APITUlO 1-A NATUREZA DA ÚRTOCiRAFIA 47

(mapas rodoviários e· topográficos). Foram essas necessidades que fizeram


surgir este modo de representação gráfica. A evolução das atividades humanas
permitiu o aparecimento de outros tipos de mapas, os quais são construídos
para atender propósitos analíticos envolvendo medidas e cálculos.
Mapas de escala grande (na língua portuguesa denominados de Cartas)
geralmente são usados com o propósito de monitoramento ou tarefas de manejo.
Outros mapas que são usados para planejamento físico inventariam a
situação presente, definem o processo de desenvolvimento e apresentam as
propostas para uma situação futura.
Existem mapas que são usados para reduzir volumosos dados
estatísticos, ou então, visualizar o que de outra forma não pode ser visível;
um exemplo é a distribuição da temperatura.
Existem mapas cuja função é de codificação, ou seja, mostrar a situação
legal da propriedade da terra. Por exemplo: mapas cadastrais.
Quando os objetivos são educacionais, produzem-se mapas
geográficos de parede e mapas em livros e, hoje em dia, os mapas em mídia
eletrônica como os Atlas em CD - ROM.
Os mapas podem ser classificados a partir da sua função principal, ou
então, pela semelhança no método específico uti 1izado para sua
representação; por exemplo, método coroplético e método isoplético. Podem
também ser subdivididos de acordo com os temas que tratam; por exemplo,
mapas urbanos, de climas, mapas de população, mapas geológicos, etc.
Dent (1996) mostra uma interessante classificação genérica dos mapas
existentes no mundo atual, conforme esquema a seguir (Figura 1.7).
1 TIPOS DE MAPAS 1

+
Mental
+
Tangível

·;
Referência
\
Temático
Virtual

i i
Qualitativo Quantitativo

i
Simples
i
Multivariado
Figura 1.7 - Classificação dos tipos de mapas
Fonte: Dent (1996, p.6)
48 ÚRTOGRMIA - RCPR[S{NTAÇÀO, COMUNlCAÇÃO E VISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

A categoria identificada por Small (1992) e Dent (1996) como mapas


mentais diz respeito aos mapas elaborados pela mente humana. Eles são
imagens guardadas na mente que levam em conta informações sobre o
ambiente que cerca os seres humanos, ou então, podem ser novas imagens
de lugares nunca vistos, as quais a mente cria a partir de algum estímulo
externo. A função destes mapas é ajudar a resolver alguns problemas como,
encontrar um caminho ou localizar algum alvo, e por isso envolvem muito
mais que apenas estoques de informações gráficas (como os mapas em papel,
ou em monitores). Os mapas mentais influenciam, freqüentemente, em vários
aspectos da tomada de decisão, quando se referem às localizações. Assim,
eles podem ser de considerável significado na seleção das áreas onde se vai
viver e na escolha de locais residenciais.
Mapas tangíveis referem-se aos que podem ser tocados e, mapa virtual
refere-se àquele que apenas se torna real quando algum dispositivo possibilita
sua visualização momentânea (pelo tempo desejado), no mais ele está estocado
em arquivos magnéticos, impossível de ser observado pelos olhos humanos.
Os mapas de referência, mapas de base ou de propósitos gerais,
costumeiramente, mostram objetos naturais ou artificiais do meio ambiente,
dando ênfase à localização e mostrando uma variedade de feições do mundo
ou parte dele (Vias de comunicação, corpos d'água, linhas costeiras, limites
político-administrativos, etc.). Exemplos: mapas topográficos e atlas
geográficos.
Os mapas temáticos ou de propósitos especiais são definidos pela
lnternational Cartographic Association (ICA) como "Mapa designado para
mostrar feições ou conceitos particulares''. Para tanto, estão envolvidos os
mapeamentos de fenômenos físicos e culturais ou de idéias abstratas; também
incluindo distâncias e direções, padrões de localização ou atributos espaciais
de mudanças de tamanho e magnitude (Dent, 1996).
Os mapas temáticos são separados em duas categorias: os qualitativos
e os quantitativos. Os primeiros têm por objetivo principal mostrar a
distribuição espacial ou localização de algum fenômeno geográfico. Por
exemplo, uso da terra mostrado na Figura 1.8.
Os mapas quantitativos, por outro lado, mostram os aspectos espaciais
de dados numéricos, ou seja, ilustram "quanto" de alguma coisa está presente
na área mapeada. Para tanto, é preciso transformar dados tabulares em um
formato especial de mapa e se obterá uma generalização dos dados originais.
Por isso, quando o usuário requer quantidades exatas, o melhor caminho é o
uso de tabelas ou diagramas, pois o mapa temático lhe dará apenas uma
idéia da distribuição espacial das quantidades (Figura 1.9).
(,,1'11'\,LO 1- t\ ~'ILRfZA DA CAl:ICX.RAU.. 49

Do ponto de v ista do usuári o ou do cartógrafo, não é importante discutir


a ca tegoria cios mapas separadamente, po is, para mapas temáticos diferentes
podem oco rrer métodos idênticos, representações semelha ntes o u ainda, os
mesmos problemas ele interpretação.

USO DA TERRA EM ÁR EAS DE


MINERAÇÃO DE CARVÃO
Siderópolis, SC -1978

LEGENDA

D Mineração
- Urbano
~fü}$. Agropecuária

- Eucalipto
. , . Lagoas Artificiais

Figura 1.8 - Uso da terra cm área de exploração de carvão

Natalidade
2000
Municlpio: São José, SC

Natalidade

- >25
- 21 .25
- •6·20
li . 15

6° IO

·-·-. 0.5

N
t
f Of'!C t dOI dfslol i
e... "" 1nrormaçõc• PO"
Sefcr Ctn..rauo • IBGE 120011

Figura 1.9 - Parte do mapa de natalidade cio município de São José, SC


Fonte: UFSC (2004)
DADOS PARA MAPEAMENTO

2.1 NECESSIDADE DE CONHECER OS MÉTODOS DE AQUISIÇÃO DE DADOS

Por que é preciso conhecer os métodos de aquisição dos dados, se de


fato o que o cartógrafo vai fazer é utilizar esses dados para construir mapas?
Ora, parece óbvio que para se ter confiança em algo é preciso conhecê-lo; a
mente humana automaticamente analisa cada item descoberto, compara
com valores preestabelecidos ou com o conhecimento adquirido e dá o
veredicto: isto é bom, ou isso não é bom; isto é mais ou menos; tem problema
aqui[ ... ]. Os julgamentos são estabelecidos segundo alguns conhecimentos
e experiências específicas, de acordo com as disciplinas envolvidas, pois o
conhecimento formal foi adquirido desta maneira.
No caso da Cartografia, há dois aspectos distintos com relação aos
dados: um diz respeito à aquisição dos dados para gerar os mapas e o outro
ao uso dos mapas como fonte de dados. Neste momento, serão tratados de
forma resumida os diferentes métodos de aquisição de dados para o
mapeamento e o uso de mapas já existentes na forma analógica para produzir
mapas digitais.
Existem vários métodos de aquisição de dados para o mapeamento;
cada um com finalidade de produzir mapas específicos, como se observará
adiante. É evidente que o cartógrafo precisa conhecer muito bem o aspecto
relacionado à confiabilidade dos dados levantados, a qual deve estar de
acordo com a qualidade preestabelecida, já que o reflexo é no produto final,
ou seja, o mapa. Então para que se indique a "qualidade do mapa" é preciso
conhecimento quanto aos métodos de aquisição de dados.
52 (ARTOGIWIA - REPRESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO CVISUAUZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

2.2 LEVANTAMENTOS TERRESTRES

2.2.1 TOPOGRAFIA

Levantamento terrestre ou levantamento de campo é um conjunto de


operações efetuadas no terreno para se obter as medidas de interesse à
representação desejada. Tal representação gráfica é a planta topográfica,
que é sempre confeccionada em escalas grandes, variando de 1: 200 até 1:
1O000. Por ter escala grande, a planta pode representar os detalhes do terreno
com precisão geométrica.
A Topografia é a ciência aplicada que utiliza medidas de distâncias
horizontais e verticais, ângulos e orientação, para a partir de uma projeção
ortogonal sobre um plano, representar os pontos que definem a forma, as
dimensões e as posições relativas de uma parte da superfície terrestre, sem
considerar sua curvatura (Loch; Cordini, 2000).
Atualmente, os métodos modernos de medições topográficas permitem
que as representações dos dados sejam feitas, na maioria das vezes,
automaticamente, por programas computacionais e armazenados em arquivos
digitais. As coordenadas obtidas na Topografia são referidas ao plano
horizontal de referência: o plano topográfico.
O sistema de coordenadas topográficas é um sistema plano - retangular
definido pelo eixo das ordenadas y', paralelo à direção Norte- Sul e um eixo
x' (abcissa) formando 902 com a ordenada na direção Leste. Existe a coordenada
'z ', dada pela cota ou altitude. O sistema de coordenadas topográficas tem
uma origem arbitrária e por ser plano- retangular, como o sistema de projeção
UTM- Universal Transversa de Mercator, é fácil fazer sua transformação para
UTM, por meio de uma translação de eixos. Assim, a sua origem deverá
coincidir com um marco geodésico de coordenadas UTM conhecidas.

2.2.2 GPS - GLOBAL PosmoNJNG 5YSTEM


O Global Positioning System é um sistema de posicionamento
geodésico baseado num conjunto de satélites artificiais, capazes de fornecer
posições na superfície terrestre com a acurácia de poucos centímetros.
Segundo o IBGE (2000), o sistema GPS é composto basicamente de
três segmentos:
a) Segmento de controle - consiste em um conjunto de estações
monitoras terrestres, fixas e espalhadas pelo globo.
CAPÍTULO 2- ÜADOS PARA MN'[AMENTO 53

b) Segmento espacial - constelação de vinte e quatro satélites artificiais


em órbita da Terra e
c) Segmento dos usuários - formado pela comunidade de usuários,
incluindo receptores, algoritmos, software, dentre outros, utilizados
para a determinação do posicionamento.

O GPS pode ser utilizado para muitas aplicações: 1


a) nos levantamentos geodésicos para estabelecimento de pontos
precisos da rede básica de pontos sobre a superfície terrestre;
b) na topografia, ou seja, levantamentos locais, tanto rurais quanto
urbanos, para obter coordenada de pontos uti 1izados nesses
levantamentos, ou nos levantamentos lineares;
e) no georreferenciamento de imagens de satélite, destinado ao
mapeamento temático, ou o uso dos produtos de sensoriamento
remoto como a carta - imagem;
d) atualização de informações cartográficas e
e) atualização do Sistema de Informações Geográficas - SIG.

Os dados obtidos por intermédio do registro dos receptores são aqueles


definidos pelo sistema GPS, ou seja, têm como base o Sistema Global de
Referência, World Geodetic System, (WGS84), os quais, portanto, devem
ser convertidos para o Sistema Geodésico Nacional, para serem utilizados.

2.3 LEVANTAMENTOS AÉREOS

2.3.1 LEVANTAMENTOS AEROFOTOGRAMÉTRICOS

Os dados obtidos por levantamentos aerofotogramétricos, isto é, por


fotografias aéreas métricas, são transformados em produtos cartográficos 2
por fotogrametria ou fotointerpretação. 3
A fotogrametria, conforme definido por Andrade (1998) "é a ciência e
a tecnologia de obter informações confiáveis através de processos de registro,

Outras aplicações do GPS são: a navegação marítima e aérea, gerenciamento e


monitoramento ambiental, transportes, comunicação e esportes.
Produtos cartográficos obtidos por fotogrametria são: cartas planimétricas e planialti-
métricas, cartas cadastrais, ortofotos, ortofotocartas, e modelo digital do terreno.
3 Produtos cartográficos obtidos por fotointerpretação são: cartas e mapas temáticos.
54 (ARTOGIWIA- RIPRESENTAÇÀO, COMUNICAÇÃO E VISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

interpretação e mensuração de imagens". Sua maior aplicação é na


e'aboração de mapas, tendo para isto o apoio da Geodésia e da Cartografia.
A fotointerpretação ou interpretação fotográfica foi definida pela
Sociedade Americana de Fotogrametria e Sensoriamento Remoto - ASPRS
como "o ato de examinar imagens fotográficas com o propósito de identificar
objetos e julgar seu significado" (Colwell, 1997). O conteúdo das fotografias
é considerado tão importante quanto a geometria que está associada aos
objetos fotografados. Assim, o resultado da fotointerpretação será uma
classificação dos objetos semelhantes identificados.
Na fotogrametria, 4 o posicionamento de pontos é realizado com apoio
de levantamento de campo (Geodésia) e por métodos de triangulação
fotogramétrica, também conhecido como aerotriangulação. O processo de
transferência das informações da foto para o mapa, na fotogrametria digital
é feito primeiro pela conversão analógica/digital das aerofotos com o uso de
scanners de alta resolução. Eem seguida, pelos métodos de restituição, usando
equipamentos restituidores analíticos ou digitais que geram produtos
fotogramétricos em arquivos digitais, tanto em formato rastercomo vetorial.
A partir das fotografias aéreas 5 (Figura 2.1) são produzidos mapas
básicos em diversas escalas; as mais comuns são aquelas dos mapas
urbanos, nas escalas 1: 2 000 ou 1: 1 000 e aqueles para fins rurais, nas
escalas 1: 5000e1: 1O000. Obtém-se, portanto, uma visão geral da cidade
com o auxílio dos mapas urbanos nas escalas 1: 20 000 ou 1: 25 000 e, na
área rural, é possível se ter uma visão panorâmica de glebas em mapas nas
escalas 1: 40 000 e 1 : 50 000.
A fotointerpretação é utilizada para produzir mapas temáticos,
complementando assim, os dados básicos fornecidos pela fotogrametria nos
mapas topográficos ou cadastrais. Ela é feita por analistas de imagens,
especialistas no tema em questão, com auxílio de diversos equipamentos
analógicos. Atualmente, os computadores e a fotografia transformada para
formato digital possibilitam uma melhor interpretação visual ou automática.

4
Oliveira (2002) explica que o desenvolvimento da Fotogrametria pode ser considerado
em três etapas: a fotogrametria analógica que trabalha/manipula fotografias aéreas em
instrumentos ótico-mecânicos; a fotogrametria analítica que a sucedeu, introduzindo os
computadores para a parte de cálculos e restituição, mas ainda trabalhando com as
fotografias analógicas e; fotogrametria digital, na qual as aerofotos são digitalizadas e
todo o processamento fotogramétrico é realizado com auxílio de computador.
5
O mapeamento fotogramétrico é executado por empresas especializadas na produção de
mapas, tendo como clientes, geralmente, os organismos públicos.
CAPÍTULO 2 - DADOS PARA ~W'[,\M(NTO
55

- .
Figura 2.1 - Parte de uma fotografia aérea na escala 1: 8 000
(reduzida aqui)
Fonte: UFSC (2004)

2.4 SCANNERS DE ALTA RESOLUÇÃO

2.4.1 SENSORES MULTIESPECTRAIS

O s sistemas senso res multiespectrais aerotransportáveis são utilizados


para a obten ção de imagens da superfície terrestre, operando tanto na
po rção visível do espectro eletromagnético quanto no infraverm elho. O
sistema de imagea mento utili zado por estes sensores pode ser por varredu ra
ou detectores eco s. 6
Foram desenvolv idos diversos sistemas scanners aerotransportáveis, nos
anos 1990, em países europeus e ela América cio Norte, cujo objetivo era o de
efetuar o leva ntamento de dados que atendessem principalmente às questões

'' CCDs - Charge Cornpl etcd Detectors


(AATOGIWIA - ~11~1 q-NTA(ÀO, COMU~lfA(ÁO C\lSUAllZAÇÁO DC DADOS Lll'ACIAJS
56

ambienta is e que por necessidades específicas exigiam uma resolução melhor


do que as disponíveis nas fotografias aéreas ou imagens de satélite d a época.
Um exemplo destes sensores é o CASI - Compact Airbone Spectrographic
lmager, desenvolv ido pela empresa canadense ITRES Research Ltd.
No Brasi l, foram implantados vinte e quatro projetos pilotos com o objetivo
de mostrar a ap licação do sensor CASI, trazido por um convênio entre esta
empresa canadense e uma empresa de aerolevantamento brasi leira. O CASI
possibilitou a geração de imagens digitais programáveis no intervalo do espectro
magnético d e 430 mm (visível) a 870 mm (infravermelho próximo), com alta
resolução espacial (3,5 metros) e espectral (Figura 2.2). Alguns exemplos de
aplicação em trabalhos e pesquisas acadêmicas podem ser citados: avaliação
da qualidade da água na Baía de Guanabara; identifi cação de doenças fl orestais
em alguns reflorestamentos; avaliação da degradação ambiental de áreas de
exploração de carvão mineral a céu aberto no Sul do Brasil.

Figura 2.2-(a)c imagem CASI de parte de Siderópolis, SC e (b) a mesma imagem


classificada e georreferenciacla
Fonlc: Loch (2000)
CAPITULO 2- DADOS PARA ~W'fAMINTO 57

2.4.2 SENSORES A laser


Os sensores de varredura a LASER- (Light Amplification by Stimulated
Emission of Radiation), mais conhecidos comercialmente como mapeamento
LI DAR - Light Detection and Ranging ou ALS 7 - Airborne Laser Scanning -
não são provenientes de uma tecnologia tão atual como muitos pensam. O
uso do laser como instrumento de sensoriamento remoto tem uma história
de mais de trinta anos, com aplicações experimentais nos anos de 1970 e
1980, mas se tornou comercialmente viável em meados dos anos 1990. O
aperfeiçoamento da tecnologia, o desenvolvimento de sistemas de
posicionamento GPS, a diminuição dos custos e as vantagens em usar
tecnologia LIDAR para a captura de dados de elevação permitiram que
empresas adquirissem o sistema e integrassem-no na produção de mapas
por aerolevantamento (Flood, 2001 ).
O Laser scanner é um sensor ativo destinado para medir distâncias por ·
varredura, e assim gerar dados de altitude e dos elementos da superfície.
Não se pode considerar que seja imageador, isto é, que produza uma imagem
com aparência daquelas dos sensores de microondas RADAR (sensor ativo),
das câmeras fotogramétricas ou de outros sensores passivos. Todos os sistemas
LIDAR medem, de alguma forma, a distância entre o sensor e o lugar
iluminado na superfície terrestre.
Durante o vôo, a distância do sensor até a superfície abaixo de sua
plataforma é determinada pela medida do tempo entre o sinal emitido e o
retorno de cada pulso laser. O sistema de varredura ótico-mecânica do sensor,
transversal à linha de vôo, emite e captura uma grande quantidade de dados
laser. No pós-processamento, estes são combinados com dados de posição
e orientação da plataforma para a criação de uma nuvem de pontos georrefe-
renciados, que é essencialmente um modelo digital 3-D da superfície varrida
pelo laser (Wehr; Lohr, 1999; Flood, 2001; Maune et ai., 2001 ). A precisão
está atrelada à elevada densidade de pontos, ao longo da linha de vôo.
Esforços estão sendo feitos pela NASA para o desenvolvimento de
sensores LIDAR digitais que operem num sistema de ondas, e assim possam
capturar o retorno total das ondas emitidas. No futuro próximo, esta técnica
deve ser incorporada aos sensores LIDAR a bordo de satélites e de aeronaves
(Flood, 2001 ).

7 Segundo Jonas e Byrne (2003 apud Brandalize 2004), o termo LIDAR é mais utilizado
pelos norte-americanos, enquanto o ALS é empregado nas outras partes do mundo.
0.imx.IW IA - RfrR[S[NTA~ÀO, ((),\\UNICAÇÃO e VISUALIZAÇÃO oc OADOS CSl'ACWS
58

Parte de um modelo digital cio terreno gerado a partir dos pontos Laser
sca nner e a v isua li zação em 30 deste para a v isual ização da situação de
cortes e aterros necessários para a impl antação de urna rodovia é mostrado
na Figura 2.3 .
Tendo como parâmetro as pesqu isas de Ma une et ai. (2001 ), os produtos
gerados pelos sensores a laser normalmente são:
a) Modelo Digital de Elevação - MOE - excl ui a vegetação, feições
artific iais e obté m va lores de elevação a partir de urna grade
regularmente espaçada de pontos .
b) Modelo Digital do Terreno - MDT - semelhante ao MOE, mas os
valores de elevação obtidos são irregu larmente espaçados.
c) Modelo Digital de Superfície-MOS- incorpora valores de elevação
de tod as as feições naturais (vegetação) e artific iai s acima da
superfície nu a do terreno.

Uma vez obtidos esses va lores, é possível extrai r curvas de nível


automaticamente ou proceder à retifi cação de fotografias aéreas para a
gera ção de ortofotocartas ou ainda, no caso do Laser scanner ela TopoSys,
fazer a fu são dos MDT ou MOS com imagens multiespectrais da superfície,
obtidas em conjunto com o perfilh amento a laser a partir de um sensor
multi espectral que opera para lelo ao sensor Laser sca nner (Figu ra 2.4).

Figura 2.3 -(a) Parte de um


modelo digital do terreno
gerado a partir dos dados do
Laser scanner e (b) Visuali-
zação 30 desse MDT
Fonte: Schafcr (2004)
Úl'il\JLO 2 - ÜAOOS PARA AWlA\fNTO
59

Figura 2.4 - Produtos cio Laser scanner a) MDS, b) MDT, e) Ortofoto


verdadeira em RGB (colorida na original) e d) Imagem raster em 3D
Fonte: LOI IR (2003)

2.4 .3 SISTEMAS RADAR

O imageamento radargramétrico é mais uma das formas de adquirir


dados para o mapeamento. O radar é um sensor ativo e, como ta l, não ex ige
cond ições atmosfé rica s espec iais para o imagea mento, o que permite a
obtenção de imagens em qualquer situação de nebulosidade e de tempo
atmosférico.
Nos anos 1970 o Brasil fez um imageamento racla rgramétrico de todo
o território nacional, o qu e forneceu o ún ico rnapeamento sistemático de
todo o territóri o, em esca la 1 :250 000 com folhas temáti cas 1 :1 000 000.
Lamentavelmente esse traba lho foi pouco divulgado na comunidade científi ca
e técni ca e atua lmente pe rm anece-se com um conhec imento ca rtográfico
pobre dessa área, principalmente cm regiões de fl oresta.
As imagens do radar de abertura sin téti ca (SAR-Synthetic Aperturc
Radar) são geradas tanto na plataforma da aero nave como ern satélites
60 (ARTOCRAflA - RCPR[S{NTA(Àü, COMUNICAÇÃO [ VISUA11ZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

artificiais. Em ambos os casos, na geometria básica de um sistema SAR são


consideradas a velocidade do sensor e a altura deste em relação ao alvo na
superfície terrestre, onde uma antena radia pulsos eletromagnéticos com
certa duração de tempo, sobre uma determinada superfície (faixa)
determinada pela largura do feixe de iluminação da antena. À medida que o
sensor se move emitindo pulsos, uma seqüência de sinais (ecos) é recebida
de volta, os quais, segundo Macedo e Fernades (2005), são bidimensionais
em função da direção do vôo (direção azimutal) e da direção de propagação
do sinal transmitido (direção radial). O sinal eco é conseqüência do
retroespalhamento provocado pela propagação radial do pulso transmitido
ao longo da faixa imageada.
Atualmente o SAR aerotransportado pode obter imagens na faixa de
freqüência de microondas nas bandas P e X (cada banda é determinada a
partir de freqüência média, que é distinta para cada uma). A banda P tem
alto poder de penetração do sinal de microonda em áreas de cobertura
florestal densa, o que permitiria obter o Modelo Digital de Elevação Real -
MOE, o que, do ponto de vista cartográfico, é de grande importância para a
geração de cartas topográficas, principalmente em áreas de floresta.
Entretanto, a penetração do sinal de microondas está relacionada com a
estrutura da floresta e a polarização utilizada. A banda X reflete o dossel da
floresta ou dos alvos da superfície, o que permite construir o Modelo Digital
de Superfície- MOS (Outra et ai., 2005). Na Figura 2.5 uma parte de imagens
de radar obtidas no projeto conjunto Diretoria do Serviço Geográfico do
Exército (DSG) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) na Floresta
Nacional de Tapajós no Pará, em 2000, para testar a capacidade de
classificação da cobertura da Terra.
Outro exemplo de aplicação do SAR é o Projeto de cartografia
nacional da Venezuela, o CartoSUR que vem sendo executado pela Orbisat
da Amazônia S/A, em cooperação com a lnfoterra GmbH, empresa alemã.
É um projeto de cartografia operacional cobrindo um terço do território do
país através de mapas de radar em escala 1:50.000, denominados de orto-
SAR-mapas, que apresentam curvas de nível, corpos d'água, estradas,
densidade de construções, uso da terra, etc. e modelos digitais de elevação
(ORBISAT, 2005).
Segundo a FAPESP (2005), no mundo inteiro, esse tipo de tecnologia
do radar de abertura sintética aerotransportado, é dominado por apenas três
companhias: a lntermap, dos Estados Unidos, a Aerosensing, da Alemanha e
a Orbisat, de São José dos Campos (SP).
Úl'llUIO 2 - DADOS PARA M,\J'fA\l[NlO 61

(a) (b)

Figura 2.5 - Banda X (a) e banda P (b) do SAR na Floresta Nacional de Tapajós
Fonte: Outra et ai. (2005)

2.5 IMAGENS ORBITAIS

O desenvolvimento da tecnologia cio sensoriam ento remoto facil itou


mu ito a aquisição de dados ou informações da superfície terrestre, antes
obtidos apenas por observações e medições locais di retas qu e eram
demo rad as e onerosas. A obtenção ele uma v isão sinóptica era difícil, poi s o
acesso a lugares era e ainda é feito, via de regra, por estradas.
A esco lh a ele um se nsor apropriado para o mapea mento de uma
determin ada área nem sempre é fácil e rea lmente é raro ex istir um úni co
sensor com ca racterísticas idea is que possa forn ecer informações e reso lver
um determin ado problem a. Os prin cipais fa tores a serem considerados na
esco lha do senso r são: as resoluções espacia l e a espectral requ erid as para
levantamento cios dados e cios custos envolvidos. De modo geral, quanto
maior a reso lução, maior o custo por quilômetro quadrado. Se info rmações
gerais são requerid as sobre uma grande área, pode não ser economicamente
ju sti ficável usa r uma im agem com grande reso lu ção; assim as imagens dos
sensores orbitais podem ser urna solução compatível.

2.5.1 SENSORES PASS IVOS

Os primeiros satél ites desenvolvidos cuja final idade era a obtenção ele
informações da superfície terrestre, as quais poderiam ser transformad as em
imagens, foram equipados com sensores suscetíveis à radiação emitida ou
refl etida pelos alvos da superfíc ie terrestre quando iluminados pela energia
62 ÚRl<X.IWL~ - ~ 111' 1 \l'llAÇÁO, CO\IUNlCA(ÁO ! VISUAllZAÇÁO O! DADOS ESPACIAIS

solar. Portanto, foram concebidos para imagca r uniformemente a face terrestre


pelo método de varredura, na direção perpendicular à linha de recobrimento,
durante o d ia, pois dependi am da luz solar.
Atualmente, ex istem diversos sa télites equipados com sensores desse
tipo, com diferentes resoluções espacia is, va riando desde algu ns decímetros
ao metro. A lguns exemplos destes sensores são: Landsat 7 ETM (sétimo satélite
da séri e lançada em 1972) e QU ICKB IRD (Figu ra 2.6).

Figura 2.6 - Imagem do satélite QUICKBIRD


Fonte: UFSC (2004)

2.5.2 SEN SORES ATIVOS

Os saté lites equipados com sensores ati vos, ou seja, que têm uma
fonte de energi a e emitem-na para a superfície terrestre, registrando o sina l
refl etido pelos alvos, foram lançados somen te na década de 1990. O primeiro
a operar de forma comercial no Brasil pelo INPE foi o ERS,8 entretanto existem
outros satélites em operação no mundo como o RADARSAT, IRS 9 e JERS. 10

ERS - European Remoce Sensing Satellite


IRS - lndian Space Research Organization
'° JERS - Japanese Earth Resources Satellite
ÚPiTULO 2 - DADOS PARA MAJ'fA.\ ICNlO 63

Todos operam com ondas de radar, por isso imageiam a Terra independen-
temente da duração do dia ou das condi ções meteo ro lógicas (chuva, ventos,
nuvens, etc. ). Foram desenvolvidos principalmente para obter info rmações
de lugares dos quais outros satélites passivos não conseguem obter devido à
cobertura das nuvens, para estuda r áreas permanentemente cobe rtas com
gelo, bem como a superfície do mar.
Qualquer que seja o sistema senso r, será sempre formado pelos
seguintes segmentos:
a) orbital: saté lite em ó rbita terrestre, portando o sistema sensor;
b) estações de controle terrestre: para manter e controlar altitude e
outros parâmetros cio satélite;
e) estações ele receb imento: recebem dados, fazem algumas correções
e transform ações, to rnando a imagem compatíve l com o uso cm
computadores;
d) comercial: representado por empresas govern amentais ou parti-
culares para a venda elas imagens em meio digital ou cm papel e
e) usuári o: form ado pelos diferentes usuários que dispõem ele software
para análise automática de dados ele Sensori amento Remoto (SR),
tendo em vista obter informações temáticas e prod uzir mapas
temáticos.

A aplicação de imagens radar,


no Brasil, parece ser mais interes-
sante quando se refere aos estudos
geológicos na Amazônia, ou então
quando ligada ao uso conjunto das
im agens radar com imagens óticas
pa r a ap li cações florestais, na
detecção ela umidade e uso do so lo
(Figura 2.7).
A con fiabilid ade das informa-
ções dos mapas produzidos a partir
das imagens de saté lite dependerá
das técnicas utiliz adas para as
correções radiométrica e geométri ca
para análise de imagens, além das
reso luções espaciais e espectra is do
sensor. Fonte: Rosot (200 l )
64 ÚRTOGRAFIA - RCPR(5[NTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E VISUAUZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

2. 6 DIGITALIZAÇÃO DE MAPAS ANALÓGICOS

A digitalização de mapas analógicos pode ser feita por processo manual


ou automático (uso de scanner).
Na digitalização automática ou rasterização, a transformação dos dados
analógicos para digitais é feita por um varredor digital denominado scanner,
gerando um mapa na estrutura raster(conhecido como imagem).
Na digitalização manual ou vetorial, utiliza-se mesa digitalizadora para
transformar os dados do mapa - pontos, linhas e áreas - em dados digitais,
gerando um mapa na estrutura vetorial. Um processo mais produtivo para
vetorização que o uso da mesa digitalizadora é a vetorização via tela do monitor.
Neste caso, o mapa deve ser convertido para meio digital pelo processo de
scanner, o qual, em seguida, pode ser exposto numa tela de monitor para que o
operador efetue o processo de vetorização de cada feição raster, com auxílio do
cursor. Este método, mais utilizado hoje em dia, ainda gera discussões quanto à
acurácia dos dados quando comparado ao uso de mesas digitalizadoras, mas, é
o mais confortável para o operador. Entretanto, a possibilidade de uso de recursos
de zoom tornou as mesas digitalizadoras obsoletas.
Existem ainda os processos automático e semi-automático de
vetorização. Nestes casos são utilizados algoritmos de processamento digital
de imagens para detectar os pixeis de uma estrutura rastere convertê-los em
vetorial. Apesar de rápidos, estes métodos geram muitos erros e resultam em
muito trabalho no momento da edição. A diferença do processo totalmente
automático para o semi-automático é que no segundo, o operador interfere
no sistema determinando feições a serem vetorizadas.
O processo de vetorização leva em conta uma escala específica do
·mapa. Isto significa que, sendo disponível em meio digital, o processo de
"zoom in" ou "zoom out" torna possível visualizar o mapa em diferentes
escalas; no entanto, a escala do mapa permanece a mesma do original, pois
o aumento da visualização produzirá uma visão pobre e grosseira, sem
acrescentar detalhamentos. Além disto, a ampliação resultante não poderá
ser usada para um referenciamento preciso.
Por outro lado, este mesmo mapa pode ser reduzido para visualização
na tela ou a apresentação em papel de formato menor que aquele do original,
entretanto, para que este processo ocorra de modo satisfatório, precisará
passar pelo processo de generalização para ser transformado de uma escala
maior para uma menor. Neste livro, no capítulo 6, item 6.4, o tema
generalização cartográfica é abordado de modo mais aprofundado.
Úl'iTULO 2- DADOS PARA MMfA\ICNTO 65

2. 7 ARQUIVOS DE DADOS ESTATÍSTICOS SOCIOECONÔMICOS

No Brasil, a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -


IBGE-é o organismo nacional oficial para coleta e disponibi lização dos dados
estatísticos socioeconômicos do País. Porém, existem outros organismos que
publicam dados de outros setores como o Instituto Nacional da Previdência
Socia l (INAMPS), alguns institutos estaduais de pesquisa agropecuária, os
Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) ele alguns estados, e outros.
Todos os arqui vos de dados do tipo socioeconôm ico, geral mente, são
apresentados em formato padrão compatíve l com a maioria dos softwares
de mapeamento. Uma das características destes arqu ivos, quando são
espacializados, é ligar os dados, segundo um cód igo relacionado à área na
qual eles foram obtidos (por exemplo: o código 0960001 sign ifica população
total residente no Bras il em 1996, no banco de dados estatísticos do IBGE).
É possível preservar as li gações com as áreas ou usa r os cód igos de
dados para estabe lecer l igações com áreas e produzir dive rsos mapas
temáticos soc ioeconômicos uti 1iza ndo software do tipo Sistema de
Informações Geográficas - SIG ou Sistema ele In formações Cartográficas -
SIC, (Figura 2.8).

;1
l

Figura 2.8 - Parte de um mapa derivado da análise espacial de dados


estatísticos
Fonie: UFSC (200-1)
66 ÜRTOGIWIA - REPRE.SENTAÇÀO, COMUNICAÇÃO E VISUALIZAÇÃO OE DADOS ESPACWS

2.8 ESTOCAGEM E FORMATO DOS DADOS

Os dados das diferentes fontes são armazenados de diversas maneiras;


os mais antigos são, ainda atualmente, na sua maioria, apresentados em
papel; pouca coisa foi convertida para o meio digital. Os dados dos sensores
a bordo de satélite são guardados em fitas magnéticas e comercializados em
CD-ROM; os dados de aerolevantamentos são armazenados em discos rígidos
e CD-ROM. Sabe-se também que hoje em dia, arquivos de dados espaciais
ou socioeconômicos podem ser adquiridos pela World Wide Web.

2.8.1 CARACTERÍSTICAS DE ARQUIVOS VETORIAIS E RASTER

Existem dois tipos básicos de arquivos usados comercialmente para


disponibilizar mapas em meio digital: os arquivos vetoriais e os arquivos
raster (matriciais). Nos arquivos vetoriais, as linhas e limites entre áreas são
definidos por uma série de pontos e suas conecções. Nos arquivos raster, os
limites ou outra informação relevante são definidos como pixeis (picture
elements), ou seja, uma grade regular de tamanho específico (Figura 2.9).

y y

._.........._...._......,__.~._..........._.....__..._. X

(a) (b) (e)

Figura 2.9 -(a) Representação de uma linha (b) no formato vetorial e (e) formato raster

2.8.1.1 ARQUIVOS NO FORMATO VETORIAL

Os mapas originados em formato vetorial são obtidos por restituição


fotogramétrica ou vetorização de mapas analógicos ou ainda por vetorização
automática de mapas no formato raster, conforme já mencionado no item 2.6.
Os mapas em formato vetorial podem ter, facilmente, seu sistema de pro-
jeção mudado ou modificado, desde que se conheça a fórmula de transfor-
mação. Atualmente, diversos softwares de SIG oferecem essa possibilidade.
ÜPiTUlO 2 - DADOS PARA MAf'EMIENTO 67

Outra facilidade dos mapas em formato vetorial é a estocagem dos


dados em diversas camadas (/ayers), de acordo com a categoria dos objetos.
Este fato possibilita que cada categoria possa ser ativada de maneira
independente para sua visualização. Por exemplo, as vias de comunicação
podem ser hierarquizadas e distribuídas em cinco níveis ou camadas:
- Vias: (1) federais; (2) estaduais; (3) municipais; (4) vicinais e (5) caminhos.

A hidrografia pode ser subdividida em seis níveis, na seqüência dos


níveis das vias de comunicação:
- Hidrografia: (1 O) rios de 1ªordem; (11) rios de 2ª ordem; (12) lagos;
(13) nome de rios de 1ªordem; (14) nome de rios de 2ª ordem; (15)
nome de lagos.

2.8.1.2 ARQUIVOS NO FORMATO RASTER

As ortofotocartas originadas pelas fotografias aéreas e os dados de


satélites são disponibilizados para uso em arquivos raster. Os mapas
analógicos também podem ser transformados para o meio digital no formato
raster, via scanner.
Um exemplo de mapa em arquivo raster são os mapas analógicos do
mapeamento sistemático nacional. O estado de Santa Catarina, por intermédio
do IBGE, converteu todos os mapas que recobrem o Estado, para meio digital
utilizando scanners. Neste tipo de conversão é importante observar a
resolução do scanner, pois eles registram os dados com um número específico
de dots per inch (dpi) ou pontos por polegada, indicando a menor unidade
de área para qual se terá informação.
Um exemplo desta situação pode ser observado a seguir:
a resolução de 254 dpi define pixeis (pontos, ou áreas) com o tamanho
de 0,01 mm 2 • Isto porque 1 in = 25,4 mm; então, 254 pontos serão ·
referentes a 25,4 mm.
Então, se deduz que:
a) 100 pontos ocuparão 1O mm;
b) 1O pontos ocuparão 1 mm e
e) 1 ponto ocupará 0, 1 mm linear ou uma área de 0,01 mm 2 •

Quanto maior a quantidade de pontos por polegada ou por milímetro,


maior será a resolução do scanner.
11
pixel - menor área para qual a radiação eletromagnética é coletada individualmente.
68 ÚRTOGRAllA - Kll'R!~NT,\ÇÁO, CO\IUN'(A(ÁO C 11SUA112AÇÁO ()[DADOS LSPACWS

A reso lução rad iométrica também é importante, posto que se refere ao


número de cores que podem ser d iferenciadas pelo scanner e à capacidade
de mostrá-las.
Com relação às imagens de satélite, a resolução não é uma função de
algum scanner, mas sim do campo de visão do sensor que registra a radiação de
pequenas áreas da superfície terrestre. Estes elementos de área da superfície,
representados como pixels11 na imagem, definem a resolução espacial do sensor.
Por exemplo, a resolução do Landsat 5 Thematic Mapper é de 30 x 30 m, do
SPOT PAN (pancromático) é de 1O x 1 O m. Quanto menor o tamanho do pixel,
um maior nC1mero de informações consegue ser registrado e v ice-versa.
A van tagem da estrutu ra raster sobre a vetori al está nas operações
analíticas que são m ais fáceis e consome-se menos tempo pa ra compil ar os
dados e a desvantagem está, princ ipa lmente, no tama nho dos arqui vos.
Quanto maior a resolução ou menor o tamanho do pixel maior será o arqu ivo.
Outra desvantagem é a d ificuldade de transformar as projeções cartográficas
dos arqu ivos raster.

2.9 (ONTROLE E QUALIDADE DOS DADOS

Conforme exposto neste capítu lo, existem diversas maneiras para a


aquisi ção dos dados geográfi cos, os quais podem ser espacia lizados ou não .
Os chamados dados espacia is, que podem ser geográfi cos ou não, são aqueles
relacionados a uma loca lização na superfície terrestre. Tal local ização espacia l
de dados geográficos tanto pode ser expressa por coordenadas, por exempl o,
latitude e lo ngitude, como por alguma referência ind ireta à sua posição, por
exempl o, endereço postal.
Considerando os dados obtidos como referentes à rea lidade - mundo
rea l - este processo acontece em dois momentos principais: o primei ro é
denom inado "abstração" e o segundo, refere-se à " representação" (constru ção
do mapa). Independentemente das fontes de dados geográficos, ele sempre
representará um níve l de abstração da rea lidade, moldada por especificações
concernentes a sua geometri a e semântica. O primeiro diz respeito às pos ições
e relações espaciais das entidades do mundo rea l e o segundo escla rece
suas intenções e suas relações funcionais.
O conhecimento históri co de todo o processamento dos dados permi te
que seja feita uma definição quanto aos seus pa râmetros de qua lidade. Q uando
havia apenas os dados geográficos arqui vados nos mapas analógicos era fácil a
aquisição de informações sobre a natureza destes dados e informações correlatas.
(APiTUtO 2- ÜADOS PARA MAPEAMENTO 69

Normalmente, elas faziam parte do mapa, vinham descritas nos "dados marginais
ou máscara" e em relatórios que as acompanhavam. Atualmente, os dados
geográficos dispostos em meio digital precisam de alguns dispositivos para
fornecer um sumário informativo, incluindo a sua qualidade. Os metadados, ou
seja, "dados sobre dados", são uma forma de se obter informações sobre o
conjunto de dados, as características, qualidade e histórico dos dados.
Muitos softwares de análise de informações geográficas incluem
metadados que vêm numa forma padrão, ajudando a organizar as informações
sobre os dados. Geralmente, incluem um conjunto de elementos que permitem:
a) identificar o dado;
b) identificar o fornecedor e as condições de acesso aos dados;
e) projeção cartográfica e elementos afins;
d) classificação - confidencial, disponível, atualizada;
e) tipo de conteúdo;
f) linhagem e processamento e
g) qual idade dos dados.
Quando não houver esta possibilidade, deve-se acoplar ao projeto em
que se está trabalhando um arquivo no formato de texto, disponibilizando
as informações sobre os dados. Assim, criam-se metadados particulares que
permitirão acesso a qualquer um que necessite de tais informações.
Voltando à questão da qualidade do dado espacial, ou seja, do dado
relacionado a uma localização na Terra, é preciso distinguir o que vem a ser
sua qualidade. Os seguintes aspectos da qualidade ou acurácia devem ser
distinguidos: linhagem, acurácia posicional, acurácia dos atributos (também
denominada de acurácia semântica), consistência lógica e completitude.
Explicando cada um destes termos, é possível verificar que:

LINHAGEM

Refere-se ao histórico dos dados; faz uma descrição do método de


captura, datas, das transformações aplicadas, organização responsável (nome
e endereço).

ACURÁCIA ou EXATIDÃO

Descreve os erros de observações e um indicador, ou a probabilidade


do quanto o dado está correto; ela pode ser observada em diferentes tipos de
dados tais como:
70 CARTOGRAFIA - REPRESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO EVISUALIZAÇÃO OE DADOS ESPACIAIS

• Acurácia dos atributos qualitativos - mostra a probabilidade de o


nome ou classe ter sido assinada corretamente. Exemplo: Acurácia
dos pixeis classificados corretamente em uma imagem.
• Acurácia dos atributos quantitativos - é descrita geralmente por
desvio padrão, histograma de desvios, intervalo de confiança, etc.
A exatidão geométrica de pontos, linhas e áreas está incluída neste
'tipo de descrição e sempre é obtida na mesma unidade de medida
e sistema de referência de dados.

(OMPLETITUDE ( COMPLETNESS)

A completitude dos dados cartográficos diz respeito ao nível de


abstração da realidade mostrado pelo conjunto de dados, incluindo a
generalização na representação das feições e na descrição dos atributos e é
dada por duas razões: omissão (esquecimento) e comissão (criação do que
não existe de fato).
A omissão é descrita por:
Omissão = Número de ocorrências existentes, mas que não foram representadas
Número de ocorrências existentes

A comissão é descrita por:


Comissão= Número de ocorrências nos dados que não existem
Número de ocorrências do conjunto de dados

Este tipo de medida de qualidade é indispensável para mapas temáticos


derivados do sensoriamento remoto.

CONSISTÊNCIA LÓGICA

Diz respeito à totalidade dos dados; permite validar a consistência dos


aspectos definidos nas especificações para a obtenção dos dados tais como:
feições, atributos e geometria.
Numa situação ideal, todos os elementos dos metadados seriam
registrados automaticamente pelo software no processo de estruturação dos
dados. Contudo, isto ainda não é uma prática corrente. Outras vezes, nem
todos os elementos relacionados à qualidade dos dados estão contemplados
nos metadados disponibilizados. Neste caso, será preciso que se
desenvolvam, separadamente, medidas de qual idade a serem registradas nos
metadados.
CAPÍTULO 3
CARTOGRAFIA DE BASE

É imprescindível o conhecimento acerca das principais características


da cartografia nacional de um país porque as cartas originadas por este tipo
de mapeamento são os referenciais para a construção dos mapas de fundo
básico para muitos mapas temáticos. 1
A cartografia nacional ou de base é, em todo o mundo, de
responsabilidade de agências governamentais, civil ou militar. As cartas são
organizadas num sistema próprio de cada país e apresentam informações
típicas das cartas topográficas.
Na Alemanha, cada estado tem um organismo responsável pela produção
do mapeamento para a nação. Nos Estados Unidos, a USAGS-US Geological
Survey é responsável pela produção da base cartográfica nacional. No Brasil,
a cartografia de base é de responsabilidade do IBGE - Fundação Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística e da DSG- Diretoria do Serviço Geográfico
do Exército. No Chile, ela é também de responsabilidade do Exército.
Cada país tem definido em lei seu Sistema Geodésico e sua Cartografia.

3.1 (ARTA INTERNACIONAL DO MUNDO AO MILIONÉSIMO

A Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo (CIM) é um exemplo de


cartografia de base, cuja origem foi um acordo internacional realizado em 1908,
com o objetivo de mapear uma grande parte do globo terrestre. Os países
signatários, dentre eles o Brasil, comprometeram-se em mapear seus territórios
1
Na classificação dos mapas, as cartas de base são enquadradas como mapas de referência
ou de propósitos gerais.
72 (AATOUAft.\ - RfPRISlNTAÇÁO, COMUNICA(ÁO 1 \'ISUAllZAÇÁO OC OAOOS 15PACIAIS

seguindo os padrões técnicos estabelecidos pa ra a confecção de folhas na escala


de 1: 1 000 000. Estes padrões definiam as projeções cartográfi cas, as dimensões
da folha (4° de latitude por 6º de longitude), um código para a localização das
folhas e as convenções cartográficas a serem utilizadas.
No decorrer do sécu lo XX, outras reun iões internacionais aconteceram
para discutir questões pertinentes à CIM, como por exemplo, a necessidade
de m anter as cartas atualizadas e o intercâmbio de informações. O Brasil,
como signatário da CIM, tem seu territóri o coberto por quarenta e seis folhas,
sendo cinco no hemi sfério Norte e quarenta e uma no hemi sfério Su l, que de-
veri am ser atualizadas pelo IBGE a cada dez anos. Existe, no Brasil, um manual
técnico específico para a elaboração das CIM brasileiras, editado pelo IBGE.
As especificações da CIM têm duas finalidades principais: (a) fornecer
um documento que permita uma visão de conjunto do mundo para estudos
preliminares de planej amento e investimentos e, (b) oferecer uma carta básica
qu e permita preparar séries de cartas temáticas, as quais constituam ele-
mentos fund amentais pa ra a execução de estudos e análises (IBGE, 1993).
Os princ ipais ac identes geográficos representados nessas ca rtas
correspondem à planimetria (hidrografia, aspectos do solo, vegetação, unidades
políticas ou administrativas,
localidades, sistemas viários
e de comun icação, linhas
de limite) e à altim etria
(representada pelas cores
hip so m étricas, algum as
curvas de nível e pontos co-
tados). A Figura 3.1 mostra
parte de uma carta 1: 1 000
000 produz ida pelo IBGE,
por processo analógico e
apresentada em papel.

sei- 49•

Figura 3.1 - Parte da folha da CIM - a original é colorida


Fonlc: 113GE (1975)
ÜPÍTULO 3 - CARTOGRAflA DE BASE
73

3.2 MAPEAMENTO SISTEMÁTICO NACIONAL

A confecção das cartas quanto ao mapeamento topográfico do Brasil,


mais conhecido como mapeamento sistemático nacional (porque é
sistematizado a partir das folhas da carta CIM), foi planejada nas escalas 1:
SOO 000; 1 : 250 000; 1 : 100 000; 1: 50 000 e 1 : 25 000. Estas cartas elaboradas
por aerolevantamentos (1: 100 000; 1: 50 000 e 1 :25 000) foram elaboradas
para serem disponibilizadas em papel, sendo previstas atualizações
periódicas, o que não tem acontecido. Por isso, estão muito defasadas. 2 Na
sua maioria, datam de trinta a quarenta anos atrás. Assim, nos dias de hoje,
apesar de os organismos responsáveis terem dado início à conversão dessas
cartas para o meio digital, elas continuam desatualizadas, cabendo aos
usuários tal tarefa, caso delas precisem.
Certamente, deve haver entraves de diversos tipos que vêm dificultando
tanto a conversão para o meio digital quanto a atualização do mapeamento
sistemático nacional. Constata-se que um dos principais problemas é a falta
de uma política cartográfica nacional clara, o que abre precedentes para
desentendimentos e duplos esforços entre os próprios organismos responsáveis
pela cartografia brasileira. Reconhece-se que em um país de dimensões
continentais, a tarefa de mapear o território e manter atualizado tal
mapeamento é dispendiosa, mas nem por isso menos importante. Conhecer
nosso território - o que temos e onde - é um fator de segurança nacional e a
Cartografia é um dos primeiros recursos a serem disponibilizados para o
planejamento, seja ele ambiental, social ou econômico. Porque não se pode
planejar o que não se conhece.
Os dados das cartas topográficas são, muitas vezes, os únicos
disponíveis para que o usuário de mapas possa obter informação cartográfica.
É possível imaginar a "ginástica" que se pratica para utilizar essas cartas nos
sistemas de mapeamento digital e nos sistemas de informações geográficas,
visando a produção dos dados de fundo para mapeamentos temáticos, como
a seleção das redes viária e hidrográfica.
Esforços individuais ainda são aplicados nos diferentes estados da
Federação, no sentido de resolver as questões de desatualização das cartas e
a transformação analógica/digital. Contudo, os usuários, freqüentemente,
deparam-se com a falta de um padrão oficial para o mapeamento topográfico
digital. Finalmente, nos últimos anos (a partir de 2001 ), a Diretoria do Serviço

2
As outras escalas, 1: 500 000 e 1: 250 000, são obtidas a partir da compilação e
generalização destas.
74 CARTOGRAFIA - REPRESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO EVISUALl1.AÇÃO DE DADOS ESPACWS

Geográfico do Exército - DSG - apresentou oficialmente um padrão para


estruturar dados digitais, "normas de estruturação e validade de dados
digitais". Estas normas representam um avanço significativo na cartografia
oficial, pois conforme Chemim et ai. (2001 ), elas devem contemplar
caraçterísticas essenciais à sua utilização em ambientes SIG.
A exemplo das normas estabelecidas no manual técnico T347-I (2000)
para a cartografia oficial em meio analógico, o DSG desenvolveu as Tabelas
de Base Cartográfica Digital - TBCD - contemplando os mesmos elementos
espaciais divididos segundo as categorias e os atributos gráficos. No Quadro
3.1, pode-se encontrar um extrato dessa tabela para a categoria hidrografia.
As especificações completas desta e das outras categorias (sistema viário,
edificações, limites, pontos de referência, localidades, hipsografia) podem ser
obtidas diretamente na URL do IBGE ou na DSG ou em Chemim et ai. (2001 ).
O IBGE, como organismo oficial responsável pelo mapeamento
sistemático nacional, juntamente com o DSG, também apresenta uma
preocupação em definir meios para disponibilizar as bases cartográficas do
mapeamento nacional. Viana (2001) apresentou no Congresso de Cartografia
de 2001 a idéia concebida para a criação da Mapoteca Topográfica Digital
MTD, considerada para as escalas do mapeamento 1: 250 000 e/ou superiores
a esta extensão. A concepção da mapoteca pode ser acessada via URL do
IBGE. 3 Este organismo efetua a conversão das cartas analógicas para o formato
digital, sem atualizá-las, em parceria com os estados, e até a atualidade nem
todas as folhas estão convertidas como se pode observar ao acessar a URL
do IBGE. São destas folhas os dados que geralmente "aparecem" como mapa
base, na maioria dos mapas temáticos ou como sendo uma base cartográfica
digital em SIG. Tal fato evidencia-se pelas publicações em congressos ou
trabalhos técnicos.
Como já comentado, os usuários têm, muitas vezes, assumido a
transformação analógica/digital dessas folhas, ou parte delas, quando
precisam de dados cartográficos. Diante disso, surge um questionamento
imediato: "onde ou como fica a qualidade dos dados cartográficos? Aliás, e
os organismos oficiais que estão fazendo esta conversão têm uma metodologia
para verificar essa qualidade? Já foram verificadas as qualidades das cartas
analógicas antes da sua conversão para o meio digital?".
Parte das cartas nas escalas 1: 50 000 e 1: 100 000 disponíveis em
meio analógico aparecem na Figura 3.2. O grau de detalhamento da superfície
mapeada mostra claramente a relação escala versus resolução.
3
Home page: www.ibge.gov.br Clica na barra Geociências para acessar cartografia/
mapeamento topográfico.
Quadro 3.1 - Extrato da tabela de base cartográfica digital
~
5
I..>
Hidrografia 1
MSLINK .FCODE . FNAME -· - TABLENAME· FTYPE FLEVEL FSTYLE FWEIGHT FCOLOR .DIGCMD .fELEMENT
103 04413 Baixio tbhd_baixio 4 42 o 3 O place point 3
104 04114 Bóia tbhd_boia 1 43 o 1 O place point 3
408 04206 Canal ou vala tbhd_canal_vala 2 1 o 1 71 place !string 4
f
~
~
105 04115 Casco soçobrado tbhd_casco_socobra 1 39 o 1 O place poi nt 3
266 04209 Catarata cachoeira md tbhd_catar cachoe 2 13 o 1 71 place !string 4
267 04110 Catarata cachoeira ms tbhd catar cachoe 1 14 o 1 71 place point 3
88 04401 Contorno hd intermitente tbhd_cont_mas_agua 4 47 o 3 71 place point 3
90 04402 Contorno hd permanente tbhd_cont_mas_agua 4 47 o 3 71 place point 3
100 04211 Corredeira rápida md tbhd_corred_rapid 2 15 o 1 71 place !string 4
101 04112 Corredeira rápido ms tbhd_corred rapid 1 16 o 1 71 place point 3
409 04225 Estirâncio tbhd_estirancio 2 44 o 1 71 place !string 4
410 04226 Estuário tbhd_estuario 2 45 o 1 71 place !string 4
108 04116 Fonte d' água tbhd_fonte_agua 1 22 o 1 71 place point 3
251 04421 Grupo rocha perig nav c/repr tbhd__grupo_rocha 4 56 o 3 O place point 3
249 04120 Grupo rocha perig nav s/repr tbhd__grupo_rocha 1 60 o 1 O place point 3
91 04403 Ilha tbhd_ilha 4 51 o 3 71 place point 3
254 04223 Limite de área conduto submarino tbhd_lim_cond_sub 2 59 1 1 O place !string 4
107 04117 Poço de água tbhd_poco_agua 1 23 o 1 71 place point 3
253 04422 Recife rochoso ou de coral tbhd_recife 4 58 o 3 O place poi nt 3
93 04205 Rio permanente ou aluvião tbhd_rio 2 7 o 1 71 place !string 4
92 04204 Rio intermitente ou aluvião tbhd_rio 2 9 3 1 71 place !string 4
109 04119 Sondagem tbhd_sondagem 1 54 o 1 O place point 3
52 04118 Sumidouro hd tbhd_sumidouro 1 11 o 1 71 place point 3
411 04227 Talude tbhd talude 2 46 o 1 71 place !string 4
96 04407 Terreno sujeito à inundação tbhd_terre_suj_inu 4 49 o 3 71 place !string 4
256 04424 Viveiro tbhd_viveiro 4 49 o 3 71 place point 3
Fonte: IBGE (2004)
""'-J
Ul
76 (ARTOGRAFIA - REPRESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO EVISUAl.IZAÇÀO OE DADOS ESPACWS

' ....
~.... .
'..
,!
~ ·-
J:a.•
, /
' !!d.-~
....
,.
,.
1
/ ....... ,1
1\e.'
.

;
'.
)
/


P• ~?"·· , , . '
1:
. 1 :· .• ·.•·f> ... - ...1);-"".
t' ~· ·- ~-"~tf•·l''fJ-'-, ~~~
. :. ' •
~'


\ ......

··~
'· {
••.
·
.•.••
.. ,

--~L. f/ .(..,__c1.H•• .. ,. •
... .,...,_ 1. e_\, -~/
·-. '=':&. -··'.

. . ~ .'~;" " '1•" , ....~""~;.·;.i,.i...,


~ ' ·~,;'t;-.;,~·-~'.'c~~f})~ü
·..
:· •._;, ---\1. f"l,..
••.

: 1.'~1'.;;-,;:t
·~.-.u,\ . . ( ,...;~
-· .. li ....
1016

~..J
1

--~ '-~ --~'?\.I:;.


- I· - ll ... ,._J \f •
fn u .. • • ";,. !·r;- •
1 ___ ,·.,·--., 1 •.

1. . . /·\~/;--
1 . --· ··-, .•. ._ .' ·'1\·
·1/
.:.~
d.~~~
·0
• ~ . . ~ ,~-..:·"'--'r·- · 21'00"
1·'···',..i.·,f.>(
-·- 1 r"'V~..•\•!l":7
..... í

\t
m
.....~~-•\lf~.:.~·
;.,r:v,. . 596 · ' • .
.
...••.
~
1

..
-···········-·-··--·······--~ --~---~-··--------·-------~--~-----···---~----··-·------··--···---·--··----·--· -·-

Figura 3.2 - Parte das cartas topográficas do mapeamento sistemático brasileiro -à esquerda
escala 1: 50 000, à direita escala 1:100 000 os originais são coloridos
fonte: IBGE (1975)

3.3 (ARTAS CADASTRAIS

Desde os tempos remotos, a Terra era mapeada porque ela era e continua
sendo vital para a sobrevivência humana. No que concerne ao meio rural,
conhecer o que se produz, onde isso acontece, quem está produzindo, quanto
de produção gera e outros tantos fatores importantes ligados direta e indiretamente
ao uso da terra são imprescindíveis para evitar conflitos e promover o
desenvolvimento socioeconômico de um país. No caso urbano, o interesse em
conhecer o uso e a ocupação do solo é para a taxação e o ordenamento territorial.
Em ambos os casos, todas as informações a respeito da Terra são atreladas à
parcela da terra, que é a unidade geográfica básica sob responsabilidade de um
proprietário que tem seus direitos e deveres sobre a propriedade garantidos em
lei. O sistema de informação baseado na parcela da terra como unidade
geográfica básica, tendo reconhecido os proprietários legais desta parcela, com
registro público do bem imobiliário é conhecido como Cadastro Técnico.
Um dos principais componentes de um sistema cadastral é a carta
cadastra/, pois, ela mostra os limites que definem a propriedade. Além deles,
as cartas cadastrais, no Brasil, mostram estradas ou ruas, a rede hidrográfica
e as edificações importantes dentro dos limites legais. As parcelas de terra
são identificadas por números que podem ser os das coordenadas ou outro
sistema, os quais possuem 1igação com outros componentes do sistema de
informação cadastral.
CAPITULO 3- ú.RTOGRAFIA or BASE 77

As cartas cadastrais são confeccionadas a partir da Topografia ou com


auxílio da Fotogrametria, em escala grande o suficiente para atender seu objetivo
que é mostrar o parcelamento do solo, ou seja, mostrar a estrutura fundiária de
um determinado lugar. Se o interesse for a cidade, elas são denominadas de
plantas cadastrais, se for a área rural são cartas cadastrais rurais ou cartas
fundiárias. Os organismos públicos ou de utilidade pública são os que utilizam
estas cartas, mas, por força de lei, desde a década de 1980 são impedidos de
produzi-las, contratando para tanto as empresas nacionais privadas.
No caso de planta cadastral urbana (escala 1: 2 000), geralmente a
prefeitura do Município (Figura 3.3) contrata esse tipo de serviço, assim como
o Cadastro Técnico mediante concorrência pública. O fim primeiro do cadastro
urbano é a taxação e o das plantas cadastrais é a localização, gerando, a partir
daí, a base para um sistema de informações cadastrais mais conhecido como
sistema de informações da terra, cuja base é a parcela da terra. O sistema
cadastral urbano dá condições para a construção da planta de valores genéricos
que mostrará o valor da terra em cada zona urbana.

:o
1

As cartas cadastrais rurais (escala 1: 1O000 ou 1: 5 000) e o cadastro rural


já foram de responsabilidade dos organismos públicos estaduais de terra e do
Instituto Nacional de Cadastro e Reforma Agrária (INCRA). Este último organismo
ainda é o responsável por estes documentos. Mas a tendência é descentralizar o
cadastro rural e torná-lo municipal, com a participação do INCRA.
78 WIOGIWI.\ - Ril'ltlSCNIAÇÁO, COMUN'CAÇÁO [ \15UALIZAÇÁO IX D.IOOS ISPACWS

As ca rtas ou pl antas cadastrais são extremamente úteis para estudos


loca is, muni cipais ou urbanos (Figura 3.4), por isso, geralmente seus usuári os
são os diversos organi smos públi cos ou empresas de utilidade pública. As
principais aplicações das cartas que compõem um sistema cadastral ocorrem:
a) na taxação (impostos);
b) na reform a agrária, redistribu ição e incl usão de terras;
c) na ava li ação e manejo dos recursos da terra;
d) no pl anej amento e implantação de assentamentos coloni ais;
e) no planej amento urbano ou rural e
f) no saneamento bás ico, na telefoni a, para a rede de distribui ção de
energia elétrica dentre outros.

- Muito Denso D Média


- Denso D Baixa

Figura 3.4 - Parte de um mapa do uso do solo, cujo mapa de


fundo básico foi a planta cadastral

Dessas diversas ap li cações, deri va-se a multifi nal idade do cadastro.


Os elementos das cartas cadastrais a serem util izados para compor o mapa
de fundo da ca rta tem ática de interesse pa rticular de cada organ ismo vari am
con forme a apl icação. Para alguns, perm anecem somente os eixos das ru as
e os lotes (no caso urbano); para outros perm anecem todo o arru amento, os
lotes e a altimetri a, e ass im por diante.
As prin cipa is ca rtas qu e compõem um sistema cadastral trazem
informações da seguinte natureza:
a) parcelamento da terra - ca rtas cadastrais;
b) dados do va lo r da terra - planta de va lores genéricos;
CAPITULO 3 - CARTOGRAFIA DE BASE 79

e) dados do uso da terra - carta de uso da terra;


d) dados da titulação das terras - carta cadastral;
e) dados da topografia - cartas altimétricas ou modelo digital do terreno;
f) dados do solo - cartas temáticas: cartas geotécnicas, tipos de solo,
geológica, rede hidrográfica;
g) dados da vegetação - cartas da cobertura vegetal;
h) dados da Infraestrutura - cartas da rede viária, da rede elétrica, da
telefonia, do saneamento;
i) dados para a administração (equipamentos urbanos, edifícios
públicos, parques.) - cartas especiais e
j) dados da população-cartas temáticas: da distribuição e densidade
demográfica, da saúde, da escolaridade, bem como da renda média,
entre outras.
É preciso esclarecer que muito pouco ou quase nada do Brasil foi
mapeado em escala compatível a proporcionar o conhecimento da estrutura
fundiária existente. Na década de 1980, grande parte do Nordeste brasileiro
foi mapeada em escala cadastral. Este trabalho foi financiado pelo Banco
Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento- BIRD. No entanto,
sabe-se que esses mapas, na sua maioria, nem chegaram a ser utilizados
pelos organismos oficiais de terras ou de planejamento. Ficaram esquecidos
nos porões úmidos, sendo consumidos pelo tempo. Aqueles que foram
utilizados se perderam por falta de atualização ou desmonte dos organismos
públicos. No Sul, o estado do Paraná, nessa mesma época, mantinha convênio
com o Deutsche Gesellschaft für Thechnische Suzammenarbeit- DGTZ no
projeto Microbacias; entre as atividades previstas estava o desenvolvimento
de uma metodologia de mapeamento cadastral das propriedades rurais. Mais
uma vez, observou-se o fracasso na continuidade desse projeto, apesar do
sucesso na criação do método. Os motivos foram os mesmos que desmon-
taram o "Projeto Nordeste".
Dos fatos apontados, percebe-se a falta de uma política clara em relação
ao mapeamento do nosso país. No Brasil, existem muitos problemas e tão
grandes quanto a extensão territorial e a diversidade desta terra. Porém, nosso
país e nosso povo merecem que sejam dadas soluções para essas questões.
Por conseguinte, é preciso que cada um faça a sua parte da melhor maneira
possível. Além disso, é imprescindível que se cobre dos responsáveis uma
política clara em relação ao desenvolvimento do nosso país incluindo,
obviamente, uma política cartográfica nacional.
82 (ARTOGRAflA - RCPRCSENTAÇÁO, COMUNICAÇÃO E VISUAUZAÇÃO IX DADOS ESPACIAIS

para a América do Sul, compatível com a tecnologia atual em termos de


precisão, foi criado o Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas-
SIRGAS, (IBGE, 2000). Este fato implica em deslocamentos das coordenadas
que afetam, pri.ncipalmente, a cartografia de escala grande. O SIRGAS é
atualmente o sistema geodésico oficial de referência e deve ser adotado
para todas as representações cartográficas atuais. Os parâmetros de mudanças
de referencial estão disponíveis na página (URL) do IBGE.
É preciso dizer ainda que existe o sistema World Geodetic System -
WGS, um sistema geodésico mundial, com coordenadas geocêntricas, que
permite aplicações em nível local e mundial, com alta precisão e utilizado
na Geodésia por satélites, onde o sistema Global Positioning System - GPS é
um exemplo de aplicação. Esse sistema desenvolvido em 1960 pela Agência
Nacional de Imagens e Mapeamentos dos Estados Unidos sofreu novas
definições de acordo com os avanços tecnológicos e não tem origem em um
ponto datum definido. É representado por um elipsóide, cuja posição,
orientação e dimensão foram melhor ajustadas à superfície equipotencial da
Terra, coincidente com o Geóide.
Todas as observações efetuadas têm por finalidade chamar a atenção
para a questão dos Sistemas de Referência, toda vez que forem usadas Cartas
do Mapeamento Sistemático Nacional. Existem cartas que foram
confeccionadas com o sistema Córrego Alegre, outras no Chuá, com o mesmo
elipsóide de referência (Hayford), e outras no SAD69 (Elipsóide de 1967) e
outras ainda no SAD69- realização 1996. Por falta de atenção, principalmente
dos não-especialistas em Cartografia ou Geodésia, muitas vezes não são levados
em consideração tais aspectos. A falta de cuidado implicará na inconsistência
dos dados, caso sejam usadas folhas com diferentes "datuns''. Pode-se, por
exemplo, ter um mesmo lugar ou ponto, com diferentes coordenadas.
O uso de mapas e de diferentes escalas também é um problema para
análises espaciais, pois, haverá diferentes níveis de detalhamento, permitindo
que um mesmo objeto sofra diferentes abordagens espaciais. Por exemplo,
um rio e/ou estradas ocupam duas dimensões quando observados de perto
(mapas cadastrais, cartografia em escala grande). Ao mudar a escala de
observação e distanciar a visão, os objetos passam a ficar cada vez menores
ou estreitos, até que sejam imaginados apenas como uma linha ou um ponto
(Figura 3.5). Diante disto, também se torna impossível representá-los de outra
maneira que não seja por linhas e pontos, tal como acontece na maioria das
entidades representadas nos mapas em escala pequena. Nos dois casos, a
representação de um mesmo objeto será diferente de um mapa para outro.
Tomando como exemplo um lago na cartografia de escala grande, sua
descrição no SIG inclui dimensão geométrica, isto é, forma e área. No caso
ÚPÍTULO J- ÚRTOGRAflA DE BASE 79

e) dados do uso da terra - carta de uso da terra;


d) dados da titulação das terras - carta cadastral;
e) dados da topografia- cartas altimétricas ou modelo digital do terreno;
f} dados do solo - cartas temáticas: cartas geotécnicas, tipos de solo,
geológica, rede hidrográfica;
g) dados da vegetação - cartas da cobertura vegetal;
h) dados da Infraestrutura - cartas da rede viária, da rede elétrica, da
telefonia, do saneamento;
i) dados para a administração (equipamentos urbanos, edifícios
públicos, parques.) - cartas especiais e
j) dados da população-cartas temáticas: da distribuição e densidade
demográfica, da saúde, da escolaridade, bem como da renda média,
entre outras.
É preciso esclarecer que muito pouco ou quase nada do Brasil foi
mapeado em escala compatível a proporcionar o conhecimento da estrutura
fundiária existente. Na década de 1980, grande parte do Nordeste brasileiro
foi mapeada em escala cadastral. Este trabalho foi financiado pelo Banco
Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento- BIRD. No entanto,
sabe-se que esses mapas, na sua maioria, nem chegaram a ser utilizados
pelos organismos oficiais de terras ou de planejamento. Ficaram esquecidos
nos porões úmidos, sendo consumidos pelo tempo. Aqueles que foram
utilizados se perderam por falta de atualização ou desmonte dos organismos
públicos. No Sul, o estado do Paraná, nessa mesma época, mantinha convênio
com o Deutsche Gesellschaft für Thechnische Suzammenarbeit- DGTZ no
projeto Microbacias; entre as atividades previstas estava o desenvolvimento
de uma metodologia de mapeamento cadastral das propriedades rurais. Mais
uma vez, observou-se o fracasso na continuidade desse projeto, apesar do
sucesso na criação do método. Os motivos foram os mesmos que desmon-
taram o "Projeto Nordeste".
Dos fatos apontados, percebe-se a falta de uma política clara em relação
ao mapeamento do nosso país. No Brasil, existem muitos problemas e tão
grandes quanto a extensão territorial e a diversidade desta terra. Porém, nosso
país e nosso povo merecem que sejam dadas soluções para essas questões.
Por conseguinte, é preciso que cada um faça a sua parte da melhor maneira
possível. Além disso, é imprescindível que se cobre dos responsáveis uma
política clara em relação ao desenvolvimento do nosso país incluindo,
obviamente, uma política cartográfica nacional.
80 (ARTOGIWIA - RfPRESENTAÇÃO, COMUNx:AÇÁO E VISUAUZAÇÃO [)[ DADOS ESPACIAlS

3.4 CARTOGRAFIA DE BASE ESUA RELAÇÃO COM A CARTOGRAFIA TEMÁTICA

A cartografia de base ou de referência geral compõe junto com a Rede


Geodésica Nacional a base cartográfica de um país, estado ou município.
Uma base cartográfica serve de referência geométrica para análises espaciais
em diferentes aplicações sempre que se requer espacialização dos dados ou
informações. Na cartografia temática, a cartografia de base sempre teve um
papel importante. As cartas temáticas analógicas do passado encontravam
na base cartográfica, uma fonte de dados tais como rios, estradas, limites,
cidades que ao serem "redesenhados" num "mapa de fundo" serviam como
referência de localização para os dados temáticos a serem mapeados.
Atualmente, na cartografia temática produzida em meio digital, a Base
cartográfica continua tendo a mesma finalidade: localização geográfica. Um
mapa temático começa a ser planejado tendo em vista sua finalidade e o
público a que se destina; conseqüentemente, devem ser definidos a base
cartográfica necessária, os dados e a forma de apresentação destes.
As cartas CIM são utilizadas pelos geógrafos e planejadores no estudo e
planejamento de grandes áreas, envolvendo mais que um estado da Federação.
Elas fornecem uma visão geral do conjunto que pode, depois, ser mais bem
detalhada pelas cartas topográficas. No mapeamento socioeconômico, as cartas
CIM podem servir como base cartográfica para mapas temáticos dos aspectos
físicos, visando análises regionais, além de servir para compilar o mapa básico
ou de fundo dos mapas socioeconômicos regionais.
As cartas topográficas são muito utilizadas no Brasil para estudos
regionais. Por falta de bases cartográficas na escala 1: 25 000 são utilizadas
aquelas 1: 50 000 e 1:100 000 para estudos de bacias hidrográficas. Apesar
de não serem suficientemente detalhadas para tal, e como já comentado,
por estarem desa tu ai izadas.

3.5 CARTOGRAFIA DE BASE E SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁ-


FICAS - SIG
A componente locacional é responsável pela característica espacial
dos dados cartográficos; a localização distingue esse tipo de dado dos outros
dados. Sua importância na Cartografia torna-se clara, pois, é por meio de
um sistema de referência estabelecido em relação à Terra, que é localizado
cada obieto maoeado. Desta maneira. as feicões ou elementos selecionados
CAPinJLO 3- CWOGRAFIA DE BASE
81

no mundo real são representados na sua posição relativa, um em relação ao


outro, e na sua posição absoluta a partir de um sistema de referência, ou
sistema de coordenadas e um sistema de projeção cartográfica pré-definido.
Para a cartografia sistemática brasileira foi oficializado o uso do sistema
universal transverso de Mercator- UTM - como sistema de projeção para as
cartas topográficas nas escalas 1: 250 000; 1: 100 000; 1: 50 000 e 1: 25 000.
Para as escalas maiores e que não são de responsabilidade da União, o sistema
de projeção não é regulamentado. No caso de mapeamentos cadastrais
urbanos, são utilizados o sistema UTM e sistemas locais como, por exemplo,
o sistema local transverso de Mercator- LTM, ou sistema topográfico local.
Os mapeamentos urbanos mais antigos foram feitos no mesmo sistema
de projeção da cartografia oficial para facilitar a correlação dos dados
geográficos, pois, não havia a facilidade de transformação de projeção
cartográfica disponibilizada atualmente no programas SIG.
Outra questão a se considerar são os "Sistemas Geodésicos" 4 utilizados
no mapeamento, haja vista implicar em deslocamentos nas coordenadas.
Houve algumas mudanças de sistemas geodésicos de referência no Brasil.
O Sistema Córrego Alegre Oatum (o vértice de mesmo nome foi escolhido
para ponto datum horizontal) adotou o Elipsóide Internacional de Hayford
(1924) como superfície matemática de referência. Outro sistema geodédico
de referência foi o Chuá Astro Oatum, cujo ponto de origem era no vértice de
mesmo nome e mantinha o Elipsóide de Hayford como superfície matemática
de referência. Esse sistema foi estabelecido na condição de provisório até que
se chegasse a um sistema mais consistente para a América do Sul. A partir de
1977 o IBGE estabeleceu que o elipsóide de referência a ser empregado para
as representações cartográficas deveria ser o South Americam Oatum 1969 -
SAD69, conforme recomendado em 1969 pelo Grupo de Trabalho do Comitê
de Geodésia, na XI Reunião Pan-Americana de Consulta sobre Cartografia
(COSTA, 2000). Esse sistema tem a origem no vértice Chuá da cadeia de
triangulação. Existe ainda uma realização do SAD69 referido ao ano de 1996,
SA069 - realização 1996, quando o IBGE reajustou a rede de estações
geodésicas definidas originalmente quando da implantação do SAD69.
Os países da América do Sul adotaram diferentes sistemas de referência,
embora algumas vezes utilizassem o mesmo elipsóide como superfície
matemática. Com o objetivo de promover um referencial geocêntrico único
4
Sistema Geodésico (SG) = Sistema Geodésico de Referência é definido para um país
como um sistema de coordenadas associado a algumas características da Terra. O SG
vertical fornece a referência para a determinação da altimetria e os SG horizontais para a
determinação das componentes horizontais, latitude e longitude.
82 (ARTOGRAflA - RCPRCSlNTAÇÀO, COMUNICAÇÃO E VISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

para a América do Sul, compatível com a tecnologia atual em termos de


precisão, foi criado o Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas-
SIRGAS, (IBGE, 2000). Este fato implica em deslocamentos das coordenadas
que afetam, pri.ncipalmente, a cartografia de escala grande. O SIRGAS é
atualmente o sistema geodésico oficial de referência e deve ser adotado
para todas as representações cartográficas atuais. Os parâmetros de mudanças
de referencial estão disponíveis na página (URL) do IBGE.
É preciso dizer ainda que existe o sistema World Geodetic System -
WGS, um sistema geodésico mundial, com coordenadas geocêntricas, que
permite aplicações em nível local e mundial, com alta precisão e utilizado
na Geodésia por satélites, onde o sistema Global Positioning System-GPS é
um exemplo de aplicação. Esse sistema desenvolvido em 1960 pela Agência
Nacional de Imagens e Mapeamentos dos Estados Unidos sofreu novas
definições de acordo com os avanços tecnológicos e não tem origem em um
ponto datum definido. É representado por um elipsóide, cuja posição,
orientação e dimensão foram melhor ajustadas à superfície equipotencial da
Terra, coincidente com o Geóide.
Todas as observações efetuadas têm por finalidade chamar a atenção
para a questão dos Sistemas de Referência, toda vez que forem usadas Cartas
do Mapeamento Sistemático Nacional. Existem cartas que foram
confeccionadas com o sistema Córrego Alegre, outras no Chuá, com o mesmo
elipsóide de referência (Hayford), e outras no SAD69 (Elipsóide de 1967) e
outras ainda no SAD69- realização 1996. Por falta de atenção, principalmente
dos não-especialistas em Cartografia ou Geodésia, muitas vezes não são levados
em consideração tais aspectos. A falta de cuidado implicará na inconsistência
dos dados, caso sejam usadas folhas com diferentes "datuns''. Pode-se, por
exemplo, ter um mesmo lugar ou ponto, com diferentes coordenadas.
O uso de mapas e de diferentes escalas também é um problema para
análises espaciais, pois, haverá diferentes níveis de detalhamento, permitindo
que um mesmo objeto sofra diferentes abordagens espaciais. Por exemplo,
um rio e/ou estradas ocupam duas dimensões quando observados de perto
(mapas cadastrais, cartografia em escala grande). Ao mudar a escala de
observação e distanciar a visão, os objetos passam a ficar cada vez menores
ou estreitos, até que sejam imaginados apenas como uma linha ou um ponto
(Figura 3.5). Diante disto, também se torna impossível representá-los de outra
maneira que não seja por linhas e pontos, tal como acontece na maioria das
entidades representadas nos mapas em escala pequena. Nos dois casos, a
representação de um mesmo objeto será diferente de um mapa para outro.
Tomando como exemplo um lago na cartografia de escala grande, sua
descrição no SIG inclui dimensão geométrica, isto é, forma e área. No caso
CAPiTuto 3- ÚRTOGIWIA oc BASr 83

da ca rtografia de esca la pequena, ele ocupará um lugar simples no espaço e


por isto é representado por um ponto, ou, se fo r de pequena dimensão ou
importância pode não ser mapeado.
Portanto, somando-se os três fatores: sistemas de projeção, sistem as
de referência e esca la, tem-se um complexo prob lema a ser considerado nos
SIGs. Tal problema é cada vez maior na medida em que se faz a combinação
de dados cartográfi cos ele esca las pequ ena e grand e, cuj as proj eções
cartográficas são diferentes. Cada projeção tem um padrão específico ele
distorção referente às propriedades elas projeções, à posição da superfície
de projeção em rel ação ao globo terrestre, ao tipo de superfície ele projeção
e como ela toca a superfície terrestre, descritas no capítulo 1. Portanto, m apas
de um mesmo luga r com projeções diferentes podem implicar em d istorções
nas formas dos objetos, na área, ou ainda nas posições relativas .

Mundo Real Escala Grande Escala Pequena


Representado como Área Representado como
ponto

D
D
• •
o
Represen tado como Área Representado como
linha

Figura 3.5 - Comparação dos fenômenos do mundo real e a concepção cartográfica


na visão local e na visão regional ou mais distanciada

3.6 INFORMAÇÕES SOBRE O RELEVO

Até agora, comentou-se apenas sobre os aspectos plan imétricos da


ca rtografia de base a ser inserid a num SIG. O relevo nos m apas de referência,
na maioria das vezes, é representado em term os absolutos, isto é, por curvas
de nível ou pontos cotados como mostra a Figura 3.4 do mapeamento
sistemático. Na CIM são utilizadas cores hipsom étri cas, representand o
relativamente o relevo e ainda combinando algumas curvas de nível e pon tos
cotados (F igura 3.1 ). Ex istem vári os métodos para representar o relevo, os
84 (ARTOGRAflA - Rfl'R[SCNTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E VISUAUZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

quais são descritos no item 7.2.2 do capítulo 7, mas, as curvas de nível são
mais utilizadas nos mapas topográficos do Brasil.
Para criar uma representação do relevo utilizando um software, necessita-
se de dados do referido relevo, os quais são fornecidos pelo modelo digital do
terreno - MDT. Este é definido por Kraak e Ormeling (1997) como uma
representação numérica das características do modelado terrestre. Entretanto,
quando este se refere somente aos aspectos altimétricos, ele é chamado de
modelo digital de elevação - MOE. A coleta dos dados para a construção do
MDT é feita por intermédio de levantamentos terrestres ou aéreos, conforme
discutido no capítulo 2. Além disto, as representações do relevo podem ser
criadas a partir dos mapas bases existentes na forma analógica por meio da
digitalização das curvas de nível e pontos cotados. No entanto, observa-se
que a qualidade do produto MDT nunca ultrapassará aquela da qual os dados
foram obtidos. Por exemplo, a qualidade do MDT derivado das curvas de
nível digitalizadas de uma carta de escala 1: 50 000 é menor do que a do
MDT obtido por técnicas fotogramétricas para construir curvas de nível numa
carta da mesma escala. Isto porque as curvas são derivadas da interpolação e
ao digitalizá-las haverá uma releitura cujo resultado é a formação de um
conjunto de dados numéricos diferentes daqueles que lhes deram origem.
Nas cartas cadastrais executadas por levantamento aerofotogramétrico,
as curvas de nível são obtidas por processos automáticos. Na maioria das
vezes, o método mais utilizado aplica amostragem sistemática em que o
dado é amostrado em distâncias regulares, construindo uma grade regular
de pontos que pode variar de mais fina a mais grosseira, conforme pré-
determinado. Pontos notáveis podem ser incorporados a essa grade.
Em ambiente SIG, os MDT são utilizados para visualizar a forma da
Terra e podem ser incorporados a ortofotos ou imagens de satélite. Na
Engenharia Civil, os MDT, dentre outras aplicações, são úteis para calcular
os volumes das caixas de empréstimo ou cortes e aterros; nas
telecomunicações, servem para se verificar se há ou não barreiras na
transmissão dos dados das torres de celular e calcular as melhores localizações
para elas. Também se utilizam os MDT para executar análise de superfície
em SIG. Neste caso especial, as formas de grade quadrangular ou triangular
fornecem a declividade e orientação espacial da unidade com respeito ao
Norte, fatores importantes em uma análise de superfície.
Na atualidade, os MDT além de serem construídos a partir dos dados
obtidos por levantamentos no campo, por Fotogrametria ou digitalizados de
outros mapas, podem ser obtidos diretamente pelos sensores laser aerotranspor-
tados, conforme discutido no capítulo 2. Neste caso, as aplicações, ainda em
exploração, deixam expectativas de superar aquelas até agora desenvolvidas.
(APÍTULO 3 - (ARTOCRAFIA DE BASE 85

3.7 PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS ADOTADAS NO BRASIL

Não existe uma projeção única, ou seja, universalmente aceita em


todo o planeta, que atenda a múltiplos propósitos e satisfaça as tolerâncias
nacionais, pois diferem de acordo com cada país. O homem moderno está
aprendendo a conviver no mundo "globalizado", com a coexistência de um
grande número de projeções, inclusive superpondo diferentes projeções numa
mesma área, por causa dos diferentes propósitos de mapeamentos.
No caso do território brasileiro, resumiu-se, no Quadro 3.2, o histórico
das mudanças de sistema de projeção para a cartografia nacional, a partir de
informações de Rocha (1994).

Quadro 3.2 - Projeções cartográficas adotadas no Brasil


DATA ESCALA E FORMATO TIPO DE PROJEÇÃO
1900 Cartas 1: 100 000 da cartografia Poliédrica
sistemática nacional e 30'x 30'
1932 Cartas na escala 1: 50 000 da cartografia Conforme de Gauss, fusos de
sistemática nacional e 1O'x 1O' 3º, cilindro-tangente
1943 Cartas na escala 1: 50 000 da cartografia Conforme de Gauss, fusos de
sistemática nacional e 1O'x 1O' 6º, cilindro secante
1955 Todas as cartas do mapeamento UTM, fusos de 6º, cilindro
sistemático terrestre brasileiro secante
Atual Todas as cartas do mapeamento UTM, fusos de 6º, cilindro
sistemático terrestre brasileiro secante
Atual Cartografia náutica e carta ao milionésimo Cônica Conforme de Lambert

3. 7.1 PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS ADOTADAS EM MAPEAMENTOS NAS


ESCALAS MAIORES QUE 1: 25.000
As cartas em escalas grandes (maiores que 1: 25 000) da cartografia
terrestre, ainda não foram normatizadas, com exceção das cartas aeronáuticas
que têm norma expedida pela Diretoria de Eletrônica e Proteção de Vôo, do
Ministério da Aeronáutica (DEPV-MA), e usam o sistema local transverso de
Mercartor - LTM.
Como não existe norma para cartas em escalas maiores que 1: 25 000,
cada organismo licitante, estadual ou municipal, escolhe um sistema de
projeção cartográfica diferente. Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife
usaram projeção UTM nas suas cartas cadastrais; A capital do Pará, Belém,
ao organizar pela primeira vez uma cartografia cadastral (1997 - 2000),
86 CARTOGRAFIA - RCPRESCNTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E VISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

optou por utilizar a projeção LTM, assim como outras diversas cidades de
menor expressão nacional e que pela primeira vez tiveram seu território
urbano cartografado em escala grande (1: 2 000).

3.7.2 PROJEÇÃO CONFORME DE GAUSS

A projeção conforme de Gauss é também conhecida sob a denomi-


nação de Gauss-Krüger. Geometricamente pode ser visualizada como um
cilindro transverso tangente à Terra ao longo do Meridiano Central (MC) do
fuso-circunferência de contato, coincidindo com o MC do fuso. Somente o
MC se projeta em verdadeira grandeza, como uma reta. Este MC e a linha
equatorial são considerados eixos que marcam a origem em cada um dos
fusos de 6° que compõem o sistema.
Este tipo de projeção sofrerá ampliações de escala a partir do MC, o
único em verdadeira grandeza. Ela será proporcional ao quadrado do
afastamento deste ponto ao MC. Portanto, as máximas ampliações ocorrerão
nas bordas do fuso, na linha do Equador.
A recomendação de Krüger para minimizar os problemas de distorção
nas bordas foi que os países exte.nsos em longitude dividissem seu território
em fusos de amplitudes convenientes. Para o caso de fusos de 6º de amplitude,
haverá um alongamento de um metro em 725 metros, considerando um
ponto situado no bordo do fuso, na linha do Equador (Gemael, 1976).
Propôs-se que o cilindro transverso fosse secante ao elipsóide (superfície
de referência) para diminuir ainda mais tal deformação. Isto significa que
terão duas linhas de contato paralelas ao MC; e ao longo das mesmas a
projeção será eqüidistante, y
aproximadamente a 232 km do I
MC. Nesta condição, haverá
redução de escala na área
situada entre as linhas de K>l K<l K<l K>l
contato e ampliação de escala x=Equador
na área considerando entre cada
uma delas e suas correspon-
dentes bordas, assim como
Linha dP--.-+----1 ,_____---+-_ Linha de
demonstrado na Figura 3.6. 1
MC Oº
O módulo de redução da
escala Ké0,999333 ... para ocaso Figura 3.6 - Fuso de 6° na projeção de Gauss com
do cilindro secante em fusos de 6 cilindro secante
de amolitude.
ÚPITUlO 3 - CARTOGRAFIA DE BASE
87

3.7.3 PROJEÇÃO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR - UTM


A tentativa de unificar os trabalhos cartográficos partiu da Associação
Geodésica e Geofísica Internacional (AGGI), em 1935, quando sugeriu a escolha
de um sistema universal. O continente africano foi tomado como ponto de
partida para tal proposição e os estudos passaram a ser uma responsabilidade
de Tardi. Ele propôs a projeção conforme Gauss, aplicada a fusos de 6° de
amplitude. Em 1951, a AGGI recomendou essa projeção para o mundo inteiro,
com denominação de UTM- Universal Transversa de Mercator (Gemael, 1976).
A essência do sistema UTM é uma modificação da projeção transversa
de Mercator proposto por Gauss, o qual mais tarde foi reestruturado por
Krüger ao estabelecer o sistema de fusos. Portanto, algumas vezes é referida
como Gauss-Krüger. Nesse sistema, os pontos supostos sobre o elipsóide são
projetados para um cilindro posicionado transversalmente em relação ao
eixo de rotação terrestre.
No Brasil, o sistema UTM foi adotado em 1955, pela diretoria do Serviço
Geográfico do Exército com as seguintes especificações que podem ser
visualizadas na Figura 3.7.

Meridiano de Secãncia" 180 km

l !
y " MC = 500.000 m

N=N'

10.000.000---+---+--+--+--+--+--+--+--+- - x = Equador
Oe 10.000.000 m
1

-,
1

X.
1:
o•
1

:-
:~
1
n' 1 N = 10.000.000 - Nº

1 1
• - E" 1 E= 500.000
E= 500.000
• + Eº

Figura 3.7 - Especificações de um fuso UTM- N' é a distância em


metros à linha do Equador e E' é a distância em metros ao MC

a) O UTM é um sistema de representação plana da Terra, considerada


um elipsóide, em que cilindros transversos secantes são considerados
para amplitudes de 6º; o número dos fusos obedece às especificações
88 CARTOGRAFIA- Rfl'RCSCNTAÇÁO, COMUNICAÇÃO E VlSUM.IZAÇÃO OE DADOS ESPACIAIS

do acordo da Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo, isto é,


eles são numerados a partir do antimeridiano de Greenwich, no
sentido anti-horário, compondo sessenta fusos. Asecância do cilindro
transverso acontece a 1º 3 7' do MC de cada fuso.
b) A projeção conforme de Gauss, com o módulo de redução da escala
KO = 0,9996 = 1- 1/2500.
e) Eixos cartesianos ortogonais: transformados do Meridiano Central
(MC) e do Equador.
d) Designação das coordenadas plaoo-retangulares, representando
paralelos e meridianos planos pelas letras N (ordenada) e E (abscissa).
e) O MC é uma ordenada móvel, isto é, cada fuso terá um Meridiano
Central; e a linha transformada do Equador é a abscissa principal.
f) Para evitar valores negativos, são acrescidos 10.000.000 metros às
ordenadas do Hemisfério Sul e 500.000 metros às abscissas,
conforme demonstrado na Figura 3. 7 (cada fuso tem,
aproximadamente, 340 km a O e L do MC, no Equador) e
g) cada fuso pode ser prolongado por até 30 minutos sobre os
adjacentes, criando-se uma área de superposição para facilitar os
trabalhos nos locais onde ocorre a mudança de fuso.
O Território brasileiro tem oito fusos UTM, cuja numeração é 25, 24,
23, 22, 21, 20, 19 e 18, conforme pode ser visto na Figura 3.8.

18 19 21 25
1 1 1 1
1
1
1

1
1
1
1
1
111" 72' 66" 60° M' 411• 42• 36° 311'

Figura 3.8 - Fusos UTM no Brasil e respectivo meridiano


central de cada um
CAPITULO 3 - CwOGRMIA DE BASE 89

3.7.4 PROJEÇÃO LOCAL TRANSVERSA DE MERCATOR - lTM


A projeção Local Transversa de Mercator é uma modificação do sistema
UTM, criada com a finalidade de aumentar a acurácia na representação
cartográfica de forma a torná-la compatível com atividades que requerem
mais precisão nas medidas, como os projetos de engenharia. Para tanto,
cada fuso de 6º foi subdividido em fusos de 1ºde amplitude. Isso diminuiu
o módulo de deformação da escala no MC de kO = 0,9996 para kO = 0,999995
e significa que o erro relativo no MC passa a ser de 1/200.000.
O sistema LTM é indicado para cartas em escala grande como aquelas
do mapeamento cadastral. As características do sistema LTM (vide Figura 3.9)
são idênticas ao sistema UTM, diferenciando-se deste em alguns aspectos como:
a) fusos de 1ºde amplitude, com MC marcando a origem da abscissa
=
E 200.000 m;
b) para pontos a Leste do MC, a coordenada E= 200.000 - E'; para
pontos a Oeste do MC a coordenada E = 200.000 + E';
c) o ponto de secância do cilindro no elipsóide é de 15 minutos e o
d) coeficiente de deformação no MC, kO =0,999995.
FUS022 S

Figura 3.9 - Um fuso UTM comporta seis fusos LTM: exemplo


utilizando o território abrangido pelo Estado de Santa Catarina
que está todo dentro do fuso 22 S
90 (ARTOGRAflA- REPRESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO EVISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

3.7.5 PROJEÇÃO CÔNICA CONFORME DE LAMBERT

A projeção de Lambert é uma cônica modificada, secante cuja


propriedade é de ortomorfismo (conformidade). Foi criada em 1772, tendo
pouco uso no início; contudo, hoje em dia é bastante utilizada em navegação
aérea (Gemael, 1976).
Para a Carta Internacional do Mundo ao Milionésimo foi adotada esta
projeção, ou seja, a cônica conforme de Lambert com dois paralelos padrões
para as folhas situadas entre as latitudes de 84º N e 80º S. Tal projeção
atende aos seguintes requisitos:
a) meridianos representados por linhas retas e
b) paralelos representados por arcos de círculos, cujos centros ficam
no lugar geométrico de encontro dos planos que contêm os
meridianos.

Nas primeiras cartas CIM foi utilizada a Projeção policônica modificada


que atendia às condições acima, mas já que apresentava alguns inconvenientes,
foi substituída pela cônica conforme de Lambert (IBGE, 1993).
Para construir o Canevá conforme de Lambert, é necessário efetuar os
cálculos considerando os paralelos de contato e estes são escolhidos em
função da região a representar. Na Figura 3.1 O, pode ser visto um esquema
desse tipo de projeção que mostra a variação do fator escala (KO).

Figura 3.1 O- Projeção cônica de Lambert com dois paralelos padrões


Fonte: Richardus e Adler (1972)
CAPÍTULO 4
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
GEOGRÁFICA - SIG E
CARTOGRAFIA

4.1 ÜRIGEM DA TECNOLOGIA SIG


É interessante observar como são contadas as histórias ou estórias.
Narradores diferentes contam um mesmo fato de forma diferente, permitindo
que nasçam narrativas particulares, isto é, a história segundo a percepção
do narrador, levando em consideração seus valores, crenças, conhecimento
do assunto e informações que dispõem. Será desta forma que se discorrerá
sobre a origem e evolução dos sistemas de informação geográfica, tomando
como base de informações Burrough (1986); Montgomery e Schuch (1993);
e Korte (1992).
Foi vencido o impulso de recontar neste livro a história da evolução
da Cartografia, a qual foi muito bem contada por Robinson et ai. (1995). No
entanto, para chegar ao SIG, é preciso lembrar que seu desenvolvimento
está atrelado à evolução dos modos de se fazer e usar mapas. Desde as
antigas civilizações até os tempos modernos, os dados espaciais são coletados
por navegadores, geógrafos, agrimensores e geodesistas e representados na
forma de mapas pelos cartógrafos ou pelos próprios coletores de dados. O
desenvolvimento da Cartografia ou dos mapas aconteceu naturalmente com
o desenvolvimento da humanidade.
As novas necessidades implicaram em checar informações do espaço
geográfico considerando os objetivos militares, registro da propriedade da
terra, navegação marítima e para conhecer as feições da superfície terrestre
92 (ARTOGRAflA- RCPRESfNTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E VISUAllZAÇÁO [)[ DADOS ESPACWS

(mapeamentos nacionais). O desenvolvimento científico do estudo da Terra


e dos recursos naturais fez surgir a Cartografia especializada, produzindo
mapas específicos sobre um determinado assunto ou tema, por exemplo,
mapa geológico, de solos, da vegetação. Estes mapas passaram a ser referidos
como "mapas temáticos" porque contêm informações sobre um tema único.
O conhecimento da distribuição espacial dos recursos naturais terrestres,
da população e outras características ligadas a eles exigiam cada vez mais o
desenvolvimento de métodos de levantamento para efetuar o inventário
(observar, medir, classificar e registrar) bem como para o mapeamento dos
dados. O homem se deparou com problemas relativos ao levantamento de
dados e a falta de ferramentas matemáticas para descrever quantitativamente
as variações espaciais. Os primeiros desenvolvimentos em matemática
apropriados para análise espacial iniciaram entre as décadas de 1930 e 1940,
paralelos ao desenvolvimento de métodos estatísticos e análise de séries
temporais. Mas, o desenvolvimento efetivo dessas ferramentas aconteceu a
partir dos anos 1960 com a disponibilidade dos computadores; o mapeamento
temático quantitativo e as análises espaciais começaram então a florescer.
A história do uso de computadores para mapeamento e análises
espaciais mostra que diversas áreas do conhecimento têm paralelamente
desenvolvido a captura, análise e apresentação de dados. Estas áreas são: o
mapeamento topográfico e cadastral, a cartografia temática, as engenharias,
a Geografia, as ciências do solo, o planejamento rural e urbano, o
sensoriamento remoto, e outros. As aplicações militares geralmente se
superpunham dominando várias dessas aplicações. Essa multiplicidade de
esforços, inicialmente separados, mas muito próximos, resultou na
possibilidade de ligar muitos tipos de dados espaciais para o processamento
conjunto em um verdadeiro sistema de informações geográficas, como será
tratado a seguir.

4.2 A EVOLUÇÃO DA TECNOLOGIA SIG


O desenvolvimento dos SIGs aconteceu paralelamente no âmbito de
companhias privadas, organizações e agências de diversos setores do mercado
nos EUA e Canadá. Buscavam-se soluções para satisfazer necessidades
particulares, em especial aquelas cujo propósito era o de manusear e utilizar
dados georreferenciados. Na academia, o desenvolvimento do SIG aconteceu
no Laboratório de Computação Gráfica da Universidade de Harward. Os
pesquisadores conseguiram, na década 1960, produzir mapas de declividade
CAPITULO 4 - S1sTEMAS DE INFORMAÇÃO GcocRÃrtCA- SIG E CARTOGRAFIA
93

com a ajuda de uma impressora programada para esse fim. O programa


desenvolvido teve o nome de SYMAP e marcou o início da computação
gráfica nessa universidade. Em 1970, Harward produziu o Odyssey, um
sistema que processava polígonos e realizava operações de sobreposição
destes. Esses produtos são considerados os primeiros a serem identificados
com a funcionalidade de um SIG.
Os esforços para utilizar o computador na produção de mapas, que
até então eram feitos manualmente, resultaram nos sistemas CAM-Computer
assisted Mapping. 1 Eles foram desenvolvidos para gerar mapas, mas não
para analisar dados. O CAM descreve a geometria dos dados, por exemplo,
de duas rodovias que se interceptam. O fato de uma cruzar a outra não é
reconhecido pelo sistema porque isso não é importante para fazer mapas
impressos e as relações espaciais não são definidas na estrutura dos dados.
Esses sistemas são baseados na tecnologia CAD- Computer Aided Design
para digitalizar e editar mapas bem como desenvolver capacidades gráficas
para a preparação de mapas topográficos de alta qualidade. Esses sistemas
possibilitaram a geração dos chamados "mapas digitais".
O sistema AM/FM-Automated Mapping Facility Management, também
baseado em tecnologias CAD, pode ser considerado um tipo de SIG porque
permite estocagem, manuseio e algum tipo de análise de dados. Esses sistemas
foram desenvolvidos para atender às necessidades das indústrias ligadas a
dutos com relação aos mapas e pa.ra facilitar o gerenciamento de dados. Por
isso, a Cartografia era voltada para a representação de feições lineares e
pontuais. As características dos dutos eram estocadas como textos na forma
de arquivos gráficos, sem que houvesse qualquer ligação entre os dois tipos
de arquivos. Portanto, enquanto os sistemas SIG procuravam soluções para
aplicações envolvendo áreas, os sistemas AM/FM caminhavam no sentido
de buscar soluções para casos lineares.
Os sistemas de informação geográfica dos anos 1970, ainda incipientes,
permitiam apenas a estocagem, algumas manipulações e a visualização de
dados espaciais, com pouca interação software/usuários. Também, é dessa
fase a criação dos sistemas de análise de imagens de sensoriamento remoto,
os quais tinham a tarefa de proceder a análise automática das imagens dos
satélites de monitoramento dos recursos terrestres. 2

Os sistemas CAM foram desenvolvidos para aplicações em engenharia e desenho técnico,


tendo como principal característica os usos de camadas (/ayers) para organizar as feições
por tema, tais como rios, estradas, os quais podem ser seletivamente visualizados e editados.
2
O primeiro sistema de satélites para monitoramento dos recursos terrestres foi lançado
em 1972 pelos EUA.
94 (ARTOGRAflA - RCPRESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO EVISUAUZAÇÃO OE DAOOS ESPACIAIS

Independentemente do desenvolvimento dos CAD 3 e dos SIGs, os


sistemas de gerenciamento de banco de dados - GDBS (Geofacilities Data
Base Support System) foram criados e desenvolvidos com tecnologia
computacional para possibilitar melhorias na forma de estocar, manipular e
acessar os dados.
A partir da década de 1980, iniciou-se a segunda fase da aplicação da
tecnologia computacional para análise de dados espaciais. Ela é marcada
pelo aumento da capacidade de processamento e de memória dos
computadores. Este fator aliado à necessidade de transformar dados numéricos
em novas informações deu continuidade ao desenvolvimento dos SIGs, assim
como, à sua popularização. A ênfase nas operações analíticas, pelos modelos
matemáticos com dados numéricos, proporcionou avanços significativos na
relação software/usuários. Tornou mais fácil e freqüente a interação do usuário
no processo de análise.
Na década de 1990, os SIGs foram impulsionados mais uma vez pelo
crescimento industrial e comercial. A otimização do potencial de análise
evoluiu, permitindo análises espaciais. A evolução das tecnologias AM/FM e
SIG foi incorporada e gerou o que hoje em dia é denominado de SIG. Isto é,
um sistema de informação formado por um conjunto de funções para a
estocagem, criação manipulação e visualização de uma variedade de dados
espaciais representados por feições pontuais, lineares e zonais (polígonos).
Os SIGs incorporaram os conceitos de CAD, nos quais cada camada (layer)
apresenta um conjunto diferente dos dados mapeados. Por exemplo, uma
camada apenas para rodovias, outra para rede de drenagem, outra para
edificações e assim por diante. Esses dados podem ser consultados, editados
e visualizados separadamente ou em conjunto. Mas, o que distingue um SIG
de outros sistemas de informação é a capacidade de combinar layers para
análises espaciais; o ponto forte de um SIG é a análise de polígonos. Outra
capacidade única de um SIG são os chamados "queries''.
A introdução da capacidade de análise espacial nos SIGs teve como
requisito a criação de um conjunto de técnicas que permitissem o acesso
tanto aos atributos do dado quanto à sua localização - posição geográfica.
3
Os sistemas AM e CAD, a exemplo dos SIGs, surgiram no início da década de 1970, nos
países onde a indústria e a tecnologia computacional se desenvolviam a passos largos,
como os Estados Unidos e Canadá. No Brasil, a produção de mapas, com auxílio de
computador, foi iniciada praticamente dez anos depois, mas, comercialmente, teve
aplicação a partir do início da década de 1990 com a popularização do CAD. Algumas
empresas de mapeamento fotogramétrico desenvolveram seus próprios softwares CAD
para a produção de mapas em escala grande. Outras empresas de mapeamento optaram
por adquirir pacotes CAD desenvolvidos para a engenharia e para o desenho técnico,
adicionando novas funções, próprias para a criação de mapas.
CAP!ruw 4 - StSTEMAS DE INfORMAÇÃO Gmr.RAftCA - SIG ECARTOGRAFIA 95

Essa obtenção se deu pelas relações topológicas, relações de transformação,


de configuração geométrica em funções matemáticas, permitindo a análise
no computador, na qual ele estabelece a relação espacial existente entre
cada feição geográfica.
A exemplo da primeira fase, o desenvolvimento dos SIGs continuou
na segunda fase a ocorrer de forma paralela segundo as necessidades de
cada segmento envolvido. Cada setor criou funções específicas para o seu
sistema, resultando na criação de diferentes funcionalidades nos SIGs. Esse
fato propiciou a geração de novos termos na literatura como, Sistema de
Informação da Terra (LIS- Land lnformation Systems) e Sistemas de Informação
dos Recursos Naturais.
Com a evolução das idéias, da tecnologia e do modo de produção
chegou-se ao final do século XX com preocupações globais que forçaram o
homem a considerar o meio ambiente nas suas decisões econômicas. Assim,
os problemas socioeconômicos atuais, para serem analisados, precisam ser
abordados interdisciplinarmente. Por exemplo, nos estudos de impacto
ambiental decorrente da implantação de obras de engenharia ou da
implantação de empreendimento econômico, são necessários dados de
diferentes campos do conhecimento.
O SIG é uma ferramenta que oferece a possibilidade de integrar os
dados de diferentes fontes e tipos, assim como sua manipulação. As operações
de análise espacial e a possibilidade de visualização dos dados em qualquer
tempo, durante todo o processo, fizeram do SIG um poderoso aliado tanto
para análises espaciais como para tomada de decisões (sistemas especialistas).
A "alma" de um SIG originou-se em disciplinas como a Geodésia, a
Geografia e a Cartografia. Muitos dos conceitos e funções de um SIG foram
concebidos primeiro por cartógrafos. As funções de processamento dos dados
(como transformações e análises) funções de entrada (digitalização e rasterização)
e funções de saída (as quais são, na maioria das vezes, mapas) são exemplos da
influência de cartógrafos na criação do SIG (Kraak; Ormeling, 1997).

4.3 Ü MÉTODO CARTOGRÁFICO

As ciências da Terra, especialmente a Geodésia e a Geografia, sempre


tiveram os mapas como companheiros inseparáveis. Não se concebe a
Geografia sem mapas; e uma importante expressão da forma e medida da
Terra, preocupação geodésica, é apresentada em mapas.
96 CARnx;RMIA - RIPRESCNTAÇÂO, COMUNICAÇÃO E VISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

O uso de mapas para a observação das conexões, relações e padrões


dos objetos geográficos é característica da Geografia desde os seus
fundamentos até a atualidade. Tradicionalmente, as análises espaciais eram
efetuadas com o uso de diversos mapas temáticos dispostos em um sistema
de transparências. Utilizando-se de técnicas manuais, eram observadas, com
a ajuda da visualização das transparências, as relações existentes entre os
objetos geográficos temáticos em análise. Este modo de proceder análises
espaciais deu origem ao chamado "método cartográfico".
Enquanto Simielli (1981 ), na sua pesquisa de mestrado, apontou que
na literatura consultada não conseguiu visualizar a existência do método
cartográfico, e que, nem Rimbert (1964, 1968) nem Libault (1975) afirmaram
que existia um método cartográfico, na antiga União Soviética, em 1955, já
havia um conceito claro reconhecendo a existência dele. A definição de
Rudenko (1984 apud Karnaukhova, 2000, p.72), dizia que "o Método
Cartográfico consiste na utilização de mapas para a descrição, análise e
investigação da natureza de uma série de fenômenos espaciais".
Ao longo do tempo, a evolução conceituai do que seria método
cartográfico aconteceu em paralelo à evolução da tecnologia para a produção
e uso dos mapas. Neste contexto, Berliant (1997 apud Karnaukhova, 2000,
p.72), compreende o método cartográfico como "método de investigação
científica no qual o mapa representa um modelo do objeto de estudo e, ao
mesmo tempo, constitui um vínculo intermediário entre o objeto e o
investigador".
Kraak e Ormeling (1997, p.19) entendem que o método cartográfico
"consiste em visualizar as relações espaciais entre objetos, usando técnicas
de abstração e transformação, tendo como base uma linguagem gráfica
própria, (em outras palavras, usando mapas)." 4
Com a automatização das análises de dados espaciais, 5 por meio dos
SIGs, a análise espacial com mapas, ou seja, a aplicação do método
cartográfico foi automatizada e reapareceu na literatura técnica com o nome
de modelo cartográfico.
Christofoletti (2000) mostra que os modelos cartográficos são
característicos dos SIGs, assim como os modelos espaciais. Entretanto, a
distinção entre os dois é feita pelo modo ou funções utilizadas em cada um.
Os modelos cartográficos são desenvolvidos usando a lógica binária (geo-

4
O que está entre parênteses foi acrescentado pela autora.
5
Dados espaciais são entendidos como dados georreferenciados, podendo ou não estar
dispostos na forma de mapas.
CAPirulo 4 - SISTEMAS DE INroRMAÇAo GcocRAr1cA - SIG eCARTOGRAFIA
97

query), enquanto os modelos espaciais são resultantes de relações


matemáticas entre variáveis mapeadas.
Independente da distinção, devida às funções utilizadas para análise
espacial dos dados, é possível considerar que os modelos cartográficos e
espaciais, por analisarem dados dispostos em mapas, representam um avanço
do método cartográfico. Essa idéia parece inegável, se for considerada a pos-
sibilidade ofertada pelos SIGs em se utilizar funções matemáticas para proceder
análises espaciais, o que não era possível no método cartográfico tradicional.
Hoje em dia, o método cartográfico é uma característica básica dos
SIGs e é utilizado por uma gama de disciplinas que precisam efetuar análises
espaciais. Os SIGs incorporam princípios de banco de dados, algoritmos
gráficos cada vez mais poderosos, funções que permitem interpolação e
zoneamento e também análise de redes.
A tendência é a incorporação de novas capacidades que permitam
análises complexas e envolvam dependência espacial, heterogeneidade
espacial e temporal idade.
No exemplo simples mostrado na seqüência, verifica-se como pode
ser aplicado o método cartográfico de modo automatizado em um SIG.

4.4 APLICAÇÃO DO MÉTODO CARTOGRÁFICO EM AMBIENTE SIG


O exemplo apresentado no Quadro 4.1 foi aplicado em uma área de
exploração de carvão mineral, no município de Siderópolis, Sul de Santa
Catarina. 6
O primeiro passo para a execução de operações de análise espacial
foi definir os objetivos e as condições existentes para atingi-los. O objetivo
do caso era obter dados de onde e quanto do território municipal foi utilizado
na exploração comercial do carvão e as mudanças temporais ocorridas no
uso e cobertura da terra. Sabia-se que o carvão mineral foi explorado
comercialmente a partir da década de 1950. Sobre os dados cartográficos
existentes, sabia-se que havia uma base cartográfica aerofotogramétrica
produzida em 1956, na escala 1: 1O000, cartas topográficas do mapeamento
sistemático nacional de 1976, fotografias aéreas de 1956, 1978 na escala
1: 25 000 e de 1996 na escala 1: 30 000 e imagens de satélite Landsat desse
mesmo ano, em formato digital.
6 Os dados originais constam em Loch (2000).
98 (ARTOGRAFIA - RCPRCSCNTAÇÃO, COMUNICAÇÃO EVISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

Quadro 4.1 -Aplicação do método cartográfico de modo automatizado em SIG


Abordagem conceituai de um SIG Caso de aplicação: Siderópolis-SC
Definição do objetivo e condições Determinar onde e quanto de área
para atingi-lo. municipal foi minerada e quais foram as
mudanças temporais ocorridas nessa área.
Preparação dos dados para análise Preparar a base cartográfica digital; fazer
espacial. o georreferenciamento das aerofotos e
interpretar com auxílio do computador;
criar mapas da exploração de carvão.
Execução da análise espacial. União e interseção
Execução dos cálculos. Calcular áreas
Avaliação e interpretação dos Usar resultados das análises (mapas das
resultados mudanças temporais) as áreas calculadas
e outros dados discutidos.
Apresentação dos resultados Mapas, tabelas e gráficos.

O segundo passo foi analisar e preparar os dados espaciais. Como já


foi explicado, esses dados eram de fontes, escalas, datas e mídias diferentes
assim como os sistemas de coordenadas e datuns eram distintos. Portanto,
precisavam ser disponibilizados em formato adequado para análises espaciais,
num mesmo sistema de coordenadas e nível de detalhamento, o qual foi
executado em dois momentos. Em princípio, a partir das aerofotos de 1996,
foi gerada uma base cartográfica na escala 1: 1O 000 com o auxílio da
fotogrametria. Ela foi utilizada para fazer o georreferenciamento das aerofotos
nos anos de 1956, 1978 e 1996 e da base cartográfica de 1956 (Figura 4.1 ).
Não se sabia qual datum geodésico havia sido utilizado - ou elipsóide de
referência - para gerar a carta de 1956. Num segundo momento, fez-se a
interpretação das aerofotos de 1956, 1978 e de 1996 e geraram-se os mapas
da mineração do carvão em cada ano.7
O terceiro passo na operação foi executar a análise espacialª. No caso
de aplicação, essa fase consistiu de uma simples operação de overlay. Os
dados de 1956 foram combinados via operação de interseção com aqueles
de 1978 e os de 1978 com aqueles de 1996. A intersecção foi usada para
delimitar os tipos de mudanças ocorridas nas áreas mineradas, ou seja,
surgimento de lagoas de decantação, lagos represados entre montanhas de

7
Além das áreas diretamente utilizadas para mineração, identificou-se o uso do solo nos
arredores dessas áreas que possivelmente sofrem os impactos diretos desta atividade.
11
Geralmente os softwares trazem diversos módulos para análises espaciais: análises de
rede, análises de superfícies e análises espaciais do tipo ovelay e buffer.
0.Piruio 4 - SisrrMAS DC INTOR.\IA(ÁO Grcx.RAJu - SIG r CAA1oc;w1..1 99

material estéril , regeneração da vegetação em materi al esté ril , expa nsão


urbana e refl orestamentos (F iguras 4.2 e 4.3).
Na seqüência, fo ram calcu ladas as áreas ele cada uma elas classes
detectadas na análise espac ial das mudanças tempora is da porção minerada
e avaliados os resultados. Para tanlo, foram observadas as alterações ocorridas
nesses luga res em cada data . Um fa to surpreendente fo i detectado nessas
análi ses: a área urbana do Município ini c io u e expa ndiu e m c ima da
mineração. Lagoas surgiram e se expand iram até 1996 nos loca is minerados
até 1955, e novas áreas mineradas foram identifi cadas em 1978 e 1996.
O Ciltimo passo fo i idea liza r as saídas, cri ando um layout úni co pa ra
os mapas, tabe las e gráfi cos.

Figura 4. 1 -Aerofoto pancromática preto e branco, na escala original 1: 30 000;


abrange a cidade de Siderópolis, SC e seus arredores em 1996
Fonte: 1.och (2000)
USO DA TERRA EM ÁREAS DE
MINERAÇÃO DE CARVÃO
Siderópolis, SC -1978

LEGENDA

D Mineração
- Urbano
}~)$};; Agropecuária

g Eucalipto
. , . Lagoas Artificiais

Figura 4.2 - Resultados da análise espacial efetu ada para detecção das mudanças
temporais em aéreas de mineração
Fonlc: Loch, (2000)

1956 1978 1996


21
17o/c
@ 4 1%
18º(
º 9
1 •
1 5% 13% 43%
19%

21%
37% 8% 11 %

D Mineração • Urbana D Agropecuária D Eucalipto D FI. Nativa

Figura 4.3 - Gráfico da evolução do uso/cobertura da terra na área de mineração de carvão


em Siderópolis-SC
Fonte: Loch (2000)

Observam-se, na Figura 4.2, tipos de mud anças detectadas em


pequ enos polígonos marca ndo lagos, vegetação nati va (recuperação
espontânea), euca li ptos, pastagens ou gramíneas e área urbana. 9

Maiores detalhes sobre o método, consultar a tese de doutorado de Loch, R. E. N. (2000).


_CAPí_i_uL_o4_-_S_1~-~~~IX_IN_H~-~~~-·o_G_rrn_;R_M1_cA_-_SIG~rC_AA_TO<_;w_1_A~~~~~~~~~~~~101

4.5 RELAÇÃO oos SIGs coM A CARTOGRAFIA


O SIG tornou-se popular na Cartografia devido à possibilidade que se
tem em acessar, manusear e visualizar os dados espaciais a qualquer
momento. Também, foi relevante para sua popularização, a disponibilização
automática de métodos de mapeamento e, mais recentemente, a possibilidade
de interatividade do cartógrafo/usuário com os dados para a visualização
instantânea na forma de mapas. Entretanto, Kraak e Ormeling (1997) salientam
que há pontos de vista conflitantes da relação entre a Cartografia e o SIG.
Algumas destas visões colocam o SIG como um ferramental técnico a serviço
da Cartografia. Outras colocam a Cartografia somente como um suporte
para visualização de dados em um SIG.
Um raciocínio sobre essas visões polêmicas poderia ser longamente
explanado neste 1ivro, mas este não é o objetivo. Concorda-se com Kraak e
Ormeling (1997) ao apresentarem várias razões para a Cartografia ter um
lugar importante nos SIGs:
a) os mapas são direta e indiretamente uma interface para SIG;
b) os mapas podem ser usados como forma de visualização, ajudando
na exploração dos dados para descobrir padrões e correlações;
e) os mapas podem ser usados na comunicação visual dos resultados
da exploração dos dados e além disto;
d) eles também são importantes como entrada de dados em um SIG; a
qualidade da saída depende muito da qualidade dos dados de entrada.

Há muitas outras razões para a Cartografia ser considerada como o


"centro" de um SIG. Porém, como este livro visa atender um amplo público,
incluindo analistas de dados, neste momento é mais relevante discorrer sobre
como usar o método cartográfico. Por conseguinte, a Cartografia deve ser
considerada como suporte essencial para quase todos os aspectos de
manuseio de dados espaciais. Ou seja, é imprescindível para quem vai utilizar
SIG ter conhecimentos de Cartografia e, assim utilizá-la adequadamente. A
habilidade de trabalhar com mapas, analisá-los e interpretá-los corretamente
é uma característica desejável para os usuários de SIG. Contudo, sabe-se
que em nosso país esta habilidade, que deveria ser tarefa da educação formal,
não é desenvolvida na criança. As escolas não trabalham com a linguagem
cartográfica, colaborando assim para formar cidadãos analfabetos em
Cartografia. A grande maioria da população não sabe ler um mapa. Contudo,
é interessante observar que os manuais de SIG desconhecem estas deficiências
e consideram os usuários conhecedores de mapas.
102~~~~~~~~~~~-CAA_T~-™~~_-R_Effi_&_NT~A~_·o~,C_OMU_N_ICAÇÁ-'-O_E~_u_AL_l~~~-º~~ºAOOS~~-~-w_s

No processamento da informação espacial (geoprocessamento) o dado


não precisa estar disponível em mapas. Podem existir dados representados
por seus atributos geométricos (coordenadas, endereço postal, forma,
extensão e conexões) e lógicos (taxonomia) dispostos na base de dados.
Com essas características satisfeitas, a estrutura de armazenamento e a
manipulação de dados digitais permitem que sejam processadas as análises,
relações, conexões, etc., sem precisar de inspeção visual, ou seja, de mapas
(Silva, 2001 ). As saídas podem ser em tabelas. Mas, ao se executar desta
maneira pode-se deixar de aproveitar a oportunidade para adquirir
informações adicionais do processo. A visualização proporciona a análise
de tendências e de padrões que apenas a mente humana consegue obter.

4.6 ASPECTOS IMPORTANTES DOS MAPAS COMO ENTRADA DE DADOS


EM SIG
Conforme explorado por vários autores da literatura técnica pertinente
(Robinson et ai., 1995; Silva, 2001; Montgomery; Schuch, 1993) um SIG é
composto de:
a) hardware: computador e periféricos de entrada e de saída;
b) software: programas constituídos em módulos para a execução de
variadas funções;
c) dados: elementos fundamentais de um SIG em que são, geralmente,
a parte mais dispendiosa de um projeto, e
d) peopleware: o profissional, a pessoa responsável pela
implementação e uso de um SIG.
Todos os componentes supracitados, quando juntos (Figura 4.4),
formam o chamado sistema de informações geográficas. Cada uma das partes
que constituem este sistema tem uma importância, porém, existem duas delas,
sem as quais, ele poderia ser inviabilizado: a primeira é o profissional que
implementará um SIG. Se esse profissional não tiver claro o que está buscando
(formular a questão principal com objetividade) e se não for treinado
adequadamente, será difícil obter sucesso no seu projeto de SIG. A segunda
refere-se aos dados, que é o outro elemento fundamental de um SIG.
REALIDADE

~~~~~~-H-A_R_D_W~A-R-E~~~~~ TIP OS

·MAPAS
·MAPAS
EXISTENTES · TABELAS
·OBSERVAÇÕES
DE CAMPO
1-,,....-..~ SAIDAS ....
·FIGURAS
PERIFÊRICÓS
- MEIO
-SENSORES
-DIGITALIZA·
@ MAGNÊTICO

~
ÇÃO

·ARQUIVOS
DE TEXTOS

-SCANNERS
SOFTWARE
• ENTRADA DE DADOS
-MEIO
MAGNÊTICO • ESTOCAGEM E MANEJO DE DADOS

· TRANSFORMAÇÃO DE DADOS

- INTERAÇÃO COM O USUÁRIO

• REPRESENTAÇÕES

-SAIDAS

.t&

\ USUÁRIO
\
Figura 4.4 - Componentes que formam um SIG

Sabe-se que no Bras il, os dados d isponíveis na form a digita l são escassos
e, na maioria das vezes, desatuali za dos. A conseqü ênc ia disto são as não
rara s difi cu ldades para se encontrar mapas que integrem os dados de u m
SIG . Na prática, a aqu isição de d ados pa ra SIG é feita aquém do ideal. M u itas
vezes, os dados cartográfi cos são váli dos por tempo d iferenciado; apresentam
distintas reso luções espaciai s; algun s podem ter sido coletados diretamente
n o ca mpo, en qu anto out ros re sultam d e mapas ex istentes qu e foram
genera l izados com magni tude descon hecida; outras vezes são resultantes
de amostras randômicas, outros por levantamento completo, enquanto alguns
arqu ivos p recisariam ser compatibil izados por transformações numéri cas de
p rojeções cartográfi cas, d entre outras.
Numa situação ideal, tod os os dad os, para que pudessem ser
u ti lizados em aná lises espac iais no ambiente SIG, deveri am ser identificados
e medidos na mesma data, com a mesma reso lução espac ial, de aco rdo
com procedi mentos idênti cos e, por conseq üência, usar a entrada no SIG
com o mesmo método (Kraak e Ormeling, 1997). Como a situação ideal
não existe, é preciso interpretar os resultados das análises espaciais com
cuidado. Seria necessário indicar no SIG a qualidade dos dados inseridos
para se decidir sobre a validade dos resultados. Por exemplo, é necessário
ter cuidado ao cruzar_ informações fornecidas por um mapa geológico na
escala 1: 500 000 com aquelas de um mapa do uso e cobertura da terra na
escala 1: 50 000. A precisão de localização do primeiro, salvo outros erros,
é da ordem de 250 metros e a do segundo, de 25 metros (dez vezes maior).
o resultado deste cruzamento deve ser observado tendo em mente este
conhecimento. Não se pode obter a mesma qualidade locacional do mapa
de uso e cobertura da terra.
Além da qualidade geométrica, existe ainda a qualidade temática dos
mapas a qual envolve a questão dos limites corretos de cada classe ou feição
e os atributos destas. Um exemplo de feição polígono poderia ser tipos de
solos aos quais estariam associados atributos como textura, cor, umidade e
profundidade. Outro exemplo é a feição linear- via-onde os atributos a ela
associados poderiam ser: número de faixas, tipos de acostamento, pavimentos,
manutenções, quantidade média de tráfego/dia, número de acidentes/ano
em trechos. É evidente que os atributos das feições mapeadas são
armazenados e gerenciados em arquivos separados da base cartográfica. A
ligação entre eles é feita por registro espacial; assim, seria conveniente saber
a origem, data, técnicas de levantamento empregadas e a acurácia dos dados
que são utilizados como entrada em um SIG. Isto daria maior segurança
para a determinação dos cruzamentos de dados e interpretação dos resultados
de um SIG, além de testar a confiabilidade deste poderoso instrumento.
CAPÍTULO 5
COMUNICAÇÃO, VISUALIZAÇÃO E
FUNDAMENTOS DA REPRESENTAÇÃO
CARTOGRÁFICA

5.1 (OMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA

y A origem da palavra comunicação nos remete à idéia de comunhão,


comunidade, pelo intercâmbio de informações. A comunicação é algo que
se experimenta em vários campos e esta experiência se consolida através
dos meios de comunicação (Barbosa; Rabaça, 2001 ). /
Na área da Cartografia, a_Ç_Qfl1unicação é_ intr_í_Q~~_q1 e'--Q_rincip_~Lmente,
uma pr~q_çuEação qa ~~rtografia temática; e neste conte~to, é pesquisada há
pelo menos drl_quenta anos e continua_ aberta às pesquisa~. Na cartografia
de base ou topográfica, a simbologia para a confecção dos mapas foi definida
há muito tempo e por isto é mais usada e conseqüentemente experimentada.
Na maioria dos países, ela tem sua simbologia definida por normas, que são
mais ou menos idênticas no mundo ocidental.
\ Na cartografia temática, os temas a serem mapeados são muitos e
variados. Por isto, a construção de cada mapa temático é sempre um novo
desafio, tendo sempre em mente a confecção de um mapa eficiente. Qmapa
temático deve cumprir Sl.J.? função, ou seja, dizer o quê, onde e, como ocorre
determi_nado fenômeno geográfico, uti 1izando símbolos gráficos
especialmente p_l_anejados para facilitar a compreensão de diferenças ou
semel~a_nçªs,_pelo-u-súârio a quem se destina.
1O6 (ARTOGRAflA - REPRESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO EVlSUALIZAÇÃO OE DADOS ESPACIAIS

'=._azer _rrmpas com a ajuda dos comp_LJtadg!"es tornou-se mais fáci 1do
que e sua execução por processo manuat. Eles permitem a-experimentação,
o refázeÇsem-grandes prejuízos financeiros. Aceleraram também o processo
de construção do mapa e trazem uma certa padronização para as saídas ou
visualização. Se estas padronizações, adaptadas dos processos manuais,
embutidas nos softwares como caixa preta, estão sendo eficientes para a
construção de mapas temáticos, principalmente os socioeconômicos, são
questões discutíveis, que não cabem neste momento.
Diversos pesquisadores, em nível mundial, estão preocupados com a
introdução dos computadores na Cartografia, ou de outro ponto de vista, da
Cartografia nos computadores. Estas preocupações referem-se ao processo de
confecção e uso de mapas que envolvem a comunicação cartográfica, a dinâmica
dos displays (disposição/apresentação) de mapas e as limitações do instrumental.
Taylor (1994), por exemplo, enfatiza que o processo de comunicação cartográfica
para a confecção e uso dos mapas tradicionais é diferente daquele envolvido
nos mesmos processos para os novos produtos eletrônicos. A percepção do
cérebro humano para imagens eletrônicas não é a mesma daquelas dos produtos
tradicionais. Consideram que as novidades criadas pelas novas tecnologias, como
a interatividade e o som, podem revitalizar a comunicação cartográfica.

5.2 ETAPAS DA PESQUISA EM COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA

Segundo Peterson (1994) e Wood e Keller (1996), as pesquisas em


comunicação cartográfica tiveram as seguintes fases:
a) No início dos anos 1950, a Cartografia incorporou os métodos de
pesquisa da Psicofísica para examinar as relações entre estímulo-
resposta e símbolos individuais.
b) No final dos anos 1960 e início dos anos 1970, os pesquisadores pro-
duziram teorias sobre a comunicação cartográfica, 1 tentando formalizar
o processo cartográfico. As pesquisas estavam direcionadas para a
psicologia cognitiva: o interesse central era descobrir como os mapas
eram processados mentalmente e lembrados pelo cartógrafo e usuário.
Modelos de comunicação cartográfica foram amplamente publicados
na literatura; entretanto, a ênfase em cognição não chegou a ser tão
dominante quanto da psicofísica. Aos poucos, os mapas vistos como
Simielli (1986) destaca que no final da década de 1970 a Cartografia passa a ser considerada
dentro da visão de comunicação visual. Neste sentido, foram suscitadas diversas questões
na Comissão IV - Comunicação Cartográfica, da ICA, entre elas, que as representações
cartográficas cobrem sobreposições entre as ciências da informação e da comunicação.
_c~_rr_ul_oS_-_c_~_1uN_C~AÇÂ-º~·~_su_Af_l~~~-º-Ef-UN_DM_l[_NT_~_M_Rr_.PR_Br_Nt~A~_·o_a_Rr_oc_;RÃ_F1c_·A________________~107

modelos de comunicação declinaram, em parte devido à dificuldade


de interpretar os resultados das experimentações cognitivas com mapas,
mas, principalmente, por causa do surgimento dos computadores.
e) No início dos anos 1980, os microcomputadores desviaram o interesse
pela experimentação cognitiva para o entendimento da nova
tecnologia e como desenvolver tal tecnologia para automatizar as
operações cartográficas e implementar algoritmos com esta finalidade.
Estava acontecendo um processo de adaptação às inovações
tecnológicas, em que as novas ferramentas introduzidas deveriam
ser integradas às novas formas de comunicação cartográfica.
d) Nos anos 1990, ressurgiu o interesse pela cognição na Cartografia.
Os computadores pessoais tornaram-se equipamentos que
produziam mapas em papel e eram um novo meio de comunicação.
A flexibilidade oferecida pelos computadores, para estocar dados
matriciais, vetoriais e textos que podem ser acessados e combinados,
conduzia à exploração de novas alternativas de representação
cartográfica sem adicionar custos, e isto era uma coisa inédita.
Houve um retorno à cognição, considerando, então, o processo
mental que envolve a dinâmica de display associada à visualização.

A computação gráfica, proporcionando a dinâmica de displaye também


a interatividade, trouxe uma novidade à Cartografia: a flexibilidade na visualiza-
ção de mapas. Portanto, a visualização passou a assumir um papel preponderante
ao lado da comunicação cartográfica. Entretanto, as tecnologias disponíveis
proporcionam muitas escolhas, as quais podem conduzir à má compreensão e
subutilização da informação de uma base de dados acessada.

5.3 MODELOS DE COMUNICAÇÃO CARTOGRÁFICA

Existem várias representações esquemáticas do processo


comunicacional. Apesar de este ser concebido a partir de enfoques diversos,
permanece praticamente ligado ao clássico esquema tricotômico da
comunicação apresentado por Aristóteles: (a) a pessoa que fala - fonte; (b) a
mensagem; e (c) a pessoa que escuta - receptor (Barbosa; Rabaça, 2001 ).
Variações destes componentes introduziram os sinais(simbolização) e o ruído,
conforme mostrados na Figura 5.1. O ruído é qualquer interferência em um
sistema de comunicação que possa causar perda de informação.
Os modelos de comunicação na Cartografia tiveram como base o modelo
da Figura 5.1, inserindo as palavras: realidade, mapa, cartógrafo, e usuário, com
10B~~~~~~~~~~~~ÚR~T~_;w_~---~-~-™_NT~~-ÁO~,c_OM_U_NlCAÇA_,_·o_E_~~-M_~_~~·º-~-OADOS~-~-~-CIAIS_

algumas variações. O modelo da comunicação da informação cartográfica foi


desenvolvido em 1969 por Kolacny, simplificado por Salichtchev em 1978 e
difundido em várias línguas (Simielli, 1986), tornando-se conhecido como
processo de comunicação cartográfica (Figura 5.2). Nesse modelo, o ponto inicial
do processo de comunicação cartográfica é o mundo real. O cartógrafo estuda
a realidade para adquirir a informação e utiliza a sua percepção de mundo real
para confeccionar o mapa (mensagem). Seu papel é muito importante, pois
deverá definir uma série de características que tornarão o mapa cada vez mais
útil à medida que for melhor projetado. Na outra parte, para completar o processo
de comunicação, está o usuário do mapa (receptor) que deve ser o intérprete e
assim decodificar a mensagem . - - - - - - - - - - - - - - - - - - - .
do' mapa. Outras variações
Fonte Sinal Receptor
desse modelo foram desenvol-
vidas para a cartografia analó-
gica nos anos 1970 e 1980 o Ruido

qual continuou a sofrer adapta- Figura 5.1 - Esquema básico de um processo de


ções na era da cartografia comunicação
digital, como veremos a seguir. Fonte: Barbosa e Rabaça (2001)

CONFECÇÃO USO DO MAPA


DO MAPA

lnfonnação de
fonte direta/indireta

percepyão
conhec1memto
experiência
/
\

.
I
CARTÓGRAFO
(emissor)
\. :
I
USUÁRIO
(receptor)

~~~~~f \:
Mapa. de " "
Criação da
Mensagem

MAPA
'.
. I

(mensagem)
1

A cepção
ma inação
n~ecimento
motivação

Figura 5.2 - Modelo de comunicação na cartografia analógica, reinterpretado, cuja


base são os modelos de Salichtchev e Ratajski mostrados por Simielli
Fonte: Simielli (1986, p.51 e 55)
_Cm_·ru_L_O5_-_C_G\\_u_NICA--'ÇA'--.º...;....'Vl_SU_AL_IZA__
ÇÃ_o_cr_uN_DAMI_Nr_os_DA_R_EPR_ESE_NT""""'AÇ_Ão_cA_RT_OG_.RA_·
flC_A_ _ _ _ _ _ _ _ _ , 09

5.3.1 (OMUNICAÇÃO NA CARTOGRAFIA DIGITAL

O modelo de comunicação cartográfica, mostrado na Figura 5.3, tem


como base o modelo da cartografia analógica, esquematizado na Figura
5.2. A diferença deste é o processo contínuo de interação entre seus
componentes, possível graças à cartografia automatizada.

8\ L~......... ···' ~
~ri§!J
r-:"~doDodo~
CARTÓGRAFO 4 USUÁRIO

~~~
Figura 5.3 - Modelo de comunicação na cartografia
automatizada

Examinando o modelo, verifica-se que os dados do mundo real são levanta-


dos por outras pessoas, as quais podem tanto ser fotogrametristas, topógrafos,
geógrafos, agrimensores, ou agentes de dados censitários. O cartógrafo utiliza o
dado, bem como sua percepção do mundo real, para confeccionar o mapa, que
refletirá a visão do cartógrafo considerando a seleção, classificação, simplificação
e simbolização dos dados. O mapa é interpretado pelo seu leitor, que formará
uma imagem mental do mundo real próxima à do cartógrafo ou diferente dela.
Os ruídos na comunicação podem ser derivados de erros no processo
de representação cartográfica, ou do método de mapeamento, ou ainda
devidos a problemas por parte do usuário, que interpretou errado as
informações cartográficas ou não as compreendeu a contento. Portanto, o
propósito da comunicação cartográfica é evitar que aconteçam tais confusões.
O usuário do mapa pode interagir com o cartógrafo até que consiga
perceber os dados mapeados de forma muito próxima daquela imaginada
pelo seu construtor, e assim sanar seus problemas. Ele pode também sugerir
ao cartógrafo novas representações ou a inclusão de novos dados no banco
110~~~~~~~~~~~-C_AA_T~_·RM_~_-_R!PRBEN~-l~A~_·o~,c_oM_UN_~~A~_·o_E~_w_~-~-~_o_oE_DAOOS~-~-~~ws

de dados. O diálogo entre o cartógrafo e o usuário está associado à facilidade


de experimentações fornecidas pelos computadores, a qual permite diminuir
o "ruído" na comunicação cartográfica. Possibilita ao primeiro avaliar o seu
produto, podendo ajustá-lo até satisfazer os objetivos a que se propôs.
Lindholm e Sarjakoski (1994) apresentam um modelo de comunicação
cartográfica quando se utiliza SIG para produzir, analisar e apresentar mapas.
Neste caso, o usuário é também o cartógrafo. O ponto inicial para o SIG é a
base de dados; e os dados seguem um fluxo contínuo, sendo questionados,
percebidos e modificados. Uma crítica a esse modelo é que ele aponta um
usuário difuso; não há um lugar para ele, (Figura 5.4).

~ SAIDA ............. REALIDADE


Percepç~

I
Modelo Mental Base de
do Usuário Dados

\ Ação -conJ.de

@ -

Q
Informações

Processo
~ENTRADA~ ~Fluxoda
Informações

Figura 5.4 - Modelo de comunicação em um SIG


fonte: Lindholm e Sarjakoski (1994)

5. 4 TEORIA DO PROCESSAMENTO DA INFORMAÇÃO NA MENTE HUMANA:


O MODELO DE KLATZKY

Este assunto será abordado apenas para auxiliar no entendimento do


processo de comunicação e visualização em Cartografia. Não é a práxis
desta obra discutir exaustivamente os modelos de processamento da
informação na mente humana, mesmo porque não cabe aos cartógrafos tal
tarefa. Mostra-se neste texto apenas o modelo simplista de Klatzky apresentado
por Peterson (1994), com o objetivo de exemplificar uma possível forma de
processamento das informações na memória humana.
Segundo o modelo, (Figura 5.5), existem três compartimentos de estocagem
na mente humana, os quais são diferenciados pela quantidade de informações
processadas. O processamento da informação visual inicia na memória icônica,
tão logo o registro sensorial capte a informação. Essa memória é um tipo de
_c~_T_UL_o_S_-_CO\l
__ UN_C~A~_·o~.~--UA_ll~_~~-º-E_ru_ND_M_[_NT_~_D_AR_E~_c~_N_~~~-º-~_RT_oc_;RA_·n_cA__________________~111

imagem física dentro da retina, com capacidade relativamente ilimitada e não


afetada pela complexidade. Para a informação icônica mover-se para a memória
de curta duração - MCD é requerida a atenção, pois poderá ser necessário
"focar" alguma coisa e rejeitar estímulos vizinhos. Essa memória tem duração
mais longa do que a icônica, mas tem uma capacidade mais limitada que a
primeira e também é afetada pela complexidade da informação. Ela serve para
fazer conjecturas sobre o que se vê e busca auxílio na memória de longa duração
- MLD para comparar padrões. Na MLD, estão estocados os conhecimentos
adquiridos previamente, utilizados para reconhecer padrões. Desta forma se
completa o ciclo da percepção visual baseado no reconhecimento de padrões.
Existem outros modelos que descrevem como acontece o processo de
fusão dos dados observados, com aqueles adquiridos previamente e estocados
na MLD. Um deles argumenta que a feição observada é quebrada em pedaços;
cada pedaço é comparado com o estoque de dados da MLD, até que seja
reconhecido. Nenhum dos modelos esclarece como um padrão é
reconhecido somente com sua descrição estrutural.

PROCESSAMENTO DA INFORMAÇÃO NA MENTE HUMANA


Estoques Processamento
de memória d~ Informação

Memória Registro
Icónica Sensorial
Memória de Estocagem visual
Curta Duração de curta
(MCD) duração

Memória de Memória visual


Longa delonga
Duração duração
MLD
Na confecção e uso do mapa
existe um estimulo mental:
percepyão) Isto faz com que
memória se reconheça
reflexão a Cartografia
É o Estado X atenção muito próxima
Estimulo motivação da cognição

Figura 5.5 - Teoria de Klatzky: reconhecimento de um estado do Brasil


Fonte: Adaptado e traduzido de Peterson (1994)

5.5 COGNIÇÃO E CARTOGRAFIA

5.5.1 COGNIÇÃO

Cognição é o ato ou processo de conhecer. Inclui a atenção, a


percepção, a memória, o pensamento, a imaginação, o juízo e o discurso. O
termo cognição tem origem na Filosofia e é observado nos escritos de Platão
11 2 (ARTOGRAflA - RfPRCSCNTAÇi.O, COMUNICAÇÃO E VISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

e Aristóteles. Com o passar do tempo a Psicologia separou-se da Filosofia,


passando ·a se preocupar com a cognição, que vem sendo tratada de diversos
pontos de vista. Um campo de estudo da cognição é a organização da
informação cognitiva. Neste caso, é estabelecido um paralelismo entre o
cérebro humano e os conceitos utilizados nos computadores, tais como
armazenamento, codificação e memorização da informação.
Os psicólogos sociais têm estudado a consistência cognitiva, ou seja,
a tendência que os atos e as crenças das pessoas têm de ser consistentes
logicamente. Flavell 1977 (apud Peterson, 1994) define a cognição como
"processo inteligente e produto da mente humana", incluindo atividades
mentais como percepção, pensamento, raciocínio, resolução de problemas,
e imagens mentais. Estas últimas, segundo o autor, têm sido um dos tópicos
centrais em estudos de cognição.

5.5.1.1 (OGNIÇÃO VISUAL

Cognição visual é o uso de imagens mentais no pensamento. Ela é


importante para realizar diversas atividades, tais como:
a) raciocínio-combinação de elementos familiares para novos proce-
dimentos ou como linha de partida, usando somente componentes
elementares;
b) aprender uma habilidade - a imagem é usada para definir
movimentos físicos, como o treino de esportes;
c) compreender descrições verbais para se chegar a certo lugar. - a
imagem mental parece ser vital para a interpretação de uma descrição.
A cognição também é usada para o entendimento dos nossos
movimentos no espaço, a partir da interpretação de um mapa;
d) criatividade- ou seja, imagens que podem estimular a descoberta
de novas invenções e criar novos conceitos.

A cognição cartográfica é entendida por Taylor (1994) como um processo


que envolve o uso da mente no reconhecimento de padrões e suas relações
no contexto espacial. Isto é, uma função analítica a qual não pode ser facilmente
replicada pelos softwares SIG, devido ao seu processamento analítico linear.
Entretanto, ela pode ser realçada pela visualização cartográfica.

5.5.2 IMAGEM MENTAL EMAPAS


A imagem mental é definida como uma representação interna
semelhante à experiência sensorial, mas originada na memória. É uma
__~_s_-_c_~_uN_~AÇÃ
_CAPfru __&_m~A~~º-ª-RT_~_RA_r1c_A_________________ 113
~_~_SUA_u~_~~º-E_FU_NO_M'l._m_~_o_ARCPR
..............

visualização interna (Peterson, 1994). Uma imagem mental tanto pode ser
criada a partir do material estocado na memória quanto ser um esboço mental
de coisas nunca vistas. As imagens mentais foram estudadas na Cartografia,
nos anos 1980 e 1990 com os seguintes objetivos:
a) verificar a relação entre imagens e mapas;
b) usar imagens como mapas;
e) estudar imagens mentais derivadas de mapas e
d) estudar como as imagens mentais, em forma de mapas cognitivos,
são usadas para estimar distância e direções.

As imagens mentais do espaço geográfico, formadas na mente humana,


são denominadas de mapas mentais ou cognitivos. Eles são a imagem de uma
área ou lugar que uma pessoa constrói na mente e derivam da experiência
nesse local ou da informação que dele tem por vários meios (filmes, livros, jor-
nais, etc.). Na maior parte dos casos, o mapa mental é substancialmente diferente
dos mapas reais dos atlas: as distâncias e as direções estão distorcidas, as partes
bem conhecidas da área são representadas em detalhe no mapa, enquanto outras,
menos conhecidas, são apenas esboçadas ou vagas (Small, 1992).

5.6 VISUALIZAÇÃO NA CARTOGRAFIA

A dinâmica de displaye a interatividade fizeram a visualização assumir


um papel preponderante na Cartografia no início da década de 1990. Muitos
pesquisadores ressaltavam empolgados que aconteceria uma verdadeira
revolução científica, especialmente na Cartografia. Os argumentos para tais
afirmações eram as novas oportunidades que a computação proporcionava
para transformar as imagens mentais e a comunicação. Até então, a
visualização na Cartografia era entendida como uma maneira de observar
dados e isto acontecia, basicamente, de duas maneiras:
a) com imagens oriundas de fotografias aéreas ou de satélites e
b) pelo arranjo de traços, pontos e textos que formam uma
representação visual de fenômenos espaciais selecionados, que se
convencionou chamar de MAPA.
MacEachren e Kraak (2004) comentam que nomes expoentes da
Cartografia mundial, como Philbrick (1953), Rimbert (1973) e Freitag (1993)
defendem a idéia de que, em todos os níveis de mapeamento, sempre se está
envolvido em algum tipo de visualização. Isto é verdade se for considerado o
senso de tornar algo visível. No entanto, esta concepção, dizem MacEachren e
114~~~~~~~~~~~-(AA_TOG_W~~--R-~_~_Nt~A~~º~•º-~_UNIOl__..ÇAO_._E~_~_AUZA___.._~_o_~_DADOS~~-l\ClAl~S

Kraak (2004), ignora a evolução do significado de visualização que está associada


a caminhos específicos nos quais a tecnologia da computação é utilizada para
facilitar o processo de "tornar visível" o objeto desejado em tempo real.
Para discutir essa nova concepção de visualização na Cartografia,
MacEachren e Taylor editaram, em 1994, um compêndio para dar
oportunidade ·aos nomes conceituados da Cartografia contemporânea de
apresentarem sua visão particular do que seria a visualização cartográfica
no início de década de 1990. Observa-se no livro que não havia um consenso
sobre um conceito moderno de visualização cartográfica ou geovisualização,
como também é denominada.
No próximo item, serão apresentadas algumas das idéias trazidas
naquele compêndio e em outras publicações mais recentes. Aparentemente
chegou-se, no final da década 1990 e início deste século XXI, a um acordo
entre muitos pesquisadores do qµe seria a visualização na Cartografia.
Contudo, antes de continuar discorrendo sobre visualização na Cartografia
é preciso esclarecer o que ela é fora da Cartografia.
A visualização é um método da computação em que a computação
gráfica e a tecnologia de processamento de imagens são usadas em aplicações
científicas de análise intensiva de dados, visando transformar o simbólico
em geométrico, capacitando assim o pesquisador a observar suas simulações
e cálculos (Mccormick et ai., 1987 apud Wood; Kelller, 1996).
A visualização permite ao pesquisador produzir rapidamente um número
de imagens com diversas combinações das variáveis de um conjunto de dados.

5.6.1 DISCUSSÃO SOBRE OS MAPAS COMO FERRAMENTA DE ANÁLISE VISUAL

A comunicação cartográfica é importante sempre que os mapas forem


apresentados de forma definitiva ao usuário. Então, a visualização, a leitura
ou a interpretação do mapa por parte do usuário acontecerá sem que ele
possa modificar o conteúdo, a simbologia ou a disposição dos elementos
que formam o mapa.
Quando um mapa permite a interação do usuário, considerando desde
a seleção dos fenômenos que deseja visualizar até a escolha da simbologia
para os fenômenos selecionados, ele deixa de ser apenas um veículo de
comunicação e passa a ser uma ferramenta de análise visual. O uso de
ferramentas computacionais permite ao usuário explorar possibilidades de
visualização dos dados as quais o leva ao entendimento dos fenômenos em
situações profissionais práticas ou em estudos científicos (Sluter, 2001 ).
~CAf_
~T~UL~
o_S -_C_o_
MU_
N_
~~~~
º·-
~-SU_
All_
~~~-
º c_ru_N_
DM_~_Nr_
~_™_R_r~_B_IN_IA~~·o_C_
AR_To_
c_RÁ_
flC_
A~~~~~~~~~115

O utros conceitos de visuali zação foram apresentados por pesquisadores


no início da década de 1990 e evoluíram no decorrer dos anos, agregando
novas ap licações e im pli cações co rn o se observará a seguir.
D i Bi asi (1990) co nsidera a visual ização corno uma ferramenta de
pesq uisa c ientífi ca, na qual os mapas desempenh am papel fundamental na
seqüênc ia de uma pesq ui sa ou de um processo de análi se ou de planeja mento :
no início - fase explo ratóri a dos dados; fase intermed iária - na síntese e
confirmação de hipóteses; no final - para a apresentação dos resultados. Na
verd ade, para ele a visua li zação é um comp lemento da comunicação, ass im
como para MacEachren (1994).
D i Biasi (1990) e MacEachren (1994) incorporaram o pú blico e o pri vado
a estas fases. No domínio privado, os mapas são utili zados pe lo autor e/ou
usuári o com o objetivo de adqui rir conhecimento, proceder às análises e tornar
decisões. As conclusões ou resu ltados são apresentados em um conjunto de
inform ações que incl uem mapas já de domínio público (Figu ra 5.6) .

Comunicação
Visual

Domínio
Público

Figura 5.6- Representação de Di Biasi para a visualização como


ferramenta de pesquisa científica
Fonte: Adaptado e traduzido de MacEachren (1994, p.3)

Alguns pesq uisadores enfatizam os usos da v isualização, fazen do


distinção entre a visua li zação para análi se e aquela pa ra a comunicação;
outros acreditam não haver esta distinção, apenas urna alternação entre ambos
consideran do su a impo rtâ ncia tanto na função analítica e cognitiva ela
Ca ~tografi a, corno na função de comunicação.

Taylo r (1994) entende a visualização como um suporte à pesqu isa, tanto


na Ca rtografi a como nas c iênc ias em geral e que também provoca um impacto
116~~~~~~~~~~~-C_ART_~_RAf~~-_R_E~_~_NT~A~~·º~·~-~_tuN_~~~-º-E-~_uAf_~~~-º-m_o_AflOS~~-~~IAIS

sob três aspectos principais: o da cognição, o da comunicação cartográfica e


o da dependência do formalismo da tecnologia dos computadores. A
visualização cartográfica poderia, neste caso, ser encarada como um
"sinônimo" de cartografia, pois ela inclui imagens mentais e comunicação
visual. A diferença se dá na ênfase à tecnologia que proporciona a visualização,
a computação gráfica, sem restringi-la à pesquisa científica (Figura 5.7).

Comunicação
(novas técnicas de disposição)

Visualização -
~
Formalismo
(novas tecnologias da computação)

Figura 5.7 - Uma base conceituai para a Cartografia


Fonte: Traduzido de Taylor (1996, p.12) e MacEachren (1994, p.4)

A Cartografia moderna deve ser considerada sob três aspectos, conforme


pode ser visto na Figura 5.7 (Taylor, 1994): a base do triângulo representa os
aspectos da produção cartográfica, com ênfase nos processos e técnicas
denominados de formalismo. Nele são considerados os novos equipamentos
e ferramentas de produção, incluindo técnicas computacionais, multimídia,
vídeo, televisão interativa e realidade virtual. Todas estas novidades tecnológicas
provocam mudanças na concepção do desenho cartográfico, que precisa
adequar-se às respostas procuradas. No segundo lado do triângulo está a
comunicação incluindo, algumas vezes, além do desenho, elementos como
som e tato. O terceiro lado do triângulo comporta a cognição e a análise.
A ênfase de Taylor para a visualização é concernente à representação
cartográfica na produção do mapa, enquanto MacEachren (1994); MacEachren
e Kraak (2004) e Monmonier (1994) enfatizam o uso do mapa e a interatividade
em tempo real proporcionados pelo desenvolvimento tecnológico.
No modelo de um cubo apresentado na Figura 5.8, Kraak e Ormeling
(1996) adaptaram o modelo de MacEachren (1994) para o uso de mapas em
situações distintas de visualização, envolvendo três aspectos: interação,
público-alvo e status do conhecimento, que interagem sem um limite
específico. A interação pode ocorrer em diferentes graus, variando de alta
até baixa interação usuário/mapa; o status do conhecimento pode revelar o
que se sabe ou apresentar o desconhecido; enquanto o público-alvo pode
interagir de forma particular ou então evoluir até uma apresentação pública.
ÚPÍTULO 5 - ( OMUNICAÇÁO, VISUALIZAÇÃO [ f UNOMl[NTOS DA RfPR[S[NTAÇÁO CARTOCRAflCA 11 7

alla interatividade
gráfica para )
revelar padrões espaciais
para um individuo

Alta

o
1(1)
baixa interatividade 1~
gráfica na Q)
apresentação e
para o público

\ Baixa
uso do mapa

"'ºº -
c,o~-r-0 p·ublico Privado

Figura 5.8 - Cartografia e o uso de mapas a partir elas novas tecnologias da


computação: as três principais situações para visualizar mapas em um SIG
Fonte: MacEachrcn ( 1994) e Kraak; O rmc ling ( 1996)

Considerando a apresentação, a aná li se e a ex ploração de dados,


veri fica-se que, tanto a visu ali zação qu anto a comuni cação estão presentes
em quai squer destes processos; a ênfase em cada uma está nos extremos cio
c ubo, o u sej a, ênfase em com uni cação pa ra ap resentar dad os e na
v isualização para exp loração cio desconhec ido.
Cartwright (1999), O rmeling (1999) e M acEachren e Kraak (2004)
convergem na interpretação de que a v isuali zação na Cartografia está ligada
à seleção e apresentação ele dados espacial izados; a interati vidade do usuário
é enfatizada assim como a mu ltimíd ia pa ra a apresentação cios dados .
A com issão que trata cio tema visualização cartográfica na Associação
Intern aciona l de Ca rtografia - ICA coordenou, em 1995, a c ri ação de um
co mpênd io espec i al sobre esse tema co m o o bj etivo de forn ecer à
comun idade ca rtográfica e outras correlatas arti gos que mostrassem como
está acontece ndo o ava nço na v i su ali zação ca rtog ráf ica . Os arti gos
apresentados por diversos pesqu isadores permitiram agrupá-los em três grupos
qu e mostraram as tendênc ias, segundo M acEachren e Kraak (2 004) :
a) anál i se exp lo rató ri a ele dad os espac i ai s, in c lu indo gráficos
dinâmi cos, animações temporais e animações não temporais;
b) hiperlinks e World Wide Web - incluem o desenvolvimento de
prod utos na web para apresentar, divulgar a informação espacial
de forma diferente daquelas tradicionais. Éo caso desenvolvimento
dos atlas nacionais; e a
e) realidade virtual - introduz o conceito de virtualidade e sua
terminologia do ponto de vista da Cartografia, para mostrar em
linguagem VRML um protótipo de mapa de campus.

5.6.2 ESTÁGIO ATUAL DA VISUALIZAÇÃO CARTOGRÁFICA

A visualização cartográfica precisa continuar a ser pesquisada em duas


vertentes distintas, mas não exatamente separadas:
a) Pesquisas dirigidas à teoria da cognição no contexto geoespacial,
ou mais especificamente, conforme Slocum et ai. (2004), ao estudo
de como os humanos criam e utilizam representações mentais do
ambiente terrestre, tanto via mapa, como andando a pé ou de
automóvel no mundo real; como processam mentalmente imagens
não fixas; e como a mente reage à dinâmica de displays. A
disponibilidade das teorias desenvolvidas permite que sejam criadas
e utilizadas as imagens mentais, o mesmo pode ocorrer quando se
tratar da geração de dispositivos para representação adequada quando
os dados forem acessados por qualquer usuário. O problema a ser
pesquisado na cognição precisa levar em conta quem será o usuário:
criança ou adulto (idade, sexo, cultura e outras características
individuais). Uma vez resolvido, pode ser minimizada a necessidade
de os usuários testarem os métodos específicos de geovisual ização.
b) Um segundo aspecto está relacionado à questão da engenharia, ou
seja, desenvolvimento de software para aplicações práticas, isto é que
propiciem facilidade de manuseio e possam dar respostas satisfatórias
aos usuários. Entretanto, os custos, ainda relativamente elevados de
software, associados aos métodos originais de dispor mapas são fatores
que estão dificultando os estudos cognitivos e aplicações práticas
associadas aos métodos de geovisual ização. Os pontos-chave dos
métodos de visualização espacial são: a capacidade de.explorar dados
espaciais, novos padrões de variáveis visuais e as relações a serem
estabelecidas no espaço e no tempo; tudo isso associado a um alto
grau de interatividade ainda não característico dos softwares de
processamento de dados espaciais. Entretanto, não se pode negar a
existência de uma complexidade crescente oferecida pelas novas
tecnologias que facilitam a introdução de "coisas novas" para a apresen-
tação de produtos cartográficos, tai~omo fotografias, sons, movimento,
e realidade virtual. Neste contexto, é essencial, nos dias de hoje,
ç;.__o,_Vl_SUAl_IZA_ÇÃ
_CAP_IT_Ul0_5_-_C_OM_uN_JCA__ __O_E_FU_ND_M1f._NT_os_o_ARf_PR_ES_ENI__,AÇÃ_O_CA_RT_OG_.RÁ_FIC_A_ _ _ _ _ _ _ _ _ 11 9

considerar as implicações de alguns mapas temáticos como ferramentas


de informação espacial interativa e dinâmica em contraste com o tradi-
cional mapa estático. Este funcionava como um dispositivo de estoca-
gem de dados espaciais, que tanto poderia servir como uma ferramenta
analítica (mapas para ler) como de comunicação (mapas para ver).

McGuinness (1994) alertava que após uma primeira geração de usuários


das ferramentas de visualização, formada exclusivamente por experts, viria
uma segunda geração de usuários que estenderiam a visualização espacial a
outras áreas do conhecimento, nas quais poderiam encontrar usuários não
favoráveis a esta nova ferramenta. Citava como não adeptos, os geógrafos,
os geodesistas e cientistas da área ambiental. Entretanto, acreditava que a
geovisualização poderia ser utilizada na educação para comunicar e persuadir
colegas, planejadores, políticos e o público em geral.
No decorrer da década de 1990, observa-se que as crenças de
McGuiness (1994) tornaram-se verdades. Alguns poucos geógrafos e
cartógrafos aderiram a esta nova forma de análise espacial. No Brasil, são
ainda muito poucos os adeptos da geovisualização. Observam-se profissionais
da arquitetura, da computação e educadores criarem e utilizarem mais
intensamente mapas dispostos em multimídia do que geógrafos e cartógrafos
envolvidos neste processo. De fato, embora seja difícil reconhecer, no Brasil
falta muito para se chegar ao estágio adquirido pelos pesquisadores europeus
ou norte americanos. Nossos pesquisadores e a população, de modo geral
precisam, inicialmente, descobrir a utilidade dos mapas, pois ele é um
instrumento de comunicação da informação espacial e não uma mera figura
ilustrativa de livros ou decorativa de paredes para localizar algum lugar.
Acredita-se que tal quadro possa ser revertido com o tempo, se for intro-
duzida a alfabetização cartográfica no ensino formal, considerando a linguagem
própria dos mapas, ou seja, introduzir a aprendizagem do mapa. Isto é uma
proposta inovadora na qual os mapas deixam de ser apenas recursos didáticos
-ensino com o mapa-e passam a ser ensinados como um conteúdo específico.

5.7 DESIGN OU REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA

Etimologicamente, a palavra inglesa design tem origem no latim


designare- designar; portanto, design tem mais afinidade com designo do
que com desenho. Designo significa ''idéia de realizar algo, intenção,
propósito, vontade" e veio também do latim designare, que evoluiu para o
latim designium (Barbosa; Rabaça, 2001 ).
120~~~~~~~~~~~-CAA_T~~m-~_-REPR~B_ENt~A~~·o~,c-~_uN_la~~-º-Ew_u_M_~~~-º-ºE_DADOS~~-~-~-IS

Quando se trata de conceituar o design, o questionamento sobre sua


natureza, tanto como campo de conhecimento quanto campo de atividade
remete invariavelmente à pergunta: como caracterizar o design? Na esfera
da Arte, na esfera da Ciência ou em ambas? Carvalho et ai. (2004) consideram
o design como um ramo da atividade humana bastante amplo, que surgiu
junto com a revolução industrial, englobando uma série de especializações,
dentre as quais podem ser citadas o design de produtos, o gráfico, o design
de moda, de interiores, dentre outras. Estas especializações podem tanto se
apresentar de forma combinada, como no planejamento da identidade
corporativa de uma empresa - atuando no desenvolvimento dos produtos,
das embalagens, da marca, da papelaria, dos uniformes, além da sinalização
e do /ayoutdos seus ambientes físicos, criando uma linguagem comum entre
todos estes elementos -·quanto de forma isolada, como áreas independentes.
Alguns autores definem o design de acordo com a área em que atuam
ou estudam. Carvalho et ai. (2004) tentam conceituar design gráfico da
seguinte forma:" Design gráfico se refere à área de conhecimento e à prática
profissional específica relativa ao ordenamento estético-formal de elementos
textuais e não-textuais que compõem peças gráficas destinadas à reprodução
com objetivo expressamente comunicacional". Mas para os autores, um
objeto é considerado fruto de design gráfico se envolver quatro aspectos
básicos: formais, funcionais-objetivos, metodológicos e, funcionais-subjetivos
(ou simbólicos).
Tanto a linguagem do design produto quanto a linguagem do design
gráfico se revelam pelo projeto, ou seja, "todo projetista tem sua invenção
permeada pelos aspectos materiais da realização da idéia, de tal forma que o
momento da concepção é indissociável das possibilidades oferecidas pelos
recursos tecnológicos escolhidos para realizar o projeto" (Carvalho et ai., 2004).
Archer (1969 apud Wood; Keller, 1996) conceitua o design gráfico como
o ato de "conceber a idéia para preparar uma descrição de um sistema proposto;
artefato, ou agregação de artefatos". Os designers profissionais entendem que
o elemento essencial na definição de design é a noção de conceber na mente
um plano ou esquema de alguma coisa a ser feita.
Os cartógrafos de língua inglesa, freqüentemente, usam o termo design
quando se referem aos processos para preparação e produção de um mapa.
Portanto, referem-se ao design gráfico, independentemente do ambiente automa-
tizado ou tradicional. Devem considerar para tanto que o design não se descuida
de utilizar os melhores postulados da estética para refinar a.forma, assim como
não deixa de usar os conhecimentos científicos disponíveis para conferir
desempenho funcional adequado aos mapas virtuais ou materiais que concebem.
_c~_rr_ul_o_S-_C_OM_U_NC_~~~~º·-~s_uA_ll~_Ç~ÃC_>E_FU_ND_M_~N_T~
__ ~_RE_PR_E~_NM~~-·o_cA_RT_O(_;R,_,rn_A________________~121

No Brasil, o vocábulo design é, algumas vezes, interpretado


erroneamente como sinônimo de desenho. Desenhar significa: "representar
por meio de linhas e sombras, tornar perceptível". Desenho como substantivo
é "a arte de representar objetos por linhas e sombras, delineamento ou traçado
geral de um quadro" (Ferreira, 1979), o que é muito diferente de design.
Carvalho et ai. (2004) apontam que o designer gráfico é alguém que tem
idéias, manipula palavras ou imagens e resolve problemas na interpretação,
ordenamento e na apresentação visual de mensagens.
O profissional desenhista técnico foi, por muito tempo, conhecido no
Brasil como um copista, ou seja, "aquele que passa a limpo" aquilo que um
engenheiro ou arquiteto concebe como projeto. As cartas analógicas executadas
nas empresas brasileiras, privadas ou públicas tinham a participação dos
desenhistas técnicos. Por isto, o cartógrafo era considerado como um desenhista~
Entretanto, na cartografia analógica ou na cartografia digital, o desenho cartográ-
fico, diferentemente dos desenhos na engenharia, é um processo que envolve,
na maioria das vezes, o levantamento e a preparação de dados, e a produção
cartográfica diferenciada, de acordo com o tipo de mapa a ser produzido.
Portanto, exige conhecimentos profundos e específicos. Ao se considerar os
conceitos de design, fica claro que não se pode traduzir design como desenho,
justamente por causa dos sentidos dos vocábulos em ambas as línguas.
O termo cartographic desing, talvez, pudesse ser traduzido de forma
adequada para algumas expressões tais como: preparação do mapa ou
composição do mapa. 2 Porém, nenhum dos dois consegue ser eficiente, pois
ambos não atingem o verdadeiro significado. O termo composição,
etimologicamente, vem do latim compositione (Barbosa; Rabaça, 2001 ). Deriva
do verbo compor que significa produzir, inventar, dar feito ou forma a algo.
Por outro lado, a palavra diagramação, etimologicamente, deriva do francês
diagramme, que por sua vez origina-se do latim diagramma-atis e, este, do
grego diagramma-atos que significa figura geométrica (Cunha, 1999). Segundo
Oliveira (1983), diagramação significa "projeto de página; o que contém
indicação rigorosa das medidas do impresso". O significado de diagramação
deixa claro que ele não abrange o significado da palavra design.
Ao examinar o significado da palavra representação, verifica-se que é
entendida por Oliveira (1983) como "expressão cartográfica de um
fenômeno"; Ferreira (1979) fornece os seguintes significados para essa palavra:
"reprodução do que se tem na idéia - v.t. representar = ser imagem ou
reprodução de; descrever." A origem da palavra representação vem do latim
2 Composição: agrupamento de objetos num quadro ou numa fotografia a fim de se obter
equilíbrio e valorização do assunto principal; disposição prévia dos caracteres lipográficos
para impressão (Oliveira, 1983, p.128).
repraesentatio-oni; ser a imagem ou a reprodução de, (Cunha, 1999).
Considerando tais significados da palavra representação, chega-se à conclusão
que o termo que melhor traduz cartographic desing é representação
cartográfica.
A criação de uma representação cartográfica, ou seja, produção de um
mapa, requer dados que precisam ser preparados, concebidos mentalmente,
considerando um público-alvo e a função do mapa. Os dados são transformados
em informações gráficas que devem representar o fenômeno em consideração,
de tal forma que a informação possa ser interpretada e analisada pelo usuário.
Para se fazer um mapa são necessários dados, conhecimento, imaginação, e
saber qual é o propósito de uso. Quando considera o propósito de uso, o
cartógrafo deverá preocupar-se com a "comunicação visual" a ser estabelecida.
Este é um problema para ser resolvido na representação cartográfica; cada
mapa temático terá uma solução própria. Esta tarefa envolve uma atividade
mental que será mais ou menos complexa, conforme o problema apresentado.
A representação sempre ocupou um lugar na Cartografia, mudando
seu grau de importância através do tempo (Wood; Keller, 1996). Também, se
alteraram paradigmas envolvendo mapas, comunicação e representação.
Apesar das mudanças de concepção, a representação cartográfica continua
a ocupar um nicho na pesquisa, evoluindo na era da informação digital para
uma nova aplicação: a visualização cartográfica em displays eletrônicos.

5.8 A GRAMÁTICA CARTOGRÁFICA


5.8.1 ESTUDO DOS SÍMBOLOS PARA REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA
Tudo que existe no mundo real da superfície emersa pode ser repre-
sentado em dois caminhos distintos: no da Cartografia de base ou Uso geral
(mapas topográficos ou cadastrais, rodoviários, turísticos, etc) ou então pela
Cartografia especializada (em mapas temáticos). Independente do caminho
a ser escolhido para representar os dados do mundo real, o produto desta
representação, o mapa, fornece ao seu usuário uma determinada concepção
do espaço geográfico. As convenções cartográficas são responsáveis pela
descrição do mundo real e conseqüentemente pelo entendimento do mapa.
Muitas convenções, especialmente aquelas dos mapas topográficos foram
idealizadas ainda no século XXVlll, originando a grande coleção de símbolos
que foram mundialmente mais ou menos padronizados e que ainda são
usados.
/

_CAPi_·ru_L_o_S-_C_o_MU_NICAÇ_·~~-'-v1s_uM_V_~~-Al_H_ru_ND_M_~N_H_~_1M_Kr_rK1_~_NTA_~_·o_cA_RT_Ol_;RA_ll(_A~~~~~~~~~l23

5. 8. 2 MAPAS TOPOGRÁFICOS

Os mapas topográficos têm suas convenções cartográficas padronizadas


porque as áreas do conhecimento humano que se utilizam deles, por exemplo,
administração, infra-estrutura, planejamento, construções, também são
padronizadas. As pessoas que usam ou fazem mapas desse tipo podem
aprender a simbologia usual ou normalizada, que uma vez compreendida,
torna fácil fazer a representação ou interpretação dos dados da superfície.

5.8.3 MAPAS TEMÁTICOS

Os mapas temáticos não trazem uma herança de convenções fixas em


suas origens porque sempre há uma mudança de tema e aspectos da realidade
a serem visualizados. Justamente por representarem uma enorme variação
temática, fazem-se necessárias adaptações diferenciadas para cada situação.
Eles não são governados por convenções pré-definidas. Para representar os
diversos temas é preciso recorrer ao conjunto de pontos, traços e áreas, e
arranjá-los de forma a aumentar a eficiência no fornecimento da informação.
Para tanto, são utilizadas as características inatas de variações gráficas, como
a cor, a forma, o tamanho e a textura.
É justamente nos mapas temáticos que as primitivas gráficas passam a
constituir uma gramática própria ela Cartografia. Portanto, ponto, linha e
área constituem as primitivas gráficas ou elementos gráficos básicos para
uma representação cartográfica. Estes elementos gráficos básicos constituem
o alfabeto cartográfico ou a gramática cartográfica (Figura 5.9).

I·~ ~I
Figura 5.9 - Elementos que constituem a gramática
cartográfica

Ponto-é a mais fundamental das primitivas; convencionalmente marca


a posição.
Linha - exibe a direção e a posição; pode ser pensada como uma
sucessão de pontos.
Área - exibe extensão, direção e posição; pode ser pensada como fila
de pontos em duas dimensões.
Usam-se pontos, linhas, áreas e volumes para representar a localização
e qualidade ou magnitude (atributos) de objetos (entidades). Parece óbvio
124~~~~~~~~~~~~C_AA_Toc._.rw_~_-_R_m_&_m~AÇÀC~·>~,C_OM_U_NICAÇA_.._·o_E_m_uM_~_~~º-~~ºAOOS~~-~-IAIS_

que os pontos representam dados pontuais, e linhas representam dados


lineares. Entretanto, o alfabeto cartográfico permite a construção de uma
gama de simbologia, conforme exemplo a seguir.

PONTOS

Na Figura 5.1 O (a), os pontos com tamanhos iguais denotam mesmo


valor (por exemplo: 1000 habitantes). Pon~os que variam no tamanho
representam diferentes valores para localização específica; pontos que variam
no tamanho, considerando limites e proporcionalidade de pontos, podem
estar representando valores de distintas áreas, como demonstrado na Figura
5.1 O (b). Por outro lado, o valor de uma área pode ser decifrado pela soma
dos valores dos pontos impostos numa grade regular sobre a área.
Pontos alinhados representam feições lineares e podem também ser
considerados símbolos de áreas quando cada um deles é centrado sobre
uma certa localização; por exemplo, centro de gravidade de área, sede de
município ( Fig. 5.1 Oa).

Figura 5.1 O- Representações cartográficas utilizando pontos

LINHAS
Linhas expressam dados que podem ser interpretados como ocorrência
linear no espaço. Por exemplo, limites, rodovias, fluxo de carros em determinadas
rodovias(Figura 5.11 ); e também podem ser combinadas para representar áreas,
desde que sejam arranjadas e percebidas como um padrão. Podem ainda
representar volume, ou seja, curvas de nível ou hachuras do relevo.
_ÚffTU~_w_5_-_C_OM_u_NICAÇA_..._·o~·-VISU~M_IZAÇA~--º_E_FU_ND_AMCN~T~~M_R_c~_~_N_~~~Á_o_cA_RT_o_cR_Ár_1c_'~~~~~~~~~-125

REDE VIÁRIA

- Federal
Estadual
Municipal

FLUXO DE VEÍCULOS

--
li 2000

Figura 5.11 - Representações cartográficas utilizando linhas

ÁREAS
As áreas ou zonas de interesse são simbolizadas com a repetição de
pontos e linhas. O arranjo repetido de linhas ou pontos conduz à percepção
de diferenças qualitativas ou quantitativas (Fig. 5.1 Ob) entre as várias áreas
contíguas, desde que sejam distribuídas adequadamente.
126~~~~~~~~~~~~-(AA_T_~_;AA_r~_-_Rr_~_~_NT~~-Ãl_>,c_u_MU_NICAÇ_·~~º_c_~_~_M_~~~-º-~-ºAOOS~-~-~~ws

5. 9 SEMIOLOGIA GRÁFICA

Quando se utilizam as primitivas gráficas em uma representação


cartográfica, pode-se fazer com que os pontos, as linhas ou as áreas sejam
mais ou menos perceptíveis. A maneira de se conseguir isto é considerar a
alteração da sua forma, tamanho, orientação, cor, valor e textura. Essas
variações gráficas foram identificadas pelo francês Jaques Bertin, 3 ainda nos
anos 1960 e denominadas por ele variáveis visuais4 as quais determinam a
representação gráfica compondo uma linguagem bidimensional e atemporal
destinada à visão humana.
Conforme Bertin (1986), existem duas abordagens para se estudar a
representação gráfica. Uma denominada de neográfica5 de tratamento, a
qual procura descobrir relações existentes entre os dados de uma tabela e
como agrupá-los de forma a obter respostas satisfatórias às questões que
precisam ser formuladas. A segunda refere-se à neográfica de comunicação,
que se preocupa com a maneira de fixar e transmitir às pessoas o que foi
descoberto nos dados considerando as duas dimensões do plano (da folha
de papel, ou da tela de um computador) e variando visualmente manchas
que devem atrair a atenção do leitor. Tem como finalidade proporcionar a
percepção rápida do conjunto de dados, como se fosse uma IMAGEM - a
mancha visível pode assumir três significados. distintos em relação ao plano:
ponto, linha ou área. Suas variações ou modulações visuais, conforme dito,
são denominadas variáveis visuais ou variáveis gráficas. Esta abordagem
denominada semiologia gráfica é utilizada na construção de mapas temáticos.
Os resultados das pesquisas de Bertin (1986), quanto à representação
cartográfica, são ainda úteis, mesmo que modificados pela introdução dos
computadores. Seu maior legado para a Cartografia foi a sistematização das
variáveis gráficas, atualmente evocadas toda vez que se quer construir,
principalmente, mapas estatísticos ou socioeconômicos.

O pesquisador francês foi o criador da semiologia gráfica, (Robinson et ai., 1995).


O essencial do trabalho do geo-cartógrafo, Jaques Bertin, publicado em francês, em 1967,
foi posteriormente traduzido para outras 1ínguas.
5
A neográfica, ou como conhecida em francês, la Graphique, desenvolvida por Bertin no
"Laboratoire de Graphiquee da Éco/e des Hauntes Études en Sciences Socia/es", é difundida
pelo mundo por inúmeros especialistas de vários campos de conhecimento que
freqüentaram esse laboratório. Outra forma que contribuiu sobremaneira para divulgar a
neográfica foram as publicações em periódicos científicos e livros traduzidos para diversas
línguas. Em português foi publicado, em 1986, "Graphique et /e traitement Graphique de
lnformation. 11
~
c~
_·r_
uL_
o~5--C~~
-IU_N_
O.Ç
~Ã~
O,~
~~~~'~
~~~~
º-
[ f~
UN~
DN_
,W
_T_
~_D_
AR_r~_rn
_N_
~~
~-
º~
ª R_JO~C:-
~_flC_
A~~~~~~~~~ 127

As preocupações de Bertin com a visualização e comunicação das informa-


ções nos mapas conti nuam sendo objeto de estudo de diversos pesqu isadores,
~u e acrescentaram as ferramentas computacionais às pesquisas, procurando as
melhores formas de representar dados em mapas e também exp licitar quais são
as respostas que a mente humana dá à apresentação de mapas na tela de vídeo.
Em resumo, as regras editadas pela sem io logia para confeccionar mapas
temáticos co ntinuam vá lidas, na sua maioria, agora cond ic ionadas ao novo
instrumental uti lizado para ta l traba lho. O princ ipal gu ia do cartógrafo é o
bom senso. Assi m, as recomendações para uma boa representação temática
são as segu intes:
a) Um fenômeno se tradu z por um só sinal e um só.
O argil a Q grafite 6 areia O cobre

b) U m va lor forte o u fraco se trad uz por um sinal forte ou fraco,


respecti vamente.
c=i 0-9 c=i 10-19
c) As variações qualitativas se traduzem pela variação da forma dos sinais.

D ©O O ~ Ô
d) As va ri ações quantitati vas se traduzem pela va ri ação do tamanho
dos sinais

5.1 Ü
ºº D
ººº
V ARIÁVEIS VISUAIS OU VARIÁVEIS GRÁFICAS

Bertin evocava a percepção humana para desenvolver seu método de


neográfica, partindo cio pressuposto de que existem dois tempos de percepção:
a) Identificação Extern a - deve ser imediatamente legível e compreensível.
b) Identifi cação Intern a - relacionada aos sinais utilizando as variações
visuais; co nsegue transcrever relações ele semelhança, ordem e
proporcionalidade. Para transcrevê-las são util izadas as variáveis visuais.

As va riáve is distinguidas po r Bertin são: as duas dimensões cio plano


(x e y); tamanho; valor (c i nza); cor (mati z); gran ul ação; o rientação e form a.
Robi nson et ai. (1995) apresentam urn a l ista de va riáveis v isuais um pouco
di ferente. Consideram : tamanho; cor (mati z, va lor e croma) e form a corn o
13o Cvncx:IWIA - RfPll[SíNTA(ÁO, COMUNICAÇÃO E vtSUAllZAÇÁO oc DADOS [Sl'A(WS

5.1Ü.2 VARIÁVEL VISUAL TAMANHO

Di z-se qu e sinais o u rn arcas va riam no tam anho se eles ti verem


d iferentes dimensões no tamanho (a ltura, largu ra) ou vo lume (a ltura, largura,
profundidade) . A vari ável visua l tamanho é indicada para representar dados
quantitati vos, no modo de implantação pontual e linea r, porqu e permi te
uma aproximação correta dos dados . Vicie exemplo ela Fi gura 5.14.
Uma diferença de taman ho pode exprimir uma proporção entre duas
grandezas e esta é urna responsabilidade do autor do mapa. Ele deve definir a
ordem visua l ele acordo com a ordem fornecida pelos dados. A legenda va i
apenas servir para definir "verbalmente" os limites cios patamares (Berti ni, 1986).

Mil ··25

@ --15
--1
•• 5
··1
o

Figu ra 5.1 4 - Va riável visual tamanho no modo de implantação


pontua l

5.1 Ü.3 VARIÁVEL VISUAL VALOR

A va ri áve l visual valor refere-se à claridade ou escuridão de um sina l,


ou sej a, às va ri ações ele c inza considerando desde o preto ao branco. No
caso ela lu z refl etid a por uma superfície, a esca la de va lo r é percebida como
muita luz p ara altos va lores e menos luz ou sombra para baixos valores. Um
exemplo disto são as im agens ele satél ites que apresentam va riações em tons
de cinza en tre zero e 255, ou seja, do escuro ao claro .
Assim como a va ri ável tamanho, a va riável valor é di ssoc iativa, ou seja,
di ssocia qualquer outra va ri áve l com a qual ela pode combinar. O valor pode
ser usado para medidas de fenômenos geográficos ordin ais. Na Figura 5.1 5 o
ci nza escuro mostra quantidades maiores e qu anto mais claro, descreve
menores quantidades, isto é, a medida hierárquica dos dados (muito alto, alto,
méd io e baixo) . A variável visual valor não possibilita construir uma idéia de
proporção . Contudo, a 1iteratu ra tem mostrado que esta variável também tem
sido empregada para descrever fenôm enos geográficos na escala interva lar e
proporcional, isto é com valores expressos na legenda; por exemplo, que o
Brasil consome 1000, a Argentina 500, o Uruguai 200 e o Paraguai 100.

LEGENDA

Alto

D Médio
O eaixo

Figura 5.1 5-Variável visual va/ormostranclo a hierarquia ciosdados

5.1 Ü.4 VARIÁVEL VISUAL COR

A cor é uma va ri ável selet iva e fornece uma melhor seleção depois do
tamanho e do va lor, desde que se util ize a i luminação adequada . Por ser
uma va riáve l muito importante e co mplexa, principalmente, devido a sua
intensa apli cação na atuali dade, ela será disc uticléi com mais profund idade
noutro mom ento. A va ri ável cor também permite que se entendam as
diferen tes cores, descr itas pe las suas características corno, azul, amarelo,
verd e, vermelh o, rosa, etc.
132~~~~~~~~~~~-CAA_T_~_w_~--~-f'R(5[~N_M~~--º~·(-~_1u_N~~~-º-EVISU~~-~~~-º-~-ºAOOS~~-~-w_s

5.10.5 VARIÁVEL VISUAL CROMA (SATURAÇÃO)

Croma é uma variável gráfica que se refere à quantidade de cor pura


existente em uma cor, considerada a partir do cinza; ou seja, o croma de
qualquer cor pode se estender do cinza, sem cor aparente, para a cor pura,
sem cinza aparente.
Assim como o Valor, o Croma é ordenado e usado da mesma forma.

5.10.6 VARIÁVEL VISUAL ORIENTAÇÃO

Para Bertin (1986), a variável visual orientação seria aplicada para


linhas e formas alongadas, considerando diferentes direções, as quais não
podem passar de quatro: horizontal e vertical e inclinada em 45º. No modo
de implantação pontual ela também é seletiva. As variações de orientação
combinam bem com a variação de tamanho, podendo auxiliar na ordenação
dos dados.
A orientação pode substituir a variação na cor, mas exige cuidado na
sua aplicação (Figura 5.16). Por exemplo, pode ser utilizada para construir
mapas corocromáticos, 6 ou seja, aqueles que mostram dados qualitativos.
Neste caso, a variação na direção das linhas que preenchem as áreas é
obrigatória, mas a distância entre elas deve ser a mesma.
,_

Figura 5.16 - Emprego da variável visual orientação

6
Os mapas corocromáticos são tratados no item 9.14 do Capítulo 9.
_CAP_IT_UL_oS_-_c_~_uN_CAÇA~·º·~~-U_Au_~ç~~º-c_ru_ND_AMI_N_T~_D_AR_r~_B_cm~~~~º-ª_RT_oc_;RA_'nc_·A~~~~~~~~-133

5.10.7 VARIÁVEL VISUAL GRANULAÇÃO OU TEXTURA


A Variável granulação é considerada por Robinson et ai. (1995) como
uma variável visual secundária. Ela é vista como uma textura padronizada
obtida a partir do tamanho e espaçamento das primitivas gráficas ponto e
linha, para produzir linhas, pontos ou uma área gráfica.
A granulação é seletiva porque permite separar os dados num mesmo
plano de visibilidade. Neste caso, ela independe da forma utilizada, a correta
granulação deve ser feita de maneira que todas tenham a mesma visibilidade.
Entretanto, ela também pode ser ordenada ou associativa, desde que se
escolham tramas adequadas.
No caso de construir mapas coropléticos,7 se forem usadas linhas para
preencher as diferentes áreas, deve-se utilizar sempre a mesma direção,
variando apenas o espaçamento ou a espessura, para dar a sensação de
diferentes valores. Vide exemplo na Figura 5.17.

Figura 5.17 - Mapa coroplético onde foram utilizadas linhas


para preencher áreas

5.10.8 VARIÁVEL VISUAL ARRANJO OU PADRÃO


Esta variável gráfica, introduzida por Robinson et ai., (1995), refere-se
às diferentes formas e configurações de linhas e pontos, símbolos subsidiários,
para a constituição de áreas. O padrão de pontos e linhas tanto pode ser
7
Os mapas coropléticos são tratados no item 9.15 do Capítulo 9.
134~~~~~~~~~~~-CAR_r~_·_w_~--~-'~-~_cN_Mç~Ao~,c-~_ruN_~~~-·o_c~_su_M_~~~-º-ru_oADOS~~-~-~-

randômico como sistemático. Veja exemplo na Figura 5.18. Da mesma


maneira que a variável granulação, a padrão também é seletiva e, portanto,
usada para mapas corocromáticos. No entanto, esta pode também ser
ordenada quando se trata da construção de mapas coropléticos.

~A
~ B
~e
~D

Figura 5.18 - Exemplo de emprego da variável visual padrão

5.11 CoR E CARTOGRAFIA


Bertin (1986) afirmava ser contra a cor sempre que ela fosse usada
para escamotear a incompetência ou superpor caracteres em um mapa até o
limite do absurdo. Ele defendia a cor quando o objetivo desta era seleção ou
separação de variáveis, o que, segundo ele, poderia ser melhor alcançada
quando do uso de cores puras. A preocupação de Bertin procede e merece a
devida atenção, pois os computadores e impressoras deram fácil acesso ao
usuário de mapas para que ele faça os "seus mapas", os quais depois se
tornam mapas de uso público. Éneste caso que o problema do uso incorreto
da cor em vez de ajudar, prejudica a ponto de tornar um mapa inútil.
Buscando instruções para o uso da cor na Cartografia, verificou-se
que, na maioria das vezes, este assunto é tratado rapidamente por Bertin
(1986), Robinson et ai. (1995), Kraak e Ormeling (1997) e Dent (1996). Uma
abordagem mais apropriada foi feita por Brewer (1994) discutindo diferentes
_CAP_íT_Ul_o_5-_C_OM_u_NICAÇÃ
____o_,v_1su_AL_IZA......
(Ã_o_H_UN_DM_1C_NT_OS_DA_R_fPR_csc_NT_A(_Ão_cA_RT_oc_:RA_'nc_·A_ _ _ _ _ _ _ _ _ 135

esquemas de cores a serem utilizadas em mapas temáticos que fazem a


representação de feições zonais tais como: coropléticos, corocromáticos e
isolinhas. A autora considera que os esquemas coloridos também podem ser
utilizados para mapas temáticos que trazem símbolos pontuais ou lineares.
Mais adiante serão discutidos alguns dos sistemas apresentados por essa
autora. Antes é preciso apresentar alguma teoria sobre a cor para que se
possa compreender sua aplicação em mapas, considerando duas
visualizações distintas: os mapas para tela (monitor e televisão) e os mapas
impressos.

5.12 A TEORIA DA COR


A cor não existe por si mesma. Ela é um produto do processamento
mental da radiação eletromagnética detectada pelos olhos humanos. Dois
aspectos importantes devem ser considerados quando se trata das cores. O
primeiro é estar ciente de que se refere às respostas das cores do espectro
visível e o outro é que se vê as cores refletidas pelas feições, porque uma
parte da energia eletromagnética é absorvida e outra refletida.
Pode-se então afirmar que a percepção humana da cor começa com a
sensação visual, isto é, quando cones e bastonetes dos olhos, que são células
responsáveis pela percepção da cor, localizadas na retina, são estimulados
pela radiação eletromagnética de certos comprimentos de onda, cuja variação
é de 400 nm a 700 nm. 8 Esta fonte de radiação eletromagnética tanto pode
ser o Sol como outra fonte qualquer que emita luz visível. Depois da luz ser
captada pelo olho, o sinal emitido pelos receptores é enviado ao cérebro.
Devido às propriedades de cada cor- intensidade e comprimento de onda,
elas transmitem sensações ao cérebro dos seres humanos, quando então são
identificadas diferentes cores e seus tons. Os nervos sensoriais conseguem
captar uma variada gama de cores, muito além das formadas pelo arco-íris
conhecidas como materialização das radiações visíveis do espectro
eletromagnético.
As radiações visíveis no espectro eletromagnético são categorizadas
em uma seqüência de faixas de diferentes comprimentos de onda,
correspondendo a uma luz de determinada cor, assim (Tabela 5.1 ):

8
Um nanômetro - nm - equivale a 10-9 metro.
136 (ARTOGIWIA - RIPR&NTAÇÁO, COMUNlCAÇÃO E VISUAUZAÇÃO OE DADOS ESPACIAIS

Tabela 5.1 - Espectro visível


COR COMPRIMENTO DE ONDA (nanômetros)
VIOLETA 380-450
AZUL 450- soo
VERDE 500-570
AMARELO 570-590
LARANJA 590-610
VERMELHO 610- 760

Esta seqüência espectral das cores, começando pelo violeta e seguindo


até o vermelho, mostra as cores do arco-íris.

5.12 .1 DIMENSÃO DA COR

Quando se trabalha com cores deve-se levar em conta três dimensões:


matiz, brilho e saturação.
O matiz é o aspecto da cor descrita pelos nomes como: amarelo,
vermelho e verde. O comprimento de onda dominante é a correlação física
do matiz.
O brilho é a quantidade de energia refletida. Muitos termos diferentes
são usados para a dimensão brilho, tais como: valor, escuridão, luminosidade,
intensidade, claridade e tonalidade. Às vezes aparece o termo valor sempre
esclarecido como luminosidade e o uso deste é impróprio, na maioria das
vezes, por causa de discussões simultâneas de valores de dados e valores de
cor. Alguns autores preferem o termo tonalidade, principalmente por estarem
referindo-se a tintas de impressões gráficas.
A saturação pode ser pensada como sendo uma quantidade de matiz
na cor. Por exemplo, vermelho de luminosidade constante pode se estender
do acinzentado ao vermelho puro. Termos alternativos de saturação são
cromo, intensidade, pureza e colorido total, nos quais a intensidade tem
sido usada de forma confusa tanto para o brilho como para a saturação.

5.12.2 TEORIAS SOBRE A VISÃO DA COR


Conforme dito no início desta seção, a cor somente ocorre se estiverem
presentes três elementos: uma fonte de iluminação, objetos que reflitam a
luz e olhos/cérebros humanos para processá-la. Existem algumas teorias
desenvolvidas para o entendimento de como transformamos a luz emitida
pelos objetos em sensações de cor. A teoria tricromática descrita por Robinson
_CAPl_T_UL_O5_-_C_G\\_U_NICA......;ÇÀ_O..;....,vi_su_At_IZA..;..ÇÀ_O_EF_UN_DMlf_NT_OS_DA_Rr_PR_csc_Nt_.AÇA_·
o_CA_RT_OG_RÁ_FIC_A_ _ _ _ _ _ _ _ _ 137

et ai. (1995) tem como premissa que nossos olhos atuam como três câmaras
de filtragem. Os receptores separam a luz em componentes de azul, verde e
vermelho, julgando a intensidade de cada um. Estas três cores são
denominadas de fundamentais9 e neste caso apenas um tipo de cone é
excitado pela luz (Bertin, 1986). Elas são transmitidas ao cérebro que recria
as imager,..: mL.li.icores dos objetos de maneira análoga à superposição de
imagens, como fez Maxwell nos anos de 1860, para produzir a primeira
fotografia em cores. Quando dois cones são excitados surgem as cores
primárias ciano, amarelo, e magenta, que são utilizadas para criar toda a
combinatória de impressões coloridas.
Outra teoria conhecida como processo oponente é baseada na premissa
de que, antes dos impulsos óticos serem transmitidos para o cérebro, eles
passam por três separadores de sinal, descritos como BY (Blue-Yelow), GR
(Green-Red) e WBK (White-8/ack). Passa apenas um sinal de cada vez em
cada um destes separadores, por exemplo, vermelho ou verde; eles são
oponentes. Um sinal forte, definido pelo WBK e GR será uma mensagem
verde; um sinal fraco produzirá uma mensagem vermelha. O mesmo acontece
com BYeWBK.

5.12.3 MODELAGEM DOS SISTEMAS DE CORES

As cores foram estudadas, classificadas e modeladas por pesquisadores


em sistemas que são extremamente úteis para diferentes profissionais. Serão
abordados, resumidamente, três destes modelos que são intensamente
utilizados na produção cartográfica: o sistema natural e dois modelos
desenvolvidos para tela de monitores de computador.

5.12.3.1 o SISTEMA DA COR NATURAL - SCN


O sistema da cor natural - SCN - foi desenvolvido por cientistas suecos
na metade dos anos 1960, e desde então, tornou-se conhecido pela sua
aplicação prática (Robinson et ai., 1995). A estrutura do SCN foi concebida
segundo a teoria do processo oponente das cores primárias. Assim, considera-
se um círculo no qual são arranjados os matizes amarelo, vermelho, azul e
verde, opostos de 90° no sentido dos ponteiros do relógio (Figura 5.19).

9
Bertin (1996) define o azul, verde e vermelho como cores fundamentais, enquanto o
ciano, amarelo e magenta são cores primárias. Outros autores têm as cores, azul, verde,
e vermelho como primárias, enquanto o ciano, amarelo e magenta são cores secundárias,
pois são geradas pela mistura das primárias.
138 ÚRTOGRAFIA - Rll'RESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E VISUAUZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

Todas as cores intermediárias são resultantes da mistura das cores primá-


rias vizinhas. Por exemplo, a mistura do matiz composto de 90 (%)de amarelo
e 10% de vermelho está no círculo com A 1OV; e se misturar 20% de vermelho
e 80% de azul obter-se-á V80Az e assim por diante. Portanto, deve sempre
ser obedecida a ordem das cores no círculo: amarelo, vermelho, azul e verde.
No centro do círculo aparece o cinza que é a mistura em proporções
iguais, de duas cores opostas quaisquer (complementares).
Considerando as dimensões da cor: (matiz) cor pura, (brilho) tonalidade
ou claridade e (saturação ou cromo) escuridão, utiliza-se um triângulo para
mostrar a cada cor 'pura', a porcentagem de branco ou de preto de cada
novo matiz (Figura 5.20). Nos cantos dos triângulos estão situados o branco,
o preto e o matiz puro. A distância linear entre eles indica a porcentagem de
branco ou de preto do matiz. Por exemplo, é possível ter um azul claro com
75% de branco e 25% de azul ou, azul escuro (sujo) com 75% de preto e
25% de azul. As combinações de preto/branco, no lado esquerdo do triângulo,
produzirão tons de cinza.

Laranja

Figura 5.19 - Sistema de cor natural


Fonte: Robinson et ai. (1995)
__t_o5_-_C_OM_UN_CAÇÃ--'-O~,VlSU--~_~~~-º-Er_UN_DAME
_CAPITu __ m_~_~_Rfl'R
__ &_m~A~_·o_CAR_l_OG_AA_FIC_A________________~139

cu
N
e
õ
CD Matiz
"C
U>
e
~

Preto
Figura 5.20 - Gráfico triangular do sistema da cor natural mostrando a
localização de sombras, tintas e tons de cinza
fonte: Robinson et ai. (1995)

5.12.3.2 MODELOS COLORIDOS DESENVOLVIDOS PARA A TELA DO COMPUTADOR

SISTEMA RGB
Enquanto o sistema colorido natural é utilizado principalmente por
artistas na indústria e nas atividades comerciais como reprodução cartográfica,
no sistema off-setos modelos desenvolvidos para computadores têm aplicação
para visualização em telas eletrônicas. Como a produção e/ou disposição
final de mapas são comumente efetuadas com a ajuda de computadores, é
importante que o cartógrafo saiba como utilizar os modelos coloridos para
computadores.
O mais conhecido dos sistemas de cores para monitores é o RGB (red,
green and blue) vermelho, verde e azul. Partindo destas três cores primárias,
as combinações possíveis, por adição, são feitas de forma que cada ponto
ocupe uma posição única no espaço. Todo o modelo foi desenvolvido em
um cubo (Figura 5.21) no qual, a partir de uma origem (0,0,0) originam-se as
140~~~~~~~~~~~-C_AA_TOGAAf~-~--~-~-™_Nl~A~~º~·C_OMU~NICAÇÃ~O_E_~s_uM_~~~--º-~-DAOOS~-~-~~IAIS

cores vermelhas e azuis. As outras cores Branco


(255, 255, 255)
são conseguidas por incrementos de zero
a 155 de cada uma das cores básicas, cian

vermelho, azul e verde. O preto, ponto


de partida, é conseguido na posição Magenta

(0,0,0) enquanto o branco, no canto


oposto (255, 255, 255), marca o máximo
de incremento de todas as três cores. Na
diagonal do cubo ficam as três tona-
lidades acinzentadas. As cores aditivas
primárias, quando combinadas duas a
duas, serão os cantos opostos do cubo.
Por exemplo: eia no = azu 1+ verde.

Fonte: Robinson et ai. (1995)


SISTEMA HSV

O segundo modelo mais conhecido é o HSV (hue, saturation, value). O


espaço no qual o modelo está definido é o cone hexagonal (Figura 5.22), com o
topo correspondente a V= 1 (valor um) que emite os valores máximos das
cores, ou seja, a intensidade. O vértice do cone é a origem do sistema, onde
V=O corresponde ao preto. As cores complementares são opostas de 180º e são
medidas por H, isto é, o ângulo em torno do eixo vertical, a partir do vermelho,
ou seja, vermelho é igual a zero. A saturação Sé dada pela variação dentro dos.
limites de zero (0) na linha central do eixo V
V e um (1 ), considerando os lados do cone.
Qualquer valor de S entre O e 1 pode ser
associado com V. Por exemplo, para o
ponto S = O e V = 1 tem-se o branco; para
vermelho
S = 1, V= 1 e H =O tem-se o vermelho etano
,'
puro. Os valores intermediários de V para ''
S =O (na linha central) correspondem às
cores acinzentadas, variações de 1 i1 /
,' .
.'magenta

(branco) do topo do cone, ao (preto) na \\\ ///


base (Silveira Filho, 1989).
Equações matemáticas permitem
fazer a transformação do sistema de
coordenadas RGB para HSV e vice-
\\~.I:'//
..,\1:1·'
' '
\\1~/
..
preto
'
,..
º·º
versa. Esta implementação está disponí-
Figura 5.22 - Diagrama ilustrativo do
vel em vários softwares de interpretação
sistema HSV
de imagens. Fonte: Foley e Dam (1982 apud LOCH, 2000)
_t_oS_-_C_OM_U_NJCAÇA.........__·o-'--,Vl_SU_At_IZA...._çA_o_EF_uND_M_II_NT_os_oA_RI_PR_ESE_NT""'""AÇA_·
_ÚPÍTU_· o_CA_RT_oc_.RA_·
nc_A_ _ _ _ _ _ _ _ _ 141

5.13 CíRCULO DAS CORES

Um melhor entendimento de uso das cores ocorre ao dispô-las num círculo


cromático. Tal construção é feita considerando uma série de pastilhas coloridas
segundo a sucessão espectral de acordo com os comprimentos de onda: violeta,
azul, verde, amarelo, laranja, e vermelho. Pode ser considerada uma variação
contínua de cores intermediárias, bem como as nuances cromáticas diferenciadas
pelos seus matizes. Misturando-se as extremidades obtém-se o púrpura que
permite fechar o círculo, (Figura 5.23). O Círculo das cores é substituído nos
softwares por uma paleta de cores mostrando muito mais variações de matizes,
como se observa no ArcView, no Maplnfo e no ldrisi, por exemplo.
Para se fazer um bom mapa temático é exigência que seu idealizador
tenha um bom nível de conhecimento das cores. Pode-se dar idéia de tensão
e de diferença utilizando-se cores antagônicas ou, transmitir sensação de
harmonia, hierarquia ou classificação utilizando uma seqüência cromática
adequada. O uso do círculo das cores pode ser de grande ajuda para aqueles
que não são habituados a usá-las na construção de representações gráficas.
Ele pode facilitar o entendimento das paletas de cores dos programas na
produção de mapas temáticos digitais.

CIRCULO DAS CORES

Cores Quentes

ººº
Cores Frias

loO ,.m~•lo) OÜ\;


oo o
o~
o
OO(ciano)

\00
roxo

Figura 5.23 - Círculo das cores


142~~~~~~~~~~~-CAR_TOG~w-~_-REPR~~-m~A~~-º~,c-~_UN!CAÇÃ____._o_E~_~_M_~~~-º-~-ºAOOS~~-~-w_s

5.14 TIPOS BÁSICOS DE ESQUEMAS DE CORES PARA DISPLAYS


ELETRÔNICOS

Serão apresentados alguns dos esquemas de cores para telas de


monitores segundo a percepção e recomendações de Brewer (1994).

5.14.1 ESQUEMA QUALITATIVO

A palavra qualitativo é mais comumente usada em contraste com o


quantitativo, isto é, para mostrar a diferença nominal ou diferenças nas
espécies. No contexto estatístico tem uma implicação de como a escala de
medida (nominal) é apropriada para o mapeamento de fenômenos geográficos
classificados como qualitativos.
O esquema qualitativo de cores é empregado para representar
diferenças nos dados nominais. Podem ser usados diferentes matizes como,
por exemplo, verde, azul e magenta, de brilhos e saturação semelhantes
para cada uma das diferentes categorias empregadas com conotação
qualitativa. Este esquema é próprio dos mapas corocromáticos, tendo no
mapa de uso e cobertura de terra um exemplo de variáveis qualitativas
freqüentemente mapeadas com o uso de matizes.
Ao construir mapas para serem dispostos em telas de monitores,
recomenda-se atenção para o brilho dos matizes, considerando que, para
categorias qualitativas eles precisam ser semelhantes, mas não iguais. Grandes
diferenças no brilho ou saturação entre matizes denotam diferenças na
importância e pode-se chamar a atenção para categorias que não têm maior
significância que outras sobre um mapa qualitativo. Pequenas diferenças de
brilho entre matizes são, entretanto, essenciais para as cores serem mais
facilmente diferenciadas.
Para as categorias que precisam de ênfase no mapa, são designadas
cores mais claras ou mais escuras e mais saturadas. As categorias que
aparecem com pouca freqüência ou as áreas muito pequenas no mapa, como
depósitos de lixo, área de solo nu e estradas estreitas, seriam beneficiadas
com maior contraste de brilho ou maior saturação.
Relações de ordem também podem ser empregadas dentro da
categorização qualitativa. Por exemplo, áreas com cultivo e em pousio podem
ser interpretadas como intensidade de atividade agrícola. As diferenças entre
elas podem ser expressas com diferença de brilho de um mesmo matiz, ou
_CAP1TU_._l_os_-_C_O'ol_U_NCAÇAO--'-·~,~-U_M_~~~-º-EF_UN_DM_~_NT_~_~_REPR
__ &_Nt~AÇAO_·_~_RT_OG_AA_FIC_A________________~143

matizes semelhantes, como verde claro e escuro. Categorias de grande


similaridade podem ser representadas apropriadamente por cores
apresentadas na seqüência do círculo de matizes. Podem ser tomados como
exemplo o laranja e o vermelho que são cores adjacentes de aparência
relativamente semelhantes e complementares com alto contraste.

5.14.2 ESQUEMA BINÁRIO

O esquema binário de cores é um caso especial apropriado para dados


qualitativos. Variáveis binárias apresentam dados que são divididos em
somente duas categorias, tais·como: sim/não, presente/ausente, privado/
público, dentro/fora. Por exemplo: cinza e branco (nenhum matiz), vermelho
e branco, azul claro e azul escuro ou azul claro e verde escuro (dois matizes)
e a diferença primária pode ser no contraste da luminosidade.
Aquele que faz o mapa decide qual das duas categorias é a mais
significativa para os objetivos do mapa, e aquela será mais escura. Se
nenhuma das duas categorias é mais importante, elas serão tratadas como
um sistema qualitativo, com somente uma leve diferença de luminosidade
entre dois matizes.

5.14.3 ESQUEMA SEQÜENCIAL (HIERARQUIA)

O esquema de cores seqüenciais pode ser comparado à harmonia pelas


cores vizinhas- harmonia policromática ou harmonia com uma única cor -
harmonia monocromática que são usadas na confecção de mapas a serem
impressos. Os dados quantitativos medidos nas escalas ordinal ou
proporcional são arranjados de forma lógica, numa seqüência de degraus de
alto para baixo e, as categorias ou classes são representadas por seqüências
de cores e brilho ou tonalidade no caso de mapas impressos. Categorias de
valores baixos são representadas por cores claras; os valores altos são
representados por cores escuras. A associação pode ser revertida se as cores
claras representarem altos valores. Isto ocorre quando toda a área do display
é escura, então os valores altos são enfatizados para cores claras as quais
apresentam contraste máximo dentro do display. Esta reversão é comum em
mapas de sensoriamento remoto e contradiz a expectativa da grande maioria
dos mapas, sendo preciso ficar bem claras na legenda.
É permitida uma seqüência de preto para branco se existem várias
classes e uma extensão maior de contraste é desejada. Existe uma
144~~~~~~~~~~~-ÚR~TOGRAf~-~--RD'RCS[Nl~~A~_·o_,c_OMU_N_Q~~-·o_E_~_uALIZA
___~_·_~_o_AOOS~~-ACIAIS~

desvantagem no uso do preto, pois linhas pretas são obscurecidas -e áreas


brancas confundidas com ausência de dados.
Não é recomendável usar saturações sozinhas para distinguir mais de
três ou quatro categorias por causa da limitação de contraste disponível
com saturação. No entanto, não se deve ignorar a saturação quando são
selecionadas as cores.
É permitido usar mais de um sistema seqüencial de matizes, mas é
importante que suas diferenças estejam subordinadas às diferenças de
luminosidade entre categorias. A progressão de claro para escuro precisa
dominar a vista do mapa com o acompanhamento da transição em matizes
aumentando o contraste entre categorias. Éfundamental também cuidar para
que a transição ocorra somente se movendo em uma parte do círculo das
cores ou espectro.
As mais longas extensões de matizes para sistemas seqüenciais são as
seguintes: ·
Exemplo 1: sete categorias com degraus de brilho seqüencial, com
transição do amarelo claro para roxo, passando pelos verdes.
Exemplo 2: amarelo claro, passando pelo laranja até o vermelho escuro.

Cuidando do brilho, podem ser construídos sistemas seqüenciais


usando t~do o círculo das cores, desde o amarelo, passando pelo verde,
azul, púrpura, vermelho e marrom (laranja escuro).
O sistema espectral não é recomendado para usar como um sistema
seqüencial (ordem). A ordem dos matizes associados com o espectro
eletromagnético visível inicia com o vermelho e termina com o roxo ou
violeta. É difícil produzir uma seqüência que se mova por meio do espectro
do vermelho para o roxo, numa seqüência de claro para escuro. A dificuldade
está no amarelo saturado, no meio do espectro, que é uma cor clara, enquanto
o amarelo escuro é necessariamente não saturado. Então, os degraus
seqüenciais forçam um matiz não saturado no meio do sistema e é ·muito
difícil criar transições para o amarelo escuro que forneçam cores parecidas
às do espectro saturado.

5.14.4 ESQUEMA DIVERGENTE

O esquema divergente é sempre recomendado pára representações


cartográficas de dados que têm dupla finalidade. O termo divergente enfatiza
a importância de valores críticos dentro de uma extensão de dados, no início
(APiTULO 5- Ü».IUNICAÇ.ÀO, VISUAUZAÇÀO E fUNDMlfNTOS DA Rf PRCSCNTAÇÃO CARTOCRÀflCA 145

e final da extensão. Quando usados com ênfase para dados quantitativos


podem ser progressões visíveis de um ponto médio crítico. Valores positivos
e negativos não são pré-requisitos para aplicação do esquema divergente.
Um exemplo de dados que são representados apropriadamente com
progressões de brilho divergente são os desvios acima e abaixo de uma média,
mediana ou zero. Outro exemplo é o mapeamento de resíduos de um modelo
de regressão; é possível usar um matiz para resíduos positivds e outro para
os negativos, e assim escurecer estes matizes para positivos maiores e
negativos maiores. Classes de semelhante valor absoluto acima e abaixo do
valor crítico precisam ter brilho e saturação semelhantes; assim eles são
percebidos com praticamente a mesma magnitude.
É interessante também usar este esquema de cores para representar os
resultados de votação (50% é o valor crítico de duas partes), e dos valores
acima e abaixo do nível de pobreza (ou acima de e abaixo de outro nível de
renda significante).
A decisão de apresentar ou não dados qualitativos como esquema
seqüencial ou divergente é sempre subjetiva e depende dos atributos dos
dados mapeados e da ênfase na exploração dos dados ou na forma de
comunicação que se quer estabelecer com um determinado público.

5.15 ÜUTRAS OBSERVAÇÕES IMPORTANTES SOBRE COR

Considerando a seqüência espectral, as cores criam duas ordens visuais


opostas a partir do amarelo: matizes frios em direção ao violeta; matizes
quentes em direção ao vermelho. De cada um dos lados do amarelo (vide o
círculo das cores), existem sempre duas cores de mesmo valor visual,
percebidas mais como semelhantes do que como diferentes. Por isto, o brilho
deve ser observado toda vez que se for usar cor em uma tela de monitor.
A percepção de brilho prevalece sobre a percepção dos matizes. Um
verde e um vermelho de mesmo brilho visual mais parecem semelhantes do
que diferentes.
A seletividade das cores varia com o brilho, e para os brilhos claros, é
possível uma melhor seletividade com o verde, o amarelo e o laranja. Para
os brilhos escuros ela é obtida com vermelho, azul e violeta.
MEDIDAS DAS VARIÁVEIS
GEOGRÁFICAS EABSTRAÇÃO
CARTOGRÁFICA

6.1 NATUREZA DOS FENÔMENOS GEOGRÁFICOS

Os fenômenos geográficos 1 ocorrem na superfície terrestre de maneira,


muitas vezes, complexa e confusa, com diferentes e intricados caminhos.
Uma imagem aérea mostra toda a diversidade da superfície, tendo como
conseqüência a dificuldade de se interpretar a informação. Entretanto, é
possível pensar o mundo real ocorrendo em quatro formas diferentes e
facilmente identificáveis: pontos, linhas, áreas e superfície. Estas quatro formas
podem representar a maioria dos fenômenos que ocorrem; aqueles derivados
das ações humanas, os fenômenos naturais e até mesmo aqueles elaborados
pela mente humana.
Os mapas fazem uso deste entendimento e seus respectivos símbolos
para representar o mundo real e esta é sua principal vantagem sobre as
imagens já que ele apresenta um modelo da realidade. Assim, para fazer
mapa é importante entender a natureza essencial das variáveis geográficas,
bem como usar uma abordagem sistemática para descrever as feições ..
Fenômenos materiais como rios, rodovias, cidades; ou imateriais como

Os fenômenos geográficos são distintos de dados geográficos, os quais são feições


selecionadas (geralmente numéricas) que os geógrafos usam para descrever ou medir
direta ou indiretamente o fenômeno que tem a qualidade de ser espacial. Por exemplo, o
fenômeno clima pode ser visto em parte através dos dados da precipitação, (Dent, 1996).
14B~~~~~~~~~~~-c-~_roc_;rw_1_A-_R_r~_rn_N1~~A_·o~,c-~_ruN_1~~~-·o_Em_u_M_~~~-·o_~_oAOOS~-~-~-ws

religiões e densidade populacional são fenômenos geográficos que têm


localização e atributos; portanto podem ser mapeados. Saber representá-los
adequadamente em um mapa é uma tarefa complexa que exige
conhecimentos específicos e experiência.

6.1.1 DISTRIBUIÇÃO DISCRETA

Os fenômenos discretos são os que ocupam um lugar no espaço e no


tempo. Na modelagem espacial os objetos são assumidos como não tendo
dimensão, ou seja, não têm tamanho - comprimento, largura, altura, ou
peso-, entretanto podem ser referenciados por suas coordenadas num sistema
definido de coordenadas. Na realidade, é evidente que estes fenômenos
denominados feições ou objetos ocupam um determinado espaço, mas a
escala espacial com que se observam estes objetos vai determinar se podem
ser assumidos como ponto, linha, área ou volume e, conseqüentemente, ser
uma distribuição discreta ou contínua. Uma cidade por exemplo:
a) pode ser concebida e representada por um ponto em um mapa de
escala pequena;
b) pode também ser apresentada como área se os objetivos são
administrativos ou
e) pode ainda ser concebida como "volume" se considerada a
população em relação a outras cidades.

Geralmente, elementos individuais como casas, fábricas, árvores, postes


são _entendidos como assumindo uma localização pontual; neste caso, suas
dimensões terão valor zero. Portanto, os fenômenos discretos são aqueles
que podem ser reduzidos à forma de um ponto na representação cartográfica.

6.1.2 DISTRIBUIÇÃO CONTÍNUA

São entendidos como tendo distribuição contínua, os fenômenos que


espacialmente ocupam uma área ou volume sem interrupção, na superfície
terrestre. Alguns exemplos são valores de temperatura, categorias de cobertura
da Terra em algum lugar e a topografia terrestre. 2

2
Os morros, vales, etc., se representados em terceira dimensão, tornam possíveis a medida
da quantidade de mudanças na topografia ou de altura terrestre, considerando as variações
de um lugar para outro ou as diferentes altitudes, considerando como referencial o nível
médio dos mares.
ÚPiTUto 6 - MEDIDAS DAS VARIÁVUS CWGRÁflCAS [ABSTRAÇÃO CARTOGRÁflCA 149

Os fenômenos espaciais que são intrinsecamente discretos podem ser


transformados conceitualmente em contínuos para efeito de mapeamento.
Por exemplo, habitantes ou população são entendidos como elementos
discretos e podem ser transformados para uma distribuição contínua no
espaço quando aplicado o conceito de densidade, 3 isto é, o número de
pessoas num determinado espaço (Robinson et ai., 1995).

6.1.2.1 COMPORTAMENTO ESPACIAL DAS DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS

A ocorrência espacial de um fenômeno geográfico pode ser observada


com o intuito de classificá-lo em transição suave ou em degraus. Nos
fenômenos de transição suave, as diferenças de um lugar para o outro
acontecem num contínuo espacial. Um exemplo é a pressão atmosférica ou
a temperatura que varia gradualmente de um lugar para o outro. Existem
fenômenos que se distribuem em degraus ou variam de forma mais abrupta,
ou ainda são interpretados conceitualmente desta forma. Por exemplo, o
número de doenças endêmicas em regiões geográficas e a variação da
população de um estado para outro.

6.2 CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS EQUANTITATIVAS DOS FENÔMENOS


GEOGRÁFICOS

No instante em que alguém observa o ambiente espacial dos seres


humanos almeja automaticamente entender como estão distribuídos os
objetos, bem como categorizá-los segundo seus atributos. Na verdade, tenta
ordenar o espaço para facilitar seu entendimento. Esta necessidade de
ordenamento é inerente ao homem, que está sempre procurando entender o
meio que o cerca para adquirir conhecimentos a fim de torná-lo seguro e
dominador do espaço que habita.
O nível mais básico de ordenamento classifica de imediato os objetos
geográficos em dois grandes grupos: aqueles em que são observados seus
atributos qualitativos e aqueles em que são observados seus atributos
quantitativos. Esta concepção básica de observação do meio ambiente
espacial originou dois tipos de representação cartográfica temática: a
quantitativa e a qualitativa. Cada uma tem seus próprios métodos de
mapeamento:

3
A densidade demográfica é obtida dividindo-se o número de habitantes pela área considerada.
150~~~~~~~~~~~-ÜR_T~_-_w_~--~-~_&_NT~A~_·o~,c_m_1uN_l~-·-·o_EVISU~Af-~~~-º~~ºAOOS~~-~-~-

a) Representações qualitativas
Levam em conta a diversidade dos objetos ou elementos, os quais se
diferenciam pela sua natureza ou tipo. O termo qualitativo é muito amplo e
é comum empregá-lo em oposição ao termo quantitativo.
b) Representações quantitativas
Levam em conta a grandeza dos elementos representados. Evidenciam-
se relações de tamanho ou proporcional idade entre os objetos.

6.3 MEDIDAS DAS VARIÁVEIS GEOGRÁFICAS

Como já comentado, o processo natural para ordenar mentalmente o


ambiente espacial conduz o ser humano a separar ou agrupar de imediato
os objetos, localizá-los a partir de algum referencial, medi-los e compará-
los. Na Cartografia, a responsabilidade do criador de mapas, em tal tarefa, o
faz procurar conhecimentos que permitam construir mentalmente o mapa
pretendido. Para tanto, precisa ter claro quais critérios usar para selecionar
os objetos ou elementos a serem mapeados. Como ordená-los? Qual a
exatidão necessária? Quais os métodos de mapeamento? Qual o nível de
medida?
Assim como já foram estabelecidas as diferentes unidades de medidas
para todos os objetos com os quais se lida no dia-a-dia, também já foram
determinados, para os dados geográficos, os chamados "níveis de medida"
ou "escalas de medidas". Para não fazer confusão com os termos escala
geográfica e escala cartográfica, deu-se preferência ao primeiro termo. Os
diferentes níveis de medida dos dados geográficos permitem comparar as
propriedades de objetos geográficos. Assim, para fazer uma representação
cartográfica destes objetos é preciso escolher qual nível de medida será usado.
Esta escolha será feita, parte em função dos objetos que estão sendo
classificados, parte pelo que se deseja conhecer, e finalmente, pela habilidade
de quem decide medir, considerando as escalas geográfica e cartográfica
selecionadas.
A maneira mais eficiente para descrever fenômenos geográficos
considerando um conjunto de variáveis envolve quatro níveis de medidas:
nominal, ordinal, intervalar e proporcional, os quais serão discutidos a
seguir.
_CAP1TU_._L_o6_-_M_rn_1oo
__ oo_~_AA~_~_1s_a_~_w_~_~_EM_sru__....~_0CART_·_oow_·_·u_·____________________~_151

6.3.1 NíVEL DE MEDIDA NOMINAL

O nível de medida nominal é o mais elementar para descrever as


propriedades geográficas. Como o próprio nome diz, ele permite que se
nomeiem objetos ou feições, sem, no entanto, permitir uma comparação
entre eles. Esta descrição é usada para distinguir feições quando considerada
a abordagem qualitativa. Um objeto A é diferente de um objeto B. Por
exemplo, diz-se que, em um dado lugar existem árvores e noutro existe um
lago. De fato, separam-se os objetos, mas não há como dizer que um é
melhor do que o outro porque são diferentes; não há como fazer uma
comparação. Um exemplo de mapa com descrição nominal é o chamado
mapa de uso da terra.

6.3.2 NíVEL DE MEDIDA ORDINAL (HIERARQUIZADA)

O nível de medida ordenado ou ordinal é utilizado quando se quer


comparar objetos com algum grau de precisão, geralmente usando um
adjetivo. Alguma informação, de âmbito geral, será apresentada, cuja
perspectiva é diferenciar o objeto por classe ou dentro de uma classe, tendo
como base uma hierarquia.
A conotação geográfica a ser salientada pode ser quantitativa:do maior
para o menor ou vice-versa, considerando algum valor numérico implícito,
mas não indicando especificamente uma magnitude de diferença. Por
exemplo, cidades: pequenas, médias e grandes.
Este tipo de medida também pode ser empregado para dados
qualitativos. Por exemplo, se o objetivo for classificar um ambiente adequado
para instalar um camping em um determinado município, é preciso
determinar facilidades como infra-estrutura, proximidade da praia, áreas
verdes, proteção ambiental. Então, podem ser classificados os lugares dentro
da área em observação como localização: ótima, razoável e imprópria.

6.3 .3 NíVEL DE MEDIDA INTERVALAR

Quando se deseja obter informações mais precisas sobre os objetos


geográficos, busca-se o nível de medida intervalar. Este nível de medida
pode ser considerado um avanço do ordinal. Além de hierarquizar, esta
descrição adiciona informação numérica; portanto considera uma unidade
padrão de medida para expressar diferenças quantitativas.
152~~~~~~~~~~~-CAA_l_~_w_~_-R_c~_B_EN_M~~·º~·c_~_uN_~~~-º-E~_u_M_~~~-º-~-ºAOOS~~-~-~-

A quantidade de chuvas, por exemplo, é expressa em milímetros; os


níveis de elevação do terreno são expressos em intervalos de metros.
Entretanto, devem ser tomados cuidados na interpretação dos dados, pois,
alguma~ vezes, a natureza dos dados não permite comparações diretas. Por
exemplo: 20 ºC não significa dizer que seja duas vezes mais quente que 1 O
2
C. Para fazer esta cor:nparação, seria preciso transformar a unidade de medida
de temperatura Celsius, para Kelvins o qual inicia a medida em zero.
Entretanto, este cuidado é apenas para a leitura e interpretação dos dados e
não para criar o mapa.
A-descrição intervalar é utilizada para dados quantitativos, nos quais
a escala .de valores é determinada pela área do conhecimento diretamente
relacionada ao dado, ou seja, as classes e os intervalos são preestabelecidos
pela disciplina envolvida. Por exemplo, para o caso das temperaturas médias,
em países tropicais, a média poderia ser entre 28 ºC e 32 ºC; em países de
clima temperado, de 16 ºC a 20 ºC, enquanto nos países frios esta média
variaria de 1O ºC a 2 ºC. Tal classificação, hipotética, neste exemplo, ser!a
definida por especialistas, tendo em vista critérios universais e não permitindo
descrições ou intervalos subjetivos do cartógrafo.

6.3.4 NíVEL DE MEDIDA PROPORCIONAL (CLASSIFICAÇÃO)

O nível de medida proporcional faz o refinamento de uma descrição


intervalar. Utiliza magnitudes que são intrinsecamente sugestivas, expressando
seqüência única e ordena elementos; portanto faz uma comparação direta
entre as variáveis espaciais. Pode-se usar o valor zero como valor inicial ou
não (zero indica ausência). O número de classes, assim como o intervalo de
classes é subjetivo e dependerá do objeto em questão e da decisão do
cartógrafo. A maioria dos valores a serem mapeados são relativos a: área,
volume, extensão, e peso.
Exemplo: Cultivo de milho (em mil toneladas):
Classe 1: < 100 /Classe 2: 100-300 /Classe 3: > 300
Na primeira classe, a produção pode atingir 99.999 toneladas, e na
segunda classe pode começar com 100.001 e chegar a 299.999 toneladas.
Do ponto de vista do mapeamento, não existe diferença entre a
simbolização dos dados geográficos a serem representados nas descrições
intervalar e proporcional. Entretanto, o cartógrafo deve saber que a Descrição
Proporcional é mais subjetiva, no que.diz respeito à determinação do número
e ao intervalo de classes, do que a descrição intervalar.
_c~_i_r
ut_
o_6_
-_M_1ll_
ll>AS
_ llAS
_V_AR_
~_vn_H_.r<_x._
~_11t_
AS_
t_AS_
SIR_
'A\~
À(_
>l_
AR_H_
x ;_R
A_
fK_
A _ __ _ __ _ _ _ _ _ _~ ·1 53

Na Figura 6 .1 estão aprese nt ados exe mplos de simboliz ação


considerando os modos de impl antação pontual, linea r e zonal e os quatro
níveis de medidas elas va ri áve is geográficas.

MODO DE IMPLANTAÇÃO

NÍVEL DE MEDIDA PONTUAL LINEAR ZONAL

~·.·.·.1
• A R

~
p
e

-'
H
NOM INAL

~ J ~ R
F
e
~
MC'M MMM M
F

1111 Alto

(j)
=
Grande - - - - - Pequeno

ORDINAL
@
@
Médio

Pequeno • • • • • Grande =
[ill;] Baixo

D o - 50
INTERVALAR
-.· .·. ·.~-~~~
....
D 800 51 - 100
........... 500
1~ D

-
101 - 200
........ 200
PROPORCIONAL
> 2001

Figura 6.1 - Exemplos de diferenciação ele dildos pontuais, lineares e zona is, considerando os
quatro níveis de medidas das variáveis geográficas

Convém lembrar que no mapea mento temático pode-se, a p artir ele


um mapa ou de um conjunto ele dados, generaliza r a simbo lização no sentido
crescente do níve l de med ida: proporcio nal ou interva lar, para ordina l ou
para nom inal. Mas é proibido ou impossível o sentido contrári o, po r exemplo,
de nom ina l pa ra proporciona l. Po r outro lado, dados nominais dão o rigem à
medida no mina l e, co nseqüentemente, aos m apas qualitati vos.
Tam bém é interessante escla recer que os mapas confeccionados a partir
dos níveis de medida inte rva lar ou p roporção utili za m uma mesma
simboli zação.
154~~~~~-------------CAA_T~_·_w_~_-R_E~_c~_NT~A~~··o~,c-~_IUNJCAÇA_·~·-·o_E~_ru_M_~~~-º-~-DAOOS
__~_~_M_

6.4 PRINCÍPIOS DE SELEÇÃO E GENERALIZAÇÃO

6.4.1 SELEÇÃO

Abordam-se na seqüência duas importantes atitudes necessárias para


se fazer um mapa, seja ele temático ou com propósitos gerais como a seleção
e generalização cartográfica.
O termo seleção é entendido como um processo de decisão referente
ao que será ou não mapeado. Por exemplo, a decisão de incluir ou não as
vias de comunicação de menor importância em um mapa de uso do solo,
ou, a decisão de considerar a população total por região geográfica e não
por município, ou ainda, colocar o nome apenas das cidades com mais de
20.000 habitantes ou de todas as cidades.
Na cartografia digital é mais fácil fazer a seleção daquilo que deve ou
não ser representado do que na analógica porque é mais simples fazer
experimentações, colocar e retirar feições. E estas, para serem representadas
em um mapa, devem atender os objetivos para o qual o mapa está sendo
construído, além da importância de serem visualizadas com clareza. Por
·isto, após a seleção de feições, as operações de classificação, simplificação,
exagero e simbolização devem ser consideradas com cuidado, tendo em
vista a legibilidade das informações espaciais a serem representadas.

6.4.2 GENERALIZAÇÃO CARTOGRÁFICA

A generalização pode ser vista de dois modos: (a} como um processo de


interpretação que conduz a diferentes visões de um mesmo fenômeno,
considerando a escala de representação, ou, (b} como uma série de
transformações que devem ser aplicadas a algum tipo de representação espacial
cuja intenção é melhorar a legibilidade e o entendimento na apresentação do
produto final. Isto é, ela é necessária cada vez que a escala de um mapa for
reduzida (Müller et ai., 1995; Kraak; Ormeling, 1997).
Os quatro elementos da generalização cartográfica são: classificação,
simplificação, exagero e simbolização. Empregar cada um destes elementos
constitui o processo da generalização como um dos principais responsáveis
pelo realce da informação e sua conseqüente comunicação cartográfica
(Kraak; Ormeling, 1997).
Apesar dos avanços na cartografia digital, ainda hoje a generalização
é uma atividade muito subjetiva. Ela apresenta uma resposta diferente de
_Cm_ru_L_o6_-_M_ro_1o_M_DM_~_AA_1~_c1s_G_Eoc_·RÁF_l_CAS_E_AB_STAA~~~-º-~_ITT_~_;RAf_.(_'A______________________~1ss

acordo com cada cartógrafo e dé algoritmo para algoritmo. Segundo João


(1998), o sucesso da generalização depende da combinação de fatores locais
e globais, mesmo que ela seja feita manualmente por uma pessoa ou
automaticamente por algoritmos. Para efetuar a generalização cartográfica
devem ser considerados os seguintes fatores:
a) o propósito para que os mapas serão usados;
b) a área geográfica que necessita ser mapeada,
. c) a escala original e final do mapa; e
d) o entendimento individual da generalização.

Um mapa é sempre concebido para ser representado em uma


determinada escala. Entretanto, em ambiente digital, o qual oferece a
possibilidade de zoom (ilimitado zoom in e zoom out) podem-se, por causa
disto, obter mapas não confiáveis, no que se refere à interpretação de seu
conteúdo. Por conseguinte, as opções de zoom devem ser usadas com
cuidado no processo de generalização ou corre-se o risco de construir
confusões.
Em um ambiente SIG, as análises de dados espaciais de diferentes
fontes precisam ter o mesmo nível de detalhamento, e, nesse caso, uma
ferramenta de generalização cartográfica pode ser muito útil.

6.4.2.1 CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS NA GENERALIZAÇÃO CARTOGRÁFICA

a) Conhecer o propósito do mapa e para quais usuários: dependendo


do público usuário os resultados podem ser diferentes, como no
caso do atlas de referência e o atlas escolar.
b) Reconhecer que a generalização implica em perda de informação,
porém é preciso tentar preservar a essência do conteúdo do mapa
original. Manter a exatidão geométrica e dos atributos, assim como
a qualidade estética do mapa, ou seja, procurar manter sempre que
possível a hierarquia visual - feições ressaltadas no mapa original
devem permanecer ressaltadas no mapa generalizado.
e) Estar atento quanto à magnitude de redução de escala, porque
quanto maior a redução, mais radicalmente a generalização afetará
os dados originais.
d) Distinguir os fatores humanos e técnicos que influenciam o processo
de generalização: fatores técnicos: (1) tamanho e resolução da tela
do monitor, (2) escolha de algoritmos mais eficientes, que resultem
em máxima redução de dados e ocupem o mínimo do arquivo de
memóri a; fatores humanos: (1) a capacidade de di scriminação dos
olhos humanos é limitada; (2) a natureza dos conteúdos dos mapas
qualitati vo ou qua nti tati vo .
e) Saber que um mapa temáti co requer mais conhecimentos das feições
mapeadas quando comparado a um mapa de base (topográfico,
por exemp lo).

6.4.2 .2 G ENERALIZAÇÃO GRÁFICA E CONCEITUAL

A divisão da natureza dos dados qu alitati vos ou quantitati vos resulta


em duas cl asses de generalização: a gráfica e a conceitu ai.
A di ferença na generali zação gráfica ou geométri ca (Figura 6.2) e
conceituai ou temáti ca (Figura 6.3) está relacionada aos métodos envolvidos
no processo de generalização. O processo de generalização gráfica é mais
ligado à componente geométrica cio dado geográfico, enquanto a generalização
conceituai afeta principal mente o componente atributo do dado espacial.
A generalização gráfi ca é caracterizada por:

Nenhum destes cinco


Simplificação
procedimentos aíeta a
Seleção
simbologia:
Exagero
Deslocamento e Po ntos permanecem pontos;
Fusão traços permanecem traços e
áreas permanecem Á reas

A suavização ou simplificação é utilizada pa ra alterar ou ajustar a


geometri a dos elernentos do mapa ou melho rar a sua visuali zação em
coerência com a rea lidade; por exemplo, os detalhes curvos de linhas de
limites podem ser suavizados retirando aquelas que se congestionam, criando
um borrão na linha. A seleção é utilizada quando se deve definir quais feições
ou elementos apresentam área (tam anho) capaz de ser v isuali zada no mapa
deri vado; caso não apresente um tamanho pré-definid o pode ser desprezado.
O exagero é usa do para ressa ltar a feição ou ele mento que se desej a
evidenciar, aumentando o tamanho deste no mapa fin al. O deslocamento
permite aju star os elementos cio mapa de acord o com um certo limiar de
separaç ão a fim ele torná-lo v isível e sem impli ca r em mudança significativa
de loca lização. A fusão ou união é utili zada para comp letar a se leção, ou
sej a, é possíve l unir dois ou ma is elementos ele form a a construir um novo
elemento, se eles esti verem próx imos o sufi ciente que pareça m apenas um,
no mapa deri vado (Figura 6.2).
_
ÚJ>l
_r_LL_
o_6_
-~
_1r_
~_o~
_~~vAA
_~ _1_
rn_
cJ_
~_.w
_10.s
_
· _c_
~_~_
~~º
-<_
AA_
1c_
x.w
~ (A~~~~~~~~~~~~- lS7

Escala Generalização Escala


Original Final

(a) --.[;}]
••• •• ••• •• ..~'
~ ~
(b)
-e
1 •
••
(e)

/ /

(d)
/,,~
,1
() /

,
,/,I
(./ /

Figura 6.2 - Exemplos de general ização gráfica: (a) suavização,


(b) deslocamento, (e) exagero e (d) seleção e fusão

A generali zação conceitu ai é ca racteri zada por:

Fusão, simbo li zação, se leção e ainda o rea lce/exagero;


Com o resultado destas ações, a simbologia no mapa pode mud ar.

No caso ela generalização conceituai, a fusão é, na verd ade, a união de


classes em uma m ais abrangente, generalizando a informação geográfica; não
pode ser apli cada sem que se tenha experiência e conhecimento do tema em
questão, pois ela pode alterar a legenda do mapa como um todo. A lguns símbolos
desaparecerão da legenda, dando lugar a novos símbolos que aglutinam aqueles
desaparecidos. Por exemplo, em um mapa de vegeta ção, as áreas d e
reflorestamento de pinus e de eucaliptos são unidas para formar somente a
classe reflorestamento. Outro exemplo deste mesmo mapa são as áreas de
influência marinha: resti nga arbórea, restinga arbustiva e restinga herbácea, que
podem ser unidas para a formar a classe restinga no mapa generali zado, (Loch;
Lima Júni or, 2001). A seleção e simbolização são utili zadas para agregar objetos
ou elementos geográficos que partilham de atri butos semelhantes ou de mesmo
atri buto, dando origem a um novo objeto mais generalista e representado por
um novo símbo lo. O realce/exagero permite manter u m elemento que
desapareceri a do mapa, no processo de generalização (Figura 6.3).

Escala Generalização Escala


Original Final

(a) IJ~
Jl;;;
•••
(b)

1····
••••
(e)
-[I

(d)~--~-~
Figura 6.3 - Exemplos de generalização conceituai: (a) fusão, (b)
simbolização, (c) seleção e (d) realce
_ÚPÍTU_._w_6_-_M_m_DAS
__ DAS_~_AA~_~_1s_u_a;_w_K~_·_cM_s1_AA~~Ã_u<_~_~_;AA_ru_·_______________________ 159

6.4.2.3 GENERALIZAÇÃO MANUAL EAUTOMÁTICA

Como realizar na prática a generalização? A literatura mostra que muitos


cartógrafos, ao longo da história, se preocuparam em definir modelos concei-
tuais para resolver o problema da generalização. Dessa preocupação resultaram
os algoritmos implementados nos sistemas de informação geográfica para
análise de dados raster e vetoriais (Loch; Lima Júnior, 2001 ).
Apesar disto, a literatura contemporânea representada por Müller,
Lagrange e Weibel (1995); Kraak e Ormeling (1997); e João (1998) considera
que a definição semântica do objeto, a análise geográfica e a formalização
do conhecimento são pré-requisitos necessários para resolver conflitos
gráficos na representação de um mapa. Isto tanto é necessário na
generalização manual quanto no processo automatizado.
Conforme João (1998), a generalização manual é feita usando regras
técnicas básicas de cartografia que necessita, portanto, da habilidade do
cartógrafo em ver o mapa como um todo, o que ele representa e quem será
o usuário desse documento. Um sistema automatizado, baseado em
computação, tais como os SIGs ou os programas de classificação, pode
oferecer soluções para o problema da generalização. Entretanto, devido a
sua complexidade, diversidade e natureza não determinística, o processo de
generalização encontra dificuldades para ser implementado em meio digital
por processos automáticos.
A generalização automática pode ser vetorial e matricial. A
generalização automática vetorial é mais orientada para os objetos, enquanto
o modelo matricial (raster) considera uma generalização de atributos, nos
quais a célula é a unidade lógica dos dados e está associada a um conjunto
de propriedades. Embora sejam bastante diferentes, no campo operacional,
a generalização tanto dos objetos como a dos seus atributos estão bastante
interligadas. A primeira dá maior importância à representação dos dados,
enquanto a segunda se prende mais à classificação. A generalização dos
atributos leva à generalização dos objetos e vice-versa. A maioria das técnicas
utilizadas para a generalização raster foi desenvolvida no campo do
processamento de imagem e modelação do terreno (Caetano et ai., 2001 ).

6.4.2.3.1 GENERALIZAÇÃO RASTER

A generalização raster vem evoluindo desde as últimas décadas


apoiada, sobretudo, no desenvolvimento de programas de processamento
de imagem e de alguns sistemas de informação geográfica (SIG). A
generalização por categorização numérica ou classificação de imagens, como
é referenciada na literatura de sensori amento remoto, é utilizada para rea lçar
o processo de c lass ificação no contexto ela generalização numérica. Este ·
tipo de generali zação envolve várias operações, como a dim inuição de
detal hes devido à geração ele categori as mais genéricas, possibil itando a
união das classes. Por exemplo, un ir c lasses de fl o resta ele pinus com aquelas
ele eucaliptos e unir as classes de diferen tes tipos de água - classificadas ele
aco rdo co m os sedimentos em suspensão - em uma C111 ica .
Outra form a ele ap li ca r a general ização aos dados matric iais é a
apl icação ele fi ltros espacia is por interm éd io de uma máscara ou "janela"
que percorre toda a imagem. Eles são empregados quando se quer suavizar
os desvios ou reduzir a va ri ância da imagem, (Caeta no et ai., 2001). Com tal
artifíc io, torn a-se possível obter uma imagem mais " li mpa" por elimi nação/
un ião ele detalhes não signi fican tes, como pixeis isolados, conforme mostrado
na Figura 6.4.

(a) (b)

Figura 6.4 - A imagem (a) mostra o resultado ela classificação, e a imagem (b), após aplicar filtro

6.4.2.3.2 GENERALIZAÇÃO VETORIAL

Ana lisando os algoritmos desenvolvidos pa ra a genera lização vetoria l


automáti ca observou-se uma ênfase no desenvolvimento de ferramentas para
a generalização de linh as. Segundo João (1998), uma das explicações para
este fato é porque os algoritm os foram desenvo lv idos para serem apl icados
em mapas topográficos ele esca las médi as, e a m aio ri a elas feições destes
rnapas é representada por linhas.
CAPÍTULO 7
REPRESENTAÇÕES CARTOGRÁFICAS:
MAPAS FÍSICOS

7.1 MAPAS CLIMÁTICOS

Os elementos primitivos do clima incluem a radiação do sol,


temperatura, velocidade do vento, umidade do ar, evaporação, nebulosidade,
precipitação, cobertura de neve e pressão atmosférica. Eles são resultantes
da interação de alguns fatores climáticos como: latitude, altitude, tipo de
solo e vegetação (Miller, 1976). Existem ainda os elementos combinados, os
quais são calculados combinando dois ou mais elementos. Por exemplo, a
temperatura equivalente é obtida pela combinação da temperatura e pressão
do vapor d' água. Existem, também, os elementos derivados que são expostos
em medidas da variabilidade, freqüências, probabilidade e intensidade dos
elementos considerados.
Uma infinidade de informações complexas sobre o clima são
publicadas, incluindo os elementos primitivos, combinados ou derivados.
Estas informações podem estar disponíveis para partes do mundo
considerando continentes, países, regiões, estados, municípios e cidades.
A representação dos dados climáticos na forma de mapas é feita pelo
método mais importante utilizado, o isoplético (ver item 8.56). Deste método
derivam os termos isoietas (valores médios da chuva), isóbaras (valores médios
da pressão), isotermas (valores médios da temperatura) e outros (Monkhouse;
Wilkinson, 1971 ). O método lsoplético também pode ser utilizado para
mostrar a duração das condições do tempo em um caso particular. Por
exemplo, número de dias em que a temperatura esteve abaixo de 6º Celsius,
na região de Fraiburgo - SC.
162~~~~~~~~~~~-ÚR~T~_·rw_~_-_R_c~_™_Nl~~A_·o~,c-~_IUN_la~~-·o_E~_~_Af_~~~-º-~-ºADOS~-~-~-IAIS

O mesmo método de mapeamento pode ser aplicado para representar


lugares com a mesma freqüência de um fenômeno climático, por exemplo,
dias de sol ou de chuva. Em síntese, o método lsoplético é aplicado para
representar variabilidades, freqüências, probabilidades e intensidades dos
elementos climáticos primitivos ou combinados.

7.1 .1 QUESTÕES IMPORTANTES PARA A CARTOGRAFIA DO CLIMA

a) Determinação das classes


Dispondo dos dados e sua localização, fica a critério do especialista
em clima definir o número de classes e seus intervalos para representar os
elementos climáticos. Para tanto, serão considerados os fatores climáticos
mais constantes ou de características locais, como latitude, altitude, litoral
ou interior, relevo (montanha ou planície) e solo, os quais são fixos. Outros
fatores como correntes, ventos, temperaturas, drenagem e vegetação são
dependentes e intermediários entre os fatores fixos e os elementos (Lee, 1967).
São ainda considerados na escolha do número de classes:
- a escala do mapa de fundo base e
- o objetivo do mapa, que é mostrar feições gerais ou feições
significantes da distribuição.
b) Escolha da variável visual
Por ser empregado o método isoplético para os mapas de clima, é
comum se utilizar a variável visual valor, cor ou padrão. No caso de usar
valor, escolhem-se variações de cinza, de acordo com a ordem das
quantidades representadas. Quanto maiores as quantidades mais escuro será
o cinza, como representado na Figura 7.1.
Se a variável visual cor for escolhida, então haverá diversas opções de
representação. Por exemplo, se for um mapa de precipitação, pode-se utilizar
tanto cor como valor. Neste caso, uma alternativa é utilizar o azul nas suas
várias tonalidades ou intensidade, para os mapas a serem dispostos em telas
de monitores, começando pelo azul mais claro para as menores precipitações
e fazendo gradualmente mais escuro até as maiores precipitações.
Geralmente, se consegue uma ordem visual de quatro a cinco tonalidades,
facilmente, tanto para mapas a serem apresentados em telas de monitores
como para aqueles impressos.
Outra opção de usar a cor seria partir do amarelo para áreas com
baixa precipitação, passando progressivamente pelos verdes até atingir os
_c~
_ír_uL_o_7_-R_11_~r_
~N-~~
~-cs_~_R_
r~_;~_in_0~_:,_w_%_r_í
s1<_os~~~~~~~~~~~~~~~~16 3

azui s, no sentido levógiro do círcu lo das cores, para as áreas de mais altas
precipitações. Esse esquema comportaria uma extensão ma ior de classes
que aquele proposto com harmon ia monocromática em az ul. AI iás, o uso
do matiz azu l está associado à água e, neste sentido, esta cor pa rece bastante
adequada para mapas de prec ipitação, umidade relativa do ar, nebul osidade
e tem peratu ras muito baixas.

TEMPERATURA MÉDIA EM 1999

.Alta

Figura 7.1 -Variável visual valor empregada em


mapa climático

Uma terceira opção é o caso da variável padrão ou textura. Ela é


aconselhada apenas quando se faz necessá rio separar visualmente as classes
(Fi gura 7.2). Neste caso, se estará construindo um mapa para aná lise e não
para comun icar como o fenômeno evolui no espaço. As vezes, é necessário
"separar" cada classe para visualiza r melhor a combinação com outros níveis
de informação, por exemplo, com urn rnapa hi psométrico, ou com o de relevo.

TEMPERATURA MÉDIA EM 1999

~ Classe 1
[2Ll Classe 2
l!:!J Classe 3
Classe 4

Figura 7.2 - VMiável padrão ou textura empregada


em mapa climático
164 (ARTOCRAflA - REPRESCNTAÇÀ01 COMUNICAÇÃO E VlSUAl.IZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

7.1.2 REPRESENTAÇÃO DE MASSAS DE AR E VENTOS


O sistema de ventos, seja no planeta ou local, geralmente é construído
a partir de linhas e setas indicando a direção que prevalece em diferentes
tempos do ano. O uso de linhas finas é aplicado para ventos com menor
força e menos freqüentes. As linhas mais grossas marcam o lugar de ventos
mais freqüentes. Geralmente, são representados na cor preta.
Correntes de ar quente podem ser representadas pela cor vermelha, e
as frias pela cor azul. A intensidade e extensão são representadas pela variação
da espessura e do comprimento de linha, e as curvas das linhas denotam
mudanças na direção dos movimentos do ar.

7.2 REPRESENTAÇÕES DA CROSTA TERRESTRE

7.2.1 PEQUENO HISTÓRIC0 1

Desde os primórdios da Cartografia, a representação do relevo tem


sido um dos maiores problemas dos cartógrafos porque envolve a
representação das três dimensões em uma superfície plana (em duas
dimensões ou 2-D). Observa-se, nos mapas primitivos como o da Figura 7.3,
o relevo representado por desenhos de uma cadeia de montanhas e em perfil
(símbolos pictóricos). Ainda hoje, utiliza-se o simbolismo pictórico em
representações esquemáticas de alguns lugares específicos como aqueles de
vocação turística. Nestes tipos de representações, com finalidade de
informação turística, tanto os elementos planimétricos como altimétricos
são esquematizados a partir de uma vista oblíqua. Os morros ou cadeias de
montanhas mais importantes são mostrados com forma de cumeada e as de
montanhas ou morros seqüenciais delineadas com destaque. São belos
desenhos que lembram a representação de paisagens feitas por crianças e
são eficazes para os turistas se localizarem.

' Este histórico foi elaborado com base em lmhof (1982).


_CAl'ITU_._t_o7_-_R_c~_~_m_~~ÕES-CAR~TOC_RAf_·1_CAS_:_MM_~_rí_~_~~~~~~~~~~~~~~~~l6S

Figura 7.3 - Mapas primitivos com a representação do relevo


(a) Montanhas rebatidas no plano, (b) Montanhas segundo o ponto de vista do observador e
(e) Montanhas visualizadas com auxílio de hachuras e em perspectiva.
Fonte: Baseada em lmhof (1982)

Nos mapas primitivos, as montanhas eram arranjadas em filas com os


símbolos orientados para a direita ou para a esquerda, como pode ser visto
na Figura 7.3.a. No século XV, o arranjo dos símbolos passou a ser feito
segundo o ponto de vista do observador (Figura 7.3b). Aos poucos essa forma
de representação evoluiu, modificando a forma, o tamanho e a disposição
no espaço. As diferenças em altura podiam, então, ser observadas; noções
de perspectiva começaram a ser utilizadas e os símbolos foram completados
com linhas (hachuras), desenhadas principalmente em direção à declividade,
sugerindo formas e sombras.
Entre 1502 e 1503, Leonardo da Vinci mostrou um belo exemplo do
desenvolvimento dos mapas. Pela primeira vez foi representado o relevo
como se fosse visto por um pássaro, ou seja, com visão oblíqua. As formas
de relevo aparecem representadas de forma individual e contínua, de acordo
com as suas observações (Figura 7.4).
Até o século XVIII, o trabalho de da Vinci, assim como o de outros
cartógrafos importantes, permaneceu com o mesmo tipo de representação
do relevo: padronizado com a visão oblíqua das montanhas. A transição
desse tipo de representação para a forma planimétrica aconteceu com o
topógrafo Bacler d'Abe e outros, publicado por Meyer, como Meyer Atlas,
entre 1759 e 1826. Era composto por dezesseis mapas na escala 1:108 000,
da Suíça. A representação do relevo passou a ser feita por hachuras
desenhadas irregularmente a partir da linha de cumeada mostrando linhas
de declividade (vertentes). Quanto mais escarpada e íngreme uma vertente,
mais pesada ei densa era a hachura. No entanto, as partes planas não eram
marcadas. Em 1799, o fotógrafo militar saxão Johan George Lehmann colocou
ordem no caos de hachuras. Ele desenvolveu o sistema s/ope hachurrings
(hachuras de declividade) no qual cada linha de hachura era desenhada na
direção da inclin ação da vertente, va ri ando a espessura de acordo com a
inclinação. Muitos mapas topográfi cos da Europa foram desenhados desse
modo até metade do século XX .
Na Fran ça, Suíça e em algumas partes da Itália, foi desenvo lv ido o
método da " iluminação à esquerda" como um sucessor dos mapas originados
pelo método de v isada oblíqua. As representações planimétricas do relevo
davam a impressão de estarem ilumin adas, fazendo com que as montanhas
apresentassem linha s fina s e grossas nas áreas sombreadas das vertentes,
produzindo um efeito tridimensional (3-D) para quem as estudava.
Ambos os tipos de representação do relevo, método da v isa da oblíqua
e método da iluminação à esq uerda, permaneceram por centenas de anos,
mas ao mesmo tempo uma nova forma de representação gráfica de topografia
foi desenvolvida. Eram as linhas de mesmo va lor - c urvas de nível - que se
torna ram elementos ind ispensáveis à cartografia altimétrica at ual, banindo
quase totalmente a técn ica das hachuras.

Figura 7.4 - Mapa de Tuscany feito por Leonardo da Vinci entre 1502 e 1503
Fonte: lmhof (1982)

Segundo o relato de lmhof (1 982), a representação do relevo por cu rvas


de nível teve o ri gem nos mapas usados para navegação. Era necessário
identifi ca r os lugares ele águas ra sas, po r isso eram represe ntadas as
_c~_T_UL_o_7-_R_c~_c~_N_TAÇ_~_sa_R_T~_AA_·r_1CAS_:_l'wW_~_F_ÍSlC_~~~~~~~~~~~~~~~~167

profundidades das águas em mapas de sondagem. Um pequeno passo foi


efetuado para que desses mapas fossem originados os mapas de curva de
nível ou cartas isobáticas. Foi somente necessário conectar pontos adjacentes
de igual profundidade e melhorar a clareza para o uso dos mapas,
introduzindo linhas em intervalos verticais iguais, cada uma representando
uma altura particular ou uma profundidade, no caso da parte submersa.
O mais antigo mapa manuscrito com a representação de lsóbatas é
datado de 1584 e foi desenhado por Pieter Bruinss. As curvas de nível foram
desenhadas de 7 em 7 pés. 2 Outros exemplares datam de 1697 em Roterdam,
França e Holanda, com curvas de nível de 5 em 5 pés. Outros mapas, do
século seguinte, foram encontrados mostrando que este método foi
desenvolvido progressivamente. A vantagem do método das curvas de nível
é que elas representam, de maneira satisfatória, a forma geométrica da
superfície terrestre, elevações e diferenças nestas, os ângulos e direções das
vertentes.
É necessário lembrar que o invento da litografia 3 foi empregado na
reprodução de mapas desde 1825, o qual facilitou a produção de mapas
multicoloridos. Observa-se que os mapas da metade do século IXX em diante
eram impressos em cores, ajudando na identificação da paisagem. As cores
foram utilizadas para dar idéia de altitudes diferentes; as cores hipsométricas
e as sombras de tons diferentes tomaram lugar das hachuras. Outras vezes,
havia combinação de curvas de nível e hachuras ou cores hipsométricas
com curvas de nível, ou com hachuras, ou ainda com sombras. Sempre
perseguindo um efeito tridimensional e de maior semelhança com a natureza.
Com a necessidade de conhecer mais detalhadamente o território,
surgiu, no século XX, o mapeamento topográfico em escala grande. A tarefa
de acabamento dos mapas ficou a encargo de topógrafos militares
inexperientes em Cartografia. Por isso, foram preferidas regras simples de
desenho gráfico para padronizar tanto quanto possível as centenas de folhas
dos mapeamentos nacionais. Poucos países fugiram dessas regras,
conseqüentemente, pouca inovação gráfica ou quase nenhuma foi
desenvolvida para representar o relevo.
A demanda por mapas aumentou cada vez mais nos últimos cem anos
e veio associada ao conteúdo e à exatidão, e, portanto, à escala dos mapas.
A fotogrametria aérea, desenvolvida a partir da primeira metade do século
XX, substituiu grande parte dos levantamentos clássicos. Ela possibilitou o

2 1 pé= 30,48 cm, portanto, 7 pés= 21,336 metros (nota da autora).


3 A litografia foi inventada em 1796, em Munich, por Alois Senefelder.
168~~~~~~~~~~~-C_AA_H~_·RAF~IA-_R_Cffi_Csc_Nl~A~~-º~·C_OM_U_NIC~AÇ_ÃO_E_Vl~_A_L~~~-º-~-º-AOOS~~-~~IA~

aumento na rapidez de produção dos mapas e ao mesmo tempo procurou


dar exatidão ao conteúdo representado.
Com o advento da aerofotogrametria, as curvas de nível foram
padronizadas como método de representação do relevo para mapas em
escalas médias e grandes. Em geral, ela fornece curvas de nível mais fiéis
para formar um senso geomorfológico mais real que aquelas derivadas de
levantamentos topográficos.
Na atual era da fotogrametria digital, novos produtos cartográficos
podem ser gerados para representar o relevo. As curvas de nível podem ser
geradas automaticamente a partir dos pontos de altitude obtidos durante a
restituição planimétrica. Os pontos também podem ser registrados
automaticamente em intervalos de tempo pré-definido, quando o operador
"varre" o terreno e depois, interpolados também de forma automática para
gerar curvas de nível. Estes mesmos pontos podem ser utilizados para gerar
um modelo tridimensional do terreno, o qual pode ser observado de diferentes
pontos de vista. Este modelo pode ter a aparência de rede ou em tons de
cinza, como mostrado na Figura 7.5. Sobre o modelo tridimensional, podem
ser "acopladas" imagens do terreno, tanto das próprias aerofotos 4 utilizadas
na restituição, como de imagens obtidas por sensores aéreos ou orbitais.
Além da aerofotogrametria, as feições podem ser observadas e
registradas por sensores ativos como aqueles de microondas (radar) e laser
(laser scanner). No primeiro, é possível ter uma visão da rugosidade do terreno
pelo modo de imageamento lateral. O lado do relevo que não é tocado
pelas microondas, em função do modo de imageamento lateral, forma
sombras nas imagens. A visão tridimensional é obtida na área em que o
terreno foi registrado pelo sensor de dois ângulos distintos, isto é, ao se
observar duas faixas contíguas, com um estereoscópio ou com outro modo
de se obter a visão tridimensional.
O laser scanner, já explanado no item 2.4.2, mostra, pelos pontos, as
diferenças de altura na superfície terrestre, com uma precisão jamais obtida
por outro sensor. Na verdade, não é uma imagem que ele produz, mas uma
nuvem de pontos que dão a sensação aos nossos olhos de uma "imagem
rústica" das feições superficiais (Figura 7.6).
Os dados do laser scanner podem ser utilizados para produzir modelos
tridimensionais do terreno, com ou sem a vegetação e objetos construídos
pelo homem. Também é possível juntar a estes dados as imagens oriundas
de aerofotos ou de outro sensor, desde que estejam em meio digital.
4 As aerofotos são ortorretificadas para então serem manipuladas em 3-D.
_CAl'l
~TU_L_
o_7_-_R_r~_E5C
~ NT_
A(~~
-s_c_
AA_T~
~;RAf
~ KM
~:•_
w_~_
s _r~
_._
<h_
. ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~- 169

Figura 7.5 - Modelo tridimensional do terreno


Fonlc: Schiifcr (2004)

Figura 7.6 - Imagem de intensidade cio sensor Laser scanner


Fonlc: Lohr (2003)
170 (ARTOGRAFIA - REPRESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO EVISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

7.2.2 MAPAS QUE REPRESENTAM A ALTITUDE DO RELEVO


Os mapas de pequena escala utilizam cores para representar as altitudes
classificadas desde o menor até o maior valor de altitude existente. Esse tipo
de mapa é muito comum em atlas geográficos.
lmhof (1982) faz uma longa discussão sobre a representação do relevo
usando as chamadas "cores hipsométricas", da qual extraíram-se tópicos
muito importantes que podem ajudar a entender e construir esse tipo de.
mapa. Primeiro fala sobre as cores usadas para representar o relevo, na
seqüência sobre as classes de altitude- camadas de altitudes-e, finalmente,
sobre o ajuste das cores. Iniciar-se-á aqui falando sobre as cores e depois
sobre a divisão da amplitude da altitude em classes.

7.2.2.1 (ORES HIPSOMÉTRICAS


Observa-se, hoje em dia, que a grande maioria dos mapas
hipsométricos apresenta cores padronizadas que variam das menores altitudes
para as maiores. Na altitude zero, ao nível do mar, estão os verdes, seguindo
para amarelos, vermelhos ou marrons. Nas grandes altitudes, onde sempre
há neve ou faz muito frio, costuma-se usar o azul claro ou lilás, ou ainda o
branco. Estas cores são empregadas para mapas em escalas pequenas,
mostrando países e continentes ou no planisfério. As diferenças de altitude
são visualmente distintas como uma "escala gradual de cores" que apresenta
os degraus diferenciados de maneira nítida.
Existem discussões sobre o uso de cores hipsométricas há mais de
uma centena de anos e diversas sugestões foram apresentadas para mapas
de pequena escala. A seqüência falada no parágrafo anterior foi oficialmente
adotada em 1962 para as Cartas do Mundo ao Milionésimo (Cartas CIM). As
áreas glaciais e as elevações acima de 6.000 metros devem ser representadas
pela cor branca. Na Suíça, os mapas de relevo em escalas grandes entre
1:1 O 000 e 1: 50 000 contêm curvas de nível, desenho de afloramentos
rochosos e sombreamento oblíquo. As cores utilizadas nesses mapas têm
uma aparência muito próxima às cores naturais da paisagem montanhosa e
dão ilusão tridimensional. A seqüência das cores sobre as vertentes claras e
brilhantes e a adição de um sobretom nas superfícies sombreadas é assim:
rosa ou laranja ou marrom muito claros, branco, amarelo avermelhado,
amarelo esverdeado, verde amarelado, verde, verde azulado, cinza azul
esverdeado.
_c~_rr_uL_o7_-_R_~_~_Nt_~~ôB_a_R_T~_RAf_1_w_:_MAP_~_ri_s1c_os_______________________________ 171

7.2.2.2 MAPAS HIPSOMÉTRICOS


Parece que a tendência atual nas representações de altitudes terrestres
em mapas hipsométricos segue dois caminhos: a) aquele que tenta associar
as formas naturais da paisagem com a distinção de diferenças na altitude e
por isso usa sombras ou hachuras associadas às cores e, b) aquele que tem
intenção deliberada de mostrar apenas diferenças nas altitudes terrestres,
por isso usa apenas as cores hipsométricas; por conseguinte, estes últimos
podem ser considerados como mapas temáticos (Hipsométricos).
Então, no caso "b", a questão do uso adequado das cores, assim como
do intervalo entre as altitudes representadas ficará subjetiva ao seu idealizador.
Pode-se optar em utilizar cores mais escuras para as áreas mais altas e cores
mais claras para áreas mais baixas ou vice-versa. Em ambos os casos o efeito
tridimensional é obtido pela sucessão gradual que pode começar nos tons
claros de amarelo, seguindo o círculo das cores no sentido levógiro até o
verde escuro. Outra opção é a variação do amarelo claro até o marrom
escuro. Mas, para o caso do Brasil, um país tropical, parece ser mais adequada
a opção do círculo das cores. O Atlas do Professor Martinelli (2003) usa esta
opção para fazer a representação cartográfica dos mapas hipsométricos. Existe
uma tendência de esses mapas nos atlas confeccionados no Brasil
apresentarem cores variando do verde claro para as áreas mais baixas,
passando pelo amarelo e vermelho; e o marrom para as áreas mais altas. A
variação gradual das cores não acontece, dando uma aparência de separação
de classes, mais do que uma continuidade delas.
A aparência final do mapa hipsométrico será tanto melhor quanto mais
harmônica for a escolha das tonalidades das cores. Uma boa comunicação
da menor altitude para a maior é conseguida pela escolha da tonalidade
mais clara para as mais escuras. Os verdes, quando não bem escolhidos,
podem marcar uma descontinuidade acentuada em relação às outras cores,
assim como os marrons.
Para a batimetria é comum o uso de tons em azul: o mais claro para as
menores profundidades e o mais escuro para as maiores profundidades.

7.2.2.3 (LASSES DE ALTITUDE


Existem pelo menos seis soluções apresentadas para o problema da
divisão das altitudes terrestres em "degraus". Algumas consideram degraus
iguais, por exemplo: O - 800; 800 - 1600; 1600 - 2400; 2400 - 3200; 3200
- 4000 e maior que 4000 metros. Outra opção considera a área total a ser
mapeada e a amplitude da altitude dividindo em áreas iguais, o que pode
172~~~~~~~~~~~-CAR~roc_w_~_-_REPRESOO~---A~_·o~,C_OMU_NJCAÇAO._EVISU~Al.JL\---~-º-~-DADOS~-~-~-IAIS
_____

conduzir a uma situação insustentável, e se houver área mais montanhosa


ou mais terras baixas, o mapa ficará com poucas classes.
A opção melhor apresentada está baseada na progressão geométrica;
é também a mais utilizada nos atlas escolares e geográficos (Figura 7.7). A
curva de progressão corresponde aproximadamente àquela da distribuição
das elevações na superfície terrestre (curva hipsométrica da Terra). No caso
do Brasil, as classes de elevação ficarão assim: 0-200; 200 - 500; 500 -
1000; 1000 - 2000; 2000 - 4000 e maior que 4000 metros.
Se a área a ser representada não atinge toda essa extensão de altitudes,
de zero a 4000 metros, deve ser estudada uma variação de classes de acordo
com a distribuição das áreas cobertas pelas diferentes altitudes. Por exemplo,
se a variação entre as maiores e menores altitudes for de 300 metros, dentro
de um determinado município ou de uma bacia hidrográfica, uma boa
maneira de determinar as classes é por curva de progressão geométrica,
levando em conta as el~vações terrestres, porém com uma variação de 300
metros. Pode-se optar por cinco a sete classes, dependendo dos objetivos do
mapa. Para escolher as cores hipsométricas, sugere-se utilizar círculo das
cores conforme descrito anteriormente.

Elevação
{m
9000

8000

7000 (/)
Q)
6000 "C
.a
5000 =
<
Q)
4000 'O
(/J
Q)
~
cu
õ

40 50 60 70 ao 90 100 110 120 130 140 milhões


de Km

Figura 7.7 - Classes de altitude para toda a Terra baseadas na progressão geométrica
Fonte: Baseada em lmhof (1982)
_CAPiru_·_~_7_-_R_E~_&_Nt~~ÕES~CAA_l_~_w_ICAS~:MAA_M_r_~_~~~~~~~~~~~~~~~~173

7.2.3 REPRESENTAÇÕES GEOLÓGICAS

A Geologia tem seu interesse principal centrado na representação dos


materiais e estruturas que constituem a crosta terrestre em suas diversas partes.
A cartografia geológica pode ser considerada como uma denominação
utilizada nas representações desta índole (Martínez-Alvares, 1989).
Como se observará na seqüência, a cartografia da crosta terrestre é
manifestada em três tipos distintos de representações temáticas:
a) quanto à formação estrutural geológica do substrato da crosta
terrestre - cartografia das formações profundas: mapas geológicos
e geotécnicos;
b) quanto às formas do modelado terrestre - mapeamento geomorfo-
lógico: mapas geomorfológicos, bem como
e) quanto às formações superficiais e aos solos que recobrem o modelado
- mapeamento das formações superficiais: mapas de solos.
A representação de dados geológicos é uma tarefa complexa e da mesma
forma é a análise de mapas geológicos para aqueles que buscam as informações
ali dispostas. Várias são as escalas que podem ser utilizadas para estes mapas. A
determinação da escala leva em conta o tamanho da área a ser cartografada e os
objetivos: se são mais detalhados ou mostram traços regionais. Desta forma, o
IBGE (1998) classifica três tipos básicos de mapeamentos geológicos:

7.2.3.1 MAPAS MURAIS


Os mapas murais resultam de levantamentos geológicos para a
confecção de mapa em escalas menores que 1: 100 000, tendo como objetivo
representar a Geologia de pelo menos uma unidade da Federação: Estados e
Regiões Geográficas. Preferencialmente são usadas escalas 1: 2 500 000, 1:
5 000 000 e 1: 1O000000. Mostram grandes traços da geologia regional, ou
seja a síntese da geologia, os principais elementos estruturais.

7.2.3.2 MAPAS BÁSICOS


Os mapas básicos são obtidos por levantamentos geológicos para
escalas compreendidas entre 1: 1 000 000 e 1: 50 000. Visam dar, dentro
dos limites da escala, uma visão mais completa possível da geologia da área
considerada. Eles se subdividem em:
- Mapas regionais: confeccionados nas escalas 1 :1 000 000, 1: 500
000 e 1: 250 000.
174~~~~~~~~~~~-CAA_T~_-_IWIA~-R_r~_&_NT~~~~)~,c_-~_IU~--~~-o_EVISU~M-~~~-º-~-ºAOOS~~-~~s

- Mapas de reconhecimento: confeccionados na escala preferencial


de 1: 100 000, mas admitidos até a escala 1: 250 000. A diferença
básica entre os dois tipos de mapas é que no segundo, a litologia ou
agrupamentos 1itológicos deve ter posicionamento cronoestratigráfico
definido, enquanto no primeiro isto não é levado em conta.
- Mapas de semidetalhe: confeccionados nas escalas 1: 100 000 e
1:50 000, sendo esta última preferencial.

7.2.3.3 MAPAS DETALHADOS


Os mapas geológicos detalhados são confeccionados em escalas 1:
25 000 e 1: 1O 000, mas podem também estar na escala 1: 50 000. São
mapas de aplicação direta em diversas atividades humanas, tais como:
pesquisa mineral, geologia de engenharia ou ambiental. As unidades de
mapeamento são definidas em função dos objetivos pretendidos.
Enquanto os tipos "7.3.3.1" e "7.3.3.2" de mapas devem seguir o corte
e articulação das folhas do Mapeamento Sistemático Nacional, neste último
tipo, quando o alvo são mapas detalhados, o corte das folhas é flexível. Isto,
porque têm um objetivo específico e este é quem vai definir o tamanho da
folha, seu conteúdo e especificações.

7.2.3.4 ÜRGANISMOS DE LEVANTAMENTO GEOLÓGICOS


Oficialmente cabe ao Departamento Nacional de Produção Mineral -
DNPM, a responsabilidade pela execução e controle dos levantamentos
geol.ógicos no Brasil. Atualmente têm assumido também esta função, a
Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais-CPRM e o IBGE. Muitas vezes,
estes três organismos trabalham em parceria com os governos estaduais. Ao
IBGE cabe a parcela de levantamento de áreas maiores que produzem mapas
murais e básicos, enquanto à CPRM cabe produzir mapas básicos e detalhados
(pequenas e médias regiões).

7.2.3.5 SIMBOLOGIA PARA OS MAPAS GEOLÓGICOS


A simbologia utilizada no mapeamento geológico brasileiro segue as
diretrizes estabelecidas pelo Manual Técnico de Geologia editado pelo
DNPM em 1985. o IBGE também editou um Manual Técnico de Geologia
em 1998 para uniformizar metodologias de levantamento e representação
dos dados geológicos.
_Cm_ru_L_o7_-_R_E~_&_N_TAÇ~~-sa_R_T~_RAr_~_~_:_MAA_~_ri_sic_os____________________________~175

Verifica-se que os mapas geológicos produzidos pelos organismos


oficiais possuem uma característica praticamente padrão, tanto no uso de
cores, símbolos e letras, assim como na maneira de distribuir as informações
na folha. Entretanto, outras instituições como universidades têm apresentado
mapas geológicos sem os padrões sugeridos pelo DNPM e IBGE.
No Manual Técnico de Geologia - do Departamento Nacional de
Produção Mineral - DNPM (1985), a simbologia das ·cores segue
aparentemente uma ordem cronológica. As cores mais claras representam
rochas mais recentes e as mais escuras as rochas mais antigas. Por exemplo:
- o amarelo é usado para representar rochas sedimentares; amarelo
claro para as mais recentes e o amarelo mais escuro para as mais
antigas - Período ou Era: Cenozóico;
- o verde, azul e suas variações são usados para representar rochas
ígneas extrusivas, como rochas vulcânicas - Período ou Era:
Mesozóico e Paleozóico;
- o vermelho, magenta e o rosa são usados n~ representação de rochas
ígneas intrusivas, por exemplo as plutônicas - Período ou Era:
Proterozóico Superior e Eo-Paleozóico e
- os marrons e cinzas são utilizados na representação de rochas
metamórficas - Período ou Era: Proterozóico Inferior e Médio e
Arqueano.

O mapa geológico mostrará a gênese, ou seja, a origem da rocha; o


tipo (se é ígnea, metamórfica ou sedimentar); o período (idade aproximada
da rocha) e a posição estratigráfica. A associação de cores e letras-símbolos
construirá todas estas informações. Por exemplo, JKbsr significa rochas
intrusivas básicas dos períodos Jurássicos e Kretássico e a área de ocorrência
será representada pela cor verde.
Existem ainda simbologias de minerais e de rochas propriamente ditas,
como por exemplo: "ar" será areia; "cv" será carvão; "gr" será granito. As
simbologias lineares são usadas para representação dos elementos tectônico-
estruturais, tais como: fraturas, dobramentos e acamamentos, cada qual com
suas especificidades.
Simbologias pontuais fazem a representação de atividades ligadas ao
setor mineral, como, por exemplo, a situação de jazidas.
Uma descrição detalhada das simbologias utilizadas no mapeamento
geológico brasileiro está no Manual Técnico de Geologia do DNPM (1985)
ou no 1BGE (1998).
176 (ARTcx;RArlA - RCl'RCSCNTA(ÀO, COMUN!CA(ÀO EVISUA!.11.AÇÃO DE DADOS ESPACIA.IS

7.2.4 REPRESENTAÇÕES DA GEOMORFOLOGIA

Ross (1995) lembra que, apesar do desenvolvimento tecnológico, dos


avanços para espaços extraterrestres que atingem a Lua e os planetas do
sistema solar, o lugar comum do homem é a superfície terrestre. Por isso, é
preciso conhecer, a cada dia que passa, mais e melhor o ambiente natural
de sobrevivência dele.
Na litosfera, parte superior da crosta terrestre, encontram-se os recursos
minerais e energéticos que permitem a ocupação e a organização do espaço
físico-territorial pelo homem. É nesta camada que se constroem cidades,
implantam-se as indústrias e acontecem as práticas agrícolas.
A rigidez da superfície terrestre é falsa. Ela está em constante
modificação, muitas vezes imperceptível pelo homem, por que é lenta em
velocidade de movimentação. O dinamismo da superfície é resultante de
duas forças energéticas: as interiores ou endógenas e as externas ou exógenas.
São criadas formas estruturais, por processo endógeno, que são esculpidas
permanentemente pelas forças exógenas, atmosfera e energia solar.
A diversidade de fisionomias dos ambientes naturais terrestres é fruto
de ações e reações estabelecidas na superfície terrestre (subsolo, relevo e
solo), na hidrosfera (oceano, rios e lagos) e na atmosfera.
A crosta terrestre é constituída de uma grande variedade de tipos de
rochas e arranjos estruturais de diferentes idades e gêneses. As grandes formas
estruturais do relevo são ou foram geradas pelas forças endógenas. Essas
formas são denominadas de macroformas estruturais do relevo terrestre, e
da ação dos processos exógenos sobre as macroformas formam-se diferenças
esculturais no modelado terrestre.

7.2.4.1 MAPAS GEOMORFOLÓGICOS


Conhecer, estudar e caracterizar o relevo terrestre é objeto de estudo
da geomorfologia, que apresenta seus resultados por intermédio de mapas e
relatórios. As formas do relevo são representadas em mapas nas mais diferentes
escalas e, conseqüentemente, diferentes graus de detalhamento. Na Figura
7.8, observa-se um mapa impresso em livro didático mostrando as unidades
de relevo do Brasil, conforme proposta realizada em 1989 por Jurandir Ross
(Ross, 1995).
Observa-se o uso da variável gráfica padrão associada aos números
para fazer a representação das três principais unidades geomorfológicas:
planaltos, depressões e planícies. É um mapa de difícil leitura devido à
_c_~_rru_l_0_7_-_R_r~_C5l
__N_M~çô_r_sCA :_M__ __ AP~_r_~_cos
__RT_OG_.RAf_'_1CAS __________________________________________ 177

dificuldade em visualizar estas três principais compartimentações, e mais difícil


é separar visualmente as subclasses. Por isso, merece uma nova proposta de
simbologia que facilite a leitura de conjunto dos elementos cartografados.

Planahos cm: Deprua6es


[!lJ 12 Depttalo da AmazAnia ocidental
Baciu scdfmuitara
CJ 13 Depmdo nwgfna) nortC•amaz6niC'JI
E3 1 Plamllo da Amamnia oricntaJ D 14 Depta.do marginal aul·asnu.&lica
IDIID 2 Planaltos e chapadas da bacia do Pamalba CJ IS Depresdo do Araguaia
E) 3 Planaltos e chapadas da bacia do PuanJ CJ 16 Depttado cuiabana
CJ 17 Deprcaslo do Alto Paraguai-Ouapor~
lnlNS6cs e coberturas residuais de plalafonna D 18 Dtpresslo do Miranda
e::J 4 Planaltos e chapada dos Parccis D 19 Depreulo sertaneja e do Slo Francisco
c:J 5 Planaltos raiduais nortc•amaz6nic:os D 20 Depresslo do Tocantins
- 6 Planaltos residuala sul·amaz6nic:os D 21 Deprudo perifirica da borda leste da bacia
do Paran6
Cinturões orog!nicos D 22 Deprado perifirica sul·rio-grandense

-
c::J 7 Planallos e serras do A1lln1ico leste sudcsle Planfcica
8 8 Planaltos e scnu de Goi&Minu
- 9 Scnu residuais do Alto ParaguaJ m 23 Planfcie do rio Amazanu
Planfcie do rio Araguaia
24
Nllcleos crisulinos arqueados 2S P11nkic e pantanal do rio Gua~
I li 26 Pl1nfcic: e Panianal Mato-grcmcnsc
17/llA 10 Planalto da Borborema CJ27 Planfdc: da lagoa dos Pascs e Mirim
E!§1 11 Planallo sul·rio-grandcnse ~ 28 Plan!cies e: 11bulciros lilorlneos

Figura 7.8 - Unidades do relevo brasileiro


Fonte Ross (1995, p.53)
178~~----~~~~~~~-CAA_rr_x;_~_~_-R_u~_~_NT~AÇAO~··~,c-·oo_uNJCAÇA___.._·o_EVISU~M_IZAÇÃO
___ __~_~_c~_
m_DAOOS

Observando os mapas geomorfológicos apresentados em Anais de


congressos, nos relatórios do projeto Radam Brasil e do IBGE, verifica-se que
na verdade não existe um padrão nacional ou uma norma adotada para a
simbologia cartográfica nestes tipos de mapas. Assim, o mapeamento
geomorfológico é muito complexo e envolve taxativamente os objetivos, o
tamanho da área, bem como a metodologia utilizada. Todas estas informações
tornam muito difícil o estabelecimento de regras ou padrões a serem utilizados.
O IBGE (1994) apresentou um Manual Técnico de Geomorfologia, no
qual tenta sistematizar metodologias para o mapeamento geomorfológico no
organismo. Para o IBGE (1994), o mapa geomorfológico cartografa os fatos
geomorfológicos identificados na pesquisa segundo as possibilidades permitidas
pela escala de trabalho e estes fatos são arranjados segundo a taxonomia adotada.
A taxonomia dos fatos geomorfológicos hierarquizados em grupamentos
parte do macro para o local, constituídos como:
a) Domínios morfoestruturais-grandes conjuntos estruturais que geram
arranjos regionais de relevo, guardando relação de causa entre si.
b) Regiões geomorfológicas - grupamentos de unidades
geomorfológicas que apresentam semelhanças resultantes da
convergência de seus fatores evolutivos.
e) Unidades geomorfológicas - associação de formas do relevo
recorrente, geradas por uma evolução comum. São representadas
em cartas na escala 1 : 250 000.
d) Tipos de modelados- mancha ou polígono de modelado, constituído
por grupamento de formas de relevo que apresentam similitude de
definição geométrica em função de uma gênese comum e da
generalização dos processos morfogenéticos atuantes. Num mapa,
as manchas geomorfológicas propriamente ditas estão delimitadas
em quatro tipos de modelados: os de acumulação, os de
aplanamento, os de dissecação e os de dissolução.

A proposta do IBGE contempla também a simbologia cartográfica para


os mapeamentos geomorfológicos. Para tanto, são indicadas combinações
de cores, letras-símbolos em conjuntos alfanuméricos, ornamentos
cartográficos e símbolos. A proposta foi dividida em duas partes prir:'cipais,
uma para as formas do relevo e outra para o modelado. No anexo 1 do
Manual Técnico de Geomorfologia do IBGE (1994), tem-se acesso a essa
proposta de simbologia para o mapeamento geomorfológico brasileiro.
__ ____________________________~179
_c~_~_w_7_-_R_E~_~_N1_A~_[s_~_RT_~_·w_1c_·M_:~w_~ rls1_c~

7.2.5 REPRESENTAÇÕES DOS TIPOS DE SOLO

Os solos são produzidos pela ação dos processos que atuam sobre o
material original, residual ou transportado. A análise de um solo é efetuada
com base: a) na composição física e mineralógica do material; b) no clima
sob o qual o solo ocorre desde a sua acumulação; e) na vida vegetal e animal
sobre e no interior do solo; d) no relevo do terreno; e) na duração do tempo
decorrido, em que as forças formadoras atuaram. Para um solo tornar-se
conhecido a ponto de possibilitar a indicação de seu uso, necessita ser
identificado e classificado. Para tanto, são efetuados levantamentos de solos
os quais resultam em mapas e relatórios. Segundo a EMPRAPA (1979 apud
Resende et ai., 1999), os tipos de mapas de solos refletem o tipo de
levantamento efetuado, o qual atende diferentes objetivos.

7.2.5.1 TIPOS DE MAPAS DE SOLOS


a) Mapa u ltradetal hado
É confeccionado na escala menor que 1: 1O000 para áreas especiais,
nas quais é necessário conhecimento detalhado para implantação de projetos
específicos em pequenas áreas rurais, áreas urbanas e industriais.
b) Mapa detalhado
A diferença deste para o ultradetalhado está na freqüência das
observações de campo. Enquanto no primeiro as observações são feitas com
intervalos pequenos o suficiente para caracterizar as diferentes unidades de
solo, no segundo, elas são sistematizadas em intervalos regulares com, pelo
menos, uma observação por hectare.
e) Mapa semidetalhado
Apresenta escalas variáveis entre 1 :25 000 e 1:100 000. Tem como
objetivo prover bases para a seleção de áreas com maior potencial de uso
intensivo do solo e para identificação de problemas localizados tanto de uso
como de conservação do solo.
d) Mapa de reconhecimento
Enquanto nos outros tipos de mapas as unidades mapeadas são homogê-
neas, neste, elas são bem mais heterogêneas. A escala dos mapas de solos
para reconhecimento é sempre maior que 1:100 000, chegando a 1:750000.
Exemplos como este são encontrados em trabalhos executados pela
EMBRAPA.
180~~~~~~~~~~~~C
_AA_rc_
x;_
w_~_
- _Rll_
Rr_
~N-
~~~~
º·-
CO
_M_
UN_
ICAÇ
~A_·o_E_
VISU
_M_~
~'~
ÃO_~_D_
AOOS
~& -~
_w_s

e) Mapa exploratório
O mapa exploratório tem a finalidade de mostrar grandes áreas pa ra
uma ava liação genérica do potencia l dos solos de uma determinada região,
envolvendo vários mu nicípios. A esca la do mapa de solo vari a de 1 :1 000
000 a 1: 2 500 000. Este tipo de mapeamento pode ser exemplifi cado por
mapas de solos gerados no proj eto Radam Brasi l (Figura 7.9).

• PI/
Figura 7.9 - Mapa exploratório de solos
Fonle; Brasil (1982)

f) M apa generalizado e esquemático


O mapas esqu emático é com pilado em esca las muito peq uenas e
conseqü entemente mostra extensas áreas, como uma reg ião geográfica
brasil eira, ou mes mo todo o Bras il. Na Fi gura 7.1 O, apresenta-se um
exemp lo deste tipo de mapa.
As ap licações do mapa de solo vão além da agricultura. Ele é útil para
a imp lantação de estradas, no auxílio dos leva ntamentos geológicos, para
Estudos de Impactos Ambientais - EIA dentre outros.
_CAPíru_._lo_7_-_RE_~_~_Nt~AÇÔES~CAR_l_~_w_1CAS_:_MAP_~_r_~-~~~~~~~~~~~~~~~~181

Figura 7.1 O- Mapa esquemático de solos


Fonte: Resende (1999)

7.2.5.2 CARTOGRAFIA DOS SOLOS

As unidades cartográficas, ou unidades de representação dos solos


(classes) são sempre definidas segundo a unidade taxonômica que lhes dá
origem. A obrigatoriedade de qualificação taxonômica da unidade
cartográfica é estabelecida com a finalidade de excluir a elaboração de cartas
de solos mostrando características isoladas do solo, como textura, declividade,
profundidade, etc. Entretanto, podem existir mapas mostrando a fertilidade
e a erodibilidade dos solos (Ranzani, 1969).
Um mapa de solo deve conter as unidades de mapeamento- taxonomia
dos solos - e também outros detalhes que ajudem a localizar cada unidade.
Assim, o mapa de fundo básico deve conter estradas, rede hidrográfica,
cidades, vilas e até mesmo as sedes das fazendas.
Sobre a simbologia utilizada para cada classe de solo, segundo
recomendação de Klamt (2000), é conveniente seguir aquela proposta pela
EMBRAPA, em 1999. Isto evitará a desuniformidade observada nas
simbologias dos diversos mapas de solos existentes.
Concorda-se com Klamt (2000) quanto à necessidade de uniformizar
as legendas em mapas de solos, pois, os mapas analisados referentes à Santa
__
182~--~~~~~--~~~C_AA_T~_w ~-_R_~-~-m~A~-º~·c_~_uN_ICAÇÃ_._O_E"1SU~M-IZAÇÃ...._O~~ºAOOS--~_~_~_

Catarina e ao Riô' Grande do Sul revelam a existência de diferentes


concepções metodológicas de levantamento e representação cartográfica.
Conseqüentemente, para outros estados, esta falta de padronização também
deve ser· uma prática corrente.

7.3 MAPAS CLINOGRÁFICOS

Os Mapas c/inográficos ou de declividade como são conhecidos, têm


uma aplicação bastante ampla tanto no planejamento de uso do solo rural e
urbano, como na implantação de grandes obras de engenharia (barragens,
hidrelétricas, estradas, etc.) e na determinação de áreas de risco ambiental.
Geomorfologistas e cartógrafos desenvolveram diversos métodos de
construção de mapas de declividade. Praticamente todos os métodos têm como
base uma carta topográfica na qual a representação do relevo é feita por curvas
de nível. Uma primeira idéia do gradiente do relevo pode ser obtida ao se
examinar as curvas de nível. Quanto mais próximas, maior será a inclinação
do relevo. A título de referência, o Quadro 7.2 apresenta a relação da
declividade com o afastamento das curvas em cartas de duas escalas usuais.

Quadro 7.1 -Afastamento das curvas de nível e declividade.


Distanciamento horizontal das Distanciamento horizontal das
Declividade curvas (mm). Escala 1: 1O 000 curvas (mm). Escala 1: 50 000
(eqüidistância = 1Om) (eqüidistância = 20m)
5% 20,0 8,0
10% 10,0 4,0
15% 6,6 2,6
20% 5,0 2,0

As porcentagens de declividade podem ser facilmente deduzidas,


considerando duas curvas de nível eqüidistantes ou a declividade total de
uma vertente. Neste último caso, considera-se o ponto mais alto e a curva
de menor valor de uma vertente. Como a declividade é a inclinação do
relevo em relação à linha do horizonte, então é fácil perceber que entre
duas linhas de curva de nível (Figura 7.12) a declividade será:
1) Declividade em graus =Tgá =cat op/cat adj = DN/dh x E
ou
2) Declividade em % = DN x 100/dh x E
Em que:
DN = diferença de nível ou de altitude (m)
dh = distância horizontal (mm)
E= denominador da Escala
Para calcular a declividade entre os pontos A e B (na escala 1:1O000):
Decl = 1Ox100/15 x 1O 000 Decl = 6,66%
A declividade entre os pontos x e y será:
Decl = 50 x 100/19x10000 Decl = 26,3%

120
130
140
140
110
100

Figura 7.11 -Esquema de cálculo de declividade em


cartas com curvas de nível

7.3 .1 MÉTODOS PARA A CONSTRUÇÃO DE MAPAS DE DECLIVIDADE

O primeiro problema na construção de um mapa de declividade é a


determinação das classes de declividade. Diversos autores propuseram
número e intervalos de classes diferentes para construírem os mapas de
declividade. Foram extraídas algumas destas proposições de Simielli (1981 ),
e De Biasi (1977), sendo então:

Quadro 7.2 - Proposições de classes de declividade para a construção de mapas


Cazabat Agência Defesa (EUA) De Biasi Chianini & Donzeli
(1968) % (1974) % (1977) % (1973) %
0-5 0-3 <5 <12
5 -15 3-10 5 -12 12-20
15-25 10-30 12-30 20-40
25-35 30-45 30-47 >40
\ 35-45 45 -100 47 -100
> 45 100 - vert. > 100

\\
184~~~~~~~~~~~C_AA_T~_·w~~-_R_r~_rn_NT~AÇÃ_O~,c_OMU_NJCAÇA
___._o_EVISU~M-~~~-º~~DAOOS~~-~-cw_s

Segundo a EMBRAPA (1999), o relevo pode ser classificado em função


da declividade como apresentado no Quadro 7.4.

Quadro 7.3 - Classificação do relevo em função da declividade


Declividade (%) Tipo de relevo
0-3 Plano
3-8 Suavemente ondulado
8-20 Ondulados
20-45 Fortemente ondulado
>45 Montanhoso

Além da definição de classes é preciso conhecer pelo menos um dos


métodos de construção de mapas de declividade. Há necessidade disto, mesmo
que a produ.ção do mapa seja feita automaticamente por alguma ferramenta
disponível em software SIG ou em algum software desenvolvido especificamente
para esta finalidade. Geralmente, os manuais destes softwares não explicam
qual método é uti 1izado. Portanto, ao se conhecer o método, pode-se desenvolver
manualmente um pedaço pequeno do mapa e comparar os resultados.
É claro que a geração de mapas de declividade por métodos manuais
é muito laboriosa. Por isso, os procedimentos automáticos são bem-vindos,
desde que os resultados obtidos atendam, ou melhor, descrevam com eficácia
as declividades da área em consideração.
Um dos métodos mais usuais de se fazer manualmente um mapa de
declividade é aquele que considera duas curvas de nível para definir facetas
de declividade homogênea. Considerando a escala do mapa, o afastamento
horizontal e a diferença de altitude - eqüidistância das curvas de um mapa
-obtém-se o valor da declividade. Da mesma forma, se já estão definidas as
classes de declividade, é possível descobrir qual será o valor da distância
horizontal entre as curvas correspondente a cada classe.
Como já discutido, a declividade pode ser calculada em graus ou
porcentagem de inclinação, conforme as fórmulas abaixo.
A declividade será:
l) Tga = cat op/cat ad = DN/dh x E ou 2) % = DN x 100/dh x E
Por exemplo, para uma declividade de 5%, em uma carta na escala (E)
1: 50 000, na qual a eqüidistância das curvas de nível (DN) é de vinte metros,
haverá uma distância horizontal de oito milímetros. Veja o esquema na Figura
7.13. Para obter estes dados é necessário apenas substituir os valores na
fórmula de número dois.
_
CAP1
_1_u1_
0 _7-
_R_fl'll
_r_ YN_
T~
~oo
~ c~
_,_
~_;w
_
·ICAS
~:~_w_~_r_
ÍSIC_
m~~~~~~~~~~~~~~~~ l8 5

De maneira semelhante, calculam-se todas ou 120


outras distâncias horizontais (Quadro 7.5) para as
decl iv idades desejadas e então, marcam-se estas
distâncias gráfi cas em um pl ásti co transparente. Ele
será o gaba rito qu e registrará as muda nças de
decli v idades entre duas curvas na carta.
Para construir a carta de decliv idade, coloca-
se o gabarito sobre duas curvas de nível de forma 140
que fique perpendicular entre elas e, marcam-se os
limites ou mudanças de decli vidade na área entre 20m <-DN j
as duas curvas (Figura 7.14).
1
120
Quadro 7.4 - Distâncias hori zontais e respecti va .__...,.dl,....1-+ m-
___,.8-m...
declividade na escala 1:50 000 a

Declividade (%) Distância horizont al (mm) Figura 7.1 2 - Il ustração ela


5,0 8,0 decliviclacle entre duas curvas
10 4,0 de nível
20 2,0
30 1,3
40 1,0

IGABARITO
1
. - 1.., Plóshco
Transparenlo
1

120% ~] 1
1
'------------ '
Figura 7.13 - Declividade entre duas curvas, obtida com uso de
gabarito de distâncias horizontais

Escolhe-se uma cor para cada c lasse, dando preferênc ia para um


esquem a gradual de cores. Po r exemplo, as áreas de meno r decli vidade mais
c laras (am arelas) e seguindo no sentido levógiro d o círculo das cores até o
vermelho escuro ou roxo. Cuidad o com o magenta; evite usá-lo, pois, ele
pode "quebrar o esquema de cores" .
186~~~~~~~~~~~-CAA_'Tl_XJW~~--~-·u~_l~_Nl_A~_~_.c_~_tUNlCAÇÃ~-º-EVISU~ALIZA---ÇÃO~~-DADOS~~-~-~-

7.4 MAPEAMENTO DO USO E COBERTURA DA TERRA

Um mapa de uso e cobertura da terra de um determinado território é


um dos mais importantes para diversos estudos e aplicações porque faz a
ligação entre os elementos físicos e os sociais.
O termo uso da terra é geralmente ligado às atividades humanas sobre
uma extensão da superfície terrestre. Ou de forma mais abrangente, mostra as
relações entre os seres humanos e sua interação com o meio ambiente (Campbel 1,
1997). Exemplos das transformações na superfície pelo uso da terra são as cidades
e os campos de cultivas, os quais são facilmente identificados pelas suas feições
físicas. Algumas vezes é mais difícil identificar o tipo de uso, como é o caso de
florestas. Pode haver muito pouca ou nenhuma evidência quanto ao tipo de uso
que pode ocorrer em uma floresta. Por exemplo, pode ser uma área de proteção
ou preservação, pode servir para a produção de madeira, para a recreação, etc.
A cobertura da terra é geralmente designada como a cobertura vegetal
natural e antropogênica. Entretanto, no sentido lato, a cobertura da terra designa
a evidência visível do seu uso, incluindo feições da vegetação e ausência de
vegetação, por exemplo, floresta densa, solo nu, terra arada, estrutura urbana.
Enquanto o uso da terra é abstrato, como por exemplo o uso turístico, a cobertura
da terra é concreta e está sujeita à observação direta (Campbell, 1997).

7.4.1 APLICAÇÕES DOS MAPAS DE USO E COBERTURA DA TERRA

O uso da terra faz parte de um dos mais problemáticos embates


enfrentados pelos governos. O disciplinamento deste uso é efetuado por leis
e pela fiscalização do seu cumprimento. Continuamente são requeridos
zoneamentos urbanos para designar e localizar os diferentes tipos de uso e
atividades econômicas permitidas nos centros urbanos. E na área rural, as
leis são rigorosas na questão do uso da terra para cada imóvel, por causa,
principalmente, dos problemas ambientais.
O desenvolvimento de leis e a fiscalização da terra, ignorando seu
uso, podem criar situações indesejadas, tanto nos aspectos social e econômico
como ambiental. Um exemplo deste tipo de mudança do Código Florestal
refere-se à proteção dos mananciais e à área de mata ciliar. Antes eram
cinco metros de vegetação considerados de preservação permanente em
cada lado dos cursos d' água com menos de dez metros de largura; hoje em
dia esta área é de trinta metros. Acontecem muitas situações de conflitos,
com certeza, por causa do uso da terra preexistente dentro desses trinta
metros - sede da propriedade, pocilgas, pastagens, cu ltivos - e a necessidade
_c~_ru_L_o7_-_R_~_&_m_~~~-s~_R_roc._.RAF_._1CAS_:_~~-~_ri_~-~~~~~~~~~~~~~~~~187

de modificar tal uso em virtude da mudança da lei. Esta mudança pode


inviabilizar a produção agropecuária de muitas pequenas propriedades rurais.
Algumas das aplicações importantes dos mapas de uso da terra na zona
rural são para o planejamento deste uso dentro de cada parcela fundiária, no
planejamento agrícola, no controle da produção agrícola, no planejamento
municipal, no controle do desmatamento e previsão de estoque de madeira,
na preservação ou proteção ambiental, no planejamento e controle de obras
para manutenção de rodovias intramunicipais. Este produto cartográfico é de
grande utilidade para o planejamento e extensão rural; é também considerado
nos dois níveis de administração político-territorial: o estadual e o municipal.
Na área urbana, os mapas de uso da terra são úteis especialmente
para o zoneamento urbano, seleções de áreas para equipamentos públicos
como parques e escolas, controle do crescimento urbano, implantação de
novos empreendimentos comerciais e industriais, fiscalização e controle de
áreas de proteção ambiental.
Em nível estadual, legisladores e administradores precisam saber como
proceder com respeito à locação de terras para usos alternativos em regiões
geográficas específicas. Por exemplo, para o estabelecimento de parques,
reservas cênicas ou de biodiversidade, ou ainda para a criação de leis de
proteção ambiental.
Em nível nacional, as informações sobre o uso da terra oferecem
elementos para formar políticas com finalidades econômicas, demográficas
e ambientais. Por exemplo, no estabelecimento de áreas de mineração,
localização, extensão e caráter da mineração em superfície e estabelecimento
de instalações de defesa nacional.

7.4.2 ESCALAS DOS MAPAS DE USO ECOBERTURA DA TERRA

As cartas de uso da terra em escalas grandes 1: 500; 1: 1 000 e 1: 2 000


são utilizadas pelos governos locais em áreas urbanas que requerem informações
muito detalhadas ou, para casos específicos relacionados ao meio ambiente.
Para uma visão geral da área urbana e de expansão urbana, o mapa de uso do
solo ou de uso da terra urbana deve ser confeccionado em escala que possibilite,
em uma única vista (folha), obter todo o mapeamento do território de interesse.
Neste caso, a escala do mapa fica atrelada ao grau de detalhamento, ou classes
a serem representadas. Geralmente, os elementos de fundo básico dos mapas
de uso do solo urbano são extraídos das cartas cadastrais urbanas. E devem
estar presentes pelo menos os seguintes elementos: as quadras, a divisão de
bairros, os rios, lagos e canais e, logicamente, o arruamento e avenidas.
As escalas para o mapeamento do uso do solo rural variam em função
dos objetivos. Para se distinguir a área de cada parcela, os mapas devem ter
escalas 1: 5 000 ou 1: 1O000. Nestes casos, a carta de referência para fundo
básico será aquela do mapeamento cadastral rural, contendo toda a estrutura
fundiária, as estradas e rios. Uma visão mais genérica é obtida com as cartas
das glebas, confeccionadas em escala 1:20000 até 1: 50 000, dependendo
do tamanho médio das propriedades. Neste caso, permanecem como
elementos de fundo as redes viária e hidrográfica e a estrutura fundiária,
núcleos das vilas, igrejas e cemitérios. Sua confecção exigirá procedimentos
de generalização cartográfica.
Tanto nos mapas urbanos de uso da terra como nos de uso da terra do
meio rural, os nomes dos principais acidentes geográficos naturais e das vias
de circulação devem estar presentes.
Os mapas de uso e cobertura da terra devem ser elaborados de tal
forma que atendam os mais diferentes usuários, auxiliando-os na tomada de
decisões e, por isso, devem trazer o detal hamento desejado em cada
aplicação. Por exemplo, o IBGE (2006) coloca os mapeamentos exploratórios
(escalas 1: 2.500.000 a 1 :750.000) como úteis no preparo de programas
nacionais de desenvolvimento. Para os mapeamentos de reconhecimento,
nas escalas 1: 750.000 até 1: 50.000, podem atender a uma ampla faixa de
objetivos, desde os planejamentos nacional, estadual e municipal até o de
bacias hidrográficas. As outras escalas de mapeamento que ele designa como
detalhado, semidetalhado e ultradetalhado, conforme a intensidade de detalhe
que apresenta, são restritos às pequenas áreas para atender a problemas
específicos e a decisões locais.
As classes de uso podem ser simples ou associadas e obtidas,
geralmente, de dados de sensoriamento remoto. Elementos do mapa básico,
como as redes viária e hidrográfica e a nomenclatura dos principais acidentes
geográficos naturais e artificiais, são obtidos das Cartas do Mapeamento
Sistemático Nacional nas mesmas escalas.
Conforme explicado, diferentes propósitos e usuários determinarão
distintos níveis de detalhamento e escalas dos mapas. Quanto menor a escala
maior será a generalização cartográfica.
Podem ainda ser executados levantamentos "ultradetalhados" para
atender a problemas específicos, como já comentado. As escalas dos mapas
também podem atingir até 1: 500, permitindo um detalhamento cartográfico
das feições superficiais na delimitação das classes. Exemplos destas aplicações
estão nos Estudos de Impactos Ambientais para a implantação de obras de
engenharia ou de indústria poluentes.
_CAP_ir_uw_7_-_R_~_&_Ni_~ôcs
__a_Rr_~_;AA_nc_M_:~w_~_r_fs1_c~~~--------~----~--------~189

7.4.3 (LASSES DE USO DA TERRA

O IBGE (1999) criou um sistema de classes no qual divide o uso da


terra em sete grandes classes. Em cada uma delas podem existir subdivisões
que geram tipos diferenciados que devem ser bem caracterizados para eximir
eventuais diferenças regionais.
As sete grandes classes de uso da terra são: 1) Agricultura; 2) Pecuária;
3) Agropecuária; 4) Extrativismo; 5) Mineração; 6) Áreas especiais e 7) Áreas
urbanas. Um exemplo de como estas classes podem ser subdivididas e
apresentadas em cada nível de mapeamento foi mostrado no Quadro 7.1.
Cada grande classe recebe uma letra-símbolo maiúscula, os tipos também e
os subtítulos letras minúsculas. Por exemplo:
- PEc<hl = Pecuária em Sistema Extensivo com finalidade para corte,
com pastoreio do gado bovino.
Em que:
P = Pecuária;
E = Sistema Extensivo;
c =finalidade para corte e
(b) =gado bovino

O novo manual do IBGE (2006) caracteriza os tipos de mapeamento


de uso da terra em três níveis: nível 1 (classes), nível li (subclasses) e nível Ili
(unidades), conforme esquema simplificado aqui e exemplificado no quadro
7.5, já com as cores adotadas e a nova nomenclatura, agora com números.
Assim, o novo sistema de classificação de uso e cobertura da terra
proposto pelo IBGE aplica números e cores para o segundo nível, na intenção
de fazer a diferenciação de cada uma. No manual elaborado para o
mapeamento do uso da terra (IBGE, 2006), são apresentados quadros com a
classificação proposta, as cores e mais alguns símbolos. Para as cores propõe
o padrão internacional e referência às informações em RGB para tornar
possível o seu uso em qualquer software.
Para as áreas urbanas o IBGE propõe cinco classes: 1) Residencial; 2)
Comercial e de Serviços; 3) Industrial; 4) Complexos Industriais e Comerciais;
e 5) Uso Misto.
190~~~~~~~~~~~~~C_AA_T~_;AA_F_~_-_~_~™~NT~A~~··c~>,C_Th_ru_N_'ICAÇÃ~·-o_c_m_u~_~~_o_~_DADOS~-~-~_w_s
____

Quadro 7.5 - Níveis de mapeamento


Nfvel 1(classes) Nfvel li (sub-classes) Nível Ili (unidades) LeRenda (cor)
5 unidades cor Rosado (RGB) definidos
1. Áreas Áreas Urbanizadas
Ex: 1.1.4 - Cidades e vilas para o nível 1.1
antrópicas
Areas de Extração. 4 unidades cor Lilás (RGB) definido
não agrícolas
Mineral Ex: 1.2.3 - Terra indígena para o nível 1.2
10 unidades cor Amarelo claro (RGB)
Cultura Temporária
Ex: 2.1.5 - Arroz definido par o nível 2.1
10 unidades cor amarelo escuro (RGB)
Cultura Permanente
2. Áreas Ex: 2.2.7 - Banana definido para o nível 2.2
antrópicas 13 unidades
cor Ocre (RGB) definido
agrícolas Pastagem Ex: 2.3.7 - Peq. Extens. p/
para o nível 2.3
corte e leite
4 unidades Cor Mostarda (RGB)
Silvicultura
Ex: 2.4.4 - Reflorestamento definido para o nível 2.4
37 unidades
cor Verde (RGB) definido
3. Áreas de Floresta Ex: 3.1.8 - Extrativismo
para o nível 3.1
vegetação animal (carangejo)
natural 7 unidades cor Cinza (RGB) definido
Campestre
Ex: 3.2.3 - Terra Indígena para o nível 3.2
16 unidades
Corpos d'água cor Azul-claro (RGB)
Ex: 4.1. 9 - Captação p/
Continental definido para o nível 4.1
abastecimento doméstico
4. Água
18 unidades
Corpos d'água cor Azul Celeste (RGB)
Ex: 4.2.9- Receptor de
Costeira definido para o nível 4.2
efluente agrícola
Fonte: Elaborado com base em IBGE (2006)

Um detalhamento do uso da terra em área urbana foi proposto por


Gautam (1976 apud Campbell, 1997). Ele dividiu o uso da terra urbana em
nove classes principais e dentro de cada uma fez subdivisões na tentativa de
especificar o tipo de uso. Apresenta-se a seguir esta classificação adaptada
para a realidade brasileira.
1) Residencial: multifamiliar; conjuntos habitacionais; condomínios;
favelas ou bolsões de pobreza;
2) uso comercial: centro comercial, centros de bairros;
3) uso industrial: centros industriais, indústrias;
4) serviço: educacional, administrativo, hospitais, estações de energia;
5) recreacional: parques e jardins, estádios, edifícios públicos (teatros
e ginásios), playgrounds e clubes;
6) areas religiosas: igrejas, templos, mosteiros;
7) transporte e comunicação: rodovias (avenidas rápidas), ferrovias,
estações rodoviárias e ferroviárias, pátios de manobras;
8) corpos d'água: lagos, tanques, canais a céu aberto e
9) vazios urbanos: terrenos vazios, loteamento em desenvolvimento,
áreas de preservação (mangues).
_
c~
_-_
TU_~_8_-_B_
ASC_~_~_Ti_
~ICA
~PAAA~R_
f~_rn_N_l~
~cr_s_1_~_"T_
ICAS
~~~~~~~~~~~~~~~~~-191

Seri a interessante rever a proposta do IBGE quanto à d ivisão de classes,


principalmente para os mapeamentos detalhados e do uso do solo urbano e
rural, mesmo sa bendo qu e o mapeamento em esca las grandes não é da
competência desse orga nismo. Entreta nto, por ser um organismo oficial de
m apeamento, ele poderi a condu z ir a proposição de normas p ara o
mapea mento temático em esca las grandes, e isto facilitaria uma padronização
dos mapeamentos executados pelos diferentes organi smos em diferentes
níve is ele governo e inc lu sive na academia. Parece necessá rio rever também
a simbo logia ca rtográfica proposta por esse o rga ni smo considerando a
di sposição final dos mapas em tela de monitor ou impressos.
Um exemplo de mapa de uso e cobertura da terra p ara fin s de
zoneamento ambiental está mostrado na fi gura 7.11. É importante estar c iente
que o obj eti vo em qu estão definiu quais classes deveriam ser del imitadas.

-----~
~ ---- ,·
{ 1
.\· · . 1
/ · .. 1 o
70Cfl 5
.·.-.. .·i&
·.: ,' o
•• 1 1J
..·. :1 ·º~
. '. . \

7009kmN
739.51(mS 7~0.5
N
1

--
~.:ai
D

i::::::m
LEGENDA
Floresta Ombrofila Densa
Vegetação estágio avançado
Vegetação estágio médio
Vegetação estágio inicial
Praia
Costão
Área edificada
1

1
t o
ESCALA
120
1

Fo!01n1erp1e1oç.ão realozt1da em dez. de 2002 com


24Gm

lotografias oi\reos do ano de 2000 na escala 1·8000.


Exccuçllo: Cláudia Rcch
Oig11olozoção; S1mono OanieUo Moretli
Fonte ; Baso Ca~ogrâfica: Escala 1:10000 do ano

1~
Estrada pavimentada de 2000.
Estrada sem pavimentação 1.

Figura 7.14 - Mapa de uso e cobertura da terra na APA da Costa Brava, município de Balneário
Carnboriú - SC
Fonte: Reck (2003)
192~~~~~~~~~~~-CAA_T~_m~~_-R_c~_&_NT~A~_·o_,c_~_ruNIOl
____~_·o_E~_ru_AUZA____,_~_o~~ºAOOS~~-~-~-

7.5 MAPEAMENTO DA REDE HIDROGRÁFICA

A primeira finalidade de um mapa da rede hidrográfica é possibilitar a


identificação das características da hidrografia, relacionando-a ao contexto
estrutural, litológico e de escoamento superficial. O mapa hidrográfico é
indispensável para muitas aplicações, mas principalmente nos estudos
geológicos e geomorfológicos. Devido à estreita relação entre a rede de
drenagem e o substrato geológico, é preciso saber que uma grande quantidade
de informação pode ser obtida correlacionando estes dois tipos de mapas.
Devido a sua importância, a rede de drenagem faz parte da maioria dos
mapas temáticos físicos, como uso da terra, geológico, geomorfológico e de
solos. Nos mapas de base, ela é um dos elementos fundamentais a serem
mapeados. Porém, para estudos mais específicos, como por exemplo, a
caracterização ambiental de uma bacia hidrográfica, ela precisa ser tratada à
parte. Um mapa hidrográfico possibilita obter informações tanto do aspecto
geomorfológico da bacia-distribuição espacial dos rios, padrão de drenagem -
quanto do aspecto morfométrico - densidade da drenagem e estrutura
hidrográfica.
Um mapa simples da rede hidrográfica pode se obtido a partir de um
mapa de base, o qual tanto pode ser uma carta topográfica (escala média) ou
uma carta cadastral (escala grande). De qualquer forma, o traçado e
detalhamento são definidos pela escala.
Atualmente, como os mapas são confeccionados em meio digital, a
extração da rede hidrográfica é facilitada porque basta separar a "camada"
que contém estes dados. Em seguida, é possível obter diversas medidas
executadas diretamente no computador, visualizando na tela.
É sempre útil manter em um mapa hidrográfico, algumas curvas de
nível (as de maior, intermediário e menor valor) e pontos de altitude, assim
como o perímetro urbano, nome dos rios e lagos.

7.5.1 MODIFICAÇÕES NA REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA EM MAPAS DA


HIDROGRAFIA
Além dos mapas simples da hidrografia, é possível melhorar a
visualização cartográfica trabalhando com as variáveis visuais. Por exemplo,
para melhorar a visualização da ordem dos rios, é permitido utilizar a variável
valor ou tamanho. No primeiro caso, é possível utilizar diferentes tons de
azul ou cinza para dar esta idéia de ordem. O rio principal deve ser o de
__
_c~_r_uL_o7_-_R_c~_c~_N_TA(~ôcs-CAR T~_-RAI_._1cM_:_~w_m_rr_·s1c_us____________________________~193

azul mais forte. Se optar em utilizar a variável tamanho, devem ser escolhidas
diferentes espessuras para o traçado dos rios. Elas devem ser escolhidas de
forma que o olho do observador consiga hierarquizar a rede hidrográfica
com facilidade. Novamente, a maior espessura deve ser a do rio principal.
Outra aplicação interessante de mapas da rede hidrográfica é na
caracterização visual do grau de contaminação/poluição dos rios. Para tanto,
é muito interessante utilizar a variável visual cor. Um exemplo interessante foi
mostrado por Graciani (2000) para os valores de pH da água em lagos artificiais,
na área de exploração de carvão mineral, no Sul de Santa Catarina. Ele utilizou
classes e cores conforme apresentado na Figura 7.1 S(a).
Também usando a variável visual cor, Fernandes (2000) caracterizou
o tamanho da faixa de preservação necessária para cada rio de uma sub-
bacia hidrográfica em Blumenau, SC. Ficando categorizados conforme
amostrados na Figura 7.1 S(b).

a) b)
Classe de valores de pH Faixa de preservação
Azul claro> ou= 5 Azul claro -ANEA de Sm
Azul escuro 4 - 5 Verde -ANEA de 8m
Lilás 3 - 4 Magenta -ANEA de 12m
Magenta 2 - 3 Azul escuro -ANEA de 16m
Vermelho< 2 Preto - AN EA de 45m
Figura 7.15 - Legendas de mapas mostrando aplicações da variável visual cor em mapas da
rede hidrográfica para estudos ambientais. Compilado a partir dos mapas originais coloridos
(no mapa original cada nome da cor é substituído pela própria cor)
Fonte: Graciani (2000) e Fernandes (2000)
BASE ESTATÍSTICA PARA
REPRESENTAÇÕES TEMÁTICAS

8.1 TRATAMENTO DE DADOS ESTATÍSTICOS PARA A PRODUÇÃO DE MAPAS

A prática tem mostrado que, antes de iniciar qualquer processo de


mapeamento, é necessário arranjar, de modo conveniente, os dados, ou seja, é
preciso dispô-los de tal maneira, que seja visualmente fácil distingui-los
individualmente e em conjunto. Portanto, o primeiro passo, na maioria das vezes,
é analisar as características dos dados, por exemplo, que tipo de fenômeno
geográfico - concreto/abstrato, como foram obtidos - censo, pesquisa no
campo com questionário, etc., amplitude dos dados e número de dados.
O segundo passo é decidir qual o nível de medida ou descrição que se
quer dar aos dados. Éimportante conhecer a distribuição espacial do fenômeno
geográfico em questão. Por exemplo, a densidade demográfica de um
determinado espaço geográfico é considerada como um fenômeno contínuo.
Ela pode ser apresentada por duas diferentes escalas de medida: (a) Ordenada,
ou (b) Proporcional. Na escala ordenada, serão consideradas características
descritivas da densidade como, Baixa/Média/Alta/Muito Alta. As quantidades
não aparecerão em valores numéricos já que estes ficarão implícitos, podendo
aparecer somente dentro do texto descritivo e explicativo do assunto que está
sendo tratado. Por outro lado, na escala proporcional, o mapa mostrará com
clareza os valores da densidade demográfica, por exemplo: de O- 20 / 21 - 50
/ 51 - 200 /mais de 201 habitantes por quilômetro quadrado.
Após decidir qual escala de medida será utilizada, chega o momento
de preparar os dados, escolher o método de mapeamento, a simbolização, o
número de classes e o intervalo das classes. Em resumo pode-se dizer que,
independentemente do processo de mapeamento ocorrer de forma manual
196~~~~~~~~~~~-C_AA_T~_;w_~_-_R_c~_c~_NT~~~--º~·c_~_ruN_ICAÇA~·-·o_E~_~_Af_~~~-·o_~_DAOOS~-~-~~IAIS

ou com ajuda de computador em programas CAD ou SIG, sempre devem


ser observados os seguintes passos:
a) análise das características dos dados - quantitativo ou qualitativo,
concreto ou abstrato, e a vai idade dos dados, ou seja, quando, com
quais propósitos foram levantados e quanto tempo foi empregado
para tal tarefa bem como em quais áreas foram levantados. Estas
questões indicarão a utilidade, a atualidade e a exatidão dos dados;
b) conhecimento da distribuição espacial do fenômeno-se é discreta,
contínua de transição suave, ou contínua de transição abrupta;
e) escolha da escala de medida para representar o fenômeno- nominal,
ordenada de intervalo ou proporcional, tendo em mente como este
fenômeno pode ser traduzido ou reduzido para sua representação
- áreas, pontos, linhas ou volumes;
d) seleção e ordenamento dos dados-quando utilizar fonte de dados
de levantamento estatísticos, extrair o que interessa aos objetivos e
ordená-los segundo alguma ordem (alfabética, ou numérica
crescente ou decrescente);
e) tratamento dos dados - adequá-los ao tipo de representação que se
pretende executar. Ter em mente que o mapa deve retratar os dados
estatísticos da melhor forma possível. Para tanto, é preciso converter
os dados em mapeáveis, isto significa fazer os cálculos necessários
para obter dados derivados como, densidade, médias, porcentagens,
potencial, etc.;
f) arredondamento dos valores obtidos nos cálculos - geralmente os
dados decimais não têm significado em um processo de mapeamento;
g) agrupamento dos dados - neste processo estão incluídas a
determinação do número de classes e a do intervalo de classes;
h) escolha de um método de mapeamento e preparo do mapa de
fundo e
i) escolha de uma legenda - símbolos, cores e textos sobre o mapa, e
dos dados complementares.

8.2 DADOS ABSOLUTOS E DADOS DERIVADOS

Os mapas temáticos podem mostrar a distribuição espacial de:


a) Dados qualitativos ou quantitativos absolutos, os quais são expressos
no mapa em termos absolutos de acordo com alguma escala de medida.
Exemplos: população das capitais; leitos hospitalares e escolas da
rede oública.
_CAPl_r_ul_o8_-_B_~_m_A_TITT_C_AP_ARA_R_r~_~_cN_TAÇ~ÕES-T_~_"T_ICAS
____________________________~197

b) Dados quantitativos derivados são expressos nos mapas mostrando


valores derivados dos dados originais; mostram relações entre feições
ou sintetizam os dados de forma mais conveniente.
Exemplos: densidade de população; taxa de urbanização, renda
per capita.
Os dados derivados incluem pelo menos três classes de relações:
densidade, e medidas estatísticas como, médias, desvio padrão, variância e
moda e razões.

8.2.1 DENSIDADES

A origem da densidade, segundo Kraak e Ormeling (1997), era medir


os recursos disponíveis para a população, considerando a razão entre
população e a área. Se havia elevada densidade de população, considerava-
se haver menos recursos ou meios para o seu auto-sustento. Atualmente, isto
não se aplica mais, pois houve mudanças quanto às relações de produção e
à importância econômica disso.
Novas interpretações surgiram para as densidades, como conhecer a
densidade urbana, número de residências por bairro, ou o quanto as cidades
estão verticalizadas; conhecer certas características de um conjunto de dados,
como: quantidade de bombeiros e o quanto destes possui curso médio,
número de jovens por estado e quantidade destes nas universidades.
Quando se quer entender o crescimento geográfico relativo ou
dispersão de um fenômeno discreto, como número de pessoas/km 2, número
de postos pol iciais/km 2 e o número de cabeças de gado/ha, a densidade será
obtida pela seguinte relação:
D= N/A
Em que:
N = número total em uma unidade e
A = área da unidade considerada (km 2, ou ha).
Em algumas circunstâncias, o valor da densidade, considerando o
número total de uma certa população dentro de uma área total, pode não
ser tão significativo quanto àquele expresso pela razão entre o caso e parte
da área relacionada. Por exemplo, a densidade da população rural pode ser
mais significativa se considerada em relação à área total de terra cultivada,
ou outra característica espacial, que é mais importante para o objetivo em
análise do que a área total.
198~~~~~~~~~~~-CAA_T_OOW~~--~-·~-™_N_~~~º-•<_l~_ru_NICAÇ'.~··_·o_E~_~_M_~_~_o_~_OAOOS~-~-~~-

8.2.2 MEDIDAS ESTATÍSTICAS DE TENDÊNCIA CENTRAL

8.2.2.1 MÉDIA ARITMÉTICA


A média é o valor mais comum derivado de dados. O conceito de
média aritmética geralmente está associado à média, simpl.esmente. Mas
existem ainda outros tipos de médias. A maioria dos mapas que apresentam
taxas, quantidade de produção e fenômenos climáticos usa este tipo de média
para representar o tema.
Matematicamente, a média aritmética é definida como a soma dos
valores dividida pelo número de valores observados. Por exemplo, a
temperatura média máxima em Florianópolis no mês de janeiro, nos últimos
seis anos é calculada assim:
33 + 28 + 32 +30 + 33 + 31 / 6 = 31
Uma expressão genérica pode ser formulada assim:
X= Lxl n
Onde: L,x =soma de todos valores e n = nº de vezes que x ocorre
A média é facilmente calculada; entretanto, é importante também
avaliar como ela serve para calcular a medida da "tendência central" da
distribuição. Se a variação dentro de uma categoria considerada é pequena,
a média da série geralmente é um bom sumário. Quando os números dispersos
variam consideravelmente, então a média não é um bom sumário, pois, os
pontos discrepantes dos demais podem interferir significativamente baixando
ou aumentando a média.
O índice de dispersão dos dados, sobre a média é estatisticamente
dado pelo desvio padrão (õ). Por isso, quando se quer conhecer melhor o
comportamento espacial dos dados e sua variação, é útil obter os desvios
padrões da distribuição e apresentá-los também na forma de mapa, junto
com o mapa do tema no qual se considerou a média.
Convém lembrar que o índice de dispersão dos dados é baseado no
conceito estatístico de distribuição normal, que descreve a freqüência predita
com que a variação dos valores ocorre:
- Espera-se que ocorram mais valores perto da média aritmética.
- Espera-se que ocorram menos valores quanto maior for o desvio da
média.
- E que a curva normal descreva este tipo de distribuição (Figura 8.1 ).
_
CJJ>i
_·ru_L_
o_
B-_B_
~_m
_A_
Tlsnúl
~P_ AAA
~ Rr~
_&_N_
TA(
~OO
~ lli-
"_
TICAS
~~~~~~~~~~~~~~~-199

A curva norm al mostra os va lores da distribuição norm al dos dados.


No eixo x estarão os valores das ocorrências e, no eixo y, o número de
oco rrência s (o u m ai s co mumente designado na es tatísti ca como as
freqüências). A curva é obtida pelo "encontro" dos va lores mostrados obtidos
nos eixos x e y. Ass im, as maiores freqü ências estarão no centro da cu rva . A
média estará no pico da curva e a área com hachura marca a proporção de
ocorrências dentro do desvio padrão da média. Como observado na Figura
8.2, o gráfico da distribuição norm al tem a form a de um sino e é simétrico
em relação à méd ia.

y = n º de
ocorrênc.

X
Vai. ocorrênc.
Figura 8.1 - Curva normal

8.2.2.2 VARIÂNCIA E DESVIO PADRÃO

Conforme observado no item anterior, o desvio padrão e/ou a variância


aval ia a dispersão do conjunto de va lores em análise. Eles são calcu lados a
partir do va lo r da m éd ia aritmética e fornecem informações complementares
dos dados. Então, é preciso obter a Média Aritméti ca para depoi s calcul ar a
variância e o desvio padrão.
A variância de um conjunto de valores é dada pela seguinte ex pressão:
52 = L( x - X )2 / n - 1
Sendo: ( x- X )2 o desvio em relação à média para cada va lor,
L( x - X )2 a soma dos desvios quadráti cos e,
n o número de va lores ou dados.
Como a variânci a é obtida em função dos desvios quadráticos, para
ev itar os desvios negativos, a unidade de medida será a unidade considerada
para medir os dados ao quadrado. Desta forma, para retirar o quad rado, se
extrai a raiz obtendo-se, então, o desvio padrão, que é dado po r:

S = ~L)x - X)
2
/ n-1
200~~~~~~~~~~~-C_.AR_«x_;AA_r_1A-_R_1·~_csc_Nr~~-Ao~,c_·~_ruN_~~~-·o_E_~s_uM_~~~-·o_oE_o_m_~-~-PAC~1Ns

8.2.2.3 MEDIANA
A mediana é utilizada para mostrar o elemento que ocupa a posição
central em um conjunto de dados. Para tanto, é necessário arranjar os dados
em ordem crescente. Por exemplo, para um conjunto de valores observados:
15, 17, 18, 20, 24, a mediana será 18, e indicada por
+=18
Para o conjunto 15, 17, 18, 20, 24, 25, a mediana será 19 ou+= 19.
Conclui-se por meio dos exemplos que, quando o número de dados
for ímpar a mediana será obtida por:
+ = n + 1/2, que no caso terá como resultado 3, ou seja, o terceiro
elemento que é 18.
Se o número de dados for Qfil, a mediana será a média entre os
elementos centrais e será dada por:
+ = n/2 e n/2 + 1 no exemplo, 6/2 e 6/2 + 1 = 3 e 4
O número três representa o terceiro dado e o quatro, o quarto dado;
respectivamente os valores 18 e 20. Portanto, a mediana será 19.

8.2.2.4 MODA
A moda é uma das principais medidas de posição e, por definição, é o
valor que ocorre mais freqüentemente na distribuição. Para distribuições
simples, sem agrupamento em classes, a identificação da moda é facilitada
pela observação do elemento que representa maior freqüência (Fonseca;
Martins, 1982). Por exemplo, na seguinte distribuição, a moda será 248 e é
indicado assim: Mo= 248.
Xi 243 245 248 251 307
Fi 7 17 23 20 8
A moda é uma medida estatística apropriada para representações em
que a Escala de medida adotada é nominal. São, por exemplo, aquelas feições
mapeadas segundo a área que ocupam, como: a característica do solo, o
uso da terra e a cobertura vegetal. Nestes casos, as categorias são mapeadas
com base na classe modal predominante, (Robinson et ai., 1995).
Considerando áreas, a classe de área modal é definida como aquela
que ocupa a maior proporção de uma área, não a de maior freqüência de
ocorrência. Épossível, então, que duas ou mais categorias estejam igualmente
compreendidas em uma unidade de área ou que a variação dentro da unidade
de área ocorra para alguma classe em mais que 25% da área.
_c~_rr_uL_o_8-_B_~_r_s~_T~_TK_A_l'A_RA_Rl_1~1_~1_N~~~(C_)rS_H_A~_T1c_~_______________________________ 201

A freqüência zonal, maior proporção de área ocupada por uma


categoria, é determinada como área modal. Para fazer o mapeamento é
preciso calcular a taxa de variação existente em cada unidade, que será
assim obtida:
V = 1- amodal / A
a mora1 1= área ocupada pela categoria modal na unidade e
A = área total da unidade.
A taxa ele variação indicará a proporção ele área ocupada por cada
categoria não modal. Quanto mais próxima de zero, mais representativa é a
categoria na unidade considerada.

8.2.2.5 RELAÇÃO ENTRE MÉDIA, MEDIANA E MODA


As seguintes observações foram efetuadas tendo como base Fonseca e
Martins (1982), os quais defendem que:
- em uma distribuição simétrica observa-se que a Média =Mediana
= Moda (Figura 8.2a);
- em uma distribuição assimétrica positiva observa-se que a Média>
Mediana > Moda (Figura 8.2b) e que
- em uma distribuição com assimetria negativa observa-se que a
Média < Mediana < Moda (Figura 8.2c).

Mo= x =X Mo x X x X Mo

Figura 8.2 -Simetria da curva de distribuição dos dados: a) distribuição simétrica, b) distribuição
assimétrica positiva, e) distribuição assimétrica negativa

Todas essas três medidas de tendência central não fornecem, algumas


vezes, dados que representam realmente o caráter da distribuição. Como já
afirmado, existem casos em que a média não é muito representativa de uma
distribuição.
2o2 (ARTOGRAnA - RCl'lllSENTAÇÁO, COMUNICAÇÃO E VISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

8.2.3 RAZÕES: TAXA, PROPORÇÃO E PORCENTAGEM

Os dados derivados que expressam as quantidades derivadas de razões


são designados como taxa, proporção e porcentagem. Nestes casos, os dados
são obtidos pela medida de algum fenômeno por unidade de outro fenômeno
ou considera-se um elemento dos dados e compara-se com o total.
Os mapas que mostram porcentagem de dias chuvosos em um mês,
taxa de crescimento ou declínio de um fenômeno, proporção de carne bovina
em relação à criação total são alguns exemplos do emprego da razão. Assim,
os valores a serem mapeados serão necessariamente resultados das operações
básicas como:
Taxa - na/nb - exemplo: população urbana/população rural;
Proporção - na/N - exemplo: população urbana/total população e
Porcentagem - na/N x 100 - exemplo: distribuição da população
Em que:
na= número de ocorrências de uma categoria;
nb = número de outra categoria e
N =número total das categorias

8.3 ARREDONDAMENTO DE DADOS

A primeira coisa a fazer para arredondar dados é definir se os valores


devem ser em números inteiros ou decimais e com quantas casas. Arredondar
um valor é o mesmo que dizer "aproximar", "valor mais próximo" ou
"arredondar o número X".
Ex.: 7,59 P 7,6 - 7,72 P 7,7 - 9, 1 P 9 - 9,7 P 1O
Existem regras para se fazer o arredondamento de dados que devem
ser seguidas, mas basicamente o uso desta técnica é permitido somente:
a) quando não alterar a essência do trabalho e se sabe que os dados
não são precisos. Ex.: toneladas (grãos), porcentagens (população);
b) quando a facilidade do tratamento das informações é mais
importante do que a precisão. Ex.: porcentagem sobre um total e
e) quando os números das tabelas são resultantes de diversos cálculos
que levam a uma certa generalização, como médias e taxas.
~Cm_ru=to~B~--ª~--Es_w_ITT_~_™_A_Rc_m_csc_N~~çra_s_n_~_nc_M~~~~~~~~~~~~~~-203

8.4 MÉTODOS PARA A DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE CLASSES E


INTERVALO DAS CLASSES

Uma das primeiras preocupações, ao se trabalhar com dados numéricos


para confeccionar um mapa estatístico é o agrupamento dos valores. Existem
alguns métodos que permitem definir o número de classes e os intervalos
entre elas. Os softwares SIG, na sua maioria, não trazem método para a
escolha do número de classes, ficando por conta do usuário esta escolha.
Por isso, é importante saber que quando se trabalha com dados para
representação em mapas estatísticos, de modo geral, utilizam-se de quatro a
oito classes. Existem casos em que se pode chegar a doze classes, mas devem
ser evitados, pois, se está correndo o risco de "perder" o valor do mapa que
ficará muito poluído, ou de difícil interpretação. O número de classes a ser
escolhido sofre influência do tipo de simbolização a ser usada (método de
mapeamento), da distribuição do tema e da amplitude dos dados - observação
do máximo e o mínimo valor. Na Tabela 8.1 estão os dados a serem mapeados
e utilizados como exemplos para demonstrar os cálculos do número de classes
e determinação do intervalo entre elas.

Tabela 8.1 - Microrregião de Canoinhas (SC)

MUNICÍPIO área (Km 2) população 1991 hab / Km 2


Canoinhas 1.643,7 55.229 34
lrineópolis 579, 1 9.761 17
ltaiópolis 1.260,5 17.588 14
Mafra 1.785, 1 47.056 26
Major Vieira 567,8 7.304 13
Monte Castelo 564,7 8.605 15
Papanduva 775,5 16.222 321
Porto União 924,0 29.798 132
Santa Terezinha 704,3 8.628 12
Timbó Grande 548,4 4.974 9
Três Barras 418,5 15.606 37
204 ÚRTOGRAílA - RCPRCSCNTAÇÂO, COMUNICAÇÃO EVlSUAllZAÇÃO OE DADOS ESPACIAIS

8.4.1 DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE CLASSES


a) Fórmula de Sturges
1 + (3,3 X log n) n = 11 número de classes = 4,4 = 4
n =freqüência ou número de dados
b) Método do quíntuplo do logaritmo de n
5 x log 11 = 5,2 número de classes= 5,2 = 5
Podem ser usadas quatro ou cinco classes. Como o método mais
empregado é o de Sturges, optou-se por quatro classes.

8.4.2 MÉTODOS DE DETERMINAÇÃO DO INTERVALO ENTRE AS CLASSES

Opções para a escolha do intervalo entre as classes foram


implementadas na maioria dos softwares, mas não há explicação do método
utilizado para dispor cada opção. Assim, é importante o usuário conhecer
alguns métodos para ser crítico na escolha das opções.

8.4.2.1 MÉTODO DA AMPLITUDE


. É possível observar no exemplo (Tabela 8.1) o maior e o menor valor
da densidade demográfica nos municípios para calcular a amplitude, sendo
esta dada pela diferença entre o maior e o menor valor apresentado em uma
tabela de dados.
A = 321 - 9 = 312, então a amplitude é dividida pelo número de
classes para encontrar o intervalo de classes:
Intervalo de classes =A/ n
Intervalo de classes = 312/4 = 78
Este método pode ocasionar uma má distribuição dos dados dentro
das classes e pode haver saturação em uma delas. É possível que, como no
exemplo, considerando os onze municípios, nove fiquem numa mesma
classe. Neste caso, não se faz o mapa, pois não há razão para tal. Uma
solução seria usar outro método como o dos quantis ou então, usar métodos
gráficos, pois apesar de serem subjetivos, conseguem ser melhores do que
os métodos matemáticos na maioria das aplicações.

8.4.2.2 MÉTODO DOS QUANTIS (QUANTIDADES)


Os quantis dividem um conjunto de dados em partes iguais. Servem
para agrupar os dados de maneira que ocorra o mesmo número de valores
~c~-~~l~ºª~--ª-ASE~m_A_JISTICA
__P_ARA_R_E~_&_N_TAÇ~ôES_m
__ W_ICAS____________________________~205

em cada classe. Por exemplo, se há 50 dados e o número de classes


determinado foi de cinco, então haverá dez dados em cada classe.
Conforme o número de classes receberá designação correlata, por
exemplo, para quatro classes será quartis, para cinco classes será quintis,
para seis classes, sextis e assim por diante.
No caso dos quartis, o modelo conceituai parte da seguinte premissa:
0% 25% 50% 75% 100%
1 1 1 1 1
Ql Q2 Q3 Q4
12 Quartil = Ql separa 25% dos dados;
2!l Quartil = Q2 separa mais 25% dos dados, compondo 50% e coincide
com a mediana;
3º Quartil = Q3 separa mais 25%, compondo 75% dos dados
4º Quartil = Q4 completa 100% dos dados

Este método é muito usado para separar os dados para o mapeamento


sempre que a variação dos dados seja mais ou menos uniforme e crescente.
Quando isso não acontece, é melhor escolher outro método de divisão de
classes, pois os resultados podem mostrar uma idéia falsa da distribuição
espacial do tema em consideração. Observe o exemplo da Figura 8.3 que
mostra os dados distribuídos em quartis.

2 3
4
4 6 :7
. 8
4
J
.
4 1
.
4
10 11: 12 15 41 53: 82 91 99 14S:
1
. .
Q1 Q2 Q3 Q4

Figura 8.3 - Distribuição dos dados em quartis

Analisando os dados, percebe-se que eles crescem mais ou menos unifor-


mes até quatorze; daí para frente não há como agrupá-los com esse critério.
Um resultado mais adequado de agrupamento usando outro método seria:
2- 3- 4- 6- 8 (6 valores)
1O - 11 - 12 - 15 (4 valores)
41 -53 (2 valores)
82 -91 - 99 (3 valores)
148 (1 valor)
206~~~~~~~~~~~-C_AA_RX_;RM_l_A-_R_~_BC_NI~A~_-o~,c-~_IUN_JCAÇA~o_E~_su_M_~~~-º-~-OAOOS~-~-~~ws

8.4.2.3 MÉTODO GRÁFICO: GRÁFICO DA DISPERSÃO DA FREQÜÊNCIA

É um método no qual a interpretação da pessoa define o intervalo das


classes (Figura 8.4). Os seguintes passos são utilizados para construir este gráfico:
- constrói-se um gráfico, em que a abscissa deve conter valores inteiros,
considerando desde o maior até o menor valor das densidades
demográficas;
- coloca-se a densidade demográfica de cada município ao longo da
abscissa, representada por um ponto, fazendo seu valor coincidir
com a posição adequada;
- para evitar coincidência dos pontos, colocam-se os pontos das
densidades de mesmo valor acima dos outros pontos, sempre
paralelos ao eixo das ordenada e
- divide-se a abscissa em tantas partes quanto àquelas determinadas pela
Fórmula de Sturges, considerando, entretanto, a freqüência com que
ocorreram as densidades. Procura-se utilizar uma "distribuição normal",
isto é, no centro da curva deve haver maior freqüência que nas bordas.

-------1
.1
o !5
1 300 1
1
mediana

Figura 8.4 - Gráfico da dispersão da freqüência

Na Tabela 8.2 está o resultado da interpretação do gráfico, que,


conforme dito, é subjetivo. Poderia ter outro agrupamento a partir da
observação do mesmo gráfico.
Tabela 8.2 - Intervalo das classes
Intervalo Freqüências
5-10 1 município
11- 20 5 municípios
21 -40 3 municípios
100 -350 2 municípios
__ ____________________________~207
_CAPf_ru_w_8_-_B~ m_M_ITT_O_™_A_Rr_m_&_NTAÇ~m_s_IDM_._nCAS

8.4.2.4 MÉTODO DO HISTOGRAMA


O Método do histograma está disponível em poucos softwares, mas, é
muito útil para separar as classes, ajudando inclusive na determinação do
número de classes, se não houver outro método disponível para tal tarefa.
Este método consiste em plotar os valores observados em ordem
crescente, segundo uma escala fixa mostrada na ordenada do gráfico
cartesiano. No caso do exemplo da Figura 8.4, na ordenada ficariam os
valores das densidades de zero a 350. Na abscissa seriam plotados os
municípios, respeitando-se a ordem de menor para maior densidade
populacional. Como os valores são muito discrepantes, este método não
serviria para o exemplo da Tabela 8.1.
O Método do Histograma ou das "quebras de descontinuidade" é mais
indicado para dados que se comportam linearmente ou tendem a isto, em que
as quebras naturais podem ser distinguidas quando plotadas em um gráfico
cartesiano como no exemplo da Figura 8.5. Os dados para este exemplo
referentes ao índice de mortalidade infantil estão mostrados na Tabela 8.2.

Tabela 8.3 - Mortalidade infantil na microrregião de Campos de Lages, SC


Município Mortal idade
Campo Belo do Sul o
Correia Pinto 0,05
Rio Rufino 0,13
Celso Ramos 0,15
Urubici 0,2
Cerro Negro 0,24
Capão Alto 0,3
Lages 0,34
Otacíl io Costa 0,34
Anita Garibaldi 0,38
Urupema 0,45
Bocaina do Sul 0,48
São Joaquim 0,55
Bom Jardim da Serra 0,67
São José do Cerrito 0,74
Bom Retiro 0,9
Painel 1
Palmeira 1
Fonte: Santa Catarina (2003?)
208 (AATOGIWIA - RCPR[SfNTAÇÁO, COMUNIC.AÇÁO [ VISUAUZAÇÁO IX DAOOS CSl'ACWS

1,2
Mortalidade Infantil

~·· · · ·
1,0
Q)
"O
Cl'.l
.·.·.·.-.·.·.·.·.·:.-.·.·.-.·.·.·.·.·.-.·.·.·.·.-.-.·.·.·.·. . . . ... . . . .. .. . . . .... .·.·.·.·.·.·.·.·.-.·.·.-.·.·.·.·.·.·-.-.·.-.·.·.·.·.·.·.-.·.-.·.·.·.·:.·:.·::.·:.. . . . . .. . . . -. .-.·j······· .
~ 0,8
ro
t::
o .:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::l'''"'"""'
E 0,6
Q)
"O
Q)
u
'õ 0,4
.s
0,2

o
municipios

Figura 8.5 - Exemplo de aplicação do método do histograma para determinação


cio número e intervalo ele classes

A legenda com o interva lo das classes obtidas com a observação no


histograma das quebras naturais ficará ass im:

Classes Freqüência
o - 0, 1 (2 municípios)
O, l - 0,25 (4 municípios)
0,25 - 0,4 (4 municípios)
0,4 - 0,7 (3 municípios)
0,7 - 0,9 (2 municí ias)
0,9-1,0 (3 municí ias)

Na Figu ra 8.6 estão apresentados mapas em que foram apli cados


métodos distintos para determ inar o intervalo entre as classes de densidade
demográfica referente a uma região administrativa em Santa Catarina. Observe
que o resu ltado do mapeamento é diferente, e por isto mesmo, o método de
determinação do in tervalo de classes é tão importante quanto a escolha do
método de mapeamento.
_
CAPi
_._
1u_
io_8_-_ll_
Mf_1_
s~_lb_IC
_A_PAKA
~R- 'll~
_,_~N_l~'
~- ~_
s1_
r,_
~T_
K_
M~~~~~~~~~~~~~~~~~209

DENSIDADE POPULACIONAL DA MICRORREGIÃO ADMINISTRATIVA 1


DE SANTA CATARINA - 2000

hab/km 2 hab/km 2 hab/km 2


D 20 - 25 D 20 - 45 D 20 - 24

-
D

- -
26 - 30 D 46 - 70 D 25 - 30
D 31 - 34 D 71 - 100 D 31 - 45
35 - 46 101 - 120 46 - 50
47 - 140 121 - 140 51 - 140

Método dos Quantis Método da Amplitude Método da Dispersão


da Frequência
Figura 8.6 - Mapas de densidades resultantes ele três métodos ele cálculo elas densidades: a)
Amplitude, b) Quantis, e) Distribuição da Freqüência
CAPÍTULO 9
REPRESENTAÇÕES CARTOGRÁFICAS:
TEMAS HUMANOS, ECONÔMICOS
E FÍSICOS

Este capítulo é dedicado ao estudo dos métodos de mapeamento que


dão origem aos principais tipos de mapas temáticos. Esses mapas há muito
foram definidos pelos cartógrafos como produtos de métodos padronizados
que utilizam as variáveis gráficas na sua representação. Conforme a
combinação destas variáveis, segundo os métodos padronizados, serão
originados os diferentes tipos de mapas temáticos, entre os quais serão
abordados os seguintes: mapas de símbolos pontuais nominais, mapas de
linhas pontuais nominais, mapas corocromáticos, mapas de símbolos
proporcionais, mapas de pontos, mapas coropléticos, mapas isopléticos ou
de isolinhas e mapas de fluxos e mapas diagramas.
Os temas envolvidos nesses tipos de mapas podem ser os mais diferentes
dentro das áreas humana, econômica e/ou física. Os dados de um tema que
deram origem a um tipo de mapa permitem que sejam construídos outros
tipos, fato que possibilita a escolha do método mais apropriado para
representar o tema em questão.
É preciso ainda esclarecer algumas confusões que aparecem em textos
que tratam da cartografia temática, quando se referem aos mapas temáticos
de escala pequena que representam dados quantitativos de áreas extensas
como, estados, países, regiões, etc. Algumas literaturas denominam esses
mapas de cartogramas, outros de mapas estatísticos, outros ainda, de mapas
socioeconômicos, mas, de alguma forma, o vocábulo "cartograma" tem se
cristalizado, no Brasil, como usual para mapas nessas escalas.
212~~~~~~~~~~~-C_AA_T~_·AA_r~_-_R_E~_E~_Nl~A~_·o~,c-~_ruN_ICAÇA~·o_cv_1su_M_~~~-·o_~_oADOS~-~-~-IAIS

Autores como Erwin Raisz (1962) e Dent (1996) fazem distinção entre
mapas temáticos de escala pequena e cartogramas. Para esses autores, o
Cartograma é um tipo específico de mapa temático. O primeiro autor chamava-
os de "Mapas Diagramáticos'' e o segundo preferiu considerá-los como mapas
que mostram os valores proporcionais às áreas, ou imagens de anamorfose,
ou simplesmente transformações espaciais. Nessa visão, portanto, cartogramas1
são tipos especiais de mapas temáticos que preservam a forma, orientação e
continuidade das unidades em questão como: municípios de um estado, ou
estados de um país e são concebidos de maneira que as áreas destas unidades
sejam proporcionais ao valor do dado representado. Os limites das unidades
são altamente generalizados, mas ainda preservam a forma inicial.

9.1 MÉTODOS DE MAPEAMENTO PARA FENÔMENOS QUALITATIVOS

Conforme já comentado no item 5.8, diversas feições ou fenômenos


observados na realidade como pontos, linhas ou áreas podem ser concebidos
da mesma maneira na sua representação cartográfica. No caso especifico
dos fenômenos qualitativos, muitos símbolos cartográficos podem ser
construídos usando as variáveis visuais e as primitivas gráficas, ponto linha e
área. Desta forma é possível considerar que a partir deles derivam os três
tipos de mapas a seguir.

9.1 .1 MAPAS DE SÍMBOLOS PONTUAIS NOMINAIS

Os mapas de símbolos pontuais nominais, como o nome lembra, consi-


deram na sua confecção os dados nominais que são localizados como pontos e
representados com diferenças na forma, orientação ou cor. A maioria dos mapas
usa símbolos geométricos como da Figura 9.1 a, associados ou não às cores para
fazer a diferenciação dos dados. Nesse caso esses símbolos requerem clara
definição na legenda sobre o que estão representando. Mas, existe um tipo
específico de mapa denominado pictograma ou mapa de figuras pictóricas, no
qual os dados pontuais são representados por figuras evocativas, isto é, que
lembram o fato representado (Figura 9.1 b). Este tipo de representação impressiona
fáci 1 e rapidamente o leitor do mapa porque usa grafismos específicos para
evidenciar os aspectos dos fenômenos levantados. Alguns autores defendem a
idéia de se utilizar ao máximo esse tipo de símbolo nos mapas, denominando-
os de "ícones" porque a mente facilmente evoca através dele a realidade.

' Os dados a serem mapeados como Cartogramas podem ser absolutos ou derivados e
devido ao método, nenhum dado é perdido ou arredondado.
_ÚPÍTU_._to_9_-_RD'Rf500~-~~oo~CAR_1oc._m_·_~~_:_m_~_1ru_~wos~,_cc_a-a._·_~~~EF~_·_c~~~~~~~~~~~~213

Quando figuras pictó- (a) (b)


ricas são empregadas para
fllf] Monumentos
~


representar a morfologia, Históricos Praia

constroem-se mapas denomi-


nados fisiográficos. Nestes f;l Parada Parque

mapas, os símbolos são colo-


cados de forma esquemática, ln] Escola m Neve

~ ~
mostrando a morfologia da
área, dando uma concepção Rampa Pesca

mais rápida das formas


predominantes. ~ Hospital ~ Parapente

Éválido lembrar que os Figura 9.1 - Legenda de mapa de símbolos pontuais


pictogramas também podem nominais: a) símbolos geométricos; b) figuras evocativas
ser úteis para representações
de dados quantitativos, considerando valores absolutos. Entretanto, devido
à forma complexa da maioria destes símbolos, a comparação de valores fica
difícil, por conseguinte devem ser evitados. Um exemplo pode ser o mapa
da produção de automóveis em um determinado país, no qual se utiliza da
figura de um carro para cada local de produção; cada figura assumirá tamanho
proporcional à quantidade considerada.

9.1.2 MAPA DE SÍMBOLOS LINEARES NOMINAIS

9.1.2.1 QUANDO EMPREGAR O MÉTODO

O mapa de símbolos lineares nominais é indicado para representar feições


que se desenvolvem linearmente no espaço e por isso podem ser reduzidas à
forma de uma linha, como a rede viária (fig 9.2a). Também pode ser utilizado
para mostrar deslocamentos no espaço indicando direção ou rota, sem envolver
quantidades; diz apenas "de onde para onde". Alguns exemplos são: rotas de
transporte aéreo, correntes oceânicas, fluxo de migrações, direções dos ventos e
correntes de ar. Este tipo de representação é antiga e, segundo Dent (1996), vem
do século XVIII e é conhecido como mapa de fluxo.
A simbologia para fazer a distinção entre as variáveis a serem
representadas nesse tipo de mapeamento será definida com base nas variáveis
visuais forma ou cor (Matiz).
214~~~~~~~~~~~~-CAA_T_~_·AA_f~_-_Rc_m_~_Nl~~-~º~·c_~_IU_N~_·ç~~º-E-~_su_M_~~~-º-~-ºm~~-B_~c~ws

9.1.2.2 (ONSTRUÇÃO DE MAPAS DE FLUXO PARA DADOS QUALITATIVOS

Como todos os mapas temáticos, é preciso existir um mapa de fundo


para localizar os lugares, e texto para nomeá-los. Serão desenhados vetores
sobre o mapa que serão diferenciados pela cor ou tipo de símbolo.
Na ponta de cada linha deve seguir uma flecha mostrando a direção
do deslocamento - ponto de chegada. Nenhuma diferença na espessura da
linha deve ser dada, pois denotaria maior importância para aquela categoria.
Isso será admitido, somente se alguma categoria precisar ser ressaltada. Um
exemplo de mapa de fluxo é mostrado na Figura 9.2b. O mapa da Figura
9.2a mostra dados qualitativos descrito de forma ordinal, por isso as espessuras
das linhas são ordenadas. No entanto, a espessura pode ser substituída pela
cor, apenas mostrando as diferenças, em uma descrição nominal.

(a) REDE VIÁRIA

- Municipal

(b)

Figura 9.2 - (a) Mapa ela rede viária e (b) Mapa de fluxo
_0.Pírut_._o_9_-_REPR&NTAÇ~---'-·a:s~CAR-u_xm_·_K~_=m~~-"u-~W«JS----",_EC_oó~ocx_~c_1oc_l_~~~~~~~~~~~~215

9.1.3 MAPAS COROCROMÁTICOS

9.1.3.1 QUANDO EMPREGAR O MÉTODO

Os mapas corocromáticos ilustram dados geográficos nominais utilizando


diferenças na cor para representar áreas. Étambém possível o uso das variáveis
visuais "padrão e textura", neste caso as diferenças são representadas por
padrões preto e branco. É obrigatória a variação na direção das linhas que
preenchem as áreas, mas a distância entre elas deve ser a mesma.
Este método deve ser empregado sempre que for preciso mostrar
diferenças nominais em dados qualitativos, sem que sejam sugeridas
diferenças em ordem ou hierarquia. Portanto, o uso da cor (ou, padrão) deve
ser feito com cuidado para que um não cause mais impacto do que o outro.
Todas as áreas devem ser percebidas no mesmo plano visual além de
facilmente discerníveis umas das outras (Figura 9.3).

Figura 9.3 - Padrões com igual valor

9.1.3.2 ACONSTRUÇÃO DE MAPAS COROCROMÁTICOS


Desde que se disponha do mapa básico com as áreas delimitadas, basta
definir se o tipo de saída do mapa será em tela de vídeo ou em papel, e
escolher a variável gráfica corou padrão para preencher as áreas. Atualmente,
pela facilidade de produção de mapas coloridos pelo computador, muitos
usuários/cartógrafos têm empregado mal a cor em seus mapas corocromáticos.
Em razão da não familiarização destes com a teoria da core sua aplicabilidade
na Cartografi a, os resultados das representações são, na maiori a das vezes,
desastrosos. Por isso, algumas recomendações apresentadas, a seguir, devem
auxiliar na construção ele mapas corocrornáticos.
É preciso ainda lembrar que os mapas no forma to matri c ial, deri vados
da interpretação autom áti ca de imagens de satéli te são considerados um
tipo de mapa coroc romático (Figura 9.4). Eles são obtidos a parti r de análise
automática de imagens que mostram a intensidade da rad iação refl etida pelos
alvos terrestres, formando pequenas áreas (pixel). A combinação dos p ixeis,
considerados va lores de reflexão, mostrarão as diferentes características da
superfíc ie em análi se, ou os di ferentes alvos (fl o resta, águ a, rocha, etc.). Isto
pode ser interpretado ou simplificado do ponto de vista da Ca rtografia, haja
v ista a análise automática de im agens consistir em transformar um número
de célul as (pixeis) com dete rmin ado va lor (mapa coroplético) em célu las de
um mapa corocrorn áti co (Figura 9.4).

Figura 9.4 - Parte de uma imagem classificada; a


original é colorida
Fontc:LabíSG (2004)

9.1.3 .3 CUIDADOS NA CONSTRUÇÃO DE MAPAS COROCROMÁTICOS


D eve-se evitar o uso de cores saturadas, pois cau sa m um grande
impacto e "cansam" os o lhos . É fundamental esta r atento para que as áreas
pequenas sejam visíveis, em relação às grandes; pa ra tanto, devem ser usadas
cores saturadas, pois isto ajuda a discern i-las, bem corno lembrar que a
percepção da cor é semp re i nfluenc iacla pelas cores vizinh as.
_CV'fT~uto_9_-_RIPRf500~-~~m-™_._TOOWK:AS~·-·_:m_~_,_~~-\.WJS___;_,K_·aó.~K-~_cr_M_IB~~~~~~~~~~~217

Quando usar diferentes padrões e diferentes cores em um conjunto,


deve-se, de preferência, selecionar padrões que sejam compatíveis na
dimensão. As cores devem separar grupos maiores, e os padrões diferentes
devem ser aplicados para fazerem a subdivisão dentro dos grupos.
É preciso esclarecer também aos usuários dos mapas quanto à
visualização de fenômenos qualitativos, por exemplo, tipos de religião. A
representação por cores ou padrões em mapas corocromáticos é para a área
de ocorrência e não para a quantidade. Pode haver uma área grande em que
ocorra um tipo específico de religião; porém, deste fato não se pode deduzir
que o número de praticantes é grande. Pode ser pequeno porque a população
é rarefeita. O contrário também pode ocorrer. O fato é que, os valores não
podem ser estimados em mapas corocromáticos.

9.2 MÉTODOS DE MAPEAMENTO PARA FENÔMENOS QUANTITATIVOS

9.2.1 MAPA DE SÍMBOLOS PROPORCIONAIS

9.2.1.1 QUANDO EMPREGAR O MÉTODO

O mapa de símbolos proporcionais obtido pelo uso do método de


símbolos gráficos proporcionais é empregado, historicamente, para representar
dados absolutos econômicos e magnitudes de fenômenos físicos e culturais.
Duas condições são aceitáveis para usar símbolos proporcionais:
a) quando os dados ocorrem em localizações pontuais e
b) quando eles são agregados em pontos dentro de áreas.
Neste último caso, podem ser simbolizadas razões e proporções, mas
a densidade é, normalmente, simbolizada pela técnica de mapas coropléticos.
Resumindo, sempre que a meta for representar magnitudes em localizações
específicas, utiliza-se com propriedade o método de símbolos proporcionais
ou graduais (Dent, 1996).

9.2.1.2 BASE CONCEITUAL DO MÉTODO

A construção de mapas de símbolos proporcionais é muito simples,


por isso é um dos métodos mais empregados na construção de mapas para
Atlas Geográficos ou para ilustrar livros didáticos de Geografia.
A construção de mapas de símbolos proporcionais pode ser manual
ou feita com auxílio de programas de computador. Em qualquer um dos
modos, selecionam-se figuras geométricas-círcu los, quadrados ou triângulos
- e faz-se a variação do seu tamanho na proporção das quantidades que se
pretende representar. Estes símbolos são colocados exatamente na localização
cons iderada ou no centro das áreas consideradas (países, estados, municípios
ou bairros, ou parce las fundiárias).
Os símbolos mais usuai s são o círcu lo, o quadrado e o triângu lo, mas
nada impede a construção de retângu los na forma de colunas; neste caso,
varia-se, propo rc ionalmente, apenas a altura cio retângulo. Vide exemp los
na Figura 9.S b.

(a)

(b)

Figura 9.5 - (a) Comparação ela influência ela forma na estimativa de tamanho de símbolos
proporcionais e (b) Formas dos símbolos proporcionais
ÚPÍTULO 9 - RDmlNTAÇÔCS CARTOGRÁllCAS: HM.\S l IUl.WUS, CCONÔ\llCOS [ íÍSICOS
219

Os leitores dos mapas podem examinar os Dl~elro (mm)

padrões de diferentes tamanhos de símbolos e 1.3

• 2,3

•e•
formar uma imagem da distribuição quantitativa 3.3

em foco. 5,6

e•
8,f
A facilidade para comparar tamanhos de
símbolos depende sobretudo da forma do símbolo. 12,4

Kraak e Ormeling (1997) mostram que é mais fácil


19,3
comparar diferenças de tamanho de símbolos
proporcionais que variam em uma única direção,
como na forma de colunas da Figura 9.3a, que 25,9
nos círculos da mesma figura.
Dent (1996) enfatiza que não mais de cinco
classes de tamanho de círculos, sem 30,2

preenchimento por cor, são distinguidas pelo leitor


do mapa, quando o mesmo examina um mapa
de símbolos proporcionais. Entretanto, sugere Figura 9.6 - Tamanhos dos cír-
nove variações no tamanho para círculos coloridos culos proporcionais para mapas
ou pretos (Figura 9.6) começando com 1,3 mm temáticos de escala pequena
Fonte: Dent (1996)
até 30,2 mm.

9.2.1 J (ONSTRUÇÃO DE MAPAS DE CÍRCULOS PROPORCIONAIS DE MODO MANUAL

A construção destes mapas se dá, inicialmente, com a determinação


do número de classes, que deve ficar entre quatro e nove. Feito isso, define-
se o intervalo de classes por algum dos métodos descritos no Capítulo 8
deste livro. A consulta a uma tabela de dados estatísticos e o ordenamento
do maior para o menor valor ou vice-versa fazem parte deste processo de
construção, bem como a escolha do mapa que vai dar origem aos elementos
do mapa de fundo ou mapa básico. Geralmente, constam, neste mapa, os
limites político-administrativos em questão e a sede de cada um.
O mapa de fundo pronto permite que se identifique a área correspondente
ao maior valor da tabela, por exemplo, onde ocorre o maior número de habitantes;
e determina-se um valor de raio para construir um círculo sobre esta área (ou o
lado do quadrado ou triângulo). Portanto, haverá um valor de raio correspondente
ao maior valor estatístico e os outros raios serão determinados proporcionalmente
a este, bem como ao seu próprio valor estatístico.
Para calcular os raios dos outros círculos, usa-se a seguinte fórmula:

R' = ~nxR 2 /N
220~~~~~~~~~~~-C_AA_T~_·w_~_-_RIPR~&_m~A~_·o~,c_OM_UN_'O.ÇJ..~·-o_E~_~_M_~~~-º-~-OAOOS~-~-~_ws

Em que:
R'= raio procurado;
R = raio do círculo base;
n = valor estatístico do novo círculo e
N = valor estatístico do círculo base
Outra maneira para calcular os valores dos raios ou lados das figuras pro-
porcionais é usar um ÁBACO. Um ábaco é uma matriz confeccionada a partir
do cálculo da raiz quadrada de números inteiros multiplicada por um fator K,
constante, que fornecerá valores distantes de uma origem (vide Figura 9.7).

Figura 9.7 -Ábaco para o cálculo dos símbolos proporcionais

Para usar um ábaco deve-se proceder da seguinte maneira:


- observam-se quais valores podem ser associados àqueles que se
precisa representar. Geralmente, é necessário dividir os valores
dados por uma constante (1000, por exemplo) e arredonda-se o
valor final, como no exemplo:
Criciúma - 146.159/1000 = 146
Forquilhinha-14.061/1000 = 14
- assinala-se no ábaco cada valor correspondente àquele que se
precisa descobrir o raio ou o lado;
- determina-se, aleatoriamente, observando o mapa, um raio para o
maior valor estatístico, por exemplo, 3 cm. Marca-se no ábaco este
valor, verticalmente ao local correspondente ao maior valor
estatístico (a 146, por exemplo);
- traça-se uma reta ligando a extremidade destes 3 cm à origem do
ábaco. A reta traçada determinará o limite dos raios dos outros
valores estatísticos procurados. Para tanto, é considerado o espaço
compreendido entre a tal reta e a reta horizontal do ábaco, em
cada valor desejado;
_CAPíru_._rn_9_-_R~_ESOO~~~ôcs~CARl-~_;RAFK_·_~_:r_~_~_11~_wus---'",_ccüf'O\~·~-l_~c_r~_u_~~~~~~~~~~~~221

- com um compasso, retira-se o valor de cada raio e cada um deles é


transferido para o mapa, determinando a circunferência em cada
local, ou usa-se uma régua e mede-se cada raio.
- Esse valor também pode ser o lado de um quadrado ou de um triângulo.

9. 2.1 .4 (UI DADOS NA CONSTRUÇÃO DOS MAPAS


Se a variação dos dados é pequena ou a natureza do método de
classificação deriva um mapa de aparência homogênea como o da Figura
9.8, deve-se escolher outro método de mapeamento.

o o
o
o
Figura 9.8 - Uso impróprio do método de símbolos
proporcionais
Fonte: Dent (1996)

A superposição de símbolos, ou seja, círculos dentro de círculos, as


colorações diferenciadas e a setorização são inapropriadas para uma leitura
rápida dos mapas de símbolos proporcionais. O leitor encontrará dificuldades
para entender ou estimar os valores ou porcentagens que estão representados.
Assim, é preciso estar atento para os resultados, se, na simbolização
efetuada foi levado em conta o raio do círculo estritamente proporcional ao
valor considerado. Considerou-se o fato de as pessoas tenderem a subestimar
o tamanho dos círculos maiores em relação aos menores. Por exemplo, ao
se considerar uma cidade de 100 mil e outra de 50 mil habitantes, as pessoas
esperam que os círculos mostrem esta razão. Entretanto, aparentemente isso
222~~~~~~~~~~~~(AA_T_cx_;w_~_-_~_~_~_NM~~-·o~,C-<~_IUNlCAÇA___._·o_E_~~-M_~~~-·o_o_rDAOOS~-~-ACIAIS~

não acontecerá, devido à impressão psicológica de subestimação. A forma


de contornar esse problema é aumentar o raio dos círculos maiores, como
mostra o exemplo na Figura 9.9.

Valor (Mii) Ralo Circulo A (cm) Ralo Circulo B (cm)


500 1,56 1,86
250 1,12 1,25

100 0,71 0,74


50 0,5 0,5

Figura 9.9-Legendas obtidas para (A) representar círculos escalados para


raio proporcional ao valor e (B) círculos escalados psicologicamente para
compensar a subestimação
Fonte: Robinson et ai. (1995)

Deve-se evitar o uso de duas formas de símbolos proporcionais para


ilustar as distribuições no mesmo mapa, haja vista o mapa tornar-se muito
complexo e dificultar a comunicação cartográfica. O ideal é separar os dados
em dois mapas de escalas menores, que possam ser vistas lado a lado, se os
dados tiverem alguma correlação.

9.2.1.5 Uso DO COMPUTADOR PARA A CONSTRUÇÃO DE MAPAS DE CÍRCULOS


PROPORCIONAIS
É possível produzir mapas digitais (soltou hard maps)2 pelo método de
símbolos proporcionais. Diversos softwares SIG apresentam ferramentas com
esta finalidade, em que pode ser acrescentada a cor aos símbolos. A produção
com auxílio de computador pode representar um ganho na qualidade do mapa
se a escolha da cor e da tonalidade para os símbolos for acertada, ou, ao
contrário, representar um problema a mais. Por outro lado, os mapas de
símbolos proporcionais gerados com auxílio do software SIG, apesar de serem
de fácil e rápida construção, apresentam o inconveniente de somente possibilitar
o uso do escalonamento absoluto pela proporção raio versus valor.
É possível também produzir estes mapas com software CAD ou de
desenho gráfico. Nestes casos, a estimativa dos raios de cada círculo deverá
ser feita antecipadamente, usando a fórmula ou um ábaco e depois desenhar
cada círculo no mapa. Para SIG, é necessário apenas a sugestão de um raio
para o maior valor e ele calcula, automaticamente, os novos raios e apresenta
o resultado final na forma de círculos já dispostos no mapa.
2
Ver o significado dos vocábulos no Capítulo 1O.
_0.Piru_
. _Lo_9_-_RCPRlSINl~-~~-ro~w_1oc.
_;iwXAS_
· ~:_1~-~-'~
-'1-
~'()5
~,~ct_c»0-
_·_~_
u_c1_
~_~~~~~~~~~~~~-223

9.2. 1.6 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DO MÉTODO DE SÍMBOLOS


PROPORCIONAIS

- Permi te uma diferenciação nítida da intens idade do fenô meno em


cada área, (Fi gura 9.10).
- O uso de computadores pa ra a produção de mapas de símbolos
propo rcionais torn ou o método ele fácil aplicação e reprodução .
- N ão permite que se perceba como as quantidades estão di stribuídas
no espaço.
- Poss ibi li ta a comb inação de diversas variáveis visua is, perm itindo
urn a abrangência maio r de in form ações - co res e tona lidades
vari adas, form as e d imensões .

FAMÍLIAS A ASSENTAR
NO BRASIL - 2000

LEGENDA
- - - - -70000

- - - - - 35000
- - - - ·15000 N
----·10000
888 5
-- -- -- -- ·-2

O 300 600 Km
Fnte de dados:
Atlas Fundiário
do INCRA, 2002

Figuri.1 9.1 O- Exemplo ele um mapa ele símbolos proporcionais


224 (AKTlX;RAflt\ - Rfl'RlSlNTAÇÃO, COMUNICAÇÃO E VISUAUZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

9.2.2 MAPAS DE PONTOS

9.2.2.1 QUANDO EMPREGAR ESTE MÉTODO

Segundo Dent (1996), os mapas de pontos começaram a ser


empregados nos anos 1960 e aos poucos seu uso se espalhou. Este método
é empregado para representar fenômenos discretos com conotação pontual,
para ilustrar densidade espacial, tendo como objetivo facilitar a comunicação
cartográfica, ou seja, o entendimento do usuário sobre o padrão de
distribuição existente (Figura 9.11 ).

9.2.2.2 BASE CONCEITUAL DO MÉTODO

Os mapas de pontos são um caso especial dos mapas de símbolos


proporcionais. Eles ilustram dados pontuais pelos pontos, de forma que cada
um denote a mesma quantidade e que esteja localizado, tanto quanto possível,
no local onde ocorre o elemento considerado. O ideal seria que cada ponto
representasse apenas um elemento, mas isto requer uma quantidade de
informação e detalhamento geográfico que normalmente não está disponível.
Então, em geral, são feitas aproximações do tipo: muitos - para - um, ou seja,
cada ponto representa mais que um elemento mapeável. Neste caso, cada
ponto deve ser pensado como um "representante espacial" porque estará retra-
tando quantidades que realmente ocupam um espaço geográfico (Dent, 1996).
20 10
e -5 unidades
Cada JX?fllo é um representante
espaaal do fenômeno real.
Limite municipal
Sub-limite (bairros ou distritos)
10 Quantidade mapeada

25 •
-----~--
• ••
Figura 9.11 - Concepção de um mapa de pontos (desenhado com base em
Dent (1996)

9.2.2.3 CONSTRUÇÃO DO MAPA

Geralmente, os dados disponíveis para a construção de mapas


socioeconômicos são aqueles coletados em censos que consideram áreas
estatísticas como bairros, distritos e municípios. Para a construção de mapas em
__TAÇ~oo--™_n_xm_·_K~_:1_~_~_11u_~wus
_Úl'íru_._10_9_-_Rr_l'Rl5CN __·oc_~_c_r~_1_~~~~~~--~------~225
__,_croa

escalas pequenas, a chance de errar na localização dos pontos é menor porque


as unidades estatísticas representarão pequenas áreas no mapa. Os mapas em
escalas grandes e que consideram pequenas áreas da realidade requererão muito
mais unidades estatísticas, o que não é possível. Portanto, a solução será a
confecção de mapas em escalas que vão de pequenas a médias. Por exemplo,
para um município, a escala do mapa poderia ser 1: 100 000, ou 1: 200 000.
O mesmo conjunto de dados pode gerar diferentes mapas de pontos,
por causa da escolha do valor e tamanho do ponto, que são subjetivos. Por
isso, muitas experimentações são necessárias para se chegar a uma solução
considerada adequada ao entendimento da distribuição dos dados. Não há
um padrão a ser seguido; então, o caminho é consultar os usuários sobre a
aparência e o entendimento do mapa desenhado. Contudo, existem algumas
regras de uso geral que devem ser consideradas:

9.2.2.4 LOCALIZAÇÃO DO PONTO

Deve ser localizado no centro gravitacional dos dados considerados,


pois ele é um representante espacial destes dados (Figura 9.12). Para que
isso aconteça é preciso conhecer a distribuição real e a disponibilidade de
materiais que possibilitem tal conhecimento.

o o
o o o o
o o
o
o
o e
o
o eº o o
Errado Certo

Figura 9.12 - Localização dos pontos próximos ao centro


gravitacional, desenhado com base em Dent (1996)

9.2.2.5 A ESCALA DO MAPA


A escala é fator determinante para a escolha do valor do ponto, e
também para o tamanho do ponto. É preferível escolher valores para os
pontos que sejam facilmente interpretáveis, por exemplo, 50, 500, 1000 do
que 6, 360, 600 (Dent, 1996).

9.2.2.6 CONSTRUÇÃO MANUAL DE UM MAPA DE PONTOS

Para construir um mapa da população pelo método manual, deve-se


seguir estes passos:
226~~~~~~~~~~~-C_AA_ruc_;w_1_A-_R_~_™_m~A~_·o~,c_o~_IUN_~~~-º-E~_su_M_l~~~-º-ºE_DADOS~-~-~-ws

- Obter os dados sobre o número de habitantes, que em geral, estão


disponíveis por área de levantamento estatístico, compondo várias
áreas em um município.
- Mapas topográficos, cadastrais, de uso do solo ou imagens de
sensoriamento remoto darão as informações adicionais para que
seja possível a determinação de quais áreas são mais ou menos
habitadas, ou seja, para marcar as áreas urbanizadas com
adensamento urbano, ou menor adensamento; nas áreas rurais
marcar as vilas e outros adensamentos menores e também áreas
esparsamente habitadas ou sem habitantes.
- Com base nos dados e na informação adicional, a enumeração das
áreas será refeita em unidades menores, consideradas homogêneas
com relação à distribuição da população.
- O passo final é transformar os valores a serem representados para a
forma de pontos, escolhendo o tamanho e o valor específico e
aplicando-os sobre as áreas consideradas homogêneas.

9.2.2.7 CUIDADOS NA CONSTRUÇÃO DE MAPAS DE PONTOS


Pequenos pontos com pequenos valores mostram um mapa que pode
parecer ser mais exato do que realmente é. O reverso também é verdade:
pontos grandes para valores grandes dão aparência tosca ao mapa, dando a
impressão de uma compilação não profissional. \.

Como o usuário tende a subestimar o número de pontos e diferenças en-


tre densidade de pontos de uma área para a outra, é preciso adicionar uma nota
de legenda chamando a atenção LEGENDA
sobre tal fato. Uma forma de atenuar Cada ponto representa 2500 habitantes
esta questão é construir a legenda
conforme o sugerido por Dent (1996),

0
2500

na Figura 9.13, criando três caixas i..-ei 10000


com pontos, indicando na primeira L!.!J
que um ponto representa um valor, l!J~ 20000
mas não é igual a ele. Na segunda,
mostrando um conjunto de pontos Figura 9.13- Desenho da legenda de um mapa de
pontos - os tamanhos das caixas e dos pontos são
e, na terceira, outro conjunto. determma
· dos pe1a esca1a do mapa

9.2.2.8 Uso DO COMPUTADOR NA CONSTRUÇÃO DE MAPAS DE PONTOS


O uso de métodos automatizados para a produção de mapas de pontos
vem merecendo atenção dos cartógrafos há duas décadas nos EUA, quando
alguns programas foram desenvolvidos para essa finalidade (Dent, 1996).
0.Pi
_ _1_~_
0_
9-_R_
~~·-'-ro
~ c.1<
-n_x..m
~ 1~
_,:_11_
,1_
~ _1
~_,1~_
~~~·-
'<_cN
_~_
•_c~_1_
1 ~_1_
~ ~~~~~~~~~~~~227

Atualmente, ex istem diversos softwares de uso corrente no mundo que


apresentam a opção para constru ção de mapas de pontos. Cada software,
cm geral, apresenta algumas restri ções, princ ipa lmen te quanto à qu estão de
loca li zação do s pontos. O taman ho e o valor do ponto podem se r
determi nados ou controlados pelo cartógrafo, fato que prop ic ia algum
controle sobre a apa rência final do mapa.
A vantagem de produzir mapas de pontos por computador é a
velocidade e faci 1idade ele execução quando comparadas ao método manual .
É possível criar diversos mapas, fazendo a variação no tamanho e va lor cio
ponto e esco lher aquele que parece representar melhor o fenômeno mapeado.

9.2.2.9 VANTAGENS DO MAPA DE PONTOS


- O uso de computadores para a produção ele mapas ele pontos tornou
o método de fáci l apli cação e reprod ução, (Figu ra 9.14) .

Estações de rádio AM
1999

Número de estações
o 1a 7
RS
e 8a22

Figura 9.14 - Exemplo de mapa de pontos


ro111e: IBGEa (2002)
- A racionalidade do mapeamento é facilmente entendida pelo usuário
do mapa-visualização de "cheios" e "vazios", denotando o padrão
de distribuição existente.
- Pode ser ilustrado mais de um conjunto de dados no mapa desde
que exista uma relação entre eles.

9.2.3 MAPAS COROPLÉTICOS

9.2.3.1 QUANDO EMPREGAR O MÉTODO

O termo coroplético tem origem nas palavras gregas "choros" que


significa área e "p/ethos'', significa valor. Então, a técnica coroplética é um
método de representação cartográfica que tem como finalidade traduzir
valores para as áreas.
O método coroplético é apropriado para ilustrar temas geográficos
quantitativos que ocorrem em unidades geográficas bem definidas, por
exemplo, unidades políticas (municípios, estados). Os valores a serem
representados devem ser transformados em valores relativos como razões
ou proporções. Valores absolutos devem ser representados com outro
método.
Este método ou qualquer outro de mapeamento de dados estatísticos
não pode ser aplicado se o interesse do usuário for a obtenção de valores
precisos dentro de unidades distintas. Portanto, é melhor permanecer com
tabelas ou diagramas.

9.2.3.2 BASE CONCEITUAL DO MÉTODO

O método coroplético utiliza a variável gráfica valore intensidade da


Cor para mostrar diferenças na intensidade do fenômeno. As diferenças são
hierarquizadas ou ordenadas em classes distintas de forma que possam ser
bem percebidas. Portanto, é útil para representar os níveis de medida dos
fenômenos geográficos, ordenado, de intervalo e proporção.
Alguns autores como Robinson et ai. (1995) e Dent (1996) consideram
que, se existe uma distribuição matematicamente contínua em área e medida
nos níveis ordenado, de intervalo ou proporção, esta distribuição formará
uma superfície estatística e poderá ser representada como volume geográfico.
Portanto, referem-se aos mapas coropléticos como representações em duas
dimensões que podem ser transformadas em três dimensões, formando
volume. Dentro deste conceito, o mapa coroplético é pensado como uma
_CAP!ru~L_
o _9-_R_
rrwr
_· _
NTN;
--'-
ôr5-™
~R~
_m_K"AS
~:1_ ~_
~_10_,wus
~·~K_
O'Ó\
~oc-~_c_
r~_
·~~~~~~~~~~~~~229

superfíc ie estatística progressiva 3 que é dada em duas dimensões; ass im, as


qu antidades menores são rep resentadas em tons de c inza claro ou cores de
tonal idade mais clara e à medida que crescem as qu anti dades, o c inza va i
escurecendo ou aumentando a intensidade da cor.
Existem, basicamente, dois tipos ele mapas coropl éticos: (a) os mapas de
densidade que ilustrarn razões, como número de pessoas por quil ometro
quadrado e; (b) os mapas de porcentagens, que ilustram razões, como percen-
tagem de hab itantes sobre o tota l da população. Um exemplo de construção de
mapa coroplético de densidade da popu lação é mostrado na Figura 9.15.

DENSIDADE DEMOGRAFICA DOS


ESTADOS BRASILEIROS

LEGENDA
Hab/Km2
D 1-4
D 5-1 5
D 16 -50
D 51 -65
N
1::::::1
-
66 - 100
101 - 325

O 300 600 Km
l
Figura 9. 15 - Exemplo de mapa coroplético: densidade demográfica do Brasil

3 As superfícies es1a1ís1icas progressivas, quando representadas como volume, geram uma


visualização em 30.
23O (ARTOGRAFIA - RIPRCSENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO EVISUAllZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

9.2.3.3 CONSTRUÇÃO DE MAPAS COROPLÉTICOS

A construção de um mapa coroplético tem como premissa a


determinação de três elementos básicos: tamanho e forma das áreas, número
de classes e o intervalo das classes.

- TAMANHO E FORMA DAS ÁREAS

O ideal, para se aplicar este método, seria que as unidades de área


tivessem tamanhos relativamente iguais e pequenos com formas semelhantes.
Mas isso, na maioria das vezes é impossível, pois as unidades administrativas
ou políticas têm formas e tamanhos muito distintos. Portanto, ao empregar o
método devé-se estar ciente da influência do tamanho das unidades. Quando
as unidades são pequenas, a variação dos dados é mais facilmente percebida;
quando as áreas são grandes, a tendência da variação espacial dos dados é
diminuir, assim como a percepção deles. Por conseguinte, a escala final de
apresentação deve ser escolhida com cuidado, principalmente quando há
grade variabilidade no tamanho das áreas como no mapa do Brasil.

- ÜETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE CLASSES

O número de classes mostra quão detalhada é a distribuição dos dados


no mapa. A maioria dos autores recomenda entre quatro e oito classes para
mapas em preto e branco, podendo chegar a dez ou doze classes para mapas
coloridos. Usualmente, utilizam-se de cinco a oito classes, pois elas são
percebidas com mais facilidade pelos leitores dos mapas. Por outro lado, de
nada adianta aumentar o número de classes na tentativa de fazer a
representação exata do valor de cada unidade de área, pois o leitor não é
capaz de identificar tal fato. Um mapa coroplético deve ser capaz de ajudar
o leitor a ter uma idéia de toda a distribuição dos dados na região considerada.
Logo, é importante considerar, além do número de classes, o intervalo ou
limite de cada uma.

- INTERVALO DAS CLASSES

Existem diversos métodos que podem ser utilizados para determinar o


intervalo de classes para construir mapas coropléticos. Igualmente, os mesmos
métodos podem ser utilizados para estabelecer os intervalos de mapas
isopléticos, (ou isolinhas), e de símbolos proporcionais. Alguns destes métodos
foram explorados no Capítulo 8 e podem ser aplicados para um mesmo
conjunto de dados, obtendo-se resultados diferentes. Nos softwares
disponíveis para mapeamento temático foram implementados principalmente
ÚJ'ÍT
_ _·_~o
_9_-_R_
a'Rf5[~NTAÇ-=-
oo_r_
~_
rOOW'CAS
_'_
· ~:r_~w
~1~_,mJS
--',_cc_
o-O'>
~ oc-
~_cr_
~_ IB~~~~~~~~~~~~2 31

os de base mate mática, sendo mais difíc il e ncontra r métodos grá ficos para
d ete rmi nar o inte rvalo de classes .
A ca racterística d os d ad os, como homogeneidade o u discrepâncias
acen tuad as, ao lado da forma geométri ca e do ta manho da unidade espacial
são fatores de te rmina ntes pa ra a escol ha do método de determinação do
interva lo d e c lasses . A escolha inad equada pode produ zir mapas ineficazes
o u a p resenta r uma fa lsa idéia de d istribu ição dos dados no espaço geo gráfico
conside rado. Na Figura 9 .1 6, são apresentados três ma pas obtidos a partir
de três métod os dife re ntes de determinação d o inte rva lo en tre as classes,
usa ndo os mesmos dados. Observe que os resu ltados do mapeamento são
difere ntes . Q ua l deles trad uz mais adequa dame nte os va lo res origina is?

DENSIDADE POPULACIONAL DA MICRORREGIÃO ADMINISTRATIVA 1


DE SANTA CATARINA - 2000

hab/km2 hab/km 2 hab/km2


D 20- 25 D 20 - 45 D 20- 24

- - -
D 26 - 30 D 46 - 70 D 25 - 30
D 31 - 34 D 71 - 100 D 31 - 4 5
35-46 101 -120 46 - 50
47 - 140 121 - 140 5 1 - 140

Método dos Quantis Método da Amplitude Método da Dispersão


da Frequência

Figura 9.1 6- Resul tado ele três métodos de escolha do intervalo ele classes
232~~~~~~~~~~~-C_AA_l()(_;AA_F~_-_R_~_BE_NT_A~_·o_,c_~_ruN_la_~_o_c~_su_A_L~_~_o_m_DADOS~-~-~~IAJS

- ESCOLHA DOS SÍMBOLOS PARA MAPAS COROPLÉTICOS

Para mapas em preto e branco, a escolha dos tons de cinza, como já


comentado, é percebida com maior facilidade em até oito classes. Na prática,
é possível verificar que cinco tonalidades são uma ótima escolha.
São permitidas as aplicações de texturas, ou hachuras em preto e
branco, sempre associadas aos respectivos valores: de mais claro para mais
escuro, para intensidades menores até as maiores intensidades.
É possível utilizar cores para fazer a representação das intensidades
hierarquizadas. Neste caso, aconselha-se usar harmonia monocromática,
dando preferência às cores que podem ser mais facilmente escalonadas na
sua tonalidade, assim como o rosa, o azul e o verde. O uso de cores vizinhas
deve ser evitado, pois é difícil obter uma harmonia de saturação e brilho
adequados à visualização dos dados, principalmente, em mapas impressos.
Caso se decida utilizar cores vizinhas, convém optar pela seqüência do círculo
das cores nas seguintes ordens:
a) amarelo até o vermelho escuro;
b) amarelo até o verde escuro.
Outras tentativas devem ser uti 1izadas somente por pessoas
especializadas; é muito fácil errar na escolha das cores, das saturações, das
tonalidades ou brilho.

9.2.3.4 ÜESVANTAGENS DO USO DE MAPAS COROPLÉTICOS


A principal desvantagem deste tipo de mapa é a generalização, pois
mostra a informação distribuída uniformemente em cada subunidade de área,
sem considerar a cidade nem o campo. Um exemplo disto são os mapas de
densidade em superfícies.
Quando as áreas das diversas unidades administrativas são muito
discrepantes e irregulares, este tipo de mapa pode mostrar um modelo falso
da realidade.

9.2 .4 MAPAS ISOPLÉTICOS OU DE ISO LINHAS

9.2.4.1 QUANDO APLICAR O MÉTODO


A origem da palavra "iso" vem do grego e significa igual e "p/ethos''
significa valor. Por isto isoplético que dizer o mesmo valor.
CAPiTulO 9 - RrPRESCNTAÇôEs C:ARRX:RÁI ICA\: 11l\\.\\1 tLJ"\-\NOS, rcmiMros r ris1rns 233

O método isoplético é aplicável para fenômenos geográficos contínuos


na natureza. Os fenômenos discretos não podem ser mapeados por este
método. Assim, os valores que podem ser mapeados são: médias, razões,
proporções e medidas de dispersão, sempre envolvendo área~.
Em contraste com um mapa coroplético, o mapa isoplético ou de
isolinhas mostra claramente em que direções os valores ou intensidades de
um fenômeno crescem ou decrescem. Por causa desta característica, o método
é aplicado sempre que se quiserem comparar fenômenos e fazer correlações
entre eles, como acontece com dados do tempo (temperatura, precipitação,
umidade).

9.2.4.2 BASE CONCEITUAL DO MÉTODO

A base conceituai da construção de mapas isopléticos é a existência


de valores com distribuição contínua no espaço considerado, não sendo
dividido em áreas geográficas. Se forem consideradas linhas, a referência
serão os mapas de isolinhas, os quais construídos a partir de observações em
pontos; ele é conhecido também como método isométrico. Um exemplo
deste último são os mapas de isóbaras, isoietas e isotermas. Na verdade, os
dados a serem mapeados devem ser assumidos como volumes, a exemplo
do método coroplético. Portanto, precisa ser considerado a partir de
superfícies que darão origem ao volume.
No caso dos mapas climáticos, apesar dos valores serem coletados em
estações meteorológicas, ou seja, pontuais, eles são considerados como
contínuos na natureza e não discretos ou escalonados.
Outro fenômeno geográfico que pode ser mapeado isoritmicamente é
a densidade populacional, a qual pode ser assumida como existente em
todo lugar.

9.2.4.3 (ONSTRUÇÃO MANUAL DE MAPA ISOPLÉTICO OU DE ISOLINHAS

O princípio de construção de um mapa isoplético ou de isolinhas


tem como base a geometria plana quando a confecção do mapa é feita de
forma manual. A construção é iniciada a partir de um mapa de fundo, em
que são localizados pontos e o seu valor correspondente. Em seguida, é
preciso definir o número e o intervalo das classes. Nos mapas de isolinhas,
como nos de precipitação e nos de temperatura, geralmente, o número e o
intervalo das classes são determinados em consonância com conceitos
ligados ao clima.
234 ÚRTOGIWIA - RCl'RCSCNTA~;\O, COMUNlCAÇÁO EVISUAl.IZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

Uma vez definidos os limites das classes, é preciso desenhá-los sobre


o mapa, utilizando para tanto, o processo de interpolação, considerando os
valores marcados para cada ponto. Observe o exemplo da Figura 9.17.

26

23 29

1 33 30
1
30
Figura 9.17 - Interpolação linear entre pontos

Todos os pontos devem ser ligados de forma a construir uma rede de


triângulos (Figura 9.18). Cada 1inha ou lado do triângulo marcará a posição
possível por onde deverá passar a isolinha pré-definida. Para tanto, por ser
uma interpolação linear, deve-se calcular a diferença entre os pontos extremos
da linha e subdividi-la apropriadamente.

Figura 9.18 - Processos de construção de um mapa isoplético (a) desenho


dos segmentos de reta unindo todos os pontos e linhas de valor 20
determinado; (b) detalhe de como é obtido o lugar por onde passa a linha

No exemplo da Figura 9.17, entre 33 e 26 passará a isolinha de valor


30. Como a diferença entre 33 e 26 é sete, divide-se a linha em sete partes.
A isolinha 30 passará aproximadamente na distância três, ficando quatro
ÚPiTUl09-RrPR&NTAf,Ú:S c:,\J.!rcx;~\JJ('AS: ll.\~\rnU,\WlO'i, (((N:°)\11(()'; l IL~KOS 23 5

valores distantes do ponto 26. Na mesma figura, entre 33 e 29, existe uma
diferença de quatro unidades. Dividindo a linha que une os pontos em quatro
partes, é possível determinar por onde passará a isolinha 30. Este é o
procedimento, no método manual, para todos os pontos até determinar o
desenho final das isolinhas.
No caso dos mapas de isolinhas, os pontos de controle com valores
conhecidos podem ser especificados nas suas posições corretas, ou seja, nas
suas coordenadas. Já para os mapas isopléticos a localização dos pontos é
mais difícil. Geralmente, os dados são selecionados para cada distrito ou
município em estudo, e o valor a ser considerado representará uma média
da magnitude para cada área. Por exemplo, a razão ou proporção que envolve
a área. Então, a localização do ponto dentro da área é o cerne do problema
porque vai afetar a exatidão e aparência de todo o mapa (Dent, 1996).
Se a área apresenta forma regular e a distribuição dentro dela é
considerada como quase uniforme, pode-se escolher o centro geométrico
da área para localizar o ponto de controle. Uma aproximação visual deste é
suficiente. Por outro lado, se for conhecido que a distribuição é concentrada
em cenas específicas, como as urbanas, então o ponto de controle deve ser
localizado no centro desses lugares (Figura 9.19).

+ -Centro Geométrico
i9 - Concentração Urbana

• - População Rural

Figura 9.19 - Localização do ponto de controle (valor da área) para a construção


de um mapa isoplético

O resultado da escolha do centro geométrico ou de concentração conhe-


cida para localizar pontos de controle, em todo o mapa, pode gerar discrepâncias
grandes, cujas conseqüências são dois mapas completamente diferentes.

9.2.4.4 Uso DO COMPUTADOR NA CONSTRUÇÃO DE MAPAS ISOPLÉTICOS E DE


ISOLINHAS

A introdução dos computadores para gerar mapas tornou o método de


isolinhas ou isoplético muito mais fácil e rápido, posto que os cálculos e as in-
terações são implementados internamente em pacotes definidos para tal tarefa.
236 CARnx;RAflA - RCPRESENTAÇÃO, COMUNICAÇÃO EVISUALIZAÇÃO DE DADOS ESPACIAIS

Apesar de a base conceituai permanecer igual à dos procedimentos


manuais, o processo de interpolação automática acontece por uma rede
retangular, triangular ou irregular de pontos que é calculada a partir dos
pontos de valores conhecidos. Os modelos matemáticos diferentes vão gerar
interpolações diferentes.
Existem diversos programas desenvolvidos para gerar modelos
tridimensionais do terreno que utilizam o conceito de isolinhas. Existem
também ferramentas computacionais capazes de produzir isolinhas a partir
de pontos com coordenadas e valores conhecidos.

9.2.4.5 (UIDADOS NA INTERPRETAÇÃO DE UM MAPA ISOPLÉTICO

Para que o modelo conceituai de mapeamento isoplético produza


resultados mais precisos, o ideal seria que o tamanho e a forma das áreas
consideradas fossem semelhantes. Porém, isto quase não ocorre na realidade;
os resultados do mapeamento devem ser avaliados com cuidado.
E apesar do método mostrar claramente o comportamento espacial da
distribuição- para onde cresce ou decresce, este resultado deve ser observado
tendo em mente que densidades ou porcentagens, direta ou indiretamente,
são derivadas de áreas. Entretanto, elas foram reduzidas a um ponto que pode
ser localizado em posições diferentes dentro da área considerada. Logo, para
o mesmo conjunto de dados podem-se obter mapas completamente diferentes.

9.2.5 MAPAS DE FLUXOS


9.2.5.1 QUANDO EMPREGAR O MÉTODO
Os mapas de fluxos são representações que tentam simular o
movimento linear do objeto alvo de um lugar para outro. Eles não podem
ser confundidos com mapas dinâmicos4 porque são representações estáticas,
seja quando apresentadas no papel ou em uma tela de computador. São,
portanto, indicados para representar deslocamentos no espaço, indicando a
direção e/ou a rota do movimento.
Para representar dados quantitativos em mapas de fluxos, consideram-se
valores absolutos ou derivados e níveis de medida ordenado, intervalar ou
proporcional. Alguns exemplos típicos são os mapas de fluxo de tráfego e os
mapas de transportes que ilustram interações sociais ou econômicas entre ponto
de origem e destino.
4
Mapas dinâmicos são aqueles visualizados em um monitor e mostram o movimento
espacial de um fenômeno geográfico qualquer, como por exemplo a expansão urbana e
a invasão das águas em uma cheia.
{

Úl'inno9-Rn~r.srN1M;000\RTOCIW K"AS: TTM.\S llU\l•INO'\, l(()l>ll\11(.0S I INWI 23 7

9.2.5.2 ( ONSTRUÇÃO DE MAPAS DE FLUXO PARA DADOS QUANTITATIVOS


Para co nstruir mapas de flu xos considerando dados quantitativos é
prec iso estar atento a três aspectos:

- EscOLl-IA DO MAPA DE FUNDO BÁSICO

É importante definir o tipo de sa ída para a ap resenta ção do m apa; se


em papel, considerando seu formato, ou cm tela de computador. Esta tomada
de dec isão ajudará a definir a esca la do mapa e, logica mente, os elementos
que devem constar nele, assim como na defini ção da simboli zação.
Para rep resentações de áreas geográficas m ais abrangentes, por
exemplo, envo lvendo continentes e países, é impresc indíve l determin ar qual
projeção ca rtográfica é mai s adequada, qual deve ser a aparência do mapa
de fu ndo, incluindo cores, textos e linhas de contorno da superfície. Épreciso
ter em mente qu e estes elementos devem esta r visíveis o sufici ente para a
leitura do mapa, mas, elevem também fi car em plano secundári o. Gera lmente,
os flu xos entre continentes ou países não seguem rota definid a, mas mostram
a direção de onde partem e aonde chegam. Veja exempl o na Figura 9.20.

/ '-'.
t{ '~
(

\
.\
\
\
\
\/ '
. I .
.,. \. ~ .
\
1 1 ..
Figura 9.20 - Mapa ele fluxo: Petróleo na economia Mundial (original colorido)
Fonte: Simiclli (1999)
238~~~~~~~~~~~~C
_AA_u_
x;iw
~ ~-
-_Rr~
_l_
~N_lA~
<A~
O,_
W_M_
UN_
Ja<
~A_·o_c_
~_UM_l~
~Ç_
ÃO_OC
_l_
lAOOS
~~ -A_
Cw
_s

Para os mapas nos quais a rota deve permanecer con hecida, deve-se
preservar a via de comun icação como rodovias ou ferrov ia s, pois elas
determinam o lugar dos vetores. Este caso de mapeamento é mais raro em
atlas. Mapas desse tipo têm sido observados em revistas e jo rn ais, mostrando
a intensidade do tráfego urbano ou o transporte de mercadorias entre cidades,
ou de algu ns lugares de produção até portos marinhos.

- Ü EFINIÇÃO DA SIMBOLIZAÇÃO

A espessura das linhas deve ser definida tendo como companheiro o


bom senso. Quando a amplitude dos dados é muito grande para esca lar as
linhas proporciona lm ente aos va lo res, pode-se adotar um padrão para
simbolizar os diversos valores. Mas sempre que possível, devem ser adotadas
espessuras proporcionais aos valores. Por exempl o: 1 mm para 100; 2mm
para 200; 4mm para 400. É possível também determinar outros valores
propo rcionais para que eles sejam perceptíveis no mapa .
O destaqu e elas linhas, em primeiro plano, se faz com o uso de cores
contrastantes co m o mapa ele fundo. O matiz preto é urna escolha gera lmente
acertada (vide Figura 9 .21), mas nada impede o uso de outros matizes.
Éperm itido usar cores diferentes para representar, em um mesmo mapa,
c lasses no minais dife rentes . Por exemplo, as linhas vermelhas mostram
quantidades e a rota da soja; e as linhas amarelas mostram qu antidades e
rota cio milho.

FLUXO DE VEÍCULOS

--
• 2000

Figura 9.21 - Exemplo de mapa de fluxos


_0fflu
__~_9_-_RCl'RfSOO
___~~oo_CAR
__ __:_w.w;
T~_RÁílCAS __._~_EF_~_~______________________ 239
__11_~_~_~_,K_.tIDwc

- ÜESENHO DA LEGENDA
A Legenda é a chave de codificação e decodificação na Cartografia.
Ela faz a ligação entre o mapa e o leitor; por isto deve ser cuidadosamente
elaborada. As unidades de medida precisam aparecer de modo nítido e do
mesmo modo é necessário saber como foram escaladas as linhas para as
quantidades representadas.
Existem duas formas básicas de representar os valores considerados:
(a) com grande exatidão, especificando um valor para cada linha (Figura
9.22a e 9.22c), e (b) considerando um intervalo de valores, como na
Figura 9.22b.
O desenho final da legenda pode ser apresentado em uma seqüência
de linhas, formando degraus, como na Figura 9.22c, para o caso de fluxo
contínuo e crescente no espaço, segundo uma linha pré-existente, como no
caso de estradas para transporte de mercadorias. Mas, também pode ser
apresentado por linhas separadas, em que a cada uma corresponda um valor
predeterminado, como nas Figuras 9.22a e 9.22b.

(a) (b)
Número de banhistas Migração (familias)
(em mil)
10 0-100

20 100- 500
500-1000
30
1000-1500
40
- >1500

50

(e)

<10
. 10 ~20 30

60<

Figura 9.22 - Legendas em um mapa de fluxo: (a) valores específicos,


(b) intervalo de classes, (e) legenda exata em degraus
240~~~~~~~~~~~~(_A_RTl_x;_~_nA_-_RC_PRC_SCN_l/~~~-·o_,c_o~_IUN_IC~~~ÃO-E_~_SUA_Ll_~~~·o_o_c_~_oos~~-~~ws

9.2.5.3 INOVAÇÕES NO DESENHO DE MAPAS DE FLUXOS


Nas bibliografias mais recentes sobre Cartografia são apresentadas
novas soluções para desenhar mapas de fluxos. Estas soluções associam mapas
de símbolos proporcionais para mostrar quantidades em um lugar específico,
conectadas por linhas uniformes (vetores) mostrando a direção do fluxo da
mercadoria. Compare os exemplos mostrados na Figura 9.23.

FLUXO DÉ TRABALHADORES PARA FLUXO DE TRABALHAD,PRES PARA


O CENTRO DE FLORIANÓPOLIS -1994 O CENTRO DE FLORIANOPOLIS -1994

Palhoça

...... 85
···-··60
85 60 40 15 ·····40
·····15

Figura 9.23 - Duas formas de representar a circulação de trabalhadores no espaço;


confeccionado com base em Kraak e Ormeling (1997)
_CAriT_·u_t0_9_-_Rr_PRESOO~~~cr_s_cAA_nx_;m_·_K~_:1_~~~11u_~Wll'.~~'-m_N_~oc_x_~c_r~_IB~~~~~~~~~~~~241

9.2.6 MAPAS DIAGRAMAS


9.2.6.1 QUANDO EMPREGAR O MÉTODO
Os mapas diagramas, como o nome lembra, são mapas que contêm
um diagrama em cada unidade de área em análise. Este tipo de mapa é
construído com propósito analítico, isto é, para que cada dado seja analisado
na sua posição (Figura 9.24).
Os diagramas sumarizam inventários realizados em cada uma das áreas
de interesse e por isso não podem ser entendidos como mapas de comu-
nicação, considerando o sentido que se dá à comunicação na Cartografia.

9.2.6.2 Uso DO COMPUTADOR NA CONSTRUÇÃO DE MAPAS DIAGRAMAS


Na atualidade diversos softwares SIG trazem esta possibilidade de
mapeamento, ou seja, construir diagramas sobre mapas. A maioria deles
utiliza o diagrama de setores - os quais são abordados no capítulo 11 deste
compêndio. Alguns softwares utilizam os mesmos princípios de construção
de mapas de símbolos (círculos) proporcionais como base para gerar o mapa
diagrama. Neste caso, sobre um mapa de fundo dividido em unidades
político-administrativas são sobrepostos diagramas de setores onde varia o
diâmetro do círculo de acordo com o valor total dos dados envolvidos em
cada unidade, conforme mostrado na Figura 9.24a.
Outros softwares não permitem a variação do tamanho do círculo
proporcional conforme o valor de cada área considerada. Somente permitem
que círculos de diâmetros iguais sejam distribuídos nas unidades de área,
formando os diagramas de setores que mostram os valores dos dados em
questão. Um exemplo é mostrado na Figura 9.24b. Nesse caso não há como
fazer comparações reais entre as áreas mapeadas.
Se o mapa diagrama for desenhado em CAD, pode ser utilizado o
diagrama de colunas - também tratado no Capítulo11 deste livro - em vez
do de setores (vide Figura 9.24c). Existem autores que defendem o uso desse
tipo de diagrama em mapas. No entanto, como dito no começo deste item,
esse tipo de mapa é para análise e não para a visualização, e se a questão é
o tempo gasto na representação, torna-se mais rápido usar um software SIG,
que já tem disponível este tipo de mapeamento. Independentemente do tipo
de diagrama, este mapa é de difícil interpretação quanto maior for o número
de dados representados em cada diagrama e no mapa como um todo, como
se pode ver no mapa da Figura 9.24d.
242_________________C_AR_Toc_·RAF_IA_-_RIPRBCN
_ _ _TAÇA-'--o-',_c_U\_1U_NlCA(À_......._o_E_V1SU
__ AL_IZA_ÇÃ
__o_DE_DADOS
_ _f.SP_t.r._IAIS_

(a) (b)

População

- Urbana
c:::i Rural

LEGENDA
-Indústria
[=:! Co"'6rdo
ClA~

(d)

LEGEIC>A
- lndú1111a
~ Ccmtrdo

c:::J ""'-""''

Figura 9.24 - Exemplos de mapas diagramas


CAPÍTULO 10
A CONCEPÇÃO DE MAPAS

10.1 Ü USO PÚBLICO DOS MAPAS

Quando se constroem mapas para serem disponibilizados para uso


público, deve-se ter em mente que eles serão julgados pela sua aparência e
pela sua utilidade. O responsável pela produção de mapas para o uso público,
como aqueles de livros textos, de artigos acadêmicos, dos atlas de qualquer
natureza, apresentados em mídia convencional ou eletrônica, precisa ter
conhecimentos de representação cartográfica. Terá que buscar conceitos e
conhecimentos adquiridos na sua formação e utilizar sua experiência na
produção de mapas para planejar soluções que atendam às necessidades
específicas de cada caso
O cartógrafo poderá pedir auxílio aos programas computacionais como
aqueles de desenho gráfico, CAD ou SIG para reunir e compilar seus dados
espaciais na forma de mapas. A soma de conhecimentos, experiência e o
formalismo da tecnologia a ser utilizada determinarão a aparência final da
representação cartográfica idealizada pelo cartógrafo.
Por outro lado, os usuários do SIG e "fazedores de mapas" geralmente
não se preocupam com a aparência de seus mapas, pois, muitas vezes, estão
construindo visualizações para uso privado. Por exemplo, um urbanista quer
manipular e visualizar dados espaciais reunidos em um SIG com o objetivo
de tomar decisões; um biólogo pode manipular dados espaciais para
visualizações pessoais ou de um grupo envolvido na tomada de decisões
sobre o manejo da flora e fauna em um determinado lugar ou ecossistema.
Mas, uma vez que se pretenda tornar os resultados do trabalho ou pesquisa
244~~~~~~~~~~~-(AA_T_~;_w_~_-_m'R_™_N_~~~~.c-~_ru_N~~AÇÃ_O_E_~_uM_~~ÇÃO~~-OAOOS~-~-~-M

de conhecimento público, precisar-se-á disponibilizar os mapas envolvidos.


Dever-se-á, então, ter conhecimento cartográfico concernente à comunicação
e visualização dos aspectos que se deseja revelar e que tipo de aparência se
quer os seus mapas tenham.
Uma terceira questão, ainda referente ao uso público dos mapas, é
específica para a disponibilidade destes em multimídia, com a possibilidade
de construir mapas interativos ou dinâmicos. Nestes casos, é preciso integrar
as técnicas de visualização gráfica aos dados cartográficos já tratados
adequadamente para tal fim. As possibilidades para a construção destes mapas
não serão abordadas com detalhes neste livro. Os endereços eletrônicos da
Associação Internacional de Cartografia -AIC 1 apresentam alguns exemplos
interessantes nos quais é possível compreender a dimensão destas novas
possibilidades.
Os mapas de uso público podem ser do tipo:
a) Virtual - aquele que se torna real somente quando algum dispositivo
possibilita sua visualização momentânea e por um tempo desejado.
Caso contrário, ele está estocado em arquivos magnéticos,
impossível de ser observado pelos olhos humanos. Alguns autores
referem-se a este tipo de mapa como Softmap.
b) Permanente, também designado de tangível, refere-se aos mapas
que podem ser manuseados. Portanto, estão impressos em algum
tipo de mídia tangível, como o papel e estão sempre visíveis aos
olhos humanos. Eles estão impressos e permanecem assim, visíveis
sem a necessidade de ajuda para visualizá-los. Algumas literaturas
classificam estes mapas como Hardmaps.
A saída de um ou de outro tipo de mapa muda algumas decisões
específicas, mas, de maneira geral, a concepção dos mapas de uso público
segue a mesma rotina que será discutida a seguir.

10.2 Ü QUE SE PRECISA SABER PARA A CONFECÇÃO DE UM MAPA

Antes de iniciar qualquer concepção de mapa, o cartógrafo precisa ter


resolvido algumas questões importantes que nortearão todo o processo de
confecção. Tais questões são:
a) o propósito do mapa - para que ele servirá;
1
Página principal da ICA: < http://ncl.sbs.ohio-state.edu/95_ica.html>
_CAPi_1_ut_o_10_-_A_co_~_fl'Ç~Ao_o_o_w_~------------------------------------~245

b) quem usará o mapa - usuários em potencial;


e) quem pagará o mapa - recursos financeiros;
d) como ele será disposto para o uso - impresso ou não;
e) dimensões finais do mapa (se impresso) - depende da escala e do
tamanho da área considerada;
f) se imagens raster forem incorporadas, qual a resolução requerida;
g) disponibilidade dos dados - o que existe, o custo e
h) disponibilidade de softwares- CAD, SIG, Desenho Gráfico.

10.2.1 PROPÓSITO, USUÁRIO E RECURSOS FINANCEIROS

Para construir qualquer mapa é preciso saber com clareza para que
ele será utilizado e quem o utilizará. Essas duas preocupações são questões
centrais que determinarão todas as outras a seguir. Éevidente que a confecção
de mapas tem um custo que aumenta de acordo com as exigências do usuário.
Por exemplo, mapas coloridos impressos em papel, ou seja, mapas
permanentes são mais caros que aqueles em arquivos digitais- mapas virtuais.
A escala é outro fator determinante dos custos, pois quanto maior a escala,
maior o custo, haja vista a necessidade de maior detalhamento dos dados. E
o levantamento dos dados exige tempo, equipamentos, pessoal capacitado,
etc., os quais implicam em despesas financeiras.
Sabendo do propósito para o qual o mapa será usado, o público que
vai utilizá-lo e os recursos disponíveis para tal empreendimento, o cartógrafo
poderá tomar as decisões seguintes quanto aos métodos, as técnicas, o
software e quanto à forma de disponibilização ao usuário.

10.2.2 DISPONIBILIDADE DOS DADOS

A disponibilidade de dados para o mapeamento é outra questão


importante a ser considerada quando se vai confeccionar um mapa temático.
Os mapas de referência geral e mapas temáticos de escalas pequenas são
compilados de maneira muito diferente daqueles de escalas média e grande.
O principal objetivo de um mapa temático é fornecer em um "fundo
geográfico" a informação temática que estará contida em alguma base de
dados. Então, para compilar esses mapas é preciso, antes de tudo, compilar
um mapa de fundo contendo informações básicas como: limites (político-
administrativo, ou outro), rede hidrográfica e rede viária. Essas informações
são disponíveis em mapas de escalas maiores e geralmente precisam ser
246~~~~~~~~~~~-C_AA_Toc_.RAr~~--R_r~_c~_m~Aç~:ÃO~,c-~_1u_N1CAÇA~·o_E_~_u~-~~~~-º-~-DADOS~-~-~~ws

recompiladas, devendo sofrer um processo de generalização quando da


construção de um mapa em escala menor. 2
Os dados disponíveis para a construção de mapas temáticos são
ilimitados, uma vez que não há limite para o tipo de informação que pode
ser chamada de "temática" (Robinson et ai., 1995). Geralmente, as
informações relativas ao meio ambiente, como cobertura da terra, vegetação,
clima, geologia, geomorfologia e tipos de solos são geradas pelos especialistas
nestes campos do conhecimento, conforme comentado no Capítulo 7. É
impressionante observar a falta de conhecimento da quase totalidade destes
especialistas, sobre como criar mapas a partir dos dados levantados. Muitos
destes dados são obtidos dos levantamentos feitos direto no campo ou com
auxílio do sensoriamento remoto aéreo e orbital, também já descritos no
Capítulo 2.
Os organismos produtores de informação são os lugares onde,
geralmente, os dados ambientais estão estocados em arquivos digitais ou,
no caso dos dados mais antigos, em intermináveis relatórios e tabelas. Poucos
são os mapas temáticos publicados pelos organismos estaduais e nacionais
e praticamente inexistem os atlas regionais ou estaduais, trazendo diversos
tipos de dados, e quando existem, na maioria das vezes sequer citam a fonte.
Os organismos oficiais também são responsáveis pelos dados
socioeconômicos, derivados de levantamentos estatísticos. Estes organismos
fornecem os dados para que se possam construir mapas temáticos, como os
que se referem à densidade populacional, à incidência de doenças e às taxas
de crescimento econômico ou social, etc.
Em 2003, o IBGE lançou, em CD-ROM, os dados estatísticos dos dois
últimos censos brasileiros e o software StatCartque permite construir mapas
estatísticos sobre qualquer tema abordado no censo. Apesar deste software
permitir o manuseio e alguns cruzamentos de dados, ele permite gerar
somente mapas coropléticos, o que não é indicado para dados absolutos. A
saída impressa dos mapas foi prevista para folhas no formato A-4, o que
seria suficiente para as análises. Entretanto, a saída permitida pelo referido
programa computacional para mapas impressos, ou seja, o layout é tudo
aquilo que jamais poderia acontecer na Cartografia (Figura 10.1 ). Contudo,
o esforço em publicar dados e possibilitar ao usuário confeccionar seus mapas
é um avanço que merece ser notificado.

2 A generalização cartográfica foi tratada no Capítulo 3.


Figura 10.1 - Saída de mapas gerados pelo 5ta1Car1(original é colorido)

10.2.3 LIMITES TÉCNICOS

Uma vez di spondo dos dados para a compil ação do rn apa temático,
será preciso definir os procedimentos de produção que têm de leva r em
conta a saída final: se rá um mapa virtua l ou um permanente? Esta decisão
infl uenciará na composição como um todo.
Conforme o tipo de mapa e dos dados disponíveis, é necessári o definir
o software a ser utili zado (CAD ou SIG). Cada tipo terá abordagens bastante
di ferentes para a compi lação. Os limites técnicos de produção são impostos
pelo software implicado na definição do modelo cartográfico digital desejado.
Isto é, a defini ção das linhas, elas cores, dos textos e das sombras. O domín io
do software associado ao grau ele conhecimento do ca rtógrafo também são
fatores que constroem os li m ites técn icos de uma compi lação ele mapa temático.
O cartógrafo prec isará uti l izar mais de um software para conseguir um
mapa perm anente (impresso) de qualidade, e assim, aos poucos, elimi nar ou
soluciona r problemas que um ou outro não permite. Isto pode inc lu ir os CAD,
os SIGs e os de design gráfico. Na rea li dade, os produtos ca rtográficos são
uma mistura de técnicas gráficas e textuais. A eficiência dos mapas está atrelada
a uma aparênc ia visu al agradáve l e ao cumprimento de sua função em
comun ica r o conhecimento sobre algo às pessoas. Esses fatos levam muitos
cartógrafos, exceto no Brasi l, a defin irem-se como especialistas em comu-
248~~~~~~~~~~~-C_AA_T~_JW~~--R_n~_™_N_~~Af_),C_·~_1u_NIC_~~Ão_c_~ill_M_~-~~-º-~-º-AOOS~~-A~Cl~S

nicação visual, um profissional que está atento aos princípios da organização


visual de imagens. Parte integrante dessa organização visual de imagens são
os textos sobre mapas, os quais serão discutidos mais adiante neste capítulo.

10.2.4 PLANEJAMENTO DE DESENHO


O próximo passo na concepção de mapas temáticos é ter em mente que
o produto gerado será disponibilizado para uso público; portanto, deve ser
legível e de fácil entendimento. Um mapa bem feito é aquele que consegue
fornecer ao usuário a informação para o qual foi concebido, sem deixar dúvidas.
É fundamental pensar que um mapa é um meio de comunicação e
visualização de dados; que uma representação cartográfica sempre vai
envolver um lugar (espaço) e as coisas ou objetos desse lugar, e se for o caso,
as 1igações existentes entre atividades e eventos no espaço geográfico. Por
isso, uma apresentação efetiva dos dados cartográficos demanda um
planejamento de qualidade, ou seja, uma elaboração.
É preciso pensar cuidadosamente na aparência final do mapa como
instrumento de comunicação ou de análise. Se um mapa é feito para a leitura
de usuários, então, se justifica a atenção na escolha de cada ingrediente do
desenho gráfico, a harmonia das cores, textos e símbolos, pois eles vão
influenciar na leitura. Esta escolha é subjetiva e depende do conhecimento,
experiência e características próprias de cada cartógrafo.

10.2.4.1 ESBOÇO GRÁFICO


Fazer um esboço gráfico do que será representado auxilia o cartógrafo
a decidir ou caracterizar as feições essenciais da comunicação cartográfica.
Esse esboço tem que ser feito também na forma gráfica, em que serão testadas
algumas idéias e a melhor forma de visualizá-las, considerando aquilo que
se deseja representar.
Nos mapas temáticos, geralmente, estão envolvidas poucas categorias
de dados se comparadas aos mapas de referência geral. Contudo, não menos
importante será experimentar esboços para a comunicação de· dados. É
surpreendente ver que se pode experimentar muito mais do que se imagina,
até atingir aquilo que se propõe.
Na Figura 10.2 podem ser vistos quatro painéis que ilustram como
preparar um esboço gráfico para um mapa temático. Suponha que o mapa
temático deva mostrar duas distribuições hipotéticas no Brasil. 3 A organização
básica dos elementos de comunicação poderá ser da seguinte maneira:
1
Exemplo construído a partir das idéias mostradas em Robinson (1995, p.333).
a) o luga r - A mérica do Sul;
b) as feições - duas di stribui ções;
c) a posição das fe ições cm re lação ao Brasil e
d) a posição relativa elas duas distribuições.

É possível variar a ordem destes quatro elementos conforme se desej ar.


N a Fi gura 10.2, na let ra (a), a o rdem foi a-b-c-cl; c m (b), b-c-d-a; cm (c), c-a-
d-b e c m (d), cl-b-c-a. A inda há a possibilidade ele outras combinações até se
conseguir um m áx imo ele clareza, legibil idade e relativo contraste dos itens
cleta l hados num segundo estágio ele experi mentação ele esboços cartográficos.

(a) (b)

'·,·,
o

.,,"'''"
~-· ?--''
' ' o
\ ..,,,<1-

o"

(e) (d)

Figura 10.2 - Exemplos de variações possíveis para uma visualização de dados


cartográficos; elaborado com base cm Robinson (1995)
10.2.4.2 BALANÇO VISUAL

Balanço, no desenho gráfico, é definido por Robinson et ai. (1995)


como o posicionamento dos componentes visuai s de forma que suas relações
pareçam lógicas. Layout é o processo de chega r (conseguir) a um bal anço
próprio. O balanço visual depende dos segui ntes fatores:
a) da posição relati va e importância visual e con textual das partes
básicas de um mapa;
b) do formato: tamanho e forma da área mapeada;
c) do tamanho da legenda e do títul o e
d) do centro óti co do mapa (ponto situado 5% acima do centro da
forma construída ou das bordas do mapa), Figura 10.3.

TÍTULO TÍTULO

L
E
G
E
N
D
A .____L_E_G_EN
_ o_A_ _.I EJ f
TÍTULO

Figura 10.3 - Esquemas preliminares ele um mapa para testar o balanço visual
____________________________________~251
_c~_·r_uL_o_10_-_A_co_~_EPÇA~·o_o_r~_w_~

10.3 COMPONENTES VISUAIS DE UM MAPA TEMÁTICO

Raramente o simbolismo de um mapa pode permanecer sozinho e ser


auto-explicativo. Portanto, componentes como título, legenda, escala, indicador
de direção e suplementos (inserções) fazem parte da composição de qualquer
mapa. Eles têm o propósito de identificar o lugar, quem fez o mapa, decodificar
os símbolos cartográficos e orientar o leitor no espaço geográfico. Esses
componentes são também denominados de itens de explanação.
Nas cartas topográficas ou cadastrais, os componentes padrões aparecem
sempre como notações marginais. A legenda é comum a todas as folhas que
compõe a cartografia do lugar; ela é idealizada, assim como os outros
componentes, em separado do quadro que conterá os dados cartografados.
Esses componentes serão padronizados e colocados em cada folha como se
fosse uma "forma" emoldurando o desenho cartográfico. Este, por sua vez,
terá formato padrão, definido pelas coordenadas geográficas ou por outro
tamanho preestabelecido. Nos mapas de escalas pequenas, especialmente os
temáticos, todos os itens explanatórios tais como, título, legenda, suplementos,
escala e orientação são, geralmente, colocados dentro do quadro do mapa. A
realização destes itens, com eficiência, precede diversas recomendações que
precisam ser observadas, começando pelo balanço visual.
Nos casos de coleção de mapas temáticos, como no caso de mapas
que compõem um plano diretor municipal, no mapeamento geoecológico,
por exemplo, sugere-se que os componentes estejam fora do quadro do mapa.
Para tanto, é necessário, a exemplo dos mapas de referência, definir uma
máscara padrão, na qual somente variará a legenda, que será de acordo
com cada tema, enquanto os outros componentes permanecerão iguais.

10.3.1 TíTULO

O título de um mapa é tão importante quanto o de um livro, pois diz do que


se trata. Nos mapas, os títulos, geralmente, são utilizados para indicar: o que,
onde e quando. Na escolha do título deve-se usar o bom senso para não estendê-
lo mais que o necessário. Muitas vezes a parte explicativa ficará na legenda. Por
exemplo, suponha que um mapa deva mostrar a densidade da população (hab/
km 2) no Brasil, de acordo com o censo de 2000. O título deste mapa poderá
variar conforme a situação a qual ele será exposto, ou o propósito do mapa:
a) Em livro texto tratando de população e sua distribuição mundial,
então somente a palavra BRASIL, poderia ser apropriada, pois o
tema e a data já são conhecidos.
252~~~~~~~~~~~-CAA_T_~;_m_~_-R_rffi_™_N_~~Àº~·c_·m_w~_CAÇÃ-'-O-E~_~_M_l~~~-º-~-DADOS~~-~-cw_s

b) Se for disponibilizado em bibliotecas ou mapotecas é conveniente


colocar o título mais completo, por exemplo: BRASIL -
POPULAÇÃO EM 2000, ou, POPULAÇÃO BRASILEIRA EM 2000,
e na legenda aparecer habitantes por quilômetro quadrado.
e) Se o mapa fizer parte de uma publicação sobre mudanças na
população do Brasil, poderá ser apropriado um título que diga
diretamente como foi medida a população: POPULAÇÃO POR
QUILÔMETRO QUADRADO EM 2000.
Quanto à localização do título, preferencialmente deve ser localizado
da metade do mapa para a parte superior. Títulos na parte inferior são aceitos
apenas para mapas de parede.

10.3.2 LEGENDA
A Legenda é indispensável para a maior parte dos mapas. Ela contém
a chave que propiciará ao usuário do mapa decodificar os símbolos utilizados
na representação cartográfica. Logo, ela deve contar ao usuário o que ele
encontrará ou o que significa algo que ele leu no mapa. Em tese, tudo que
está em um mapa e que não seja auto-explicativo precisa ser explicado na
legenda. Os símbolos do mapa têm que aparecer iguais na legenda, com o
mesmo tamanho, forma ou cor.
O arranjo das partes de uma Legenda, símbolos e textos deve ser
posicionado de forma a conseguir um balanço visual. Geralmente, os
símbolos são agrupados seguindo a gramática cartográfica: pontos, linhas e
áreas. A ordem deles pode ser invertida, dependendo da sua importância.
Por exemplo, em um mapa de uso de terra, as classes de uso, mostradas em
áreas retangulares na legenda, devem vir no topo da mesma, seguidas dos
elementos lineares (estradas, rios, se forem necessários) e dos pontuais
(localidades). Os elementos lineares ou pontuais4 nunca devem ser colocados
presos em retângulos e é muito comum encontrar isto em mapas de revistas,
jornais ou em trabalhos acadêmicos.
Algumas recomendações importantes ao se elaborar uma legenda:
a) Quanto menor a escala, mais simples deverão ser os símbolos pontuais.
b) Pode ser interessante desenhar símbolos de formas complexas; no
entanto, a complexidade da forma pode confundir ou mascarar a
mensagem do símbolo.
4
A única exceção para que pontos possam aparecer presos em caixas é para o caso de
mapas de pontos. Vide item 8.5.1 do Capítulo 8.
_Cm_ru_w_l_O_-A_c_o~_E~PÇA_·o_m_MAP_~--------------------------------------253

· e) Características externas (da borda do símbolo) são visualizadas mais


facilmente que as características internas.
d) Para associar símbolos, devem-se usar formas semelhantes. Para
distinguir diferentes padrões de distribuição é preciso usar cores.

10.3.3 ÜRIENTAÇÃO GEOGRÁFICA (INDICAÇÃO DO NORTE)

A inserção da orientação geográfica varia de um mapa para outro. A


regra geral ou convencional é que um mapa deve ser desenhado de forma
que a indicação do Norte, de preferência, deve estar do meio para baixo da
folha de papel ou da tela de vídeo. A indicação do Norte não é necessária se
a área mapeada for familiar, por exemplo, Brasil. Também não é obrigatório
colocar um indicador de direção, se no mapa aparecer um Sistema de
Referência Terrestre como base de informação (latitudes e longitudes
geográficas), mas, nada há que impeça tal fato. Entretanto, nos outros casos
é importante colocar um indicador de direção Norte, para que seja possível
a orientação do leitor; exemplos são encontrados na Figura 10.3.
Existem vários símbolos disponíveis nos softwares SIG para representar
o Norte geográfico ou magnético. A escolha mais acertada é um símbolo
simples. Uma seta, por exemplo, com a letra N na ponta que indica o Norte.
O tamanho e o lugar deste símbolo devem ser balanceados com os outros
componentes do mapa, de tal forma que seja visualizado, mas que não supere
a visão do mapa em primeiro plano nem do título.

1o.3 .4 ESCALA

A Escala é um fator importante não apenas para fazer o mapa, mas


também para o seu uso. Muitos mapas mostram feições ou relações entre
fenômenos que envolvem conceitos de distância. Mapas da rede viária ou
de rotas, ou turísticos são especialmente relacionados à medida da distância.
Nestes casos, a inserção de escala pode ajudar na leitura do mapa.
O tipo de escala a ser inserida varia muito conforme o tipo de mapa.
Algumas vezes uma escala numérica é suficiente, principalmente em mapas
de escala grande. Nos mapas de escala pequena, é mais comum usar escala
gráfica que dá a relação direta das medidas gráficas e reais. A escala gráfica
ajuda a maioria dos usuários que têm dificuldade em entender a escala
numérica. Entretanto, um mapa pode conter ambas.
De qualquer forma, seja a escala representada numericamente (1 :U)
ou graficamente (por uma régua), ela deve aparecer discretamente, pois sua
254~~~~~~~~~~~-c-~_r~_·m_~_-_Ril'R~&_Nl~AÇÃ_o_,c_~_ruN_K:.AÇÃ~O-E_VISU_~_~~~-·o_~_DADOS~-~-~~IAIS

função, apesar de importante, é auxiliar o usuário na leitura de medidas


sobre o mapa ou fornecer uma noção de distâncias.
Geralmente, o local mais indicado para a escala (Figura 10.3) é na
metade inferior do mapa temático, podendo estar nos lados ou em baixo da
folha. Nos mapas em mídia eletrônica é conveniente usar escala gráfica.

10.3.5 INSERÇÕES

As inserções cartográficas são quadros pequenos contendo outros mapas


ou detalhes de uma área, adicionados ao mapa temático, para dar uma visão
mais abrangente ou detalhar uma área geográfica específica. Este artifício carto-
gráfico auxilia no entendimento do usuário sobre a área geográfica mapeada
ou, então, a observar como se insere essa área numa determinada região
geográfica. Algumas vezes essa inserção pode conter algum gráfico ou tabela.
O mapa inserido deve ajudar, e não confundir o usuário; portanto uma
distinção gráfica é necessária entre ele e o mapa temático principal. As inserções
cartográficas podem conter escala e orientações, ou não; isto vai depender
dos objetivos a que se destinam. Algumas vezes, as inserções são imagens
aéreas ou terrestres, ou mesmo, orbitais. Nesse caso, é preciso se estar atento
para a resolução necessária e suficiente para a imagem ser visualizada.
No caso de mapas disponibilizados em mídia eletrônica, as inserções
cartográficas são, geralmente, feitas em separado desse mapa; elas são
chamadas por um botão colocado no mapa, que aciona a inserção solicitada
a ocupar a tela do computador.

10.4 MAPA DE FUNDO OU MAPA BÁSICO

O principal objetivo de um mapa temático é fornecer em um "fundo


geográfico" a informação temática que está contida em alguma base de dados.
Para compilar esse tipo de mapa é preciso antes de tudo, na maioria das
vezes, um mapa de fundo ou mapa básico".
Conforme o tipo e o propósito do mapa, será determinada a escala final,
mas, geralmente, ela será muito menor do que aquela dos mapas de referência
(topográficos e cadastrais ou geográficos de parede). Entretanto, serão estes
mapas, os de referência, 5 que normalmente fornecerão dados geográficos de
5
Os mapas de referência são utilizados como base cartográfica para gerar o mapa de
fundo.
loca lização para construir o mapa de fundo. Então, para gerar mapas de fundo
ex istem doi s fatores a serem considerados: a) o que deve consta r no mapa e;
b) converter a esca la do mapa referência para a escala d esejada.

10.4.1 ELEMENTOS DO MAPA BÁSICO

As princ ipais feições que estarão p resentes em um mapa básico são os


limites político-administrativos, seguidos d as redes viária e hidrográfica. Geral-
mente, mapas estatísticos comportarão somente limites político-administrativos.
Porém, os mapas temáticos como o de uso e cobertura d a terra, os ro dov iários
e alguns específicos de alguma área do conhecimento como os mapas florestais
comportarão também a rede hidrográfica principal e a rede v iári a.

10.4.2 ADEQUAÇÃO DAS FEIÇÕES À ESCALA DO MAPA TEMÁTICO

Se a esca la cios mapas temáticos, na maioria elas vezes, é menor que


aquela do mapa d e referênc ia (base ca rtográfica), será prec iso fazer a
generalização elas feições de interesse. Este processo torna-se m ais necessá ri o
se maior for a magnitude da redução. M uitas vezes, a general ização deixa
ele ser efetu ad a, princ ipa lmente, porque em meio digital não se tem percepção
c lara do qu ê e o quanto prec isa m ser generali zad as as feições. Como
resu ltado, obse rva-se um mapa el e fund o co m ruídos o u excesso ele
informa ções, o que vai prejudica r a leitura cios dados temáticos (F igura 10.4).

Figura 10.4 - (a) Mapa de referência reduzido e (b) Mapa básico após a
generalização cartográfica
256~~~~~~~~~~~-C_AA_'TC_x;R_Ar_~-_R_fPR_~_NT~~~~º~·c_o~_1u_NK~~-ÃO_E_v1s_uA_L~~~-·o_~_D_ADOS~~-~~~'s

1Ü. 5 TEXTOS NOS MAPAS

Os produtos cartográficos são uma mistura de técnicas gráficas e textos.


Os textos sobre mapas são parte integrante da organização de imagens e,
portanto, serão tratados especificamente neste item.
Assim, é possível a divisão dos textos dos mapas em duas categorias:
aqueles dos itens de explanação (título, legenda e etc.) e aqueles que ficam
"dentro" do mapa. Nessa discussão é feita uma abordagem técnica sobre os
textos dentro dos mapas e daqueles marginais, pois falta à maioria dos "constru-
tores de mapas" uma noção do assunto. Ao mesmo tempo se discutirá a questão
do uso do texto como uma auxiliar na simbolização das feições (símbolos literais).

10.5 .1 PROCEDIMENTOS TÉCNICOS PARA TEXTOS SOBRE O MAPA

10.5.1.1 LETRAS DENTRO DE MAPAS


Uma função importante dos textos sobre os mapas é localizar feições,
principalmente, nos mapas de referência geral. Nos mapas temáticos, os textos
nem sempre terão esta função. Eles servem para melhorar a comunicação,
mas na sua maioria, sem chamar a atenção sobre si mesmos. Entretanto, as
letras, quando arranjadas adequadamente, podem transmitir a idéia de:
- localização: localizar pontos, tais como cidades; e localizar áreas -
o espaçamento entre letras e palavras pode mostrar o
desenvolvimento de áreas no espaço geográfico (serras, montanhas);
- simbolização nominal-variando os tipos e/ou cores se faz distinção
das feições e a
- simbolização hierárquica - a variação no tamanho, no brilho e na
tonalidade pode ser usada para categorizar os fenômenos geográficos.
Nos mapas de referência geral, apesar do trabalho do desenho ser
auxiliado por computador, a diagramação de textos nos mapas ainda é mais
complicada que na maioria dos mapas temáticos. Independentemente desta
constatação, existem regras gerais apontadas por Robinson et ai. (1995) que
devem ser observadas na representação cartográfica de qualquer tipo de mapa:
a) os nomes podem estar inteiramente sob a superfície terrestre ou da
água para mapas em escala pequena;
b) as orientações das letras devem ser alinhadas com a estrutura de
orientação do mapa. Nos mapas de escala grande, devem estar
paralelas às bordas superior e inferior do mapa; nos de escala pequena,
as letras devem estar dispostas na mesma direção dos paralelos;
_c~_·r_uL_o_lO_-_A_cONC
__ rPÇA~·º-~-~_w_~------------------------------------~257

c) não é possível usar curvas para dispor letras, a menos que isto seja
necessário;
d) jamais devem ser usadas linhas retas para a distribuição de textos
que não são orientados como na regra "b"; sempre usar linha
suavemente curva.
e) o espaçamento entre os nomes deve ser maior que entre as letras
que compõem um nome;
f) no caso de conflitos entre os dados do mapa, como linhas ou limites
e o texto que forma um nome, o dado é o que deve ser interrompido
e nunca o nome; e
g) os textos nunca podem estar dispostos de cima para baixo.
Dentro do mapa, se o texto tem uma função importante (símbolo
nominal), ele deve ser tratado com o mesmo cuidado que os outros elementos,
dando-se atenção para o seu peso visual. Caso contrário, ele deve ser discreto
o suficiente para aparecer como um "fundo" com função de localizar símbolos
- rios, cidades, etc.
A regra geral para texto sobre mapas é utilizar poucos estilos para se
obter uma melhor harmonia, e os tipos simples são os mais indicados. A
legibilidade das letras dependerá do contraste visual entre a letra e o fundo.
Se o fundo é escuro, as letras brancas são as mais legíveis; e letras pretas são
mais legíveis em fundos claros.
A legibilidade também está associada com o "espalhamento" das letras.
Quanto às áreas com extensão regional, diz-se que as letras devem ter um
tamanho e espessura combinados para que se possa distingui-los com
facilidade. As palavras devem ser espaçadas de maneira a cobrir toda a área
que estão nomeando. A orientação ou posição do texto deve acompanhar a
orientação espacial do acidente geográfico.
Por exemplo, Serra Santo Antônio: letras 8~~
maiúsculas, em negrito, espaçadas ao longo ~~
da localização da serra (Figura 10.5).
Mirante. lf+>-0
As feições pontuais como cidades, Faz. Goitacá
portos, aeroportos e outras atividades .Penha -~
localizadas pontualmente devem ter texto
Marfim •LAJES ~
de identificação paralelo à margem inferior, • ~o
perto do ponto, acima e à direita deste,
sempre que possível.
As feições zonais como corpos d' água SERRA DO A l V E 8
- lagos e oceanos- precisam ter seus nomes Figura 1o.s -Alterpativas para localiza-
i ntei ramente dentro d'água. No caso dos çõesregionaisdeacidentesgeográficos
258~~~~~~~~~~~-C_AA_fü(_;AA_r_~-_R_c~_csc_NI~~-ÁO~,c-·~-IUN_la~~-·o_E_VIS_UA_Ll~~~-º-~-º-AOOS~(~-~~IAIS

oceanos, é recomendado utilizar letras maiúsculas em negrito e em itálico.


Sempre que possível, o arranjo das letras sobre uma área deve ser feito de
forma a abranger todo o limite, mas precisa permanecer legível como uma
palavra. Por exemplo: em um mapa político do Brasil, os nomes dos estados,
·exceto alguns do Nordeste, cabem dentro de cada área política. As capitais,
em tipos menores, ficarão em segundo plano visual.
Para nomear elementos lineares curvos, tais como os rios, é
convencional usar letras inclinadas (itálico). A distribuição do texto deve ser
feita ao longo do rio, em que o nome pode aparecer mais de uma vez, se
necessário (Figura 10.7). Nos mapas coloridos, deve-se sempre usar o azul.
Geralmente, os rios principais são nomeados com letras maiores do que as
dos secundários. Adotar regra única para localizar o texto sobre as linhas
que representam os rios é uma recomendação úti I, como por exemplo: texto
acima da linha do rio, ou dentro das margens quando possível.
Para a rede viária, o texto deve ser resumido sempre que possível em um
símbolo, inserido como ponto ao longo da linha, nos mapas em escala média
ou pequena. Existem convenções próprias ou usuais para identificar rodovias
federais e estaduais e as outras rodovias de menor importância, normalmente
não são identificadas por nome. Observe as leis de Gestaltno próximo subitem.

10.5.1.2 TEXTOS MARGINAIS DE UM MAPA


Os tipos de estilos de letras disponíveis para uso em mapas são inúmeros
e podem sofrer centenas de variações e modificações dos originais pela adição
de "negrito", "sombras" e expansão ou condensação das letras. Os estilos
"clássico, moderno e sans serif" são de fácil leitura. A espessura da linha
aliada ao tamanho da letra são fatores importantes a serem .definidos.
1

Os textos dos componentes padrões- título, escala,. legenda, e informações


da fonte de dados - devem seguir essas recomendações, usando-se sempre a
cor preta, independente da cor do símbolo que descreve. Quanto ao estilo e ao
tamanho da letra mais apropriado para o título, devem ser usados tamanhos que
sejam visualmente destacados dos outros componentes do mapa. Dê preferência
a estilos não rebuscados, podendo usar negrito ou não, dependendo dos objetivos.
O título deve estar em destaque. Logo, as letras dele terão o maior tamanho de
todas possíveis no mapa. No entanto, deve-se ter o cuidado para que as letras
do título tenham um peso visual adequado e não escondam o mapa.
Na Legenda, os textos não devem ser abreviados, mas devem ser
evitadas longas explanações. Exceto para mapas geológico, geomorfológicos
e de solos, que têm legendas imensas por causa da variedade na composição
das classes, os outros mapas temáticos terão suas feições ou classes descritas,
__ ____________________________________~259
_c~_ru_i_o_10_-_A_cONC cPÇA~o-~_~_w_M

em uma, ou no máximo, em duas linhas. O nome de cada elemento


simbolizado deve estar ao lado do símbolo, definido como maiúsculo/
minúsculo. Caso se ache conveniente, a palavra "LEGENDA" pode aparecer
toda em maiúsculo e negrito. Se houver um subtítulo na legenda, ele poderá
substituir a palavra "legenda", e deverá ser grafado em letras maiúsculas.
As outras informações marginais, tais como fonte dos dados, executor,
datas, etc., devem usar letras de tipo simples, e de preferência estar em cor
preta para fundos brancos. O tamanho do texto relativo à fonte de dados
deve ser pequeno o suficiente para ser legível.

10.5.2 AABORDAGEM GESTALT PARA TEXTOS

Algumas escolas de Cartografia têm utilizado a teoria Gesta/t para


ensinar aos estudantes a construção de mapas. A teoria Gesta/t, conforme
explicado por Belbin (1996) tem como princípio a organização das imagens,
centrada em que "o total é diferente da soma das partes". 6 Assim, as partes
de um objeto interagem umas com as outras formando um total que é muito
diferente da soma das várias partes. Nesta idéia, estão embutidas as chamadas
"propriedades emergentes" produzidas pela interação de vários componentes.
Partindo do princípio Gestalt, os mapas são vistos primeiramente como
um todo; por isso o efeito visual sobre o todo é superior e mais importante
que os detalhes. Contudo, somos capazes de observar uma grande quantidade
de pequenos detalhes ou informações.
Em um mapa exibido em um vídeo, comparam-se, inicialmente, matizes,
saturação, brilho, tamanho e contraste. Num segundo estágio, foca-se a atenção,
seletivamente, sobre as partes do mapa para observar os detalhes. Segundo
Belbin (1996), o controle do contraste é a melhor forma que se dispõe para
manipular imagens gráficas e criar níveis visuais. Para textos, isto é fundamental,
mais ainda do que para símbolos.
Na seqüência, apresentam-se algumas leis Gestalt aplicadas a textos
sobre mapas, conforme discutido por Belbin (1996).

a) Boa Continuidade
Todos os alinhamentos precisam ser simples e consistentemente espa-
çados. Partes simples de um nome precisam ser vistas também como simples

(, A teoria Gesta/t apareceu em um artigo pela primeira vez em 1912. Wertheimer formulou
a idéia de que a natureza de um todo complexo não pode ser predita pelo simples estudo
das suas partes.
260~~~~~~~~~~~-C_AA_T~_;AA_r_~-_R_rm_E~_NT~AÇ~~~,c_u.._1u_N1a~~~·o_E_vtSU_M_~~~-·o_m_OADOS~-~-~~IAJS

ou contínuas sem esforço visual.


I
O espaçamento interno precisa ser F'/do Calvário
sempre menor do que aquele I
I
entre palavras (Figura 10.5). I
I
I
O Texto que cobre parte de Faz. d~ Estrada
I
um detalhe precisa ser localizado I
I
de forma que a parte oculta seja I
referendada pelo texto com Figura 10.6 - Exemplos de fechamento de textos
acurácia e facilidade (Figura 10.6). sobre mapas

b) Fato comum
Nomes que pertencem a
um símbolo e fluem de maneira
semelhante deverão ser vistos
com parte daquele símbolo.
Exemplos: rios, rodovias, limites
(Figura 10.7).
Figura 10.7 - Exemplos de alinhamento semelhante
e) Similaridade em textos sobre mapas

O texto pode ser usado para classificar feições. Estilo, cor e tamanhos
semelhantes são usados para inferir classificação semelhante. Mudanças no
estilo e na aparência podem ser lidas pelo usuário como uma mudança,
mesmo que o cartógrafo não tenha tido essa intenção (Figura 10.8).

Espaçamento Maiúsc/Min Tamanho Negrito Expansão Variar Cinza

NATAL RECIFE CURITIBA BELÉM PALMAS ILHÉUS

MACAU Olinda LAPA TUCURUI PALMAS IPIAO

Figura 10.8 - Exemplos de similaridade em textos sobre mapas

d) Proximidade
A proximidade é uma poderosa ferramenta gráfica para a localização
de textos. Num mapa é essencial que o texto esteja associado à sua localização.
Símbolos pontuais exigem textos muito próximos e suficientemente separados
dos textos que não lhe dizem respeito (10.5).
_c~_ir_ut_o_lO_-_A_co_~_cPÇA~o_o_H_~-~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~261

10.6 APRESENTAÇÃO E DISPOSIÇÃO DE MAPAS

10.6.1 FORMAÇÃO DA COR NA TELA DE MONITOR COLORIDO

Os mapas atuais são gerados com auxílio do computador e podem ser


visualizados diretamente na tela de monitores. A tecnologia empregada que
gera imagens em telas de monitores é variada/ mas, a mais comum é aquela
usada para telas de televisão, conhecida como TRC- tubos de raios catódicos.
Nesse princípio, as imagens são criadas linha a linha quando a tela é
bombardeada por elétrons. A imagem colorida é resultado da triplicação de
elétrons que formam as cores primárias aditivas, vermelho, verde e azul. 8 As
outras cores são formadas pela estimulação dos pontos em cada linha, com
diferentes intensidades de elétrons. Um monitor de oito bits é capaz de mostrar
256 níveis de intensidade para cada uma das cores. E, toda vez que se fala
em cores primárias aditivas, considera-se a formação das cores pela luz, na
qual a sua decomposição em vários comprimentos de onda forma as cores
do arco-íris (do espectro magnético visível).
A formação das cores utilizando luz pode ser verificada quando se
projeta em uma parede as cores azul, vermelho e verde. O resultado
observado será o seguinte (Figura 10.9):

Verde

a) Cores Primárias Aditivas


b) Cores Primárias Subtrativas
Figura 10.9-Como as cores se formam: (a) superposição das três cores resultando em uma visão
da cor branca, (b) superposição de duas de cada vez resultará em amarelo, magenta e dano

7
Outras tecnologias utilizadas são: LED - diodos de emissão de luz; LCD - cristal líquido, etc.
11
O Sistema RGB é formado a partir das cores primárias Red, Green and Blue.
262~~~~~~~~~~~-C_AA_Tlx_;~_r_1A-_R_rr~_~_NT~A(_Ão~,c-~_1u_N~~~-·o_c_~~-M_~_~_o_~_o_AOOS~~-~~ws

10.6.2 A COR NA IMPRESSÃO GRÁFICA OU PLOTTER A JATO DE TINTA


As cores das tintas para impressão em papel têm comportamento
contrário ao observado pelos olhos humanos, na tela de um monitor. As
cores produzidas nas impressoras são subtrativas (Fig. 10.9), resultando em
pigmentos de tinta sobre o papel. Geralmente, as impressoras usam pigmentos
coloridos opacos ou transparentes de magenta, amarelo e dano, que juntos
podem criar algumas cores ou recriar tons contínuos na imagem. Um desenho
impresso na cor dano, por exemplo, absorverá o vermelho e somente refletirá
o azul e o verde juntos, dando a impressão do ciano.
As variações na cor geradas por plotterou impressões gráficas são resul-
tantes da variação de quantidade de tinta ou do tamanho de pontos impressos
em ciano, magenta, amarelo e preto. Os pontos podem ser superpostos ou
impressos um ao lado do outro, resultando numa mistura na qual os olhos
percebem apenas uma cor mediana, preenchendo uma determinada área.
Como os processos de formação de cores nas telas dos monitores e
nas impressoras e plotters são diferentes, é fáci 1perceber que a aparência de
um mapa na tela necessariamente não será a mesma de um mapa qua·ndo
impresso.
As pessoas que produzem e reproduzem mapas devem conhecer o
princípio utilizado na formação de cores em ambos os dispositivos de
apresentação de mapas. Isto evitará maiores problemas de saída dos mapas,
e esta deve ser pensada no início do processo de mapeamento .


1Ü.6.3 PRODUÇÃO DE POUCAS CÓPIAS

Muitas vezes os mapas temáticos ou mesmo os de referência geral em


escala grande (cadastrais) são previstos para serem dispostos tanto em telas
eletrônicas como impressos. A impressão destes mapas é prevista para poucas
cópias conforme a necessidade do usuário, pois a finalidade de imprimir é
disponibilizar um mapa permanente9 e uma visão conjunta da folha. Percebe-
se que apesar dos avanços da tecnologia na projeção de imagens para
visualização de mapas em monitores, as pessoas, na sua maioria, continuam
preferindo mapas em papel. Isto se dá devido à facilidade de manuseio e
transporte, além é claro, de não depender de qualquer outro dispositivo para
visualizá-lo.
9
Robinson et ai. (1995) denominam "softcopy map" os mapas visualizados em telas, os
. quais desaparecem quando elas são desligadas; enquanto os uHardcopy maps" são gerados
por impressoras e plotters tendo o papel como base.
~c~_rr_ut_o_lO_-_A_co_~_cPÇA~·o_ffi_~-~-~------------------------------------~263

Assim, se poucas cópias em papel serão efetuadas, a impressão pode


ser feita por impressoras ou plotters, os quais devem estar disponíveis para o
usuário gerar as cópias desejadas.
No mercado, existe uma variedade de dispositivos desse tipo e sua
capacidade para reproduzir mapas é determinada pelo tamanho do papel,
resolução espacial, velocidade e tipo de impressão. A escolha do dispositivo
de saída, na maioria das vezes, é feita considerando custo e funcional idade.
É oportuno evidenciar que a aparência de um mapa na tela de um
monitor dificilmente será a mesma do mapa quando impresso, por causa
dos diferentes processos de composição das cores nas duas mídias, além, é
claro, de a resolução da tela ser grosseira, o que exigirá simbologia adequada
para esse tipo de mapa.
Para replicar as cores de um mapa visualizado no monitor, em uma
folha impressa, será necessário calibrar as cores dos dispositivos utilizados
no processo de produção. Muitas vezes será necessária a obtenção de dois
mapas: um para visualização na tela com cores e simbologia maior, e outro
para imprimir com cores e simbologias adaptadas. Este último, ao ser
visualizado na tela, pode não apresentar cores adequadas (devido à
calibragem dos dispositivos), mas depois de impresso poderá ter uma
aparência de cores semelhante àquele que foi gerado para ser visualizado
somente no monitor.

10.6.4 PRODUÇÃO DE MUITAS CÓPIAS

Os mapas temáticos cuja finalidade seja ilustrar livros didáticos, revistas,


jornais ou mesmo os atlas precisam ser reproduzidos em muitas cópias. Assim,
devem ser especialmente preparados para impressão.
Existem alguns processos diferentes para a impressão de muitas cópias.
Um deles é a impressão fotomecânica, quase em desuso porque foi substituída
pela produção digital. Em qualquer dos casos, o cartógrafo deve ter um bom
conhecimento das possibilidades e limitações do processo de impressão.
Isso ajudará na visualização de como preparar o mapa para tal tarefa. No
entanto, os cartógrafos, em geral, não têm experiência na reprodução de
mapas por via impressa. Portanto, não devem ficar constrangidos em perguntar
e tomar informações de especialistas em processos gráficos de impressão.
O que o cartógrafo deve ter claro é que os mapas construídos em um
meio para serem reproduzidos em outro meio apresentam problemas de
fidelidade. Segundo Robinson et ai. (1995), estes problemas referem-se à:
264~~~~~~~~~~~~C
_AA
_'T~
_·_
iw_
~_-_Rc_
1~~
-N_TA~
~-
·o,~c-
~_1UN_
~~ç_
ÃO_r_
m_uA_l~
_Ç~
ÂO_~
~ ºADOS
-'-C-
~~~
ws

a) Resolu ção espacia l - nos monitores é muito ménor do que a


resolu ção de impressão, ca usando perda de deta lhes. Para que isto
seja compensa do, devem ser usados símbo los grosseiros, para o
mapa ser visuali zado em monitor.
b) Fidelidade elas cores- dificilmente se conseguirá reproduzir no papel
as cores dos mapas visualizados nos monitores (conforme exp licado
no item anterior) . Apesa r de existirem vá rios esquem as de mistura
de cores disponíve is hoje em dia pa ra os eq uipamentos de
impressão, ainda não há solução satisfatóri a pa ra tal problema. Logo,
indi ca-se a feitura de "provas" experimentando como as cores se
comportam na impressão.
Experiências na reprodução ele mapas têm mostrado que as cores se
alteram inclusive qu ando se muda o tipo ele papel ou até mesmo o tipo de
11
plotte1~' ou m áquina ele impressão.

J
REPRESENTAÇÕES GRÁFICAS

Tabelas e gráficos são formas utilizadas na estatística descritiva para resumir


e apresentar os dados coletados, permitindo assim a interpretação e análise dos
mesmos (Fonseca; Martins, 1982, Barbetta, 2002). Algumas vezes, os gráficos
são designados de diagramas na literatura não especializada em Estatística.
Na Cartografia tem-se observado o emprego de gráficos junto aos mapas
ou intercalados a estes - como acontece nos atlas - para completar
informações sobre determinado tema. Por sua importância na representação
gráfica, será dedicado um capítulo deste livro à apresentação de gráficos.
Serão tratados apenas os gráficos mais comuns, dando sugestões de como
apresentá-los para que efetivamente cumpram sua função, isto é, comunicar
relações que não podem ser tão bem feitas somente com palavras ou com a
matemática. 1 Nesse conceito, a exemplo do item introdutório do Capítulo
1, os gráficos serão considerados uma forma de comunicação.
Na comunicação humana sempre existe: (a) o comunicador, ou seja,
aquele que fala, cria e gera o produto; (b) o conteúdo da comunicação,
como texto, mapas, imagens, gráficos, etc.; (e) o intérprete, que é o leitor ou
receptor. Diante destas informações, Dent (1996) e Barbosa e Rabaça (2001)
consideram ainda um quarto elemento no processo de comunicação: a
situação existente, isto é, uma necessidade percebida de comunicar. No caso
de gráficos ou mapas, sempre haverá um propósito em utilizá-los. Busca-se,
principalmente, que o leitor compreenda-os, aprenda e consiga construir
uma idéia igual ou parecida com aquela do seu criador, a respeito do que se
está comunicando. Contudo, o sucesso da comunicação somente acontece
se o leitor encontrar a(s) resposta(s) desejada(s).

Esta visão da utilidade dos gráficos vem do grafismo (graphicacy), um termo usado por Bachin
e Colemam referindo-se à habilidade necessária para a comunicação efetiva de relações que
não podem ser bem comunicadas pelas palavras ou pela matemática (Dent, 1996).
266~~~~~~~~~~~-C_AA_T~_·w~~-_R_c~_cs_ENT~~~~º~·C_"OM_U_NlCAÇA~·-·o_c_~~-Af_~~~-º-m_D_AOOS~~-~~ws

Éneste sentido que este Capítulo foi desenvolvido, já que a maneira como
se constroem gráficos pode ser encontrada em grande parte dos livros estatísticos.
Inclusive, existem softwares de estatística, ou outros, que são habilitados em
construí-los automaticamente. No entanto, negligenciam ou deixam a questão
da apresentação dos gráficos a cargo do fazedor/usuário. As pessoas
desinformadas quanto a essa questão costumam apresentar os gráficos tal qual
o programa produz, fato que, na maioria das vezes, conduz a gráficos ineficientes.
Assim, espera-se que a abordagem da "comunicação através de gráficos" seja
compreendida pelos leitores deste Capítulo e os ajude na apresentação de gráficos
mais eficientes que aqueles gerados automaticamente em algum software.

11.1 TABELAS OU SÉRIES

Antes de iniciar a apresentação e discussão de cada gráfico, convém


dedicar um espaço para falar da apresentação das tabelas com os dados
numéricos ou descritivos a serem visualizados em gráficos. Na literatura,
encontra-se o termo "série estatística" correspondendo à organização de dados
em uma tabela ou quadro. Os dados podem ser organizados segundo o TEMPO,
ou o ESPAÇO ou a CATEGORIA do fenômeno observado. Desta divisão,
resultam quatro séries estatísticas: histórica, geográfica, categórica e mista.
Uma série histórica ou temporal é constituída pelo registro de uma
série de observações em instantes distintos ao longo do tempo (Fonseca;
Martins; Toledo, 1985). Portanto, o tempo da observação varia, mantendo-
se fixos o lugar e a categoria observados. Por exemplo, na variação da
temperatura média em uma cidade, considerando cada mês em um ano:
- São mantidos fixos o lugar (cidade X) e a categoria (temperatura média).
- Varia o tempo (cada mês).
Uma série geográfica é constituída pelo registro de uma série de
observações colhidas em lugares distintos. Portanto, variam os lugares
geográficos das observações e são mantidos fixos o tempo e a categoria
observados. Por exemplo: precipitação média nas três capitais dos estados
da Região Sul do Brasil em 2000:
- São mantidos fixos: o tempo (ano 2000) e a categoria (precipitação).
- Varia: o lugar (Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre).
Uma série é dita como categórica quando mostra o registro de dados
diversos, mantendo fixos o lugar de observação e o tempo (data). Por exemplo:
produção agrícola no Paraná em 2001 .
__CRAF_._ICAS
_c~_·ru_l_o_11_-_RE_~&_N_~~ç0Es ____________________________________~267

- São mantidos fixos: o tempo (ano 2001) e o lugar, Paraná.


- Variam: as categorias (soja, feijão, milho e arroz).
Por fim, uma série é mista quando associa dois tipos de séries. Por exemplo,
série geográfica e histórica. Nesta classificação, seriam enquadrados os dados
nos quais houvesse variação de lugar e tempo, mantendo fixa a categoria.
Exemplifica-se uma série mista deste tipo com a variação da precipitação média
mensal nas capitais dos três estados do Sul do Brasil de 1999:
- É mantida fixa a categoria (precipitação).
- Variam: o lugar (Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre) e o tempo
(meses do ano de 1999).
É importante reconhecer o tipo de série que se pretende visualizar em
gráficos para saber escolher qual o mais apropriado, que permita obter uma
visão geral do comportamento dos dados e conseqüentemente chegar às
conclusões sobre a evolução ou relacionamento dos valores da série. O
quadro a seguir resume o que foi explanado a respeito dos tipos de série.

Quadro 11.1 - Tipos de séries estatísticas


Or~ anização cios Dados
Tipo de Série
Tempo Espaço Categoria
Histórica ou Temporal varia fixo fixa
Geográfica fixo varia fixa
Categórica fixo fixo varia
Mista* varia varia fixa
* Conforme explicado, a série é mista quando associa dois tipos de séries; portanto as variações apresentadas no
quadro mostram apenas um exemplo ele série mista.

11.1.1 APRESENTAÇÃO DE TABELAS


Toda tabela tem uma apresentação típica, composta dos seguintes
elementos, ilustrados na Figura 11.1, (Fonseca; Martins, 1982):
a) cabeçalho ou título;
b) corpo: linha, coluna e célula e
e) rodapé.
No cabeçalho encontra-se o título da tabela que deve ser numerado
em seqüência, se houver mais de uma tabela.
O título deve ser claro e preciso, dizer o quê, onde e quando, conforme
for o caso.
O corpo, constituído por linhas e colunas, será o lugar dos dados, um em
cada célula. O tipo de letra a ser utilizada não deve preencher todo o espaço da
célula, pois isto dificultará a separação visual dos dados. As bordas laterais de
268·~~~~~~~~~~~~-
CAA_T_<~_AA_r~_-_Rr_r~N~N~~
~-· o~,(~-'
~ UN_ICA(A
~
· ~· o_c_
VISU
_A_l.l~
_Ç~
ÃO
_~~ºAOOS
~~ ~~-
ws

qualquer tabela, segundo o IBGE (2003) 2 devem ser abertas. Atua lmente, com a
faci lidade de construção de tabelas em computador, é possível cri ar vari ações
de v isualização, colocando fundos coloridos ou com diferentes tonalidades ele
cinza. Esses artefatos podem ser utilizados para melhorar a v isualização cios
dados. No entanto, cuidado com o uso ele muito "enfeite" . Eles podem prejudicar
a v isualização ou serem desnecessários. Caso os dados sejam ex ibidos apenas
em tabelas (sem auxílio ele gráfi cos), é importante tomar cuidado especial na
visualização. Nesse caso, a colocação de "fundo colorido" pode ser um caminho.
Logo abaixo cio corpo da tabela devem vir as in formações a respe ito
da fonte dos dados. Esse luga r, designado como rodapé, pode também ser
usado para esclarecer algo especificamente relativo aos dados da tabe la.
Nesse caso, deve haver um breve relato do fato, usando uma frase curta.
a) Cabeçalho ou Titulo (o que é, onde, quando)

o
~ ~~~~~ru->~~~- ~,~~~'~
8

1--1-1-1---f--l-~
e) Rodapé: Fonte da d ados a
Observações

Figura 11.1 - Elementos de uma tabela

11.2 EFETIVIDADE DOS GRÁFICOS

Os gráficos, a exemplo dos mapas temáticos, têm propósitos a serem


alcançados: comun ica r, mostrar, ilustrar e perm itir observa r a evo lu ção e/ou
relacionamento dos valores mostrados. A diferença básica entre um gráfico
e um mapa, é que o mapa mostra o lugar de ocorrênc ia e a distribuição
espacia l, enq uanto um gráfico não fornece essa informação. Entretanto, ele
perm ite relac io nar os dados por in sp eção v isual dos elem entos qu e o
compõem. Porta nto, os mesmos prin cípios de representação focados no
Capítulo 5 são aplicados para "desenhar" gráficos.
Q ualquer conjunto de dados numéricos pode ser representado grafi ca-
mente; no entanto, os gráficos não precisa m ser usados quando uma simples
tabela for suficiente. É igual mente importante saber que gráficos nem sempre
A ABNT/2002 recomenda que a apresentação de tabelas seja conforme o IBGE (1993),
Normas de apresentação tabular.
_CAPITU_._L_o_ll_-_RE_~_&_m~~-~s_c_m_ICAS_·_______________________________________ 269

podem ser aplicados sobre os mapas. Por exemplo, é ineficaz colocar gráficos
de barras ou de setores em cima de cada unidade geográfica 3 de um mapa.
Fazer com que um gráfico seja efetivo exige que seu idealizador formule
questões básicas do tipo: o que quero mostrar? que tipo de gráfico seria mais
apropriado para mostrar isto? como fazer uma representáção que facilite a
visualização e leitura do gráfico? Tais questionamentos poderão ser
respondidos pela própria pessoa se ela tiver os conhecimentos básicos que
serão abordados a seguir.

11.3 PLANEJAMENTO PARA A VISUALIZAÇÃO DE GRÁFICOS

É importante saber em que mídia um gráfico será disposto, para planejar


sua apresentação. Pode ser que seu acesso seja apenas em tela de monitores, 4
ou que seja impresso. Pode aparecer sozinho, ilustrando textos, ou mostrado
em conjunto com outros gráficos, quadros e mapas. Todos esses fatores
influenciarão na escolha do formato e na aparência de um gráfico.
Assim como nos mapas, na representação dos gráficos, devem ser
considerados: contraste (da linha mais grossa, mais fina), textura, cor e texto.
De acordo com a forma básica dos gráficos, pode-se idealizar sua
representação usando tais elementos para ressaltar aquilo que se quer chamar
a atenção. Então, para explicar melhor esta etapa, será feita uma divisão dos
gráficos segundo suas apresentações em eixos cartesianos, ou não.

11.4 ELEMENTOS DOS GRÁFICOS CONSTRUÍDOS A PARTIR DE EIXOS


CARTESIANOS

Os três principais gráficos construídos a partir de eixos cartesianos são


os de linhas, de colunas ou de barras e o histograma. De modo geral, se
idealiza sua visualização considerando os elementos que os compõem: (a)
região dos dados, (b) legenda (c) título, (d) fonte de dados e (e) quadro,
ilustrado na Figura 11.2.

Existem literaturas que apresentam gráficos sobre mapas com a designação de cartodiagramas.
Entretanto, está comprovada a ineficácia desse tipo de representação para mais de duas catego-
rias. Além disso, hoje em dia, com a facilidade proporcionada pelos computadores em apre-
sentar e modificar mapas, não se justifica fazer uma representação exaustiva e ineficaz. Existem
outras formas mais eficientes e eficazes de representar dados de forma gráfica e geográfica.
4
Também pode ser em palmtops, tela de TV ou projetores multimídia.
270~~~~~~~~~~~~C_AK_rcx_;AA_n_A-_R_r~_c~_NT~A~~··o~,c-~_ru_NICAÇA~·o_E_~_s~_l~_ç~Ao_~~ºAD<-~_~~~-ws

.--------------------1
1 $ TITULO 1

Identificação~
da Variável 1 ~~~~dos
1 .

1
1 4
-Quadro
1
>--~Grade
1 3
marcas

1
1 2
~~~~.-t­
i 1
1
1

1
o
Fonte:
L----
1 2 3 4 5
- - - - - - - - - - - - -
6 7 Jºs _ __.J

Escala Horizontal Identificação


da Variável

Figura 11.2 - Elementos típicos de um gráfico genérico

a) Região dos dados


A região dos dados ocupa a maior parte da área do gráfico e inclui as
linhas do eixo cartesiano, também denominadas de linhas de escala. Portanto,
existe uma escala vertical representada pelo eixo y e uma escala horizontal
representada pelo eixo x. A escala destes eixos é independente e deve ser
facilmente identificada. Por conseguinte, é preciso um texto de identificação
das variáveis em cada eixo, bem como sua unidade de medida.
Uma grade de fundo para guiar a leitura dos dados pode ou não ser
incluída. Ela também faz parte da região dos dados, influenciando na aparência
e leitura do gráfico. Devido a esse fato, se ela estiver presente, deve ser colocada
visualmente em hierarquia inferior (de fundo) aos símbolos do gráfico. Essa grade
pode ser substituída por linhas horizontais somente em um gráfico de colunas.
Os símbolos usados para mostrar a seqüência dos dados ou a tendência
podem aparecer nas formas de linhas, barras ou colunas, pontos e pontos e
linhas conjuntos. Eles são localizados no gráfico a partir do cruzamento das
marcas dos eixos x e y.
b) Legenda
Alguns gráficos requerem legendas que descrevam alguma parte da
apresentação dos dados que não ficam imediatamente claros para o leitor.
Por exemplo, às vezes, os nomes são muito grandes para o gráfico; então
são substituídos por números ou letras. Nesse caso, será necessária uma
_C~_ru_l_o_ll_-_Rc_~&_N_M~çôEs~cRAf_._1cM~~~~~~~~~~~~~~~~~~~271

legenda para indicar o que representa cada nome. Outras vezes, uma legenda
curta indica vários dados no gráfico. Por exemplo, em azul estão os dados
da cidade K, em vermelho os dados da cidade F.
De qualquer maneira, a legenda, se necessária, deve aparecer de forma
discreta. Não há necessidade de escrever a palavra LEGENDA, se ela for
pequena (exemplo, dois símbolos). O lugar da legenda é, preferencialmente,
à direita do gráfico ou logo abaixo dele, dentro do respectivo quadro.
e) Título
O Título é uma parte necessária de cada gráfico, apresentados sozinhos.
Seu lugar é fora da região do gráfico para que não haja interferência na
mensagem do título. Os gráficos que fizerem parte de algum texto, como
monografias acadêmicas, livros, revistas, geralmente não apresentam título na
parte superior do quadro que os contenham. O título aparecerá na chamada
da figura, isto é, na explanação do que a ela mostra, vide Figura 11.2.
d) Fonte de dados
A fonte dos dados não deve ser ignorada na apresentação de um gráfico.
Porém, ela não é necessária caso tenha sido explanada no texto ou na tabela
de dados, ou caso acompanhe ou esteja anexa ao texto. Mas, nada impede
que a fonte de dados seja colocada junto ao gráfico; porém, neste caso,
deverá ser logo embaixo do eixo x.
e) Quadro
Por último, ainda é preciso dizer que um gráfico, quando mostrado
sozinho ou mesmo um conjunto de gráficos no meio de textos, deve ser
separado dele por um quadro ou moldura. Esse artifício conduz o olhar do
leitor a "fechar" sobre o gráfico.

11.5 TIPOS DE GRÁFICOS

11.5.1 GRÁFICOS DE LINHAS

Entende-se como gráficos de linhas, as representações gráficas de dados


que se utilizam de uma linha para ligar os pontos resultantes da interseção
dos dados dispostos a partir de eixos cartesianos. 5
Este tipo de gráfico se presta para:

5
Fonseca e Martins (1982) denominam este tipo de gráfico como gráfico em curvas.
a) Apresentação de freqüência acumulada ou porcentagem acumulada
da freqüência (conhecida como ogiva) (Figura 11.3).
b) Apresentação da resposta espectral de alvos diferentes em dados
de sensoriamento remoto, assinatura espectral. No eixo x, são
colocadas as bandas; no eixo y, o valor de brilho ou nível de cinza.
Exemplo na Figura 11.4.

100
90
~ 80
m
'3 70
E
~ 60
m
g 50
"1l
rg. 40
!!?
U; 30
~
20
10

o 10 30 50 70
Valores Observados
90 110 130 150

Figura 11.3 - Figura de uma ogiva

..••• ......
200
,,.................................,..,.U••••'•~'''""..""
,,,,,,.,,,..
,,..,,.
150 ......·"'
~ :::
100
·--·-·-·-·-·~----·-
.........··..····
Estradas

Rejeito de Carvão
Pastagem
o
Lagoas Artificais
2 3 4 5 6 7

Figura 11.4-Assinatura espectral das áreas amostrais de uma imagem Landsat TM

No exemplo da Figura 11.4, observa-se que cada linha foi individualizada


na sua percepção pelo uso de "tipo de linha". Podem também ser usadas cores
opostas para essa visualização, ou se trabalhar com as espessuras das linhas
para chamar a atenção para a categoria que se deseja ressaltar. No caso, todas
as categorias são igualmente importantes, recebendo o mesmo peso visual.
_
C»f
_r_uL_o_ll_-_R_c~_&_N1_
~~00_<_J'JJ_1CAS_·~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~273

c) Apresentação de séri es temporais ou mistas, desde que envolvam


dados temporais. Exemplos mostrados na Figura 11.5.
No caso da representação de séri es tempora is, é aconselhável que a
área útil do gráfico ten ha forma retangu lar. Para tanto, o eixo x deve ter
dim ensões entre 60% a 70% menores que as do eixo y e assim facilitar a
visualização do comportamento temporal cios dados. O exemplo da Figura
11 .5 pode ser traba lhado com texturas para melhorar a v isua li zação dos
dados. Veja corno a mesma figura pode ser reapresentada para comu ni car
visualmente os dados na figura 11.6.

Densidade Demográfica das Grandes Regiões


Brasileiras - 1950 a 1991
80
70
60
50 --+--Norte

1 40
30
.-.o-
_ o --o-- Nordeste
• Sudeste
20 - .cr.,,.,.. - o - Sul
1O 0:::- ~ --<>-- C-Oeste
O L....(111-llC:Q::==~=;;;;;;;;~;;~t___, Anos
1950 1960 1970 1980 1991

Figura 11.5 - Gráficos de Linhas trabalhados com texturas, visando à


comunicação

Densidade Demográfica das Grandes Regiões


Brasilei ras -1950 a 1991
80
70
60
---Norte
50

1 40
30 .,.D-
-o-- -º
--o-- Nordeste

- o - Sul
Sudeste

20 - .cr.,,.,.. -<>--- C-Oeste


o::~
10
O l__,0--=~;o;;;;;;;~;;;;;,;;;;~;:;;;;~~ Anos

1950 1960 1970 1980 1991


Figura 11.6 - No gráfico (a) observa-se a variação de um fenômeno ao longo
do tempo em cinco lugares
274~~~~~~~~~~~~-
CAA
_I_
<x_
.m_~---
~-~~
_,_
NM~
(A_
o_.<_
<~_
IUN_IG\Ç
~ ÃO_r_
m_uA_
L~
_Ç~
Áº-~
~ ºA_
DOS
~ ~-
~-~IS

11.5.2 G RÁFICOS DE BARRAS OU DE COLUNAS

O gráfico de barras ou de coluna1' é uma das mais antigas formas de


representar dados em gráficos. Apesa r da simpli cidade da sua concepção,
muitas vezes não são bem representados devido aos descuidos ou às confusões.
Este tipo de gráfico é útil para comparar quantidades entre di versos
grupos, fac i 1itando ao leitor a tarefa de elaborar extensos julgamentos (Oent,
1996); o gráfico de barras também é usado para representar as va ri ações
de qu antid ades pa ra um gru po ao longo do tempo. Portanto, pode ser usado
p ara séri es mi stas . Co ntu do, exp eri ênc ias m ostram que m ais de duas
categorias em di sti ntos luga res ou mais de dois lugares em tempos d iferentes
são difíceis de serem co mparados com a const ru ção de um úni co gráfico
de barras ou co lunas . Observe no exemp lo da Figura 11. 7 que ex istem
c inco luga res a serem compa rados ao longo do ternpo. A observação e
interpretação dos dados são difíceis devido à fo rm a de apresentação do
gráfico. Uma segund a solução para este caso está apresentada na Figura
11 .8, a qual mostra um conjunto de gráfi cos; o u seja, transformo u-se um
gráfi co ineficaz em um eficaz.

Densidade Demográfica das Regiões


Brasileiras -1950 a 1991

•Norte
D Nordeste
o Sudeste
•Sul
o C.Oeste

1950 1960 1970 1980 1991


Anos

Figura 11.7 - Receita do turismo nas três capitais do Sul do Brasil

1
' Alguns autores fazem distinção entre os gráficos de bnrras e de colunas, segundo a
orientação dos retângu los: quando estão na horizontal , são denominados gráficos ele
barras; quando n<i vertical, passam íl ser chamados de gráficos de colunas.
_
CAPl
_._IUL_
o_l_
l -_R_r~_E_
~ N_
~_ç~
_s_G~
IWICAS
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~275

Variação da Densidade Demográfica nas


Regiões Brasi leiras -1950 a 1980

Jlbrte Jlbrdoste Sudeste Sul COeste


30
25
20
15
10
5
o L--..L..

35
30
25
20
15
10
5
o .___...._

[• 1970]

60

50

40

30

20

10

o '-----'-
Figura 11.8 - Gráfico ela Figura 11.7 com nova
proposta de visual izaç5o

Nas pa lavras ele Bertin (1986), um gráfico para se ver e extrair facilmente
as relações ex istentes seri a como o apresentado na Figura 11.8. Construir
vári os gráficos com a ajuda de programas computacionais, hoje em dia,
to rnou-se fácil, o difíc il, como já fo i dito, é saber colocá-los à disposição do
usu ári o de forma simples e ele fácil percepção.
11 .5. 2.1 REGRAS ílÁSICAS PARA DESENHAR GRÁFICOS DE ílARRAS
Exi stem diversas opções pa ra se desenh ar gráficos de barra s e de
colunas: colunas unidas, separadas, coloridas ou não, de fundo co lo rido,
linhas de fundo, etc . A regra fundamental a ser observada é que todas as
barras ou colunas se in ic iem em uma linha de va lor zero, pa ra qu e o leitor
possa estabelecer compa rações e fazer julgamentos.
Percebe-se que pessoas com pouca sensibilidade à percepção do leitor,
para fazer algo d iferente, elimin am a linha zero (eixo x) do gráfico. Isso, ao
contrário cio esperado, serve apenas para confundir as idéias cio leitor.
Se o eixo hori zontal for usado para representar o tempo (anos, meses,
dias, ho ras, etc.) é desej áve l seguir a regra ele d ispô-lo em o rdem sequencial.
Se, em alguma data, não há observações (dados), de forma alguma ela poderá
ser eli minada. O espaço para essa data eleve ser marcado para que haja uma
progressão uniforme.
Exceto o envo lvimento das séri es hi stóri cas neste tipo de gráfico, nos
outros tipos de séri es, os dados devem ser, na med ida do possível, dispostos
em ordem de magnitude, para que assim possam refl etir no tamanho das barras
- da maior para a menor ou vice-versa, como mostrado na Figura 11.9.

Produção de Derivados de Petróleo no Brasil em


1991

• 2 - Gasolina

•3 - Óleo

10000
•4 -
Combus líwl
Nafta

• 5 - Gás de Petróleo

• 6 -Querosene
o
2 3 4 5 6

Figura 11.9 - Série histórica em gráfico de coluna

Observe que a largura das barras deve ser sempre maior que o
espaçamento entre elas, se forem apresentadas sepa radas. Esta regra va le
para qualqu er tipo de dados a ser representado em gráficos de co lunas ou
barras. Igualmente va le a indi cação das linhas dos eixos serem mais grossas
que as de fundo do gráfi co; porém ainda ma is finas do que a linha que
contorna as colunas ou ba rras.
Se preferir colorir as colunas, é melhor deixar branco o fundo do gráfico.
Se deixar as colun as sem co lorir, pode-se usar uma textura de fundo va ri ando
a tonalidade em dégradéda linha de base (zero) pa ra o topo das barras. Esse
artifício conduz o o lhar do leitor a inic iar a leitura na linh a zero e comparar
m ais facilmente a diferença nas magnitudes dos retângul os. Vej a o exemplo
na Figu ra 11 .1 Oa.
Entretan to, es te m es mo artifício, se ap li cado nos ret ângul os
indiscrimin adamente - barras ou colu nas- causa uma ilu são ótica capaz de
co nfundir o leitor, tornando o gráfico ineficaz (Figura 11 .1Ob). As barras são
efici entes para comp arar du as categori as, no máximo, ou dois lugares ou
duas datas, como ilustrado na Figu ra 11 .11.

(a) (b)
Densid ade Demográfi ca da Regi ão Sul Densid ade Demográfica da Região Sul
do Brasil • 1950 a 1991 do Brasil . 1950 a 1991
45 45
40 40
35 35
30 30
~ 25 ~ 25
~ 20 ~ 20
15 15
10 10
5 5
o '1""'1---="--- o t-'--~
1950 1960 1970 1980 1991 1950 1960 1970 1980 1991
Anos Anos

Figura 11. l O-A eficácia cios gráficos ele colunas é definida pela escolha da representação: a)
um gráfico ba lanceado visualmente - colunas sem cor e textura ao fundo; b) um gráfico
confuso - textura nas colunas é ineficaz

Importações e Exportações do Brasil em


1991

o
{! 2

O 1000 2000 3000 4000 Export.


0
uss 1.000.000 ID Impari.

Figura 11.11 - Gráfico de barras utilizado para


comparar duas categorias
No que se refere à legenda, con forme exposto no item l l .4b, ela pode
ou não existir. Os nomes podem ou não ser apli cados nas barras e é preferível
colocá-l os fora delas para não interferir nas quantidades configuradas pelo
tamanho das mesm as. É comum também se ap li car nome para barras
horizontais. Nas verti ca is, é preferíve l substituir-se por números ou letras e
se fazer uma legenda. O uso de cores diferentes para cada barra não é
aconselhável, po is confunde mais que separa .

11.5.3 HISTOGRAMA

Hi stogram a é um gráfico de co lun as que recebe den om in ação


específica, haja v ista representar a freqüência das ocorrências, ou freqüênc ia
relativa ou porcentagem elas freqüênc ias na ordenada de um eixo ca rtesiano.
Assim como outros gráficos, ele é utili zado para possibilitar ao pesquisador
e ao u suá ri o um a me lh o r v i su ali zação dos d ados d o qu e aqu e la
disponi bilizada po r uma tabela . Basta uma rápida inspeção nos dados para
que o observador tenha uma imagem da distribu ição. É importante que cada
uma elas colunas seja representada com largura (espessura) igual, assim como
ocorre nos gráficos ele colunas e, neste caso especifica mente, que sej am
contínuas, sem espaço ou com o mínimo espaço entre elas (Figura 11 .12).

0,30

~ 0,25
'; 0,20
ü
.§ 0,15
g. 0 ,1 0
e
u. 0,05
o

-2 D.P. -1 D.P. Mõdla +1 D.P. +2 D.P.

Figura 11.12 - Histograma típico

11.5.3.1 CONSTRUÇÃO DE HISTOGRAMAS


A construção de urn histograma é feita de forma automatizada pelo
computador. Mas, ele também pode ser elaborado manualmente. Indepen-
dentemente da construção automáti ca ou manual, o princípio de construção
desse gráfico é o mesmo. Nas abscissas (eixo hori zontal), divididas em segmentos
iguais, são distribuídos os va lores até que possam acomodar todos os dados. No
_Cm_·1_
uL_
o _ll_
-_ R1_~r_
1rN_~~Côcs~
GR_
Af_
~_~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~279

eixo verti ca l, também dividido e1T1 segmentos igualmente espaçados, são


marcadas as freqüências. A altura das barras é determinada pela freqüência dos
dados em cada segmento considerado (Fig. 11 .12). No mais, seguem as mesmas
regras de representação cios gráficos de colunas ou de barras.
Este tipo de gráfico permite ao leito r uma visão genéri ca sobre as
característi cas dos dados; por isso mesmo, é comum encontrá- lo junto aos
map as temáti cos para permitir ao usuári o observa r os dados espacializados
nos mapas e não espacializados no hi stograma. Como exposto na Figura
11 .1 2, é possível marca r, no gráfico, a média ou mediana e o desvio-padrão
dos conjuntos ele dados. No caso da Figura 11 .3, que mostra o histograma
de uma imagem, cad a co luna represe nta a freqü ênc ia n aquele ponto.
Portanto, cada coluna diz quantos pixeis ex istem com aquele determi nado
va lor de brilho . E pela form a cio conjunto ele colunas, se deduz que tal
distribuição se aproxima da curva norm al e é um a imagem muito escura,
pois atingiu só 100 como va lor de brilho . Para ser melhor visualizada, seu
histogram a deve ser estendido de zero a 255, qu e representa a extensão
total de brilho para uma imagem de oito bits.

10000

8000

'g"' 6000
•Q)
::>
O"
e! 4000
u..

2000

64 128 192 255


Valor de brilho
Figura 11 .1 3 - Histograma de uma imagem

11 .5.4 GRÁFICOS DESETORES

Os gráficos de setores são, ass im como os de colunas, muito utilizados


como recurso para representar séri es estatísticas ou observações diretas. Seu
emprego aumentou nos últim os anos dev ido a sua construção automática
estar di sponível na m aio ri a dos softwares que representam dados por meio
de gráficos. Por conta de sua ap arênc ia são popu larm ente conhecidos como
gráfi cos de "pizza" ou "torta" .
Os gráficos de setores devem ser utili zados, principalmente, quando
se pretende comparar cada va lor da série com o tota l. Entretan to, aconselh a-
se não ultrapassa r a quantidade de seis va lores, poi s mais do que isso passa
a ser difícil com parar os dados. O uso deste tipo de gráfi co também não é
indicado quando os va lores são muito próximos, pois a visuali zação na forma
de setores não permite d istinguir pequenas diferenças.

11 .5.4.1 REGRAS BÁSICAS PARA REPRESENTAÇÃO DE UM GRÁFICO DE SETORES

A construção m anual do Gráfico de Setores é feita pela di visão de um


círcu lo em partes, de ta_l form a que suas áreas sejam proporcionais aos valores
da série. Por exemplo, se 360º correspondem ao total dos dados, então a
parte x corresponderá a um certo va lor em graus.

360° - lotai
xº-parte

a) Para rep resentar os va lores depo is de calculados, deve-se iniciar


pelo m aior va lor. Este deverá ocupar o lado d ireito do círculo,
ini ciando na posição de 90º ou 12 horas do relógio. N a seqüênci a,
serão disponibi lizados os outros dados por ordem decrescente de
va lor, seguindo o movimento dos ponteiros. Tal regra va le também
para a constru ção automática (Figura 11 .14).
(a) Produ ção da AqOlcultura em Santa Catarina 1996

tv'ariscos
35,8%

Alixes
60.4%

(b) Produção d a Aqülcu ltura c m Santa Catarina 1996

aAlixcs
a tvtiriscos
35,8% •Ostras
o carrorão

Figura 11.14 - Gráfico de setores: (a) visualização ótima, (b)


visualização prejudicada pela vista tridimensional oblíqua
ú.Pi
_ _._r
u1_
o_ll_-_R_
m_N_
N_
TA(~
~-S<_
JW
_K_
·~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~281

b) Épermitido o uso de co res para separar os setores. Assim, é indicado


o uso ele cores opostas. É possível também trabalhar co m outrns
variáve is v isuais, como textura, cm u1T1a úni ca cor. Cores ou texturas
nunca são usadas em sistema clégradé, pois prejudicam a leitura cio
gráfico.
c) Os nomes e porcentagens elevem apa recer ao lado ele cada setor
(Figura 11. 14a). É possível também usar apenas a porcentagem ao
lado do seu setor correspondente e criar uma legenda para designar
os nomes. Neste caso, a legenda deve vir à direita cio gráfico, em
tamanho sufic iente para a leitura.
d) Pode-se utili za r este tipo ele gráíico para análi ses ternporais, apesar
de não ser o mais indi cad o. Neste caso, algu m as observações são
importan tes, como a escolha ela ordem ele disposição cios setores,
não pelo va lo r, mas pela categoria ou lugar, conform e o caso. No
exemplo ela Figura 11. 15, a categoria a ser representada cm primeiro
lugar foi a mineração, seguindo esta ordem: urbana, agropecuária,
reflorestamento e vegetação nativa, a qual deve se r estabeleci da
segundo o nível de interesse ou ele maior impo rt ânc ia ele uma
determ inada categoria ou luga r. Depois ele escolhida a seqüência
de representação, deve haver uma padron ização para todas as outras
datas. Enfim , todos os gráfi cos elevem ser dispostos em uma Cmica
vista por seqüência ele ano (Figura 11 .1 5) .
e) Devem ser evitadas as representações tridimensionai s com v isada
ob líqu a para gráfico de setores (vicie Figura 11. l 4b). As revistas e
jorn ais usam e abusam deste artifíc io sem saber que cm vez ele
auxiliar na visualização do leitor, prejudicam-na .

Area ocupada por categoria de uso/cobertura da terra em Siderópolis

1956 1978 1996

5% 13%
10%
19%

37% 11%

Ili Minoração O Urbana ~ Agropcc. D Rcflorcst ~ Veg. Nat.

Figura 11 .1 5 - Gráfico de setores sobre o uso da terra cm Siderópolis - SC


í ontc: Loch (2000)
__
282~~~--~~--~~--~-C_AA_T~_·m~~-_REPR&_NT~A~_·o~,<_u~_IUN_!~~~-º-E_VISU_M_ll.AÇÃ
___ o_~_D_ADOS
__ ~_~~IAIS

11.5.5 GRÁFICO DIRECIONAL OU POLAR

Algumas vezes, encontra-se, na literatura, o gráfico direcional como


se fosse uma versão dos gráficos de colunas ou barras. Inclusive Dent (1996)
chama de gráfico do relógio (Clock Graph) o que, apesar da aparência, não
parece ser um termo muito feliz. Outros o chamam de gráfico polar.
Este tipo de gráfico é construído especialmente para dispor dados que
precisam mostrar a direção do evento ou fenômeno observado. Um exemplo
claro para este gráfico é a rosa dos ventos, utilizada pelos meteorologistas
para mostrar a direção e magnitude dos ventos que prevalecem em
determinado lugar. No entanto, o gráfico direcional pode ser explorado para
vários outros casos, sempre que se quiser dar um tratamento visual
diferenciado, mas claro, aos dados (Figura 11.16).

BANHISTAS NAS PRAIAS DA ILHA DE SANTA CATARINA em 2000


(mil pessoas)
Abril
200

Out

Figura 11.16 - Gráfico direcional ou polar: número de


banhistas nas praias da Ilha de Santa Catarina em 2002
(dados hipotéticos)

a) Construção do gráfico direcional


O gráfico direcional, em geral, não está implantado como rotina de um
software para permitir sua execução automática; por isso, na maioria das vezes,
é feito à mão. Sua construção tem como base um pólo ou centro, a partir do
qual são construídos círculos concêntricos. Cada círculo representa um valor
inteiro os quais são dispostos com a mesma eqüidistância (Figura 11.16).
Os círculos, assim como os raios que marcam as diferentes direções
devem ser representados por linhas finas, dando idéia de "fundo" do gráfico.
As barras devem ser largas o suficiente para que se destaquem dos raios,
ficando no primeiro plano do gráfico.
Em geral, este gráfico não necessita de legenda. Os nomes e valores
são dispostos diretamente no gráfico de maneira harmônica. O uso da cor é
permitido, porém é aconselhável usar no máximo uma cor para as barras,
fazendo contraste com os elementos de fundo em preto.

11.5.6 GRÁFICO TRIANGULAR

O gráfico triangular tem sido utilizado com mais freqüência na


Geografia do que em outras disciplinas. É um gráfico mais apropriado para
leitura do que para comparação visual imediata. Sua construção e uso são
considerados um tanto complexos; por isso aparecem com pouca freqüência,
mesmo em textos didáticos.
O gráfico triangular é usado para visualizar três componentes ou
variáveis em quantidades diferentes que formam o todo. Para tanto, constrói-
se um triângulo de forma que cada lado sirva de linha base para uma variável.
Écomum que cada linha seja dividida para formar o triângulo em dez partes
iguais, que corresponderão às porcentagens de 1O, 20, 30, ... , 100%. Cada
ponta do triângulo corresponderá a 100% de uma variável, como
exemplificado na Figura 11.17.
Os dados observados são plotados (marcados) por pontos correspondentes
à porcentagem encontrada na amostra. A leitura do gráfico deixará a cargo do
leitor distingui-las separadamente ou em conjunto para então fazer julgamentos.
Por exemplo, foram observados os dados da população de um determinado
estado, divididos por região e classificados em três categorias: crianças, adultos
e idosos. Se a maioria das observações foram marcadas próximas às pontas,
"crianças e jovens", e em segundo lugar dos "adultos", elas permitirão deduzir
que esse estado precisa estar atento à população jovem. Isto é, deve ser dada
atenção à educação, saúde, tr.abalho, segurança e lazer para essa população. Se
ao contrário, ocorresse maior número de amostras para "idosos", então, as
preocupações deveriam ser maiores com saúde, lazer e segurança.
O emprego mais comum destes gráficos é para representar a textura
do solo. Ele ilustra os componentes de amostras de um solo segundo as
porcentagens de areia, argila e silte (Figura 11.17).
7
Dent (1996) denomina este tipo de gráfico de trilinear.
284~----~--~---ÚR_T~_·RAF~IA--~-~-™_NT~AÇ~~~.c_o~_IUN_l~~~-º-E-~W_M_~~~-·o_~_o_AOOS~~-~~IAIS

90

/ ao1r--:~~
;-70 Jl----o_,___
,, ~

<§' 60......_........
~~ 50,__~--Ã-~-----
--..~---~

~
li 40,__~~------Ã--Ã---ll,____
I!
/ 30.~-h---A----.--Ã-~---.----

Figura 11.17 - Gráfico triangular típico


Fonte: Dent (1996)

Diversos dados podem ser representados pelo gráfico triangular, desde


que a soma das três partes constitua o todo. Exemplos: a) porcentagem da
população economicamente ativa nos três setores produtivos: primário,
secundário e terciário e; b) porcentagem de cimento, areia e brita em uma
amostra de concreto.

11.5.7 GRÁFICO DE PIRÂMIDES

O arranjo de barras justapostas de forma a construir uma pirâmide,


produz um gráfico específico para a análise de populações. A pirâmide de
idades e sexos é a forma mais antiga de analisar a população (Monkhouse;
Wilkinson, 1971 ). Mas, o método permite outros tipos de análises, tais como:
análise temporal da variação da população urbana/rural em um determinado
lugar. Veja o exemplo na Figura 11.18.
No caso da pirâmide de idade e sexo, a estrutura da população é
disposta da seguinte forma:
a) os grupos de idades são dispostos em ordem crescente, da base
para o topo da pirâmide, considerando intervalos de cinco anos;ª

8
Segundo Monkhouse e Wilkinson (1971 ), a variação qüinqüenal é a mais usual, mas
pode ser usada outra variação.
POPULAÇÃO DE SANTACATARJNA

URBANA RURAL

2000 -

Mimes deHcb.
4 3 2 o 2

Figu ra 11.18 - Pirâmide ela variação temporal ela população urbana e rural cm Santa Catarina,
1920-2000

b) a construção da pirâmide é efetuada a partir do centro, portanto,


em um lado são colocadas as barras representando o sexo m asculino
e no outro, o fem inino;
c) na base da pirâmide é construída uma linha. O centro da li nha será
a origem dos dados dos sexos femin ino e masculino, como mostrado
na Figura 11.1 9.
Podem ser usados valores Pirâmide Etârla da População Mundial em 2000
abso lutos do tota l da população (países subdesenvolvidos)

seg und o o sexo o u va lo res Anos 80+ .......................... .


deri vados como a porcentagem. HOMENS 1 MULHERES

---
70. 74 ........................ .
N este último caso, há du as
m aneiras poss íveis em que se
considera a porcentagem tota l
60-64 ...................... . •
50 - 54 .................. - -
el a p opul ação o u, sep arad a-
mente, para cada grupo (mascu- 40.44 ........... - -

1i no e feminino). Um exemplo é
aquele mostrado no Atl as do
IBGE (2002) redesenhado na
Figura 11.1 9. 10 -14 ....

%pop.
64 2 o 24 6

Figura 11 .19 - Grâfico ela Pirâmide de idades e sexos


Fo111c: llJGE~ (2002)
CAPÍTULO u
MULTIMÍDIA E CARTOGRAFIA

O desenvolvimento da tecnologia dos computadores e a criação da


World Wide Web (www) proporcionaram mudanças tão grandes no modo
de vida e nas atividades humanas que podem ser somente igualadas àquelas
ocorridas na Revolução Industrial. Entretanto, não cabe aqui entrar na
discussão quanto à revolução tecnológica e até onde ela é acessível à
população. Se fosse encarado assim, ter-se-ia que considerar o mundo das
desigualdades social e econômica que os seres humanos vivem. O interesse
específico deste livro é a Cartografia e, por conseguinte, analisar as mudanças
significativas nela ocorrida, na chamada era digital ou era da informação.
O computador propiciou, num primeiro momento, uma certa
perplexidade misturada à curiosidade, ou seja, foi um desafio: será que é
possível uma máquina fazer mapas tão bem quanto as mãos humanas? Então,
nos primeiros tempos, a tentativa era de reproduzir os modelos de mapas
analógicos com auxílio do computador. As idéias, nesta vertente, evoluíram
muito pouco no que tange à cartografia topográfica e àquela de escala grande.
Ferramentas computacionais são usadas para gerar os mapas de base, com a
aparência dos mapas analógicos, os quais muitas vezes são impressos para
serem utilizados.
Alguns tipos de mapas temáticos também continuam sendo feitos no
computador com a aparência que tinham quando eram produzidos na
cartografia analógica. A marca fundamental deles é servir a um público de
especialistas, que deve saber produzir e manusear dados cartográficos ou
espaciais em computadores. Um público muito restrito produz e utiliza tais
mapas. Outra característica destes mapas é que são estáticos e não são
pensados para sofrer mudanças na sua aparência ao "gosto" do usuário.
288~~~~~~~~~~~-C_AA_nx_;R_Afl_A-_R_l~_c~_NT~AÇ_Ão~,c_m_1uN_ICA<~~-·o_E~_su_A_L~~~-·o_~_D_AOOS~E~-~~ws

Na década de 1990, as idéias em relação à disposição de mapas em


computadores começaram a apresentar novas alternativas. A animação, por
exemplo, veio para a Cartografia e modificou a forma de fazer mapas de
fluxos. Surgiram os mapas dinâmicos, capazes de mostrar diretamente o
movimento e as mudanças ocorridas em um determinado lugar. A idéia de
permitir que o usuário encontre mais facilmente a informação que procura
em um mapa e que construa suas próprias visualizações deu origem aos
mapas intera~ivos e ao desenvolvimento dos softwares de visualização. Estes,
por sua vez, conduziram ao que atualmente é designado como hipermapa
ou a cartografia em multimídia.
Este Capítulo é dedicado à Cartografia em multimídia, justamente
porque não podem ser ignorados os avanços atuais desta Ciência. Entretanto,
os conceitos a serem abordados tratarão de forma resumida alguns aspectos
na produção e uso dos hipermapas. Para uma abordagem mais profunda,
recomenda-se consultar Cartwright, Peterson e Gartner (1999) que discutem
profundamente a questão, ou o endereço eletrônico da ICA onde existe uma
gama de autores que mostram o que vem a ser a Cartografia em multimídia.

12.1 CARTOGRAFIA EM MULTIMÍDIA

O termo multimídia não era muito utilizado até o início dos anos 1980
e na ciência começou a ser empregado com o advento dos discos a laser e
CD-ROM, ou seja, na metade da década de 1990, (Cartwright, 1999).
Entende-se por multimídia a interação de múltiplas formas de mídias apoiadas
por computador, em que este é ao mesmo tempo uma ferramenta e um meio
de multimídia. A primeira vez que se usou o termo multimídia foi para
designar uma seqüência de visualizações combinadas com um registro de
voz. Com o desenvolvimento da multimídia, novos conceitos surgiram como,
multimídia interativa e hipermídia (Cartwright; Peterson, 1999).
Hipermídia é um meio de comunicação criado pela convergência do
computador e videotecnologias, incluindo o espectro total das novas e
interativas mídias atreladas à telecomunicação: TV a cabo interativa;
videogames e multimídia. A hipermídia incorpora textos, sons e gráficos,
podendo ainda incluir paladar (gosto), odor e sensação tátil (Conklin, 1987
apud Cartwright, 1999). O certo é que, sem meios de criação e distribuição,
a forma atual de multimídia não existiria.
N a Cartografia, a multimídia está envolvida na apresentação de dados
geográficos espac iais em que o processa mento deste ti po ele in form ação
tem tido seu foco princ ipal nos Sisterna s de Info rma ções Geográficas (SIG).
Entretanto, os SIGs representam uma ca rtografia para poucos (orga nismos
do governo, empresas privadas, academ ia e pequenos grupos ele pessoas) .
Ern contrapa rtida, observa-se atualmen te, mais do que nunca, o uso pC1bli co
geral ele mapas como fonte ele inform ações ou como uma ferramenta p ara
encont rar loca li zações específicas. 1 A população é bo mbardeada co m
info rmações espacial izadas na televisão, nos jorna is, nas rev istas e tambérn
em j ogos de entreten imento, na educação e trei narnentos. O resultado é urn
pú blico amplo e não especia lista no uso ele mapas e de uma gama de produtos
que as novas mídias circulam como, irnagens ele satél ite, aerofotos d igitais,
mapas digitais e visuali zações em três clirnensões (3-D).
Para entender a Cartografia na multimíd ia é possível usar a metáfora
do atl as con forme esc larecern Ca rtw ri ght e Peterson (1999) . Um atlas é
entend ido corno uma reun ião de mllpas na forma de urn l ivro, cujo objetivo
é mostrar informações a respeito do mundo. Por muitos séculos, ele abriu
uma janela para o mundo, para milhões ele pessoas, em suas casas, na escola,
nas livrari as. Ele é consultado quando alguém precisa de informação a respeitô
de loca li zação ou de alguma região no mundo. Os atlas formam as bases de
como as pessoas concebem o mundo em que viven1. Seu uso não requer
qu alquer conhecimento especiali zado, nem precisa de motivação espec ial.
Ele é uma forma de Ca rtografi a que convida o usuári o a exp lorar o m undo
por intermédio ele mapas, dentro ele suas limitações.
No atl as impresso a interação é limitada. A com unicação acontece
por cores, símbo los e textos fixos. N ão há mudanças ele esca la ou adição ele
detalhes, como às vezes o usuári o gostari a ele ter. Não há dispositivo para
consul ta r e apresentar algum conjunto ele dados. Não é possível visualizar
anima ções cartográficas para dar idéias a respeito da rn obilidade cio mundo.
Na Ca rtografia ern mu ltimídi a, tudo o que não é perm itido no atl as impresso,
tornou-se possível.
A tecnologia disponível para a elaboração de mapas pode, nos dias
atuais, possibilitar a geração de vári os tipos de mapas e fornecer acesso à
info rmação por diferentes ca minhos ditados pelo usuári o. Neste contexto, é
interessante a abord agem ela Cartografia em multimídi a a seguir.

Os mapas rodoviários e os atlas, por exemplo, são ferramentas que possibilitam às pessoas
encontrarem lugares ou se locali zarem no espaço geográfico.
12.2 Ü POTENCIAL DA ( ARTOGRAFIA EM MULTIMÍDIA

Segundo Ca rtw ri ght e Peterson (1999), fi ca mais fácil entender a


Ca rtografia em multimíd ia se ela for pensada como uma esfera movida pelo
usuári o no plano geográfico da rea lidade, conforme mostra a Figura 12.1.
São muitos os fatores que influ enciam a representação ca rtográfica e
as o pe rações envo lv id as na Ca rtograf ia em multimíd ia. H á muitas
possibilidades ! Vej a como isso pode acontecer na seguinte explanação e
observando a m esma fi gura.
O plano geográfico ela rea lidade é composto po r níveis de abstração.
A esfera rep resenta o potencial cartográfico e o meio de controle do usuário,
qu e pode movê-la dentro destes níveis. Assim, uma vari edade ele efeitos
pode ser conseguida: mudanças ele esca la e de perspectivas também. O
potenc ial ca rtográfico da esfera é contro lado tanto pelo usuári o como pelo
cartógrafo, o produtor dos dados gráficos. O usuário pode escolher um método
de apresentação de acordo com suas habilidades e melhor entendimento. O
cartógrafo pode dispor suas preferências, influ ências e ad icionar contro les
sobre aparências específi cas na esfera e ditar algumas atitudes dela e sua
relação co1T1 o pl ano geográfico da rea li dade.

Hislóroco . - - - - - - Vigenle - - - - • Projelado


Provedor de dados

Figura 12.1 - Esfera cio potencial cartográfico e o plano geográfi co da realidade: a


Cartografia na multimídia corresponde ao movimento da esfera
Fonte: Cartwrighl e Pclcrson ( 1999)
Cm
__r_
uL_
o_12_
-_M_
uo_
M_iDl_
At_C_AA_
TO<._
:AA_flA~~~~~~~~~~~~~~~~~~~29 1

O plano geográfico da rea lidade é restrito por diversos fato res como
hardware, ferramentas de visualização, pelos tipos de informação di sponíveis
- rel ativa ou absol uta, genérica ou restrita - bem como por coisas conhecidas
ou desconhecidas .
O ponto crítico do uso da multimíd ia para a Cartografi a é o ponto de
contato da esfera do potencial ca rtográfi co com o pl ano da rea lidad e
geográfica. São mui tas as possib i lidades para eleger o método ideal de
transferência do conhecimento para qu e o usuário seja capaz de explorar os
produtos ca rtográficos em multimíd ia. A escolha deve ser feita tendo cl aros
os aspectos mostrados na Figura 12.1.

12.3 FUNÇÕES DA MÍDIA NA CARTOGRAFIA

Segundo Dransch (1999), a importância da finalidade de um mapa foi


enfatizada por Papa y (1973), O rgri ssek (1987) e Freitag (1993), já que el a
determin a a esca la, o conteúdo e a representação do mapa. A lém di sto, el a
determi na eficiência dele em distintas apli cações .
Na Ca rtografia em multimídia, a apresentação também tem sido tomada
como finalidade, tendo em vista a apresentação ser dependente da escolha
da mídi a e de sua combinação com outras mídi as para:
a) percepção da informação;
b) geração do con hecimento e
c) propósito de comun icação.
No caso do item "a", Percepção da Inform ação, eleve-se considerar
que a percepção humana e a cogni ção têm várias restrições. Por exemplo, a
rnemóri a de curta duração humana tem a habil idade de reter somente poucas
un idades de inform ações simultaneamente, por qu atro a sete m in utos. No
caso das i nform ações sobrepostas (sobreca rregadas), este tipo de memóri a é
in su fi c i en te para pro cess á- l as, po rém , um a saíd a é ap resentá-la s
a separadamente.
O papel da mídia na geração do con hecimento (i tem b), confo rme
mostrado pela d idática, tem função de (1) demonstrar (é especia lmente útil
para uma pessoa sem muito conhecimento sobre o tópico apresentado); (2)
fi xa r informações dentro de um ampl o contexto; função de construção (ajuda
a cri ar comp lexos modelos mentais); (3) motiva r (a aqui sição de informação
é altamente dependente da motivação do usuário).
29 2~~~~~~~~~~~~C
_AA
_''~
~ AA_r
~_-_
Rr_
~~
_N_~~
~-
· o,~(_
0•_1
uN_
l~
~(_
Ao_e_v~_
~_11~
_<~
ÃO_D_[_
DA_
DOS
~[~-
~_ws

As fu nções ela mídia com o propósito de comunicação (item c) descritas


por Freitag (1993 apucl Dransch, 1999), na Cartografia em multimídi a são :
- Função Cognitiva: compreende todos os processos de anál ise do
mapa, transformações, generali zações, anim ações, etc. Desde
operações conduzidas a parti r de modelos próximos da rea lidade
até aqueles muito abstratos.
- Função de Com uni cação: compreende todos os processos e
operações envo lvi dos capazes de transferir o conhecimento espacial
do cartóg rafo pa ra o usuári o do mapa.
- Fun ção de Suporte à Decisão: envo lve todos os processos e
operações, considerando os fenômenos espaciali zados que resultam
em decisões e ações espaciais; são subfun ções da navegação;
pl anejamento espacia l e persuasão.
- Função Socia l: comp reende os processos e operações qu e resultam
em condu tas sociais e ações.

12.4 HIPERMAPAS
De aco rdo com Ca rtwright (1999), Jaurini e M ill ert-Raffort, em 1990,
foram os primeiros estudi osos a usa r o term o " hiperm apa" . Segu ndos esses
autores, os hi permapas representam o cam in ho pa ra se usa r multimídi a
co m os SIGs.
Uma defini ção para hi permapa foi dada por l<raak e Driel (2004):
Hiperm apas são sistemas multimídias georreferenciados que podem estruturar
componentes individ uais um relati va mente ao o utro e ao mapa. E este
condu zirá os usuários a navega rem pelos dados mu ltimídia não somente
por temas, rnas também espacia lmente. O utra definição mais sintéti ca foi
apresentada por Cotton e O I iver (1994 apucl Ca rtwri ght, 1999, p.14): "o
hiperm apa é um m apa interati vo em multimíd ia que permi te aos usuári os
enco ntrar local i zações e visua lizá- las ele fo rm a amp liada usando u m
'hiper/ink ' do tipo dicionári o geográfico" .2
O princíp io de hi perm apas está baseado no pri ncíp io do hi pertexto e
hiperclocumento. Hipertexto é descrito como um conj unto ele nós, que tanto
podem ser textos corno gráficos e que são conectados po r " links'', os qua is

Texto original: the hipermap is an interative, clig itisecl multimeclia map that allows user to
z oom anel finei locations using a hyperlinked gazetteer.
_c~_ru_l_o_12_-_M_urr_~_~~-c_CAR_1_oc._.RAr_1A~~~~~~~~~~~~~~~~~~~293

um usuário pode acessar usando qualquer caminho. O hipermapa introduz


o referenciamento espacial para todos os componentes do sistema e permite
a navegação espacial e temática por todos os dados (Kraak; Ormeling, 1996).
Na literatura, o termo hipermapa não é usado apenas para sistemas
georreferenciados em hipermídia, mas também para mapas clicáveis, o mapa
dinâmico mais elementar. Este tipo de mapa funciona como um índice para
outros documentos na base de dados. Basta clicar em um objeto no mapa
para se obter a visualização de um documento particular (Kraak; Driel, 2004).
De modo geral, um hipermapa é usado da seguinte maneira:
Ao se definir uma janela com o mouse sobre o mapa, são
disponibilizadas todas as informações no sistema, com relação à
área escolhida. Essas informações têm muitos formatos, tais como
mapas detalhados, fotografias, imagens orbitais, vídeos, documentos
em texto, dados estatísticos, gráficos e sons. Todos esses dados
também têm ligações uns com os outros, além de poderem ser
ligados a elementos do mapa fora da área de pesquisa. Links"
/1

espaciais e temáticos são fortes candidatos a ponto de partida para


a pesquisa (Kraak; Driel, 2004).
O objetivo de combinar sons, animações, textos e vídeos com mapas
é obter um entendimento melhor do fenômeno mapeado.

12.4.1 PRINCIPAIS FUNÇÕES DE UM HIPERMAPA

Segundo Krrak e Driel (2004), as principais funções de um hipermapa


são:
a) Dar acesso a documentos por navegação no hipermapa
Para acessar documentos através de hipermapas pode-se:
- Clicar em algum lugar do mapa
Ao se clicar em qualquer lugar sobre o mapa, o documento que está
ligado na base de dados às coordenadas do lugar, ou outro sistema que
funcione como "chave" ou geotagé identificado na base de dados e mostrado
na tela.
- Selecionar um símbolo no mapa
Selecionar um símbolo particular, como linha, ponto ou área, ou criar
/1
zonas buffer' ao redor de um símbolo para aumentar a área de busca. Caso
exista uma "chave" ligando este símbolo ao banco de dados, os resultados
294~~~~~~~~~~~-CAA_K_x;_w_~_-R_El~_™_N_~~~º~·l_·rn_ruNJC>.Ç_·~~-º-E~_W_Af_~~~-º-m_oAOOS~-~-~-M

serão disponibilizados. Neste caso, um interesse especial deve ser dado à


questão da estrutura dos dados vetorial e matricial.
- Definir uma área de interesse
Esta área será uma janela retangular definida pelo cursor que limitará
a área de busca. Todos os documentos relacionados a ela serão disponibi-
lizados por meio de uma "chave".
- Providenciar localizações
Pode existir a disponibilidade de fornecer ao usuário as coordenadas
de uma área de interesse particular. As localizações podem acontecer por
coordenadas ou por código postal.
b) Dar acesso a documentos pela navegação temática no hipermapa
A forma mais comum de acessar documentos na web é clicar em um
hipertexto o qual tem ligação ativa com o documento indicado por ele. Esta
abordagem também é possível para hipermapas.
Um protótipo criado disponibilizado na rede mundial de computadores
na URL (http://www.itc.nl/-hypermap/defthypermap.html) usou o software
lconAuthor para criar apresentações em multimídia.

12.5 PRODUTOS CARTOGRÁFICOS EM MULTIMÍDIA

Quando se pretende desenvolver um produto cartográfico em


multimídia, surge de imediato o questionamento sobre para quem, para que
e como será disponibilizado. De modo geral, a construção desse produto
deve levar em conta, segundo Ormeling (1999), o papel que os mapas
desempenharão. Neste sentido, são distinguidos dois grupos:
a) para produzir um produto completo com função de multimídia -
neste contexto, os mapas poderão funcionar como organizadores
espaciais ou ferramentas de navegação, ou como uma interface
para os dados geográficos estocados na base que contém o produto;
b) para permitir ao usuário interagir de maneira relevante com o mapa
- neste caso, os usuários podem adaptar o mapa de acordo com
seus requerimentos, gerar imagens cartográficas, manipular o mapa
de forma a obter novas entradas e, assim, outras oportunidades de
visualizações. Aqui, os mapas são ferramentas para a visualização
científica.
_CAP1Tu~L_o1_2_-_Mu_u_1M1_·o~_E_CAA_T_~_;~_r~~~~~~~~~~~~~~~~~~~-295

Ao lado destes dois contextos principais, os mapas, de modo geral,


continuam sendo modelos estáticos da realidade geográfica. Estes modelos
são organizados em representações do "mundo" ou do "lugar" que contém
somente informações consideradas relevantes pelo seu criador, para atender
objetivos específicos. Os mapas analógicos eram pensados dessa forma e,
mesmo hoje, na era digital, ainda continuam sendo vistos assim. Um exemplo
disto são <l>s mapas em escala grande (cadastrais ou fundiários). Eles não
podem s~t alterados ao gosto do usuário. O modelo concebido guarda
informações tão relevantes que devem ser preservadas tal e qual.
Alguns mapas temáticos têm sido exportados para um produto
multimídia. Ele geralmente fará parte de um banco de dados e será acessado
através de palavras-chave do tipo mapa fundiário ou mapa geológico. Na
verdade, eles constituem dados em um hiperdocumento e aparecem em
forma de imagem.
Vários organismos públicos brasileiros, detentores de informação
espacial, disponibilizam seus mapas dessa forma, seja pela Internet ou em
CD-ROM.

12.5.1 MAPAS COMO FERRAMENTAS PARA ACESSO À INFORMAÇÃO EM


MULTIMÍDIA

Nesta categoria está a maioria dos mapas em multimídia. Geralmente


eles aparecem como atlas digitais específicos (Atlas Nacionais). O acesso à
informação é possível com a navegação livre do usuário, ou com uma ordem
predefinida. Logo, o usuário obtém a informação por: 1) seleção de um índice
de conteúdo, 2) seleção espacial com palavras-chave ou 3) um clic/zoom
dentro do mapa, conforme explanado no item 12.4.1 deste Capítulo.
As informações disponibilizadas serão do tipo: número de habitantes;
nomes geográficos (acidentes naturais e artificiais); nomes de áreas (cidades,
municípios); distâncias entre localidades; nomes de estradas; volume de
tráfego, etc. É possível também obter outros mapas em escalas diferentes,
sobre o mesmo assunto em pesquisa, bem como mais detalhes sobre um
lugar específico ou uma visão geral.
Por fim, o usuário pode ter outros produtos não cartográficos ligados à
base de dados, como imagens de satélite, aerofotos, visões panorâmicas,
fotos terrestres, sons, etc.
296~~~~~~~~~~~-CAA_T_~_;w_~_-_Rc~_&_N_Mç~~º~·(_U_MU_NIC~"_AÇA~·o_c_~s_uM_~~~-·o_~_o_AOOS~E~_~_ws

12.5.2 ATLAS EM MULTIMÍDIA: OS ATLAS DIGITAIS OU ATLAS ELETRÔNICOS

O termo atlas tem origem na mitologia grega e designava um gigante


que carregava o "mundo" em seus ombros. A transferência desse termo para
a Cartografia foi feita pelo cartógrafo holandês Gehardd Krãmer Mercator
quando publicou uma coleção de mapas do mundo em 1595. Segundo
Massarani (2004), ele considerou no frontispício de sua coleção de mapas a
figura mitológica do gigante grego e escreveu a palavra atlas também para
relembrar o nome de um rei marroquino, renomado por seus estudos em
Geografia e Astronomia.
A idéia de coleção de mapas, sistematicamente selecionados e
arranjados em folhas de papel de tamanho uniforme, com layoutpadronizado
e representação cartográfica uniforme, geralmente reunidos na forma de um
livro, compõe o que designamos de atlas (Freitag, 1991 apud Borchet, 1999).
Para Ormeling (1999), um atlas consiste num conjunto de mapas, textos
explanatórios, gráficos, esquemas, diagramas e fotografias, que na era digital
recebem a adição de sons e vídeos. Portanto, o termo atlas, atualmente,
continua sendo utilizado no sentido original; recebeu uma complementação
somente para designar que não é impresso: atlas eletrônico (se disposto na
web) ou atlas digital (se disposto em CD-ROM).
O atlas eletrônico teve seu primeiro protótipo desenvolvido no Canadá,
em 1981 (Borchet, 1999). Daí em diante, o interesse pela produção de atlas
eletrônicos cresceu por causa dos seguintes fatores (Cartwright, 1999):
a) desenvolvimento dos microcomputadores;
b) criação de bases de dados geográficos que contêm mapas-base
digitais ou dados temáticos georreferenciados;
e) renovação na maneira de se conceber e produzir atlas, assim como
na forma de comunicar a informação geográfica em geral;
d) integração da informação geográfica com os sistemas de informa-
ção; e
e) difusão do conceito de hipertexto e sua translação para software
"hypercard' e a aplicação da informação geográfica estruturada
para um atlas eletrônico.
Um exemplo inovador de atlas foi o Mines et Minéraux à la Carte,
desenvolvido pelo Departamento de Geografia da Universidade de Lavai,
Quebéc, Canadá, entre os anos de 1989 e 1991. Segundo Ormeling (1999),
esse Atlas pioneiro mostrou uma série de conceitos para o referido tipo de
produto em multimídia.
_c~_T_ut_o_12_-_M_urr_1M_ID~_E_C_AAT_a_:w_~____________________________________~297

12.5.2.1 CARACTERÍSTICAS DOS ATLAS

Um atlas sempre tratará de uma área específica, quer no espaço quer


na temática. A área geográfica pode ser definida por suas características
físicas como uma bacia hidrográfica, ou então ser um município, ou uma
cidade, uma região, um país, um continente ou o mundo (planeta Terra), ou
mesmo um oceano.
A temática a ser abordada, geralmente, é definida tendo em vista o
público, ou seja, os usuários. Assim, é possível haver um atlas de um mesmo
lugar e tema para servir como referência para o público em geral (adulto),
ou um atlas escolar (para crianças). Pode ser também um atlas especial, com
mapas complexos, por exemplo, para planejamento urbano, como referido
por Borchet (1999), ou para fins de proteção ambiental. Em ambos, os usuários
deverão ser especialistas no assunto.
Conforme o formato disponibilizado, dever ser pensada a quantidade
de dados e a possibilidade de apresentação. Por exemplo, os atlas impressos
geralmente são mais caros que um atlas digital em CD-ROM ou DVD-ROM,
o qual, por sua vez, tem um custo maior e um menor público que um atlas
eletrônico disponibilizado na web.
Resumindo estas características, Borchet (1999) considerou que os atlas
podem ser agrupados segundo os seguintes aspectos:
a) formato e volume (impresso, digital ou eletrônico);
b) cobertura espacial (mundial, nacional, municipal);
e) conteúdo temático (econômico, populacional e social);
d) nível de informação (científico, geral, escolar).
e) intenção de uso (escolar, para turismo e laser).
f) produção (oficial, particular) e
g) qualidade técnica e preço (se impressos, os multicores são mais caros).
Todos estes aspectos devem ser considerados também na produção.
No caso de atlas eletrônicos, precisam ser pensados também:
a) a plataforma de produção e de uso - o computador no qual será
usado o atlas pode ser de um escritório, de um veículo (se for para
deslocamento terrestre espacial) de um avião ou barco (se for para
navegação aérea e/ou náutica). Ainda deve ser pensada a mídia de
estocagem dos dados do atlas; pode ser CD-ROM ou DVD-ROM
ou um servidor de Internet, ou combinação de ambos;
298------~----~----~---CAA_T~_;_w_~_-R_n~_~_NT~~~~)~,(-:~_IUN_ICAÇA
___ __M_~~~-º-~-ºAOOS--~_~_M_
·o_EVISU

b) a interface gráfica com o usuário - deve ser pensada de forma a


tornar o uso do atlas simples e se possível estimulante. Alguns
exemplos citados por Borchet (1999) são os globos interativos, um
cockpit (cabine) de uma nave espacial ou de um avião, uma máquina
do tempo, ou um guia turístico;
e) os programas a serem utilizados para os produzir e disponibilizar.
Muitos atlas eletrônicos contêm dados no formato matricial, outros
usam dados no formato vetorial, outros ainda, em ambos formatos.
Para disponibilizar o atlas em multimídia, muitas vezes, são usados
módulos de programas conhecidos comercialmente. No entanto,
os atlas eletrônicos podem ser produzidos usando linguagens
padronizadas de programação, tais como: Visual Basic; Visual e++,
Java, Gis-scripting (Borchet, 1999). E algumas vezes são escritos
diretamente em HTML incluindo alguma coisa em JAVA.

12.5.2.2 VANTAGENS E DESVANTAGENS DE UM ATLAS EM MULTIMÍDIA


As principais características que distinguem um atlas em multimídia
dos impressos são: a flexibilidade, a não-linearidade, a velocidade de
pesquisa, a quantidade de dados, a possibilidade de mantê-lo atualizado,
bem como a dinamicidade.
Franges, Lapaine e Petric (2004) enumeram como principais vantagens
do atlas em multimídia quando comparado a um impresso:
a) velocidade de pesquisa;
b) mudanças de escala;
e) facilidade de transferência do usuário de um lugar para outro no
espaço geográfico em foco;
d) facilidade para procurar nomes ou lugares específicos;
e) 1iberdade do usuário em fazer suas escolhas de visualização, de
segmentos de seu interesse;
f) o fato de não haver limitação ao formato apresentado (folhas-padrão).
Além dessas, Borchet (1999) enumera ainda:
g) a possibilidade de usar mapas dinâmicos para observar conteúdos
dinâmicos ou fazer comparações;
h) possibilidades de interação para mudar variáveis visuais (layer
on/oft);
i) funcionalidade de GIS (questionamentos, buffers, overlays);
_CAJ_•ír_uL_o_12_-_M_uu_1M_ío~_E_C_AAT_~_;RA_ílA~~~~~~~~~~~~~~~~~~~299

j) integração de produtos como atlas, textos de 1ivros, trabalhos


manuais, som, imagens (vídeos);
k) cobertura abrangente que depende da capacidade de estocagem
do CD e do servidor da Internet;
1) facilidade de transporte para o caso dos CD-ROM;
m) facilidade de acesso, se for disponibilizado na web e o
n) aumento do prestígio do editor e do usuário.
Os mesmos autores enumeram as seguintes desvantagens dos atlas em
multimídia:
a) a qual idade gráfica das representações cartográficas na tela não
pode ser comparada com aquela dos mapas impressos;
b) geralmente, as classificações de rodovias são insuficientes;
c) os algoritmos para localização automática de títulos ainda são
imperfeitos.
Acrescentaríamos estas outras para o caso de usuários do Brasil:
d) o acesso de um público ainda muito restrito, pois o percentual de
pessoas que têm acesso ao computador é ainda muito pequeno;
e) dificuldades de uso de software SIG, pois ainda não há cultura de
uso de programas SIG para a população em geral;
f) problemas relacionados à construção do atlas como, a falta de dados
cartográficos e espacializados, cuja conseqüência é o aumento dos
custos na construção da base de dados;
g) ausência de profissionais especializados em representações
cartográficas com conhecimento em mídia e comunicação; e
h) a falta de cultura na área da Cartografia - visão do mapa como um
poderoso meio de comunicação da informação, tanto para quem o
faz como para quem o usa é desconhecida.

12.6 MAPAS COMO FERRAMENTAS PARA A VISUALIZAÇÃO

Mapas são resultados do trabalho de cartógrafos que tentam mostrar


imagens do mundo real tão perto quanto possível da "situação verdadeira".
Essas imagens sempre são resultado da visão particular do cartógrafo. Por isso,
existem discussões acerca da ética do poder dos mapas, pois mostram um
único ponto de vista de dados específicos (Wood, 1992; Monmonier, 1994).
30º----~~~~~~~~~-CAA_T_~·_.AA_nA_-_RCl~_c~_N_~ç~~º~·(_:~_ru_N~~ç~m_E_~s_uM_l~~~-º-ºE-~-º~--~-~_ws

As novas possibilidades de criação e disponibilidade de mapas pelo


computador tornam possível o início de uma superação desta restrição. O
grau de liberdade proporcionado pela multimídia fornece ao usuário a
oportunidade de criar novas visualizações, manipular número e intervalo de
classes, tipos de classificação e até método de mapeamento; um exemplo é
trocar o coroplético pelo de símbolos proporcionais. Também é possível
trocar as cores correspondentes às classes, ou agregar níveis de informação.
Isso é designado de interatividade do usuário com o mapa. Ela permite ao
usuário obter visualizações da realidade segundo seu próprio julgamento.
Nesse contexto surgiu o termo visualização cartográfica, criando muita
discussão na comunidade científica da área de Cartografia, conforme visto
no Capítulo 5 deste livro.
Quanto à questão da interação, as abordagens conceituais devem ser
levadas em conta já que propõem condições adequadas para que ela aconteça
conforme a necessidade de uso do mapa. Como suporte à decisão, a interação
será ligada à função de análise. Um mapa pode ser usado para referência de
lugar na educação, na recreação, em propaganda, no manejo e na
administração.
O conteúdo a ser incorporado deve ser disposto tendo em vista os
objetivos e a estratégia a ser usada no produto multimídia. O material a ser
incorporado deve ser o mais homogêneo possível, isto é, mesmo nível de
generalização e coletado dentro de período de tempo válido para a questão
e ter a qualidade dos dados, haja vista os usuários de produtos multimídia
esperarem que a qualidade dos dados disponíveis seja homogênea. Se isso
não acontecer, deve ser indicado de alguma maneira, considerando onde,
quando e como isso acontece (Ormeling, 1999).

12.7 Es1ocAGEM ó11cA DISPONÍVEL

O disco compacto, comumente designado de CD, foi desenvolvido


em conjunto pela empresa Sony do Japão e a Phillips da Holanda em 1982
(Cartwright, 1999). Como um disco a laser permite o registro da informação
de forma que possa ser lido pela luz, existem CDs graváveis (CD-R, CD+ ou
CD aumentado, que combina música com dados) e CDs regraváveis (CD-
RW, que funciona como se fosse um disquete, no qual podem ser apagados
arquivos e gravados novos). O CD-ROM é um meio de estocagem de no
mínimo 700 MB de dados, de baixo custo e fácil distribuição.
_C~_r_uto_1_2_-M_u_u~_ID_~_EC_AA_roc_;m_~~~~~~~~~~~~~~~~~~~301

O mundo das editoras utilizava, até o início de 2000, principalmente,


o CD-ROM como alternativa ao papel. As enciclopédias grandes e pesadas
foram convertidas em um meio fácil de suporte. Anais de congressos
científicos também passaram a usar esse meio de estocagem de dados. Hoje,
os DVDs (Digital versatile disc, antes denominado Digital vídeo disc) são as
novas alternativas de portabilidade que aumentaram a capacidade de esto-
cagem de dados para até nove gigabytes, facilitando a inclusão de imagens,
som e textos. A indústria do entretenimento, que também já utilizou o CD-
ROM como portador para jogos, videoclipes e filmes, agora utiliza DVDs.
Na Cartografia, a grande capacidade do CD-ROM permitiu que
rapidamente fossem produzidos e publicados diversos Atlas Nacionais,
inclusive o protótipo experimental de uma parte do Atlas Nacional do Canadá
em Multimídia (publicado por completo em 1992). A intenção de usar CD-
ROM era de permitir seu uso em escolas e pelo público em geral (Siekierska;
Armenakis, 1999). Seguiram-se outros Atlas Nacionais, como os da Holanda,
Suécia e outros temas e lugares por exemplo, da população chinesa, Atlas
do Mundo, da National Geographic Society.
No livro Multimedia Cartography, editado por Cartwright, Perterson e
Gartner (1999), diversos pesquisadores descrevem como foram desenvolvidos
oito atlas interativos de diferentes lugares no planeta. A maioria deles foi
desenvolvida para ser distribuída em CD-ROM.

12.8 Ü FUTURO DA CARTOGRAFIA EM MULTIMÍDIA

12.8.1 A NATUREZA EQUALIDADE DOS DADOS


Um bom conteúdo é a chave do futuro da Cartografia em multimídia;
por isso é preciso se estar atento tanto ao conteúdo a ser desenvolvido quanto
a sua qualidade (Taylor, 1999). Portanto, o desenvolvimento da Cartografia
em multimídia, com uma boa qualidade de dados, é imprescindível para
seu uso como ferramenta de análise ou de apresentação e comunicação.
Se o produto a ser apresentado não tiver homogeneidade quanto à
qualidade, deve haver um caminho para mostrá-lo ao usuário. Franger,
Lapaine e Petric (2004) comentam sobre algumas soluções para dar a idéia
da acurácia dos dados. Uma das sugestões é o uso de sons agradáveis durante
a apresentação de dados de boa qualidade e sons desagradáveis para aqueles
de má qualidade ou, ausência de som quando os dados foram checados e
302~~~~~~~~~~~-C_AR_'KX_;~_l_IA-_R_[l'R_[S[_NT~~-Ao~,<_"O~_IUN_IC~~~-·o_E_VIS_UA_ll~~~-º-~-º-Aº-~-~-~~ws

mostraram-se bons ou adequados. Outra sugestão apontada pelos autores é


para o caso de vídeos. Se os dados espaciais não são confiáveis, podem
mascarar e obscurecer a apresentação, ou então cria-se a transferência de
cores entre as classes. Mais uma sugestão é quanto ao uso de símbolos. Os
dados precisos ou de qualidade seriam representados com signos claros e
precisos e os sem acurácia ou sem qualidade, com signos não claros e difusos.
Os mesmos autores comentam também o aspecto profissional ligado
aos dados. Segundo eles, os cartógrafos têm muito interesse em dados de
qualidade e também em mantê-los atualizados, cuja conseqüência é a
obtenção de produtos cartográficos confiáveis para os usuários. Caso
contrário, um graride número de usuários pode cometer caros enganos, o
que finalmente vai refletir na profissão de cartógrafo.
Por outro lado, a disponibilidade de dados é uma questão técnica e
administrativa, na visão de Taylor (1999). Na questão técnica, são
consideradas a captura, estruturação, integração, interoperalidade, indexação,
descrição e padronização de dados. Todas são importantes, mas resolvíveis.
O problema maior é com a questão administrativa, isto é, com o preço, com
o acesso aos dados espaciais, e também com outras questões pertinentes aos
direitos reservados e à propriedade intelectual, que começam a ter significado
na Cartografia nos tempos atuais. Segundo o autor, poucas concordâncias
existem em como resolver esses problemas. Cada país tem uma postura
própria a respeito dos dados. Alguns tendem a considerar os dados espaciais
como um produto comercial e o custo deles deve ser coberto pelo usuário.
Isto acontece no Reino Unido onde os direitos autorais são vigorosamente
protegidos. Outros países tendem a ser mais flexíveis, tomando posições
intermediárias e variáveis. Contudo, parece que o preço e a disponibilidade
dos dados estão definitivamente "amarrados" à sua qualidade. Quanto mais
confiável, mais caro e mais restrito é o acesso.
Outro fator ainda em discussão a respeito dos dados é sobre o papel
das agências nacionais de mapeamento. Algumas têm produzido além de
mapas, outros produtos como atlas eletrônicos em CD-ROM. O Canadá e a
Holanda produziram o Atlas Nacional na web. O Atlas nacional do Brasil,
publicado em 2000 pelo IBGE, foi impresso, mas os dados estatísticos por
município, estado e os nacionais foram publicados em CD-ROM. O IBGE
também disponibilizou em 2003 o atlas geográfico escolar em CD-ROM e
em 2005 na web. Todos são comercializados por preços acessíveis aos
usuários comuns.
_c~_rr_uL_o_12_-_M_oo_~i_m~_E_CART~~-·w_~~~~~~~~~~~~~~~~~~~-303

12.8.2 NOVAS ÁREAS DE APLICAÇÃO DA (ARTOGRAFIA EM MULTIMiD\A

A escolha do que será mapeado ou mostrado na Cartografia em


multimídia é também muito importante para o seu desenvolvimento (Taylor,
1999). A maioria das aplicações tem acontecido para atlas e na apresentação
em 3-0 de paisagens urbanas, o que representa um avanço para os
cartógrafos. Nesse tipo de aplicação, Francula e Lapaine (1999 apud Franger;
Lapaine; Petric, 2004) apontam a existência de demanda de outras disciplinas,
como o planejamento regional e urbano, telecomunicações, organismos de
proteção ambiental e de monumentos culturais e turismo. Por isso, é
importante pesquisar a real necessidade dos usuários.
Outra maneira de desenvolver a Cartografia em multimídia, diz Taylor
(1999), é escapar das restrições do mapeamento topográfico tradicional e
expandir a aplicação do mapeamento temático para áreas completamente
novas, muitas das quais nunca foram mapeadas. Nesta direção seguem as
pesquisas de Cooper (2003)- levantamento e representação do espaço interno
do corpo humano; Silver (2003)-emprego da ótica para interpolar superfícies
3-D irregulares que não podem ser descritas convencionalmente por meio
de perspectiva linear ou mapas em papel; Jones (2003) - mapeamento do
espaço musical em duas e três dimensões; e outros autores do "The Yale
Symposium 11 de Silver e Balmori (2003).
O extremamente inovador está em desenvolvimento nos laboratórios
de ensino, dizem Franger, Lapaine e Petric (2004). Projetos com simulações
e experimentos em tempo real para apresentações com visualizações em
estéreo e pesquisas na chamada realidade virtual estão acontecendo nos
mais diversos lugares do mundo. Atualmente, isto parece ficção, mas elas
existem como pesquisa e num futuro próximo devem se tornar realidade.
Isto é tão certo como a impressão holográfica que deve estar disponível no
mercado na primeira década deste século. Será possível ver todas as cores
de uma impressão em 3-0 sem auxílio de equipamentos, sem óculos
especiais.
Taylor (1999) acredita que o maior mercado para produtos multimídia
é o do entretenimento, em que os jogos interativos são uma parte importante.
A educação e treinamento também são mercados em expansão, assim como
o edutenimento. 3 No tocante à educação, o Canadá parece estar à frente
com o Projeto Schoolnetque dispõe, via Internet, mapas para todas as escolas
com a parceria do governo e a iniciativa privada.
1
· Edutenimento é um processo pelo qual a tecnologia interativa é usada para promover a
educação e entretenimento ao mesmo tempo.
304~~~~~~~~~~~~C_AA_T~_;AA_Fl_A-_R_c~_c~_NT_A~_·o_,c_:c~_ru_MCA(A
___.o_E_~s_uM_~_çAo
__~~DADOS~~-~-ws_

Um produto em multimídia muito interessante lançado em 1996 no


Canadá é o Canadian Geographic Explorer. Taylor (1999) explica em detalhes
como ele funciona, o qual, na verdade, é um produto de edutenimento.
Novas aplicações da Cartografia em multimídia devem acontecer, assim
como as mudanças tecnológicas devem continuar. Muitas outras mudanças
devem acontecer, ou outras coisas devem merecer atenção para mudar; muito
mais, com certeza, do que foi apresentado aqui, com o apoio de nomes
expoentes da Cartografia mundial, ou inovadores no seu uso. Entretanto, é
oportuno lembrar a velha discussão da Cartografia como ciência e/ou arte.
Talvez ela não possa ser, mesmo na era digital, encarada como arte, mas as
novas possibilidades visuais, sonoras e táteis nela incluídas podem provocar
emoções e valores humanos. E isto sim é inovador e, na visão particular
desta autora, fará as maiores mudanças na Cartografia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, J. B. de. Fotogrametria. Curitiba: SBEL, 1998. 258p.

ANDRÉ, A. L'expression graphique: cartes et diagrammes. Paris: Masson, 1980.


223p.

BAKKER, M. P. R. de. Cartografia: noções básicas. s.I., OH 21-1. 1965.

BARBETTA, P. A. Estatística aplicada às ciências sociais. 5.ed. Florianópolis:


EdUFSC, 2002. 340p., il. (Série Didática).

BARBOSA, G.; RABAÇA, C. A. Dicionário de comunicação. 2.ed. Rio de Janeiro:


Campus, 2001.

BATTY, M. New Developments in urban modeling: simulation, representation,


and visualization. ln: GUHATHAKURTA, S. (Ed.). lntegrated land use
environmental mode/s: a survey of current applications and research. Berlin:
Springer-Verlag, 2003. p.13-52.

BELBIN, J. A. Gestalt theory applied to cartographic text. ln: WOOD, C. H.;


KELLER, C. P. (Ed.). Cartographic design: theoretical and practical perspectives.
New York: John Wiley & Sons, 1996. p.253-269.

BERTIN, J. A neográfica e o tratamento gráfico da informação. Tradução de Cecília


Maria Westphalen. Curitiba: Ed. UFPR, 1986. 273p., il. Título original: La
graphique et le traitement graphique de l 'information.

BORCHET, A. Multimedia atlas concepts. ln: CARTWRIGHT, W.; PETERSON, M.


P. P.; GARTNER, G. Multimedia cartography. New York: Spinger, 1999. p.75-86.

BRANDALIZE, M. C. B. A qualidade cartográfica dos resultados do laserscanner


aerotransportado. 2004. 240f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil)) - Programa
de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2004.
306~~~~~~~~~~~-0.R_r_~;_w_~--~-~-™_NT~A~~·o~,c-~_ruN_u~~-·o_c~_u_M_~~~-º-~-OADOS~-~-~w_s

BRASIL, Departamento Nacional da Produção Mineral. Projeto RADAMBRASIL,


Mapa Geológico, Mapa Exploratório de Solos. Folha SE.21 Corumbá e parte da
Folha SE.20. Rio de Janeiro. 1982. 70 x 105 cm. Escala: 1: 1.000.000

BREWER, C. A. Colar use guidelines for mapping and visualization. ln:


MACEACHREN, A. M.; TAYLOR, D. R. F. Visualization in modem cartography. 1si
ed. New York: Elsevier Science Ltd., 1994. p.123-147.

BURROUGH, P. A. Principies of geographical information systems for land


resources assessment. New York: Oxford University Press, 1986. 194p.

CAETANO, M. et ai. Desenvolvimento de aplicações para generalização de


cartografia temática. ln: CONGRESSO BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA da
PUCRS, 20., 2001, Porto Alegre. Anais... Disponível em CD-ROM.

CAMPBELL, James B. Land use and cover inventory. ln: PHILIPSON, Warren R.
(Ed.). Manual of photographic interpretation. 2ºd ed. Maryland: ASPRS, 1997.
cap.9, p.335-364.

CARTWRIGHT, W.; PETERSON, M. P. P; GARTNER, G. (Eds.). Multimedia


cartography. New York: Springer, 1999. 343p.

CARTWRIGHT, W.; PETERSON, M. P. Multimedia cartography. ln: CARTWRIGHT,


W.; PETERSON, M. P. P.; GARTNER, G. (Eds.). Multimedia cartography. New York:
Springer, 1999. p.1-1 O.

CARTWRIGHT, W. Development of multimedia. ln: CARTWRIGHT, W.;


PETERSON, M. P. P.; GARTNER, G. (Eds.). Multimedia cartography. New York:
Springer, 1999. p.11-30.

CARVALHO, M. et ai. Arte como complemento do design. Florianópolis: UFSC,


2002. Disponível em: <http://www.cev20012.hpg.ig.eom.br/profs/2/marisa/
grupo 12.doc>. Acesso em: mar. de 2004.

CHEMIM, F. C.; LUNARDI, O. A.; FAGUNDES, F. de O. Produção e estrutura dos


arquivos digitais disponibilizados para SIC pela DSG. ln: CONGRESSO
BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA, 20, 2001, Porto Alegre. Anais ... Porto Alegre,
2001. CD-ROM.

CLAVAL, P. A geografia cultural. Florianópolis: Ed. da UFSC, 1999. 453p., il.

COLWELL, R. N. History and place of photographic interpretation. ln: SLAMA, C.


C. (Ed). Manual of photographic interpretation. 200 ed, 1997. p.3-47.

COOPER, J. Rapt: MRI self-portraits. ln: SILVER, M.; BALMORI, D. (Eds.). Mapping
in the age of digital media: the Yale symposium. Chichester: Wiley-Academy,
2003. p.92-98.
COSGROVE, D. Historical perspectives on representing and transferring spatial
knowledge. ln: SILVER, M.; BALMORI, D. (Eds.). Mapping in the age of digital
media: the Yale symposium. Chichester: Wiley -Academy, 2003. p.128-137.
COSTA, S. M. A. Solução na compatibilização de diferentes materializações de
sistemas de referência. ln: SEMINÁRIO SOBRE REFERENCIAL GEODÉSICO NO
BRASIL, 1. Rio de Janeiro, 2000. Anais... p.1-12.

CRISTOFOLETTI, A. Modelagem de sistemas ambientais. São Paulo: Edgard


Blücher Ltda, 2000.

CUNHA, A. G. da. Dicionário etimológico Nova Fronteira da língua portuguesa.


2.ed. suplemento. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 11 u impressão, 1999.

DE BIASI, M. A carta clinográfica: os métodos de representação e sua confecção.


Revista do Departamento de geografia da USP, São Paulo, n.6, p.45-61, 1977.

OI BIASE, D. Visualization in the earth sciences, earth and mineral sciences. ln:
Bulletin of the col/ege of earth and mineral sciences, s.I.: PSU, v.59, n.2, 1990.
p.13-18.

DENT, B. D. Cartography: thematic map design. 4111 ed. Chicago, USA: Wm. C.
Brown Publishers (WCB), 1996. 428p.

DNPM - DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL. Manual


Técnico de Geologia. Brasília: DNPM, 1985. 355p.

DRANSCH, D. Theoretical issues in multimedia cartography. ln: CARTWRIGHT,


W.; PETERSON, M. P. P.; GARTNER, G. (Eds.). Multimedia cartography. New York:
Springer, 1999. p.41-50.

OUTRA, L. V. et ai. The use multi-frequency interferometric products to improve


SAR imagery interpretability and classification by image fusion. Disponível em:
<http://www.npdi.dcc.ufmg.br/workshop/wti2002/pdf/dutra.pdf> Acesso em 05
fevereiro 2005.

FERNANDES, G. M. O. Estruturação de sistema de informações geográfico -


ambiental da sub-bacia hidrográfica do Ribeirão da Velha, Blumenau, SC. 2000.
116f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2000.

FERREIRA, Aurélio, B. H. Pequeno dicionário brasileiro da língua portuguesa. Rio


de Janeiro: Civilização Brasileira S.A, 1979.

FLOOD, M. Laser altimetry: from science to commercial LIDAR mapping.


Photogrammetric Engineering & Remate Sensing, EUA, v.67, n.11, p.1209-1218,
nov. 2001.
308~~~~~~~~~~~-CAA_roow_·~~--R-~-~-m~AÇAO~·-·c_·~_ruNJCAÇA---"_·o_c~_~_M_IZAÇÃ-'--o-~_DAOOS~~-~~

FONSECA, J. S. da; MARTINS, G. de A. Curso de estatística. 3.ed. São Paulo:


Atlas, 1982. 286p.

FONSECA, J. S. da; MARTINS, G. de A.; TOLEDO, G. L. Estatística aplicada. 2.ed.


São Paulo: Atlas, 1985. 267p.

FRANGER, S.; LAPAINE, M.; PETRIC, V. P. Current changes in cartographic


visualization. Disponível em:<http://wwwl.elsevier.com/homepage/misdcageo/
hypermap/paper/hypermap.htm>. Acesso em: 05 de maio de 2004.

GEMAEL, C. Sistema de projeção (apostila elaborada para o Curso de Pós-


Graduação em Ciências Geodésicas). Curitiba, 1976. 126p. (mimeo.)

GRACIANI, S. D. Aplicação das imagens de sensoriamento remoto para avaliar


alguns parâmetros da qualidade da água de lagoas artificiais em áreas de
mineração. 2000. 107f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil)) - Programa
de Pós-Graduação em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2000.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual técnico de


uso da Terra. 2. ed. Diretoria de Geociências, IBGE, Coordenação de Recursos
Naturais e Estudos Ambientais, Manuais Técnicos em Geociências, n. 7, 2006. 91 p.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Proposta


preliminar para a adoção de um referencial geocêntrico no Brasil. Rio de Janeiro:
IBGE, 2000. 30 p.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sistema de


recuperação de informações georreferenciadas. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. CD-
ROM.

IBGEa - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas


Geográfico. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. 198p.

IBGE- INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual técnico


de uso da Terra. Coord: Helge Henriette Sokolonski. Rio de Janeiro: IBGE,
Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, 1il. Divisão de
Geociências do Nordeste, n.7, 1999. 58p.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual técnico


de geologia. Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Rio de
Janeiro: IBGE, n.6, 1998. 306p.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual técnico


de geomorfologia. Coordenador: Bernardo de Almeida Nunes et ai. Departamento
de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, Rio de Janeiro: IBGE, n.5, 1994.
113p.
_Rrr_ERlNc
__~_B_IBL_r~_RÁl_ICAS
__________________________________________~J09

IBGE. Manual de normas, especificações e procedimentos técnicos para a carta


internacional do mundo, ao milionésimo - CIM 1: 1 000 000. Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística, Departamento de Cartografia, Manuais Técnicos em
Geociências, n.2, 1993. 63p.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Centro de


Documentação e Disseminação de Informações. Normas de apresentação tabular.
3.ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1993. 62p.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Folha Curitiba


da Carta CIM. Rio de Janeiro: IBGE, 1976. Escala: 1:1 000 000.

IBGE <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 05 de nov. de 2004.

ICA- INTERNATIONAL CARTOGRAPHIC ASSOCIATION - Disponível em:


<http://www.geovista.psu.edu/icavis/> Acesso em: 14 de agosto de 2003

IMHOF, Eduard. Cartographic relief presentation. New York: de Gruyter, 1982.


389p.

ITRES. Notes, v.2, n.1, 1994.

JOÃO, E. M. Causes and consequences of map generalisation. London: Taylor


Francis, 1998. 266p.

JONES, E. Mapping musical space. ln: SILVER, M.; BALMORI, D. (Eds.) Mapping
in the age of digital media: the Yale symposium. Great Britain: John Wiley & Sons
Ltd., 2003. p.64-79.

KARNAUKHOVA, E. A intensidade de transformação antrópica da paisagem


como um indicador para análise e a gestão ambienta/ (ensaio metodológico na
área da Bacia Hidrográfica do Rio Fiorita, Município de Siderópolis, SC). 2000.
222{. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) ) - Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
2000.

KLAMT, E. et ai. Proposta de normas e critérios para execução de levantamentos


semidetalhados de solos e para a aptidão agrícola das terras. Pelotas: Núcleo
Regional Sul da Sociedade Brasileira do Solo. n.5, 2000. Boletim Técnico.

KORTE, G. B. The gis book: the smart manager's guide to purchasing,


implementing and a running geographic information system. 2"" ed. Santa Fé:
Onword Press, 1992. 166p.

KRAAK, M.; Driel, R. Principies of hypermap. Disponível em: < http://


wwwl .elsevier.com/homepage/misdcageo/hypermap/paper/hypermap.htm>.
Acesso em: 30 de abr. de 2004.
310~~~~~~~~~~~-C_AA_R_x;R_Af_IA_-R_'ll'R_'™_NT_A~~··c~~c_:c~_IU_NIC~:~~·Af_>E_v1s_uAf_l~~~~º-º-ED_~_~_~_~~CI~

KRAAK, M. J.; ORMELING F. J. Cartography: visualization of spatial data. Harlow,


England: Addison Wesley Longman Limited, 1997. 222p.

LEE, D. H. E. Climate and economic development in the tropics. Tradução:


Conselho de Relações Exteriores - Brasil. Guanabara, Rio de Janeiro, 1967. 166p.

LIBAULT, A. Geocartografia. São Paulo: Nacional e Universidade de São Paulo,


1975. 388p.

LINDHOLM, M.; SARJAKOSKI, T. Designing a visualization user interface. ln:


MACEACHEREM, A. M.; TAYLOR, D. R. F. (Eds.). Visualisation in modem
cartography. Oxford: Elsevier Science, 1994. p.167-184.

LOCH, C.; CORDINI, J. Topografia ·contemporânea: planimetria. 2.ed.


Florianópolis: EdUFSC, 2000. 321 p.

LOCH, R. E. N. Estruturação de dados geográficos para a gestão de áreas


degradadas pela mineração. 2000. 202f. Tese (Doutorado em Ciências Florestais)
- Programa de Pós-Graduação em Eng. Florestal, Universidade Federal do Paraná,
Curitiba, 2000.

LOCH, R. E. N.; LIMA JÚNIOR, C. de O. Generalização cartográfica: uma


metodologia aplicada a mapas temáticos. ln: CONGRESSO BRASILEIRO DE
CARTOGRAFIA, 20, 2001, Porto Alegre. Anais... Porto Alegre, 2001. CD-ROM.

LOHR U. R. Precise LIDAR DEM und true ortho photos. Paper em CD-ROM.
2003.

MACEACHREN, A. M.; KRAAK, M. Exploratory cartographic visua/ization:


advancing the agenda. Disponível em: <http://www1.elsevier.com/homepage/
misc/cageo/mk/mkintro.htm>. Acesso em: 11 de maio de 2004.

MACEACHREN, A. M.; TAYLOR, D. R. F. Visualization ln modem cartography. v.2.


Tarriytown: Elsevier Science, lnc., 1994. 345p.

MACEACHREN, A. M. Visualization in modem cartography: setting the agenda.


ln: MACEACHREN, A. M; TAYLOR, D. R. F. (Eds.). Visua/isation in· Modem
Cartography. Oxford: Elsevier Science, 1994. p.1-12.

MARTINELLI, M. Atlas geogrcifico: natureza e espaço da sociedade. São Paulo: Ed.


do Brasil, 2003. 80p.

MARTÍNEZ-ALVARES, J. A. Cartografia geológica. Espanha: Paraninfo S.A, 1989.


477p.

MASSARANI, E. Von L. O encanto dos mapas. Ventura, Rio de Janeiro e São


Paulo, n.44, p.108-123, 2004.
__
om_uoc_;AAr_1CAS
_Rr_rrR_t~_~ __________________________________________~J11

MAUNE, D. F. et ai. lntroduction ln digital elevation model technologies and


applications: the DEM user manual. ln: MAUNE, D. F. et ai. (Ed.). Digital elevation
model technologies and applications: the DEM user manual. SI: ASPRS, p.1-34,
2001.

MCGUINNESS, C. Expert/Novice use of visualization toais. ln: MACEACHREN, A.


M. and TAYLOR, D. R. F. (Eds). Visua/ization in modem cartography. 1~ ed. New
York: Elsevier Science Ltel., 1994. p.185-199.

MICELI, P. O tesouro dos mapas. A Cartografia na formação do Brasil.São Paulo:


Instituto Cultural Banco Santos, 2002. 171 p. CD-ROM.

MILLER, A. A. Climato/ogy. 5•h eel. London: Butler & Fanner. 1976. 305p.

MONKHOUSE, E. J.; WILKINSON, H. R. Maps and diagrams. 3 1" ed. Methuen &
CO LTD: London, 1971. 522p.

MONMONIER, M. Graphic narratives for analyzing environmental risks. ln:


MACEACHREN, A. M.; TAYLOR, D. R. F. (Eds.). Visualization in modem
cartography. 1~• ed. New York: Elsevier Science Ltd., 1994. p.201-213.

MONTGOMERY, G. E.; SCHUCH, H. Gis data conversion handbook. Fort Collins,


USA: Gis World, lnc. 1993. 292p.

MÜLLER, J.C; LAGRAMGE, J. P.; WEIBEL, R. (Eels.). G/5 and generalization:


methodology anel practice. London: Taylor & Francis, 1995. 257p.

OLIVEIRA, C. ele. Dicionário cartográfico. 2.ed.rev. Rio de Janeiro: IBGE, 1983.


781p.

OLIVEIRA, F. H. Modelagem de terreno utilizando sistemas fotogramétricos.


Florianópolis. 2002. 170f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) -
Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal
de Santa Catarina, 2002.

ORBISAT. OrbiSat da Amazônia. CartoSUR li. Disponível em <http://www.orbisat.


com.br/sensoriamento remoto/projetos.html>. Acesso em: 12 dez. de 2005.

ORMELING, F. Map concepts in multimedia products. ln: CARTWRIGHT, W.;


PETERSON, M. P. P.; GARTNER, G. (Eds.). Multimedia cartography. New York:
Springer, 1999. p.65-74.

PETERSON, M. P. Cognitive issues in cartographic visualization. ln:


MACEACHEREM, A. M; TAYLOR, D. R. F. (Eds.). Visualisation in Modem
Cartography. Oxford: Elsevier Science, 1994. p.27-43.

RAISZ, E. Cartografia geral. Rio de Janeiro: Científica, 1969.


312~~~~~~~~~~~-0.R~Toc_·RAF~~--R_r~_&_N_~Ç~"ÁO~,c_m_1u_NJ~~~~·o_E_V1SU_M_IZAÇÃ........_O_~_D_AOOS~~-~~ws

RANZANI, G. Manual de levantamento de solos. 2.ed. São Paulo: Edgard Blucher


Ltda, 1969.

RECK, C. B. Subsídios para o zoneamento costeiro de uso da área de proteção


ambienta/ -APA Costa Brava, SC. Florianópolis. 2003. 202f. Dissertação
(Mestrado em Ciências Geografia) - Curso de Pós-Graduação em Geografia -
Universidade Federal de Santa Catarina, 2003.

RESENDE, M. et ai. Pedologia: base para distinção de ambientes. 3.ed. Viçosa:


NEPUT, 1999.

RICHARDUS, P.; ADLER, R. K. Map projections for geodesists, cartographers and


geographers. Amsterdam, London: North-Holand Publishing Company, 1972.
174p.

RIMBERT, S. Cartes e graphiques. 1.ed. Paris: SEDES, 1964. 236p.

RIMBERT, S. Leçons de cartographie thématique. 1.ed. Paris: SEDES, 1968. 139p.

ROBINSON, A. M. et ai. Elements of cartography. 61h ed. New York: John Wiley &
Sons, lnc., 1995. 674p.

ROCHA, R. dos S. da. Proposta de definição de uma projeção cartográfica para


mapeamento sistemático em grande escala para o Estado do Rio Grande do Sul.
1994. 61 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Geodésicas) - Curso de Pós-Gra-
duação em Ciências Geodésicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1994.

ROSOT, N. C. Integração de imagens de sensores de microondas e ópticos para


fins de mapeamento e classificação de reflorestamentos no Sul do Brasil. 2001.
190f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Programa de Pós-
Graduação em Eng. de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2001.

ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1995.


546p.

SCHÃFER, A. G. Aplicação de produtos fotogramétricos e do sensor Laser Scanner


em projetos rodoviários - estudo de caso: trecho da SC-414. 2004. 1 20f.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.

SANTA CATARINA Secretaria de Desenvolvimento Social. [2003?]

SANTA CATARINA turismo: Folder. Florianópolis. [1995?]. 1 folder: colar.

SIEKIERSKA, E. M. and ARMENAKIS, C. Territorial evolution of Canada - an


interactive multimedia cartographic presentation. ln: CARTWRIGHT, W.;
PETERSON, M. P. P.; GARTNER, G. Multimedia cartography. New York: Springer,
1999. p.131-139.
_RE_FER_tN_CIM_B_IBL_JOG_·RAr_~_M__________________________________________~313

SILVA, J. T. Da. Geoprocessamento para análise ambiental. Rio de Janeiro: J.


Xavier da Silva, 2001. 214p.

SILVEIRA FILHO, J. E. da. Especificação de um módulo de exibição para um


sistema de informações cartográficas. 1989. 220f. Dissertação (Mestrado em
Ciências da Computação) - Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, 1989.

SILVER, M.; BALMORI, D. (Eds.). Mapping in the age of digital media: the Yale
symposium. Chichester: Wiley-Academy, 2003. 144p.

SILVER, M. Mapping in the age of digital media. ln: SILVER, M.; BALMORI, D.
(Eds.). Mapping in the age of digital media: the Yale symposium. Chichester:
Wiley-Academy, 2003. p.8-13.

SIMIELLI, M. E. R. Variação espacial da capacidade de uso da terra. Um ensaio


metodológico de cartografia temática, aplicado ao Município de Jundiaí, SP.
1981. 89f. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade de São Paulo,
Instituto de Geografia, São Paulo, 1981.

SIMIELLI, M. E. R. O mapa como meio de comunicação: implicações no ensino


da Geografia do 1° grau. 1986. 205f. Tese (Doutorado em Geografia) -
Universidade de São Paulo, Instituto de Geografia, São Paulo, 1986.

SIMIELLI, M. E. R. Geoatlas básico. São Paulo: Ática, 2002. 80p.

SIMIELLI, M. E. R. Geoatlas. São Paulo: Ática, 1999. 112p.

SLOCUM, T. A., et ai. Cognitive and usability issues in geovisualization.


Disponível em: <http://www.hig.se/-bjg/SlocumLongPluslllus.pdf> Acesso em: 07
de maio de 2004.

SLUTER, C. R. Visualização Cartográfica: o avanço da cartografia digital e


pesquisas futuras. ln: CONGRESSO BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA, 20, 2001,
Porto Alegre. Anais... Porto Alegre, 2001 . CD-ROM.

SMALL, J. et ai. Dicionário de Geografia. 1.ed. Lisboa: Publicação Dom Quixote


Ltda, 1992. 166p.

TAYLOR, D. R. F. Future directions for multimedia cartography. ln: CARTWRIGHT,


W.; PETERSON, M. P. P.; GARTNER, G. (Eds.). Multimedia cartography. New York:
Springer, 1999. p.315-325.

TAYLOR, D. R. F. Challenge and response in cartographic design. ln: WOOD, C.


H; KELLER, C. P. (Eds.). Cartographic Design: theoretical and practical
perspectives. Chichester, England: John Wilely & Sons Ltd, 1996. p.11-18.

TAYLOR, D. R. F. Perspectives on visualization and modem cartography. ln:


MACEACHEREM, A. M.; TAYLOR, D. R. R. (Eds.). Visualisation in modem
cartography. Oxford: Elsevier Science, 1994. p.333-341.
314~~~~~~~~~~~~C_AA_TO<_;RN_~_-_R_c~_~_NT~~~m~,c-~_IU_Nla~ç~m_E_~_~_l~_~~º-~-º-A-~~-[_S~~CIAI

[T347 _I] Diretoria de Serviço Geográfico do Exército, T34700 1 Parte -


Convenções Cartográficas, Normas para Emprego de Símbolos, 2000.

UFSC. Laboratório de Fotogrametria, Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto.


Acervo de mapas, imagens e aerofotos com fins didáticos. Florianópolis. 2004.

VIANA, C. R. F. et ai. Mapoteca topográfica digital - nova versão. ln:


CONGRESSO BRASILEIRO DE CARTOGRAFIA, 20, 2001, Porto Alegre, Anais...
Porto Alegre, 2001 . CD ROM.

WEHR, A.; LOHR, U. Airborne laser Scanning: a introduction and overwiew.


Journal of Photogrammetry and Remote Sensing. v.54, n.2-3, p.68-82. 1999.

WOOD, C. H.; KELLER, C. P. Design: its place in cartography. ln: WOOD, C. H;


KELLER, C. P. (Eds.). Cartographic design: theoretical and practical perspectives.
Chichester: John Wiley & Sons, lnc, 1996. p.1-1 O.

WOOD, D. The power of maps. New York: The Guilford Press, 1992. 248p.
• CONFECCIONADO, CONFORME ORIGINNS RECEBIDOS,
NO PARQUE GRÁFICO DA

Ili
UNIVERSIDADE FEDERAL OE SANTA CATARINA

FLORIANÓPOLIS · SANTA CATARINA· FEVEREIR0/2008

IJll'lEl!A UHIY!MITWA • 40 AJI OI 0[ HBTÓ~A


Ruth 1:. Nogueira é formada em
Engenharia Cartográfica pela
Universidade Federal do Paraná
(UFPR), em 1983, mestre em
Geografia pela Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC) e
doutora em Engenharia Florestal
também pela Universidade Federal
do Paraná. Organizou em 1986 sua
primeira publicação técnica na área
de aerolevantamentos , quando
trabalhava como engenheira
cartógrafa em empresa desse
campo de atividade. Como profes-
sora do Departamento de Geociên-
cias da UFSC desde 1992 e dos
programas de Pós-Graduação em
Geografia e Engenharia Civil desde
2000, vem ensinando as disciplinas
correlatas à área de Cartografia e
orientando estudantes de gradua-
ção e pós-graduação em temas que
de alguma maneira envolvem esta
área. Desde então publica os
resultados de suas pesquisas e a
experiência com o ensino na UFSC
em periódicos e Anais de eventos
científicos de Cartografia, de
Sensoriamento Remoto e de
Cadastro Técnico Multifinalitário.
Faz parte da Sociedade Brasileira de
Cartografia e da Rede de Tecnologia
Aeroespacial e Cartográfica.
/ .
';...
. . . :
~ - • • : •
.,
" .. '· .'<'
,.•.
• . .- •• -r-
.,,,,,.
, . ,. .. ·... í ;.. w" • .. .,
,. : ' • ~· -·"-~ 1 o'·~
• 1 f ~ _J~J :k..~·J..~~·.:. "' ' .

SÉRIE DIDÁTICA

A interpretação de imagens aéreas Inteligência Artificial: ferramentas e teorias


Algoritmos numéricos - seqüenciais e paralelos Introdução à Engenharia
Análise sensorial de alimentos Introdução à Engenharia: conceitos, ferramentas e
Anomalias laríngeas congênitas comportamentos
Assistência social: do discurso do Estado à prática do Introdução à Física Nuclear e de Partículas
Serviço Social Elementares
AutoCAD 2000 - guia prático para desenhos em 2D Introdução à Matemática
AutoCAD 2004 - guia prático para desenhos em 2D Introdução à Química Inorgânica Experimental
AutoCAD R14 - guia prático para desenhos em 2D Introdução à Teoria dos Grafos
AutoCAD R14 - guia prático para desenhos em 3D Introdução à Topologia Geral
Avaliação nutricional de coletividades Introdução ao Laboratório de Física
Cálculo 1 Latim para o português - gramática, língua e literatura
Cálculo A Le Français Parlé, pratique de la prononciation du Français
CálculoC Macroescultura dental
Cálculo de indutância e de força em circuitos elétricos Manual básico de Desenho Técnico
Cálculo e Álgebra Linear com Derive MapleV
Cáncer - o que você precisa saber Matemática - 100 exercícios de grupos
Cartografia - representação, comunicação e Matemática Financeira através da HP-12C
visualização de dados espaciais Matrizes e sistemas de equações lineares
Centro cirúrgico: aspectos fundamentais para Microbiologia - manual de aulas práticas
Enfermagem Monitoramento global integrado de propriedades rurais
Classificação Decimal Universal - CDU Natação: ensine a nadar
Construindo em alvenaria estrutural Noções básicas de Geometria Descritiva
Desenho geométrico O papel da escola na construção de uma sociedade
Desenho técnico mecânico democrática
Diagnóstico do meio físico de bacias hidrográficas Óleos e gorduras vegetais - processamento e análise
Elementos básicos de fotogrametria e sua utilização prática Princípios de combustâo aplicada
Eletromagnetismo e câlculo de campos Promenades - textes et exercises pour la classe de Français
Eletromagnetismo para Engenharia: estática e Propriedades químicas e tecnológicas do amido de
quase-estática mandioca e do polvilho azedo
Eletrônica básica: um enfoque voltado à Informática Química Básica - teoria e experimentos
Engenharia de protocolos com LOTOS/ISO Redação
Estatística aplicada às Ciências Sociais Redação oficial
Ferramentas de corte 1 Redes de Petri
Ferramentas de corte II Taguchi e a melhoria da qualidade: uma releitura crítica
Filtros seletores de sinais Teaching in a dever way - tarefas comunicativas para
Fundamentos de Cartografia professores de Língua Inglesa do 1° grau
Fundamentos de sistemas hidráulicos Tecnologia de grupo e organização da manufatura
Geração de vapor Teoria fundamental do motor de indução
Gramática básica do Latim Topografia contemporânea - Planimetria
Identificação de sistemas dinâmicos lineares Transmissão de energia elétrica
Influência açoriana no Português do Brasil Unidades de informação: conceitos e competências
Inteligência Artificial Ventilação industrial

ISBN 978-85-328-04 14-3

9 788532 804143

Das könnte Ihnen auch gefallen