Leitura indicada: Disputas territoriais no Ártico à luz da Convenção das Nações Unidas sobre Direito do Mar de 1992 (José Carlos Marques Júnior e Rafael Diógenes Marques)
Atlas da Política Externa Brasileira
Análise Geopolítica do Ártico
o Ártico (oceano cercado por continentes) X Antártico (continente cercado por água): geografia parecida, geopolítica diferente o O Ártico no futuro pode tomar a posição de Heartland energético do atual Golfo Pérsico o Tratado da Antártica (dez/1959): documento pelos países que reclamavam a posse de partes continentais da Antártida, em que se comprometem a suspender suas pretensões por período indefinido, permitindo a liberdade de exploração científica do continente, em regime de cooperação internacional. O tratado faz com que sejam ineficazes as discussões geopolíticas sobre a região. o Não há um tratado para o Ártico, mas existe o Conselho Ártico que é o organismo que coordena as políticas regionais. Foi fundado em 1996 pelos oito países árticos: Noruega, Suécia, Finlândia, Rússia, EUA (Alaska), Canadá, Dinamarca (Groelândia) e Islândia. Dele fazem parte também seis países membros observadores – como a China – e seis países observadores, que incluem a Espanha. O Brasil tenta ser admitido como membro observador. o As discussões geopolíticas acerca do Ártico envolvem qual país será o controlador do oceano: Rússia (favorito, tem projeto geopolítico) ou EUA. o O Ártico está cercado pelos seguintes países: Rússia, Canadá, EUA (Alaska), Groelândia (nação constituinte autônoma do Reino da Dinamarca) e Noruega. Esses países têm a percepção de que, com o degelo, será interessante explorar o subsolo e criar rotas marítimas que encurtem distâncias (pela posição na esfera planetária) diminuindo custos (tornar parte do oceano um território nacional, criando direitos sobre ele) o Não há um trata o Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos do Mar: define que até 12 milhas marítimas faz parte da Área de Soberania do País Litorâneo (Mar Territorial). De 12 à 24 milhas marítimas é a chamada Zona Contígua (não tem soberania absoluta mas tem certos direitos de controlar, como por exemplo, a imigração). Até 200 milhas (400 km) marítimas configura-se Zona Econômica Exclusiva onde só o país litorâneo pode fazer exploração econômica. Segundo a Convenção, há a possibilidade de se estender a ZEE (com limite de 350 milhas) caso o país prove através de estudos geológicos do fundo do mar (Brasil: Leplac) que o seu relevo submarino vai além das 200 milhas marítimas. Essa possibilidade é discutida pela Rússia em relação ao seu domínio total sobre o Oceano Ártico e já foi discutida pelo Brasil com a ideia de Amazônia Azul (o Brasil ganhou parte do território que pleiteou). A Geopolítica no Brasil o O auge do estudo da geopolítica brasileira se deu durante o período da Ditadura Militar, mas não é o único período possível de se enxergar ações geopolíticas no Brasil. Um movimento muito óbvio de ação geopolítica fora da Ditadura foi a construção de Brasília. A transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília foi uma ação geopolítica vitoriosa de deslocar pessoas para o interior, interiorização, para que o espaço geográfico seja correspondente ao território do país. A história do Brasil envolve uma série de ações geopolíticas e toda ação geopolítica brasileira envolve a questão do território como fundamento de poder. A Ditadura Militar é o ápice desse processo, pois havia um projeto de território nacional elaborado por Golbery do Couto e Silva, o maior geopolítico brasileiro. As ideias basilares do pensamento geopolítico brasileiro são, resumidamente: Integração do território nacional; Defesa da integridade do território nacional; Estreito relacionamento com os demais Estados do continente, via diplomática, principalmente dos situados no “Cone Sul”; Ampliação do prestígio no âmbito continental o Projeto Geopolítico da Ditadura Militar: iniciado em pleno regime liberal do pós-guerra, o projeto geopolítico já estava implícito no Plano de Metas do governo JK, e não foi fruto apenas das forças armadas, e sim de diversas frações da elite civil e militar. Não resultou de uma campanha inteligente e racional, mas de uma série de iniciativas isoladas e tomadas de decisão segundo as condições do momento, cheias de dilemas, que acabaram convergindo num projeto de governo gerido pelos militares (...) o A geopolítica se tornou uma doutrina explícita (Doutrina de Segurança Nacional), sendo ao mesmo tempo uma justificativa para e um instrumento da estratégia e da prática do Estado. Em concordância com os objetivos do projeto, a estratégia do governo concentrou as suas forças em três espaços-tempo com práticas específicas: A implantação da fronteira cientifico-tecnológica na “core-área” do país (eixo SP-RJ); A rápida integração de todo território nacional, implicando a incorporação definitiva da Amazônia; A projeção no espaço internacional