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Curumim, uma história de amor

Curumim-Kurumi (menino) acordou como sempre fazia, todos os dias de manhã.


Abriu seus olhos de amêndoas e avistou o grande arco azul cheio de amontoados brancos a
flutuarem em seu vazio.
Curumim vivia a perguntar o porque das coisas, como por exemplo, porque este arco azul
tão imenso, que está em todos os cantos que seu olhar pode alcançar tem um nome tão
pequeno: CÉU.
Porque os amontoados que flutuam dentro dele chamavam-se NUVENS?
Curumim também não entendia como acontecia todos os dias a troca da LUA com o SOL.
Para onde ia a LUA?
E para onde ia o SOL?
Enfim Curumim não sabia como Amanhecia.
Como podia Amanhã-SER.
Dia desses amanheceu.
Curumim não entendeu.
Como pode amanhã-ser?
Será feitiço?
Raio de luz
Que bate no verde, terra, mar.
Para onde vai com tanta pressa?
Por trás montanha, por aí...
Curumim olhou para o alto.
Viu brilhar roda de fogo.
Curumim olhou lago,
De novo.
Na água, não apaga?
Não acaba?
Esse brilho
Intenso, parece incenso.
De Pajé, coisa boa.
Curumim entristeceu
Quando luz redonda
No mar caiu, escureceu.
Apagou?
Frio sentiu, chorou.
Lágrima em lago virou.
Curumim na água ficou, se molhou.
Luz nos olhos
Curumim acordou.
Choro secou, sorriu.
Bola de fogo voltou.
Clareou
Dia desses amanheceu
Curumim gostou
Entendeu.
Hoje a grande bola de fogo não estava totalmente acordada, seus raios eram fracos, pois ele
ainda podia ver a sombra da lua no arco azul, e sabia que a força de um só seria completa
com a total partida do outro, porque, não sabia, mas PAJÉ havia lhe ensinado.
Como sempre fazia correu a tenda do PAJÉ, este sim sabia tudo, Curumim só não sabia
como Pajé sabia tudo.
E como todo dia que amanhecia, Pajé esperava Curumim para responder as mil e umas
perguntas que ele fazia.
Curumim hoje queria muitas respostas e PAJÉ lhe dizia:
“CÉU, Yvay em Guarani, é o espaço infinito onde se movem os astros e estrelas.
Os reis deste espaço infinito são o Sol e a LUA.
Observando o SOL e a LUA, sabemos a época certa para o plantio, para a caça e para a
pesca.
Até o ritual de batismo, onde damos os nomes das nossas crianças Guaranis, obedecem ao
calendário luni-solar.
O SOL que em nossa língua chamamos de Kuaray, é que rege todo nosso calendário e a
LUA, Jaxi, é que rege toda a vida marinha, é o irmão mais novo de Kuaray.
Nhanderu, Nosso Pai, criou quatro Deuses que o ajudaram na criação da Terra, são eles os
quatro pontos cardeais formados a partir do SOL:
O Norte é Jakaira, o deus da neblina e das brumas, origem dos bons ventos.
O Leste é Karai, deus do fogo.
O Sul é Nhamandu, deus do Sol e das palavras.
O Oeste é Tupã, deus das águas, do mar, das chuvas e dos trovões.”“.

“Mas PAJÉ, como pode os nomes das crianças Guaranis serem dadas pelo calendário da
Lua e do SOL?”

“O Nome de cada curumim é soprado pela própria alma de cada curumim em sonho ao
Pajé de cada tribo, e o local de onde cada alma vem, ou seja de que ponto cardeal, Norte,
Sul, Leste ou Oeste é que determina seu nome e suas características. Os que a alma vem do
Oeste, domínios do deus Tupã, como você Curumim, possuem os cabelos ondulados e
revoltos pelos grandes ventos, são tempestivos e arisco como um furacão, e por isso seu
nome é Tupãju.”
Eram tantas perguntas que queria fazer ao Pajé, que o dia corria e estas não acabavam.
Curumim, ainda não entendia porque Kuaray e Jaxi não podiam se encontrar,
Se eram irmãos porque não podiam brincar juntos?
Eram tantas perguntas.
Tantas dúvidas.
Porém Curumim sabia muitas coisas, sabia que a Terra era sua irmã, os animais e as árvores
também,.
Precisava ter respeito com a Natureza e isso Curumim sabia, isso Curumim tinha.
Ele era Abaré (amigo) da Natureza.
O que Curumim não entendia é porque Cari (homem branco) não repeitava seus irmãos.
Não sabia porque Cari desmatava as florestas, derrubava as árvores para fazer kari'oka, a
casa do homem-branco.
Índio fazia sua Oca sem estragar a Natureza, porque Cari não podia ser igual?
Curumim queria crescer, aprender, ficar forte, queria virar um Guarini, um guerreiro, um
lutador, pra defender sua Natureza.
Ele não tinha medo de quase nada, só tinha medo de Abaçaí o perseguidor de índios o
espírito maligno que perseguia e enlouquecia os índios.
Curumim contou a Pajé que iria lutar contra quem desrespeitasse a Natureza.
Não permitiria que maltratassem seus irmãos.
Pajé disse que Curumim estava errado, pois não era com guerra que se conseguiria
preservar a Natureza, acima e tudo deveria preservar a Paz.
‘A guerra só traz mais guerra.
Só o amor traz a paz.”.
Porém, um dia Curumim viu sinal de fumaça longe, na mata.
Ele não iria deixar que queimassem sua terra, seus irmãos, Curumim então passou por uma
Tijuca, um lugar cheio de lama, um pântano, que mas parecia uma Ipanema (um lugar
fedorento), passou pelas Jurubatibas, um lugar cheio de plantas espinhosas.
Chegou então numa Ita (pedra), e com seu olhar de Apoena (aquele que enxerga longe),
avistou a Amerê (fumaça) mais perto, do outro lado do Iguaçú(um rio grande).
Estava quase lá, iria acabar com aqueles que acabavam com sua terra, mesmo
desobedecendo ao Pajé, Curumim achava que estava certo.
Não podia deixar seus Geribás (coqueiros), suas Juçaras (Palmeiras) queimarem.
Seus amigos-irmãos, Jaçanã (ave que possui as patas sob a forma de nadadeiras, como os
patos), Guará (pássaro branco), Jaguar (lobo), ku'ika (um tipo de Gambá) precisavam
dele, e ele iria salvá-los.
Pegou sua Ubá, uma canoa feita só com uma peça de madeira, atravessou o Pará (rio),
remando na velocidade de uma flecha e enfim chegou à outra margem.
Agora estava bem perto da Amerê, e iria acabar com os inimigos de seus irmãos.
Não teve medo, pois o amor que tinha pela Natureza, o fez ficar forte, parecia que o próprio
Pytajovái, o deus da guerra, estava em seu corpo, nada iria detê-lo.
Ao se aproximar cada vez mais da Amerê, pé ante pé, como um Yawara (uma onça) que
avista sua presa, foi surpreendido e num pequeno segundo de distração, pronto já estava
flechado.
Flechado pelo olhar doce e sereno da Cari que lhe olhava com aqueles olhos que Curumim
jamais tinha visto antes, parecia a própria Y-îara, a deusa das águas a beira do rio.
Como era bonita, com sua pela branca e seu cabelo claro como o sol, era uma perfeita
Avati (da raça branca, gente loura).
Tão pequena e tão frágil sozinha ali na mata.
Foi como se Rudá, o deus do amor descesse de sua nuvem para flechar o pequeno coração
de Curumim.
Ela lhe agradecia e lhe abraçava, pois estava perdida há dias, e sua última idéia foi fazer
uma fogueira com folhas secas para que alguém visse a fumaça e lhe encontrasse.
E Curumim encontrou-a e junto encontrou o amor, e agora ele entendia o que Pajé dizia.
“Só o amor trás a Paz.”
E agora ele tinha os dois.
Onde ele pensava achar a guerra, encontrou o amor.
Encontrou a Paz.
E Então a bola de fogo se apagou nas águas do rio, e sua irmã prateada apareceu reinante
no céu estrelado.
Ali ele ficou com Cari, até o amanhecer, para levá-la a aldeia e protegê-la de tudo.
Então Curumim entendeu o Amanhecer, entendeu tudo.
Curumim entendeu o amor. Fabiana Guaranho

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