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Proletários de todo o mundo, uni-vos!

MUNDO SOCIALISTA
O QUE É A REVISTA MUNDO SOCIALISTA?
Assim como no Brasil, também nos países que passaram pela construção
do socialismo, os revolucionários tiveram de superar e rechaçar todo
tipo de confusão de ideias, de reformismo, de tendências conciliadoras
e de traição no seio do movimento popular para colocarem este sob a
direção da classe operária, isto é, sob a direção do Partido de vanguarda
da classe operária, e tomarem de assalto o poder político da burguesia e
das classes dominantes para darem início à construção da nova socie-
dade livre de toda exploração e opressão do homem pelo homem, a so-
ciedade comunista. Com o lançamento da coleção Mundo Socialista,
pretendemos mostrar a nossos leitores as experiências de construção do
socialismo – que passaram por estes mesmos processos – pelo mundo.
Da URSS à China, da Coreia ao Vietnã, à Cuba ao Camboja, centenas de
milhões de operários e camponeses se levantaram em sua luta liberta-
dora contra os opressores, pela libertação nacional, pelo socialismo e o
comunismo. Livrando-se das chagas do sistema capitalista mundial, tais
países, sem exceção, libertaram-se do atraso, da fome e da miséria, do
analfabetismo generalizado, da dominação por parte de países estran-
geiros e, sob todo tipo de ameaças por parte do capitalismo mundial,
militares ou “diplomáticas” (bloqueios comerciais, campanhas de desin-
formação), seguiram pelo caminho do socialismo que há tanto tempo
ansiavam suas populações. O anticomunismo internacional, na tentativa
de obscurecer as conquistas de tais países (frequentemente reconheci-
das até mesmo por dirigentes das cúpulas oligárquicas), despejou ocea-
nos de dinheiro para propagandear falsas notícias sobre “genocídios”
supostamente cometidos por comunistas, sobre o suposto “fracasso e
estagnação econômicas” nos países socialistas por conta do “excesso de
estatismo”, sobre a suposta “falta de liberdade e democracia”, sobre a
“casta” que viveriam às custas da “miséria e do medo” da população.
Queremos é desmistificar as lendas criadas pelas classes dominantes
acerca dos países socialistas remanescentes e dos que já existiram, di-
fundidas pelos aparelhos ideológicos burgueses que se infiltram como
um veneno, inclusive, na esquerda brasileira, que precisa se libertar do
revisionismo e da negação da experiência concreta do socialismo.
MUNDO SOCIALISTA
República Popular Democrática da Coreia
VOLUME I

Edições Nova Cultura


2ª edição
2018

2018 – NOVACULTURA.info
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O selo Edições Nova Cultura foi criado em julho de 2015, por ini-
ciativa dos militantes da UNIÃO RECONSTRUÇÃO COMUNISTA,
com o objetivo de promover e divulgar o marxismo-leninismo.

Mundo Socialista: Realidade da Coreia Popular. Volume I. 2ª Edição.


2018.

Conselho Editorial: União Reconstrução Comunista

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“Os revolucionários devem ter como máxima de suas
vidas e de suas lutas, a verdade de que se confiam e
se apoiam no povo, sempre sairão vitoriosos, mas se
são repudiados por ele, sofrerão mil derrotas”
KIM IL SUNG
ÍNDICE

Introdução ................................................................................. 19

PARTE I

“A Revolução Coreana” .............................................................. 21

“Marxismo e Ideia Juche: o ‘socialismo científico’ na obra de Kim


Jong Il” ....................................................................................... 29

PARTE II

Que os Jovens levem a cabo a causa Revolucionária do Juche sob


a Direção do Partido
KIM IL SUNG .............................................................................. 59

Reforcemos a Luta Anti-imperialista e Anti-Ianque


KIM IL SUNG .............................................................................. 69

A Filosofia Juche é uma Filosofia Original Revolucionária


KIM JONG IL ............................................................................... 79
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

INTRODUÇÃO

Já diziam Karl Marx e Friedrich Engels, na obra A Ide-


ologia Alemã, que as ideias dominantes de determinado perí-
odo histórico não são senão ideias da classe dominante. Pois
bem, as ideias dominantes da época em que vivemos, a época
do imperialismo, são as ideias da burguesia e das oligarquias
mais retrógradas. As classes dominantes atacam tudo o que
está relacionado com a libertação dos povos, com o marxis-
mo-leninismo e com o socialismo. O povo coreano, que desde
que realizou sua revolução tem empunhado sem cessar as ar-
mas do socialismo científico, do marxismo-leninismo e da li-
bertação nacional, será inevitavelmente vítima de todo o tipo
de constantes ataques e difamações por parte da burguesia
reacionária.
A República Popular Democrática da Coreia, conhecida
popularmente como Coreia do Norte, é um dos países que se-
guiu a orientação socialista após a queda da União Soviética
e dos países do Leste Europeu. Fundada em 9 de setembro de
1948 pelas forças revolucionárias, democráticas e patrióticas
que haviam lutado contra o imperialismo japonês, a RPDC re-
alizou com êxito a revolução democrática, nacional e anti-im-
perialista, passando assim a etapa de construção do socia-
lismo. O Partido do Trabalho da Coreia, liderado pelo cama-
rada Kim Il Sung, guiou o povo coreano em inúmeras bata-
lhas, impondo severas derrotas ao imperialismo, em especial,
durante a Guerra da Coreia (1950-1953), quando pela primei-
ra vez na história os imperialistas saíram derrotados em um
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

conflito militar. Tais façanhas revolucionárias foram decisivas


e demonstraram a força e a vitalidade da Revolução Coreana.
A história da Revolução Coreana ensina a todos os po-
vos do mundo que, tendo como guia uma ideologia revoluci-
onária correta, as massas populares podem obter inúmeras
vitórias em sua luta pela independência e pelo socialismo,
não importando o tamanho das dificuldades que lhe são im-
postas. Ao lançar o primeiro número da coleção “Mundo So-
cialista” sobre a RPDC, a União Reconstrução Comunista bus-
ca apresentar para o povo brasileiro os fundamentos políticos
e ideológicos que norteiam a experiência de construção soci-
alista no país. A iniciativa também conta com a contribuição
do Centro de Estudos da Ideia Juche – Brasil (CEIJ), que desde
2010, cumpre um papel de referência no trabalho de solidari-
edade com a Coreia Popular.
O volume está dividido em duas partes: a primeira é
composta por trabalhos de Gabriel Gonçalves Martinez, um
dos fundadores do CEIJ e foram feitos em dois momentos: o
primeiro para o trabalho de divulgação do blog Solidariedade
à Coreia Popular e o segundo em seu TCC na sua graduação
em filosofia; a segunda parte contem traduções de textos im-
portantes dos camaradas Kim Il Sung e Kim Jong Il, acerca de
questões políticas e filosóficas dentro do contexto da Revolu-
ção Coreana.

UNIÃO RECONSTRUÇÃO COMUNISTA


PARTE I
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

A Revolução Coreana
CENTRO DE ESTUDO DA IDEIA JUCHE - BRASIL

A Teoria Juche e a Revolução Coreana


Não é difícil encontrarmos militantes socialistas e co-
munistas que defendam a posição ideológica do imperialis-
mo, afirmando que a República Popular Democrática da Co-
reia (RPDC) vive sob uma “ditadura monárquica” brutal. A ex-
periência norte-coreana deve ser analisada à luz do materia-
lismo histórico, tendo em vista que a Revolução Coreana é
parte da Revolução Proletária Mundial e que representou um
papel importante na luta transformadora do século XX. As for-
ças revolucionárias precisam – urgentemente – recuperar sua
autonomia ideológica, rompendo definitivamente com os pre-
conceitos difundidos pela ideologia imperialista.

Desvendando a Ideia Juche


A ideologia oficial do partido governante da RPDC, o
Partido do Trabalho da Coreia (PTC), é a Ideia Juche. A Ideia
Juche foi desenvolvida por Kim Il Sung, líder da Revolução
Coreana e fundador do Partido do Trabalho da Coreia. De a-
cordo com os comunistas coreanos a superioridade da Ideia
Juche consiste no fato de que, indicando a posição e o papel
do homem no mundo, esclarece-se de maneira científica a
forma como o homem forja o seu destino. O problema funda-
mental da filosofia deixa de ser a relação entre o pensar e a
existência e passa a ser entre o mundo e o homem. Segundo
os atuais dirigentes comunistas coreanos, a Ideia Juche não é
apenas o Marxismo-leninismo adaptado à realidade coreana,
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

mas sim uma nova ideologia, superior ao próprio marxismo.


É o socialismo científico alçado a outro patamar. Em suas me-
mórias, o Presidente Kim Il Sung nos revela que durante a luta
revolucionária “sua doutrina”, “seu credo” foi o chamado
iminwichon, que significa considerar o povo como o centro
de tudo. O princípio básico da Ideia Juche é de que as massas
populares são donas do mundo e do seu próprio destino.
A RPDC foi fundada em um período de ascensão do
movimento revolucionário, mais precisamente em 1948, um
ano antes da fundação da República Popular da China. Assim
como nas demais revoluções que triunfaram na Ásia a defesa
da dignidade nacional estava em primeiro plano. Para os co-
munistas coreanos só poderia existir defesa da dignidade na-
cional se tal luta estivesse ligada organicamente com a luta
pelo socialismo. Só quem viveu aquele sombrio período pode
relatar com precisão o que era viver em um país ocupado pelo
imperialismo japonês. As feridas deixadas pela invasão japo-
nesa e, mais tarde, pela guerra promovida pelo imperialismo
norte-americano ainda sangram e mexem profundamente
com o emocional dos coreanos. Vale lembrar que o país asiá-
tico onde mais ocorrem protestos contra os Estados Unidos é
justamente a Coreia do Sul.

Patriotismo, Nacionalismo e Comunismo: existe algu-


ma Contradição?
Uma das grandes polêmicas que perduram dentro do
campo das forças revolucionárias, até hoje, é o da possibili-
dade de relacionar ideais nacionalistas com ideais comunis-
tas. As revoluções de libertação nacional, que eclodiram na
Ásia e África, demonstraram empiricamente que a Questão
Nacional é o elo que liga as massas populares dos países sub-
jugados pelo domínio econômico e militar do imperialismo ao
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

socialismo. Contudo, para não gerar confusão, é necessário


distinguir os dois tipos de nacionalismo; aquele professado
pelos imperialistas, que legitima agressões, invasões e espo-
liações, e o nacionalismo das massas populares dos países
subjugados, que defende os interesses da nação contra os in-
vasores e contra a exploração imperialista. São dois conceitos
diferentes de nacionalismo: o da burguesia e o das massas
populares.
No texto Para compreender corretamente o Naciona-
lismo Kim Jong Il chama a atenção e expõem a necessidade
de se diferenciar o “verdadeiro nacionalismo” do “naciona-
lismo da burguesia”. Para ele o nacionalismo burguês se ma-
nifesta como “egoísmo nacional”, “exclusivismo” e “chauvi-
nismo de grande potência”. Tal afirmação não é nenhuma no-
vidade dentro do movimento comunista internacional, con-
tudo, ainda assim, alguns países socialistas chegaram a co-
meter esse desvio. Para os comunistas coreanos os grandes
clássicos do marxismo-leninismo não deram respostas sufi-
cientes a respeito do sentimento nacionalista, devido ao
grande combate que a teoria revolucionária travou contra
esta ideia, isso permitiu que não se tratasse corretamente
esse aspecto da teoria. Kim Jong Il afirma que: “O naciona-
lismo não está em contradição com o internacionalismo. In-
ternacionalismo é apoio e solidariedade entre os países e na-
ções (...) Um internacionalismo à margem da nação e divorci-
ado do nacionalismo não significa nada”.
Outro exemplo clássico de junção de ideais nacional
patrióticos e comunistas é o caso do Vietnã. Ho Chi Minh, um
dos maiores revolucionários da história, disse certa vez que,
teria sido o patriotismo, e não o comunismo, que o levou
acreditar em Lênin e na Internacional Comunista.
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

Levando em consideração que em países subjugados


pelo imperialismo, podem fazer parte do que chamamos de
“massas populares” várias classes sociais diferentes (operá-
rios, camponeses, pequena-burguesia e burguesia nacional) é
necessário que os comunistas compreendam que a sua con-
cepção de nacionalismo e patriotismo se difere da concepção
burguesa. Analisando o caso coreano, muitos setores da bur-
guesia nacional acreditavam que após a libertação da pátria,
o que deveria ser feito era a restauração da velha monarquia,
ou alguns, nutrindo esperanças reformistas, acreditavam que
o caminho correto a seguir era o da construção do capita-
lismo. Porém, os fatos demonstram que só os comunistas po-
deriam levar a luta revolucionária do povo coreano até o fim,
defendendo um nacionalismo de caráter revolucionário.
Os países asiáticos que realizaram revoluções socialis-
tas e depois resistiram à queda do campo socialista não abri-
ram mão de seu caráter internacionalista. É um princípio de
classe inerente à ideologia comunista, mas ao mesmo tempo
não podem abrir mão de seus interesses nacionais, tendo em
vista que o imperialismo ainda ameaça a independência dos
povos no mundo e a soberania desses países. Basta analisar-
mos o apoio que os Estados Unidos deram, e ainda dão, aos
separatistas tibetanos e Dalai Lama, na luta pela desestabili-
zação da República Popular da China. Lembrando que a ques-
tão nacional se faz presente em amplos países do chamado
“Terceiro Mundo” e não somente dos países socialistas.
É necessário abordar mais um problema, que nos leva
a defender a ainda presente centralidade da questão nacional
na Revolução Coreana. Deve-se levar em consideração que a
Coreia é um país ocupado e dividido. A RPDC sofre não so-
mente um poderoso bloqueio econômico, mas também mili-
tar. O risco de uma possível guerra ainda é uma realidade na
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vida do povo. Após o término da guerra da Coreia, nenhum


tratado de paz entre Estados Unidos e Coreia Popular foi as-
sinado. Incentivar o sentimento patriótico é uma maneira de
estimular o espírito das massas no combate ao imperialismo
e na resolução do problema da reunificação da pátria. O pro-
blema da reunificação da pátria só será devidamente solucio-
nado quando as tropas americanas deixarem o sul da penín-
sula, para que o próprio povo coreano cuide dos problemas
referentes a sua reunificação nacional pacífica.

Movimento Comunista Coreano e a Luta Pela Liberta-


ção da Pátria
O triunfo da Revolução Socialista de Outubro trouxe
novos ventos para o mundo todo e na Ásia, obviamente, não
foi diferente. Na época a Coreia se encontrava sob ocupação
japonesa e a luta pela libertação nacional era a principal ban-
deira de luta dos progressistas coreanos. Foi nesse cenário
que começou o surgimento de pessoas adeptas aos ideais co-
munistas, tendo em vista o declínio do nacionalismo burguês.
Antes mesmo do triunfo da Revolução Russa, foi fundada na
Coreia, uma organização chamada Associação Nacional Co-
reana (ANC). Era uma organização clandestina que tinha
como objetivo promover a libertação do país e construir um
Estado “soberano” e “civilizado”.
A base social da ANC era muito ampla, uma organiza-
ção de massas, que contava com a presença de trabalhadores,
camponeses, estudantes, militares independentistas, comer-
ciantes, religiosos, etc. Kim Hyong Jik, pai de Kim Il Sung, foi
um dos seus fundadores.
O Partido Comunista da Coreia foi fundado em 1925 e
dissolvido em 1928, após anos de repressão brutal e muitas
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

disputas fracionárias dentro do partido. Kim Il Sung costu-


mava tratar com certo desprezo as diversas frações que se di-
ziam marxista-leninistas como era o caso do grupo “União
Marxista-Leninista” e o “Grupo Hwayo”. Em 1926 Kim Il Sung
criou a União para Derrotar o Imperialismo (UDI). O tempo
que passou em uma escola militar dirigida pelos nacionalistas
coreanos o fez amadurecer a ideia de que, com aquela ideo-
logia (nacionalista burguesa) e os métodos militares utiliza-
dos pelas forças independentistas, a independência da Coreia
não iria se concretizar.
A UDI cumpriu um papel importante na elevação do
grau de consciência e organização das massas coreanas, prin-
cipalmente os jovens. Mais tarde a UDI se converteria na
União da Juventude Anti-imperialista. Depois, em 1927, Kim Il
Sung funda a UJCC (União da Juventude Comunista da Coreia).
Estendendo sua atividade para o território chinês, Kim Il Sung
fundaria mais organizações de massas, como a União da Ju-
ventude Paeksan e a União de Camponeses de Xinantun.
No decorrer da luta revolucionária, após longo pro-
cesso de reflexão dos aspectos ideológicos que guiavam a
ação dos comunistas coreanos, Kim Il Sung concebeu a Ideia
Juche. O objetivo da nova ideia revolucionária era o de munir
as massas populares de uma ideologia que buscasse a inde-
pendência da Coreia, apoiando-se na própria força do povo
coreano. Kim Il Sung concluiu que cada nação pode fazer
triunfar sua revolução somente sob sua própria responsabili-
dade e que os problemas no interior do processo deveriam ser
solucionados de maneira independente.

A “Conferência de Kalun” e o Ponto de Virada da Revo-


lução Coreana
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

No dia 30 de junho de 1930, ocorre em Kalun, na Chi-


na, uma reunião de dirigentes da Juventude Comunista e Anti-
imperialista. Tal reunião representaria um marco na história
do movimento comunista coreano. Nela, Kim Il Sung apresen-
tou um informe intitulado O Caminho a ser Seguido pela Re-
volução Coreana, que apresenta pela primeira vez as concep-
ções da Ideia Juche. As principais diretrizes da reunião defini-
ram: 1) a primeira etapa da Revolução Coreana era democrá-
tica, anti-imperialista e antifeudal; 2) as principais forças da
revolução são constituídas pelos amplos setores anti-imperi-
alistas da sociedade coreana, formados por camponeses, tra-
balhadores, estudantes, intelectuais, pequenos proprietários,
religiosos e capitalistas que possuíam alguma consciência na-
cional; 3) constituir um Exército Revolucionário da Coreia,
que conduziria a Luta Armada Antijaponesa; 4) fundar de ma-
neira independente um partido revolucionário comunista,
corrigindo todos os erros que levaram a liquidação do antigo
partido.
A primeira organização do novo partido surge após o
término da conferência de Kalun e ganha o nome de Associa-
ção de Camaradas Konsol. Logo após, se constitui o Exército
Revolucionário da Coreia. A nova orientação surgida na Con-
ferência de Kalun ganha apoio da Internacional Comunista.
Após duras batalhas, em 1945, finalmente, o povo co-
reano vence o imperialismo japonês; o povo coreano, através
de suas organizações clandestinas, o Exército Popular Revo-
lucionário e o Exército Vermelho (URSS) foram os principais
atores da Revolução Coreana. Comitês Populares se espalha-
ram por todo território coreano, constituindo assim um órgão
de poder popular constituído pelo próprio povo coreano. A U-
nião Soviética permaneceu estacionada na parte norte da pe-
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

nínsula. Os Estados Unidos só entrariam na parte sul da pe-


nínsula coreana, três semanas depois da libertação do país, e
logo trataram de reprimir violentamente os Comitês Popula-
res, devolvendo o poder aos antigos oligarcas representantes
do regime colonial. A União Soviética retirou suas tropas da
Coreia em 1948, ao passo que os Estados Unidos mantêm as
suas até os dias de hoje.
A luta revolucionária do povo coreano nasceu da luta
por independência, que começou a ficar mais organizada
após a fundação da ANC. Mesmo após anos de lutas por liber-
tação, a Revolução Coreana está inconclusa. O país segue
ocupado por forças imperialistas, estacionadas no Sul, que
impedem o antigo sonho das massas populares coreanas por
independência. O imperialismo impôs ao povo coreano uma
nova experiência de humilhação: a divisão do país. Em um
país ocupado, bloqueado, que sofre ameaças constantes da
mais poderosa máquina de guerra da história, a Ideia Juche
representa a sistematização teórica da longa trajetória revo-
lucionária do povo coreano, do seu anseio por autonomia,
adequando os princípios básicos do socialismo científico à re-
alidade coreana.

Referências Bibliográficas

Kim Il Sung: Breve Biografia. Pyongyang: Ediciones en Lenguas


Extranjeras, 2001, Corea.
Il Sung, Kim. En el Transcurso Del Siglo vol.I e II. Pyongyang:
Ediciones en Lenguas Extranjeras, 2001, Corea.
Jong Il, Kim. Para compreender correctamente el Nacionalismo.
Pyongyang. 2002
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

Nogueira Lopes, Juan. 61 anos de Revolución en Corea. Publi-


cado originalmente no site Kaos en La Red: <http://www.ka-
osenlared.net/noticia/61-anos-de-revolucion-en-corea>. Aces-
sado em 03 de abril de 2015.
MARTENS, Ludo. Stalin Um Novo Olhar. Rio de Janeiro: Revan,
2010.
Zong Il, Kim. Sobre La Idea Zuche. Pyongyang: Ediciones en Len-
guas Extranjeras, 1982, Corea.
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

Marxismo e Ideia Juche: o “socialismo


científico” na obra de Kim Jong Il
GABRIEL MARTINEZ

A Revolução Russa e o Povo Coreano


A história do século XX foi moldada por grandes revo-
luções sociais. Da gigantesca Rússia até a pequena ilha de
Cuba, o mundo inteiro passou por enormes convulsões soci-
ais que determinaram o desenvolvimento dos acontecimentos
políticos ao longo do decurso destes cem anos. Ainda no co-
meço do Século XX, mais precisamente em 1917, eclode na
Rússia czarista uma enorme revolução social liderada por
grupos marxistas, mais notadamente pelo Partido Operário
Social Democrata da Rússia (bolchevique) comandado por
Lenin. Esta revolução influenciou e impulsionou o surgi-
mento de diversos movimentos do mesmo tipo em vários can-
tos do planeta, que logo assumiriam o marxismo como ideo-
logia e deram sequência a lutas revolucionárias em seus res-
pectivos países. No Ocidente, muito se estudou e ainda se fala
sobre as consequências dessas revoluções, onde com a exce-
ção da própria Rússia, talvez o exemplo mais analisado seja o
da derrotada Revolução Alemã, liderada por Rosa Luxem-
burgo. Não podemos nos esquecer da grande influência que
o marxismo produzido em países como Itália, França, e até
mesmo Estados Unidos, exerceu na academia e em alguns cír-
culos políticos. A Revolução Coreana é uma dessas revoluções
que se desenvolvem na esteira da influência ideológica da Re-
volução Russa de 1917.
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

A luta inicial dos comunistas coreanos era uma luta


para libertar o país do domínio colonial japonês – a Coreia foi
anexada pelo Japão em 1910 – e estabelecer uma República
Democrática independente. Diversos grupos comunistas e
nacionalistas atuavam na clandestinidade contra o domínio
nipônico. O Partido Comunista da Coreia, fundado em 1925,
foi destruído em 1928, não somente pela repressão brutal em-
preendida pelos japoneses contra o movimento de libertação
nacional, mas também pelas próprias disputas internas no in-
terior do movimento comunista. Kim Il Sung fundou em 1926
a organização União Para Derrotar o Imperialismo (UDI). A
UDI, nas próprias palavras de Kim Il Sung, tinha como obje-
tivo principal “combater os japoneses, inimigos jurados do
povo coreano, conseguir a libertação e a independência da
Coreia, tendo como objetivo final a construção do socialismo
e do comunismo, derrotando todo imperialismo e constru-
indo o comunismo no mundo todo” (Historia de las activida-
des revolucionárias del Presidente Kim Il Sung, 2012, p.7). A
fundação da UDI é apontada pelos comunistas coreanos
como o momento em que a Revolução Coreana passa a se
desenvolver de maneira independente, com uma tática e es-
tratégia bem definidas. Essa nova organização revolucionária
foi responsável pela formação de novos quadros comunistas
coreanos, especialmente entre a juventude, divulgando os
principais textos do marxismo e do leninismo como O Capital,
O Estado e a Revolução e O Trabalho Assalariado e Capital.
Kim Il Sung ainda foi responsável por criar outras organiza-
ções comunistas e de massas, como a União da Juventude Co-
munista (UJC), a União da Juventude Anti-imperialista (UJAI) e
a Associação de Camaradas Konsol. Mas foi em 1929, em con-
ferência da UJC e da UJAI, realizada na cidade chinesa de Ka-
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

lun, que Kim Il Sung apresentou o informe intitulado O cami-


nho a ser seguido pela Revolução Coreana, apontando pelos
historiadores coreanos como o documento que elucidou os
princípios da chamada Ideia Juche, deixando claro as atitudes
que deveriam ser assumidas no desenvolvimento do processo
revolucionário no país asiático. Diz Kim Il Sung: “A revolução,
sendo por sua origem uma luta pela emancipação das massas
populares, somente com sua ampla participação poderá
triunfar. Além disso, já que procuramos derrotar o imperia-
lismo e libertar a nação inteira com nossos próprios esforços,
maior é a razão de que agrupemos firmemente em um só
corpo todas as forças antijaponesas” (2011, p.41).
A linha política e ideológica estabelecida na Conferên-
cia de Kalun é considerada pelos comunistas coreanos como
uma linha que tornou possível a vitória da Revolução Coreana
e a fundação da República Popular Democrática da Coreia.
Após a fundação dessas organizações revolucionárias, que fo-
ram os embriões do novo Partido Comunista, os comunistas
coreanos finalmente puderam estabelecer uma linha política
independente, que estivesse em sintonia com as aspirações
da ampla maioria do povo coreano. Para isso, foi fundamental
superar e derrotar as tendências no interior do movimento
comunista coreano que, totalmente desligadas das massas,
buscavam aplicar de maneira mecânica as táticas adotadas
pelos bolcheviques na Rússia e receber orientações da Inter-
nacional Comunista (Komintern). Kim Il Sung, no segundo vo-
lume de suas Memórias diz: “Não demorei para concluir que,
para formular uma correta teoria guia, conveniente a essa re-
alidade, deveria enfocar com critério próprio todos os proble-
mas e resolvê-los de modo original, conforme nossa situação,
sem transformar em algo absoluto os clássicos e as experiên-
cias estrangeiras. Não devia aceitar totalmente as lições da
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

Revolução de Outubro com o pretexto de enunciar uma teoria


guia, nem tampouco esperar de braços cruzados as receitas
da Internacional Comunista como uma panaceia para todos
os nossos males”. (Kim Il Sung, vol. 22, p.48)
Longe de constituir uma negação dos ensinamentos da
Revolução de Outubro, para os comunistas coreanos essa ati-
tude “independente” seria a única maneira correta de aplicar
os princípios básicos do marxismo e do leninismo à realidade
do país. Tratava-se de levar a sério a máxima cunhada pelos
fundadores do socialismo científico de “análise concreta da
realidade concreta”.
A divisão do país tem sua origem logo após a libertação
do país do ocupante japonês. A União Soviética, ao ajudar os
guerrilheiros comunistas liderados por Kim Il Sung, estaciona
na parte norte, respeitando as livres atividades democráticas
do povo coreano, que no momento havia criado os comitês
populares, enquanto os EUA entram na península pela parte
sul, logo tratando de dissolver tais comitês: “Os americanos
decidiram-se a dissolver pela força os comitês populares, a
reprimir as correntes democráticas e a agrupar os elementos
reacionários – proprietários rurais, compradores, pró-japone-
ses, etc. - que haviam ficado seriamente enfraquecidos pela
derrota do imperialismo nipônico com a qual tinham colabo-
rado”. (Canale, 1977, p.103)
Os Estados Unidos e a direita sul-coreana, realizam em
maio de 1948, eleições separadas no Sul, visando estabelecer
um regime fantoche e impedir o avanço das lutas populares
dirigidas pelas organizações democráticas e de esquerda.
Frente a esta ação unilateral, adotada pelos Estados Unidos e
os grupos de direita, o Partido do Trabalho da Coreia reúne
uma conferência de organizações de partidos do norte e sul
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

da península, propondo a criação da República Popular De-


mocrática da Coreia.
Em setembro de 1948 a Assembleia Popular Suprema
proclama a fundação da nova República Popular. Ainda em
1948, a URSS reconhece o novo governo popular instaurado
na parte norte e se retira do país, enquanto as tropas norte-
americanas permanecem instaladas na Coreia do Sul até os
dias de hoje.

A Ideia Juche e o Socialismo Científico


Palavra de origem coreana, Juche, não possui uma tra-
dução exata para o português. “Ju” ou “zu” quer dizer dono e
“che”, corpo; juntando as duas palavras teríamos o conceito
de “dono de seu corpo”. A palavra fora originalmente empre-
gada para referir-se à aplicação dos princípios básicos do
marxismo-leninismo à realidade coreana. Posteriormente, os
coreanos começaram a definir o Juche como uma “nova” e
“original” filosofia do socialismo científico. Para Kim Il Sung,
fundador da República Popular Democrática da Coreia e do
Partido Comunista da Coreia – que mais tarde passaria a cha-
mar-se Partido do Trabalho da Coreia – a ideia Juche “é em
uma palavra, a ideia de que o dono da revolução e construção
são as massas populares e a força que impulsiona a revolução
e a construção vem também das massas populares” (Kim Il
Sung, 1975, p. 284).
Ainda segundo Kim Il Sung, essa definição estaria de
acordo com os princípios básicos do marxismo-leninismo,
ideologia que até então guiava a atividade política dos Parti-
dos Comunistas do mundo todo: “Nós não fomos os primei-
ros a chegar a essa ideia. Todo aquele que se considera mar-
xista-leninista pensa dessa maneira. Eu apenas coloquei ên-
fase nela” (ibidem, p.285). Dessa maneira, como reconhecem
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os próprios coreanos, a ideia Juche seria apenas uma variação


do marxismo-leninismo, posição que seria revisada e atuali-
zada posteriormente.
Karl Marx e Friedrich Engels elaboram suas concep-
ções sobre o socialismo e o comunismo após terem feito uma
crítica ao que chamam de “socialismo utópico”. Segundo En-
gels o socialismo moderno seria fruto dos antagonismos de
classe que existem na sociedade capitalista e opõem duas
classes fundamentais: capitalistas e operários assalariados.
Diz Engels em Do Socialismo Utópico ao Socialismo Cientí-
fico: “O socialismo moderno é, em primeiro lugar, por seu
conteúdo, fruto do reflexo na inteligência, por um lado, dos
antagonismos de classe que imperam na moderna sociedade
entre possuidores e despossuídos, capitalistas e operários as-
salariados, e, por outro lado, da anarquia que reina na produ-
ção”. (2005, p.39)
Tendo surgido ainda no momento de afirmação e con-
solidação da sociedade burguesa, o socialismo utópico de-
nunciava a situação das massas trabalhadoras sob o regime
capitalista, mas, pelo fato de o desenvolvimento do capita-
lismo ser ainda bastante incipiente, não viam no proletariado
a classe social que poria fim a tal situação. Entre os vários
pensadores que poderiam ser considerados socialistas utópi-
cos, a literatura marxista popularizou o nome de três: Saint
Simon, Charles Fourier e Robert Owen. Kim Jong Il, comen-
tando sobre o socialismo utópico, diz: “A ideia de acabar com
a exploração, a opressão, as desigualdades sociais e a propri-
edade privada que as alimenta, bem como de levantar uma
sociedade equitativa, sustentada na propriedade social, foi
planteada há muito tempo pelos socialistas utópico. Porém,
apesar de compadecerem pelas massas trabalhadoras por sua
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lamentável situação de exploradas, não via nelas as forças re-


volucionárias capazes de enterrar a sociedade exploradora e
construir outra. Consideravam possível reparar os aspectos
irracionais da sociedade capitalista mediante a ilustração das
pessoas e a apelação à “boa vontade” das classes explorado-
ras. Esperar a “boa vontade” dessas classes, cujo a necessi-
dade é a cobiça, constitui uma ilusão, carente de fundamentos
científicos. Essa esperança era resultado de suas limitações
históricas”. (1995, p.386)
Para os socialistas utópicos a denúncia moral do re-
gime de exploração existente faria com que as classes domi-
nantes se solidarizassem com a situação dos operários e de-
mais trabalhadores explorados. Assim, o socialismo, em vez
de ser o resultado da luta revolucionária das massas popula-
res, tendo o proletariado como dirigente, seria estabelecido
pacificamente, pelo bom exemplo, em harmonia com as clas-
ses dominantes. Para Kim Jong Il o avanço das lutas da classe
operária que se desenvolviam em meados do século XIX exigia
uma ideologia revolucionária que fosse capaz de guiar tais lu-
tas. Esta necessidade foi satisfeita por Karl Marx, ao submeter
à crítica a filosofia clássica alemã, a economia política inglesa
e o socialismo utópico francês. Foi sobre estas bases que se
desenvolveu o materialismo dialético e histórico: “Marx exa-
minou a partir de uma posição crítica a filosofia clássica da
Alemanha, a economia política clássica da Inglaterra, a dou-
trina do socialismo utópico da França e outras ideias e teorias
progressistas de sua época; analisou as contradições da soci-
edade capitalista e, sobre esta base, enunciou os princípios
do materialismo dialético e histórico, criou a teoria da mais-
valia, demonstrou a inevitabilidade da ruína do capitalismo e
da vitória do comunismo, convertendo o socialismo de uma
utopia em uma ciência”. (Kim Jong Il, 1995, p.116)
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Assim, para Kim Jong Il, o marxismo foi a primeira ide-


ologia da classe operária que delineou corretamente as mis-
sões históricas de tal classe social, dotando-a com uma con-
cepção científica em sua luta pela emancipação classista e
construção de uma nova sociedade. O debate sobre o que é
ideologia, não só entre a tradição marxista, mas também fora
dela, comporta um grande número de interpretações diferen-
tes. No caso dos comunistas coreanos, existe uma concordân-
cia com a posição que foi estabelecida pela tradição “mar-
xista-leninista” dos Partidos Comunistas e da Internacional
Comunista. O conceito “ideologia” é entendido como um sis-
tema de concepções e ideias políticas, filosóficas, morais, etc.,
que formam parte da superestrutura e refletem, em última
instância, as relações econômicas. A consciência ideológica,
por sua vez, reveste-se de caráter classista, podendo repre-
sentar os interesses das “classes dominantes” ou das “classes
avançadas da sociedade”. Os comunistas coreanos, dando
uma grande importância ao papel que a “consciência ideoló-
gica da classe avançada” exerce na transformação do mundo,
afirmam que a consciência ideológica, sendo reflexo da exi-
gência e dos interesses do homem, determina todas as suas
atividades. Nas condições do socialismo a luta pela “supera-
ção ideológica” adquire importância ainda maior, pois se
trata de uma luta que visa eliminar da mentalidade do homem
os remanescentes ideológicos da velha sociedade, armando
os trabalhadores com a “avançada ideologia da classe operá-
ria”. A luta pela superação ideológica é a forma principal da
luta de classes na sociedade socialista, segundo Kim Jong Il.
A concepção materialista dialética concebida por Karl
Marx é considerada a base do socialismo científico. Porém,
diferente da dialética hegeliana, preserva apenas aquilo que é
considerado a sua “medula racional”. No Prefácio à 2ª Edição
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do Tomo I d'O Capital, Marx sustenta: “Meu método dialético,


por seu fundamento, difere do método hegeliano, sendo a ele
inteiramente oposto. Para Hegel, o processo do pensamento
– que ele transforma em sujeito autônomo sob o nome de
ideia – é o criador do real, e o real é apenas sua manifestação
externa. Para mim, ao contrário, o ideal não é mais do que o
material transposto para a cabeça do ser humano e por ela
interpretado”. (2010, p.28)
O materialismo dialético estabelece que a natureza
não é “uma acumulação acidental de objetos, de fenômenos
separados uns dos outros, isolados e independentes uns dos
outros, mas como um todo unido, coerente, em que os obje-
tos, os fenômenos, estão ligados organicamente entre eles,
dependem um dos outros e condicionam-se reciprocamente”.
(Stalin, 1982, p.15).
Os fenômenos só podem ser compreendidos em sua
ligação com outros fenômenos que o rodeiam. Ao contrário
da dialética hegeliana a dialética marxista possui uma base
materialista, ou seja, reconhece que tudo que existe no
mundo é formado por matéria e que as ideias, o pensamento,
a consciência, são produto do movimento da matéria no cé-
rebro humano. Kim Jong Il explica o materialismo como uma
filosofia que aclara o fato de o mundo ser constituído de ma-
téria e que se transforma e desenvolve ininterruptamente.
(Kim Jong Il, 1995, p.151). Lenin, desenvolvendo a concepção
materialista do marxismo, defendeu que a matéria deveria ser
entendida de um modo mais amplo, como uma categoria fi-
losófica que designasse a existência da realidade objetiva, que
existe independente das sensações e da consciência do ho-
mem. De acordo com a literatura marxista-leninista, essa de-
finição da categoria de matéria, aclarada por Lenin, contribu-
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iu para golpear a filosofia idealista e as tentativas de desacre-


ditar o materialismo dialético após a derrota da primeira fase
da Revolução Russa em 1905-1907.
Lenin foi responsável por dar sequência a obra de Marx
e Engels contribuindo com o desenvolvimento da teoria revo-
lucionária na compreensão do capitalismo contemporâneo e
do Estado. Para Kim Jong Il: “Lenin, que continuou a causa de
Marx, criou o leninismo ao desenvolver de maneira criadora
o marxismo em conformidade com as novas condições histó-
ricas da época do imperialismo e a revolução proletária. Gra-
ças ao leninismo triunfou a Revolução de Outubro e surgiu o
primeiro Estado de ditadura proletária. O marxismo-leninis-
mo, a ideologia revolucionária da classe operária criada por
Marx e desenvolvida por Lenin, incentivou poderosamente a
luta de revolucionária da classe operária internacional e a
causa emancipadora das massas populares”. (Ibidem, p.118)
Lenin definiu o imperialismo como a “fase superior do
capitalismo” onde a concentração da produção e do capital
chega a um nível tão elevado criando os monopólios, que pas-
sam a desempenhar papel decisivo na vida econômica e o ca-
pital industrial se funde com o capital bancário dando origem
ao capital financeiro. Além de ter formulado uma teoria sobre
o imperialismo, para Kim Jong Il as contribuições de Lenin
para o desenvolvimento do socialismo científico, bem como
sua liderança do Partido bolchevique, foram fundamentais
para o triunfo da Revolução Russa, dando início a era das re-
voluções proletárias, que impulsionou a luta de libertação na-
cional dos povos coloniais e semicoloniais. Para formular os
elementos principais da ideia Juche, Kim Il Sung e Kim Jong Il
partem de todo arcabouço teórico oferecido pela teoria do
marxismo-leninismo exposta acima.
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Um conceito importante, presente nas obras de Marx,


Engels e Lenin, e reivindicado por Kim Il Sung, é o conceito
de “ditadura do proletariado”. Diz Marx em Crítica ao Pro-
grama de Gotha: “Entre a sociedade capitalista e a comunista,
situa-se o período da transformação revolucionária de uma
na outra. A ele corresponde também um período político de
transição, cujo Estado não pode ser senão a ditadura revolu-
cionária do proletariado (Marx, 2012, p. 43)”. Lenin, expli-
cando a tese de Marx, afirma: “Mas partindo desta democracia
capitalista – inevitavelmente estreita, que afasta dissimulada-
mente os pobres e, por isso, inteiramente hipócrita e engana-
dora –, o desenvolvimento para frente não leva simplesmente,
diretamente e sem choques “a uma democracia cada vez
maior”, como apresentam as coisas os professores liberais e
os oportunistas pequeno-burgueses. Não. O desenvolvimento
para a frente, isto é, para o comunismo, faz-se através da di-
tadura do proletariado, e não se pode fazer de outra forma,
porque não existe mais ninguém e nenhum caminho para
quebrar a resistência dos capitalistas exploradores”. (Lenin,
1985, p.261)
Para Kim Jong Il o marxismo-leninismo formulou a te-
oria da ditadura do proletariado “oferecendo assim à classe
operária no poder um guia para dirigir a construção da nova
sociedade” (Kim Jong Il, 1995, p.130). Kim Jong Il ainda critica
os revisionistas, que atuam no Movimento Comunista Inter-
nacional negando esse conceito da teoria marxista: “O revisi-
onismo possui diversas correntes, porém sua posição ideoló-
gica principal é a de negar o antagonismo e a luta entre a
classe operária e a capitalista, insistindo na cooperação clas-
sista e se opondo a revolução socialista e a ditadura do pro-
letariado, defendendo somente coisas como disputas de elei-
ções e atividades parlamentares. O revisionismo, tendência
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ideológica do oportunismo direitista, é enfrentado pela luta


dos comunistas, ainda que suas correntes ideológicas surjam
com esta ou aquela máscara”. (Ibid. 1995, p.27)
Ao fazer a defesa enfática do conceito da ditadura do
proletariado, assim como da sua aplicação prática durante a
construção socialista, Kim Jong Il demonstra que os comunis-
tas coreanos reivindicam abertamente aquilo que, para Lenin,
constitui a “essência” da teoria marxista.

A Ideia Juche Como Uma Ideia “Nova” e “Original do


Socialismo Científico
Vimos que segundo a ideia Juche, Marx, Engels e Lenin
foram aqueles que estabeleceram os princípios fundamentais
da teoria do socialismo científico. Ao formularem o materia-
lismo dialético e o materialismo histórico deram início a um
avanço na filosofia que dotou a classe operária com uma ide-
ologia que agora poderia guiá-la em sua luta revolucionária.
Em Sobre a Ideia Juche, obra escrita para o Seminário Nacio-
nal sobre a Ideia Juche, que comemorava o 70º aniversário de
Kim Il Sung, realizado em Pyongyang, em 1982, Kim Jong Il
sistematiza, pela primeira vez, o pensamento do Partido do
Trabalho da Coreia a respeito do Juche. Ainda que nos escritos
de Kim Il Sung fosse possível encontrar diversas referências e
explicações a respeito de tal ideia, ele não chegou a escrever
uma obra filosófica específica para tratar do tema. Em Sobre
a Ideia Juche, Kim Jong Il expõe de maneira didática os prin-
cípios filosóficos do pensamento “jucheano” que, segundo o
autor, seria uma nova contribuição dada por Kim Il Sung e
pela revolução coreana à “ideologia revolucionária da classe
operária”. A ideia Juche surge em um momento onde as mas-
sas populares passam a ser “donas do seu próprio destino”,
em um mundo onde crescia a influência do socialismo e a luta
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contra o imperialismo: “Quando nosso líder empreendeu o


caminho da revolução registrava-se uma nova viragem na luta
da classe operária e demais massas populares contra a explo-
ração e a opressão. No plano mundial crescia a influência do
socialismo triunfante pela primeira vez e se observava um
auge vertiginoso tanto na luta revolucionária da classe ope-
rária, como na batalha libertadora dos povos dos países colo-
niais e semicoloniais”. (Ibidem, p.11)
Após os comunistas terem tomado o poder do Estado
na parte norte da Península Coreana, em conjunto com outras
forças políticas democráticas e antijaponesa, e terem fundado
a República Popular Democrática da Coreia, uma nova condi-
ção histórica teria sido criada, já que as massas populares ha-
viam deixado de ser uma classe explorada e oprimida pelo im-
perialismo japonês, convertendo-se em “donas da socie-
dade”. Essa situação exigia que as massas populares levas-
sem a cabo a revolução “apoiando-se em suas próprias for-
ças”. Para Kim Jong Il “desde o princípio, a revolução coreana,
que deu início a época do Juche, não podia dar um passo adi-
ante, se não lograsse desenvolver seu processo de modo in-
dependente e criador”. (Ibidem, p.12)
Este princípio exigiria reconhecer que as massas po-
pulares são as protagonistas da revolução, que só avançaria
mediante a compenetração dos comunistas com ela, visando
educá-las e mobilizá-las constantemente. Também deveria se
levar em conta que a revolução “não deve ser realizada sob a
aprovação e diretiva de ninguém, mas sim com fé própria e
sob sua própria responsabilidade, resolvendo de maneira in-
dependente e criadora todos os problemas que se apresentam
neste processo” (Ibidem, p.13). A revolução coreana, que se
inicia e se desenvolve sob grande influência da revolução
russa, não aplicou de maneira mecânica as orientações vindas
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da 3ª Internacional e de partidos estrangeiros, mas sim con-


solidou suas próprias posições a partir de sua própria experi-
ência prática e lições que se apresentaram no desenvolvi-
mento da luta revolucionária. De acordo com Kim Jong Il “so-
mente partindo da prática revolucionária é possível aplicar as
teorias existentes conforme os interesses da revolução e a re-
alidade do próprio país, descobrir novas verdades e conceber
novas ideias e teorias”. (Ibidem, p.13)
É neste sentido que Kim Jong Il afirma que, apesar de
terem partido do marxismo-leninismo, os comunistas corea-
nos não se limitaram a aplicá-lo, abrindo assim “novos cam-
pos da teoria revolucionária” e encontrando “soluções origi-
nais aos problemas que surgiam na prática revolucionária”.
Para justificar a tese de que a ideia Juche seria uma nova e
original filosofia revolucionária, Kim Jong Il começa demons-
trando qual seria o novo princípio filosófico da ideia Juche.
Friedrich Engels, em sua obra Ludwig Feuerbach e o Fim da
Filosofia Clássica Alemã chama atenção para aquilo que ele
chama de “questão fundamental da filosofia”. Para Engels a
“grande questão fundamental de toda filosofia, em particular
da filosofia moderna, é a da relação entre o pensar e o ser”
(Marx e Engels, 1963, p.178). A filosofia, então, se dividia em
dois grandes campos: o dos idealistas e dos materialistas.
Mesmo reconhecendo o caráter progressista e até mesmo re-
volucionário das ideias e do método dialético de Hegel, filó-
sofo idealista, Marx e Engels abraçaram o materialismo, reco-
nhecendo que o mundo é formado por matéria e evolui e se
transforma de acordo com seu movimento. Kim Jong Il con-
corda com a concepção geral do materialismo dialético, mas
passa a sustentar que, após se ter dilucidado o “problema fun-
damental” da filosofia a favor do materialismo, um novo pro-
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blema fundamental da filosofia aparece. A partir daí se intro-


duz uma tese que não havia sido afirmada pelos anteriores
líderes da classe operária (Marx, Engels, Lenin, etc.), a saber,
que o novo problema fundamental da filosofia é identificar
qual é o papel que o homem ocupa no mundo. A ideia Juche
seria então, de acordo com o autor, uma “filosofia centrada
no homem” para qual o homem é “dono de tudo e decide
tudo”: “Posto que já se havia dado uma solução materialista
ao problema da origem do mundo, a ideia Juche planteou ori-
ginalmente como uma questão fundamental da filosofia a po-
sição e o papel que o homem ocupa no mundo, dando uma
resposta ao problema de quem é o dono do mundo”. (Kim
Jong Il, 1995, p.71)
Kim Chan Ja, filósofo norte-coreano e comentador da
obra de Kim Il Sung e Kim Jong Il, em seu livro Immortal Idea
Zuche explica que o princípio filosófico de que o homem é
“dono de tudo” seria uma resposta científica dada pela ideia
Juche ao problema fundamental da filosofia. A ideia Juche se-
ria “uma cosmovisão completamente nova que da resposta
aos problemas da filosofia tendo como referência o homem”
(Kim Chan Ja, 1984, p.36). Neste livro, Kim Chan Ja faz questão
de distinguir a ideia Juche e sua visão “humanocentrista” das
“correntes filosóficas humanistas burguesas”. As últimas,
ainda que falem sobre o homem, o tratariam apenas o “pro-
blema humano sem vê-lo em consideração com o mundo”
(Ibidem, p.36). Afirmar que o homem é “dono de tudo” signi-
fica afirmar que o homem é dono do mundo e do seu próprio
destino e afirmar que ele “decide tudo” quer dizer que ele de-
sempenha um papel decisivo na transformação do mundo ao
forjar o seu próprio destino. Kim Chan Ja ainda explica que a
palavra “dono” pode ser utilizada das mais variadas maneiras,
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mas para a ideia Juche tal palavra visa representar um con-


ceito filosófico que constitui as relações que o homem man-
tém com o mundo. A relação de dono do mundo desempe-
nhada pelo homem é explicada por Kim Chan Ja da seguinte
maneira: “Então, o que se quer dizer quando afirmamos que
o homem é dono de todas as coisas? Este conceito filosófico
formulado pela primeira vez pela ideia Juche apresenta o sen-
tido de que o homem é dono de tudo e de seu próprio destino.
O mundo que rodeia o homem é constituído pela natureza e
sociedade. O homem é, antes de mais nada, dono da natureza.
Quer dizer, exerce posição de dono, dominante, em sua rela-
ção com ela”. (Ibidem, p.42)
O homem é o único ser capaz de dominar o mundo
como seu dono, ainda que em aspectos biológicos ele seja
apenas uma parte da natureza e da matéria vivente, pos-
suindo alguns atributos que são “inferiores” à de outros ani-
mais. Mesmo com essas limitações biológicas, o homem não
obedece cegamente às forças da natureza, ampliando cons-
tantemente o seu grau de domínio do mundo. Por isso, afir-
mar que o homem é dono de tudo não significa afirmar que o
homem domine, na atualidade, todo o universo, mas sim que
ele é um ser capaz de ampliar o seu grau de dominação do
mundo segundo os seus desejos e necessidades. Por isso:
“Ainda que no mundo existem várias esferas e objetos que o
homem não domina realmente, ele irá ampliando sem cessar
o raio do seu domínio baseando-se no progresso da socie-
dade e no desenvolvimento da ciência. Mesmo que esse raio
de dominação da natureza tenha um limite em cada geração,
ele é ilimitado no marco da história de toda a humanidade”.
(Ibidem, p.44)
Tal posição de dono do mundo é ocupada pelo homem
graças a três características que ele possui como ser social: a
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independência, o espírito criador e a consciência. Todos estes


atributos se formam e se desenvolvem ao longo do avanço da
história social. São inerentes ao homem enquanto ser social.
Conforme Kim Jong Il, “para o homem, sendo um ser social,
a independência significa a vida. Ao afirmá-lo assim, nos re-
ferimos a vida sociopolítica. O homem possui uma vida soci-
opolítica junto com a física. Se esta é a vida como organismo
biológico, aquela é a vida como ser social” (1995, p.16).
A independência motiva o homem a sobrepor-se às
restrições impostas pela natureza e toda forma de subjugação
social, transformando tudo para colocar a natureza e a socie-
dade ao seu serviço. O espírito criador é o atributo responsá-
vel pela colocação de fins definidos pelo homem na transfor-
mação e construção do mundo. Faz com que a natureza se
torne útil e aproveitável para o homem e estimula a renovação
da sociedade em sua superação daquilo que é velho, constru-
indo o novo. E, por fim, a consciência é o atributo social que
determina as atividades realizadas pelo homem que se diri-
gem ao conhecimento e a transformação do mundo. É graças
à consciência que o homem pode conhecer o mundo e sua
evolução para transforar a natureza e a sociedade de acordo
com suas necessidades. Garante o espírito independente e
criador do homem enquanto ser social, assim como todas as
atividades cognitivas e práticas para a transformação do
mundo: “No final das contas, é por possuir essa independên-
cia, esse espírito criador e essa consciência, que permite que
o homem seja reconhecido como um ser superior e o mais
poderoso no mundo, que pode assumir uma postura revolu-
cionária e ativa em vez de uma atitude fatalista e passiva ante
ao mundo; que o transforma com uma clara finalidade e não
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de modo cego e submisso. Estando munido com estes atribu-


tos como ser social, o homem é o único dominante e trans-
formador do mundo”. (Ibidem, p.17)
A tese de que o homem “decide tudo” sustenta que o
homem “desempenha o papel decisivo na transformação do
mundo ao forjar o seu destino” (Kim Chan Ja, 1984, p.46). Na
transformação e desenvolvimento de todas as coisas e fenô-
menos existe a influência de fatores diversos, porém existem
aqueles fatores que exercem um papel decisivo e outros não.
Para a transformação da natureza é necessário meios materi-
ais e técnicos dos mais variados tipos. Tais meios materiais e
técnicos desempenham um papel importante na transforma-
ção da natureza, porém quem desempenha o papel decisivo
em tal transformação é o homem, já que é exatamente ele
quem os cria, para colocá-los ao seu serviço.
Também na transformação da sociedade o homem
joga papel decisivo. As leis e as relações sociais surgem graças
à atividade direta do homem e podem ser modificadas de
acordo com sua atividade independente, criadora e consci-
ente. Aprendendo a valer-se das leis objetivas do mundo ma-
terial, o homem pode “transformar o mundo de maneira ativa
e conforme suas necessidades. Somente por suas atividades
dinâmicas o mundo muda a seu favor” (Kim Jong Il, 1995,
p.19). Para transformar as coisas de acordo com seus desejos,
o homem precisa conhecer as leis do movimento do objeto a
ser transformado. Portanto, afirmar que o homem é o ser que
joga papel decisivo no mundo, não significa afirmar que todas
as coisas do mundo se movem e se transformam graças ao
homem, mas sim que ele, comparado com outros elementos,
desempenha papel determinante na transformação do mun-
do, daí Kim Chan Ja afirmar que: “quando o homem trans-
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forma algo segundo o seu desejo, tem como premissa o co-


nhecimento da lei do movimento” (Kim Chan Ja, 1984, p.49).
Caso o homem tente transformar algo ignorando tal lei, ine-
vitavelmente fracassará. Também é preciso aclarar que, de
acordo com a ideia Juche, mesmo que o homem desempenhe
o papel decisivo do desenvolvimento social, não é em qual-
quer sociedade que ele pode ocupar sua posição de dono da
mesma. As sociedades que se baseiam na exploração do ho-
mem pelo homem são inevitavelmente sociedades em que as
massas populares são oprimidas e exploradas, daí serem dis-
tintos os problemas sobre a posição que o homem ocupa no
mundo e o das massas em cada sociedade.

O Desenvolvimento da História e a Ideia Juche


Aclarando os atributos básicos do homem enquanto
ser social e definindo qual o papel este ocuparia no mundo,
Kim Il Sung argumenta que a ideia Juche apresentou um novo
princípio para analisar o desenvolvimento da humanidade.
Para Kim Jong Il a ideia Juche “dilucidou em um novo plano o
princípio fundamental do movimento social, do movimento
revolucionário das massas do povo trabalhador que criam e
desenvolvem a história” (ibidem, p.19). A ideia Juche teria
dado origem a uma “nova concepção jucheana” da história.
As bases desta nova concepção são:

1. As massas populares são o sujeito da história social.


A história se desenvolve graças a luta das massas po-
pulares para a transformar a natureza e a sociedade. O movi-
mento histórico-social possui suas próprias leis, que diferem
das leis do movimento da natureza, apesar de ambas fazerem
parte do movimento material. Porém, ao contrário da natu-
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reza, o movimento histórico-social possui um sujeito, sur-


gindo e progredindo mediante a ação deste, enquanto o mo-
vimento da natureza ocorre por meio de suas próprias ações
internas da matéria e da existência objetiva. O sujeito da his-
tória social são as massas populares e não as classes explo-
radoras reacionárias, pois: “As primeiras criam e levam adi-
ante a história, enquanto as últimas tratam de impedir o seu
avanço para fazê-las retroceder” (ibidem, p.21). Para Kim Jong
Il, mesmo reconhecendo que as massas populares trabalha-
doras são o sujeito da história, não possuem a mesma posi-
ção em todas as sociedades: “No passado, na sociedade ex-
ploradora, não se deram conta, durante longo tempo, de sua
situação social e classista, nem do seu poderio, nem tam-
pouco lograram unir-se em uma só força política. Como con-
sequência, viram-se condenadas a privação dos seus direitos,
à exploração e a opressão, por parte de uma classe dominante
minoritária, não ocupando assim sua posição devida como
donas da sociedade. Como estavam afastadas da sua posição,
ainda que também nessa sociedade criassem com suas pró-
prias mãos todos os bens materiais e culturais, não podiam
forjar a história de maneira independente. Somente quando
tomam em suas mãos o poder estatal e os meios de produção
e implantam o regime socialista, podem emancipar-se da ex-
ploração e da opressão, criando conscientemente a história
como genuínas donas da sociedade e de seu próprio destino”.
(Ibidem, 22).
Portanto, mesmo que nas sociedades baseadas na ex-
ploração do homem pelo homem (escravismo, feudalismo e
capitalismo) as massas populares trabalhadoras estivessem
afastadas do poder estatal e do controle dos meios de produ-
ção, eram elas que impulsionavam o avanço do movimento
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histórico-social. Ao longo das várias etapas de desenvolvi-


mento da sociedade humana, que chegaria ao socialismo pas-
sando pelas etapas primitiva, escravista, feudal e capitalista,
todos os movimentos sociais que levaram a cabo e possibili-
taram essas transformações se iniciaram graças à exigência
das massas populares por sua independência;

2. A história da humanidade é a história da luta das


massas populares por sua independência.
Para Kim Jong Il, toda forma de luta revolucionária das
massas populares é uma luta pela defesa de sua própria inde-
pendência. A luta pela transformação da sociedade, natureza
e dos próprios homens é uma luta para tornar realidade a in-
dependência das massas populares. Segundo o autor, para vi-
ver de modo independente, o homem deve “derrubar o caduco
regime social que pisoteia e sufoca a independência” levan-
tando um novo, que a assegura e coloque as massas popula-
res na posição de “donas da sociedade” e “donas do seu pró-
prio destino” de modo que possam viver de maneira indepen-
dente. A luta pela transformação da natureza visa libertar o
homem das restrições impostas pela mesma, criando as con-
dições materiais necessárias para que ele possa desfrutar uma
vida independente. E, por fim, a luta pela transformação dos
homens visa libertar as massas populares de todo tipo de ve-
lhas mentalidades e ideias caducas, garantindo condições
ideológicas e culturais necessárias para que elas tenham uma
vida independente. Possuir uma consciência ideológica inde-
pendente e uma cultura sadia é condição necessária para que
os homens possam forjar seu próprio destino e vivam como
seres humanos independentes. A principal frente de luta das
massas por sua independência é a luta sociopolítica. Para Kim
Jong Il: “Como o homem é um ser social, deve ter assegurado
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

a independência, antes de tudo, no aspecto sociopolítico. Esta


é a chave tanto para libertar-se das restrições da natureza
como para lograr o progresso ideológico cultural. Na condi-
ção de submissão sociopolítico, as massas populares não po-
dem beneficiar-se a plenitude do desenvolvimento das forças
produtivas, por mais que esta se desenvolva, nem tampouco
podem se libertas dos grilhões da ideologia e da cultura rea-
cionária”. (Ibidem, p. 25)
Assim, ainda para Kim Jong Il, o capitalismo é consi-
derado o último regime explorador da história da humani-
dade, devendo ser substituído pelo socialismo (primeira fase
da sociedade comunista) e comunismo. Tal mudança de re-
gime representaria uma virada histórica na luta das massas
populares por sua independência, já que o novo regime soci-
alista eliminaria todo tipo de classes e regimes exploradores
e criaria a possibilidade que as massas populares exerçam o
papel de donas da sociedade, tomando em suas próprias
mãos o poder estatal e o conjunto dos meios de produção. O
autor afirma que “na sociedade comunista as massas popula-
res, como verdadeiras donas da sociedade, da natureza e de
seu destino, desfrutarão de uma vida plenamente indepen-
dente” (Ibid. p.28). Para Kim Il Sung: “A sociedade comunista
será uma sociedade altamente organizada. A sociedade co-
munista será uma sociedade na qual as relações de unidade e
de cooperação entre as pessoas estarão altamente desenvol-
vidas, uma sociedade que estará firmemente unida organica-
mente em sua totalidade e todas suas atividades serão feitas
de modo organizado. A unidade e a cooperação são formas de
convivência entre as pessoas. Desde sua origem, o homem,
como ser social, forjou o seu destino com o método da união
e cooperação. As relações de unidade e cooperação entre as
pessoas serão fomentadas junto com o desenvolvimento da
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sociedade e na sociedade comunista elas chegarão a um nível


mais alto”. (Kim Il Sung, 1993, p.120)
Ao chegar a etapa comunista a composição social da
sociedade se simplifica, dado que a divisão de classes ter-
mina, podendo assim a humanidade estabelecer de maneira
mais firme relações de unidade e cooperação baseadas no co-
letivismo. Para Engels, em Princípios Básicos do Comunismo:
“A associação geral de todos os membros da sociedade para
a exploração comum e planificada das forças de produção, a
expansão da produção num grau tal que satisfaça as necessi-
dades de todos, a liquidação da situação em que as necessi-
dades de uns são satisfeitas à custa dos outros, a aniquilação
das classes e dos seus antagonismos, o desenvolvimento in-
tegral das capacidades de todos os membros da sociedade por
meio da eliminação da divisão do trabalho até agora vigente,
por meio da educação industrial, por meio da troca de ativi-
dades, por meio da participação de todos nos prazeres criados
por todos, por meio da fusão da cidade e do campo – eis os
resultados principais da abolição da propriedade privada”.
(1982, p.91)
O comunismo, na visão de Kim Il Sung e Kim Jong Il,
assim como na de Marx e Engels, representa um estágio avan-
çado da sociedade humana, no qual a exploração do homem
pelo homem é superada, as forças produtivas são desenvolvi-
das em maior grau e o homem estabelece formas superiores
de unidade e cooperação.

3. O movimento histórico-social é o movimento cria-


dor das massas populares.
O movimento das massas populares para transformar
a natureza e a sociedade possuem um caráter criador. O ho-
mem, exercendo suas qualidades criativas, é capaz de criar
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riquezas materiais e regimes sociais, transformando a natu-


reza e a sociedade em que vive. Para Kim Jong Il as “massas
populares são criadoras: modificam a natureza e a sociedade.
Exigem suprimir o velho e criar o novo, e possuem a capaci-
dade criadora necessária para transformar a natureza e a so-
ciedade” (Kim Jong Il, 1995, p.30). O homem possui a capaci-
dade de criar aquilo que é indispensável para satisfazer suas
próprias necessidades vitais. Através de suas atividades cog-
nitivas pode descobrir as leis que regem o movimento dos fe-
nômenos e a prática concreta para transformá-los de acordo
com sua própria vontade. Kim Chan Ja afirma que as ativida-
des criadoras são “as atividades cognitivas e práticas para
transformar a natureza e a sociedade” (1984, p.244);

4. Na luta revolucionária a consciência ideológica in-


dependente das massas desempenha o papel decisivo.
Segundo este princípio da ideia Juche as massas só po-
dem fazer a revolução caso sustentem uma luta consciente
pela construção da nova sociedade. A consciência é entendida
como a “propriedade suprema do homem” que, graças a ela,
converte-o em “ser superior” e “mais poderoso” do mundo. A
consciência é entendida como a principal função do cérebro,
que por sua vez é o órgão mais desenvolvido do corpo hu-
mano. Kim Jong Il explica esta concepção da seguinte ma-
neira: “A consciência é a propriedade suprema do homem,
quem, graças a ela, pode ser considerado um ente superior e
o mais poderoso do mundo. A consciência é a função máxima
do cérebro, o órgão mais desenvolvido do corpo humano. O
cérebro desempenha o papel central nas atividades biológicas
do homem, e a consciência, que é sua função, coordena todas
as atividades do mesmo”. (Kim Jong Il, 1995, p.34)
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

A consciência ideológica refletiria as exigências e inte-


resses dos homens, exercendo assim o papel mais dinâmico
da atividade humana. As atividades independentes e criadoras
dos homens só podem ser concebidas mediante a função de-
terminante e reguladora da consciência ideológica. A consci-
ência ideológica é a condição para a atividade independente
e criadora do homem, dotando-o de uma visão que o ajuda a
compreender sua posição de dono do seu próprio destino. So-
mente assim seria possível realizar atividades conscientes
para conquistar e transformar a natureza, bem como lutar
contra as classes exploradoras que “violam” e “pisoteiam” a
liberdade (Ibid., p.34). Kim Jong Il entende que todo movi-
mento revolucionário é um movimento consciente, que for-
nece aos homens ideias avanças e que triunfa mediante a mo-
bilização e a força das massas populares educadas nas pro-
postas e ideias revolucionárias. Tal concepção faz com que os
comunistas norte-coreanos sustentem a ideia de que a cons-
ciência ideológica “é o fator decisivo que determina o papel
dos homens na revolução e construção” (Ibid., p.35). Sendo a
consciência ideológica independente das massas o fator deci-
sivo do movimento revolucionário e da construção socialista,
é extremamente necessário que a “superação ideológica” se
converta numa das tarefas mais importantes do Partido, já
que é por meio dela que será possível fazer das pessoas “co-
munistas autênticos”. Segundo Kim Jong Il, durante o pro-
cesso de construção socialista “uma tarefa importante é
transformar toda a sociedade segundo os requerimentos da
ideia Juche, preparando todos os seus integrantes como co-
munistas de tipo jucheana, dotando-os com a consciência re-
volucionária e da classe operária, assim como também pro-
movendo sua intelectualização (Ibid., p.62). Para superar as
velhas ideologias, remanescentes da velha sociedade, não
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basta apenas alterar a situação socioeconômicas e as condi-


ções de vida material. Kim Jong Il ainda considera a luta pela
transformação ideológica do homem a forma principal pela
qual a luta de classes se manifesta na sociedade socialista: “A
superação ideológica do homem é uma revolução séria. É
uma luta encaminhada a eliminar por completo da mentali-
dade do homem os remanescentes da velha sociedade e ar-
mar a todos os trabalhadores com a avançada ideologia da
classe operária, a ideologia comunista; é ao mesmo tempo a
forma principal da luta de classes na sociedade socialista,
onde foram derrubadas as classes exploradoras. Visando
transformar as pessoas pela via comunista faz falta combater,
ainda depois do estabelecimento do regime socialista, a pe-
netração das ideias e da cultura reacionária dos imperialistas
e, ao mesmo tempo, seguir impulsionando consequente-
mente a revolução ideológica com o propósito de limpar a
mentalidade das pessoas dos traços das velhas ideologias,
dotando-as com as novas ideias comunistas”. (Ibid., p.63).
Para os comunistas coreanos, além das transforma-
ções políticas e econômicas a revolução precisa empreender
uma profunda transformação ideológica das pessoas, para
que assim elas possam exercer plenamente das suas condi-
ções de “donas da sociedade”, combatendo todos os resquí-
cios que possam existir das sociedades exploradoras do pas-
sado. Quanto mais consciente do ponto de vista ideológico
for um trabalhador, maior o grau de sua participação na re-
volução. Ainda sobre a luta de classes e também sobre a cons-
trução econômica do socialismo: “A luta de classes é a mais
aguda luta revolucionária. No processo dessa luta os homens
adquirem uma elevada consciência classista, chegam a saber
distinguir de maneira correta os inimigos dos amigos e se
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educam no espírito de lutar intransigentemente contra os ini-


migos de classe. O esforço para a construção econômica so-
cialista é também uma importante forma de luta revolucioná-
ria. Unicamente mediante uma ativa participação na luta prá-
tica pela produção e construção podem ter fé na justeza e na
vitória da causa do socialismo e do comunismo, além de ad-
quirir o autêntico espírito e características revolucionárias da
classe operária”. (Ibid. p.66).
A luta ideológica, como um tipo especial de luta de
classes na sociedade socialista, visa estimular a unidade e a
coesão dos membros da sociedade, promovendo a educação
socialista e valores revolucionários. Para os comunistas core-
anos, a luta de classes continua existindo no socialismo,
ainda que de uma maneira diferente de como ela existia no
capitalismo e outras sociedades exploradoras.
Como pudemos ver nos princípios apresentados aci-
ma, os norte-coreanos desenvolvem novas concepções filo-
sóficas e ideológicas e tratam de justificá-las alegando o seu
caráter original. Muitas ideias contidas nos princípios apre-
sentados, podem guardar certa semelhança com as teorias
marxista-leninistas do socialismo científico, assim como apa-
rentemente podem parecer contraditórias com tal teoria, o
que exigiria uma análise que tomaria um maior espaço.

Conclusão
A partir das ideias apresentadas neste trabalho, pode-
mos concluir que a ideia Juche guarda algo em comum com
as chamadas “ideologias precedentes”, a saber, sua missão
histórica (realizar o comunismo), ao mesmo tempo que intro-
duz novos elementos à teoria do socialismo científico, che-
gando a conclusões filosóficas e práticas que não haviam sido
expostas pelos clássicos ou terem sido tratados por eles de
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modo fragmentário. A ideia Juche segue sendo totalmente


desconhecida no ocidente, mesmo criada ainda na década de
30 do século passado. A derrota histórica sofrida pelo projeto
socialista no final da década de 80, e começo dos anos 90, fez
com que a RPDC ficasse isolada internacionalmente, fato este
que também contribuiu para a não divulgação da ideia Juche
em outros países.
Hoje, o Partido do Trabalho da Coreia, partido de tipo
comunista que dirige a RPDC, afirma construir um “Estado
próspero e forte”, sendo o único partido comunista no mundo
a se guiar pelo chamado “kimilsunismo-kimjongilismo”.
A ideia Juche, portanto, seria a base filosófica dessa
nova ideologia revolucionária representada pelo kimilsunis-
mo-kimjongilismo. Com a queda do socialismo na URSS e em
países do Leste Europeu, a República Popular Democrática da
Coreia seguiu como um dos únicos países a reivindicar o so-
cialismo, mantendo as estruturas de poder criadas durante o
processo revolucionário. Sobre a derrota do socialismo em
outros países, Kim Jong Il sustentava que o caminho ao soci-
alismo era novo e jamais transitado pela humanidade. É um
processo revolucionário que se desenvolve em meio a um
agudo enfrentamento de classes e lutas contra o imperia-
lismo. As dificuldades e os fenômenos imprevistos inevitavel-
mente se apresentam. Assim, mesmo que o socialismo tenha
fracassado em alguns países, tal fenômeno possui um caráter
parcial e temporário.
Para Kim Jong Il, o socialismo, longe de ser um projeto
inviável, constitui uma inevitabilidade histórica, decorrente
das próprias contradições geradas pelo sistema capitalista
imperialista. Foi derrotado em alguns países, pois neles os
seus Partidos Comunistas dirigentes não souberam fortalecer
o sujeito da revolução, as massas populares, ao relaxar no
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trabalho de formação política e ideológica. Tais partidos tam-


bém não souberam aplicar as teorias do socialismo científico
de acordo com as exigências da nova etapa histórica em que
essas sociedades se encontravam. Isso fez com que muitos
países, outrora socialistas, enveredassem por um caminho
que levou ao descuido do fortalecimento do Partido da classe
operária, bem como a introdução de práticas econômicas de
caráter capitalista e a propagação da ideologia burguesa no
seio das sociedades socialistas. Os Partidos Comunistas des-
ses países descuidaram do fortalecimento do partido da
classe operária, debilitando o seu papel dirigente do Estado
socialista; introduziram relações de produção e métodos de
administração econômicos de caráter capitalista, além de te-
rem promovido uma política de conciliação com os países im-
perialistas, deixando de combatê-los. Essa política resultou
na introdução do “pluralismo” como forma de escamotear o
processo de restauração do capitalismo, o que acelerou a de-
composição e a degeneração do regime socialista.
Para os comunistas coreanos, por aplicarem desde o
início os princípios da ideia Juche, tais erros não foram come-
tidos e o país pode seguir construindo o socialismo, mesmo
em um ambiente externo fortemente hostil. E foi justamente
o fato da República Popular Democrática da Coreia ser um
dos únicos países a permanecer reivindicando o socialismo,
que nos despertou o interesse no estudo da ideia Juche e das
suas ligações com o marxismo e o leninismo.

Bibliografia

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PARTE II
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

Que os Jovens levem a cabo a


causa Revolucionária do Juche
sob a Direção do Partido
KIM IL SUNG

Mensagem ao VIII Congresso da União da Juventude


Trabalhadora Socialista da Coreia. 22 de fevereiro de 1993

Em virtude do VII Congresso da UJTS da Coreia, de


grande importância para a luta revolucionária de nosso povo
e para desenvolvimento do movimento juvenil, felicito de
modo fervoroso os participantes e expresso minha calorosa
gratidão a todos os membros e demais jovens que realizam
abnegados esforços em interesse do partido, da revolução e
do fortalecimento da prosperidade da pátria socialista.
Os jovens da Coreia têm percorrido uma gloriosa tra-
jetória de luta no ritmo do avanço de nossa revolução. Em
todo o processo, desde sua época inicial até hoje, tens cum-
prido de modo inacreditável seu papel de vanguarda dando
contribuições imperecíveis a sua defesa e seu desenvolvi-
mento vitorioso.
No mais, durante o tenebroso período de dominação
colonialista do imperialismo japonês, foram os comunistas da
geração jovem quem, separados das caducas resoluções de
correntes ideológicas ultrapassadas, se uniram sob a ban-
deira da ideia Juche e facilitaram um novo caminho para a
Revolução Coreana. Para salvar do crítico destino a nação eles
e outros jovens patriotas se levantaram valorosamente, com
as mãos armadas, na sagrada guerra antijaponesa e lutaram
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

com espírito de sacrifício, fazendo assim uma entrada histó-


rica para implantação das gloriosas tradições de nosso par-
tido para o alcance da obra de restauração da pátria. Quando
nossa república se viu ante graves perigos por causa da inva-
são armada dos imperialistas norte-americanos, também fo-
ram eles que, ao combater com heroísmo, entregaram sem
hesitação sua preciosa juventude em interesse da pátria
única, logrando salvaguardá-la e fazendo-a brilhar com dig-
nidade e honra. Não só manifestaram seu espírito revolucio-
nário e heroísmo contra os agressores imperialistas, mas
também dedicaram sem reservas sua força e sabedoria e seu
valioso suor à construção de uma nova sociedade sobre a
terra pátria e à implantação do socialismo centrado nas mas-
sas populares e sustentado na independência, na autossufici-
ência e na autodefesa. Toda vez que nossa revolução trope-
çava com dificuldades, os jovens, convertendo-se em guardas
e tropas do partido, tem a protegido e defendido resoluta-
mente, na vanguarda e na execução de suas políticas e orien-
tações. A trajetória percorrida por eles está saturada de leal-
dade ao partido e a revolução e de relevante criação para o
bem da pátria e do povo.
Hoje os integrantes da jovem geração, sob a correta
direção do Partido, se preparam de modo excelente como
continuadores da revolução dignos de confiança. Formados
pelo partido, ainda que em meio da complexa situação inter-
nacional e seus ventos insalubres, defendem suas posições
como construtores socialistas e guardiões da pátria, assim
como mostram em elevado grau suas belas características a
oferecer para qualquer tarefa que o partido os chame a cum-
prir e de entregar, sem hesitar, a sua vida para o bem da so-
ciedade, do coletivo e dos camaradas. Viver como se espera o
Partido, como sua vanguarda juvenil, e compartilhar um
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mesmo destino, se tem feito com imóvel fé e vontade dos jo-


vens de nosso país. O Partido e o povo consideram grande
orgulho ter como continuadores da revolução tão magníficos
e admiráveis jovens das novas gerações.
Nossa revolução, que tem vencido avançando sob a
bandeira da Ideia Juche, se encontra em uma importante con-
juntura histórica, e ante ao povo e a juventude se apresentam
pesadas, porém honrosas tarefas.
A grave situação criada com a derrocada do socialismo
e a restauração do capitalismo em alguns países e as frenéti-
cas manobras que com tal motivo realizam os imperialistas e
outros reacionários contra o socialismo e nossa república,
criam sérias dificuldades a nossa revolução e lhe representam
importantes desafios. Se o caminho que nosso povo tem per-
corrido tem sido severo e árduo, em sua complexidade e rigo-
rosidade, a esta difícil situação devemos enfrentar. Defender
e levar adiante, ou não, a causa do socialismo ante todo o tipo
de desafios dos imperialistas e outros reacionários é questão
vital para o destino de nossa revolução e um importante as-
sunto concernente a existência do socialismo e do futuro da
humanidade. Ainda que a situação da revolução seja severa e
complexa, seu futuro é lisonjeiro, e nossa causa, invencível.
Os imperialistas estão barulhentos, porém suas con-
tradições internas e corrupção se aprofundam com o passar
dos dias; é irrevogável a lei da história em que se arruína o
imperialismo e triunfa o socialismo. Os imperialistas não po-
dem acabar com a fé do nosso povo no socialismo. O nosso
socialismo não é trazido por ninguém, nem é a imitação de
um país estrangeiro, nosso povo o escolheu por si só e o
construiu por sua própria conta, de acordo com a sua neces-
sidade. Nosso socialismo, sob atenção do Partido e do Estado,
assegura ao povo uma existência independente e criadora, e
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possibilita que todos os jovens venham a crescer com felici-


dade e fazer realidade seus ideais, está arraigado profunda-
mente em sua vida e se tem convertido em algo inseparável
de nosso destino. O destino do socialismo é o de nosso povo
e o de nossos jovens.
Temos capacidade para salvaguardar e fazer brilhar o
socialismo e culminar na revolução. Os tempos atuais são di-
ferentes de quando travamos batalha contra o imperialismo
japonês, expostos ao tempo e mal armados e no período da
passada guerra de libertação da Pátria, quando o jovem exér-
cito popular teve que fazer frente agressão do imperialismo
norte-americano. Contamos hoje com a provada direção de
um grande partido, um povo unido em torno de uma só von-
tade, uma poderosa economia nacional independente capaz
de sustentar-se por si só sob qualquer circunstância e defen-
der as conquistas do socialismo. Nenhuma ameaça militar
nem ofensiva político-ideológica, nem nenhum bloqueio eco-
nômico dos imperialistas podem amedrontar o nosso povo
nem impedir nosso avanço.
Devemos defender com firmeza a causa socialista,
frustrando com a ofensiva revolucionária a contrarrevolução
dos imperialistas e outros reacionários, alcançar a todo custo
o triunfo total do sistema e culminar na obra histórica de reu-
nificação.
Nossas tarefas revolucionárias e a situação atual re-
querem que os jovens se preparem de maneira consequente
como combatentes de vanguarda, fiéis ao partido e a revolu-
ção. O futuro do partido, o destino da revolução depende de
como se preparam os integrantes da jovem geração, sua re-
serva e continuadores, respectivamente, e de como se eleva
seu papel. Para que o partido se consolide e progrida ainda
mais e a revolução alcance etapas maiores, é indispensável
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dar-lhes uma formação revolucionária melhor que a de seus


antecessores. Este é um requisito legítimo do desenvolvi-
mento da revolução. As experiências e lições históricas da luta
revolucionária mostram que quando os jovens se educam e
se preparam solidamente como revolucionários, se assegura
com firmeza a continuidade da revolução, porém, em caso
contrário, esta sofre contratempos e tropeços, até ser inter-
rompido seu relevo. É errôneo considerar inevitável que o es-
pírito revolucionário dos integrantes das novas gerações se
debilite pouco a pouco, à medida que a construção socialista
avança e a vida se faz mais abundante. Ainda que eles tenham
a limitação de não ter se forjado em meio as provas revoluci-
onárias, estão em condições favoráveis para assimilar eleva-
das qualidades revolucionárias sobre a base das experiências
e os méritos da luta, acumulados por seus predecessores. O
cerne do problema é se pode educá-los ou não para que pos-
sam seguir e levar adiante com acerto o seu espírito revoluci-
onário e seus méritos. Nosso dever é formá-los como um re-
levo digno de fidelidade, de maneira que herdem e desenvol-
vam idealmente a causa Juche, honrando a geração prece-
dente. A tarefa básica de nossos jovens neste processo reside
em ser ilimitadamente fiéis ao partido, herdando a tradição
da unidade sendo uma só vontade.
A revolução avança triunfalmente quando as massas
populares se unem com firmeza em torno do seu dirigente e
seguem com lealdade seu guia. Se nosso povo pôde triunfar
na tão amarga luta revolucionária antijaponesa foi, precisa-
mente, porque conseguiu estabelecer unidade em suas linhas.
A unidade ao redor do dirigente constitui o núcleo das tradi-
ções revolucionárias de nosso Partido.
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

Na atualidade, nossa revolução segue desenvolvendo-


se impecavelmente sob guia do camarada Kim Jong Il, diri-
gente ilimitadamente fiel a causa das massas populares. Os
jovens devem unir-se com uma só alma e vontade em torno
do camarada Kim Jong Il e seguir com lealdade a direção do
partido, tal como nossa primeira geração, que iniciou o glori-
oso caminho da Revolução Coreana, combateu aglutinada e
firmemente ao redor de seu líder. Esta é a exigência de nossa
revolução e eis aqui, precisamente, a sólida garantia para de-
fender e levar a cabo a causa socialista e realizar com rele-
vante êxito a história do trabalho da reunificação da pátria em
qualquer situação difícil e complexa.
Nossa unidade é idealizada e baseada na ideia Juche, é
organizada, nos permite atuar como um só homem sob a di-
reção do partido. A lealdade ao partido não é senão aquela
que expressa respeito a sua ideologia revolucionária e a sua
direção.
Atualmente, a ideia Juche, doutrina reitora invariável
da nossa revolução, se transmite com excelência, se apro-
funda e desenvolve em sua plenitude por nosso partido, assim
como se materializa de modo irrepreensível em todas as esfe-
ras da revolução e da construção. Os jovens devem ser os
mais fervorosos partidários e defensores desta doutrina. Seus
corações têm de bater sempre sob ele e por suas veias têm de
correr somente seu sangue vermelho. Todos têm que se armar
solidariamente com ele, apoiá-lo e defendê-lo com afinco, as-
sim como pensar e atuar segundo seus postulados em todo
momento e lugar.
A União da Juventude Trabalhadora Socialista é a re-
serva política de nosso partido e por sua conduta os jovens
estão ligados organicamente com ele. Se deve implantar com
solidez o sistema de direção do partido em seu seio de modo
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que suas organizações e membros se movam como um só


corpo sob única direção do partido. Militar na UJTS significa
ser soldado revolucionário do partido que, levando uma vali-
osa vida política, compartilha um mesmo destino. Seus mem-
bros com alto orgulho revolucionário e sentimento de honra,
participarão com entusiasmo nas atividades da organização
e, neste processo, se forjarão sem interrupção e irão se pre-
parando como soldados revolucionários fiéis ao partido.
Para continuar e levar a um final feliz a causa Juche,
substituindo as gerações antecessoras, os jovens têm de ser
construtores do socialismo dotados de grandes capacidades
e elevadas características.
O socialismo, destinado a modificar e transformar a
natureza, a sociedade e o homem, é a causa magna e criadora
levada a cabo durante a amarga luta contra o imperialismo,
por isso, para ser responsáveis de sua construção os jovens
devem ter, ademais, alto grau de fidelidade ao partido e a re-
volução, amplos conhecimentos científicos técnicos e prepa-
ração cultural e militar. Nossos jovens devem se esforçar para
serem revolucionários dotados com a ideia Juche, construto-
res do socialismo, bem formados na cultura e militar fiéis ao
partido e ao país. Sua capacidade e talento criador tem de se
manifestar em esforços para construir o socialismo. O ele-
vado valor de sua vida não se mede pelo prazer pessoal senão
por abnegado trabalho de interesse a felicidade popular. Ao
dedicar-se com entusiasmo e talento para sobressair ainda
mais nosso socialismo centrado nas massas populares, terão
que passar com proveito sua juventude.
Nosso partido, confiando nos integrantes da jovem ge-
ração, instruídos de modo original, emergiu como vanguarda
das três revoluções: a ideológica, a técnica e a cultural. Lhes
incube fazer realidade cabalmente a original linha de nosso
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partido para a construção do socialismo, registrar inovações


e as promoções em todas suas frentes, levantando a bandeira
das três revoluções.
Participar e realizar proezas nessa digna tarefa vem a
ser a maior honra para os jovens. Nosso partido os chama
para ocupar postos importantes na edificação socialista e es-
pera que todos sejam inovadores e heróis na produção e na
construção. Oferecendo-se conscientemente em seus ramos,
deverão eliminar os obstáculos no caminho e fazer proezas
laborais. Defender, com armas, o Partido e a Revolução é a
outra nobre missão dos jovens. Com um correto ponto de
vista, sobre o imperialismo e a guerra, tens de adquirir com
assiduidade conhecimentos militares e se esforçar com tena-
cidade para levar a efeito a linha militar do nosso partido para
a autodefesa. Considerado como um motivo de grande orgu-
lho servir o exército popular, as forças armadas revolucioná-
rias de nosso partido, os militares se preparam para poder
aniquilar cada cem inimigos e, assim, defender o país com a
força do aço.
A nobre moral e o estilo de vida sadio são importantes
características que tem de próprio nos jovens de nossa época.
Só quando são sadios na moral e vivem de modo revolucio-
nário, é possível consolidar a unidade e coesão de nosso povo
e implantar em toda a sociedade esse ambiente de vida. A mo-
ral da classe exploradora e o corrompido modo de vida bur-
guês constituem um perigoso veneno que perverte a juven-
tude. Não devem ser persuadidos pelos redemoinhos de “li-
beralização” e a existência dissipada que os imperialistas tra-
tam de difundir, mas rejeitar categoricamente. Tem que mos-
trar um grau elevado de nobre moral e estilo revolucionário
de vida, de estudar, de trabalhar e lutar com agrado, amar os
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

companheiros e a coletividade, socorrer e guiar uns aos ou-


tros, compartilhando tristezas e alegrias. Sua existência tem
que estar acompanhada de lutas, de canções e de bailes. Com
lindas esperanças e abundantes sentimentos deverão viver
com otimismo.
O esforço para alcançar a reunificação é a continuação
do combate que iniciamos pela libertação nacional com a luta
revolucionária antijaponesa e a máxima ânsia de nossa nação
é desfrutar todos, por igual, de uma vida feliz no território pá-
trio unificado. Os jovens são abandeirados pela unificação da
pátria e serão protagonistas de uma Coreia unificada. Devem
avançar a frente de toda a nação na luta por alcançar esse
objetivo na década de 1990. Prestarão ativo apoio e respaldo
a batalha dos jovens estudantes e demais setores da popula-
ção sul-coreana pela soberania, a democracia e a reunificação
da pátria, sem olvidá-los nem por um momento. Todos os jo-
vens do Norte e Sul no estrangeiro, ao lutar mancomunados
solidamente sob bandeira da grande unidade nacional, tem de
acelerar a reunificação independente e pacífica da Pátria.
A batalha de nosso povo para elevar a causa Juche está
estreitamente ligada com a dos demais povos progressistas
contra o imperialismo e pela criação de um mundo novo e
independente. Construir um mundo novo, livre e pacífico, li-
vre da dominação e subjugação, da agressão e da guerra, é
um trabalho comum da humanidade, e lutar na linha de frente
para levar a cabo é um sublime dever da juventude. Nossos
jovens não podem somente ser fiéis a missão nacional da re-
volução, mas também ser exemplos no cumprimento de sua
missão internacional. Compete-lhes fortalecer a amizade e a
solidariedade com os jovens progressistas do mundo sob o
ideal da independência, a paz e a fraternidade.
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

O futuro pertence aos jovens. O feliz destino não vem


por si só, há de se forjá-lo e conquistá-lo através da luta. O
orgulho dos jovens e sua digna vida consistem em edificar um
luminoso futuro, vencendo as dificuldades e provas no cami-
nho da revolução. Todos nossos jovens abrigando esse
magno projeto e ideal, dedicarão sem reservas seu entusi-
asmo e talento a batalha para completar a causa revolucioná-
ria Juche. Estou seguro que a União da Juventude Trabalha-
dora Socialista e seus integrantes a levarão a um final feliz
sob a direção do partido.
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

Reforcemos a Luta Anti-


imperialista e Anti-Ianque
KIM IL SUNG

Artigo publicado na revista “Tricontinental” da Organização de Solidariedade


aos Povos da Ásia, África e América Latina (OSPAAAL). 12 de agosto de 1967.

Há dois anos foi fundada em Havana, capital de Cuba,


a Organização de Solidariedade aos Povos da Ásia, África e
América Latina. Isso constituiu um evento de enorme impor-
tância. O objetivo e ideal que persegue esta organização ga-
nhou a simpatia de milhões de pessoas da Ásia, da África e da
América Latina, e está exercendo profunda influência no pro-
cesso das grandes transformações que ocorrem no mundo.
Os povos da Ásia, África e América Latina, que durante
séculos estiveram submetidos a opressão e saqueio do capi-
talismo ocidental e do imperialismo, agora se erguem valen-
temente, fazendo assim sua aparição no cenário da história.
Uma poderosa maré de libertação nacional está se expan-
dindo com uma força irresistível. Centenas de milhões de pes-
soas dos três continentes lutam por sua libertação e para sal-
vaguardar os logros revolucionários já obtidos. O sistema co-
lonial do imperialismo desmorona com rapidez.
Para manter sua antiga posição e recuperar seus balu-
artes já perdidos, o imperialismo realiza os mais desespera-
dos esforços de vida ou morte. A medida que o imperialismo
se aproxima da morte, a luta se torna mais feroz. É por esta
razão que os povos não podem deixar de continuar sua luta,
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

levantando a bandeira anti-imperialista até derrotar por com-


pleto o imperialismo da face da terra.
Os países recém independentes, livres do jugo imperi-
alista, têm diante de si tarefas muito difíceis e importantes,
como a de defender a independência nacional, fazer progredir
a revolução e apoiar a luta de libertação dos povos que, toda-
via, estão sob o domínio do imperialismo. Os povos que já
conquistaram a independência devem lutar para destruir as
atividades subversivas do imperialismo estrangeiro e das for-
ças reacionárias internas e liquidar suas bases econômicas;
para fortalecer as forças revolucionárias, estabelecer um re-
gime social progressista e construir uma economia indepen-
dente e uma cultura nacional.
Somente atuando assim poderão lograr a prosperidade
do país e da nação, salvaguardando suas conquistas revolu-
cionárias, fazendo um grande aporte à luta conjunta dos po-
vos de todo o mundo para enterrar o imperialismo.
Ásia, África e América Latina constituem 71% da super-
fície da terra. Nelas habitam mais do que dois terços da po-
pulação mundial e existem inesgotáveis riquezas. O imperia-
lismo cresceu e engordou sugando o sangue e o suor desses
povos e saqueando suas riquezas. Hoje em dia também o im-
perialismo extrai a cada ano ganhos de dezenas de bilhões de
dólares dessas regiões. Se o velho colonialismo na Ásia, África
e América Latina for eliminado, nem a Europa ocidental im-
perialista nem os EUA imperialista poderão seguir existindo.
A luta anti-imperialista e anticolonialista dos povos da
Ásia, África e América Latina é uma sagrada luta de libertação
de centenas de milhões de seres humanos oprimidos e explo-
rados e, ao mesmo tempo, uma grande luta dirigida a cortar
do imperialismo mundial essa linha de vida. Esta luta consti-
tui, junto com a luta revolucionária da classe operária pelo
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

socialismo, as duas grandes forças revolucionárias de nossa


época, as quais se uniram formando uma só corrente que se-
pulta o imperialismo.
Os imperialistas não podem dar de presente da inde-
pendência aos povos coloniais. Por acaso existe a necessi-
dade de provar o quão são mentirosas as declarações dos im-
perialistas quando dizem que o mundo ocidental pode dar
ajuda a independência e ao progresso dos povos dos três con-
tinentes e coexistir com Ásia, África e América Latina, livres e
independentes? A natureza do imperialismo não poderá mu-
dar. Até a sua morte, o imperialismo explorará, oprimirá e sa-
queará os povos.
Os povos oprimidos só poderão libertar-se através da
luta. Isto é uma simples e clara verdade, já provada pela his-
tória. É necessário, portanto, desmascarar a propaganda de-
magógica dos imperialistas e desfazer por completo a ilusão
de que estes cederão voluntariamente as posições que pos-
suem em suas colônias e nos países dependentes. É uma lei o
fato de que onde existe opressão, também existe resistência.
É inevitável que os povos oprimidos lutem por sua libertação.
Enquanto o imperialismo saqueie e oprima com violência as
nações pequenas, é um direito inalienável que as nações opri-
midas lutem com armas, resistindo aos agressores.
É um erro tratar de evitar a luta contra o imperialismo
alegando que, ainda que a independência e a revolução sejam
boas, mais preciosa é a paz. Por acaso não é um fato real que
a linha de um compromisso sem princípios com o imperia-
lismo unicamente fomenta as manobras agressivas deste e
aumenta o perigo da guerra? Uma paz que leva a submissão
escravista não é paz. A paz verdadeira não pode ser conquis-
tada se não lutarmos contra aqueles que a perturbam e se não
destruirmos a dominação dos opressores, opondo-nos a essa
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

paz escravista. Do mesmo modo que nos opomos à linha de


compromisso com o imperialismo, não podemos admitir o te-
mor a lutar contra o imperialismo com ações práticas, limi-
tando-se unicamente a proclamar de modo ruidoso que se
está contra. Isto não é senão o contrário da linha de compro-
misso. Tanto uma quanto a outra não tem nenhuma seme-
lhança com a verdadeira luta anti-imperialista e só servem de
ajuda à política de agressão e guerra do imperialismo.
Para combater o imperialismo é importante, em pri-
meiro lugar, concentrar o ataque contra o imperialismo
norte-americano, líder do imperialismo mundial. Ao estender
suas garras de agressão no mundo inteiro, o imperialismo
ianque se converteu no inimigo comum de todos os povos do
mundo. Não há sob o globo um só país cuja soberania não
tenha sido violada pelo imperialismo Ianque ou que não se
depare com a ameaça de agressão do imperialismo estaduni-
dense. Os imperialistas estadunidenses reprimem selvage-
mente a luta de libertação nacional dos povos da Ásia, África
e América Latina e perpetram sem cessar ações agressivas e
atividades de subversão para subjugar novamente os países
recém independentes.
Expondo abertamente sua natureza bandida, os impe-
rialistas ianques estão levando a cabo uma guerra agressiva
contra um país socialista e intervindo com suas forças arma-
das nos assuntos internos de outros países. Durante os vinte
e tantos anos posteriores a Segunda Guerra Mundial, não
houve sequer um só dia em que a chama de agressão e guerra
acesa pelos norte-americanos deixou de queimar. São preci-
samente os imperialistas norte-americanos que forçam a to-
dos os povos da terra a exigir a paz, a independência e o pro-
gresso, unidos em uma frente comum contra o imperialismo.
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

Os povos da Ásia, África e América Latina possuem in-


teresses comuns, e suas lutas anti-imperialistas e anti-ianque
se apoiam mutuamente. Enquanto África e América Latina
não forem livres, tampouco a Ásia poderá ser; e igualmente,
quando os imperialistas norte-americanos forem expulsos da
Ásia, isto favorecerá a luta de libertação dos povos africanos
e latino-americanos. A vitória contra o imperialismo ianque
em uma frente acelerará a vitória em outras frentes, pois ela
debilita em sua medida a força do imperialismo.
Em qualquer lugar do mundo onde forem aniquiladas
as forças agressivas do imperialismo estadunidense, isso
constituirá por si mesmo algo muito positivo para todos os
povos do mundo. Daí a necessidade de isolar por completo o
imperialismo norte-americano formando a mais ampla Frente
Anti-Ianque, e acertar golpes com essa força conjunta em to-
dos os lugares onde o imperialismo ianque estenda suas gar-
ras de agressão. Somente dessa maneira poderemos disper-
sar e debilitar ao máximo as forças do imperialismo norte-
americano, e lograr que os povos, com um poderio de abso-
luta superioridade, derrotem o imperialismo em cada frente.
Já fazem mais de 20 anos que os imperialistas norte-
americanos ocupam a metade Sul de nosso país. Os imperia-
listas dos Estados Unidos implantaram uma dominação colo-
nial na Coreia do Sul e a converteram em uma base militar,
destinada a agredir toda a Coreia e Ásia. Ainda que tenham
sofrido uma derrota vergonhosa na guerra de agressão contra
a República Popular Democrática da Coreia, os imperialistas
norte-americanos mantêm invariavelmente sua intenção a-
gressiva de conquistar toda a Coreia e realizam sem cessar
manobras para desatar uma nova guerra na Coreia. A su-
prema e imediata tarefa que enfrenta o povo coreano é levar
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

a cabo a revolução de libertação nacional, liquidando o sis-


tema colonial do imperialismo ianque na Coreia do Sul e lo-
grar a unificação do país. Para realizar por completo a causa
de libertação nacional, o povo coreano deve preparar suas
forças em três aspectos: fortalecer as forças socialistas no
norte da Coreia; aumentar e acumular forças revolucionárias
no sul da Coreia e desenvolver o movimento revolucionário
internacional para assim fortalecer a solidariedade com este.
Os êxitos da construção socialista no norte da Coreia estimu-
lam a luta Anti-Ianque de salvação nacional do povo sul-co-
reano e contribui para preparar forças revolucionárias no sul
da Coreia. Ao mesmo tempo que reforçamos e desenvolvemos
as forças revolucionárias no Norte e no Sul da Coreia, lutamos
também para fortalecer nossa solidariedade com as forças re-
volucionárias internacionais. O povo coreano apoia a luta dos
povos de todos os países que se opõem ao imperialismo es-
tadunidense e a considera como um respaldo a causa de sua
libertação. Nós insistimos que todas as forças anti-imperia-
listas do mundo devem lutar unidas em uma ação conjunta
contra o imperialismo norte-americano e estamos nos esfor-
çando continua e invariavelmente para que isto ocorra.
O que mais temem os imperialistas é a força unida dos
povos revolucionários do mundo. É por isso que eles, lan-
çando a mão para todos os tipos de brigas, entorpecem a for-
mação de uma Frente Única Anti-imperialista e põem e prática
a estratégia de conquistar um a um os países débeis e peque-
nos. Temos que frustrar totalmente esta estratégia do imperi-
alismo. Os países da Ásia, África e América Latina possuem
diferentes sistemas sociais e neles existem também numero-
sos partidos e grupos com diferentes pontos de vistas políti-
cos. Porém, fora os lacaios do imperialismo, todos esses paí-
ses e partidos possuem um interesse comum em se opor as
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

forças agressivas do imperialismo representados pelo imperi-


alismo norte-americano. A diferença de sistemas sociais e
concepções políticas de nenhuma maneira pode constituir um
estorvo para lutar com forças unidas e realizar ações conjun-
tas contra o imperialismo. Não se devem permitir ações como
as de dividir essa Frente Única Anti-imperialista ou negar-se
uma ação conjunta, antepondo os interesses particulares de
cada país ou partido. Semelhante conduta unicamente favo-
rece o imperialismo, liderado pelos Estados Unidos e causa
danos aos povos revolucionários.
Na luta comum contra o imperialismo, é muito impor-
tante a defesa das revoluções que já conquistaram a vitória.
Lutar pela defesa das conquistas da Revolução Cubana cons-
titui um dever internacionalista de todos os povos revolucio-
nários. Cuba revolucionária representa o futuro da América
Latina e sua existência estimula o movimento libertador dos
povos desse continente. O triunfo da revolução cubana é uma
prova evidente de que em nossa época o imperialismo, sem
sombra de dúvidas, será derrotado e de que a revolução de
libertação nacional e a revolução popular obterão sem faltas
a vitória. Este é o motivo pela qual os imperialistas norte-
americanos odeiam e temem tanto esse pequeno país caribe-
nho. Os imperialistas norte-americanos tratam de estrangular
a República de Cuba. Os povos latino-americanos e os povos
progressistas de todo o mundo devem fazer tudo o que esteja
a seu alcance para frustrar a política de bloqueio do imperia-
lismo norte-americano contra a República de Cuba e destruir
suas tentativas de agressão militar.
Na atualidade, a guerra de resistência pela salvação
nacional do povo vietnamita contra as tropas norte-america-
nas constitui o ponto focal da luta anti-imperialista. As forças
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

agressivas do imperialismo ianque e as forças anti-imperia-


listas do mundo, amantes da paz, se enfrentam hoje cara a
cara no Vietnã. Graças a heroica resistência do povo vietna-
mita, as tropas norte-americanas sofrem derrotas sucessivas
e se afundam em um pântano do qual não podem sair. Dife-
rente do que calculavam os imperialistas norte-americanos, a
guerra no Vietnã se converteu em uma sepultura para os
agressores. A guerra de resistência de salvação nacional do
povo vietnamita demonstra claramente uma vez mais que um
povo que está decidido a defender sua independência e liber-
dade, arriscando qualquer sacrifício, e que possua apoio dos
povos de todo mundo, é invencível.
Agora os imperialistas expandem essa guerra passo a
passo, reforçando sem cessar suas forças militares no Vietnã
do Sul, introduzindo ali mais tropas satélites e bombardeando
em grande escala a República Democrática do Vietnã.
O povo vietnamita, com seu heroico combate, está le-
vando o enorme peso da luta de resistência contra a agressão
do mais bárbaro e mais sinistro imperialismo dos tempos atu-
ais. O povo vietnamita luta não somente para defender sua
independência e liberdade, mas também para defender a paz
e a segurança mundial. Quando tenhamos conseguido deter
e frustrar a agressão do imperialismo contra o Vietnã, o des-
tino do imperialismo dos EUA será como o pôr do sol, e para
os povos de todos os países que lutam pela paz, independên-
cia e o progresso serão criadas situações mais favoráveis. Os
povos do mundo inteiro, amantes da paz, possuem a obriga-
ção de oferecer todo tipo de ajuda ao povo vietnamita, e este
tem o direito de recebê-la. Os povos dos Estados socialistas,
dos países recém independentes e de todos os outros países
da Ásia, África e América Latina e do resto do mundo devem
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

esforçar-se ao máximo para ampliar a Frente Única Anti-Ian-


que, apoiar a guerra de resistência do povo vietnamita e frus-
trar com uma ação conjunta a agressão do imperialismo. Nin-
guém tem o direito de impor ao povo vietnamita a maneira de
solucionar seus próprios assuntos internos. As tropas agres-
sivas ianques devem retirar-se do Vietnã e o problema vietna-
mita deve ser resolvido pelo próprio povo vietnamita.
Nós não devemos subestimar a força do imperialismo,
tampouco superestimá-la. O imperialismo norte-americano é
capaz de cometer muitos crimes. Porém, está em decadência.
Hoje, quando o imperialismo ianque atua de modo mais des-
pótico, sua debilidade se manifesta com maior clareza do que
nunca. O povo coreano conhece o que é o imperialismo norte-
americano. Nosso povo já o combateu e defendeu a Pátria
frente sua agressão. A guerra coreana demonstrou que o im-
perialismo norte-americano não é de nenhum modo um ini-
migo invencível, mas ao contrário, é possível vencê-lo com
toda segurança. Em condições distintas da nossa, a vitória da
Revolução Cubana provou mais uma vez essa verdade. Tam-
bém a guerra de resistência de salvação nacional do povo vi-
etnamita comprova essa verdade.
A derrota total do imperialismo norte-americano é ine-
vitável. Os povos asiáticos, africanos e latino-americanos
construirão uma nova Ásia, uma nova África e uma nova Amé-
rica Latina, independentes e prósperas, e assim darão grandes
contribuições para a paz mundial e a libertação da humani-
dade ao lutarem unidos contra o imperialismo.
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

A Filosofia Juche é uma Filosofia


Original Revolucionária
KIM JONG IL

Declarações à revista teórica "Kulloja", do Comitê Central


do Partido do Trabalho da Coreia. 26 de julho de 1996.

Ultimamente entre nossos sociólogos, há os que inter-


pretam a filosofia Juche erroneamente, contrárias a ideologia
do nosso partido e, devido a isso, tem se apresentado o pro-
blema de que, tais opiniões, se difundem no exterior.
Nas explicações dos princípios fundamentais da filoso-
fia Juche não se procura esclarecer as leis próprias do movi-
mento social sem interpretá-las do ponto de vista das leis ge-
rais do desenvolvimento do mundo material. Segundo estou
informado, os que insistem nesta opinião procedem por se
convencerem que a filosofia Juche desenvolve, também, um
novo plano da dialética materialista marxista. No trabalho de
explicar e difundir a filosofia Juche não temos a necessidade
de tratar de convencer que ela levou a um novo plano de de-
senvolvimento da dialética materialista marxista. Claro, é ver-
dade, que no caso desta doutrina nosso partido não a tratou
dogmaticamente, mas sim com estudo e análise, a partir de
posição própria, e deu novas interpretações a uma série de
problemas. Apesar disto, o desenvolvimento no materialismo
e na dialética não constituem o principal na filosofia Juche.
A filosofia Juche é uma doutrina original que está de-
senvolvida e sistematizada por seus próprios princípios. Seu
mérito histórico, no progresso das ideias filosóficas, não está
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

em ter desenvolvido o progresso de ideias filosóficas, nem


está em haver desenvolvido a dialética materialista marxista,
mas sim em ter definido novos princípios filosóficos centra-
dos no homem.
A filosofia marxista levantou como questão fundamen-
tal da filosofia as relações entre a matéria e a consciência, o
ser e o pensamento, sobre a base de demonstrar a primazia
da matéria se esclarecia que o mundo está constituído por
matérias e que se transforma e evolui por seu movimento. A
filosofia Juche levantou como novo problema fundamental da
filosofia as relações entre o mundo e o homem, a posição e o
papel que este tem no mundo, para elucidar o princípio filo-
sófico de que o homem é dono de tudo e decide tudo, indi-
cando o caminho mais correto para forjar seu destino. Se a
filosofia marxista apresenta um importante trabalho filosófico
no esclarecimento da essência do mundo material e das leis
gerais de seu movimento, a filosofia Juche considera como tal
trabalho esclarece as características essenciais do homem e
as leis próprias do movimento social, movimento dos seres
humanos. Assim, a filosofia Juche é uma filosofia original cu-
jos trabalhos e princípios diferem radicalmente daqueles da
filosofia precedente. Por isto, não é correto interpretar que a
filosofia Juche desenvolveu a dialética materialista e nem
tampouco tratar de demonstrar sua originalidade e vantagem,
referindo-se de tal maneira a essência do mundo material e
as leis gerais de seus movimentos explicados pela filosofia
marxista. A filosofia Juche, sendo a doutrina que elucidou no-
vos princípios filosóficos, não pode ser interpretada no qua-
dro antecedente, porque se assim for, não só é impossível de-
monstrar a sua originalidade, mas, ao contrário, será ambígua
e não poderá se compreender corretamente sua essência.
Revista Mundo Socialista (República Popular Democrática da Coreia)

Ao ter se esclarecido pela primeira vez na história as


características essenciais do homem sobre fundamentos ci-
entíficos, a filosofia Juche valora o homem como o ser supe-
rior e mais poderoso: o mundo é dominado e transformado
pelo homem.
A filosofia Juche ter levantado uma nova concepção de
mundo não significa negar a dialética materialista. A filosofia
Juche a tem como premissa. Seu critério original sobre o
mundo — consistente em este ser dominado e transformado
pelo homem —, não pode ser concebido a margem da com-
preensão materialista dialética sobre a essência do mundo
material objetivo e das leis gerais do seu movimento. Caso se
considere o mundo como uma existência misteriosa, tal como
pretende o idealismo, não se pode chegar à conclusão de que
o homem é capaz de dominá-lo, ou ainda, de vê-lo como algo
invariável como levanta a metafísica, não é possível chegar à
conclusão de que o homem pode transformá-lo. O critério ori-
ginal de que o mundo é dominado e transformado pelo ho-
mem pode se estabelecer apenas sob a premissa de reconhe-
cer a compreensão dialética materialista sobre o mundo se-
gundo o qual este está constituído por matéria e se trans-
forma e evolui de modo ininterrupto. Ainda que a dialética
materialista marxista tenha uma série de limitações e insufi-
ciências, seus princípios fundamentais são científicos. Por
esta razão a filosofia Juche toma por sua premissa a concep-
ção dialética materialista sobre o mundo.
Isto não significa que a filosofia Juche herdou e desen-
volveu simplesmente a dialética materialista. A margem do
conhecimento dialético materialista acerca do mundo mate-
rial objetivo é impossível compreendê-lo e transformá-lo de
modo científico, mas somente baseando-se no princípio ma-
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terialista de que o mundo é formado pela matéria e pela dia-


lética que se transforma e evolui sem cessar, não se chega à
conclusão de que o homem ocupa posição de dono do mundo
e executa um papel determinante em sua transformação.
Somente sob a condição de aclarar características es-
senciais do homem, que se distingue de modo fundamental
das demais matérias, é que se pode elucidar justamente a po-
sição e o papel especial do homem como dono e transforma-
dor do mundo. Apenas após elucidadas pela filosofia Juche,
sobre fundamentos científicos, as características essenciais
do Homem — um ser social com independência, espírito cri-
ador e consciência —, poderia definir-se o princípio funda-
mental de que ele ocupa no mundo a posição de dono e de-
sempenha o papel decisivo em sua transformação.
Partindo do princípio antropocêntrico a filosofia Juche
estabeleceu a concepção jucheana da história social, o ponto
de vista jucheana da história, segundo o qual a limitação da
concepção anterior da história social foi superada e uma mu-
dança radical ocorreu na abordagem sobre esta.
Ao aplicar à história social as leis gerais do desenvol-
vimento do mundo material a filosofia marxista estabeleceu a
concepção dialética materialista sobre esta, o ponto de vista
materialista da história. Assim, não negamos o mérito histó-
rico do conceito materialista da história. Ele deu uma impor-
tante contribuição para combater concepções reacionárias da
história social e carentes de fundamentos científicos que se
baseiam no idealismo e na metafísica. Por outro lado, como o
homem vive em um mundo material objetivo e a sociedade
está inseparavelmente ligada a natureza, é certo que também
nos fenômenos sociais atuam as leis gerais do desenvolvi-
mento do mundo material. Mas, se as leis gerais do desenvol-
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vimento do mundo material se aplicam tal qual a dos fenôme-


nos sociais, sem ver que no movimento social atuam suas
próprias leis a compreensão da história social não pode re-
sultar menos que unilateral. O movimento social se trans-
forma e se desenvolve segundo suas próprias leis.
É a ação do homem que domina e transforma todo o
mundo. O homem realiza atividades de transformação da na-
tureza para alcançar seu propósito de dominar e transformar
o mundo material objetivo. Com a transformação da natureza,
cria-se os bens matérias e as condições para a vida material.
Esta atividade está encaminhada a satisfazer suas necessida-
des sociais e pode realizar-se somente mediante a coopera-
ção social. Os homens executam as atividades de transforma-
ção da sociedade para melhorar e completar suas relações de
cooperação social. São eles que transformam tanto a natureza
quanto a sociedade. Ao implementar essas atividades trans-
formam e desenvolvem a si mesmos. Em suma, o estado de
transformação do mundo pelo homem se realiza por meio da
transformação da natureza, a sociedade e o ser humano, e seu
sujeito são as massas populares. Estas criam todas as rique-
zas materiais e culturais da sociedade e desenvolvem as rela-
ções sociais.
O movimento social como atividade que tem por su-
jeito as massas populares, possui suas próprias característi-
cas, diferentes da evolução da natureza. Esta se produz es-
pontaneamente pela interação das matérias que existem ob-
jetivamente, mas o movimento social surge e avança pela
ação e o papel que exerce seu sujeito com iniciativa. Por isso,
sem os princípios da dialética materialista, que elucidam as
leis gerais do desenvolvimento do mundo material, se apli-
cando tal como está a história social, não se esclarece rigoro-
samente a essência da sociedade, tampouco a legitimidade do
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seu movimento. A principal limitação da concepção materia-


lista da história reside em não esclarecer corretamente as leis
próprias do movimento social sem desenvolver seus princí-
pios propriamente em comunidade com a evolução da natu-
reza, que são igualmente materiais.
A concepção materialista marxista da história divide a
sociedade em ser social e consciência social e em suas rela-
ções concedendo significado determinante ao ser social, e
também no caso da estrutura, a dividiu em força produtivas e
relações de produção, e na base a superestrutura, deu impor-
tância decisiva a produção material e as relações econômicas.
Esta é a aplicação fiel na história social do princípio da dialé-
tica materialista de que o mundo está integrado por matéria,
se transforma e evolui segundo as leis gerais do movimento
da matéria. O mundo que analisaram os criadores do mar-
xismo ao aplicar à história social as leis gerais do mundo ma-
terial foi um mundo unificado, de modo que não só a natu-
reza, mas também o homem e a sociedade são matérias. Para
ver o homem como um componente de um mundo unido pela
matéria, sem observar nele um ser social dotado de indepen-
dência, espírito criativo e consciência, aplicado na história, tal
como estão, as leis gerais do movimento do mundo material,
não pode menos que considerar o movimento histórico-social
como um processo da história da natureza.
Desde logo, também a sociedade se transforma e se
desenvolve não pela vontade do homem, mas segundo deter-
minadas leis. No entanto, a ação destas leis na sociedade di-
fere essencialmente das da natureza. Estas leis se acionam de
modo espontâneo, independentemente das atividades do ho-
mem, porém na sociedade são ativadas por intermédio de ati-
vidades independentes, criadoras e conscientes do homem.
Entre as leis sociais há aquelas gerais, válidas para todas as
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sociedades, sem que importe o regime, como aquelas que só


existem em determinados regimes sociais. Como todas as leis
sociais se acionam por meio das atividades do homem, esta
ação pode realizar-se claramente, retardar-se ou restringir-se
segundo a atuação do homem.
A afirmação de que as leis sociais são acionadas atra-
vés das atividades do homem não significa que elas não pos-
suem um caráter objetivo e que, no movimento social, não
pode existir espontaneidade. Quando se criam certas condi-
ções econômicas entram em ação inevitavelmente as leis so-
ciais correspondentes e, por conseguinte, revestem caráter
objetivo igual as leis da natureza. O movimento social em que
atua a espontaneidade está relacionado com o fato de que é
relativamente baixo o nível do desenvolvimento do espírito
independente e criador e a consciência do homem, e que não
está estabelecido um regime social em que se fomente plena-
mente estes atributos do homem. Com o crescimento do es-
pírito independente e criador e da consciência do homem, e o
estabelecimento de um sistema social que os coloque em ple-
na ação, a pessoa atuará mais conforme as exigências das leis
objetivas e se reduzirá o raio de espontaneidade. O progresso
da sociedade é precisamente o desenvolvimento do espírito
independente e criador e da consciência das massas popula-
res, e se elevam estes atributos e se aperfeiçoa o sistema so-
cial segundo sua demanda a sociedade logrará maior avanço
pelas atividades conscientes e bem-intencionadas das massas
populares. Isto significa que se aplicam em todos os terrenos
as leis do movimento social que transforma e se desenvolve
graças as ações conscientes do sujeito.
Enquanto os criadores do marxismo estabeleceram a
concepção dialética materialista da história social aplicando
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as leis gerais da evolução do mundo material, se confronta-


ram com muitos problemas que surgiam no movimento social
e que não puderam encontrar solução só com essas leis. Por
isso, para evitar a parcialidade dessa concepção apresenta-
ram algumas teorias incluindo a de que a consciência social
reage as condições materiais econômicas ainda que em re-
flexo, e também a política, enquanto se determina pela eco-
nomia, reage sobre ela. Contudo, a concepção materialista
marxista da história é, em todo o caso, uma concepção da
história social, que considera como o principal a comunidade
da evolução natural e do movimento social, e com esta dou-
trina não era possível evitar a limitação que obrigava a consi-
derar a evolução da sociedade como a da história natural.
Enfim, a diferença essencial da filosofia Juche e da pre-
cedente parte da compreensão diferente do homem.
A filosofia marxista, ainda que defina a essência do ho-
mem como a totalidade das relações sociais, não elucida cor-
retamente suas características peculiares como ser social.
Portanto, essa doutrina desenvolvera os princípios do movi-
mento social aderindo fundamentalmente as leis gerais da
evolução do mundo material. As características peculiares do
homem como ente social foi aclarado pela primeira vez e de
forma integral pela filosofia Juche.
Como afirmamos em documentos de nosso Partido, o
homem é o ser social que possui independência, espírito cri-
ador e consciência: nada objeta isto. No entanto, alguns so-
ciólogos persistem em sua opinião errônea de explicar como
o homem se tornou um ser social com esses atributos. Eles
interpretam as características do homem como uma questão
do seu nível de desenvolvimento como ser material e insistem
em buscar sua origem na heterogeneidade dos componentes
da matéria e a complexidade das estruturas. Esta é, de fato,
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uma opinião que considera as características essenciais do


homem como produto de seu atributo natural e biológico,
como resultado de seu desenvolvimento e aperfeiçoamento.
Quando se fala do homem como um ser vivo é possível com-
pará-lo com outros organismos e analisar os componentes
biológicos de seu corpo e as características das estruturas.
Porém, o homem que se refere a filosofia Juche somente tem
um organismo altamente desenvolvido se vive e atua com es-
pírito independente e criador e com consciência, dados que
não pode ter nenhum outro ser vivo. O ponto de partida des-
tes atributos se encontra na peculiaridade que nenhum outro
organismo pode possuir e não no desenvolvimento de alguma
propriedade comum dos seres viventes. O homem tem espí-
rito independente e criador e consciência por ser um ente so-
cial que vive e atua como parte do coletivo social e mantem
relações sociais. São atributos sociais que se formam e se de-
senvolvem no curso da história social em que as pessoas
atuam por meio das relações sociais. Por ter tal organismo,
pode se afirmar que o homem é o último produto da evolução
e é o ser material mais desenvolvido. Por mais desenvolvido
que seja seu organismo, o homem não teria se convertido em
um ser independente, criador e consciente se não tivesse vi-
vido e atuado em relações sociais formando um coletivo so-
cial. Se o homem não tem uma vida física, não pode ter uma
vida sociopolítica, porém esta não nasce daquela. Do mesmo
modo, a margem do organismo desenvolvido o homem não
pode imaginar seu espírito independente e criador e sua cons-
ciência, porém suas características biológicas não lhe criam
atributos sociais. Estes se formam e se desenvolvem no curso
de seu nascimento e desenvolvimento como ser social, isto é,
unicamente no curso do desenvolvimento histórico de suas
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atividades e relações sociais. Afirmar que a história da evolu-


ção da sociedade é o desenvolvimento do espírito indepen-
dente e criador e da consciência do homem, quer dizer que
estes atributos sociais se formam e se desenvolvem ao longo
da história social. Assim ao analisar o homem desde o ponto
de vista filosófico se deve partir, em todos os casos, da pre-
missa de que o homem é um ser social.
Não obstante, alguns sociólogos levantam a questão
dos elementos componentes da matéria e as estruturas, rela-
cionando-os com as características essenciais do homem e
falam como se eles constituíssem uma parte importante do
conteúdo da filosofia Juche, do qual é uma expressão dessa
tendência a interpretação feita como um ajuste a dialética
materialista marxista, e não passa de ser um intento de justi-
ficar o errôneo método evolucionista de compreender as ca-
racterísticas essenciais do homem pelo desenvolvimento e
aperfeiçoamento de seus atributos biológicos.
Quanto as características essenciais do homem, é im-
portante ter uma clara consciência do ente social. Os criado-
res do marxismo não apresentaram o assunto da essência do
homem no marco das relações sociais, eles usaram o termo
ente social como um conceito que significa as condições ma-
teriais da vida social e das relações econômicas que existem
em forma objetiva e se refletem na consciência social. Claro
que o ente social do qual falaram também é um integrante do
homem, porque o consideraram como um fator componente
das forças produtivas, como a totalidade das relações sociais.
Ainda assim, eles não utilizaram esse termo para determinar
as características essenciais do homem.
Ao formular a filosofia Juche nós empregamos em seu
sentido original de que é determinante das características es-
senciais do homem. Segundo os princípios desta filosofia, o
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homem é o único ente social no mundo. Embora, alguns so-


ciólogos ainda incluem obstinadamente à entidade as rique-
zas e as relações sociais, diluindo assim as diferenças entre
estes fatores. As riquezas e as relações sociais se criam e se
desenvolvem pelo homem e, por conseguinte, não podem in-
cluir-se no conceito que define as características próprias do
homem. Desde logo, quando se fala da filosofia marxista, é
possível usar o termo ente social no sentido que lhe atribuem
seus criadores. Porém, no que se refere a filosofia Juche, se se
interpreta o conceito de ente social neste sentido, resultaria
em uma compreensão vaga sobre as características do ho-
mem. Como a filosofia é uma nova filosofia com seu próprio
sistema e conteúdo, não se deve tratar de interpretar suas ca-
tegorias em um mesmo sentido das convencionais.
Uma causa principal de alguns sociólogos cometerem
devaneios na explicação e na difusão da filosofia Juche con-
siste no fato de não partiram da exigência da prática revolu-
cionária ao analisar os problemas filosóficos. A teoria deve
basear-se na prática e estar a seu serviço. A teoria separada
da prática não pode aclarar a verdade de maneira correta e
não possui nenhum valor.
Também nas análises dos problemas filosóficos, o Lí-
der, camarada Kim Il Sung, sempre partia da exigência da prá-
tica revolucionária e para dar respostas científicas aos proble-
mas ideológicos e teóricos que esta apresentava, concebendo
assim, a filosofia Juche. Nosso partido a sistematizou, apro-
fundou e desenvolveu integralmente, generalizando todos os
frutos profundos da experiência revolucionária.
A prática revolucionária é a luta pela realização da in-
dependência das massas populares e estas são responsáveis
por elas, razão pela qual na busca filosófica é importante im-
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plantar a teoria refletindo com acerto suas exigências e aspi-


rações e generalizando suas experiências na luta, conver-
tendo-a em seu patrimônio. Na sociedade exploradora a
classe governante reacionária trata de utilizar a filosofia para
defender e justificar seu regime de dominação e de fazer dela
um objeto monopolizado por filósofos que representam seus
interesses considerando as massas populares como seres ig-
norantes que não tem nada a ver com a filosofia, que não são
capazes de compreendê-la.
Ao refletir as exigências e as aspirações das massas po-
pulares e generalizar suas experiências de luta, partindo do
ponto de vista e da posição de que elas são donas de todas as
coisas e os entes mais inteligentes, nosso Partido logra for-
mular, aprofundar e desenvolver a filosofia Juche e convertê-
la em uma arma para a luta. Eis precisamente a razão pela
qual a filosofia Juche é a verdade adequada às necessidades e
aspirações das massas populares como a independência e é
uma filosofia popular que é compreendida com facilidade e
tomada como arma para sua luta.
No entanto, certos sociólogos discutem questões que
não tem quase nenhum sentido prático para indicar o cami-
nho para forjar o destino das massas populares. O objetivo
que perseguimos estudando a filosofia, consiste, em todos os
casos, em esclarecer em que princípios e metodologia deve-
mos basearmos para desenvolver a sociedade e forjar o des-
tino das massas populares. O desenvolvimento da sociedade
se orienta pela política e a filosofia Juche é, precisamente,
aquela que lhe indica o fundamento de princípio da política
que guia pelo caminho em linha reta. Neste sentido, a filosofia
Juche é uma filosofia política.
Alguns sociólogos afirmam que para divulgar a ideia
Juche, tendo em conta a peculiaridade de sua difusão para o
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exterior, deve-se explicar a filosofia Juche como desenvolvi-


mento da dialética materialista marxista; porém, não devem
proceder assim, e sim deixar claro que ela é uma nova filosofia
revolucionária. É um erro justificado sob o pretexto da pecu-
liaridade de divulgação no exterior, a explicam moldando à
filosofia anterior ou a explicam como se fizesse parte da ideia
Juche, temas contraditórios ao seu princípio fundamental.
Além disso, no plano da divulgação no exterior não há porquê
sacar a coleção essas questões carentes de sentido político e
significação teórica e prática, passando por alto a exigência
real de dar respostas claras, atendendo ao princípio funda-
mental da filosofia Juche, a muitos e urgentes problemas teó-
ricos e práticos que se apresentam em escala internacional.
Na difusão da ideia Juche para o exterior, há de se explicar de
maneira correta e fazendo referência aos problemas reais, o
fato de que a filosofia Juche é original, nova e revolucionária.
Há de se procurar evitar que surja desvios tanto na divulgação
para o exterior como na investigação, o estudo e a educação
da filosofia Juche.
Esta é a filosofia revolucionária, filosofia política de
nosso Partido, que esclarece o fundamento filosófico de sua
ideologia reitora, a ideia Juche, e os princípios fundamentais
da revolução. Não se trata apenas de um mero problema filo-
sófico sobre a teoria, mas um problema de critérios relacio-
nados e de posição com a ideologia do Partido. Procura-se
que assimilem como verdade a ideologia do Partido, a defen-
dam com firmeza e converta em convicção revolucionária
para compreender, interpretar e divulgar de maneira correta
a filosofia Juche.
Devemos sentir alto orgulho e dignidade por ter uma
grande filosofia política como a Juche e, estudando com pro-
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fundidade seus princípios, aplicando-os ao pé da letra em ati-


vidades práticas para a revolução e sua construção. E temos
que analisar e julgar todos os fenômenos da sociedade em
estrita adesão aos princípios da filosofia Juche e aglutinar
com firmeza as massas em torno do Partido e elevar o papel
do sujeito segundo as exigências desta, impulsionando assim
com força o processo revolucionário e construtivo.
Mesmo com a filosofia Juche que nossos cientistas e o
resto do povo devem estudar, aprender e seguir, também deve
conhecer a ideologia filosófica anterior, o Marxismo-leni-
nismo. Sobretudo, os sociólogos têm que conhecê-las com
clareza. No estudo da filosofia anterior é importante avaliar
de maneira correta seus aspectos progressistas e positivos e,
ao mesmo tempo, suas limitações de época e insuficiências.
Somente conhecendo com clareza as limitações de época e a
insuficiência ideológicas e teóricas da filosofia anterior, junto
com seus méritos, é possível evitar o dogmatismo ao tratá-la
e compreender com profundidade a originalidade e superiori-
dade da filosofia Juche. Sobre a base do estudo e da assimila-
ção desta a luz de seus princípios, os sociólogos devem pres-
tar profunda atenção a conhecer claramente o mérito da filo-
sofia anterior e, ao mesmo tempo, limitações e insuficiências.
Por outra parte, tem de guardar-se estritamente de to-
da classe de tendências filosóficas estranhas, contrárias a fi-
losofia Juche e assegurar por completo a pureza desta. Se
trata da filosofia mais vantajosa e vital, que é reflexo da exi-
gência da prática revolucionária cuja verdade e justeza foi
comprovada por ela. Hoje, no cenário internacional aumenta
mais o interesse pela filosofia Juche e as fileiras de seus se-
guidores são estendidos, o que é uma prova eloquente de que
é uma filosofia que dá respostas mais corretas para a prática
revolucionária. Nossos sociólogos, firmemente convencidos
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da cientificidade, verdade, originalidade e superioridade da fi-


losofia Juche, e com ela como guia, devem analisar e julgar
todas as demais teorias filosóficas e assim prevenir a infiltra-
ção das mínimas correntes filosóficas estranhas.
Ao estudar e divulgar com amplitude e profundidade a
filosofia Juche, de acordo com o propósito do Partido, todos
os sociólogos devem dar maior brilho a sua grandeza e au-
mentar mais sua força de atração.

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