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Marcos 6.

30-34,53-56
Auxílio Homilético
19/07/2009
Prédica: MARCOS 6.30-34,53-56
Leituras: JEREMIAS 23.1-6; EFÉSIOS 2.11-22
Autor: Valdemar Lückemeyer
Data Litúrgica: 7º Domingo após Pentecostes
Data da Pregação: 19/07/2009
Proclamar Libertação – Volume: XXXIII
1. Introdução
O conjunto dos textos de leitura e pregação do 7º Domingo após Pentecostes já foi estudado várias
vezes por Proclamar Libertação (PL). Para quem tem acesso aos exemplares em que se encontram os
auxílios homiléticos referentes a Marcos 6.30-34, recomendo muito a leitura e o estudo desses
trabalhos. No PL 19, Claudete Beise Ulrich e Carlos Luiz Ulrich (p. 206-210) trazem um estudo. No
PL 25, p. 241-246, Ivo Schoenherr fornece bons subsídios. E ainda no PL 31, Erni Drehmer oferece
boa reflexão e motivação para a pregação do texto.
É bem verdade que todos os auxílios homiléticos apresentados até agora não incluíam o estudo e a
abordagem dos v. 53 a 56. Como eles estão indicados, vamos incluí-los na leitura, na reflexão e na
pregação. Eles destacam especialmente um aspecto da ação de Jesus e de sua comunidade, que se
evidencia na postura missionária e terapêutica para dentro do mundo.
2. Exegese
V. 30 – Os doze apóstolos, enviados de dois em dois (cf. v. 7), voltam à presença de Jesus e
apresentam seus relatos. Fazem uma avaliação de sua ação missionária, que se constituiu de ensino e
de atos bem concretos. Palavra e ação, pregação e diaconia fizeram parte do desempenho missionário.
Chama a atenção que os doze são designados aqui de “apóstolos” = os enviados, termo que não
equivale sempre aos doze discípulos.
Não são mencionadas as ações dos apóstolos. Apenas é dito que relataram seus feitos e certamente
também seus ensinos. Fazer e ensinar caracterizam a prática de Jesus.
V. 31 – Cresce a missão, aumentam as tarefas, o povo busca cada vez mais ajuda e orientação. O
trabalho é tanto, que não há nem mesmo tempo para uma refeição tranqüila e sossegada (que bom
que isso me faz lembrar de ocasiões em algumas casas pastorais!). Jesus chama os seus para o
repouso, para um lugar calmo e quieto. O pequeno grupo precisa de descanso, os enviados precisam
de descanso, mas o grande grupo (= a multidão) não dá descanso: quer ser atendido em suas
necessidades básicas e vitais.
Jesus já havia se retirado outras vezes para o deserto, a fim de ficar só e isolado e, com certeza,
também para fugir de uma popularidade fácil. Essa mesma postura ele estende aos apóstolos: convida-
os para o descanso, embora o que acontece a seguir mostre que seus seguidores não ficam longe do
povo, não conseguem se desligar da realidade adversa para a multidão. Os apóstolos não se isolam
num oásis de paz, mas as necessidades do ser humano os envolvem e chamam para a ação. O deserto
é citado novamente como local de retirada de Jesus. O evangelista Marcos menciona-o várias vezes
no primeiro capítulo: v. 3, 4, 12, 13, 35 e 45. É possível que o evangelista queira fazer uma alusão ao
caminho do povo de Deus pelo deserto rumo à terra prometida, terra da liberdade e da vida. Tudo
passa pelo deserto. Também ali onde aparentemente não há nada, onde nem mesmo há um caminho,
Deus alimenta os seus e os guia, indicando-lhes o caminho a seguir.
V. 34 – Jesus compadeceu-se da multidão. A tradução normalmente usada é transcrita como “teve
pena”, “teve compaixão”, mas o texto original usa um termo mais forte, mais expressivo: “Ter
compaixão, em Marcos, é expressão rara de significado forte. Significa ‘comover-se nas entranhas’,
como a mãe que estremece diante do sofrimento de sua criatura. Javé, no Antigo Testamento, é capaz
disso (Êx 34.6). Há uma situação capaz de fazer Jesus estremecer nas entranhas: a fome do povo. De
fato, Jesus é mostrado dessa forma apenas nos dois episódios da fome do povo (6.34 e 8.2). As
entranhas de Jesus estremecem porque o povo está ‘como ovelhas sem pastor’. No Antigo
Testamento, essa expressão aparece sempre com conotação política, ou seja, ‘pastor’ significa
autoridade ou liderança política, enquanto que as ‘ovelhas’ representam o povo” (SOARES, Sebastião
A. G. O Evangelho de Marcos, v. 1, p. 129).
No Antigo Testamento, em Números 27.1-17, é mencionado que Josué será escolhido por Deus para
suceder Moisés, “para que a congregação do Senhor não seja como ovelhas que não têm pastor”.
Ezequiel (34) e também Zacarias lamentam a dispersão em que se encontra o povo de Deus por causa
das falsas lideranças que não cuidam do rebanho: “Por isso anda o povo como ovelhas, aflito, porque
não há pastor” (Zc 10.2).
“E passou a ensinar-lhes muitas coisas” caracteriza a ação de Jesus no Evangelho de Marcos. Jesus
ensina. O povo precisa saber de Deus, de seus propósitos, de suas ofertas, enfim de seu projeto, isto
é, do reino de Deus. O ensino é que vai mudar essa realidade, pois ele abre mentes e olhos. Jesus
ensina através de parábolas (Mc 4.2) e através de discursos e esclarecimentos da lei (10.2).
V. 54-56 – O evangelista sublinha a amplitude da atividade de Jesus: ele ensina, sacia a fome e cura.
Assim acontece o anúncio da vinda do reino de Deus. É dessa forma que se realiza a tarefa de Jesus
e, conseqüentemente, também de seus seguidores. A proximidade de Jesus possibilita uma nova
condição de vida, o restabelecimento da saúde plena, a salvação. Deus salva e cura os seus de todos
os males.
Chama a atenção que o agir de Jesus ocorre muito na periferia, em regiões distantes do centro do
poder. Embora conste claramente que “também agia nas cidades”, é mencionado que entrava “nas
aldeias, cidades e nos campos”. A fonte da salvação é oferecida a todos: cidade e periferia. Basta
“tocá-la”, pois dela vem a vida.
3. Meditação
Um grupo (= comunidade) muito vivo e ativo nos é apresentado pelo evangelista. Há um vaivém, há
envio e regresso, há relatório e avaliação, há muita gente e há cansaço, há necessidade de
recolhimento e distanciamento, há muita atividade e muita carência. Dentro dessa realidade Jesus
exerce sua missão: age e ensina. Assim também seus apóstolos (= enviados). Eles vão porque são
enviados, não por conta própria. Agem e ensinam em nome de Jesus. Tem Jesus como exemplo.
A atividade precisa ser planejada (distanciamento, sossego, estudo) e precisa de avaliação constante
através de relatórios daquilo que foi feito e ensinado.
“Ouvir e ver – julgar – agir” lembra um método de ação.
Jesus vê a multidão, vê a situação do povo, é tomado de profunda compaixão, o mesmo sentimento
que ele teve diante de outras situações de abandono, exclusão, miséria da criatura humana. Essa “com-
paixão” é que faz Deus vir ao encontro de seu povo para livrá-lo da mão dos egípcios: “Certamente,
vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-
lhe o sofrimento” (Êx 3.7). Jesus está assumindo o papel de pastor em nome de Deus. Ele é o novo
rei (= pastor), que cuidará do povo e reinará com justiça (ver leitura do Antigo Testamento para o
domingo).
Nosso texto de pregação não inclui o relato da multiplicação dos pães (v. 36-44), embora o fato de
saciar a fome da multidão também faça parte da atuação missionária de Jesus. A nossa perícope
acentua a cura, a restauração da saúde, a recuperação integral da vida. Para isso basta chegar perto e
apenas tocar nas vestes daquele que é a fonte da vida. Quem chega próximo dele beneficia-se de suas
dádivas: vida nova, que se expressa em segurança e amparo, em comida e saúde, em proteção do Bom
Pastor, que conduz o rebanho unido e protegido para “pastos verdejantes”, para onde há abundância
de vida.
A comunidade é enviada por ordem de seu Senhor. E é a seu Senhor que ela se volta para avaliar sua
atuação, sua presença no mundo, onde ela se encontra. Essa comunidade também precisa de
momentos de paz, de recuperação, de avaliação, de retiro para ver onde, como e com quem agir e a
quem ensinar. Fundamental é que a comunidade veja com toda a clareza e nitidez a situação do povo
e tenha sempre o mesmo sentimento de seu Senhor: profunda compaixão, que leva necessariamente
para a ação transformadora, que muda essa realidade de “não-vida”, de exclusão, de abandono. “Tudo
isso sugere a seguinte reflexão: os discípulos, encarregados de levar adiante a mesma missão de Jesus,
têm de compreender algo essencial. O conteúdo de sua missão são os necessitados do povo”
(BORTOLINI, José. O Evangelho de Marcos, p. 265).
4. Imagens para a prédica
Já faz um bom tempo que fui convidado para participar da comemoração dos dez anos de
assentamento de um grupo de pequenos agricultores, integrantes do Movimento dos Sem Terra.
Quando perguntei a um dos assentados, em festa, como ele avaliava aquele momento, ele disse com
toda a pureza e alegria:
“Estou muito feliz aqui, porque desde que vim para cá nunca mais faltou comida na minha mesa”.
“Nunca mais faltou comida na minha mesa.” Precisa-se de tempo para absorver e entender em toda a
sua profundidade tal afirmação, tal realidade.
Espiritualidade diaconal
“Quando o mar de sofrimento é tão grande, a primeira coisa que alguém consegue fazer é cantar o
sofrimento, e esse canto é o passo litúrgico para a transformação” (SÖLLE, Dorothea. Diaconia: Fé
em ação, p. 78).
Quando a guerra terminou
“Quando a guerra terminou, o soldado voltou para casa. Mas ele não tinha pão. Aí ele viu alguém que
tinha pão. E o matou. Tu não podes matar ninguém, disse-lhe o juiz. Por que não?, perguntou o
soldado” (BORCHERT, Wolfgang. Bausteine 9/2007, Pastoralblätter).
A fonte
“A misericórdia tem uma só fonte: o bom relacionamento com o Senhor.” “Quem crer em mim, do
seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7.38). “Quem tem bom relacionamento com o Senhor, esse
terá forças para praticar misericórdia, pois estará ligado à fonte inesgotável de misericórdia. Para
praticar misericórdia, deve-se antes recebê-la. Deve-se descobrir, aceitar, experimentar e viver a
misericórdia que o Senhor nos tem. A sua misericórdia alimentará então a misericórdia que nós iremos
praticar” (MEINCKE, Silvio. A Fonte, p. 99).
5. Subsídios litúrgicos
Kyrie:
A multidão dos excluídos em nosso mundo está aumentando apesar (etalvez por causa) de todos os
avanços tecnológicos e científicos que beneficiam alguns, mas prejudicam muitos. Há muita gente
sem pão, sem remédio, sem lar, sem esperança, sem paz. Por todos eles, de perto e de longe, queremos
clamar a Deus para que Ele tenha compaixão e piedade deles: Tem, Senhor, piedade!
Glória:
Como faz bem à vida quando se é acolhido, amparado e guiado por uma mão forte e carinhosa. Assim
Deus age conosco e com os seus. Deveríamos, por isso, louvar e bendizer a Deus todas as manhãs,
todos os dias. Mas não fizemos. Agora, porém, queremos fazê-lo em conjunto. Como um grande
rebanho e juntando nossas vozes, queremos expressar nossa gratidão glorificando a Deus, cantando:
Glória...
Confissão de pecados:
Misericordioso Deus. Tu sempre te mostraste como um Deus que vê e ouve o sofrimento de suas
criaturas. Tu não aceitas a realidade de dor, de opressão, de escravidão. Em teu projeto de vida não
cabe essa realidade. Por isso tu ages e queres que nós sejamos teus agentes neste mundo. Mas nós nos
acomodamos. Com muita naturalidade aceitamos e nos conformamos com a maldade e o império da
morte no mundo. Perdoa-nos, Senhor, por nossa culpa, nossa omissão, enfim nosso pecado. Isso te
pedimos em nome de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. Amém.
Oração do dia:
Senhor bondoso, tu cuidas de teu rebanho com a mesma dedicação e atenção hoje como fizeste
outrora. Obrigado por te preocupares conosco. Tu nos reuniste aqui, em tua casa, e queres nos
apascentar, dar-nos o alimento que fortalece a vida através da tua Palavra. Que essa tua santa Palavra
nos leve ao encontro dos “sem pastor” e que nossa solidariedade lhes seja uma bênção. Em nome de
Jesus, Senhor e Salvador, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo sempre. Amém.
Aclamação do evangelho:
“Deus diz: A palavra que sair da minha boca não voltará vazia para mim, mas fará o que me apraz e
prosperará naquilo para que a designei” (Is 55.11).
Bibliografia
MYERS, Ched. O Evangelho de São Marcos. São Paulo: Paulinas, 1992.
BORTOLINI, José. O Evangelho de Marcos: para uma catequese com adultos. São Paulo.
SOARES, Sebastião A.Gameleira. Evangelho de Marcos, v. 1. Petrópolis,2002.

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