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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Demis Faqui
Ingrid Tespesel
Pedro Arent
Rodrigo Marquardt

PRÉDIOS DO TIPO CAIXÃO

Santa Cruz do Sul

2018
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1
2. OBJETIVOS ................................................................................................................... 2
3. PRÉDIOS TIPO CAIXÃO ............................................................................................... 3
4. SURGIMENTO DOS PRÉDIOS TIPO CAIXÃO .............................................................. 5
5. PATOLOGIAS EM PREDIOS CAIXÃO .......................................................................... 6
5.1. Patologias decorrentes do projeto ....................................................................... 7
5.2. Patologias decorrentes dos materiais ................................................................. 8
5.3. Patologias decorrentes do processo construtivo ............................................... 9
5.4. Patologias decorrentes do pós uso ................................................................... 12
5.5. Patologias decorrentes das interações com o ambiente .................................. 13
6. RECUPERAÇÃO DA INTEGRIDADE ESTRUTURAL DOS EDIFÍCIOS ...................... 14
7. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 17
1. INTRODUÇÃO

Durante a década de 80 e 90 foram disseminados no setor da construção civil os


prédios do tipo caixão devido, principalmente a facilidade de obtenção de recursos de
organismos internacionais e o êxodo rural que trouxe uma demanda por moradias
concentradas nas periferias dos centros urbanos.

Os prédios do tipo caixão são construções executadas com paredes de alvenaria


sem parâmetros que garantam a resistência desejada a um elemento estrutural
provocando assim o surgimento de manifestações patológicas consequentemente
prejudicando o desempenho da edificação e comprometendo a sua vida útil.

A disseminação da prática construtiva de prédios do tipo caixão ocorreu, no Brasil,


principalmente na Região Metropolitana de Recife resultou em manifestações
patológicas graves, interdições e até o desabamento de construções que utilizaram
deste método.

Com este trabalho, tem-se a finalidade de apresentar e analisar dados sobre o


tema proposto através da dissertação de mestrado "análise de laudos emitidos sobre
“prédios tipo caixão” da região metropolitana de recife: causas apontadas para os
desabamentos e interdições.” (MELO, 2007).

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2. OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo principal apresentar dados sobre prédios do tipo
caixão construídos na Região Metropolitana de Recife através de dissertações,
consultas bibliográficas e laudos técnicos produzidos em relação as causas para
desabamentos e interdições das referidas edificações, identificando e quantificando o
resultado destes problemas no setor da construção civil e da população das áreas
afetadas, assim como algumas das soluções adotadas para recuperação de alguns
dos prédios do tipo caixão da região.

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3. PRÉDIOS TIPO CAIXÃO

A técnica construtiva, popularmente conhecida na Região Metropolitana de Recife


como “prédio caixão”, tem o seu conceito baseado na utilização de alvenaria
constituída por blocos cerâmicos vazados com 6 ou 8 furos, elementos estes
normalmente utilizados como vedação em construções de alvenaria, como elemento
estrutural. Os pavimentos destas construções são intercalados com laje moldada in
loco ou pré-moldada.

Os prédios do tipo caixão apresentam alguns elementos característicos destas


obras, sendo estes: fundação, embasamento, alvenaria, lajes e elementos estruturais
de concreto armado.

a) Fundação: A fundação é composta por uma sapata corrida de concreto armado


na maioria dos casos. Porém em alguns dos casos analisados pela dissertação
citada, puderam ser observados casos em que este elemento era composto de
sapata corrida de bloco pré-moldados de concreto e sapatas isoladas com
cintamento de concreto armado substituindo outro elemento deste tipo de
construção, o embasamento.

b) Embasamento: consiste no elemento de ligação entre a fundação e a


estrutura, formando o caixão da base. O material normalmente utilizado neste
tipo de construção é o tijolo cerâmico de 6 ou 8 furos, ou blocos de concreto,
usualmente elementos de vedação ao invés do bloco estrutural recomendado
pelas normas. Outras duas não-conformidades com as normas destas
construções são a ausência de impermeabilização do elemento com o objetivo
de evitar manifestações patológicas em função da ascensão capilar da
umidade do solo e a ausência do aterro interno que deveria ser executado no
caixão desses edifícios, porém foram deixados vazios e fechados com uma laje
pré-moldada possibilitando a ocorrência de várias manifestações patológicas,
como o ataque da umidade aos elementos das alvenarias.

c) Alvenaria: Como elemento de fechamento externo e divisão dos ambientes da


edificação, as alvenarias foram executadas com tijolos cerâmicos utilizados
normalmente somente como elementos de vedação, estando assim em

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desacordo com as normas atuais, que normatizam o uso de alvenaria estrutural
como elemento estrutural.

d) Laje: Foram utilizadas nas edificações estudadas elementos pré-moldados,


com vigas e blocos, e uma capa de concreto com o objetivo de conferir
amarração, resistência e solidez ao elemento.

e) Elementos estruturais de concreto armado: Alguns elementos estruturais


relevantes ao desempenho estrutural da edificação foram executados de forma
inadequada ou até não foram executados em sua totalidade, sendo os mais
significativos o radier, as cintas de amarração, vergas e coxins.
O radier é um elemento que desempenha a ligação entre a alvenaria e
o embasamento, servindo como um elemento de impermeabilização e de
distribuição de cargas da alvenaria de elevação sobre o embasamento.
As cintas de amarração se localizam sobre a alvenaria, desempenhando
a função de melhor distribuir as cargas das lajes e dos pavimentos superiores
sobre a alvenaria do pavimento referente, servido propriamente como elemento
de amarração das mesmas. Muitos dos prédios tipo caixão não foram
executados com essas cintas e apresentaram manifestações patológicas como
o surgimento de trincas.
As vergas são elementos que distribuem de maneira mais eficiente as
tensões concentradas nos vãos de abertura nas alvenarias, como janelas e
portas, evitando fissuras devido a essas concentrações de fissuras. Em muitos
casos, foram constatados a ausência destes elementos e da presença de
fissuras em decorrência deste fator.
Os coxins são elementos estruturais que tem a função de distribuir
cargas concretadas depositadas diretamente sobre a alvenaria, geralmente de
elementos como vigas.

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4. SURGIMENTO DOS PRÉDIOS TIPO CAIXÃO

Nos anos 70 houve um momento muito favorável a obtenção de empréstimos


junto a órgãos internacionais, o que deu um grande impulso para o desenvolvimento
do país, tendo na construção civil um grande foco dos investimentos dos governos, já
que a mesma é de fundamental importância para o crescimento econômico e em
termos de infraestrutura do Brasil.
Isso gerou um grande fluxo de dinheiro para o setor da construção, porém o
mesmo não estava preparado para tanto aporte, devido ao número insuficiente de
engenheiros e construtoras no país. O que aconteceu então foi o surgimento de
construtores aventureiros, que tinham um conhecimento muito restrito e só entraram
no ramo pela oportunidade de lucrar com o bom momento do setor.
A entrada destes aventureiros fez com que a forma de se construir fosse menos
rígida, visando diminuir ao máximo o custo das obras sem se preocupar com a
qualidade da mesma. Assim, sem nenhum estudo prévio, as estruturas começaram a
ser construídas de um modo empírico, testando-se novos jeitos mais baratos de
construção enquanto levantava-se um prédio ao mesmo tempo. Com a continuidade
desta prática, surgiu nos anos 80 e 90 os prédios caixão, em que foram dispensados
diversas etapas nas obras de alvenaria portante, como os ensaios de qualidade dos
materiais e a amarração com cintas e pilares. Além disso, essas estruturas
apresentavam como estruturas apenas uma sapata corrida; um embasamento com
alvenaria de uma vez, de caixão cheio ou vazio, paredes de alvenaria autoportante de
½ vez e uma laje pré moldada.
Por conta do grande déficit habitacional do país, não foi difícil achar
compradores dispostos a adquirir apartamentos que teriam um custo menor,
independente de sua qualidade. Assim, a construção dos prédios caixões concentrou-
se nas periferias (principalmente de grandes cidades de Pernambuco) e em sua
grande maioria com até quatro pavimentos, visando famílias de baixa renda que
sonhavam em ter sua casa própria.
Deste modo, foram construídos cerca de cinco mil e trezentos prédios do tipo
caixão somente na região metropolitana de Recife e segundo o Instituto de Tecnologia
de Pernambuco, 90% desses prédios apresentam algum risco, sendo que vários já
desabaram nos últimos anos, causando inclusive vítimas fatais, e muitos outros
encontram-se interditados.
A relação entre o número de acidentes ocorridos e o número de edificações
existentes resulta numa probabilidade de falha de 1:500. Este é um valor socialmente
inaceitável, uma vez que o correspondente indicador para o caso em que envolve
riscos de vidas humanas é de no máximo 1:10.000, sendo 1:100.000 um valor
desejável.

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5. PATOLOGIAS EM PREDIOS CAIXÃO

Cerca de 250.000 pessoas habitam cerca de 6.000 edificações de alvenaria


resistente na Região Metropolitana de Recife, ou seja, 10% da população de RMR
encontra-se em situação de risco de vida e expostas a perda de patrimônio. Segundo
a análise de laudos sobre “prédios tipo caixão”, feita por Mauro José de Araújo
Campelo de Melo na Região Metropolitana do Recife foram analisados 35 casos de
desabamento onde as principais causas de desabamentos de prédios “tipo caixão”
foram:

Causas de desabamentos

17%

32%

34%

17%

Falhas ou insufiência de projeto Baixa qualidade ou inadequação dos materiais


Falhas ou vícios de construção Causas ambientais

Assim como foram analisados 314 casos de interdições nos municípios de Olinda,
Paulista e Jaboatão onde as principais causas das interdições foram:

Causas de interdições

21%

42%
4%
3%

26%
4%

Falhas ou insufiência de projeto Baixa qualidade ou inadequação ds materiais


Falhas ou vícios de construção Uso inadequado ou falta de manutenção
Causas ambientais Outras causas

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Por serem estruturas executadas com controle mínimo ou inexistente e sem
respaldo teórico algum, além de utilizarem materiais de baixa qualidade ou
inadequados, os prédios tipo caixão apresentaram inúmeras patologias ao longo do
tempo. Muitas delas podem causar transtornos relativamente pequenos aos
moradores da edificação, mas algumas atacam diretamente a estrutura e podem fazer
com que o edifício venha a colapso.

5.1. Patologias decorrentes do projeto

As patologias decorrentes do projeto são aquelas em que o problema foi


causado já na concepção da edificação, seja por falha ou por insuficiência no projeto.
Na maioria das vezes acontecem devido a incapacidade ou negligencia do
projetista da estrutura ou por causa da procura desenfreada pela redução de gastos,
não levando em conta a integridade da estrutura. As falhas nos projetos fazem com
que a edificação tenha que suportar tensões maiores do que a que ela foi projetada,
acarretando o surgimento de patologias. Algumas das principais falhas de projeto são:
• Não atendimento das normas técnicas - O projeto de um prédio caixão
em si já vai diretamente contra diversas normas de construção em
alvenaria estrutural.
• Caixão vazio ou alagado – Tem sido constatada a execução do piso do
pavimento térreo em laje pré-moldada, semelhante às empregadas nos
demais pisos da edificação, em substituição ao preenchimento do caixão
da obra com aterro compactado. O porão assim formado cria um
ambiente potencialmente agressivo aos elementos do embasamento e
à própria laje. É agravado pela inexistência de saneamento, em muitos
casos
• Embasamento externo singelo
• Falta de elementos estruturadores de concreto – Não utilização de
vergas, contravergas e de pilares e cintas de amarração podem
acarretar em uma distribuição de cargas irregular na alvenaria e causar
rachaduras.

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Figura 1 – Fissuras localizadas nas extremidades de aberturas em decorrência dos esforços causados
pela falta de vergas e contravergas. Fonte: http://construindodecor.com.br/vergas-contravergas-cintas-
de-amarracao/ (acesso em 21/01/2018)

• Recalques de fundação – Devido a falta de estudo prévio, o solo ou a


fundação não suportam a carga da edificação e acabam cedendo, causando
rachaduras.

Figura 2 – Rachadura típica de recalques de fundação. Fonte:


http://www.ebanataw.com.br/roberto/trincas/diftfr.htm (acesso em 21/01/2018)

5.2. Patologias decorrentes dos materiais

São as patologias causadas pela seleção de material inapropriado ou de má


qualidade para a execução da obra. Apesar de todos os componentes da estrutura
serem importantes para sua saúde, o que apresenta problemas com mais frequência
e é vital para construções em alvenaria autoportante é o bloco.
Como os prédios do tipo caixão utilizam blocos de vedação (na maioria das
vezes tijolos seis furos) como blocos estruturais, é natural que estes apresentem
diversos problemas no decorrer dos anos, já que os mesmos estão sendo usados
indevidamente.
Blocos de vedação tem por norma a resistência de compressão mínima de 1,5
MPa (que muitas vezes nem é atingida), o que é completamente insuficiente para
suportar cargas de um prédio de quatro andares, por exemplo. Para se ter uma ideia,
a resistência a compressão mínima permitida para blocos cerâmicos estruturais é de
4,5 MPa, três vezes maior do que a resistência dos blocos de vedação.

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Além disso, blocos de vedação tem várias outras características muito
diferentes de blocos estruturais, visto que sua exigência é somente suportar seu
próprio peso.
Soma-se ao uso indevido dos blocos de vedação para o uso estrutural o fato
de que os blocos produzidos no país muitas vezes são de péssima qualidade, até
mesmo para o uso em paredes não estruturais, muitas vezes apresentando
porosidade e índices de absorção altíssimos. Isso faz com que o bloco seja menos
resistente a ataques externos, como umidade e produtos químicos, tornando a
estrutura muito mais vulnerável.

Figura 3 – Alvenaria esmagada devido a falta de resistência a compressão necessária. Fonte:


https://www.youtube.com/watch?v=d1Nzaw1Udh8 (acesso em 21/01/2018)

5.3. Patologias decorrentes do processo construtivo

As patologias decorrentes de erros na execução da edificação são muito


comuns em prédios caixão, justamente por que os mesmos eram executados muitas
vezes por construtores aventureiros e com mão de obra barata e mais desqualificada
que o normal.
Essas falhas de construção podem causar diversos danos a estrutura, como
trincas, infiltrações e umidade, o que pode fazer com que o prédio venha a colapsar,
dependendo da intensidade e do local destes danos.
No caso dos prédios caixão, muitas vezes as patologias decorrentes do
processo construtivo e as decorrentes de falhas no projeto se confundem, pois tanto

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a execução quanto o projeto são falhos. Em alguns casos de interdição deste tipo de
prédio o motivo foi o uso de embasamento singelo, quando o projeto previa que o
mesmo fosse executado em alvenaria dobrada com 20 cm de espessura,
caracterizando assim uma falha de execução. Porém, em outros casos o projeto já
previa o usos de embasamento singelo, caracterizando assim falha de projeto.
As principais causas das patologias decorrentes da execução de prédios caixão são:

• Paredes de alvenaria autoportante: Uma das principais características dos


prédios caixão é a utilização estrutural de tijolos cerâmicos de 9 cm, vazados e
assentados com os furos na horizontal. Essa prática é extremamente perigosa
para a estrutura, pois estes blocos não são preparados para receber cargas
estruturais, além de deixarem as paredes muitíssimo esbeltas em casos de pé
direito alto, não dando assim rigidez a parede. Para os valores de pé direito
usualmente empregados neste tipo de construção (2,60 m) tem-se uma
esbeltes próxima de 30 que é consideravelmente superior ao valor 20, admitido
para construções em alvenaria estrutural.

Figura 4 – Blocos de vedação utilizados como blocos estruturais em um prédio caixão que
acabou desabando parcialmente. Fonte:
http://tvjornal.ne10.uol.com.br/noticia/ultimas/2014/08/01/parte-de-edificio-residencial-desaba-em-boa-
viagem-13388.php (acesso em 21/02/2018)

• Não utilização de elementos de combate aos esforços de tração: A


ausência de elementos como radier, cintas, vergas, contravergas e coxins
deixam a estrutura vulnerável a rachaduras devido a concentração de cargas
em determinados pontos da alvenaria.

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Essa situação é mais agravada ainda pela utilização de blocos de vedação para
suportar essas cargas, o que faz com que as trincas apareçam com mais facilidade
ainda.
• Embasamentos: Os embasamentos são encarregados de receber e distribuir
as cargas das paredes para as fundações. Por isso, é muito importante que
esta parte da estrutura em especial seja muito resistente, já que a mesma
recebe o peso de todo o prédio.

No caso dos prédios caixão, na maioria das vezes os caixões eram executados
com alvenaria singela, de tijolo de 9 cm ou de concreto com menos de 14 cm, o que
fazia com que a fundação ficasse extremamente frágil.
Além disso, o caixão também era usado vazio muitas vezes, o que fragilizava
a fundação devido a pressão do aterro externo, ainda mais em casos de alvenaria
singela. O caixão vazio também acaba permitindo o acumulo de agua do solo,
podendo atacar os elementos do embasamento.

Figura 5 – Paredes com problema de umidade proveniente da fundação. Fonte:


http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=36&Cod=1990 (acesso em 24/01/2018)

Também era comum a falta de revestimento protetor e impermeabilizador,


fragilizando o embasamento.

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5.4. Patologias decorrentes do pós uso

São as patologias decorrentes do mau uso dos moradores. Se as


características construtivas dos prédios caixão já demonstram pouca preocupação
com a qualidade, é normal que a manutenção e o cuidado com a estrutura sejam
também deixados de lado.
Obviamente não eram disponibilizados aos moradores nenhum tipo de manual
do usuário do prédio, para informa-los das manutenções que deveriam ser feitas. O
resultado disso é que a estrutura, que já é feita de maneira inadequada, também não
tem nenhum tipo de cuidado, o que diminui ainda mais a vida útil de diversos
elementos da edificação.
Além disso, os moradores, na tentativa de melhorar suas residências,
acabavam interferindo diretamente nas paredes do prédio, seja retirando-as para a
abertura de vãos maiores ou recortando-as para passagem de fios ou canos. Essa
pratica obviamente gera um enfraquecimento da estrutura, que já é frágil, e acaba
gerando rachaduras.

Figura 6 – Retirada de parede para aumento de vão. Fonte:


http://100pepinos.com.br/derrubar-parede/?hvid=28rpN4 (acesso em 24/01/2018)

Muitas vezes também os apartamentos desses prédios eram usados para fins
que sobrecarregavam ainda mais a estrutura, como no caso da utilização do local
como depósito.

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5.5. Patologias decorrentes das interações com o ambiente

Essas patologias são geradas pelo contato da estrutura com os ataques


externos que ela sofre com o passar dos anos. Esses ataques afetam a estrutura de
diversas maneiras, sendo as principais:
Expansão dos blocos por umidade: Ocorre devido a absorção de umidade
dos blocos cerâmicos, que acabam aumentando de tamanho. Em obras de alvenaria
estrutural que seguem as normas técnicas, os blocos são ensaiados para aferir a
porcentagem de absorção de umidade que os mesmos possuem, evitando assim que
se usem blocos inadequados na estrutura. Na construção dos prédios caixão não
havia esse cuidado, o que fez com que muitas estruturas apresentassem blocos que
expandiram de forma exagerada. Muitas vezes essa expansão é responsável por
muitas rachaduras internas e nas fachadas dos edifícios, além do descolamento de
revestimentos.

Figura 7 – Descolamento de revestimento em prédio caixão. Fonte: Manifestações


patológicas identificadas em um edifício residencial de alvenaria resistente em Recife (PE), artigo
CONPAR 2017

Além disso, o embasamento dos prédios caixão eram executados normalmente


sem revestimento, totalmente desprotegidos, e em muitos casos em áreas alagadas,
sujeitas a ascensão do lençol freático. Essa situação, somada ao fato de muitas vezes
os caixões estarem vazios e acumularem agua constantemente, fazem com que a
alvenaria esteja quase sempre em contato com a agua, o que fazia com que eles
ficassem muito fragilizados, podendo levar a estrutura a desabamentos bruscos.
Além da expansão dos blocos por umidade, o ataque de aguas sulfatadas, no
caso de embasamento com blocos de concreto, e a carbonatação do cimento também
são ataques sofridos pelas estruturas dos prédios caixão, e também podem levar a
estrutura ao colapso.

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6. RECUPERAÇÃO DA INTEGRIDADE ESTRUTURAL DOS EDIFÍCIOS

De acordo com diretrizes elaboradas por comissões criadas por engenheiros da


região para solução de problemas envolvendo prédios caixão, foram elaboradas
análises para definição do grau de risco das estruturas, porém, servem para definir a
escala de prioridade para os processos de recuperação das mesmas, visto que todos
os edifícios construídos utilizando esse sistema construtivo, se viável, devem ser
reforçados.
Decisões tomadas pelo comitê de recuperação dos edifícios do estado de
Pernambuco delimitam as ações legais e procedimentos a serem realizados antes
mesmo da implantação do projeto, como a proibição da utilização de blocos de
vedação com finalidade estrutural. Também define que a constatação do fato de que
a argamassa contribui para a resistência das estruturas explica somente o não
colapso das paredes, e não deve ser utilizada para atestar a segurança da edificação.
Além disso, classificou-se a deterioração dos materiais como fator determinante
na ruptura dos prédios, tornando a definição de coeficientes de segurança dificultada.
Então, a partir das definições das comissões de recuperação e análise dessas
edificações, foram elaborados diversos projetos na região de Recife, e como exemplo
cita-se o Conjunto Gregório Bezerra, em Recife, composto de 10 blocos de edifícios
de 4 pavimentos, totalizando 160 apartamentos. Na situação, o único bloco construído
utilizando blocos de vedação foi o bloco 10, e logo após a ocupação, em 2006, já
apresentava falhas construtivas, trincas, fissuras, problemas com esquadrias e etc.
Após vistoria, foi realizada a desocupação imediata do edifício e iniciou-se o trabalho
de recuperação da estrutura. Abaixo, registro da situação da fachada e parede interna
com danos provenientes de EPU (Expansão por umidade).

Figura 8 – Vista EPU externo e interno, Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia – Edição
nº 10 Vol. 01 - dezembro/2015

O plano de ação elaborado através da realização de ensaios e estudos técnicos


foi o seguinte (Revista ESPECIALIZE, 2015):
a) Substituição dos tijolos cerâmicos deteriorados;

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b) Execução de argamassa armada em todas as paredes externas e algumas
internas dos 3º e 4º pavimentos;
c) Recomposição dos rebocos mal aderidos;
d) Revisão e correção das vergas e contra vergas;
e) Correção das imperfeições dos telhados (telhas, rufos, apoios, vedação,
etc.);
f) Substituição das caixas pré-moldadas de suporte de aparelhos de ar
condicionado;
g) Correção da inclinação das calçadas de contorno do bloco de edifícios.
A tabela a seguir apresenta o quantitativo dos custos gerados no projeto todo
de recuperação:

DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS PREÇO (R$)


Recuperação Estrutural 64.715,82
Recuperação da Platibanda 1.130,20
Caixas de Ar Condicionado 2.960,80
Execução de calçadas 1.067,87
Impermeabilização 5.331,73
Substituição do madeiramento do telhado 1.613,57
Recuperação do telhado 2.120,08
Execução dos rufos 3.089,47
Pintura das fachadas e halls das escadas 14.800,27
Caixas de passagens e inspeção de esgoto 300,00
Recuperação de algumas unidades habitacionais 59.935,23
SUBTOTAL 157.065,04
BDI (30%) 47.119,51
TOTAL 204.184,55

Após a realização dos reparos, o bloco recuperado atende às normas vigentes,


e nas figuras é apresentado o edifício antes e após pintura.

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Figura 9 – Vista durante e após a pintura, Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia –
Edição nº 10 Vol. 01 - dezembro/2015

Observa-se que no caso analisado, os problemas constatados não eram de uma só


origem, mas um conjunto de erros que agravaram a situação, incluindo problemas
executivos, de materiais e de manutenção.

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7. CONCLUSÃO

Após a apresentação das características e dos problemas dos prédios caixão,


conclui-se que este tipo de construção, usando blocos de vedação para funções
estruturais, representa um grande perigo para toda sociedade e todas edificações
construídas desta forma devem ser analisadas, pois o risco de apresentarem falhas
estruturais graves é muito grande.
É importante salientar também que há pouquíssimos estudos na área de alvenaria
resistente, o que é natural pois é um sistema totalmente precário em sua essência.
Porém, há importantes razões para o desenvolvimento de pesquisas na área, já que
cerca de sessenta mil famílias vivem em prédios construídos desta forma e estão
correndo riscos graves tanto de perdas patrimoniais como de perdas de vida.
Apesar de a prefeitura de Recife ter proibido construções em alvenaria resistente
a partir de 2006, é interessante notar o quanto a questão estrutural de
empreendimentos não é fiscalizada no Brasil. Em grande parte do país é necessário
apenas enviar a prefeitura algumas plantas do projeto arquitetônico para que sejam
analisadas e aprovadas, ignorando completamente questões muito importantes de
segurança da estrutura.
Por fim, é essencial também notar a grande proporção de prédios caixão que
desabaram ou foram interditados. Muitos destes casos de interdição podem ser
resolvidos com reforços estruturais e reparos de danos já sofridos. Por isso, é
importante o desenvolvimento de estudos também no campo da recuperação destes
edifícios, já que muitas famílias têm como seu único bem estes apartamentos que
foram interditados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRANCO, Adilson de Oliveira Castello. Prédio Caixão - Edifício Gregório Bezerra.


Revista Especialize. PE. Dezembro. 2015.

GUSMÃO, A. D. et al. Diretrizes para Solução dos Problemas Relacionados aos


Prédios Construídos em Alvenaria Resistente na Região Metropolitana do Recife.
Comissão de Sistematização. PE. 2000.

MELO, Mauro José Araújo Campelo De. Análise de laudos emitidos sobre “prédios
tipo caixão” da Região Metropolitana de Recife: Causas apontadas para os
desabamentos e interdições. Universidade Católica de Pernambuco. PE. 2007.

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