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O que é o recurso? A etimologia da palavra diz que recurso é percorrer novamente aquele
percurso. A retomada desse caminho é um repensar, uma reavaliação nova do que já foi objeto de
decisão. Os recursos podem servir para fins de que se cassem a decisão, que se reconheça a decisão
como inválida, para modificação da decisão, quando ela tem vício, falta pressuposto. No segundo
caso a decisão deve ser reformada. Pode ter recursos para fins de que se esclareça, se complemente
decisão que está contraditória, que não tem clareza, ou com erro material. Os recursos servem para
cassar, reformar, ou buscar integração/complementação. Exemplo: 1ºrecurso de apelação, 3º
embargos de declaração. Essas 3 finalidades distintas sinalizarão o mérito recursal.
1ª teoria:
O recurso é autônoma, ação constitutiva. Anulatória. Se a sentença foi de procedência e tem
apelação, isso é uma ação anulatória, produzir nova decisão.
Exemplo: ação de cobrança, a sentença foi de procedência. O mérito era ação de cobrança.
Feito o recurso de que a sentença era nula por cerceamento de defesa. O mérito do recurso é saber
se a decisão recorrida será mantida ou não. O mérito recursal é diferente do mérito da causa.
O recurso é ação autônoma de impugnação. Isso é a primeira teoria.
Tem legitimidade ativa e passiva, tem interesse recursal, que são requisitos de admissibilidade
do recurso.
O decurso do prazo significaria sentença, após o prazo, teria decadência, não poderia mais
acionar contra a sentença, porque o prazo faria decair o direito. A preclusão seria o novo nome de
uma decadência para promover reforma da decisão.
Todavia, essa teoria pode ser contraposta.
2ª teoria: o recurso não significa nova ação. Estamos no âmbito de um processo a partir de
perspectiva processual. O recurso não é ação autônoma, segundo a primeira teoria. Segundo a
segunda teoria, o recurso é continuidade do exercício da ação naquele procedimento. Assumimos
vinculação com a teoria de ação processual com a teoria dos recursos.
O recurso é continuidade do procedimento a partir da perspectiva da ação processual. Essa
ação processual tem interesses distintos ao longo do caminho. A ação processual não é algo que se
faz uma vez e acabou. Ela é uma continuidade de atos e movimentos. Essa continuidade ao longo
do rito envolve uma pleiade de direitos e obrigações. Os poderes mudam ao longo do caminho,
quando ele requer produção de prova, recorre etc, mas a ação é a mesma, ela não é estática, ela é
dinâmica. A ação processual como direito tem conteúdo diferente, pragmático nos momentos
distintos do processo. A ação processual tem significados conformes ao momento do procedimento.
A ação é continuidade de movimentos que são dinâmicas, ao longo do procedimento elas vão
se ajustando. O recurso acaba sendo uma faculdade atribuída a alguns sujeitos do processo. A partir
do olhar da ação processual e não material.
O mérito do recurso é diferente da ação, porque o recurso também tem o mérito da causa. Não
tem distinção completa. Tornando inócua a primeira teoria.
O recurso é continuidade do procedimento, então o mérito daquela ação é continuado, que
leva ao reexame.
Princípio da fungibilidade – não tem previsão expressa no CPC de 2015, com exceção do
recurso extraordinário. A forma pelo qual utiliza para combater a decisão não deve ser tão
significativo para permitir o reexame. Se teve motivos, se não era erro grosseiro o recurso, tem
tolerância. Caso seja sustentável, que não seja bem definido, que não saiba qual o recurso cabível,
que a doutrina divirja. Se apresenta recurso que o Tribunal considera errado, mas se era justificável
o enfrentamento e se cumpriu requisitos do recurso interposto, aceita-se ele, torna-se fungível.
Exemplo, a lei não é clara quanto ao recurso cabível. A lei às vezes é ambígua.
Doutrina está discutindo se é rol taxativo ou exemplificativo quanto ao Agravo de
Instrumento.
Quando o juiz profere uma decisão no lugar da outra. Exemplo, uma execução ocorreu uma
objeção de executividade, o juiz quando decidiu disse que julgo os embargos de execução. Se julgar
a objeção é Agravo. O juiz julgou contra sentença de embargos. Pode fazer recurso para qualquer
um. A pessoa faz objeção, e o juiz julga de forma errada.
Princípio da dialeticidade: estabelece que não é suficiente para conceber recursos uma técnica
de copiar e cola. O recurso é oportunidade de revisitar argumentos à luz da decisão. O que se quer
com o recurso é que a decisão seja revista. Para recorrer precisa enfrentar a decisão. Precisa
mergulhar nos argumentos da decisão para recorrer. Tem que dizer o que a decisão está equivocado.
Os recursos para poderem ser recebidos, precisam fazer retorno dialógico com a decisão se a
decisão tem que ser fundamentada (art. 489, parágrafo1º). Usar linha de argumentação que enfrente
as razões, linha argumentativa, ir conectando as razões, enfrentar as razões da decisão recorrida.
O CPC previu esse princípio em quase todos os recursos. Art. 432, inciso III. Se não forem
impugnados...não serve.
Tem que entender os fundamentos que estão ali e responder em cima, tratar do mesmo
assunto.
Princípio da proibição do reformatio in pejus – quem recorre não pode sair pior do que quem
já tinha. O recurso não pode tornar pior a situação de quem recorre.
Esse é princípio que decorre de outro, ele é correlato do princípio dispositivo. Exemplo:
Ariovaldo demandou Reivaldo, houve sentença de procedência. Ariovaldo recorre, porque ele acha
o valo pouco e pede mais. No julgamento da apelação de Ariovaldo, o tribunal õ pode piorar a
situação dizendo que ele não tinha direito a nada. Mesmo que o tribunal unânime ache que ele não
merecia nada, ele não pode dar improcedência nesse caso. Porque o princípio dispositivo (dos
poderes das partes no processo), quando trata de efeito do recurso. Quando tem apelação, Ariovaldo
também delimita o espaço de atuação do Tribunal. O tribunal pode decidi o que foi devolvido.
Trata-se dos efeitos devolutivos. O juiz não pode extrapolar seus poderes, porque há devolução
condicionada ao … das partes.
Algumas matérias são devolvidas ao tribunal mesmo sem a vontade das partes. Isso são o
efeito traslativo: questões de competência absoluta, são devolvidas ao tribunal independente da
parte. Pode o tribunal conhecer de ofício referente a ma´terias de ordem pública e ser desfavorável
ao recorrente. Tem os traslativos e devolutivo.