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OBJETIVO: ENDOMETRIOSE
DEFINIÇÃO
A endometriose é uma afecção ginecológica benigna definida pelo implante de estroma e/ou
epitélio glandular endometrial em localização extrauterina, podendo comprometer diversos
locais, entre eles ovários, peritônio, ligamentos uterossacros, região retrocervical, vagina,
septo retovaginal, retossigmoide, íleo terminal, apêndice, bexiga e ureteres.
CLASSIFICAÇÃO
Essa classificação gradua a endometriose em mínima, leve, moderada ou grave pela extensão
da doença no peritônio e ovários, bem como pela presença de aderências tubo-ovarianas e
bloqueio do fundo de saco de Douglas.
EPIDEMIOLOGIA
A endometriose chega a acometer 10% a 15% das mulheres em idade fértil. Entre 6% e 10% da
população feminina sofre desta doença e em mulheres com dor, infertilidade ou ambas, a
frequência é de 35% a 50%. Cerca de 25% a 50% das mulheres inférteis têm endometriose e
30% a 50% das mulheres com endometrioses são inférteis.
A teoria, mais aceita até o momento, é a do refluxo de células endometriais pelas trompas,
durante o período menstrual, que seria a fonte dos focos ectópicos no peritônio pélvico –
menstruação retrógrada. A disseminação de células endometriais pelas vias linfática ou
hemática pode explicar a presença de focos de endometriose em órgãos distantes, e a
disseminação iatrogênica pode explicar a presença de endometriose em cicatrizes de
cesariana, histerectomias e episiotomias. A possibilidade de malignização não foi confirmada e
é descrita em menos de 1%.
QUADRO CLÍNICO
o Dismenorreia
o Dispareunia de profundidade
o Dor pélvica acíclica ou crônica
o Infertilidade
o Alterações urinárias e intestinais cíclicas , disúria, hematúria, dor à evacuação e
sangramento nas fezes durante o fluxo menstrual.
No exame físico algumas alterações podem ser encontradas, sendo válido levar em
consideração a queixa da paciente para direcionar o exame físico.
Obs: Podem ocorrer sintomatologia em outras regiões diferentes da região pélvica como trato
gastrointestinal e tórax(pulmão).
Ultrassom
Permite distinguir diversos tipos de massa pélvica de acordo com a sua ecorrefringência,
textura, limites, tamanhos, divisões e níveis líquidos. Para endometriose, a sensibilidade pode
chegar a 80% e a especificidade de 90%.
CA125
Laparoscopia
Retossigmoidoscopia e Colonoscopia
TRATAMENTO
MEDICAMENTOSO
Danazol
É indicado para casos de dor pélvica e no pré ou pós-operatório, em mulheres sem desejo de
gravidez. É um androgênio sintético derivado da 17-etiniltestosterona que inibe o
desenvolvimento endometrial, levando a uma regressão dos implantes endometriais. Suprime
a função ovulatória e a produção dos esteroides sexuais, inibe a síntese e liberação do LH e
FSH, além de provavelmente atuar em receptores hormonais em tecidos alvo. Pode levar a
supressão imunológica auxiliando na remissão dos implantes.
Progesterona
É indicado para casos de dor pélvica, em mulheres sem desejo de gravidez. Sua ação cria uma
pseudo-gestação com posterior atrofia do foco. O acetato de medroxiprogesterona é o mais
utilizado. Por via oral a dose é de 10 a 30 mg ao dia, por 3 a 6 meses, e intramuscular, de 200
mg ao mês, pelo mesmo período. A sua eficácia é bastante variável, sendo mais indicado nas
formas leve e moderada. Os efeitos colaterais são o edema, mastalgia e depressão.
Contraceptivos orais
Também indicado para casos de dor pélvica, em mulheres sem desejo de gravidez. Sua ação
cria uma pseudo-gestação e, deve ser utilizado de forma contínua por um período de seis a
nove meses. Leva à anovulação e amenorreia com posterior decidualização do endométrio e
consequente necrose. Seus efeitos colaterais são os descritos para contracepção.
Gestrinona
Também indicado para mulheres sem desejo de gravidez, é um esteroide derivado do 19-nor,
que leva a inibição das gonadotrofinas, possui efeito antiestrogênico e androgênico, com
diminuição da ligação entre a testosterona e o SHBG. Por possuir uma vida média longa, a
administração por via oral pode ser feita a cada dois ou três dias (duas ou três vezes por
semana) na dose de 2,5 a 5 mg ao dia, por um período não inferior a seis meses. Apresenta
melhora dos sintomas em 80% dos casos e recorrência em 50% após doze meses. Os efeitos
colaterais são hirsutismo, acne, ganho de peso e alteração de voz. A vantagem terapêutica é a
facilidade posológica.
Análogos do GnRH
Analgésicos
Todos analgésicos podem ser usados para alívio da dor pélvica ou dismenorreia associada à
endometriose. Como a dor é consequente ao efeito das prostaglandinas, os mais adequados
são os anti-inflamatórios não esteroides, com efeito antiprostaglandinas. Devem ser iniciados
quando dos primeiros sinais de dor. A melhora clínica pode ser observada em até 80% dos
casos. Os efeitos adversos são associados à ação gástrica dos anti-inflamatórios.
DIU de progesterona
CIRÚRGICO
A excisão dos focos de forma completa deve ser o objetivo do tratamento cirúrgico, o que
permite diferenciar a persistência das lesões após a cirurgia incompleta da recorrência da
doença. Como são diversos os sítios que podem estar acometidos pela doença, as cirurgias
devem contar com equipe multidisciplinar, conforme a indicação prévia fornecida pelos
exames de imagem. Os locais mais comumente afetados pela doença são região retrocervical e
ligamentos uterossacros (69% dos casos), ovários, vagina (14,5%), bexiga (4,5%) e intestino
(9,9%), sendo que nesta última o retossigmoide é o local mais afetado
As lesões retrocervicais, de fórnice vaginal posterior e septo retovaginal, assim como lesões
próximas ao ureter e lesões vesicais também devem ser retiradas em toda sua extensão. Nos
casos das pacientes sintomáticas, em que os exames de imagem pré-operatórios e a
observação intraoperatória mostram lesões maiores de 2 cm infiltrando a parede intestinal,
considerando-se envolvimento da camada muscular profunda submucosa ou mucosa, o
tratamento indicado é a ressecção do segmento acometido. Lesões menores de 2 cm podem
ser retiradas com ressecções nodulares, utilizando-se técnica com grampeadores circulares
introduzidos por via anal, que permitem realização de exérese apenas da parede retal anterior
englobando o nódulo da doença.
OBJETIVO: MIOMA
DEFINIÇÃO
Designa toda neoplasia benigna da musculatura lisa uterina de aspecto nodular. É o tumor
pélvico mais comum nas mulheres e sua incidência está em torno de 70% das mulheres que se
submetem a histerectomia e em 20% das mulheres em idade reprodutiva.
Tem uma frequência maior na população negra, em nulíparas e nas mulheres obesas e com
história de hiperestrogenismo ou com história familiar de miomas. Na raça negra, aparecem
mais precocemente e tendem a serem maiores do que nas demais raças. Quanto menor a
paridade, maior é a frequência.
FATORES DE RISCO/PROTEÇÃO
• Anticoncepcional oral (ACO): de uma maneira geral o uso de ACO protege contra o
desenvolvimento de miomatose. O uso precoce – entre 13 e 16 anos –, entretanto,
correlacionou-se com aumento da incidência em uma análise. Alguns estudos associam o uso
de ACO a uma maior prevalência de miomatose, entretanto esse aumento pode ser
decorrente de uma maior taxa de diagnósticos uma vez que pacientes que utilizam hormônios
são, frequentemente, monitorizadas mais intensamente.
• Etnia: mulheres negras têm um risco 2-3 vezes maior de desenvolver miomatose do que
brancas.
• História familiar: parentes de 1º grau apresentam uma prevalência 2,2 vezes maior de
miomatose do que indivíduos da população geral.
CLASSIFICAÇÃO
Volume
Porção uterina
• Cervicais;
• Ístmicos;
• Corporais.
Camada
Quantidade
• Único;
Localizações anômalas
• Interligamentos;
• Pediculado
FISIOPATOLOGIA
Admite-se que os miomas sejam originários de uma única célula miometrial que cresce
desordenadamente, O seu crescimento está sob influência direta dos estrogênios e da
progesterona. O estrogênio exerce sua ação através dos fatores de crescimento. A
progesterona também pode estar associada com o estímulo do crescimento desses tumores.
Das diversas teorias propostas, uma das mais aceites postula que as células miometriais
somáticas sofram perda da regulação do crescimento, originando um grupo de células
monoclonais que irá constituir o nódulo de mioma. Rein, em 2000, sugere que níveis
aumentados de estrogénios e progesterona resultariam num aumento da taxa de mitoses, o
que, por sua vez, poderia contribuir para a formação de miomas, ao aumentar a probalidade
de ocorrência de mutações somáticas
Obs: Outras Teorias
QUADRO CLÍNICO
Os principais sintomas são as alterações menstruais, com aumento da perda sanguínea, dor
pélvica, dismenorreia secundária, infertilidade e abortamento de repetição. Outras queixas
estão associadas a aumento do volume intra-abdominal como disúria, retenção urinária,
incontinência urinária, urgência miccional, constipação intestinal e varizes hemorroidárias.
Mais raramente observa-se a hidronefrose e insuficiência renal. Alguns sinais e sintomas são
secundários como anemia, hipertermia, náuseas e vômitos. A transformação sarcomatosa é
bastante rara, ocorrendo em aproximadamente 0,1% dos casos.
EXAMES COMPLEMENTARES
Histerosalpingografia
É útil para avaliar o contorno da cavidade interna do útero. Oferece poucas informações a
respeito do restante do miométrio, sendo útil especialmente na avaliação de infertilidade
pelas informações a respeito da patência tubária que oferece. Avaliação da mucosa da trompa
de Falópio pode também ser realizada.
Histeroscopia
Ultrassonografia
Pode ser realizada por via transabdominal ou transvaginal. A primeira ainda representa um
importante meio diagnóstico em centros menores. O método transvaginal apresenta alta
sensibilidade (95%-100%) para detectar miomas em úteros com tamanho menor ao
equivalente a 10 semanas de gestação. Localização dos miomas em úteros muito grandes ou
quando os tumores são múltiplos pode ser difícil. Em um estudo prospectivo envolvendo 770
pacientes pré-menopáusicas, a sensibilidade e especificidade da ultrassonografia transvaginal
para detectar mioma submucoso foram de 80% e 69%, respectivamente. Em outro estudo, o
uso de ultrassonografia transvaginal demonstrou ser capaz de poupar 40% de exames
adicionais mais invasivos
Histerossonografia
TRATAMENTO
Clínico
O tratamento clínico é realizado por tempo programado e tem como objetivo melhorar as
condições clínicas e a sintomatologia da paciente, por meio da diminuição dos miomas.
Os progestagênios levam à amenorreia, porém sem alterar o tamanho dos miomas. O mais
utilizado é o acetato de medroxiprogesterona.
Miomectomia
Indicado quando houver desejo de preservar o útero. Quando os miomas forem de pequeno
tamanho, subserosos ou pediculados, a laparoscopia, ou a histeroscopia (miomas submucosos)
são excelentes opções.
Histerectomia
Indicado quando a paciente tiver prole definida, miomas numerosos e em localização de difícil
remoção e nos casos de miomas que apresentam aumento do volume. É importante descartar
patologias malignas da cavidade endometrial antes da cirurgia, para não haver interferências
com o estadiamento e o tratamento.