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ARTIGO DISCIPLINA PROFESSOR ARNALDO

Narrativa

Walter Benjamin

Klauss Vianna

Entrelugares do corpo

Corporeidade

Inter/transdisciplinaridade

Entre-lugares expressivos e/ou atuantes e/ou cênicos

Quando se fala da “experiência educativa” de Klauss Vianna, acredito ser impossível para
um artista-pesquisador contemporâneo não refletir sobre a própria experiência, sobre a própria
vida em âmbito pessoal e profissional, e no que desencadeou nossos questionamentos e desejos
atuais. Comigo não foi diferente. Minha arte-vida, aparentemente tão fragmentada em
caminhos e escolhas de momentos diversos, é tomada por mim com um olhar distanciado de
modo a compreender como estes caminhos se cruzam e se permeiam nos “entrelugares” do
meu corpo, em uma relação a qual, a meu ver, é ainda possível de ser vivenciada por outros que
conosco compartilham de um cotidiano criativo e educacional. E esta era a grande preocupação
de Klauss: que conheçamos nossa individualidade, nossa própria “identidade corporal”.

Talvez por ser minha principal indagação momentânea esta busca de caminhos para se
valorizar o que possa ser uma expressividade própria, relacionada à corporeidade do indivíduo
muito mais que a linguagens e códigos estabelecidos, tenha sido tão latente em mim a
autorreflexão e a tentativa de compreensão do que me forma e ao mesmo tempo me inquieta.
Decidi então compartilhar uma tentativa de organização das minhas experiências, muito longe
de uma pretensão de querer transmitir algo que não é caminho delineado nem para mim, mas
sim enquanto uma narrativa que pode, em suas lacunas, calhar como “conselho” para um
procedimento de autoconhecimento, o qual permite quiçá diálogo com alguns processos
criativos e/ou metodológicos de pesquisa em Arte, sendo o artista-pesquisador por sua vez
sujeito de suas experiências e organizador de suas percepções, capaz de refletir sobre suas
práticas.

Nasci em uma cidade interiorana do sul de Minas Gerais, onde até hoje as relações se
guiam pela produção agropecuária, pelos acordos boca-a-boca e pelas referências genealógicas.
Bem provinciana. Deveras arcaica. E assim fui criada, contraditoriamente livre, pelo
conservadorismo de uma família católica que ditava dogmas mas ao mesmo tempo me permitia
experienciar solos, paisagens e aromas diversos: do gramado e chão batido ao mármore; do café
coado e do esterco dos animais ao incenso das procissões; das montanhas onde eu corria a
cavalo solitariamente à multidão em romaria para adoração de um beato conterrâneo.

Desde muito nova então pratiquei esportes: natação, ginástica olímpica, e mais adiante
vôlei e futebol. Nunca tive a velocidade ou agilidade para as competições, mas sempre era
levada para demonstrações técnicas de movimentos. Minha relação com meu corpo também
se deu desta forma. Ao mesmo tempo em que me era incrustado um pudor tradicional às
meninas, era-me permitido andar descalça, jogar bola na rua e brincar com os carrinhos do meu
irmão. Não havia uma preocupação com a expressividade, mas com um treinamento que levaria
à “saúde” pelo esporte, que meu pai sempre valorizou.

Meus interesses sempre foram muito difusos, diversos, e iam de brincadeiras de rua a
experiências de repetição e criação de coreografias, passando pela culinária ensinada pela avó.
Mas minha relação com a Arte sempre foi intensa. Sendo avó, tia e mãe educadoras, aprendi a
ler cedo, e dentre minhas “brincadeiras” preferidas estavam a leitura e o desenho, e
posteriormente a escrita de poemas nada bons, mas veículos que encontrei para minha
expressividade. Todos os dias me trancava no quarto após a aula e escrevia...

Neste meio tempo também se iniciou minha relação com a dança e com a música. Como
disse anteriormente, minha família embora tivesse seu conservadorismo, talvez pelo histórico
com a educação, não idealizava em mim uma figura e não me impunha tarefas. Comecei a
estudar música influenciada por uma prima e, após algumas tentativas que não me estimularam
a princípio, fui para uma aula de “Jazz infantil” aos nove anos, por influência de colegas de sala,
que no semestre seguinte abandonaram a aula. Para mim foi um encontro. Eu nunca mais deixei
a dança.

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