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PROGRAMA DE REVITALIZAÇÃO
DA BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO SÃO FRANCISCO
1
Equipe Técnica
Cláudia Magalhães
Juliana Gomes
Renata Nitta
2
Lista de figuras
3
Lista de quadros
4
3. DIAGÓSTICO DA BACIA
5
3. Diagnóstico da Bacia
A bacia do rio São Francisco tem uma localização estratégica, pois constitui um espaço
territorial que faz a ligação natural entre o Sudeste, região mais desenvolvida do Brasil e
o Nordeste, em estágio menos adiantado de desenvolvimento. É também de grande
importância socioeconômica por seu multiuso, dotada de imenso potencial energético,
hidroviário, agropecuário, agroindustrial, pesqueiro, turístico, social, cultural, histórico e
ecológico.
Desde meados do século XIX, a bacia vem sofrendo forte agressão ambiental tendo os
maiores impactos ocorridos principalmente a partir da segunda metade do século
passado. Uma das sub-bacias mais atingidas é a do Rio das Velhas, fortemente
industrializada, onde se localizam o quadrilátero ferrífero e também a região
metropolitana de Belo Horizonte, que gera os mais diversos produtos, sendo a grande
Belo Horizonte a região com maior concentração populacional da bacia, ao mesmo tempo
em que tem no alto índice de poluição um dos seus subprodutos danosos.
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CHESF, IBGE, EMBRAPA, INCRA, FUNASA e FUNAI.
7
3.1. Caracterização geral
A bacia hidrográfica do São Francisco está entre as doze regiões hidrográficas instituídas
pela Resolução no 32, de 15 de outubro de 2003, do Conselho Nacional de Recursos
Hídricos, que definiu a Divisão Hidrográfica Nacional, com a finalidade de orientar,
fundamentar e implementar o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH).
Com área de drenagem de 639.219 km2, ou seja, quase 64.000.000 ha, correspondendo
à cerca de 8% do território nacional, ela se relaciona diretamente com sete unidades da
federação: Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás e Distrito Federal,
e está compreendida entre as latitudes 7º 00´ e 21º 00´ S e longitudes 35º 00´ e 47º 40’
W. De toda a sua área, cerca de 83% está localizada nos estados de Minas Gerais e
Bahia, 16% nos estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe e o 1% restante no estado
de Goiás e no Distrito Federal.
Outros municípios que se destacam são Montes Claros, Ouro Preto, Barreiras, Juazeiro,
Petrolina, Salgueiro, Serra Talhada, Floresta, Arcoverde, Arapiraca, Própria, Paulo
Afonso e Penedo. A grande importância da Região Metropolitana de Belo Horizonte para
a bacia se destaca e evidencia pelo fato de que seus 26 municípios, apesar de ocuparem
uma área de 6.255 km2, e representar menos de 1% de toda a bacia do rio São
Francisco, concentram mais de 3.900.000 habitantes, o que corresponde a 29,3% da
população de toda a bacia.
O rio São Francisco, também chamado de “Velho Chico” pelos ribeirinhos, foi descoberto
no ano de 1501. Considerado o rio da integração nacional, recebeu esse título por ser
tradicionalmente um dos principais caminhos de ligação do Sudeste com o Nordeste.
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Quadro 2 - Área, população e número de municípios da bacia por Estado.
ÁREA POPULAÇÃO MUNICÍPIOS
UF
km² % Habitantes % No. %
MG 235417 36,8 7595274 .57,2 240 47,7
GO 3142 0,5 107 858 0,8 3 0,6
DF 1.336 0,2 2 000 - 1 0,2
BA 307.941 48,2 2 663 527 20,1 115 22,7
PE 69518 10,8 1614 565 12,2 69 13,7
AL 14338 2,2 1 002 900 7,5 49 9,7
SE 7473 1,3 291 831 2,2 28 5,4
Total 639 219 100 13 297 955 100 505 100
Fonte: IBGE-Censo 2000
Ao longo do seu curso, o São Francisco recebe água de 168 afluentes, dos quais 99 são
perenes, sendo que 90 estão na sua margem direita e 78 na esquerda. A produção de
água de sua bacia concentra-se principalmente na região dos cerrados dos estados de
Minas Gerais e da Bahia, e a grande variação do porte dos seus afluentes é
conseqüência das grandes diferenças climáticas que ocorrem entre as regiões drenadas.
Embora o maior volume de águas seja ofertado pelos cerrados, são as represas de Três
Marias (21 bilhões de m3) e Sobradinho (34 bilhões de m3) que atualmente garantem a
regularidade de vazão do São Francisco, mesmo durante a estação seca, de maio a
outubro.
A barragem de Sobradinho, citada como um novo pulmão do rio, foi planejada para
garantir o fluxo de água regular e contínuo para geração de energia elétrica em forma de
cascatas, nas demais usinas operadas pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco
(CHESF), Itaparica, Moxotó, Paulo Afonso, e Xingó. Após movimentarem os gigantescos
geradores das cinco hidrelétricas, as águas do São Francisco correm para o mar.
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Normalmente, 95% do volume médio liberado pela barragem de Sobradinho, que atinge
um mínimo de 1.850 m3/s, são despejados na foz e apenas 5% são consumidos na bacia.
Nos anos chuvosos, a vazão de Sobradinho chega a ultrapassar em certos momentos 15
mil m3/s.
As várias intervenções a que têm sido submetido, o rio e seus afluentes mais importantes
nos últimos anos resultaram em complexas mudanças no seu regime de vazão, com
repercussões em sua zona costeira. Quanto às vazões, segundo os dados do Projeto
GEF São Francisco e do Plano Decenal da Bacia, as máximas mensais na estação de
Traipu, na foz do rio, têm sido da ordem de 13.743 m3/s, e ocorrem em março e as
mínimas mensais, da ordem de 644 m3/s, ocorrem em outubro, observando-se uma vazão
média anual de 2.980 m3/s, o que corresponderia a uma descarga média anual da ordem
de 94 bilhões de m3. Porém, já ocorreram médias anuais, máxima de 5.244 m 3/s e mínima
de 1.768 m3/s, respectivamente.
Além disso, o Plano da bacia apontou que o consumo atual de água da bacia do rio São
Francisco seria de 91 m³/s, devendo ser garantida para o rio a manutenção para o
próximo decênio de uma vazão firme na foz de 1.850 m³/s, e uma vazão média na foz de
2.700 m³/s, permitindo assim com que haja uma vazão disponibilizada para consumos
variados na bacia na ordem de 360 m³/s, com uma vazão mínima fixada após
Sobradinho, de 1.300 m³/s.
Uma nova divisão regional da bacia vem sendo estudada pela Codevasf, quanto a uma
possível revisão de seus limites regionais, em face de recomendações do Senado
Federal, em seu Relatório Final da Comissão de Acompanhamento do Projeto de
Revitalização do Rio São Francisco e dos resultados de alguns dos estudos realizados
pelo Projeto GEF São Francisco, da ANA/GEF/PNUMA/OEA, mas ainda não há qualquer
alteração oficial definitiva.
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A proposta de uma nova divisão sugere manter a existência de quatro subdivisões, Alto,
Médio, Sub-médio e Baixo, mas redefine os limites entre o Sub-médio e o Baixo São
Francisco, com uma nova linha divisória passando próxima à cidade de Belo Monte-AL.
Tem como base critérios geológicos, geomorfológicos, hidrográficos e climáticos, os quais
configurariam uma homogeneidade fisiográfica, podendo ainda vir a ser no futuro
considerada.
Fonte: http://www.cbhsaofrancisco.org.br/pgBacia.htm
Figuratodo
Situa-se 3. Bacia Hidrográfica
em Minas Gerais,doapresentando
São Francisco: regiões fisiográficas
topografia –
acidentada, com serras e
novos limites, 2003.
terrenos ondulados e altitudes de 1.600 a 600 m. O divisor leste é formado pela Serra do
Espinhaço, estreita e alongada na direção N-S, e com altitudes de 1.300 a 1.000 m. Do
lado oeste, destaca-se a Serra da Mata da Corda, divisor com o rio Paranaíba, com cotas
em torno de 1.200 m de altitude. Sobressaem-se, ainda, os escalonamentos de
superfícies de erosão que vai até a depressão São Franciscana em direção à calha do rio
e seus principais afluentes, cuja cota, em Pirapora, é de cerca de 450 m.
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Com vegetação constituída de florestas, cerrados e vegetação rupestre, é uma região de
muitas chuvas (de 1.600 a 1.100 mm anuais) no verão, que caem de outubro a abril,
respondendo por quase 3/4 do escoamento total do rio. A temperatura média anual é de
22ºC, havendo áreas onde se registra mínimas inferiores a 0ºC. A evaporação é de 1.000
mm anuais e as diversas características climáticas classificam a região como tropical
úmida, sendo que em algumas partes é subtropical.
O Médio São Francisco compreende o trecho desde as imediações de Pirapora (MG) até
a cidade de Remanso (BA), com 402.531 km2, ou 63% da área da bacia, tendo 1.230 km
de extensão, com uma população de cerca de 3,23 milhões de habitantes (Censo, 2000).
Inclui as sub-bacias dos rios Paracatu, Urucuia, Carinhanha, Corrente, Grande e Pilão
Arcado a oeste, e as sub-bacias do Jequitaí, Verde Grande, Paramirim, Jacaré e Verde a
leste, situando-se nos estados de Minas Gerais e Bahia.
A região admite a subdivisão em Médio Superior e Inferior, sendo que o primeiro abrange
o trecho entre Pirapora e a fronteira com a Bahia, limitada pelos rios Carinhanha a oeste
e Verde Grande a leste. O Médio Superior tem características que mais se assemelham
às do Alto que às do Médio propriamente dito.
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Na metade norte, o coroamento laterizado de topografia ondulada formador da Serra da
Tabatinga é divisor de águas entre os rios São Francisco e Parnaíba e suas cotas oscilam
entre 1.000 e 800 m. Destacam-se, no domínio da Depressão São Franciscana, as serras
do Boqueirão e Estreito, com altitude de 800 m e formas alongadas de direção SSE-NNO
e N-S, respectivamente.
A temperatura média anual é de 24 ºC e a evaporação é de 1.500 mm anuais. As chuvas
caem de novembro a abril, com precipitação média anual de 1.400 a 600 mm.
A vegetação é dos tipos cerrado e caatinga, com exceção de algumas pequenas matas
serranas. Característica digna de nota é a margem esquerda do São Francisco, bem mais
úmida, com rios permanentes e vegetação perenifólia. Na margem direita a precipitação é
menor, os rios são intermitentes e a vegetação é típica de caatinga, embasada no
Cristalino.
Suas condições climáticas vão se tornando mais características de uma região tropical
semi-árida. Sua altitude varia de 2.000 a 500 m e é onde se localizam as planícies eluvio-
coluvio-aluviais da Depressão São Franciscana.
As principais cidades são: Montes Claros, Pirapora, Janaúba, Januária, Paracatu e Unaí,
em Minas Gerais; Formosa, em Goiás; Barreiras, Guanambi, Irecê, Bom Jesus da Lapa e
Xique-Xique, na Bahia, além de Brasília – DF, capital federal.
Nessa região, a altitude varia de 800 a 200 m e se caracteriza por uma topografia
ondulada, com vales bem abertos devido a menor resistência à erosão dos xistos e outras
rochas de baixo grau de metamorfismo, onde sobressaem formas abauladas esculpidas
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em rochas graníticas, gnáissicas e outros tipos de alto metamorfismo. Destacam-se ainda
nesse trecho as represas de Sobradinho, Itaparica e Paulo Afonso.
A caatinga predomina em quase toda a área e a precipitação média anual chega a 450
mm na região de Juazeiro/Petrolina e a máxima é de 800 mm, nas serras divisórias com o
Ceará. A temperatura média anual é de 27 ºC; a evaporação é da ordem de 2.000 mm
anuais e o clima é tipicamente semi-árido.
O Baixo São Francisco estende-se de Paulo Afonso (BA) até a sua foz, entre Sergipe e
Alagoas, no Oceano Atlântico, com 25.523 km2, ou 4% da área da bacia, tendo 214 km
de extensão e com uma população de cerca de 1,37 milhões de habitantes (Censo,
2000). Compreende as sub-bacias dos rios Ipanema e Traipu na margem esquerda e
Curituba e Capivara na margem direita. Situa-se em áreas dos estados da Bahia,
Pernambuco, Sergipe e Alagoas.
A altitude varia de 200 m até o nível do mar, embora, nos divisores algumas serras
atinjam 500 m. Na região entre Paulo Afonso e Canindé do São Francisco ressalta-se um
grande trecho do rio encaixado em fraturas e profundas gargantas denominadas de
Canyons do São Francisco, onde se localiza a represa de Xingó.
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Barreiras com altitude entre 200 e 100 m.
As sub-bacias
Destaca-se ainda que, conforme consta no Plano da bacia e nos produtos do GEF São
Francisco, as quatro regiões fisiográficas da bacia Hidrográfica (Alto, Médio, Sub-médio e
Baixo) passaram também a ser subdivididas, para fins de planejamento, em trinta e
quatro sub-bacias, as quais servirão de parâmetro estratégico para as ações do Programa
de Revitalização. Portanto, estas subdivisões já estavam estabelecidas e configuradas,
como mostra a Figura 8.
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3.2. Características físicas e naturais
A caracterização geral da bacia hidrográfica do rio São Francisco foi revista e atualizada
por ocasião da elaboração do Diagnóstico Analítico da Bacia – DAB, oportunidade essa
em que muitos dos seus números puderam ser reavaliados e redefinidos, tornando-se
capazes de espelhar com maior fidelidade a realidade atual, sempre em estreita
articulação com instituições como a Codevasf, a Chesf, Ibama, ANA e a Embrapa.
BAIXO E ZONA
REGIÕES / COSTEIRA
CARACTERÍSTICAS
ALTO MÉDIO SUB MÉDIO
ADJACENTE
De 500 m até o
Altitude (m) 1600-600 2000-250 800-200
nível do mar
Declividade do rio
0,70 a 0,20 0,1 0,10 a 3,10 0,1
principal (m/km)
Precipitação média
1600 a 1100 1400 a 600 800 - 450 500-1300
anual (mm)
Trimestre mais
nov-dez-jan jan-fev-mar jan-fev-mar mai-jun-jul
chuvoso
Trimestre menos
jun-jul-ago jun-jul-ago jul-ago-set set-out-nov
chuvoso
Temperatura média
23 24 27 25
(oC)
Insolação média
2400 2600 a 3300 2800 2800
anual (h)
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BAIXO E ZONA
REGIÕES / COSTEIRA
ALTO MÉDIO SUB MÉDIO
CARACTERÍSTICAS ADJACENTE
Evapotranspiração
1000 1500 2000 1500
média anual (mm)
ME: Pontal,
ME: Paracatu, Garças,
ME: Indaiá, Urucuia, Pardo, Brígida, Terra
Borrachudo e Pandeiros, Nova, Pajeu e
ME: Ipanema,
Abaeté Carinhanha, Corrente Moxotó
Principais Traipu e Marituba
MD: Pará, e Grande MD: Salitre,
afluentes
Paraopeba, MD: Pacui, Verde Poço, Curaçá,
MD: Capivara,
Velhas e Grande, Caraíba, Vargem e
Gararu e Betume
Jequitaí Paramirim e Verde Macururé
Jacaré
Número de
25 perenes e 8 19 7 perenes a
afluentes de 1a 48 perenes
intermitentes intermitentes partir de Traipu
ordem
Paracatu, 444
Pará, 124 (45.600);
(12.220); Urucuia, 255
Paraopeba, (26.000);
Vazões médias dos 115 (13.160); Pandeiros, 29
Abaeté, 68 (4.170);
principais
(5.790); Verde Grande, 32 - -
afluentes
Das Velhas, (30.000);
(m3/s) e área (km2) 283 (29.000) Carinhanha, 156
Jequitaí, 46 (18.000);
(8.700) Corrente 238,
(35.000);
Verde, 272 (76.000)
Pirapora
Pão de
(61.880) + Rio
Vazão média Juazeiro, 2.630 Açúcar, 2.790 Foz, 2.810
das Velhas e
contribuinte (510.800) (608.900) (639.219)
Jequitaí
(m3/s) e área (km2) contribuição = 1.446 contribuição = contribuição = 20
(36.520) =
160
1.184
Contribuição da
42,2 51,4 5,7 0,7
vazão (%)
Pão de
Pirapora,
Vazão média Juazeiro, 4.393 em Açúcar, 4.660
1.303 em Foz, 4.680 em
mensal máxima fevereiro em fevereiro
fevereiro março
(m3/s)
Vazão média Pão de
Pirapora, 637 Juazeiro, 1.419 em Foz 1.536, em
mensal mínima Açúcar, 1.507
em agosto setembro setembro
(m3/s) em setembro
Trimestre de maior
dez-jan-fev jan-fev-março jan-fev-março jan-fev-março
vazão
Trimestre de
jul-ago-set ago-set-out ago-set-out ago-set-out
menor vazão
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BAIXO E ZONA
REGIÕES / COSTEIRA
ALTO MÉDIO SUB MÉDIO
CARACTERÍSTICAS ADJACENTE
Sedimentos
Pirapora,8,3 Morpará, 21,5 Juazeiro, 12,9 Propriá, 0,41
(106T/ano) e área
(61.880) (344.800) (510.800) (620.170)
(km2)
Araripe,
Principais bacias São Francisco e Costeira Sergipe
São Francisco Tucano e
sedimentares Jacaré e Alagoas
Jatobá
Caatinga, Mata
Cerrados e Cerrado, Caatinga e
Cobertura vegetal Atlântica,
fragmentos de pequenas matas de Caatinga
predominante mangues e
florestas serra
restingas
Fonte:
19
3.2.1. Recursos Hídricos
A bacia do rio São Francisco tem como uma de suas principais marcas, devido a
sua grande diversidade, a presença de muitas formas de uso dos seus recursos
naturais, o que representa um grande desafio e exige uma análise do conjunto para
que se possa planejar adequadamente a gestão ambiental da bacia. As intensas
atividades antrópicas estão exercendo uma grande pressão sobre a base dos seus
recursos naturais, particularmente os hídricos, especialmente pela irrigação e
contínuo processo de desmatamento.
Quanto aos recursos hídricos superficiais, as águas do rio seguem na direção geral
sul-norte até a confluência com o Urucuia, onde inicia um grande arco com direção
norte-nordeste até a cidade de Cabrobó (PE), girando, então, para leste e logo
depois, para sudeste, até a foz. Há uma diferença de aproximadamente 1.600 m
entre as cabeceiras e a foz.
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hidrográfica do São Francisco.
Quadro 5 - Afluentes do rio São Francisco.
NOME R NOME R NOME R
MARGEM ESQUERDA
Ribeirão da Usina P Rio Pandeiros P Riacho do Jacaré I
Rio Samburá P Riacho da Quinta P Riacho Terra Nova I
Rio Ajudas P Riacho da Cruz P Riacho Jequi I
Rio Mombaça P Riacho Mocambo P Riacho de Baixo I
Rio Bambuí P Rio Peruaçu P Rio Pajeú I
Ribeirão Noruega P Rio Itacarambi P Riacho dos Defuntos I
Ribeirão da Estiva P Rio Japoré P Riacho dos I
Mandantes
Ribeirão Jorge Pequeno P Rio Calindó I Rio Moxotó I
Ribeirão Jorge Grande P Riacho da Escura I Riacho Seco I
Ribeirão das Antas P Rio Carinhanha P Rio Boa Vista I
Ribeirão dos Porcos P Riacho das Pitubas I Rio Capiá I
Ribeirão dos Veados P Riacho Mariape I Riacho do Bobó I
Rio Parizinho P Rio Corrente P Riacho Grande P
Rio Marmelada P Riacho dos Porcos I Rio Farias I
Ribeirão São Vicente P Riacho Brejo Velho I Rio Jacaré I
Ribeirão da Estrema P Riacho Largo I Rio Ipanema I
Rio Sucuri P Riacho da Areia P Rio Traipu P
Rio Indaiá P Rio Grande P Rio Boacica P
Rio Borrachudo P Rio Icatu I Rio Perucaba P
Rio Abaeté P Vereda Sação I Rio Piauí P
MARGEM DIREITA
Ribeirão Alto da Cruz P Ribeirão Manjaí P Riacho Tourão I
Ribeirão das Capivaras P Ribeirão São Pedro P Riacho do Poção I
Ribeirão da Prata P Riacho da Tapera P Rio Curaçá I
Ribeirão Sujo P Rio Verde Grande P Riacho Monte Alegre I
Ribeirão das Araras P Rio Casa Velha ou I Riacho do Icó I
Curralinho
Ribeirão dos Patos P Riacho das Rãs I Riacho da Vargem I
Grande
Rio São Miguel P Riacho de Santana I Riacho Macururé I
Rio Preto P Rio Pajeú I Riacho do Gato I
Rio Santana P Riacho Santa Rita I Riacho do Tonã I
Ribeirão Jacaré P Rio Santo Onofre I Riacho do Sal I
Ribeirão Santa Luzia P Rio Paramirim I Rio Curituba I
Ribeirão Santo Antonio P Rio Verde P Riacho da Onça I
Rio Pará P Rio Jacaré I Rio Jacaré I
Rio Paraopeba P Riacho dos Pais I Rio Marroquinho P
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Córrego do Barão P Riacho do Manguá I Córrego da Onça P
NOME R NOME R NOME R
MARGEM DIREITA
Rio do Boi P Riacho da Barra I Rio das Velhas P
Rio de Janeiro P Riacho do Mulungu I Rio Jequitaí P
Ribeirão Atoleiro P Riacho da Mangueira I Riacho do Barro P
Ribeirão da Tapera P Riacho do Tatu I Córrego das Pedras P
Córrego Jatobá P Riacho das Garapas I Córrego do Medo P
Riacho do Sítio ou I Rio Salitre I Rio Pacuí P
Xingazinho
Riacho da Extrema P Riacho Tabocas P Riacho da Fome P
Riacho Canabrava P Riacho do Boi Morto P Córrego Jataí P
Ribeirão Tiririca P Riacho do Almoço P Riacho Grande P
Fonte: MME - DNAEE.
Nota: R = Regime : P = Perene; I = Intermitente.
O São Francisco tem entre veredas, córregos, ribeirões, riachos e rios, 168
destacados afluentes, sendo 90 pela margem esquerda e 78 pela margem direita.
Quanto ao regime, 99 são perenes e 69 intermitentes. São 36 os tributários de porte
significativo, dos quais somente 19 são perenes; os mais importantes formadores,
de regime perene são os rios: Paracatu, Urucuia, Carinhanha, Corrente e Grande,
pela margem esquerda, e Pará, Paraopeba, das Velhas, Jequitaí e Verde Grande,
pela margem direita.
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Figura 9 - Rede hidrográfica do São Francisco
23
Quadro 6 - Vazões Médias Mensais dos principais afluentes do rio São Francisco.
VAZÕES MÉDIAS MENSAIS DOS PRINCIPAIS AFLUENTES
(esquerda) (MG) Mín 122 128 112 109 109 102 100 88 97 109 126 151 125
Porto Máx 375 549 344 356 256 250 230 220 208 242 321 340 291
Corrente Novo 31.120 77-84 00 Méd 312 342 295 291 233 218 206 198 193 213 245 277 251
(esquerda) (BA) Mín 228 225 169 190 184 166 157 152 150 176 183 207 187
Máx 571 671 604 572 376 305 281 267 262 266 341 464 368
Grande Boqueirã 65.900 33-69 08 Méd 325 339 336 310 254 220 209 200 193 208 251 307 262
o
(esquerda) (BA) Mín 235 242 224 214 188 168 165 160 165 171 181 229 218
Fonte: PLANVASF
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Quadro 7 - Vazões Médias Mensais nas principais estações fluviométricas no rio São Francisco .
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Área de Período Meses Vazão
Estação Drenagem de sem Média Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
(Km2) Registro Dados (m 3/s)
Máx 5.613 11.914 11.589 4.965 2.673 2.369 1.803 1.587 1.618 1.778 2.889 4.073 4.230
Ibotirama (BA) 322.600 77-80 03 Méd 4.557 7.568 6.004 3.347 2.157 1.898 1.598 1.388 1.319 1.619 2.116 3.200 2.951
Mín 3.070 3.763 1.600 1.652 1.487 1.271 1.125 936 942 1.462 1.635 2.563 1.674
Máx 9.068 11.207 12.327 7.578 3.675 2.454 1.929 1.722 1.741 1.875 3.486 5.476 4.328
Morpará (BA) 344.800 45-79 10 Méd 4.252 4.510 4.198 3.206 1.826 1.422 1.229 1.082 1.007 1.161 1.917 3.324 2.421
Mín 1.710 1.609 1.536 1.131 904 783 702 617 555 532 749 1.249 1.513
Máx 8.698 8.949 10.747 12.717 8.425 4.156 3.079 2.556 2.165 1.926 3.669 6.128 4.665
Barra (BA) 421.400 25-77 19 Méd 4.737 4.781 4.423 3.709 2.286 1.641 1.404 1.243 1.137 1.271 2.052 3.630 2.652
Mín 1.694 1.811 1.825 1.366 1.152 975 817 740 680 696 865 1.477 1.726
Máx 7.843 9.981 12.950 8.840 8.744 3.937 2.589 2.129 2.436 2.393 3.518 5.590 4.798
Juazeiro (BA) 510.800 29-79 09 Méd 4.462 4.874 4.708 3.937 2.510 1.720 1.461 1.292 1.165 1.265 1.971 3.413 2.731
Mín 1.527 1.505 1.356 1.534 1.235 1.018 895 793 671 639 877 1.349 1.694
Máx 4.329 6.939 12.364 9.549 2.701 2.207 1.809 1.803 2.071 2.059 3.043 2.608 4.290
Petrolândia (PE) 586.700 77-79 00 Méd 3.133 4.009 5.262 4.397 2.315 1.816 1.581 1.595 1.727 1.869 2.341 2.269 2.692
Mín 1.480 1.599 1.650 1.761 1.860 1.526 1.447 1.441 1.522 1.752 1.647 1.599 1.835
Máx 8.060 11.502 12.967 9.371 9.865 5.039 3.023 2.442 2.457 2.667 3.320 5.723 5.303
Pão de Açúcar 608.900 26-79 11 Méd 4.714 5.290 5.371 4.632 3.038 2.018 1.680 1.475 1.347 1.377 1.944 3.407 3.001
(AL)
Mín 1.422 1.638 1.772 1.764 1.419 1.073 924 842 760 725 899 1.461 1.721
Máx 7.825 12.152 13.743 9.384 10.205 5.101 2.901 2.308 1.927 1.964 3.382 5.529 5.244
Traipu (AL) 622.600 38-79 07 Méd 4.534 5.224 5.400 4.646 2.941 1.990 1.662 1.461 1.313 1.339 1.882 3.311 2.980
Mín 1.487 1.705 1.705 1.750 1.501 1.108 941 804 690 644 795 1.333 1.768
Fonte: PLANVASF.
26
Quadro 8 - Características de alguns dos principais afluentes
DISTÂNCIA (KM) DA FOZ DO
COEFICIENTE DE AFLUENTE À:
VAZÃO ESPECÍFICA
AFLUENTE ESCOAMENTO
MÉDIA(L/S/KM2) NASCENTE DO FOZ DO SÃO
(%)
SÃO FRANCISCO FRANCISCO
Margem Esquerda
Paracatu 10,45 32 774 1.926
Urucuia 10,18 30 834 1.866
Carinhanha 9,47 29 1.114 1.586
Corrente 8,07 25 1.253 1.447
Grande 3,98 11 1.522 1.178
Margem Direita
das Velhas 11,26 29 675 2.025
Jequitaí 6,75 17 699 2.001
Verde Grande 0,62 - 1.075 1.625
Fonte: PLANVASF
· há uma grande diferença, nos meses de cheias, entre a média das máximas e a
das mínimas, cuja razão atinge 11 - mês de janeiro nos rios Jequitaí e Paracatu;
27
As enchentes do São Francisco são formadas pela área a montante de Pirapora,
que aporta 29%; pelo rio das Velhas, com 18%; pelo Paracatu, com 19%; e pelo
Urucuia, com 11%, totalizando 77% da bacia. Os restantes 23% correspondem aos
rios Jequitaí, Corrente, Carinhanha, Grande, Verde Grande e as demais áreas de
drenagem.
28
Estados Unidos. Esta classificação indica baixa condutividade elétrica (sem perigo
de provocar salinização do solo) e baixa relação de absorção de sódio (sem perigo
de provocar sodificação do solo).
As contribuições dos rios que nascem no Distrito Federal e em Goiás são reduzidas,
estando incorporadas às de Minas, onde esses rios encontram o São Francisco. A
vazão regularizada a partir de Sobradinho é de 2.060 m3/s. A vazão média de longo
termo1 na foz é de aproximadamente 2.810 m3/s, de acordo com a ANA e de 2.850
m3/s segundo a CHESF.
1
Descarga média de longo termo, ou vazão média de longo termo para um determinado local ou
posto fluviométrico, é a média aritmética da série histórica de descargas médias diárias para um
período de observação de no mínimo 30 anos. Já a vazão ou descarga firme é uma descarga com
magnitude tal que ocorre em 95% do tempo de uma série de descargas médias diárias, com um
período de observação de no mínimo 30 anos. (Jonair Mongin, SRH/MMA).
29
Quadro 9 - Províncias Hidrogeológicas da bacia do São Francisco .
Principais Províncias Hidrogeológicas
Reserva
Explotável
Província hidrogeológica Localização
(milhões de
m3/ano)
Serra da Tabatinga, entre a Serra
Coberturas Detríticas da do Estreito e o rio São Francisco,
477
Depressão São Franciscana do rio Grande até Pilão Arcado,
entre Bom Jesus da Lapa e Barra
Platô de Irecê, Alto e Médio São
Zonas Aqüíferas Cársticas 780
Francisco
Ao longo dos principais cursos
Aluviões e Dunas Litorâneas 1.630 d’água e nas proximidades da foz
do São Francisco
Sertões sergipano e alagoano,
entre o São Francisco e o Vaza
Chapadas Areníticas 5.868 Barris, nordeste da Bahia, bacias
dos rios Preto, Paracatu e Prata,
Chapada do Araripe
Fonte: CODEVASF - 20 Anos de Sucesso
Aluviões são aqüíferos livres, isto é, não confinados, contínuos, com porosidade e
30
condutividade hidráulica dominante intersticial. As espessuras também variam muito,
podendo atingir 50 a 60 m. Porém, mais freqüentes com alguma importância como
aqüíferos, apresentam larguras entre 100 a 300 m, espessuras saturadas entre 5 e
10 m e níveis estáticos variando desde subaflorantes até 4-5 m de profundidade.
31
3.2.2. Os Biomas
32
ano.
Os índices pluviais da bacia do São Francisco variam desta maneira, entre sua
nascente e sua foz. A pluviometria média vai de 1.900 milímetros na área da Serra
da Canastra a 450 milímetros na região do semi-árido nordestino.
33
A montante de Xingó (no Alto, Médio e Sub-médio), o trimestre mais chuvoso é de
novembro a janeiro, contribuindo com 53% da precipitação anual, enquanto o
período mais seco é de junho a agosto (figura 5). Porém, existe uma diferença
marcante na ocorrência do período chuvoso no Baixo São Francisco, que se
estende de maio/junho a agosto/setembro.
Ainda relacionada ao clima, cabe destacar uma área relevante, a qual extrapola o
âmbito da bacia, que é o Semi-árido. Este é um território vulnerável e sujeito a
períodos críticos de prolongadas estiagens, que apresenta várias zonas geográficas
e diferentes índices de aridez. As freqüentes e prolongadas estiagens da região têm
sido responsáveis por êxodo de parte de sua população.
A região semi-árida ocupa cerca de 57% da área da bacia, abrange 218 municípios
na região e, apesar de situar-se majoritariamente na região Nordeste do país,
alcança um trecho importante do norte de Minas Gerais, conforme pode ser
observado na figura ???.
34
No que se refere à vegetação natural, constatou-se um elevado grau de
dependência em relação ao clima, sendo que a topografia e a natureza do solo
também afetam a distribuição da vegetação natural, na medida em que condicionam
o volume de água retido pela terra.
Floresta Atlântica
35
6.1 –Refúgios - 275,6 - - - 275,6 0,4
6.2 - Preservação 214,5 99,8 49,9 1,0 21,8 387,0 0,6
Total 25.840,6 33.061,5 7.167,2 815,7 1.662,8 68.547,8 100,0
Fonte: PLANVASF
Este bioma abriga 250 espécies de mamíferos (55 deles endêmicos), 340 de
anfíbios (87 endêmicos), 197 de répteis (60 endêmicos), 1.023 de aves (188
endêmicas), além de 350 espécies de peixes (133 endêmicas). Existem mais de 20
espécies de primatas, 2/3 das quais são endêmicas. Em conjunto, os mamíferos,
aves, répteis e anfíbios que ocorrem na Floresta Atlântica somam 1.810 espécies,
sendo 389 endêmicas. Este bioma compreende, aproximadamente, 7% de todas as
espécies do planeta.
36
Cerrado
O solo, antigo e profundo, ácido e de baixa fertilidade, tem altos níveis de ferro e
alumínio. Este bioma também se caracteriza por suas diferentes paisagens, que vão
desde o cerradão (com árvores altas, em densidade maior e composição distinta),
passando pelo cerrado mais comum no Brasil central (com árvores baixas e
esparsas), até o campo cerrado, campo sujo e campo limpo (com progressiva
redução da densidade arbórea). Espécies vegetais comuns do cerrado são
barbatimão, pau-santo, gabiroba, pequizeiro, pau-terra, indaiá e buriti.
Até a década de 70, cerca de 300 mil ha foram desmatados anualmente nos
cerrados de Minas, para suprir principalmente de carvão o parque siderúrgico do
Estado. Essa devastação chegou a atingir 1 milhão de ha, até que, a região já quase
totalmente desnuda, foi socorrida parcialmente com uma lei promulgada no Estado,
impondo gradativa substituição do carvão proveniente das florestas nativas por
aquele de florestas cultivadas.
37
jararaca, o lagarto teiú, a ema, a seriema, a curicaca, urubus, araras, tucanos,
papagaios, gaviões, o tatu-peba, o tatu-galinha, o tatu-canastra, o tatu-de-rabo-mole,
o tamanduá-bandeira e o tamanduá-mirim, o veado campeiro, o cateto, a anta, o
cachorro-do-mato, o cachorro-vinagre, o lobo-guará, a jaritataca, o gato mourisco, e
muito raramente a onça-parda e a onça-pintada.
Segundo diversos zoólogos, parece não haver uma fauna de vertebrados endêmica,
restrita ao bioma do Cerrado. De um modo geral estas espécies ocorrem também
em outros tipos de biomas.
38
Dentre os biomas brasileiros, a Caatinga é o menos conhecido botanicamente. Em
levantamento de 2002, foram listados para o bioma 18 gêneros e 183 espécies
endêmicas, pertencentes a 42 famílias, incluindo tanto plantas de áreas arenosas
como rochosas. As famílias com maior número de espécies endêmicas são
Leguminosae (80) e Cactaceae (41). Dessas, várias estão em perigo de extinção.
39
A fauna da Caatinga é também constituída por diversos outros tipos de aves,
algumas endêmicas do Nordeste, como o patinho, chupa-dente, o fígado, além de
outras espécies de vertebrados, como o tatu-peba, o gato-do-mato, o macaco-
prego, o bicho-preguiça, o gato-maracajá, a jararaca e a sucuri-bico-de-jaca.
Existem 148 espécies de mamíferos registradas para o bioma Caatinga, com baixa
incidência de endemismos (19 espécies).
O Bioma Costeiro é extenso e muito variado. O Brasil possui uma linha contínua de
costa com mais de 8 mil quilômetros de extensão, uma das maiores do mundo. Ao
longo dessa faixa litorânea é possível identificar uma grande diversidade de
ecossistemas como dunas; praias lodosas e arenosas; inúmeros estuários e
sistemas lagunares margeados por manguezais e marismas; lagoas salinas,
restingas e cordões arenosos; ilhas costeiras e oceânicas; recifes de coral; costões
e fundos rochosos, bancos de algas calcáreas, arrecifes de arenito paralelos à linha
de praias; baías e brejos; falésias.
Na foz do rio São Francisco esse bioma é representado por praias, restingas,
lagunas e, principalmente, manguezais.
40
de todo o globo. Origina-se a partir do encontro das águas doce e salgada,
formando a água salobra. Nos manguezais, as condições físicas e químicas são
muito variáveis, limitando os seres vivos que ali habitam e freqüentam. Os solos são
formados a partir do depósito de siltes, areia e material coloidal trazidos pelos rios.
Essa espécie foi quase praticamente extinta nessa região. A aroeira, também
abundante em outras épocas, foi altamente perseguida, até que, por portaria, o
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente-IBAMA e Estados proibiram a sua
comercialização, o que ainda não impediu, de todo, a sua utilização.
Os manguezais são conhecidos como berçários, porque existe uma série de animais
que se reproduzem nestes locais. Ali, os filhotes também são criados. Os camarões
se reproduzem no mar, na região da plataforma continental. Suas larvas migram
para as regiões dos manguezais, onde se alimentam e crescem antes de retornarem
41
ao mar. Uma grande variedade de peixes costuma entrar no mangue para se
reproduzir e se alimentar, como os robalos e as tainhas. Muitas aves utilizam esse
ambiente para procriar. Podem ser espécies que habitam os mangues ou aves
migratórias, que usam os manguezais para se alimentar e descansar. São guarás,
colhereiros, garças, socós e martins-pescadores.
Pântanos e lagoas
42
obrigada a ceder espaço, aos trancos de grandes tratores, para que aí se
instalassem novas grandes áreas de lavoura, sem qualquer preocupação
preservadora (José Theodomiro de Araújo; A Questão Ambiental do São Francisco;
Bibliografia: “O Velho Chico, uma Paixão: Uma Coletânea de trabalhos sobre o rio
São Francisco”)
Fauna aquática
Espécies zooplânctonicas
Excluídas as espécies diádromas (aquelas que migram entre o mar e a água doce)
são registradas cerca de 158 espécies de peixes de água doce para a bacia (Britski
et al., 1988; Sato & Godinho, 1999; Alves & Pompeu, 2001), mas novas espécies
têm sido descritas com freqüência.
43
Quadro 12. Principais espécies da ictiofauna na região do médio São
Francisco
Sete espécies, todas importantes para a pesca, foram consideradas por Sato et al.
(2003) como provavelmente migradoras de longa distância: curimatá-pacu
(Prochilodus argenteus), curimatá-pioa (Prochilodus costatus), dourado (Salminus
brasiliensis), matrinchã (Brycon orthotaenia), piau-verdadeiro (Leporinus
obtusidens), pirá (Conorhynchos conirostris) e surubim (Pseudoplatystoma
corruscans).
44
Pompeu e Godinho (2003), fizeram um levantamento sobre a ictiofauna de três
lagoas marginais localizadas no médio São Francisco (trecho entre Pirapora (MG) e
a represa de Sobradinho) indicando a ocorrência de 50 espécies de peixes,
conforme quadro 12.
Na região do Baixo São Francisco, em estudos realizados por Costa et al., foram
encontradas 47 espécies, sendo 33 de água doce e 14 marinhas/estuarinas,
45
conforme quadro 13.
Dulcícolas
Apaiari Astronouts ocellatus Aragu Steindacherina elegans
Cará Cichlasoma sp. Carí Hypostomus commersonii
Carpa Cyprinus carpio Cumbá Parauchenipterus gaeatus
Curimatá Prochilodus costatus, Prochilodus Curvina-branca Pachyurus franccisci
sp.
Curvina Pachyurus squamipinnis Lambiá Acestrorhyncus lacustris
Mandi-amarelo Pimelodus maculatus Ninquim Lophiosilurus alexandri
Pacamão Psieudopimelodus zungaro Pacu Myleus micans
Pescada-do-piauí Plagioscion Piau-três-pintas Leporinus sp
squamosissimus
Piau-preto Leporinus piau Piau-branco Schinzodou knerii
Pirambeba Serrasalmus brandii Piranha-preta Serrasalmus rhombeus
Piranha-vermelha Serrasalmus piraya Robalo Centropomus pectinatus
Sarapó Sternopygus macrurus Surubim Pseudoplatystoma coruscans
Tambaqui Colossoma macropomum Tilápia Oreochromis niloticus
Traíra Hoplias malabaricus Tubarana-branca Salminus hilarii
Tucunaré Cichla ocellaris, Cichla sp. Xira Prochilodus argenteus
Marinhas/estuarinas
Agulha Hyporhamphus sp. Bagre Selenaspis herzbergii
Bagre Bagre sp. Cabeça-de-coco Stellifer sp.
Camurim Centropomus paralellus Camurupim Tarpon atlanticus
Caranha Lutjanus sp. Carapeba Eurreges brasiliensis
Carapicu Geres sp. Curimã Mugil brasiliensis
Pilombeto Anchoviella lepidentostole Robalo Centropomus pectinatus
Tainha Mugil sp. Xareú Caranx sp.
46
3.2.3. Áreas Protegidas
Unidades de Conservação
47
apenas o uso indireto (caminhadas, banhos, lazer e educação ambiental) dos
recursos naturais.
Quatro dos sete principais biomas nacionais ocupam áreas significativas da bacia:
Floresta Atlântica, Cerrado, Caatinga e Costeiro. Por essa razão o rio São Francisco
também é considerado como o Rio dos Biomas Nacionais, com destaque para a
Caatinga, por ser um bioma essencialmente brasileiro.
48
criação de novas Unidades de Conservação no centro de grandes áreas
nucleares de vegetação original, ainda existentes entre as áreas alteradas; e
criação de pelo menos uma grande UC, de tamanho apropriado (com área
mínima de 250.00 ha), em cada “ilha” de vegetação nativa pouco alterada.
49
3.2.4. Eventos Críticos
Enchentes
Segundo o IBGE (2000), os principais agravantes das enchentes nos municípios são
principalmente o desmatamento, a degradação da cobertura vegetal ou, nas áreas
urbanas, a obstrução de dispositivos de micro-drenagem, o dimensionamento
inadequado de obras e projetos, o adensamento populacional e outros fatores
agravantes como a ocupação irregular das áreas de proteção ambiental.
50
Os principais problemas de enchentes na bacia estão ligados aos seguintes
componentes:
· urbanização. Este é o tipo comum de enchentes que ocorre na região do Alto São
Francisco;
· ocupação do leito maior dos rios. O problema é agravado porque muitas das sub-
bacias do rio São Francisco são compostas por rios intermitentes, que têm seus
vales utilizados por pequenos agricultores. Grandes períodos sem ocorrência de
enchentes são suficientes para encorajar a ocupação das várzeas de inundação
com cultivos e habitações, o que ocasiona prejuízos e impactos aos moradores
por ocasião das chuvas.
51
urbanas, ao longo da calha principal do rio São Francisco, foram executadas logo
após a cheia de 1979, abrangendo cidades localizadas ao longo do leito do rio, a
saber: Pirapora, São Francisco, Januária, Bom Jesus da Lapa, Xique-Xique,
Juazeiro, Petrolina, Propriá e Penedo. As obras consistiram na construção de diques
de terra e/ou muros de alvenaria de pedra ou de concreto armado para defender as
zonas urbanas contra os transbordamentos do rio São Francisco até o nível atingido
pelas águas em 1979.
Desta forma, ficam impostas restrições de vazão máxima efluente dos reservatórios,
é realizada a alocação de volume de espera nos reservatórios para amortecimento
de cheias, e são definidas as regras de operação em situação de cheias. No
controle de cheias, têm papel fundamental os órgãos integrantes do Sistema
Nacional de Defesa Civil – SINDEC. - Fonte: ANA/SPR, 2004
Secas
No século XX, segundo o Projeto ÁRIDAS (1995), os anos de seca mais expressivas
no Nordeste foram: 1915, 1919, 1930-1932, 1942, 1970, 1976, 1979-1983, 1987-
1988. A análise da ocorrência de secas feita pelo Projeto Áridas, excluindo-se os
séculos XVI e XVII, observa-se que no total de 294 anos ocorreram 71 secas, entre
totais e parciais. Isso significa que pelo menos uma área do Nordeste é atingida por
uma seca a cada 4 anos e que na parte menos vulnerável da região, acontece uma
seca a cada 5 anos.
52
Quanto à secas com abrangência no semi-árido da bacia a freqüência é de uma em
cada 16 anos.
Semi-Árido
53
Atualmente, a superfície da Região Semi-Árida do FNE é de 895.254,40 km2, e
compreende espaços com precipitação pluviométrica média anual igual ou inferior a
800 mm.
De acordo com informações do Plano Decenal da bacia, parte da bacia está inserida
no Semi-árido Brasileiro, território vulnerável e sujeito a períodos críticos de
prolongadas estiagens, que apresenta várias zonas geográficas e diferentes índices
de aridez. A região do semi-árido abrange 57% da área total da bacia,
compreendendo 218 municípios.
54
precipitações de um ano para outro, ocorrendo chuvas, acima da média, em uma
grande seqüência de anos, seguidos de anos com pouco volume precipitado,
A água subterrânea no Semi-Árido se dá nas fissuras, onde boa parte dos poços da
região está instalada, ou nas formações sedimentares dos leitos dos rios (aluviões).
55
ressalta-se a inexistência de uma política eficiente e continuada de gestão dos
recursos naturais da região. Esses aspectos têm contribuído sensivelmente para
aumentar a vulnerabilidade do Semi-árido brasileiro, com graves conseqüências
para a população, trazendo prejuízos econômicos e sociais.
No entanto, a maioria dos açudes construídos é de pequeno porte, não sendo capaz
de suportar grandes períodos de estiagem. Com isso, nos períodos críticos, em que
as precipitações ocorrem abaixo da média por mais de um ano, os únicos locais em
que se tem água superficial na região são nos grandes reservatórios (ou
reservatórios plurianuais) e no próprio curso do rio São Francisco.
56
população rural local, como por exemplo, sistemas simplificados de abastecimento
de água, dispositivos para coleta de água da chuva, cisternas rurais, poços
tubulares e cacimbas.
3.2.5. Solos
No Alto, Médio e Sub-médio São Francisco predominam solos com aptidão para a
agricultura irrigada: latossolos e podzólicos. Esses tipos de solo requerem o uso
intensivo de adubação e, em muitos casos, a correção de sua acidez.
A partir daqueles limites até Porto Real do Colégio, verifica-se uma mudança brusca
não só dos solos, como também do clima, vegetação e material geológico. Na
57
margem esquerda, as manchas de solos são mais uniformes e apresentam menor
número de grandes grupos, predominando os brunos não cálcicos, regossolos,
litossolos, areias quartzosas e, somente após Paulo Afonso, grandes manchas de
planossolos.
Margeando todo o rio e seus afluentes encontra-se a faixa de solos aluviais, cuja
utilização agrícola requer estudos detalhados, pela possibilidade de inundação. A
porção semi-árida da bacia, localizada nas regiões do Médio, Sub-médio e parte do
Baixo São Francisco apresenta risco de salinização, em graus variando de muito
alto a médio. No Alto, o risco de salinização vai de nulo a baixo, em razão dos solos
serem mais profundos, bem drenados e a precipitação pluviométrica ser mais
elevada.
58
declividades inferiores a 2%. Esta situação reduz os riscos de erosão e é bastante
favorável à irrigação.
Um fenômeno vem ocorrendo na foz do rio desde que este perdeu parte dos
materiais em suspensão, pela contenção sofrida após vários barramentos
sucessivos de sua calha. Antes, no período de baixa vazão, o oceano acumulava
areia junto à foz, e o rio, num ato de autodrenagem, empurrava para o oceano os
sólidos acumulados, quando do período de cheias. Deixando essas de existirem, a
acumulação se tornou regressiva, fazendo com que o oceano rebata no continente,
já havendo destruído o povoado de Cabeço, vários manguezais e invadido o farol ali
existente, que se inclina como a torre de Pisa.
Por outro lado, devido ao desmatamento os rios da bacia estão entulhados de novas
áreas de acúmulo de sedimentos. Em todo os percursos das águas na bacia, os
bancos de areia são vistos, aumentando as áreas de risco no leito, dificultando a
navegação. São cerca de 18 milhões de toneladas de material sólido depositados
anualmente na planície do médio São Francisco (José Theodomiro de Araújo; A
Questão Ambiental do São Francisco; Bibliografia: “O Velho Chico, uma Paixão:
Uma Coletânea de trabalhos sobre o rio São Francisco.”).
59
3.3. Caracterização socioeconômica
· 90% do total dos municípios é de pequeno porte, com população urbana inferior a
30.000 habitantes;
60
Quadro 14. Características socioeconômicas da bacia do rio São Francisco,
por região fisiográfica
BAIXO E ZONA
CARACTERÍSTICAS ALTO MÉDIO SUB MÉDIO COSTEIRA
ADJACENTE
Saneamento básico,
% de domicílios 84 68 61 54
Abastecimento
Rede de esgoto % 52 12 26 19
Tratamento de
6 1 17 1
esgoto %
1.243 entre
Pirapora e
Petrolina/Jua
zeiro
104 no 60 entre
148 de Belo
Vias navegáveis - Paracatu Piranhas e Belo
Monte à foz
(Km) Monte
155 no
Corrente
351 no
Grande
100% de
algamatolito e
cádmio
Reservas minerais, 60% de chumbo
% das reservas 75% de enxofre e 60% de cobre - -
nacionais zinco 30% de
30% de dolomito, cromita
ouro, ferro, calcário,
mármore e urânio
Sobradinho
Principais (1.050)
Três Marias (396) Paulo Afonso I,
barragens Panderos
Rio das Pedras (9,3) II, III e IV (3.986)
hidrelétricas (4,2)
Cajuru (7,2) Moxotó (440) -
(potencial de Correntina
Queimados (10,5) Itaparica (1.500)
produção de (9,0) Rio das
Parauna (4,1) Xingó (3.000)
energia, MW) Fêmeas
(10,0)
Agricultura, Agricultura,
pecuária, Agricultura,
Principais Indústria, pecuária,
indústria e pecuária e
atividades mineração e agroindústria,ge
aqüicultura pesca/aqüicultur
econômicas pecuária ração de energia
a
e mineração
Fonte:
61
· região do semi-árido abrange 57% da área total da bacia, com cerca de 361.825
km2, compreendendo 218 municípios e mais de 4.737.294 habitantes, sendo
52,4% população urbana e 47,6% rural;
62
3.3.1. Uso e ocupação do solo
Várias das sub-bacias foram intensamente exploradas pela mineração, como ouro e
diamantes, passando por período de expansão, apogeu e declínio. Outras
explorações minerais têm ocupado papel importante e de suporte econômico para o
País, como o Quadrilátero Ferrífero, situado no alto São Francisco. É a única região
do País que produz zinco, além da quase totalidade de cromo, diamante, prata e
agalmatolito.
63
Historicamente a ocupação das áreas extensivas se deu pela pecuária bovina,
caprina e ovina, estando, hoje, os biomas caatinga e cerrado alterados por causa
dessas atividades.
A ocupação agrícola se deu intensamente a partir da década de 70, com a quebra
do mito de que o cerrado não tinha potencial para agricultura. Estima-se que hoje
estejam ocupados 8 milhões com lavouras temporárias e permanentes. Outros
cerca de 10 milhões de hectares estão ocupados por pastagem.
No que se refere ao transporte por ferrovias, apenas parte do norte de Minas Gerais
é atendida, que liga o Sudeste à Salvador, passando por Montes Claros e Janaúba,
sendo que Belo Horizonte é ligada ao Triângulo Mineiro e Brasília, cruzando a parte
sul da bacia. Quanto às rodovias, a bacia é servida por algumas estradas federais
asfaltadas que cortam o Médio São Francisco, outras que ligam a região Sudeste na
64
parte do Alto e Médio São Francisco. Algumas estradas estaduais, principalmente
no médio São Francisco, são parte da política de integração econômica dessa
região ao processo de desenvolvimento do Estado. O Baixo São Francisco tem suas
cidades ligadas por rodovias estaduais às estradas troncos que ligam o Brasil de
norte a sul. Muitas dessas estradas se encontram em estados precários devido à
deficiência de manutenção.
65
A intensa ocupação das chapadas tem provocado a compactação subsuperficial de
extensas áreas, seja pela utilização intensiva de moto-mecanização, seja pelo
pastoreio Tem-se levantado questões quanto à redução da capacidade de recarga
dos aqüíferos, o que precisa ser melhor estudado.
Já a ocupação das margens dos rios, assim como das demais áreas de proteção
ambiental, como as nascentes, encostas e as áreas de recarga de aqüíferos, para
diversos fins, são consideradas como algumas das principais causas propulsoras da
degradação da bacia, principalmente no que se refere à erosão e ao aumento de
sedimentos no leito dos rios. Em função dos tipos de sedimentos gerados pelos
processos erosivos, os efeitos têm sido diferenciados:
66
Lapa - 250 mg/L, e em Juazeiro, após Sobradinho, 47 mg/L. Até o reservatório de
Sobradinho, o rio São Francisco apresenta altas concentrações de sedimentos.
67
3.3.2. Saneamento ambiental
De forma geral, a situação dos serviços de saneamento ambiental na bacia pode ser
sinteticamente descrita a partir dos seguintes indicadores:
68
fisiográfica da Bacia.
Esgotamento sanitário
A bacia possui um índice de cobertura médio por rede coletora de 62,0%. Esse dado
não reflete a real situação das redes de esgotos, pois além de não retratar as
condições operacionais, considera os domicílios conectados à rede geral de esgotos
e a galerias de águas pluviais. Apesar da média de cobertura na bacia de cerca de
62,0%, ser superior à média nacional que está em 53,8%, existem cerca de 213
municípios na bacia com cobertura abaixo de 10%. Estes municípios localizam-se
na região do Médio e do Baixo São Francisco.
Estima-se que a população não atendida por rede ou fossa séptica na bacia no ano
de 2000 seja cerca de 3,2 milhões de habitantes. Quando se retira a região
metropolitana de Belo Horizonte a média de cobertura cai para 49,5%, portanto,
representando 92 % da média nacional.
69
atual, pois a Companhia de Saneamento de Minas Gerais – COPASA/MG vem
realizando investimentos significativos na bacia, principalmente na Região
Metropolitana de Belo Horizonte. Belo Horizonte e Contagem, as duas cidades mais
populosas da bacia estão tratando seus esgotos domésticos e não domésticos,
através das ETEs Arrudas e Onça.
70
Por outro lado, todos os estados da região Nordeste apresentam índices inferiores à
média da bacia, por micro-bacia. O destaque esta na região do Sub-Médio São
Francisco em que se encontra Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), em função do porte
populacional dessas duas cidades.
Abastecimento de água
· a cobertura com rede de água não significa que a produção de água atende,
quantitativa e qualitativamente a demanda de água, da mesma forma que a baixa
cobertura não significa falta de água; e
71
· os índices de perdas de água das prestadoras de serviços nos Estados ainda são
altos e bem variados entre si, como exemplo dos índices, podemos relacionar os
dados das principais empresas estaduais: - AL/CASAL - 55,5%; BA/EMBASA -
41,7%; GO/SANEAGO - 35,2%; MG/COPASA – 34,3%; PE/COMPESA - 60,0% e
SE/DESO - 54,2% (Dados: SNIS/2000).
Resíduos Sólidos
A bacia possui ainda um índice de cobertura médio por serviços de coleta de lixo de
88,6%. O valor é inferior à média brasileira (91,1%), sendo que apenas o estado de
Minas Gerais apresenta também um índice superior ao brasileiro. O déficit na bacia
é de 11,4%, que equivale a 1.085.775 pessoas não atendidas com serviços de
coleta. Foi verificado que os piores índices médios correspondem aos estados da
Bahia (76,9%) e de Pernambuco (78,3%). Por outro lado, os melhores resultados
estão localizados no Alto São Francisco, onde está situada a Região Metropolitana
de Belo Horizonte.
Apesar da cobertura média dos serviços de coleta de lixo ser de 88,6%, existem na
bacia, municípios com baixos índices de cobertura. Verifica-se que abaixo de 50%
de cobertura, existem 46 municípios. O maior percentual de pessoas não atendidas
é encontrado na faixa dos municípios entre 5.000 a 30.000 habitantes, o que
corresponde a 4,7% da população urbana da bacia. Já os municípios com mais de
250.000 habitantes têm o menor déficit dos serviços de coleta, com apenas 0,8% da
população urbana não atendida na bacia situando-se nessa faixa.
72
menos alarmante. Aproximadamente 49,6% da população da bacia têm disposição
inadequada, 29,3% destinam seus resíduos para unidades totalmente adequadas e
9,7% têm alguma destinação adequada. Esta situação mais favorável se explica
porque as unidades de tratamento e os aterros sanitários encontram-se
principalmente nas grandes cidades. A figura 18 mostra a distribuição da cobertura
da coleta de lixo, por microbacia, onde estão os municípios avaliados com influência
na bacia.
Cerca de 57% da área da bacia do rio São Francisco está situada na região semi-
árida. Portanto faz-se necessária uma análise diferenciada dos municípios que se
encontram nessa região. Dos municípios que possuem sede na bacia, 218 estão no
semi-árido, e destes somente 3 municípios com população superior a 100.000
habitantes: Petrolina (PE), Arapiraca (AL) e Juazeiro (BA).
73
3.3.3. Controle da poluição e diluição de efluentes
74
urbanos, que têm conseqüência imediata sobre o meio ambiente, o déficit é
grande;
75
3.3.4. Infraestrutura de transporte
Rodoviária
· BR-040: tem seu marco zero em Brasília e passa por Paracatu, João Pinheiro,
Três Marias e Belo Horizonte;
· BR-251: ligando Montes Claros à BR-116 (Rio-Bahia), permitindo fluxo tanto para
o Nordeste quanto para o Sul; e
76
muito heterogeneamente distribuído no espaço regional. As áreas de maior
densidade rodoviária se localizam na vizinhança da Região Metropolitana de Belo
Horizonte, no extremo sul da bacia, e na sua parte nordeste, pertencente aos
Estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe. As áreas mais carentes correspondem
ao território da Bahia e àquelas localizadas no noroeste de Minas Gerais.
Ferroviária
Hidroviária
77
alcançando a barragem de Sobradinho, a qual é servida por uma eclusa,
vencendo um desnível de 32,5 m, e trecho de 208 km entre Piranhas e a foz;
78
compreendido entre os portos de Muquém do São Francisco (Ibotirama) e
Petrolina/Juazeiro. Mesmo neste trecho, a navegação vem sofrendo revezes por
deficiência de calado.
79
assoreamento do rio São Francisco, que é decorrente do mau uso das terras da
bacia e vem gerando e promovendo o transporte de volumes cada vez maiores de
sedimentos para o rio, que acabam por entulhar a calha, provocando a instabilidade
das margens e a formação de novos bancos de areia.
Aeroviária
80
Intermodal
81
3.3.5. Comunicações
82
3.3.6. Recursos Minerais
Em termos de indústria extrativista, é a única região do País que produz zinco, além
da quase totalidade de cromo, diamante, prata e agalmatolito. Responde, também,
por mais de 60% da produção nacional de chumbo, cobre, ouro, gipsita e pirofilita.
Entretanto, essas atividades carecem de políticas adequadas para serem
devidamente exploradas.
83
3.3.7. Geração de energia
O potencial hidrelétrico da bacia do rio São Francisco é de 25.795 MW, dos quais
10.395 MW estão distribuídos em usinas em operação na bacia: Três Marias,
Queimados, Sobradinho, Itaparica, Complexo Paulo Afonso e Xingó. Os principais
reservatórios situados no rio São Francisco, formados por estas usinas hidrelétricas,
são mostrados de forma esquemática na Figura 21. Destes, Três Marias e
Sobradinho têm papel fundamental na regularização das vazões do rio São
Francisco.
84
empreendimentos planejados (10.085 MWmed), observa-se um acréscimo de
energia de apenas 3.781 Mwmed. Isto se dá em função de que aproveitamentos em
estudo que possuem grande potência instalada, como é o caso das expansões
previstas nas usinas de Itaparica, Paulo Afonso e Xingó, que totalizam 8.640 MW,
são destinados a operação somente em horários de pico de demanda de energia do
Sistema Interligado Nacional, mais especificamente o subsistema Nordeste, não
representando acréscimo de energia firme ao sistema.
85
diversificação da matriz energética para atendimento do subsistema, através da
utilização de fontes térmicas (gás natural e combustíveis alternativos) e do aumento
da capacidade de importação de energia de outros subsistemas do Sistema
Interligado Nacional, com a construção de linhas de transmissão. Ressalte-se que
com o crescimento dos usos múltiplos na bacia, a tendência atual é que haja uma
diminuição da disponibilidade de energia nas usinas localizadas na bacia do rio São
Francisco, como já vem sendo considerado no planejamento da operação e da
expansão do setor elétrico.
Com relação aos impactos da operação dos reservatórios sobre os outros usos da
água, a Curva de Aversão a Risco (CAR) do setor elétrico considera a vazão mínima
efluente em Sobradinho de 1.100 m3/s. Portanto, o planejamento do setor deve
providenciar as ações para que não haja conflitos com outros setores usuários dos
recursos hídricos da bacia, como navegação e derivações para sistemas de
abastecimento de água, entre outros.
86
3.3.8. Agropecuária
Esse montante representa 4,2% das terras aptas à produção agrícola de sequeiro e
4,9% das terras aptas à irrigação. Verifica-se, assim, que as possibilidades de
expansão das áreas aptas à agricultura de sequeiro, não computando aquelas aptas
à pecuária e silvicultura, superaram bastante as possibilidades de expansão das
áreas irrigáveis. Nesse sentido, a análise do potencial agro-silvo-pastoril em
sequeiro da bacia recomenda o manejo integrado das terras e do sistema
hidrográfico.
Os estudos realizados pelo PLANVASF englobam uma área total de 691,0 mil km2
(69,1 milhões de ha). Tal área refere-se à totalidade do território dos municípios,
mesmo daqueles parcialmente inseridos na bacia e não inclui áreas do Distrito
Federal e de Goiás. Para aquela área assim definida, têm-se os seguintes usos:
área de proteção ambiental de Piaçabuçu; reserva ecológica do Raso da Catarina;
87
região metropolitana de Belo Horizonte; águas internas e terras.
Esses estudos, no que se refere à aptidão das terras para agricultura de sequeiro,
concluem que 52% (35,5 milhões de ha) têm aptidão - ocorrem 0,1 milhões de ha do
grupo 1 (aptidão boa), 25,5 milhões de ha do grupo 2 (aptidão regular) e 9,9 milhões
de ha do grupo 3, (de aptidão restrita para as lavouras); cerca de 0,7% (0,4 milhões
de ha do grupo 4) indicam utilização como pastagens plantadas, e os restantes
47,3% (32,1 milhões de ha) são inaptos, podendo ser utilizados como pastagem
natural, florestamento ou manutenção de vegetação natural - terras do grupo 5, com
um total de 20,8 milhões de ha podem ser utilizadas das seguintes formas: 13,3
milhões de ha com pastagem natural; 4,7 milhões de ha com silvicultura ou
pastagem natural e 2,8 milhões de ha somente com silvicultura, e terras do grupo 6,
com total de 11,3 milhões de ha, devem ser destinadas para a preservação da flora
e fauna.
A distribuição dos solos, por Estado, com relação à aptidão para culturas de
sequeiro é apresentada no Quadro 16, a seguir.
A bacia do São Francisco, com seus 64 milhões de ha, possui cerca de 35,5 milhões
de ha agricultáveis e 456 mil ha indicados para pastagens. Da área agricultável, 19
milhões são mais favoráveis, sendo que apenas 8 milhões de ha têm fácil acesso à
água.
88
Quadro 16. Distribuição dos solos, por Estado, com relação à aptidão para
culturas de sequeiro.
89
explorações pastoris, a demanda de esterco, especialmente na bacia, é suprida de
outras áreas, a custos elevados.
90
Norte de Minas, onde estão localizados cerca de 125.000 ha irrigados, ou seja,
quase a metade da área atualmente irrigada na bacia.
Esses produtos que, conjuntamente, representavam, nos anos 70, cerca de 3,1% do
valor da produção agrícola do Nordeste, elevaram consideravelmente sua
participação na economia regional.
91
3.3.9. Irrigação
Nos perímetros irrigados têm-se adotado, em sua maioria, culturas com maior valor
econômico e maior resposta ao insumo água, representadas pelos grãos, frutas,
olerícolas, e, mais recentemente, a cultura do café. Em relação aos métodos de
irrigação, os sistemas que utilizam pivô central estão distribuídos por toda a bacia,
com uma maior concentração no norte (Jaíba, Janaúba, Januária e Manga) e no
noroeste (Unaí, Bonfinópolis de Minas e Paracatu) de Minas de Gerais, e no oeste
da Bahia (Barreiras, São Desidério e Luís Eduardo Magalhães).
92
atingido é o balanço dos usos dos recursos hídricos. De acordo com a CODEVASF,
o limite de aproveitamento de terras para irrigação seria de 800.000 hectares (8.000
km²), sem a instalação de conflito dos usos múltiplos.
93
3.3.10. Turismo
A bacia do rio São Francisco é uma região rica em recursos naturais, abrigando uma
diversidade de culturas, de locais históricos, de sítios arqueológicos e de
importantes centros urbanos. Estas características associadas ao longo curso do rio
e às belezas naturais da região oferecem um grande potencial para o
desenvolvimento do setor turístico.
94
da infra-estrutura para a atividade de ecoturismo.
95
3.3.11. Povos indígenas
Dos povos indígenas da bacia merecem destaque os Fulni-ô por serem o único
grupo do Nordeste que conseguiu manter viva e ativa sua própria língua - o Ia-tê. Na
parte central das terra indígena (TI) se encontra assentada a cidade de Águas Belas
rodeada totalmente pelo território Fulniô. São 2.800 índios que vivem nessa TI em
Pernambuco.
Comunidades Quilombolas
96
Quadro 18. Terras Indígenas da Bacia Hidrográfica do São Francisco
ESTADO Município Terra Indígena Grupo Indígena População
Alagoas Água Branca Geripancó Xucuru-Kariri 1.000
São Sebastião Karapotó Karapotó 1.050
Porto Real do Colégio Kariri-Xocó Kariri-Xocó 1.500
Feira Grande Tingui-Botó Tingui-Botó 209
Bahia Muquém de S. Francisco Barra Atikum e Kiriri 32
Glória Brejo do Burgo Pankarare 793
(abrange
municípios de
Paulo Afonso e
Rodelas)
97
A legislação brasileira já adota conceito acima de comunidade quilombola e para o
reconhecimento destas é necessário somente a auto-identificação, uma vez que a
classificação de comunidade como quilombola não se baseia em provas de um
passado de rebelião e isolamento, mas depende antes de tudo de como aquele
grupo se compreende, se define.
98
hortaliças.
A comunidade negra rural quilombola Rio das Rãs é formada por nove
comunidades: Brasileira, Enxu, Bom Retiro, Barreiro do Jacaré, Central, Aribá,
Mucambo, Vila Mariana e Rio das Rãs. Com aproximadamente 590 famílias, em
uma área de 39.000 ha, localiza-se a oeste do estado da Bahia, no município de
Bom Jesus da Lapa, a 970 km de Salvador, Região Econômica do Médio São
Francisco.
99
rio São Francisco, pois o recurso hídrico é necessário ao ciclo de crescimento dos
vegetais e animais, o que possibilita a manutenção da Comunidade.
A região em que se localiza a Comunidade Negra Rural Rio das Rãs é uma área de
fronteira agrícola da Bahia que passou a ser valorizada a partir da década de
setenta, com os financiamentos da Superintendência de Desenvolvimento do
Nordeste (SUDENE), ocorrendo a implantação de empresas agrícolas, fazendas de
gado, projetos de irrigação e outros.
100
3.3.12. Agenda 21
A Agenda 21 Brasileira está sendo implementada por meio de três linhas de ação,
com metas para concretizar o conceito da sustentabilidade em todos os programas
e níveis de governo, tendo o componente ambiental como tema transversal. A
primeira linha de ação tem como meta implementar as ações prioritárias da Agenda
21 Brasileira; a segunda a promoção para construção e implementação de Agendas
101
21 Locais; e a terceira visa a formação continuada em Agenda 21 Local.
Dessa forma, o comitê de bacia fortalece a parceria articulada por meio de Fóruns
de Agenda 21 Locais, contribuindo para a construção das bases de sociedades
sustentáveis e implementação do Plano Local de Desenvolvimento Sustentável,
ressaltando a importância do ordenamento territorial, em que a unidade de
planejamento é a bacia hidrográfica.
102
A representatividade atual da CPDS lhe confere legitimidade para definir um
programa de certificação dos processos, o qual está sendo discutido para
implementação, de forma a contemplar diferentes bases geográficas e etapas em
que se encontram as Agendas 21 Locais, desde a sensibilização, criação do fórum
até a implementação do Plano Local de Desenvolvimento Sustentável aprovado pela
população envolvida.
103
Quadro 20 - Municípios da bacia do São Francisco em processo de
implantação de Agenda 21 Local..
Município UF
Arapiraca * AL
Penedo AL
América Dourada BA
Barreiras BA
Boquira BA
Caturama BA
Chorrochó BA
Curaçá * BA
Delmiro Gouveia BA
Guanambi BA
Ibotirama BA
Jacaraci BA
Jacobina BA
Macaúbas BA
Paramirim * BA
Riacho de Santana BA
São Félix do Coribe BA
Belo Horizonte MG
Betim * MG
Capitólio MG
Conceição do Mato Dentro * MG
Congonhas MG
Conselheiro Lafaiete MG
Contagem * MG
Ilicínia MG
João Pinheiro MG
Nova Lima MG
Ouro Branco MG
Ouro Preto MG
Paracatu MG
Pimenta MG
Sete Lagoas MG
Araripina * PE
Petrolina * PE
Araripe PE
Agenda 21 do Estado de Pernambuco * PE
Fonte:
· = financiados pelo FNMA
104
é a primeira unidade da Federação a consolidar a Agenda 21 Estadual. Foi lançada
no dia 06 de agosto deste ano, contendo planos estratégicos em seis temas
centrais: cidades sustentáveis, gestão dos recursos naturais, combate à
desertificação e convivência com a seca, redução das desigualdades sociais, infra-
estrutura e economia sustentável.
105
3.3.13. Reforma Agrária
Essa área faz parte da meso-região do Xingó, criada pelo Ministério da Integração
(MI) para articular ações regionais de desenvolvimento, e alguns dos municípios
estão incluídos na Região Integrada de Desenvolvimento (RIDE) Petrolina –
106
Juazeiro, também criada pelo MI, e do Território de Desenvolvimento do São
Francisco, criado pelo Ministério de Desenvolvimento Agrário em conjunto com o
Governo do Estado de Pernambuco.
As intervenções federais com reflexo na estrutura fundiária têm sido feitas por três
grandes instituições: CHESF, CODEVASF e INCRA. Embora realizadas por
diferentes motivos, essas intervenções federais proporcionaram uma reestruturação
fundiária na região, beneficiando pequenas famílias produtoras e introduzindo novos
sistemas produtivos.
107
Conceição das Crioulas. Esta área já tem seu polígono definido, e possui decreto de
outorga da Presidência da República. A comunidade é composta por
aproximadamente 630 famílias, sendo 150 na sede e as demais distribuídas no
restante da área, onde se constata a presença de “posseiros”.
108
dos aportes e participação das entidades vinculadas ao desenvolvimento da região,
levando à frente os 7 programas, e os demais que vierem a ser sugeridos no
decorrer da revisão das intervenções públicas.
109
3.4. Caracterização dos problemas
Entre estes vários documentos existentes sobre a bacia do Rio São Francisco, que
servem de base para o Programa de Revitalização, devemos destacar o Planvasf, o
DAB, o PAE e principalmente o Plano Diretor da bacia, este ultimo aprovado em
2004 pelo CBH-SF, e cujas informações se somaram aos problemas identificados
também pela população e pelas próprias instituições que já atuam na bacia.
110
sociedade civil, oriundos dos diversos encontros, audiências e plenárias realizadas
nas quatro regiões fisiográficas da bacia.
111
3.4.1. Problemas sócio-ambientais predominantes, por região fisiográfica da
bacia hidrográfica
(ii)
112
Baixo São Francisco
113
3.4.2. Principais problemas sócio-ambientais
IV. Desmatamento
114
A articulação institucional reconhecida como principal elemento do Programa e
essencial para a implementação de leis, regulamentos e procedimentos, além de
projetos de desenvolvimento integrado, foi identificada como ausente na bacia. Essa
falta de articulação inclui a frágil capacidade institucional, notadamente no que se
refere a definição dos objetivos e estabelecimento das atribuições dos diferentes
organismos atuantes na bacia e identificação de habilidade das instituições em
exercer suas funções de forma coordenada, articulada e integrada (Figura 23).
Conflitos de uso da água e insuficiência para uso múltiplo - Conflitos entre usuários
de água. A bacia do Rio São Francisco, por sua área e os diferentes estágios de
desenvolvimento, é uma bacia de usos múltiplos, o que representa um grande
desafio e exige uma análise do conjunto para que se possa planejar
adequadamente sua gestão e atender a todas as demandas de usos da água.
Nas últimas décadas o governo tem promovido numerosas ações para fomentar o
desenvolvimento da bacia do São Francisco. A maioria delas tem sido do tipo
setorial, de modo que até o presente tem como principais usos a geração de energia
elétrica e a irrigação (Figura 25).
115
Figura 25 - Geração de energia elétrica e a irrigação
Na região do Alto São Francisco, nas sub-bacias do rio das Velhas e Paraopeba, os
problemas identificados têm origem na mineração e na alta concentração
populacional, que exercem forte pressão sobre os recursos hídricos. Nesse caso, a
diluição de efluentes concorre com outros usos mais nobres, tais como
abastecimento de água, piscicultura e recreação de contato primário.
116
No que diz respeito aos usos consultivos há um nítido predomínio da irrigação, com
68% do total da área utilizada na bacia. A Figura 26 permite uma visualização
gráfica da participação de cada setor usuário da água por região da bacia.
Em resumo, a Figura 26 indica, por região, que o Alto São Francisco reflete uma
vocação urbana industrial em uma parte, e uma vocação rural, em outra. É a típica
situação de usos múltiplos da água. O Médio, o Sub-Médio e o Baixo têm uma
vocação nitidamente rural, com predomínio do uso da água para a agricultura
irrigada.
117
representando 9% da demanda do Brasil. A maior relação entre demanda e
disponibilidade está no Alto São Francisco, onde o valor chega a 19,8%, seguida do
Médio São Francisco (8,5%), do Sub-médio (6,8%) e do Baixo São Francisco
(2,1%).
As maiores vazões de retirada estão nas bacias dos rio das Velhas (13 %), Curaçá
(12 %), Paraopeba (6 %), Pontal (6 %), na bacia do Alto rio Grande (6 %), do rio
Paracatu (6 %), do rio Ipanema e Baixo São Francisco (5 %) e do rio Verde Grande
(5 %). Em relação à vazão consumida, as unidades hidrográficas com maior
consumo são: Curaçá (15 %), Alto rio Grande (7 %), rio Pontal (7 %), rio Paracatu (7
%), rio das Velhas (6 %), Baixo Ipanema e Baixo São Francisco (6 %), Corrente (5
%) e Verde Grande (5 %).
A irrigação como uma das maiores usuárias de água da bacia, tem e terá um papel
preponderante no seu desenvolvimento socioeconômico em bases sustentáveis,
uma vez que não são muitas as alternativas para o semi-árido. Verifica-se,
entretanto que o uso eficiente da água na irrigação necessita ser urgentemente
melhorado, assim como implementadas iniciativas de conservação de água e solo.
118
solo, da água e de substituição da cobertura vegetal; além dos aspectos
relacionados ao uso de agro-químicos (inseticidas, fungicidas, herbicidas e adubos
inorgânicos), que, se utilizados de maneira inadequada, contaminam o solo e as
águas.
Já, a navegação foi fator de desenvolvimento da bacia do rio São Francisco, quando
os cerca de 1900 km de suas hidrovias estimularam o processo de ocupação e a
criação de pólos comerciais.
Figura 27 - Navegação
Mesmo neste trecho, a navegação vem sofrendo revezes por deficiência de calado.
Isso ocorre tanto na entrada do lago de Sobradinho, onde um intenso assoreamento
multiplica os bancos de areia e altera as rotas demarcadas pelo balizamento e
119
sinalização, e no trecho imediatamente a jusante da eclusa de Sobradinho, onde a
instabilidade de operação da usina hidroelétrica altera freqüentemente as
profundidades disponíveis.
Outro conflito potencial devido as alteração do regime hídrico pela operação das
barragens de regularização, já vem ocorrendo com o setor Hidroelétrico, pois os
reservatórios acarretam impactos na ictiofauna e perda de biodiversidade em razão
da redução de nutrientes e do controle de cheias que permitam a ocorrência da
piracema.
120
industriais, principalmente as relacionadas com o setor de mineração, pois o Rio
São Francisco, desde a sua descoberta em 1502, é submetido à exploração
econômica começando pela exploração do ouro, prata, pedras preciosas pelos
bandeirantes e continuando com o ferro, bauxita, calcário e muitos outros minerais
no Quadrilátero Ferrífero, atividades que existem até hoje.
É a única região do país que produz zinco, além de quase a totalidade do cromo,
diamante e agalmatolito que têm ocupado papel importante como suporte
econômico para o país. Entretanto a exploração deste recurso não renovável deixa
um passivo ambiental de valor monetário quase incalculável.
121
Na bacia, em diversos pontos de sua extensão, predominam essencialmente uma
poluição difusa, em razão do lançamento de esgotos sem tratamento, além dos
provenientes de atividades agrícolas e industriais, como também pela disposição
inadequada dos diversos tipos de resíduos sólidos por quase toda a bacia, que
acabam comprometendo intensamente a qualidade ambiental, tanto do solo como
das águas superficiais e subterrâneas.
Uma das áreas críticas é a sub-bacia do Rio das Velhas, onde esta situada a Região
Metropolitana de Belo Horizonte, onde além da grande contaminação das águas
pelo lançamento de esgotos domésticos e de efluentes industriais, existe elevada
carga inorgânica poluidora, proveniente da extração e beneficiamento de minerais,
embora esteja em operação parcial a Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) da
sub-bacia do Arrudas, e esteja sendo prevista a ETE da sub-bacia do Onça.
122
Registra-se ainda o uso indiscriminado de produtos agroquímicos na agricultura. Na
própria área de Sobradinho, por exemplo, a poluição por agrotóxicos e fertilizantes é
intensa. Desta maneira, há uma grande contaminação dos rios que amplifica
intensamente os impactos sobre a fauna aquática da bacia e sobre o
aproveitamento dos recursos hídricos para diversos fins.
IV. Desmatamento
Outro grande problema que vem sendo recorrente na bacia do Rio São Francisco ao
longo desses anos é o grande índice de desmatamento das áreas de cerrado,
caatinga e mata atlântica. Inclusive, este último bioma está praticamente exaurido
na bacia. O desmatamento esta provocando uma destruição intensa das florestas
nativas e a degradação das matas ciliares, nascentes e lagoas marginais na região.
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Segundo o Sindicato dos Promotores e Procuradores de Justiça do Estado de Minas
Gerais, existe uma relação de troca extorsiva entre os proprietários das indústrias e
a população rural que desmata, e que a partir da lenha, faz o carvão. Este é feito de
forma precária e altamente prejudicial à saúde destas populações, inclusive muitas
vezes em condições trabalhistas desfavoráveis. Problemas semelhantes ocorrem
também na Caatinga, principalmente com o uso da lenha na produção do gesso.
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calha dos rios da bacia, alterando significativamente sua capacidade e o seu próprio
leito, com efeitos inevitáveis nas planícies de inundação. Por toda a bacia os
projetos agrícolas e as pastagens não respeitam as áreas das matas ciliares.
A intensa ocupação antrópica da bacia, principalmente nas margens dos rios, para
os mais diversos fins, e o uso inadequado do solo, tanto urbano, quanto rural,
associado às contínuas práticas não-conservacionistas, tem sido uma das principais
causas propulsoras da degradação ambiental da bacia.
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Portanto, por todo o Vale do Rio São Francisco, se observa que em decorrência do
mau uso e ocupação das terras da bacia, vem aumentando a geração e o transporte
de volumes cada vez maiores de sedimentos para o rio, que acabam por entulhar a
calha, provocando a instabilidade das margens e a formação de novos bancos de
areia, assim como contribuem para a perda da fertilidade e uma nefasta
compactação do solo. Outro exemplo da má ocupação do solo se constata o
desrespeito generalizado, à manutenção das áreas de Reserva Legal e de
Preservação Permanente, as APPs, na maioria das propriedades rurais da bacia.
Esta degradação ambiental na bacia leva muitas das espécies da fauna e da flora à
sua quase extinção. As obras das hidroelétricas fizeram com que grandes trechos
do rio fossem regularizados, acarretando alterações na vazão natural do rio. As
intervenções ambientais na bacia impactaram negativamente nos períodos de
desova dos peixes. Além disso, afetaram a deposição de sedimentos e outros
elementos dos ecossistemas da bacia. As represas também iniciaram a alteração
dos padrões de erosão e a descarga de nutrientes principalmente nos trechos
inferiores da bacia e sua zona costeira.
126
comunidades, com destaque para as aquáticas, são degradadas ou desaparecem.
Ocorreram, por exemplo, a redução dos estoques pesqueiros, produzindo uma
deseconomia indesejável para a bacia e dificultando mais ainda a luta diária dos que
vivem da atividade da pesca.
A bacia do rio São Francisco já foi bastante piscosa, tanto na região do alto como na
do baixo curso, assegurando alimentos aos seus habitantes e atraindo muitos
pescadores. Porém à medida que as alterações induzidas pela ocupação humana
avançaram, os estoques de recursos pesqueiros e da biodiversidade foram
reduzindo, praticamente extinguindo a pesca artesanal. Atualmente, as estimativas
indicam uma captura total de peixes em torno de 2.500 t/ano, valor considerado
extremamente baixo.
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A construção da barragem de Sobradinho também provocou mudanças em
atividades econômicas no Baixo São Francisco, devido a redução da ictiofauna, pois
era em função das oscilações do nível do rio, entre o período de cheias e vazantes,
e da coincidência com a estação chuvosa, que decorria a exploração da rizicultura e
dependia a procriação natural dos peixes.
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inclusive pela formação de vazante, que corresponde às áreas entre 1 a 3 km da
margem do rio, de faixa de solos arenosos, que dificultam seu aproveitamento sem
grandes investimentos.
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árido e a escassez de água em razão da intermitência dos tributários.
Já a rede fluvial do São Francisco, embora não muito densa quando considerada a
área total da bacia, conta com cursos d’água de segunda ordem de grande vazão.
Pelo menos sete desses afluentes têm vazão média acima de 100 m3/s, cuja
contribuição é em média de 1.506m 3/s, equivalente a aproximadamente 73% da
vazão regularizada a jusante de Sobradinho.
Deve-se ressaltar que o uso dos recursos hídricos superficiais, principalmente para
a atividade de irrigação, intensificou o número de pedidos de outorga de água em
alguns Estados inseridos na bacia. Já existem rios na bacia que atingiram o limite
máximo de vazão de captação, não permitindo mais haver liberação de outorga,
sendo este quadro a tradução mais direta do grande problema que vem a ser a
escassez da água na bacia. A partir deste quadro, vários produtores rurais têm
procurado utilizar as águas subterrâneas através da perfuração de poços profundos,
o que agrava ainda mais a situação ambiental na bacia.
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áreas e o volume de descarga, a sua potencialidade, e a relação entre as águas
subterrâneas e as águas superficiais. Com isto faz-se necessário o levantamento
quantitativo de utilização das águas subterrâneas, cadastrando os poços já
perfurados e controlando a perfuração de outros, complementando com o
conhecimento da disponibilidade dos recursos superficiais (Figura 29).
Apesar da bacia do São Francisco ser vasta e complexa, cerca de 343.784 km2 da
bacia do São Francisco, ou seja, 53,8% estão incluídas no Polígono das Secas,
compreendendo 251 municípios e mais de 5.680.000 habitantes. Uma das
particularidades do semi-árido da bacia consiste na presença de rios intermitentes,
significando que a disponibilidade natural de vazão para diluição dos esgotos é
muito baixa ou nula.
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população rural local, como por exemplo, sistemas simplificados de abastecimento
de água e dispositivos alternativos para coleta de água da chuva.
A bacia do rio São Francisco é uma área muito complexa, cujo desenvolvimento
histórico infelizmente ocorreu de maneira tumultuada e segmentada, com pouco ou
nenhum planejamento estratégico ou integrado e sem a efetivação de políticas
publicas que considerassem a variável ambiental e visassem um desenvolvimento
sustentável para a bacia. Além disso, as ações governamentais sempre foram
efetuadas dentro de uma estrutura institucional relativamente frágil e desarticulada.
Isto resultou numa grande degradação ambiental da bacia. Portanto, procurar
superar essas debilidades será ponto fundamental para a implementação do
Programa de Revitalização da bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (Figura 30).
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Finalizando os principais problemas sócio-ambientais constatados na bacia, se
destaca a situação socioeconômica da bacia, onde predomina uma grande e
evidente desigualdade e estagnação sócio-ambiental nas suas diversas regiões,
com ocorrência de bolsões de pobreza e miséria agudas, principalmente no meio
rural do semi-árido.
O próprio Diagnóstico Analítico da bacia – DAB apontou esses paradoxos, uma vez
que na bacia se convive com áreas contraditórias de riqueza e pobreza, densidades
demográficas altas em contraste com vazios demográficos, áreas altamente
industrializadas e áreas de predominância de agricultura de subsistência, entre
outras.
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O segundo é o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, que varia entre 0,633
(AL) e 0,844(DF). Em nível municipal, existem municípios com índice 0,343, e a
média brasileira é de 0,769.
O terceiro é o Produto Interno Bruto – PIB per capita que contempla variações entre
R$ 2.275 (US$ 758 em AL) e R$ 5.239 (US$ 1.746 em MG), enquanto a média
nacional é R$ 5.740 (US$ 1.913/IBGE, 1999).
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