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Respostas Incríveis à Oração

iEste livro foi digitalizado e corrigido por


Maria Fernanda da Conceição Pereiraaraa

Título Original: Incredible Answers to Prayer

Autor: Roger Morneau

Editor Original: Review and Herald Publishing Association

Editado em Portugal por: PUBLICADORA ATLÂNTICO, S.A. R. N.” Sr.” da Piedade - Sabugo
Almargem do Bispo - Portugal

Director Geral: Joaquim Sabino

Tradução: Manuel Cordeiro e Gioconda Cid Martins

Capa: Eunice Ferreira

Diagramação: Raquel Barbosa Monteiro

Impressão e Acabamento:

ROLO & FILHOS - Artes Gráficas Lda.

Av. Dr. Francisco Sá Carneiro - Telef. (061) 812019 - 2640 MAFRA

1a Edição em Portugal Agosto/1998


4000 Exemplares

Direitos de Tradução e Publicação em Língua Portuguesa Reservados para a Publicadora Atlântico, S.Á.

DEDICATÓRIA

Este livro é dedicado aos meus netos, a quem eu muito amo. Enquanto a minha
peregrinação por esta terra do inimigo está a chegar ao fim, a deles está exactamente a
começar. A minha preocupação pelo seu bem-estar nesta vida presente, e através das eras
eternas, pesa muito sobre o meu coração. Por isso, registei neste livro muitas das operações
do Espírito Santo de Deus em meu favor durante os mais de sessenta anos da minha vida
passada, na esperança de que eles encontrem aqui encorajamento no Senhor e a inspiração
que os ajude a desenvolver uma fé viva - uma fé que aumente a sua força espiritual e
desenvolva uma confiança inabalável no nosso Pai celestial, e no poder do Seu Espírito
Santo.

A maior parte dos nomes, neste livro, foram mudados para proteger a privacidade das
pessoas envolvidas nos acontecimentos.
Não é permitida a reprodução total ou parcial do conteúdo deste livro, ou a sua cópia transmitida, transcrita,
armazenada num sistema de recuperação, ou traduzida para qualquer linguagem humana ou de computador, sob
qualquer forma ou por qualquer meio, electrónico, mecânico, manual, fotocópia ou outro, ou divulgado a terceiros,
sem autorização prévia por escrito dos titulares do Copyright.

Depósito Legal 126 269/98


ISBN - 972 - 8358 - 15 - 6
Respostas Incríveis à Oração

índice

I Parte

Conteúdo
II Parte

Conteúdo
Prefácio

Capítulo 1

Esta é a Casa da Morte

Capítulo 2

Permanecer em Tempo Santo

Capítulo
3
Crescendo na Graça e Conhecimento de Deus

Capítulo 4

A Unidade de Cuidados Intensivos de Jesus

Capítulo 5

Orações com Altos Dividendos

Capítulo 6

Uma Lista Perpétua de Oração

Capítulo 7

Intercedendo Pelos Jovens

Capítulo 8
Orando pelos Irreligiosos e os Maus

Capítulo 9

Cada Problema, um Chamado à Oração


11

19

27

35

45

57

63

67

75

Prefácio

Capítulo 1

Um Dilúvio de Graça Curadora

Capítulo 2

Não Há Alegria Maior

Capítulo 3
Pais Envergonhados de Si Próprios

Capítulo 4

Ajuda Ilimitada

Capítulo 5

A Tragédia dos Lares em Desagregação

Capítulo 6

Um Ministério de Oração

83

85

91

97
103

109

117

Capítulo 7

Afastados dos Espíritos Demoníacos pelo Poder da Oração 121

Capítul 8

Uma Grande Descoberta 127

Capítulo 9

Amor Incondicional

Capítulo 10

Os Seus Pensamentos - São Mesmo Seus?

Capítulo 11

Ministérios de Libertação

Epílogo

A Minha Segunda Vida

127

133

137

141

147
Prefácio à Edição em Português
Há quem tenha chamado à oração a respiração da alma. Da mesma maneira que não se pode viver
sem respirar, também é impossível pensar-se numa vida espiritual consistente sem a oração.

Ao traduzir-se para o português os dois primeiros livros da série Respostas Incríveis à Oração de
Roger Morneau que agora se publicam num mesmo volume, procura-se, sobretudo, oferecer aos
crentes de língua portuguesa o testemunho de quem, ao longo dos anos, tem feito da oração a chave
que abre os ilimitados recursos dos tesouros celestes.

No primeiro dos dois livros, Roger Morneau, animado pelos seus amigos mais próximos, relata
algumas das muitas respostas recebidas às orações que com fé elevou a Deus. É certo que Roger
Morneau só descreve os casos em que as suas orações foram atendidas, o que, à primeira vista,
poderá desencorajar os crentes sinceros que com fé se dirigem a Deus e não são atendidos como
desejariam ser. Também é certo que, embora o não realce, o autor nos diz que algumas das suas
preces se têm quedado sem resposta.

O segundo livro surge como consequência directa do primeiro. Vários leitores entusiasmados pela
forma como as orações de Roger Morneau foram atendidas decidiram dirigir-lhe cartas.

Passado algum tempo o autor começou a receber as reacções de muitos daqueles por quem estava a
interceder. Autênticos milagres estavam a operar-se na vida de alguns deles. Muitos dos casos
atendidos correspondiam a situações idênticas. Assim, apoiando-se no material recebido, Morneau
procurou neste segundo livro responder ao número mais alargado possível de leitores. Para isso,
cada um dos capítulos aborda um tema típico dos muitos que lhe foram enviados.

Uma questão que poderá surgir na mente de alguns dos prezados leitores é se, por acaso, o escritor
não se está colocando na posição de um intercessor por excelência - aquele por intermédio de quem
todos os casos, mesmo os mais difíceis, são atendidos. Não poderiam as pessoas envolvidas dirigir-
se directamente a Deus sem recorrer a outrem?

Lendo atentamente Morneau verificamos que ao interceder em favor dos outros, mais não está
fazendo do que dar satisfação àquilo que as Escrituras nos ensinam - orar uns pelos outros (Tiago
5:16). Não nos parece que o autor se
esteja insinuando como alternativa credível, em detrimento de outros. Bem pelo contrário, ao sentir
que nada mais pode fazer em favor do seu próximo, devido à sua debilitada saúde física, procura
como um acto de amor desinteressado interceder pelos seus irmãos necessitados. Cada vitória é
descrita como um monumento ao poder de um Deus vivo e operante que quer manifestar a Sua
glória àqueles que vivem numa sociedade descrente e materializada.

Estes dois livros têm como objectivo principal encorajar os que os lêem a provar o Senhor e ver que
Ele é bom.

O Senhor responde a todos os que com fé a Ele se dirigem, ainda que muitas vezes a resposta não
seja imediata ou se resuma a um silêncio que também, só por si, poderá constituir-se numa
magistral resposta, convidando-nos a mais reflexão ainda.

Não procuremos extrair conclusões teológicas destas páginas que têm tão somente uma
preocupação de ordem prática. Não pretendem ser, nem são, um manual teológico da oração.

O nosso sincero desejo, prezado leitor, é que ao ler estas páginas possa sentir-se encorajado a
desenvolver através das suas orações um relacionamento mais aprofundado com o nosso Criador
que é a fonte de todas as bênçãos e graça.

Mário Brito

I Parte
Capítulo 1

Esta é a Casa da Morte


A 1 de Dezembro de 1984 estive à beira da morte na unidade de cuidados intensivos do Hospital
Geral da Grande Niagara, em Niagara Falls, Ontario. Eu tinha uma falha congestiva do coração e
fibrilação auricular que os médicos não conseguiam reverter. O cardiologista afirmou alguns dias
depois que, se a minha mulher se tivesse atrasado
20 minutos em levar-me para o hospital, eu teria morrido antes de lá chegar.

Surgiu-me inesperadamente. Eu e a minha mulher, Hilda, estávamos a visitar a mãe dela durante o
fim-de-semana. A nossa viagem desde Nova Iorque central tinha sido agradável, e passámos um
serão muito feliz com a minha sogra. Quando me fui deitar às 22:00 sentia-me invulgarmente
cansado e dormi confortavelmente até às 3:00 da manhã, quando acordei com suor a escorrer pela
face. Embora me apercebesse que estava a ter alguma dificuldade em respirar, atribuí isso ao facto
de o quarto estar sobreaquecido.

Quando abri a janela cerca de cinco centímetros, o ar fresco do Inverno melhorou imediatamente o
meu estado. Contudo, não consegui voltar a adormecer. Fiquei a virar-me na cama, e o problema da
respiração voltou pouco depois.

À medida que a respiração se tornava mais difícil, abria mais a janela, até a ter completamente
aberta. às 7:00 da manhã.

Após um banho de chuveiro, fiquei extremamente cansado e apercebi-me afinal que alguma coisa
estava mal em mim. Foi preciso reunir, com esforço, todas as minhas forças só para me barbear.
Chegar ao carro exigiu tanto esforço como se eu estivesse a escalar um monte.

Na sala de urgências a equipa médica pôs-me de imediato uma máscara de oxigénio, ligaram-me
tubos de medicação intravenosa e um monitor para verificar a actividade do meu coração. Um
cardiologista com a assistência de várias enfermeiras fizeram tudo quanto puderam para me manter
vivo.
Algum tempo depois levaram-me para a unidade de cuidados intensivos que já estava lotada. Como
todos os quartos isolados com vidros estavam cheios, puseram-me numa cama na área aberta
próxima do gabinete das enfermeiras.

Eu estava já, por assim dizer, com um pé na sepultura, uma vez que a minha respiração tinha
enfraquecido tanto que mal conseguia obter algum oxigénio nos pulmões. Eu agora acreditava que
ia morrer, e a minha convicção aprofundou-se quando alguém me perguntou se eu não gostaria que
um ministro religioso me viesse visitar. Na minha fraca condição declarei que me sentia tão doente
que não podia receber nenhuma visita, a não ser a da minha mulher, que tinha autorização para me
ver durante 10 minutos de 2 em 2 horas. Além disso, durante quase 40 anos eu tinha o costume
diário de buscar Deus e preparar-me para morrer.
Perto de quatro décadas antes, tinha tido uma experiência única de espíritos demoníacos a
declararem que eu iria prematuramente para a sepultura por ter decidido aceitar Jesus Cristo como
meu Senhor e Salvador e observar o Sábado bíblico. (Ver o meu livro anterior, Uma Viagem ao
Sobrenatural - Review and Herald, 1982 - onde conto a minha história invulgar).

Quando compreendi que a minha condição era crítica, apercebi-me também de que um bom número
de outras pessoas, na enfermaria, estavam a lutar para se apegarem à vida. ”Esta é a casa da morte”,
disse eu para mim mesmo.

A Presença de Deus
Passaram-se trinta e seis horas, e eu continuava vivo e agora conseguia respirar sem precisar da
máscara de oxigénio. Os meus pensamentos ascenderam para Deus numa melodia de louvor.

Naquele Domingo à noite a unidade de cuidados intensivos esteve em grande azáfama, e a


enfermeira-chefe pediu ajuda adicional para fazer face à situação. À minha direita estava um
homem idoso à beira da morte, enquanto duas enfermeiras lutavam para o manter vivo. À minha
esquerda, um homem na casa dos 30, tendo já tido três ataques de coração, afirmou que estaria
provavelmente a viver os seus últimos dias.

As luzes piscavam no gabinete das enfermeiras com frequência cada vez maior à medida que um
grande número de doentes piorava. Como estava próximo do gabinete das enfermeiras, eu
conseguia ouvir comentários que indicavam que a condição de alguns dos doentes piorava e se
tornava desesperada. Considerando a situação, lembrei-me de algo que um espírita notável tinha
dito em 1946. Ele afirmara que os espíritos demoníacos se deleitam em ver pessoas morrer, e que
em tempos de guerra eles celebram. Sem dúvida que eles estariam a planear uma tal celebração
precisamente para aquela noite, uma vez que muitos doentes na UCI estavam tão perto da morte.

Não por mim mesmo, mas por outros, os meus pensamentos ascenderam a Deus em oração. Durante
39 anos eu tinha visto o poder da oração intercessória trazer grandes bênçãos à vida de muitos. Uma
prática que eu tinha formado logo no início da minha vida cristã era a de levar os espiritualmente
doentes, aqueles que tinham tido choques frontais com o pecado e se tornado destroços espirituais e,
por vezes, físicos, para o que eu gosto de referir como a unidade de cuidados
12 :

intensivos de Cristo. Os resultados têm sido recompensadores quando, muitas vezes, tenho visto as
minhas orações respondidas diante dos meus olhos.

Ao considerar o meu Senhor e Salvador no lugar Santíssimo do santuário celestial ministrando em


favor da humanidade caída (Hebreus 8:1-2), o meu coração elevou -se em acção de graças por todas
as muitas bênçãos que Ele tão compadecidamente concedera a outros em resposta às minhas
orações. E a minha alegria no Senhor foi grande ao reflectir na compaixão inesgotável de Deus para
comigo, um dos mais indignos seres humanos.

Agora eu pedi que o poder infinito do Espírito Santo de Deus rodeasse todos com uma atmosfera
espiritual de luz e paz, e os restaurasse à saúde se essa fosse a Sua vontade. Como se pode ler em
capítulos posteriores, eu tinha aprendido mediante experiência pessoal que as orações intercessórias
são mais eficazes quando me certifico que o pecado não está a separar de Deus os sujeitos das
minhas orações. Comecei as minhas orações naquela unidade de cuidados intensivos agradecendo a
Deus pelo privilégio de pedir a Sua ajuda divina para os meus companheiros doentes. Apontando
para o preço infinito que Ele pagou no Calvário, pedi-Lhe para perdoar os pecados de todos.

Durante muito tempo tem sido minha convicção que, como cristãos, devemos fazer por outros o que
eles não podem fazer ou não estão dispostos a fazer por si mesmos - tratar com o pecado nas suas
vidas. Jesus deixou-nos o exemplo. Ao morrer na cruz, Ele pediu ao Pai para perdoar os pecados
dos que O crucificaram (Lucas 23:34). Eu não sei explicar o que acontece quando pedimos a Deus
para perdoar os pecados de outro, mas tenho visto as transformações que começam a ter lugar na
sua vida. Deus nunca viola o livre arbítrio de alguém, mas quando oramos por outra pessoa, isso
permite-Lhe operar nas vidas com um poder especial. Ele desprende o indivíduo das cadeias do
pecado de modo a que ele possa usar a sua liberdade de escolha para optar pelo bem.
E para encorajar a minha própria experiência cristã, enquanto permanecia à beira da morte, pedi a
Deus para me permitir ver o Seu toque curador em operação naquela UCI. Depois agradeci ao
Grande Médico, o Autor do nosso ser, por responder às minhas orações.

Como tinha descoberto anos antes, os espíritos demoníacos lutam arduamente antes de ceder a sua
presa ao poder do Espírito de Deus. Durante cerca de 15 minutos um grande número de doentes
experimentou grandes dificuldades e as enfermeiras correram efectivamente em seu auxílio. Então
os temores do corpo médico confirmaram-se ao constatar que o coração de um senhor, de nome
Smith, tinha parado.

O sinalizador de emergência no gabinete das enfermeiras entrou em acção, intensificando o senso


de urgência. De imediato a enfermeira-chefe apelou pelo altifalante a todos os médicos presentes no
hospital para virem ajudar na emergência. Três médicos correram para a unidade. Uma enfermeira,
a correr, buscou o ressuscitador que tinha sido deixado no lado oposto da sala.

Durante 10 minutos a equipa médica fez tudo o que pôde para trazê-lo à vida, sem qualquer êxito.
De facto, um deles, abandonando a sala cabisbaixo, dirigiu-se ao gabinete das enfermeiras e disse à
enfermeira ali: «O homem foi-se». Imediatamente, apelei ao Senhor da vida em oração, pedindo-
Lhe para restaurar o senhor Smith pelo poder infinito do ”Espírito de vida”

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n’Ele (Rom. 8:2), esse grande poder que tinha ressuscitado Lázaro dos mortos. Mal acabei de dizer
ámen o senhor Smith recuperou a consciência e perguntou porque estava tanta gente no seu quarto.
Ele disse que estava com muita fome e perguntou se podia comer alguma coisa.

Outro médico aproximou-se do gabinete das enfermeiras e disse à enfermeira para pedir alguma
coisa da cozinha, acrescentando: «Nunca vi uma coisa destas em toda a minha vida.

As minhas orações tinham sido respondidas de uma forma milagrosa, não só pelo facto do senhor
Smith estar vivo e sentir-se muito bem, mas também pela paz do Céu que agora abençoava todos os
presentes na unidade de cuidados intensivos. A tranquilidade invadiu o lugar. As enfermeiras
permaneciam descansadamente junto das portas dos quartos isolados com vidros enquanto os seus
doentes adormeciam na paz e conforto que antes lhes fora impossível obter. Quanto a mim, eu podia
sentir a presença de Deus.

Novas Oportunidades de Vida


Durante longas horas a Hilda tinha aguardado para passar comigo alguns dos 10 minutos que lhe
concediam. Cerca das 22:00h ela entrou pela última vez naquele dia, antes de regressar à casa da
mãe para passar a noite. Durante a sua permanência na sala de espera da UCI ela familiarizara-se
com a senhora Smith. A senhora estivera bastante perturbada com a condição do marido, que-tendo
abandonado a esperança - declarara que desejava morrer. Agora a senhora Smith contava-lhe acerca
da mudança maravilhosa-mesmo miraculosa - da condição física do marido, e da mudança drástica
de atitude que ele agora possuía. Antes tinha dito que queria morrer, mas agora ele anunciava que
queria viver.

Quatro dias mais tarde tive o privilégio de encontrar-me com o casal Smith no piso de cardiologia
do hospital. A alegria deles reflectia a paz do amor de Deus. A Hilda tem-se correspondido com a
senhora, que a informa que o marido tem estado de excelente saúde, que ainda não faltou dia
nenhum ao trabalho desde que deixou o hospital. Ele vai reformar-se em breve com a perspectiva de
alguns bons anos à sua frente.

No dia seguinte às melhoras do senhor Smith, os médicos descobriram que alguns dos seus doentes
na UCI estavam suficientemente bons para serem transferidos para outros pisos do hospital. A
condição do doente cardíaco à minha esquerda tinha melhorado tanto que o hospital o transferiu
imediatamente, e estava feliz com a perspectiva de um futuro brilhante. O homem idoso à minha
direita parecia uma pessoa diferente. O seu médico estava muito surpreendido com a mudança da
sua condição, e declarou-o pronto a ser transferido na manhã seguinte se ele continuasse a melhorar.
Isto teve lugar na Terça-feira de manhã como se previra. Eu estava deleitado ao ver as respostas às
minhas orações diante dos meus olhos.

Quanto a mim, as coisas não pareciam famosas. De facto, às 8:00h da manhã daquela Terça-feira o
cardiologista, respondendo às minhas perguntas sobre a minha condição, indicou que a
possibilidade de eu sair vivo da unidade era extremamente
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escassa. Testes de laboratório revelaram que um vírus tinha causado danos irreparáveis no meu
coração.
No estado em que me encontrava, com as batidas do meu coração tão irregulares, eu não podia
permanecer vivo durante muito tempo. O médico sugeriu um último tratamento: parar o meu
coração com uma corrente eléctrica de 50 vóltios, e voltar a pô-lo a funcionar com um choque de
200 vóltios. Eu assinei os papéis necessários para permitir este procedimento. Mais tarde, naquela
tarde, o cardiologista informou-me que o tratamento não resultara.

A minha condição piorou pois os meus pulmões encheram-se de líquido. Compreendi que não
duraria muito mais tempo. Naquela noite, apesar de fraco fisicamente, a minha mente estava alerta e
recordava os meus quase 60 anos de vida. Cena após cena passou pela minha mente, e o meu
coração encheu-se de gratidão para com Deus ao ver o cuidado que Ele tinha exercido em meu
favor, mesmo quando eu não O reconhecia na minha vida. Finalmente a minha memória levou-me
ao tempo em que eu tinha 7 anos de idade.

”Ele está vivo! Ele está vivo!” gritou Edmond, o meu irmão mais velho, depois de ter desligado o
quadro da corrente eléctrica e saltado através de uma abertura remodeladora no chão para o andar
de baixo. Eu tinha tropeçado num pedaço de madeira e caído em cima de uma correia de máquina
com 35,5 cm de largura. A correia fazia girar uma roda de 90 cm recebendo energia de outra com
2,7 m com a ajuda de um esticador de 160 Kg a rodar em cima da correia. Algumas pessoas tinham
ouvido os meus gritos de socorro no 2° andar, mesmo acima do barulho da maquinaria pesada da
fábrica de alimentos que o meu pai possuía no leste do Canadá.

Se um eixo de aço, de 7,5 cm, não se tivesse deslocado das suas pesadas engrenagens, enquanto um
violento choque abalou o edifício, eu teria morrido instantaneamente. Mas, pelo contrário, a correia
saltou da roda mais pequena, que por sua vez levou o esticador a desengatar a correia. Eu caíra com
o peito para baixo em cima da correia, que me transportou por baixo da roda maior, depois para o
topo, onde fiquei entalado contra uma viga do tecto.

A roda nunca diminuiu a velocidade até alguém desligar a corrente eléctrica. Quase todas as minhas
roupas foram rasgadas - um casaco de Inverno, uma camisola, camisa de flanela e roupa grossa
interior. O meu braço esquerdo estava pendurado ao longo do lado da roda, e a fricção tinha
desgastado a parte superior da minha mão e dedos até aos ossos. Durante algum tempo o médico
pensou que teria de amputá-los, mas eu tinha pais de oração que conheciam por experiência o poder
da oração em Cristo, e tudo acabou por ficar bem.

Levou 3 dias a reparar o dano causado à maquinaria. De acordo com os técnicos que a repararam,
uma força sobrenatural deve ter causado o dano. Eles afirmaram que só o peso do esticador me teria
esmagado todos os ossos do corpo, sem causar qualquer abrandamento à marcha da maquinaria,
muito menos fazer com que aquele pesado eixo de aço saltasse do seu lugar. A força que o soltou,
calcularam eles, teve de ser equivalente ao impacto de um objecto de uma tonelada de peso.
«Louvem ao Senhor pela sua bondade e pelas maravilhas para com os filhos dos homens» (Sal.
107:8).

Ainda ao pensar no meu passado, lembro-me de, quando tinha 12 anos de idade, ter ficado muito
zangado com Deus, quando a minha mãe foi baixada à
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sepultura. Na minha dor eu não conseguia ajustar a ideia de que um Deus bom permitisse que o
sofrimento da humanidade continuasse indefinidamente, sem nada fazer para acabar com ele. Perdi
a fé n’Ele e no sobrenatural. Nos últimos anos da minha adolescência li livros escritos por infiéis, e
mais tarde alguns dos escritos de Charles Darwin, e para cúmulo de tudo isso, as obras de Thomas
Henry Huxley convenceram-me que o homem era um descendente directo dos macacos. Aos 21
anos considerava-me ateu, tendo rejeitado todas as crenças católicas que tivera, e negava a
existência de Deus. Então, inesperadamente, tive uma experiência muito chocante com o
sobrenatural. E mal eu sabia que Deus estava a observar e a cuidar de mim.

Em 1946 em Montreal, Canadá, encontrei um amigo do tempo da guerra que se tornara membro de
uma sociedade que alegava comunicar-se com os espíritos dos mortos. Eu envolvi-me nas suas
práticas, e não muito depois eu e o meu amigo fomos levados para uma sociedade secreta que
adorava seres super-inteligentes e belos que eles designavam como deuses. De facto, a sala de culto
deles continha numerosas e belas pinturas de espíritos que se tinham materializado, sido
fotografados, e depois pintados. Durante aquele tempo eu estava a trabalhar para uma firma de
bordados judaica. Um dos proprietários pedira-me para lhe fazer um favor. Ele acabara de admitir
ao serviço um homem que era cristão mas guardava o Sábado, o sétimo dia da semana, em vez do
Domingo. O patrão queria que eu descobrisse a que denominação ele pertencia. No processo tornei-
me profundamente interessado em saber o que a Bíblia dizia sobre o mundo sobrenatural dos
espíritos.

Passaram-se alguns dias; então os espíritos informaram o sumo sacerdote da nossa sociedade que eu
estava a estudar a Bíblia e que os deuses estavam furiosos. Dentro de poucos dias os dirigentes do
grupo ofereceram 10 000 dólares a quem me assassinasse. Mas os espíritos advertiram que o
assassínio não devia ser perpetrado por alguém de fora da sociedade, e que os membros deveriam
abaterme a tiro numa ocasião conveniente. Os espíritos dotariam três voluntários com o dom da
clarividência, habilitando-os a saber onde eu estava em qualquer momento. De novo Deus livrou-
me de uma morte prematura. (Uma descrição pormenorizada aparece no meu livro: A Trip Into the
Supernatural, Uma Viagem ao Sobrenatural).

Agora, naquela cama do hospital, embora o meu corpo estivesse a falhar, a minha mente estava
ainda clara e perspicaz. Compreendi melhor do que nunca o poder contido na Santa Palavra de
Deus, ao recordar as palavras do Salmo
103:10-14 (que eu decorara alguns anos antes). «Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem
nos retribuiu segundo as nossas iniquidades. Pois, quanto o céu está elevado acima da terra, assim é
grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto está longe o oriente do ocidente, assim
afasta de nós as nossas transgressões. Como um pai se compadece dos seus filhos, assim o Senhor
se compadece daqueles que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos
pó.»

Esperança, encorajamento e fé brotaram no meu coração. Com alegria recordei aquele claro e
soalheiro dia de Sábado, em Abril de 1947, quando fui baptizado na Igreja Adventista do Sétimo
Dia em Montreal, Canadá.

No Outono daquele ano o Senhor enriqueceu grandemente a minha vida quando, em 20 de


Setembro, eu e a Hilda nos unimos em matrimónio. A jovem
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noiva era uma jovem devota que compreendia o poder da oração mtercessoria, e que durante quatro
décadas tem sido o instrumento em assegurar do alto a ajuda divina que tem impedido Satanás de
me levar prematuramente à sepultura.

Lembrei-me de um número de acontecimentos anormais que podiam ter extinguido a minha vida se
o Espírito de Deus não me tivesse livrado miraculosamente. Por exemplo, uma noite eu conduzia
perto de Rushf ord, Nova Iorque, numa estrada gelada com montes de neve com 2,5 m de altura de
cada lado da estrada. Ao entrar numa curva deparei-me de frente com um cavalo que estava
atravessado, de pé, naquela estrada estreita. Muitos outros exemplos semelhantes passaram pela
minha mente.

Já extremamente cansado, pedi ao Senhor para me dar algum repouso, e eu conversaria com Ele em
oração às 3:00h da manhã quando as enfermeiras me acordassem para tomar os medicamentos.

A Hora do Livramento
Desde 1946, quando tive aquele encontro único com espíritos demoníacos, experimentara
momentos de medo ao pensar no futuro. Então o Espírito de Deus costumava abençoar-me levando-
me a ler duas porções da Escritura: Apocalipse
12:11: «E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro», e Romanos 8:38 e 39: «Porque estou certo de
que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o
presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá
separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor.»

Dessa maneira aprendi a fortificar-me nos méritos do sangue sacrifical de Cristo. E mais, tornei
parte das minhas devoções matinais rever os acontecimentos desse sacrifício lendo Mateus 27:24-
54. Essas práticas removeram todo o temor do destruidor, e serviram para me rodear de uma
atmosfera de luz e paz. Assim, após ter tomado os meus medicamentos às 3:00 h da manhã, revi
mentalmente aqueles versículos da Escritura acabados de mencionar. Apresentei perante o meu
grande Sumo Sacerdote no lugar Santíssimo do Santuário Celestial, as minhas necessidades
pessoais, dizendo-Lhe que se a minha peregrinação por esta terra do inimigo estivesse a chegar ao
seu fim, de bom grado a aceitaria, visto que a sorte comum da humanidade é ir para a sepultura
mais cedo ou mais tarde. Mas acrescentei: «Senhor, se for agradável à Tua vista, eu apreciaria que
honrasses as orações de todas as pessoas que estão a orar pela minha recuperação, a fim de que elas
as vejam respondidas, e a sua experiência cristã seja fortalecida. Se sim, então abençoa a parte
danificada do meu coração com o poder do Espírito de vida em Ti, esse grande poder que
ressuscitou Lázaro dos mortos, e concede-me força e energia suficientes para enfrentar as
necessidades e exigências deste dia.»

Por experiência eu aprendera que quando com fé nos apoderamos da Sua força, Ele mudará -
mudará maravilhosamente - a perspectiva mais desesperada e desencorajadora, se for da vontade do
nosso Pai celestial. Ao terminar a minha devoção matinal, apoderou-se de mim uma certeza de que
tudo estava bem, quaisquer que fossem os resultados.
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Dormi profundamente até às 6:00h da manhã quando chegou a enfermeira do laboratório para me
tirar sangue para análise. Às 7:30h o cardiologista aproximou-se da minha cama com um sorriso na
face, o que me levou a compreender que a sua preocupação sobre a minha condição tinha
diminuído. Ele começou por dizer que as coisas estavam a evoluir bem, e que uma grande mudança
para melhor tivera lugar, algo em que ele mal podia acreditar. Apontando para o monitor do coração
ele disse: ”A última vez que o vi, o monitor indicava que o seu coração estava a bater entre as 145 e
185 batidas por minuto. Agora está nas 80. Se a sua condição se mantiver assim boa até às
15:00h, mandarei transferi-lo para o serviço de cardiologia do hospital.”

Às 15:00h as minhas melhoras mantinham-se, e um empregado do hospital levou-me numa cama de


rodas para um belo quarto que o sol iluminava claramente. De repente compreendi que a minha
alegria pela vida aumentara como nunca dantes. Até a neve suja da cidade, por alguma razão,
despertou em mim um novo apreço ao contemplar os passarinhos a saltitar de um lado para o outro
sobre ela.

O Senhor estivera comigo através do «vale da sombra da morte», e eu alcançara novas alturas de
compreensão sobre o poder da oração intercessória. E embora eu quase tivesse passado o portal do
túmulo, avaliava agora a experiência, compreendendo que o Senhor da glória estivera ao meu lado
mediante a presença do Seu Espírito de uma maneira que nunca tinha conhecido antes.

Quase uma semana depois de ter sido admitido na sala de urgências, saí do hospital pelos meus
próprios pés. Esses pés podem não se ter movido muito depressa, mas transportaram-me de novo
para o mundo exterior, e isso foi maravilhoso.
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Capítulo 2

Permanecer em Tempo Santo


Foi no início da minha experiência cristã - e de certa maneira providencial - que senti a necessidade
de uma bênção especial do Espírito de Deus.

Numa Quarta-feira à noite, em Outubro de 1947, exactamente um ano depois de ter começado a
estudar a Santa Palavra de Deus, fui a uma reunião de oração na nossa Igreja Adventista do Sétimo
Dia em Montreal, Canadá. Depois da reunião o pastor perguntou-me se lhe podia fazer um favor.
Parte dos seus deveres consistia em passar o terceiro fim-de-semana de cada mês com os membros
da igreja de língua francesa na cidade de Quebeque. Ele estivera a dar estudos bíblicos a um casal,
de nome Gauvin, um casal sincero que amava o Senhor de todo o coração.

As Testemunhas de Jeová também tinham começado a estudar a Bíblia com eles. Após algum
tempo o casal Gauvin ficou confuso e angustiado. Não só tinham feito mudanças drásticas ao
abandonar os rituais e crenças da Igreja Católica Romana, como agora enfrentavam uma crise que
não conseguiam resolver.

O senhor Gauvin disse ao nosso pastor que após cada estudo bíblico, ele e a esposa ficavam com a
sensação de que os Adventistas estavam correctos quanto à maneira ideal de servir a Deus. A seguir
vinham as Testemunhas e após a sua visita, o casal convencia-se de que elas estavam certas. O casal
Gauvin chegou ao ponto de não mais querer continuar a viver uma experiência tipo ió-ió.

Então decidiram como iriam resolver o problema de uma vez por todas- convidariam um pastor
Adventista do Sétimo Dia e um servo das Testemunhas de Jeová para uma discussão frente a frente.
Estaria o nosso pastor disposto a participar num tal debate? As Testemunhas concordaram com o
debate e ansiavam pelo momento que, a seu ver, seria o maior acontecimento do ano, e uma vitória
capital para a honra de Jeová. O nosso pastor concordou com o debate numa data a decidir
posteriormente.
19
Numa Quarta-feira de manhã o pastor recebeu um telefonema do senhor Gauvin informando-o que
o debate teria lugar no Sábado seguinte às 20:00h. Ele enfrentaria o dirigente máximo das
Testemunhas, a pessoa encarregada das missões francesas em todo o Canadá. Gauvin acrescentou
que o homem tinha sido um sacerdote católico e que tinha um doutoramento em Teologia.

«Irmão Morneau, pode fazer-me um favor?» perguntou-me o pastor. «Importa-se de tomar o meu
lugar? Eu tenho de assistir a umas reuniões que começam Domingo de manhã na sessão da
Conferência de Qntário-Quebeque em Oshawa, Ontario. O presidente diz-me que não posso faltar.»

- E o primeiro ancião? - protestei eu.

-Já falei com ele, e ele não pode ajudar uma vez que vai estar fora durante o fim-de-semananum
acontecimento importante da família.

O meu pastor assegurou-me que eu estava bem preparado para a tarefa, porque eu tinha decorado
todos os versículos importantes da Escritura que esclareceriam muito bem a santidade do Sábado
bíblico, e, além do mais, o Senhor estaria certamente ao meu lado.

Olhando para a minha mulher, perguntei: «Que pensas disto?» Ela declarou que se sentia confiante
que o Senhor iria estar comigo, e além do mais, isso poderia vir a ser uma experiência valiosa,
«uma experiência que eu recordaria comprazer.»

- Pastor-repliquei-eu irei, mas com um profundo senso de incapacidade. Como Moisés eu digo:
«Quem sou eu, que vá a Faraó?»

Na Sexta-feira de manhã eu e a minha mulher, Hilda, apanhámos o comboio para a cidade de


Quebeque. A viagem foi agradável, uma vez que estava um dia belo, fresco e calmo, e toda a
Natureza parecia dizer silenciosamente ao nosso coração que o grande Monarca das galáxias
observava amorosamente o nosso Planeta.

O casal Gauvin informou-nos que teria muito prazer em que passássemos o fim-de-semana com eles
e que nos iriam buscar à estação do caminho de ferro. A reunião teria lugar na residência de uma
das Testemunhas, e iriam estar presentes algumas pessoas, a maioria, indivíduos que tinham estado
a ter estudos bíblicos com elas. A senhora Gauvin desistiu de assistir depois de uma das
Testemunhas lhe ter telefonado a dizer que iria haver uma discussão vigorosa e inflexível. A minha
mulher decidiu ficar com ela em casa.

O senhor Gauvin e eu fomos pontuais e ficámos surpreendidos por encontrar tantas pessoas
presentes. A sala de estar, que era grande, e a sala de jantar estavam apinhadas de gente. O dirigente
das Testemunhas de Jeová não ficou contente pelo facto do pastor Adventista não ter podido
comparecer. Ele sentiu-se diminuído e afirmou que nunca tinha tido um debate com um neófito.
Vinte minutos do tempo que lhe era concedido bastavam para resolver a questão de uma vez por
todas, provando, sem margem para dúvidas, que as Testemunhas de Jeová têm a verdade. Os 20
minutos acabaram por ser duas horas e meia.

Os argumentos e o raciocínio do homem eram difíceis de acompanhar, uma vez que ele se mantinha
a andar em círculos com a sua teologia. Sempre que eu o confrontava com provas bíblicas, ele fazia
uma rápida meia volta e detinha-se em círculos na direcção oposta. Era quase como tentar fazer sair
um coelho de um jardim com uma cerca à volta. Cada vez que a pequena criatura é encurralada num
canto, salta numa direcção inesperada e não a conseguimos apanhar.
Por exemplo, o homem alegava que Cristo não saiu da sepultura com uma forma corpórea, mas sim,
com um corpo espiritual - uma forma de espírito. Em resposta, li Lucas 24:36-43 que relata como
Jesus apareceu diante dos discípulos na tarde da Ressurreição. «E, falando eles destas coisas, o
mesmo Jesus se apresentou, no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco. E eles, espantados e
atemorizados, pensavam que viam algum espírito. E ele lhes disse: Porque estais perturbados, e
porque sobem tais pensamentos aos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou
eu mesmo: apalpai-me e vede; pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu
tenho.»

A Testemunha de Jeová afirmou que conhecia bem aquela passagem da Escritura, mas que não
podíamos tomá-la à letra. Então, ele prosseguiu usando alguns textos bíblicos dispersos, tomados
fora do contexto, para apresentar o assunto dum ponto de vista completamente diferente.

Abordámos muitos tópicos, e em todos eles o Espírito de Deus ajudou a ter uma linha de
pensamento apoiada pela Palavra de Deus. A certa altura o senhor Gauvin quis que discutíssemos o
assunto do Sábado do sétimo dia a fim de poder tomar uma decisão inteligente.

Como se esperava, o dirigente das Testemunhas afirmou prontamente que «os Sábados Judaicos
tinham sido cravados na cruz de Cristo e postos de lado. Que a cruz tinha libertado para sempre os
homens dos requisitos colocados sobre os judeus quando eles saíram da escravidão, uma restrição
necessária naquele tempo, com o intuito de quebrar o seu comportamento obstinado e
indisciplinado. Era um dia usado para os ensinar acerca de Deus. Mas agora estamos livres em
Cristo, e podemos usar melhor o sétimo dia da semana.»

Respondi que Deus nunca pretendeu que os homens considerassem o Sábado do sétimo dia como
uma instituição judaica. De facto, o Criador declarou a Sua verdadeira intenção e propósito em
palavras bem claras no final da semana da Criação. «E havendo Deus acabado, no dia sétimo, a sua
obra que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o
dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera» (Gén.
2:2-3).

Manifestamente Deus pretendeu que o Sábado bíblico permanecesse para sempre como um
memorial da Sua capacidade não só de criar, mas também de sustentar a Sua criação pelas eras
vindouras. Tendo como propósito trazer uma bênção especial a todos os que o observassem com
espírito devoto.

Li também o quarto mandamento com grande cuidado, colocando a ênfase devida nos lugares
apropriados, orando ao mesmo tempo para que o Espírito de Deus escrevesse indelevelmente essas
palavras sagradas nas mentes de todos.

Não foi possível dar um estudo bíblico normal sobre o Sábado, porque o homem contestava
implacavelmente tudo quanto eu dizia. Se não fosse pelo senhor Gauvin, eu teria pedido licença e
ter-me-ia retirado. Porém, estava determinado, com a graça de Deus, a resistir tenazmente.

O dirigente das Testemunhas de Jeová continuou a bater sempre na mesma tecla de que Cristo
cravara na Sua cruz o manuscrito das ordenanças, tirando-o do caminho dos cristãos. Por uma vez
eu pude concordar com ele e disse-lho.
Expliquei que Deus usara aquelas instituições para ensinar aos filhos de Israel a natureza do infinito
sacrifício que o Senhor da glória realizaria no Calvário. Quando Cristo morreu na cruz, perderam a
sua razão de ser.

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21
Depois li Deuteronómio 31:24-26: «E aconteceu que, acabando Moisés de escrever as palavras
desta lei num livro, até de todo as acabar, deu ordem Moisés aos levitas que levavam a arca do
concerto do Senhor, dizendo: Tomai este livro da lei, e ponde-o ao lado da arca do concerto do
Senhor, vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti.»

Depois apontei o facto de que Deus escrevera a lei moral - que incluía o Sábado bíblico - com o Seu
próprio dedo em duas tábuas de pedra. Os israelitas depositaram-nas dentro da arca do concerto,
enquanto colocaram as ordenanças escritas por Moisés do lado de fora entre a arca e uma tábua de
apoio. A maioria dos que estavam presentes revelaram grande surpresa ao perceberem a distinção.

O meu passo seguinte foi firmar nas suas mentes a solenidade - e a vasta diferença - que existe aos
olhos de Deus entre o que Ele declara ser santo e aquilo que é comum e ordinário.

Primeiro relatei a triste experiência de Nadab e Abiú, que perderam as suas vidas enquanto
oficiavam no santuário. Eles nunca tinham aprendido a diferenciar entre o santo e o profano, e
foram avante fazendo as coisas à sua própria maneira. «E os filhos de Aarão, Nadab e Abiú,
tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e puseram incenso sobre ele, e trouxeram
fogo estranho perante a face do Senhor, o que lhes não ordenara. Então saiu fogo de diante do
Senhor e os consumiu; e morreram perante o Senhor» (Levítico 10:1-2).

Foi uma triste e chocante experiência por que passaram os pais daqueles jovens para que o Senhor
ensinasse aos filhos de Israel a distinção entre o santo e o profano. O versículo 10 do mesmo
capítulo diz-nos que Deus informou Aarão sobre a lição que o Seu povo devia aprender da tragédia:
«Para fazer diferença entre o santo e o profano, e entre o imundo e o limpo.»

Então perguntei: «Não deveríamos nós prestar particular atenção ao mandamento de Deus para nos
lembrarmos do dia do Sábado para o santificar?” Um bom número de assistentes replicou que agora
viam que o assunto merecia consideração. Mas o pastor das Testemunhas de Jeová não estava
impressionado. De facto, ele afirmou que Deus no Velho Testamento nem sempre foi assim tão
exigente. «Tomai, por exemplo,” disse ele, ”os nossos primeiros pais. Quando Adão foi incapaz de
fazer conceber a sua esposa, um dos rapazes teve de ter relações sexuais com a sua mãe a fim de
iniciar o povoamento da terra.»

Naturalmente não podia acreditar no que ouvia. E percebi que embora o homem tivesse adquirido
um vasto conhecimento em muitas áreas, ele evidentemente não conhecia muito da Palavra de
Deus. Ficou chocado quando lhe pedi para ler Génesis 5:4: «E foram os dias de Adão, depois que
gerou Seth, oitocentos anos; e gerou filhos e filhas.» Então ele disse: «Isto mostra que uma pessoa
pode sempre aprender alguma coisa nova, não importa a idade que tenha.»

Infelizmente ele começou de novo a andar em círculos. Pediu cerca de 10 minutos para ilustrar
como a Bíblia nem sempre quer dizer o que diz. Consenti que ele prosseguisse, uma vez que eu
necessitava de um pouco de tempo para mim mesmo a fim de rogar a Deus que tocasse os corações
do grupo duma maneira tal como nunca tivessem sentido antes, especialmente o senhor Gauvin.

Quando comecei a orar desliguei-me do que o homem estava a dizer. Eu não queria saber do que ele
estava a falar. Em vez disso eu roguei: «Pai nosso que estás
nos Céus, Tu grande Monarca das galáxias, apelo-Te neste momento mediante os méritos do
precioso sangue de Cristo Jesus o Senhor da glória, derramado no Calvário para a salvação da
humanidade caída. Pai, apercebo-me que não estou a chegar a lado nenhum com o que tenho estado
a dizer até aqui. Preciso de ajuda, e preciso dela desesperadamente. As pessoas aqui presentes
poderão perfeitamente esta noite tomar decisões que determinarão se elas irão viver na Nova Terra.
Oh, se eu pudesse ter a língua de um anjo! Mas Pai, Tu tens algo muito melhor para oferecer: o
poder infinito da terceira pessoa da Trindade. O Espírito de vida, mediante o qual unicamente
podemos resistir e vencer o pecado e ver os nossos corações empedernidos mudados e cheios do
Teu próprio amor. Senhor, permite que o Espírito Santo faça um pouco de limpeza à casa agora
mesmo. Repreende o poder de Satanás e dos seus anjos, e circunda-nos a todos com uma atmosfera
de luz e paz, de maneira que cada um de nós possa, esta noite, tomar decisões inteligentes.
Obrigado de novo, Senhor, por ouvires e responderes às minhas orações.»

Instantaneamente tive um pensamento: fala-lhes da desconfiança em Deus e da descrença que enche


os corações humanos, e como isso destrói um vasto número de pessoas para a eternidade. «É isso
mesmo, Senhor, é isso mesmo! Obrigado, precioso Pai, obrigado.»

Sendo um recente converso, eu estivera a estudar diligentemente a Palavra de Deus e tinha acabado
precisamente de ler o Velho Testamento juntamente com os livros Patriarcas e Profetas e Profetas
e Reis. Da minha leitura, uma coisa me tinha impressionado acima de qualquer outra. Foi o facto de
o caído coração humano ferver de desconfiança de Deus e descrença. Não podemos escapar disso a
não ser que o Espírito Santo de Deus opere um milagre diário de redenção em nós.

Logo que o dirigente das Testemunhas de Jeová terminou e eu tive a oportunidade de falar outra
vez, eu disse: «Amigos, a razão por que nos encontramos aqui esta noite é porque amamos o Senhor
Jesus, que deu a Sua vida por nós no Calvário, e nós queremos servi-lo de todo o nosso coração.
Mas a maneira de o fazermos, nem sempre se apresenta verdadeiramente clara nas nossas mentes, e
constatamos que há uma certa agitação dentro de nós. Podemos até ficar completamente confusos.
Pode interessar-vos saber que milhões de indivíduos antes de vós tiveram exactamente a mesma
experiência.

Percebendo que tinha uma audiência cativa, continuei: «Como vêem, temos na nossa natureza caída
um elemento poderoso que procura constantemente separar-nos do nosso Criador, e sem dúvida nos
destruirá a não ser que o Espírito Santo de Deus quebre essa desconfiança e incredulidade. Sem essa
ajuda, estamos afundados.» Nunca antes eles tinham ouvido tão atentamente.

«Para verificar o que estou a dizer, tudo o que temos a fazer é confirmar o que a Bíblia nos diz
acerca daqueles que perderão a vida eterna. Lemos sobre Caim, que matou o seu irmão, porque a
crença de Abel era uma repreensão constante para ele. Pensem nas multidões de antediluvianos que
pereceram no Dilúvio. Ou nos descendentes de Noé cuja descrença e infidelidade os levou a
construir a Torre de Babel. Quando Deus chamou Abraão para sair de Ur dos caldeus, essa
descrença e infidelidade tinham-se espalhado por toda a raça humana. Lembrem-se dos filhos de
Israel que, durante 40 anos vaguearam pelo deserto, porque a sua incredulidade os impediu de
entrar na Terra Prometida.

22

23
Eu podia ver, pelas suas expressões, que o Espírito de Deus estava a operar com poder. ”Amigos, a
descrença em Deus e a infidelidade têm por vezes bloqueado as bênçãos de Deus. A Bíblia diz de
Jesus: ’E não fez ali muitas maravilhas, por causa da incredulidade deles’ (Mateus 13:58).

«Pensem nisso - pessoas privando-se das bênçãos de Deus por causa da sua incredulidade. Isso é
triste, triste, triste.” Durante cerca de 5 a 7 segundos o lugar esteve tão sossegado que se podia ouvir
um alfinete a cair no chão. Eu aguardei para ver para onde me conduzia o Espírito de Deus.

- Que devemos fazer para sermos ajudados a este respeito? - perguntou o senhor Gauvin, quebrando
o silêncio.

-Tudo o que vos posso dizer é o que tenho experimentado pessoalmente, e como isso tem
abençoado a minha vida. Em Efésios 2:8 lemos: «Porque pela graça sois salvos, por meio da fé». E
amigos, quanto a mim, a graça é o poder do Espírito Santo em acção. Por isso eu oro cada manhã:
«Pai nosso, que estás nos céus, rogo os méritos do precioso sangue de Cristo derramado no Calvário
como razão para poder receber ajuda na luta contra o mal. Pelo poder infinito do Teu Espírito
Santo, operando em meu benefício, por favor, salva-me hoje do meu eu, do pecado, do mundo e do
poder dos anjos caídos. Salva-me do eu, removendo do meu coração descrença e infidelidade, e
substitui-as por uma fé viva em Ti, de modo que eu creia na Tua palavra. Obrigado, Senhor, pela
Tua graça e pelo Teu amor.»

Eu expliquei como aquela oração me tem trazido paz, contentamento e sabedoria. «Penso que uma
pessoa é sábia crendo na Palavra de Deus. Quando Moisés se aproximou da sarça ardente, o Senhor
disse: Não te chegues para cá; tira os teus sapatos dos teus pés; porque o lugar em que tu estás é
terra santa’ (Êxodo 3:5). Se Moisés tivesse desconfiado e descrido de Deus, ele teria dito: Senhor,
eu não vejo nenhuma diferença neste solo. Estás certo que esta areia aqui é mesmo terra santa? Mas
Moisés aceitou a Palavra de Deus, tal como era o seu modo de vida.

-Amigos, nós podemos ter uma experiência de sarça ardente da mesma maneira que Moisés teve,
lembrando-nos do Sábado, o sétimo dia, para o santificar. Vós e eu podemos não estar em terra
santa, mas podemos estar em tempo santo, se acreditarmos na palavra de Deus e respeitarmos a
santidade do Seu santo dia de Sábado.

- A sua experiência, senhor Morneau, é debatível - interrompeu aTestemunha de Jeová.

Instantaneamente o senhor Gauvin levantou-se, e erguendo as suas mãos com um gesto para o
interromper, disse: «Pastor, não é necessário. O que o irmão Morneau nos disse, já o experimentei,
aqui mesmo, agora. Acompanhei-o enquanto ele orava. O Espírito de Deus abriu a minha
compreensão, e eu já fiz a minha decisão. Deste dia em diante eu e a minha família serviremos a
Deus da maneira que Ele quer que o façamos. Seremos Adventistas do Sétimo Dia pois eles têm a
verdade para estes tempos.

Quando eu ouvi aquelas palavras, o meu coração vibrou com uma alegria vinda do Céu. Que vitória fantástica
para Cristo o Espírito Santo de Deus tinha alcançado naquele lugar!

Sim, a minha mulher estava certa quando disse que a experiência podia tornar-se uma daquelas que eu haveria
de recordar com grande alegria.
24 ”” ” ’

Permanecer em Tempo Santo


Alguns meses mais tarde a família Gauvin e os filhos mudaram-se para Montreal, a fim dos
meninos frequentarem a escola da igreja. E durante um período de 6 anos antes de virmos para os
Estados Unidos, os Gauvins eram uns dos nossos melhores amigos.

Quão maravilhoso é o facto de que Deus nos constitui como canais para que o Seu Espírito abençoe
outros. Afirmações como a seguinte têm-me ajudado a esperar grandes coisas de Deus: «Para nós
hoje, assim como para os primeiros discípulos, pertence-nos a promessa do Espírito. ...Neste exacto
momento o Seu Espírito e a Sua graça são para todos os que precisam deles e que acreditam naquilo
que Deus diz» (Testimonies for the Church, vol. 8, pág. 20).
25
Capítulo 3

Crescendo na Graça e Conhecimento de


Deus
Antes de abordar os principais factores que activam o poder da oração intercessória, sinto que devo
relatar um número de experiências que Deus usou para me preparar a fim de mais tarde abençoar
outros através das minhas intercessões. Ajudaram-me a ver tanto a importância como o poder da
oração intercessória.

O apóstolo Pedro na sua segunda epístola aos cristãos do seu tempo, ao desejar-lhes o melhor no
seu caminho cristão, chamou a atenção deles para o facto de que as bênçãos divinas podiam, na
verdade, ser aumentadas nas suas vidas, se eles adquirissem uma melhor compreensão do nosso Pai
celestial e de Jesus nosso Senhor. «Graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de
Deus, e de Jesus, nosso Senhor! Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à
vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou por sua glória e virtude» (II Pedro 1:2-
3).

Uma passagem semelhante nos escritos de Ellen G. White tem feito mais pela minha experiência
cristã do que eu poderia alguma vez imaginar. Na última página de O Grande Conflito, ela
escreveu: «E à medida que os anos da eternidade decorrem, trarão mais abundantes e mais gloriosas
revelações de Deus e de Cristo. Assim como o conhecimento é progressivo, do mesmo modo o
amor, a reverência e a felicidade aumentarão. Quanto mais os homens aprenderem acerca de Deus,
mais admirarão o Seu carácter» (pág. 542).

Quanto mais pensava nestas palavras, mais desejoso ficava de estar um dia na NovaTerra. E disse
para mim mesmo: Porque esperar até ser imortalizado para gozar uma tal experiência? Porque não a
gozar agora? Após ter decorado aquelas linhas para que se tornassem mais significativas para mim,
comecei a pedir ao Senhor, diariamente, para me conceder a graça necessária para que aquelas
palavras se tornassem realidade na minha vida aqui e agora. Eis uma das muitas experiências que
contribuíram para que isso se concretizasse.

m
27
Aconteceu durante o Inverno, em Janeiro, para ser mais exacto. Durante alguns dias eu estivera a
estudar o conceito bíblico de fé. Embora a Escritura fale de um vasto número de pessoas cujas vidas
foram governadas pela incredulidade e desconfiança de Deus, também revela como certas pessoas
adquiriram uma fé viva ao desenvolverem uma confiança inabalável no nosso Pai celestial e no
poder do Seu Espírito Santo.

Uma afirmação de Ellen White também me encorajou: «A fé é inspirada pelo Espírito Santo, e ela
só florescerá à medida que for alimentada no espírito» (O Grande Conflito, pág. 424). Decidi
continuar a agradecer ao Senhor por todas e muitas vezes em que O Seu Espírito me deu fé, e pedi-
Lhe para a aumentar.

Naquela mesma manhã, nas minhas devoções, li a experiência de Filipe em Actos 8, em que um
anjo lhe disse para ir para o sul de Jerusalém, na estrada que vai para Gaza. Ali viu o tesoureiro de
Candace, rainha da Etiópia, sentado no seu carro lendo um rolo de Isaías. Então o Espírito de Deus
disse a Filipe: «Chega-te, e ajunta-te a esse carro.»

Como resultado, teve lugar um baptismo, e a Bíblia diz que «quando saíram da água, o Espírito do
Senhor arrebatou a Filipe». E ele se achou em Azoto, uma pequena cidade a cerca de 32 Km do
lugar onde deixara o eunuco.

Ao ler a história disse para mim mesmo: Que tempos emocionantes aqueles em que o Espírito de
Deus estava tão perto das pessoas! E durante o resto do dia meditei na história bíblica.

Naquele tempo era um vendedor, e naquela noite às 21:00h, tinha um encontro com um empreiteiro
que vivia numa estrada rural a cerca de 6,5 km a ocidente de Castile, Nova Iorque. A nossa casa
ficava em Curries, a cerca de 11 km de Árcade. Para evitar uma estrada em que teria de dar uma
grande volta na direcção leste, pedi informações a fim de tomar uma direcção mais directa,
seguindo por estradas secundárias que em princípio me poupariam muito tempo de viagem.
Infelizmente assim não aconteceu. Perdi-me três vezes por causa dos muitos cruzamentos, e virei
várias vezes onde não devia ter virado. Isto fez com que tivesse de parar nas quintas por onde
passava para pedir informações, e cheguei com quase uma hora de atraso.

Na ida verifiquei que o ponteiro da gasolina tinha baixado bastante, mas pensei que o melhor seria
encher o depósito depois em Castile. Pusemo-nos a conversar sobre os negócios, e o tempo passou
rapidamente. Quando acabei de preencher a nota de encomenda e estava preparado para partir, o
meu relógio indicava quase meia-noite. Nessa altura tinha-me esquecido completamente de que
precisava de gasolina. O empreiteiro, desejando evitar que eu fosse por Castile para apanhar a
Estrada 39, uma estrada estadual que me levaria na direcção oeste para Árcade e para casa, sugeriu
que eu andasse uns 5 km para oeste da sua casa e depois voltasse num cruzamento à esquerda que
me levaria directamente à Estrada 39.

Estava relutante em ir por aquele caminho, mas ele disse-me que não me enganaria porque havia
um enorme marco naquele cruzamento. Ao sair da porta para fora, fiquei instantaneamente gelado.
Ele olhou para o seu termómetro que marcava 20° negativos.

- Espero que tenha uma boa bateria - disse ele.

- Sim, senhor, uma das melhores para o Inverno. - Acenando-lhe o último adeus, parti. Devido ao
muito frio, tardou mais tempo do que o usual para que o
interior do carro se aquecesse, e isso absorveu toda a minha atenção. Eu tinha percorrido cerca de 8
km quando, de repente, o motor começou a perder força. Uma olhadela ao ponteiro da gasolina
disse-me que o depósito estava vazio. Fiquei aterrorizado ao perceber que a última quinta pela qual
tinha passado estava a mais de 2 km de distância, e não havia outras à vista.

Como um relâmpago veio-me à imaginação a perspectiva de me encontrar na cama de um hospital


com os dedos dos pés cortados. Sabem, quando eu tinha 17 anos, congelei os dedos dos meus pés
numa manhã, quando ao norte do Quebeque, a temperatura desceu até 41° negativos. Fiquei 5
meses no hospital. A carne ficou preta e acabou por cair dos meus dedos dos pés. Depois disso fiz
uma série de operações, enxertos de pele, etc. E no dia em que saí do hospital o cirurgião que me
tratara os pés chamou-me e disse-me que eu não devia mais viver naquela região da Terra. Ele
achava que os meus pés congelariam rapidamente se fossem expostos ao frio, e que a única coisa
que então podia ser feita era a amputação.

Agora, numa crise de medo, clamei: «Querido Jesus, por favor, ajuda-me.» Muitas vezes no
passado, quando confrontado com a destruição certa, eu tinha feito esse apelo por ajuda, e Jesus
nunca deixara de me atender. Imediatamente uma grande calma me sobreveio. Mas o carro
continuava a abrandar a marcha.

«Perdoa-me por estar tão alarmado, visto que nunca deixaste de me ajudar», pensei eu. «Ó Senhor,
eu sei que o Espírito de Deus, que transportou Filipe 32 km há tanto tempo, pode levar-me a mim e
a este carro por cima daqueles montes até Curries se Ele assim o desejar. Querido Jesus, que o
Espírito de Deus que controla os átomos, por favor, abasteça de combustível este carro de modo a
levar-me até casa sem parar. Obrigado, Senhor, pela Tua ajuda.»

Foi como se alguma coisa tivesse batido na traseira do meu automóvel, e ele foi impulsionado para
a frente; então o motor começou a acelerar e funcionou como nunca antes. O velocímetro subiu e
quando ele alcançou o limite da velocidade tive de aliviar o meu pé do pedal do acelerador, à
medida que o veículo continuava a avançar. Eagle Hill (o Monte da Águia) - que eu nunca tinha
subido sem reduzir para uma mudança mais baixa - agora subi-o em quarta. Feliz, louvei o Senhor
pelo Seu poder operador de milagres.

Comecei a recitar versículos das Escrituras, tais como o Salmo 107:1, 2 e 8: «Louvai ao Senhor,
porque ele é bom, porque a sua benignidade é para sempre. Digam-no os remidos do Senhor, os que
remiu da mão do inimigo. Louvem ao Senhor pela sua bondade e pelas suas maravilhas para com os
filhos dos homens.»

Louvando o Senhor com todo o meu coração e ao mesmo tempo chorando de alegria, senti que as
palavras do Salmo 105:1-5 nunca me tinham soado tão maravilhosamente. «Louvai ao Senhor, e
invocai o seu nome; fazei conhecidas as suas obras entre os povos. Cantai-lhe, cantai-lhe salmos:
falai de todas as suas maravilhas. Gloriai-vos no seu santo nome: alegre-se o coração daqueles que
buscam ao Senhor. Buscai ao Senhor e a sua força; buscai a sua face continuamente. Lembrai-vos
das maravilhas que fez, dos seus prodígios e dos juízos da sua boca.»

Entrei no meu quintal, subi um pequeno desnível, e depois de passar a entrada lateral da nossa casa,
o carro parou. Ele não chegou à garagem. Desligando a ignição, corri para casa, surpreendido por
ver as luzes acesas na cozinha.

29
Por volta das 23:45h a Hilda acordara, e vendo que eu ainda não estava em casa, ajoelhou-se e orou
a Deus pedindo o Seu amoroso cuidado sobre mim. Quando entrei, ela sabia que alguma coisa
grande e maravilhosa tinha acontecido. «Tu pareces estar muito contente! Quais são as boas
novas?»

Eu contei como o Espírito de Deus me tinha trazido para casa percorrendo


43,5 km sem gasolina nenhuma no depósito. Tivemos uma sessão de louvor ao Senhor, que durou
provavelmente uma hora, depois fomos para a cama, mas não conseguimos dormir a maior parte da
noite, pois continuámos a conversar sobre a minha experiência.

Na manhã seguinte tentei pôr o carro a trabalhar, mas não consegui. Tivemos de ir pedir gasolina a
um vizinho.

Encarando a Morte e Sem Tempo para Orar


Nada prepara uma pessoa para a oração sincera e de coração como a iminência da morte. E eu tenho
descoberto por experiência que nada acalma tão bem o temor como o decorar versículos da
Escritura que falem de livramentos de Deus em eras passadas. Nos momentos de necessidade o
Espírito de Deus fortifica a mente com o poder inerente à Palavra de Deus. No futuro não muito
distante o povo observador dos mandamentos de Deus passará por experiências terríveis à medida
que as forças das trevas redobrarem os seus esforços para abalar e destruir todos aqueles que não
estiverem ancorados na Rocha dos Séculos.

Tenho tido experiências que me teriam feito enlouquecer se não fosse o facto de ter fortalecido a
minha mente na Palavra de Deus, e confiado no Senhor para me ajudar a ultrapassar os obstáculos
que Ele tenha permitido colocarem-se no meu caminho. E deixe-me dizer-lhe que uma vez que
tenha passado através do fogo (por assim dizer) e o Espírito de Deus o tenha ajudado a passar a
salvo, você será uma pessoa diferente. Sentir-se-á muito mais perto de Deus.

Nos fins de Março, cerca de dois meses após o incidente atrás relatado, tivemos muita neve na parte
ocidental da área de Nova Iorque. No Concelho de Wyoming ao redor da área de Arcade-Rushford,
as máquinas de remoção da neve empilharam montes que, nalguns lugares, atingiam 3 m de altura.
Mas o rigor do Inverno começava a diminuir, o sol ganhava força e os dias começavam a crescer.

Numa certa noite, enquanto viajava para casa, ocupei o meu tempo a decorar II Crónicas 16:9:
«Porque, quanto ao Senhor, os seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com
aqueles cujo coração é perfeito para com ele.» Entretanto aproximei-me de Rushford, conduzindo a
uma velocidade razoável e afrouxando antes de cada curva, uma vez que era impossível ver se
vinha algum veículo em sentido contrário.

De repente cheguei a um troço de estrada que estava bastante escorregadio, pois alguma da neve se
tinha derretido durante o dia, e congelado de novo, depois do pôr do sol, deixando extensas
superfícies de gelo. Não podia travar para não perder o controlo do carro. Sem tocar no travão ou no
acelerador, deixava o carro entrar na curva na esperança de que nada viesse na direcção
oposta.

Ao entrar na curva vi que um grande cavalo estava no meio da estrada. Não havia maneira de não
bater nele. As minhas mãos gelaram no volante, e tudo quanto pude dizer num apelo por ajuda foi:
«Querido Jesus». Instantaneamente, uma força, que eu creio ter sido o Espírito de Deus, pois
sentira-a exactamente naquela noite dois meses antes, arrancou o volante das minhas mãos e
conduziu o carro na direcção das pernas dianteiras do cavalo. Exactamente antes do impacto o
animal ergueu-se nas patas traseiras e eu enterrei-me no meu assento para evitar apanhar com os
cascos na cara quando atingissem o pára-brisas.

Elas falharam 1 ou 2 cm e não tocaram no carro. A uma curta distância, mais abaixo na estrada,
consegui parar o carro e dar ao meu coração palpitante uns minutos para recuperar e ao mesmo
tempo fazer uma oração de acção de graças.

Compreendendo o perigo para os outros automobilistas, dirigi-me à primeira casa que encontrei na
estrada para saber se o cavalo era dali. Quando expliquei o que se tinha passado, o homem disse que
o animal pertencia a um vizinho e que era preso no estábulo durante os meses de Inverno. Pegando
no telefone, contactou o dono, que afirmou que o seu cavalo estava no estábulo há meia hora atrás
quando ele tinha acabado os seus afazeres na quinta. Contudo, ele ia verificar e logo voltaria a
telefonar.

Alguns minutos mais tarde chegou a mensagem de que o cavalo tinha saído do estábulo de uma
forma misteriosa. A porta estava aberta de par em par, a porta do palheiro também, e o animal tinha
desaparecido.

Nenhum dos homens podia explicar como tal tinha acontecido. Ninguém podia ter-se aproximado
do palheiro sem ser visto, já que a entrada ficava em frente da grande janela da cozinha onde estava
a família na altura. «É estranho, muito estranho», disseram eles.

Eu e a minha mulher tivemos outra sessão de louvor ao nosso Pai celestial. No Sábado seguinte
contei a experiência à minha classe da Escola Sabatina, e as pessoas rejubilaram comigo. A morte
tinha-me confrontado face a face, mas os olhos do Senhor estiveram sobre mim, e o Seu Espírito
trouxe livramento. Esse incidente ajudou-me a crescer no conhecimento de Deus.

Lamentações 3:22-26 contém palavras especiais de esperança e certeza do amoroso cuidado


protector de Deus por aqueles que colocam as suas vidas sob a Sua protecção. «As misericórdias do
Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim. Novas
são cada manhã; grande é a tua fidelidade. A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto,
esperarei nele. Bom é o Senhor para os que se atêm a ele, para a alma que o busca. Bom é ter
esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor.»

Durante quase 20 anos trabalhei no departamento de vendas de anúncios (páginas amarelas) para as
Companhias de Telefones Bell and Continental em Ohio, Nova Iorque e Pensilvânia. Durante os
últimos 5 anos desse período, fui director de vendas da firma Mast Advertising and Publishing de
Overland Park, Kansas, publicadores de listas telefónicas para a Continental Telephone e outras
companhias independentes de telefones. Eu era responsável pelo pessoal que trabalhava nas listas
telefónicas da Divisão Nordeste, que cobria uma área de 8 estados.

Anualmente viajava entre 40.000 a 70.000 km. Viajava debaixo de tempestades de chuva, de neve,
nevoeiro denso, e outras condições desfavoráveis.
Frequentemente vi carros que vinham contra mim, e que eram, sem dúvida, conduzidos por
condutores embriagados ou indivíduos sob o efeito de drogas.

Ser-se esmagado num carro em auto-estrada é algo que já não atrai muito a atenção da comunicação
social, mas ser-se esmagado dentro dum carro num parque de estacionamento da Sears poderia
receber destaque de primeira página nos principais jornais.

Em Dezembro de 1971, estava a trabalhar para a Companhia de Telefones Watertown, Nova Iorque.
Durante algumas noites houve frio excessivo para a época do ano, e eu quis certificar-me que a
minha bateria não iria falhar. Assim decidi ir ao departamento de automóvel da Sears para
verificarem.

Era uma manhã de muito trabalho nos serviços do departamento, sem dúvida por causa da onda de
frio que tinha apanhado a muitos de surpresa. Não sendo possível levar o carro para dentro de portas
(os parques interiores estavam cheios), o chefe dos serviços trouxe um aparelho de testes para junto
do carro, realizou os testes necessários e disse-me que a bateria duraria ainda outro Inverno sem
quaisquer problemas.

Entretanto um grande camião com atrelado, com 27 toneladas de carga, estacionara atravessado
atrás do meu carro enquanto o condutor ia até à loja para receber instruções de descarga. O meu
carro estava estacionado em frente ao prédio, sendo impossível sair dali. Na altura eu conduzia um
pequeno Saab. O chefe dos serviços sugeriu que eu recuasse um pouco por baixo do enorme
atrelado, pois havia espaço suficiente para o fazer. Ele ajudar-me-ia a fazer a manobra.

O motor do camião estava parado e os travões accionados, caso contrário ele teria ido encosta
abaixo, uma vez que o parque de estacionamento ficava num declive.

Lentamente fiz marcha atrás sob as instruções do chefe dos serviços. Quando tinha todo o carro
debaixo do atrelado, excepto o motor, senti de repente aquele mesmo sentido de urgência que tinha
experimentado em emergências anteriores. Lembro-me de ter tirado a alavanca das mudanças da
posição de marcha atrás; e então, o que pareceu ser um poderoso e repentino impulso empurrou o
carro para a frente. Se eu não tivesse o meu pé no travão teria batido no prédio. Mesmo com aquele
enorme empurrão, o veículo não conseguiu sair completamente da trajectória do atrelado que
repentinamente disparou para trás, atingindo o pára-choques traseiro e arrancando os faróis
traseiros. O choque atirou a parte traseira do carro cerca de um metro para o lado.

As pessoas que me tinham visto a recuar para baixo do atrelado correram para o carro a ver se eu
estava bem. Embora abalado eu não estava magoado. Elas continuaram a perguntar: «O senhor está
bem? O senhor é um homem de sorte! Quase que ficava esmagado. Como conseguiu andar com o
carro tão rapidamente para a frente? Como soube que o atrelado ia andar? Como conseguiu parar o
carro sem que tivesse batido contra a parede?» Uma mulher idosa declarou: «O seu anjo salvou-lhe
a vida. Deus deve certamente amá-lo muito.» Um homem disse: «Amigo, você quase ficava
espalmado dentro daquele carro. O senhor deu-se conta disso?»

O camião danificou vários carros, deu uma guinada, depois parou ao destruir metade da parte
traseira de um Chrysler grande. O condutor do camião apareceu
e veio a tempo de ver o seu veículo a chocar contra o último carro. Incapaz de acreditar no que
via, afirmou categoricamente que tinha o camião engatado em primeira e o travão de mão puxado.
O dono do Chrysler estava furioso. Ele e a sua esposa tinham acabado de sair do carro escassos
segundos antes do acidente e dirigiam-se para a loja; eles tiveram de fugir para não serem colhidos.
Ele começou a insultar o condutor com vários nomes feios, incluindo o de idiota por ter deixado um
camião com atrelado estacionado sem ficar devidamente travado. Decidido a verificar in loco se os
travões estavam accionados, tentou entrar na cabina do camião, mas o condutor não permitiu que
ninguém entrasse e ele próprio permaneceu fora até a polícia de Watertown ter chegado para fazer
um relatório do acidente.

Rapidamente um grande número de pessoas se juntou ali, querendo saber o que acontecera. Elas
estavam admiradas por eu ter escapado a uma morte certa. Quando a polícia chegou, os agentes
tentaram dispersar a multidão e desimpedir o caminho para que o trânsito pudesse fluir, mas as
pessoas não queriam abandonar o local.

Um dos agentes subiu à cabina do camião para examinar os controlos. Ele declarou ao seu colega
que a ignição estava desligada e que a alavanca das mudanças estava engatada e que a luz no painel
dos instrumentos de controlo estava acesa, indicando que o travão estava accionado. Naturalmente
ele não conseguia compreender o que fez com que o camião se tivesse posto em movimento, como
aconteceu.

Quando ele preparou o seu relatório eu fui o primeiro a ser entrevistado. No final ele disse: «Senhor
Morneau, o senhor é uma pessoa com muita sorte pelo facto de estar vivo neste momento. Um
segundo mais debaixo daquele atrelado, e não estaria aqui a fazer um relatório do acidente. Pelo
contrário, seria a notícia da primeira página do jornal da tarde, e eu posso imaginar como essa
notícia seria lida.»

Enquanto conduzia, depois de ter deixado aquele lugar, as palavras: «As misericórdias do Senhor
são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim. Novas são cada
manhã» afloraram na minha mente.

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33
Capítulo 4

A Unidade de Cuidados Intensivos de


Jesus
Ao estudar acerca do poder e do impacto da oração intercessória, tanto na Bíblia como nos escritos
de Ellen White, concluí que é necessário estar-se devidamente preparado para conduzir um bem
sucedido ministério de oração intercessória.

A coisa mais importante que precisamos de receber é uma mente como a de Cristo. «De sorte que
haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus» (Fil. 2:5), disse Paulo. Na
versão inglesa aparece assim este versículo: ”Haja em vós esta mente, que também houve em Cristo
Jesus”. Quando Eutico «caiu do terceiro andar, ...e foi levantado morto», ele pôde dizer: «Não vos
perturbeis, que a sua alma (vida) nele está» (Actos 20:9, 10). Ele tinha visto as suas orações
silenciosas respondidas diante dos seus olhos tantas vezes que sabia, sem qualquer dúvida, que
Deus tinha ouvido o clamor do seu coração quando correra escadas abaixo para junto do jovem.

Posso imaginar ele a dizer: «Querido Jesus, Tu és Senhor do impossível. Por favor transforma esta
desgraça de maneira a que o Teu povo exalte o Teu grande nome numa sessão de louvor que
continue o resto das suas vidas ao recordarem este acontecimento. Obrigado, Senhor, pelo Teu amor
e a Tua graça.»

Assim comecei a orar para o Espírito Santo me conceder a mente de Cristo. Mas depois de algum
tempo o Espírito de Deus levou-me a compreender que eu não sabia realmente o que estava a pedir,
e que Deus não pode responder efectivamente quando permanecemos ao nível das generalidades.

Daquela altura em diante as minhas orações começaram a ter um significado completamente novo.
Nunca mais usei expressões vagas, tais como, ”Senhor, por favor, abençoa esta pessoa.” Em vez
disso passei a pedir a Deus para abençoar uma pessoa de modo específico, para que eu pudesse ver
que Ele estava a responder às minhas orações ao

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acontecerem perante os meus olhos as coisas que eu pedira. Por outras palavras, eu estava a
aprender a fazer orações significativas, e a compreender que não podemos fazê-las a correr. Uma
oração não apressada e significativa leva tempo e à primeira vista não é apeladora à mente humana,
mas eu descobri que ela produz grandes resultados.

Ao continuar a orar para receber a mente de Cristo, tornou-se-me claro que uma mente como a
d’Ele significaria que eu teria de pensar como Ele pensa e sentir como Ele sente sobre a vida no
nosso planeta caído, até que eu, por minha vez, começasse a agir como Ele agiria se estivesse no
meu lugar. Noutras palavras, eu passaria a ter um estilo de vida segundo o padrão da sua própria
mente justa.

Eu lera nos escritos de Ellen White que os primeiros discípulos tinham esperado e orado para que
uma experiência similar coroasse as suas próprias vidas enquanto esperavam pelo cumprimento da
promessa do Espírito.

«Ao meditarem na Sua vida pura e santa, eles sentiram que nenhum trabalho era demasiado árduo,
nenhum sacrifício demasiado grande, se tão-somente pudessem testemunhar com as suas vidas da
amabilidade do carácter de Cristo» (Actos dos Apóstolos, pág. 36).

Embora o meu raciocínio fosse em grande medida correcto, eu não compreendia realmente a
vastidão das bênçãos que nos aguardam mediante o carácter de Cristo. Eu acabara de tocar apenas
uma parte muito pequena do que constitui a mente de Cristo. Ao continuar a ler na Escritura e nos
escritos de Ellen White, a minha compreensão cresceu. Por exemplo, a senhora White escreveu
sobre o nosso Salvador: «Não para Si mesmo, mas para outros, Ele viveu, pensou e orou. ...
Diariamente recebia um novo baptismo do Espírito Santo» (Parábolas de Jesus, pág. 139). Concluí
que eu não podia esperar operar com êxito num mundo de pecado com menos graça do que aquela
pela qual Jesus tinha orado e recebido durante a Sua vida na Terra.

Então acrescentei às minhas petições diárias a Deus o pedido de um novo baptismo do Espírito
Santo. Pedi que o Espírito de Deus me habilitasse a obter um maior conhecimento do meu Senhor e
Salvador, e do poder da Sua ressurreição, o que o apóstolo Paulo ansiou profundamente (Filipenses
3:10). E para minha grande surpresa, começaram a acontecer coisas na minha vida que eu não tinha
esperado e nunca teria pensado serem possíveis.

Durante meados da década de 1960, enquanto trabalhava na Companhia de Telefones de Hudson,


Ohio, Deus abençoou especialmente a minha experiência cristã e começou a fazer de mim um canal
para «o fluxo da mais elevada influência no universo» (Testimonies for the Church, vol. 8, pág. 22).
Alguns meses antes eu tinha mudado de trabalho. Passei a vender anúncios para as listas
telefónicas, isto é, para as páginas amarelas. Após ter passado quase um mês na escola de formação
em Dayton, Ohio, a companhia designou-me para trabalhar em pequenas listas telefónicas no
Estado de Nova Iorque para ganhar experiência. Depressa me puseram em projectos maiores, e não
muito depois encarregaram-me da lista telefónica de Hudson, Ohio, uma área geográfica coberta
pela Companhia de Telefones da Mid-Continent.

Além de contas comerciais dos telefones da área de Hudson, tinha de contactar firmas comerciais
localizadas nas cidades de Akron, Kent e Ravena. O trabalho era interessante, mas ao mesmo tempo
de certo modo exigente. Desafiava a nossa

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criatividade fazer anúncios que satisfizessem as necessidades das firmas. Se os anúncios não
trouxessem mais clientes, no ano seguinte o dono da firma cancelá-

-los-ia.

Todas as noites procurávamos preparar anúncios que fossem atraentes e informativos. Eram
necessários 6 indivíduos durante 3 semanas para elaborar a lista de Hudson, enquanto no caso da
lista da área de Búfalo, Nova Iorque, 43 pessoas despendiam 6 meses a trabalhar.

O tempo era precioso, visto que se tinha de lidar com um certo número de contas cada dia a fim de
se poder encerrar a lista a tempo. Visitar as firmas pessoalmente podia significar despender muito
tempo se os anunciantes tivessem anúncios com várias classificações e tivessem adquirido
diferentes linhas de produto. Isso requeria uma mudança de cópia para introduzir nova informação e
eliminar o que não mais era necessário.

Um factor que tinha muito a ver com o êxito de alguém era encontrar os proprietários das firmas
nos seus estabelecimentos. Se eles estivessem ausentes, isso significava ter de voltar mais tarde para
os contactar, o que fazia perder um tempo precioso e impedia que visitássemos outros clientes.
Bastava, para chegar a uma situação de crise, ter a infelicidade de encontrar a maioria dos
proprietários ausentes dois ou três dias seguidos. Além do mais, quando uma pessoa se sente
pressionada pelo tempo, a tensão sobe, e é difícil trabalhar eficazmente.

Como as pessoas ligadas a negócios enfrentam grande pressão, se o representante das páginas
amarelas não puder manter uma atitude alegre, agradável e diplomática, pode perder as receitas dos
anúncios e mesmo o próprio contrato. Logo no início desta carreira aprendi que necessitava de orar
a sós a fim de ter êxito. Compreendi rapidamente que necessitava das bênçãos especiais de Deus
para evitar ser esmagado pela pressão.

De facto, eu não teria entrado neste ramo de trabalho se não fosse crer firmemente na fórmula de
êxito que o Senhor deu a Josué quando assumiu a responsabilidade de dirigir os filhos de Israel.
«Como fui com Moisés assim serei contigo. ... Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para
teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei que o meu servo, Moisés, te ordenou: dela não te
desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te conduzas, por onde
quer que andares. Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes, medita nele, dia e noite, para
que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque, então, farás prosperar
o teu caminho, e, então prudentemente te conduzirás» (Josué 1:5-8). Na Bíblia inglesa diz nesta
parte final: «então terás bom êxito».

Como parte do povo que observa os mandamentos de Deus, senti que o Senhor estaria comigo de
maneira semelhante.

Durante o meu trabalho na companhia de telefones de Hudson, Ohio, a declaração do livro


Parábolas de Jesus continuou a aflorar à minha mente: «Não para Si mesmo, mas para outros Ele
viveu, pensou e orou. Diariamente Ele recebia um novo baptismo do Espírito Santo. Ao orar para
que o mesmo poder entrasse na minha vida, começou a operar-se uma mudança na maneira como
eu via e considerava as outras pessoas.

Um dia dirigi-me a uma oficina de bate-chapa e pintura. Ao rever a cópia no seu quadro de
anúncios, o proprietário disse-me que precisava de alguns dias
para decidir, uma vez que estava a pensar fechar a oficina (se o fizesse, cancelaria o seu anúncio).
Perguntei-lhe porquê, uma vez que parecia ter um negócio muito próspero.

«Eu posso contar-lhe o meu problema. Por favor, importa-se de fechar a porta do escritório?»

Quando me sentava de novo, ele disse: «Não sei porque lhe estou a contar isto, pois nunca o disse a
alguém. Eu tenho uma péssima situação em casa que está a piorar de dia para dia. A minha mulher e
eu não nos estamos a dar bem, e eu cheguei ao ponto em que sinto que devo fechar esta oficina,
mudar para a Califórnia com o meu filho de 16 anos, e pedir o divórcio. Esta é a razão por que me é
muito difícil fazer uma decisão final sobre o meu anúncio.»

Considerando a pressão do meu programa e o treino que tinha recebido, o mais indicado num caso
destes seria cancelar o anúncio (eu precisava da assinatura do homem para o cancelar) e explicar
que eu o poderia fazer entrar caso ele telefonasse à companhia antes da lista telefónica ir para a
tipografia. Isso evitar-me-ia o trabalho de voltar de novo, e dar-me-ia a oportunidade de usar o meu
tempo vendendo anúncios a outras firmas.

Mas eu não fiz isso, porque continuei a ouvir aquelas palavras: «Não para Si mesmo, mas para
outros, Ele viveu, pensou e orou.» Senti-me forte enquanto o homem descarregava o seu fardo e eu
orava silenciosamente por ele. Então perguntei: «Importa-se de me contar como chegou a uma
situação tão má?»

- Tudo começou há 3 anos atrás - disse ele - pouco depois de termos mudado para a nossa nova
casa. A minha mulher começou a exigir de mim coisas ridículas. Ela queixava-se que eu não lhe
dedicava muito do meu tempo e que eu amava mais o meu trabalho do que a ela. Concordei que
despendia muito tempo a dirigir os meus negócios - servir o público exige tempo. Então tentei
explicar-lhe que para adquirir todas as coisas que ela me tinha pedido, eu devia trabalhar muitas
horas e que não havia outra saída. Mas por qualquer razão ela não conseguiu compreender e
continuou a aborrecer-me e a acusarme de ser duro de coração. Chegou ao ponto de estar tão furiosa
que atirava pratos para o chão.

-Já pensou em receber aconselhamento de um profissional sobre o assunto?

- Sim, fizemo-lo no ano passado. Ajudou durante algum tempo, mas a sua ira voltou a reaparecer.
Digo-lhe, ela não é a mesma pessoa com quem vivi durante tantos anos. Ela passa momentos em
que é realmente meiga, logo a seguir, sem nenhuma razão aparente, a sua personalidade muda, e
torna-se mesquinha e má. Uma coisa eu sei com certeza. Eu não consigo continuar a viver desta
maneira.

Gostaria de ter podido falar-lhe de Deus, mas não podia porque na escola de treino os instrutores
tinham-nos dito, em palavras categóricas, que era contra os regulamentos da companhia falar de
política ou religião com clientes das páginas amarelas, e que o tempo da companhia é estritamente
para fazer vendas.

Em vez disso sugeri que voltaria dentro de duas semanas para lhe dar a oportunidade de decidir
sobre o anúncio nas páginas amarelas. Ele ficou satisfeito com isso, e ao deixar o seu escritório,
mencionei-lhe que iria lembrar-me dele e da esposa nas minhas orações. O homem agradeceu-me
pelo interesse que demonstrei pelo seu problema.
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Enquanto me dirigia para o próximo cliente, pensando nas suas dificuldades, senti uma grande
preocupação pelo bem-estar deste casal, algo que nunca tinha sentido antes por pessoas
completamente estranhas. Então o Espírito de Deus lembrou-me alguma coisa que tinha decorado
há bastante tempo. «O Filho de Deus, olhando o mundo, contemplou sofrimento e miséria. Com
piedade Ele viu como os homens se tinham tornado vítimas da crueldade satânica. Ele olhou com
compaixão aqueles que estavam sendo corrompidos, assassinados e perdidos» (O Desejado de
Todas as Nações, págs. 37 e 38).

Agora eu compreendi que a maneira como me sentia era, sem dúvida, o resultado de Cristo me
comunicar o Seu compassivo amor pelo Espírito Santo em resposta à oração. Um desejo repentino
de parar e orar por eles apoderou-se de mim quando passava junto a um supermercado. Virando
para a área de estacionamento, conduzi o carro para as traseiras e desliguei o motor. Ao fazê-lo
disse para mim mesmo: «Eu só desejaria que o nosso Senhor tivesse uma unidade especial de
cuidados intensivos para aqueles que estão devastados pelos estragos do pecado e oprimidos por
Satanás.»

A minha mulher, que é enfermeira, estava na altura a trabalhar na unidade de cuidados intensivos de
um grande hospital. Alguns dias antes tínhamos falado sobre o seu trabalho, e eu tinha ficado
fascinado pelo cuidado e dedicação que as enfermeiras exerciam para com os seus doentes. Ansiei
semelhante ajuda para os que estão enfrentando crises.

Tirando a minha Bíblia da pasta, abri-a no capítulo 27 de Mateus e li algo sobre a Crucifixão. Então
roguei em oração os méritos do sangue que Cristo tinha derramado no Calvário como a razão pela
qual o homem com quem acabara de falar, e a esposa, devessem receber ajuda divina.

De repente lembrei-me de um curto artigo, que tinha lido há algum tempo, sobre a disponibilidade
do poder divino em tempos de necessidade. Tinha sido num dos Testimonies f or the Church
(Testemunhos para a Igreja). De novo peguei na pasta e tirei um dos volumes. Sabem, eu tinha
sempre comigo aquela pasta, de dia e de noite. Ela continha a minha Bíblia, a série dos livros do
Grande Conflito, os Testemunhos para a Igreja, Parábolas de Jesus, e outros livros. Como nunca ia
a um restaurante, mas comprava frutas e oleaginosas para comer dentro do carro, passava sempre a
minha hora do almoço a ler.

Faltava um quarto para o meio-dia e eu, decidi fazer o meu intervalo de almoço. Procurando aquele
artigo, encontrei-o, começando na página 19 do volume 8 dos Testemunhos, sob o título ”O Poder
Prometido”: «Deus não pede para fazermos com a nossa própria força o trabalho diante de nós. Ele
proveu assistência divina para todas as emergências para as quais os nossos recursos humanos são
insuficientes. Ele dá o Espírito Santo para ajudar em cada apuro, para fortalecer a nossa esperança e
certeza, para iluminar as nossas mentes e purificar os nossos corações. .. .Cristo fez provisão para
que a Sua igreja seja um corpo transformado, iluminada com a glória do Céu, possuindo a glória de
Emanuel. É Seu propósito que todo o cristão seja rodeado por uma atmosfera espiritual de luz e
paz.»
Então imaginei que um cristão dedicado, amante de Deus, não ficaria satisfeito em receber apenas
para si mesmo essa atmosfera espiritual de luz e paz, mas traria os pobres em justiça, os coxos e
aleijados que tiveram colisões frontais com
39
Respostas Incríveis à Oração

o pecado, e os oprimidos por Satanás, para que pudessem participar desse mesmo ambiente
espiritual.

O primeiro parágrafo da citação causou um impacto especial sobre mim, enquanto o lia um bom
número de vezes. Ao meditar nela lembrei-me da declaração que se encontra nas páginas 729 e 730
de O Desejado de Todas as Nações, que diz que o Espírito Santo de Deus é o único meio pelo qual
podemos resistir e vencer o pecado. Somente o Espírito Santo pode dar-nos a vitória sobre o eu, o
mundo e os anjos maus.

«Ao descrever aos Seus discípulos o ministério do Espírito Santo, Jesus procurou inspirá-los com a
alegria e esperança que inspirou o Seu próprio coração. Ele regozijou-Se com a ajuda abundante
que tinha provido à Sua igreja. O Espírito Santo era o mais elevado de todos os dons que ele podia
solicitar ao Seu Pai para a exaltação do Seu povo. O Espírito devia ser dado como um agente
regenerador, e sem isto o sacrifício de Cristo teria sido em vão. O poder do mal tinha estado a
fortalecer-se durante séculos, e a submissão dos homens a este cativeiro satânico era surpreendente.
O pecado podia ser resistido e vencido unicamente pela poderosa agência da terceira pessoa da
Trindade, que haveria de vir com energia não modificada, mas na plenitude do poder divino. É o
Espírito que torna eficaz o que foi operado pelo Redentor do mundo. É pelo Espírito que o coração
é purificado. Cristo deu o Seu Espírito como um poder divino para vencer todas as tendências
herdadas e cultivadas para o mal.»

Então fiquei profundamente convencido de que as minhas orações pelos outros tinham pouco valor
se eu não pedisse com fervor para o poder infinito da terceira pessoa da Trindade operar milagres de
redenção nas vidas daqueles por quem eu orava.

Como Jesus Se regozijou pela ajuda abundante que Ele tinha provido à Sua igreja, de modo idêntico
o meu coração vibrou ao ver e compreender o que o Espírito Santo podia fazer para transformar
outros. Uma pequena informação adicional que se encontra na página 20 do volume 8 dos
Testemunhos completou o meu quadro mental sobre a provisão que Jesus fez para que indivíduos
doentes pelo pecado recebam o cuidado intensivo de Deus pelo Espírito Santo. E descobri que a
ajuda está disponível mesmo agora.

«A nós hoje, tão certamente como aos primeiros discípulos, pertence-nos a promessa do Espírito. ...
Nesta hora precisa o Seu Espírito e a Sua graça são para todos os que deles precisarem e que
acreditam na Sua Palavra.»

Deus estava a conduzir-me a um ministério de oração que haveria de abençoar as vidas de muitas
pessoas, trazendo-lhes a paz do Seu amor num mundo cruel.

O tempo que eu despendera ouvindo aquele homem a contar-me os seus problemas, Deus ajudou-
me a recuperá-lo naquela tarde. Em todas as visitas encontrava os proprietários nas suas firmas,
com boa disposição, e interessados em ter um maior e melhor programa nas páginas amarelas. No
fim do dia fiz as minhas contas e descobri que fora o meu melhor dia de sempre em receitas
líquidas. Isso agradou imenso ao meu chefe, que me pediu para transmitir o segredo do meu sucesso
aos outros vendedores de anúncios. Eu fi-lo afirmando que o grande Monarca das galáxias tinha
coroado os meus esforços com a sua bênção divina.

Para assegurar a ajuda divina ao proprietário da oficina e à sua esposa, vivi as duas semanas que se
seguiram dum modo um pouco diferente. Todas as noites regulava o despertador para 15 minutos
mais cedo do que o habitual, porque queria começar cada novo dia orando pelo casal. Após
reconsagrar e rededicar a minha vida a Deus, intercedia junto d’Ele em seu favor. Com a Bíblia
aberta no capítulo da Crucifixão, Mateus 27, eu rogava os méritos do sangue de Cristo como a razão
para que eles recebessem uma ajuda especial nas suas

vidas.

A minha intercessão foi algo assim: «Precioso Pai celestial, desejo agradecer-

-Te primeiro por teres permitido que Jesus viesse e vivesse entre nós e depois comprasse a nossa
redenção por tão elevado preço. Além disso, desejo expressar o meu apreço por me teres honrado
tanto perante os habitantes das galáxias e os anjos do Céu ao teres-me feito membro das forças de
resistência de Jesus num mundo ocupado pelo pecado.

«Também me regozijo pelo facto de teres abençoado a Tua igreja que guarda os mandamentos com
o dom do Espírito de Profecia, revelando-nos por ele as muitas funções que o Espírito Santo pode
realizar para operar a salvação humana, e encerrar a Tua missão na Terra com poder e grande glória.
Gracioso Pai, porque a Pena Inspirada se referiu a Ti como Pai de infinita piedade’, eu não hesito
em trazer à Tua atenção as vidas do senhor e da senhora A.

«Eu compreendo que eles têm estado sob o constante ataque de Satanás e têm lutado contra
pensamentos e experiências deprimentes. Sim, as suas vidas estão numa triste condição, e eu recuso
sentar-me acomodado e nada fazer enquanto os inimigos de Deus aumentam os seus esforços para
derrotar a obra de Cristo em favor do homem, e prender almas nas suas ciladas.

«Rogo, ó Senhor, os méritos do sangue que o Senhor da glória derramou no Calvário para a
remissão dos pecados, para a salvação deste casal. Tu sabes, Pai, que eu não hesito em pedir o poder
divino da terceira pessoa da Trindade para repreender Lúcifer e os espíritos seus associados por
controlarem vidas humanas. Quando eu era espírita, as súplicas perseverantes de Cyril e Cynthia
Grosse em meu favor abriram o caminho para o Teu Espírito Santo me proteger das actividades
demoníacas durante uma semana, fazendo com que me fosse possível receber estudos bíblicos e
aceitar Cristo como meu Senhor e Salvador.

«Portanto, Pai, possa o Teu Espírito Santo incidir sobre o senhor e a senhora A. neste dia, rodeando-
os com uma atmosfera de luz e paz, permitindo-lhes tomar decisões inteligentes nesta vida presente
e para a eternidade. Eu sei, Senhor, que Tu não forças ninguém quanto a um curso específico de
acção, mas Tu és capaz de ajudar pessoas a tomarem decisões certas.

«Nem hesito em pedir que milagres poderosos da graça divina aconteçam nas suas vidas, uma vez
que Cristo já pagou o preço por qualquer e todas as bênçãos que o Céu pode conceder.

«Quanto a mim, como intercessor em abrir o caminho para a terceira pessoa da Trindade operar de
maneira poderosa em favor deles, eu apreciaria ver as minhas orações respondidas diante dos meus
olhos quando lá voltar dentro de duas semanas, e possa um derramamento das bênçãos do Espírito
chover sobre mim de modo a ser capaz de dizer como Job no passado: Ouvindo-me
40

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__

algum ouvido, me tinha por bem-aventurado; vendo-me algum olho, dava


testemunho de mim; porque eu livrava o miserável, que clamava, como também o órfão que não
tinha quem o socorresse. A bênção do que ia perecendo vinha sobre mim, e eu fazia que rejubilasse
o coração da viúva’ (Job 29:11-13).

«E Pai, possa esta experiência aproximar-me mais do meu Salvador, ’para que possa conhecê-lo
(melhor), e ao poder da Sua ressurreição’ (Filipenses 3:10, NIV). Senhor Deus, prestes a encerrar
esta intercessão, que ela não seja o fim, mas o começo, de um precioso caminhar contigo. De novo,
agradeço-Te pelo Teu amor e pela Tua graça tão preciosamente dispensados na vida daqueles por
quem oro.

«Esta petição apresento-a no nome do nosso misericordioso e fiel Sumo Sacerdote, Cristo Jesus,
que adquiriu o direito legal, à vista dos habitantes das galáxias e dos anjos do Céu, de proporcionar
aos caídos descendentes de Adão a Sua grande justiça e completa salvação.»

Passaram-se duas semanas, e com sentimentos mistos entrei na oficina do senhor A. Enquanto
esperava ouvir falar sobre bênçãos recebidas, era também possível que o casal pudesse ter resistido
à direcção do Espírito de Deus ao exercer o seu direito, dado por Deus, de liberdade de escolha e
tivesse feito decisões erradas. Mas não tardou muito para que visse que as coisas estavam a
melhorar nas suas vidas.

Ao entrar no escritório da contabilidade, perguntei se o senhor A. iria continuar ocupado durante


muito tempo com o homem que estava no seu gabinete. O contabilista declarou que me seria
possível falar com ele dentro de poucos minutos, então convidou-me a que me sentasse. Ele
acrescentou que o seu patrão acabara de finalizar planos para alargar a oficina. Além disso, o
industrial estivera à minha espera naquela manhã. Instantaneamente ergui o meu coração a Deus
numa silenciosa melodia de louvor ao começar a ver que o poder do Seu amor tinha estado a
beneficiar aqueles por quem eu estivera orando. O senhor A. cumprimentou-me com um firme
aperto de mão e uma pacífica expressão reflectindo o amor de Deus. «Tenho muito boas notícias
para lhe dar. Coisas quase incríveis têm acontecido desde que aqui esteve. A minha mulher e eu
estamos de novo de boas relações, e a vida começou a ter um novo significado.» Enquanto ele
continuava eu podia ver que o Espírito de Deus tinha estado a operar nas suas vidas, tal como está
descrito na página 175 de O Desejado de Todas as Nações: «Quando o Espírito de Deus toma posse
do coração, isso transforma a vida. ... Amor, humildade e paz tomam o lugar da ira, inveja e luta. A
alegria toma o lugar da tristeza, e o semblante reflecte a luz do Céu.»

Ele contou-me como 3 dias depois de eu ter estado com ele, no seu gabinete, a sua mulher começou
a agir de modo diferente. Quando ele foi almoçar a casa, e à noite ao jantar, ele encontrou, para sua
surpresa, a televisão desligada e como música de fundo, ouvia-se a música clássica favorita deles.
Ela estava afável, mas parecia perdida nos seus próprios pensamentos. Alguns dias mais tarde
telefonou-lhe para o escritório e perguntou-lhe se ele podia arranjar as coisas de maneira que não
tivesse de voltar para a oficina depois do jantar. O homem disse que podia, mas teria provavelmente
de voltar para casa um pouco mais tarde do que o habitual.

42

Em casa ela recebeu-o com um jantar à luz de velas. Então explicou que tinha estado a considerar
seriamente as tensões que tinham ameaçado o seu casamento. Acreditava agora que seria capaz de
controlar a sua vida e disse que tinha amadurecido em poucos dias de uma pessoa desequilibrada e
confusa para uma pessoa calma e razoável. Além do mais, acrescentou que a vida é demasiado curta
para a desperdiçar alimentando sentimentos de auto-comiseração, quando na realidade ela tinha
tanto por que se sentir agradecida.

Enquanto ele me descrevia o que ele chamava a sua boa sorte, o meu coração estremeceu de alegria
vinda do Céu, e silenciosamente agradeci e louvei a Santa Trindade por ter feito de mim um canal
para «o fluxo da maior influência no universo» (Testimonies, vol. 8, pág. 22).

Afirmou depois que ele próprio experimentou alguns dias de reflexão. Ambos tinham decidido
aventurar-se no que podíamos chamar um novo começo.

«Isto pode parecer difícil de acreditar, mas estou a contar-lhe sem exagero que toda a atmosfera do
nosso lar mudou», concluiu ele. «Não sei como explicar isto. É tão pacífico, tão alegre. Vir para
casa é uma experiência agradável de
novo.»

Agora ele estava a fazer novos planos para o seu negócio. Ele calculava que se alargasse um pouco
o edifício e admitisse dois bate-chapas, o aumento de receitas habilitá-lo-ia a empregar uma pessoa
qualificada para fazer orçamentos de reparação e administrar a oficina. Então ele conseguiria ter
algum tempo de folga, de quando em quando, e passá-lo com a sua esposa.

«Como explica o senhor que uma coisa tão fantástica tivesse acontecido em tão curto espaço de
tempo?» perguntou ele, de repente.

Silenciosamente, orei: «Pai celestial, por favor abençoa a minha mente com a resposta certa.»

Em voz alta eu disse: «O senhor A. lembra-se que quando saí daqui há duas semanas, eu mencionei
que iria lembrar-me de si e da sua esposa nas minhas orações? Bem, o que os senhores têm
experimentado é o resultado de orações respondidas.»

Confirmando com a cabeça, ele replicou: «Eu acredito no que diz e agradeço-lhe muito por ter
orado por nós. Eu nunca vi orações respondidas com tal poder. A minha mulher e eu vamos
regularmente à igreja, mas devo admitir que nunca vi orações respondidas desta maneira - orações
que verdadeiramente mudam vidas.»

Para minha surpresa, a sua expressão e voz deslizaram rapidamente para uma nota de desespero.
«Por favor, por favor, prometa-me que continuará a orar por nós, por favor!»

Nunca na minha vida tinha sentido que era tão necessário a alguém, e ao mesmo tempo nunca me
senti tão contente por estar a ver as minhas orações respondidas.

«Senhor A., prometo orar por si e pela sua esposa. De facto, vou colocar os vossos nomes na minha
lista de oração. Vou empenhar-me em que intercessões diárias ascendam a Deus em vosso favor.»

Com a pressão do meu programa de trabalho em mente, revi rapidamente o seu anúncio, e então
parti para o meu próximo contacto. Não trabalhei naquela área de telefones no ano seguinte, uma
vez que me deram a responsabilidade de
43
mercados maiores, mas encontrei-me, numa reunião regional, com o indivíduo que tinha ficado com
o encargo daquela área, e recebi algumas boas notícias.

«Roger, o senhor A. envia-te os seus cumprimentos. Ele pediu para te falar do êxito do seu negócio,
e acima de tudo, que te dissesse que tudo está bem com a família. De facto, ele disse que as coisas
nunca estiveram tão bem em casa. Ele não me contou o que vocês falaram, mas por qualquer razão
tu causaste uma profunda impressão naquele homem.»

Foram, sem dúvida, boas notícias saber que o Espírito de Deus estava a prestar cuidados intensivos
ao casal.

Capítulo 5

Orações com Altos Dividendos


Não foi muito depois da experiência de Hudson, Ohio, que uma declaração da página 536 de O
Desejado de Todas as Nações chamou a minha atenção de modo especial. «A ciência da salvação
não pode ser explicada; mas pode ser conhecida por experiência.»

A passagem fixou-se na minha mente. Enquanto meditava nessa afirmação, lia a Bíblia, e orava
sobre a mesma, pedindo que o Espírito Santo de Deus me ajudasse a compreender esse assunto,
Deus respondeu às minhas orações, e dentro de um período de 2 anos o Seu Espírito conduziu-me
através de uma série de experiências que me trouxeram o discernimento necessário pelo qual tinha
orado. Então tornou-se-me muito claro que orações aspergidas com o sangue de Cristo eram uma
cunha de penetração, que pode forçar a abertura e em seguida abrir de par em par, as portas
massivas da cidadela de Satanás.

Possuem o poder infinito do Espírito Santo que unicamente pode imobilizar as forças das trevas,
soltar cativos espirituais, e levá-los à liberdade em Cristo. Permitam-me explicar.

Durante muitos anos meditei na experiência do apóstolo Paulo. Surpreendia-me que Jesus tivesse
aparecido a este homem no caminho de Damasco para lhe indicar que o seu zelo religioso era um
engano.

Pensem nisto - o Senhor da glória a falar com um homem que lançava crentes na prisão, era
responsável pela morte de muitos, e até sentia prazer em forçar alguns deles a blasfemar (Actos
26:10-11).

As perguntas continuaram a a fluir na minha mente. Porque teria Deus procedido desta maneira com
Saulo de Tarso? Estava Ele a mostrar favoritismo para com Saulo trabalhando pela sua salvação de
um modo diferente do que estava disposto a fazer para salvar outros homens para o Seu reino
eterno?
Então um dia, enquanto estava sentado no meu carro aguardando vez numa grande fila em frente a
uma estação de lavagem de carros, chegou-me uma resposta alta e clara. Abri a minha Bíblia em I
Timóteo
44

45
antes de tudo, que se façam deprecações, orações,

intercessões e acções de graças, por todos os homens, pelos reis e por todos os
que estão em eminência. ... Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso
Salvador, que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.»
Instantaneamente um parágrafo que se encontra no volume 7 dos Testemunhos,.e que eu tinha
decorado há muito tempo, veio-me à mente numa perspectiva inteiramente nova.

«Não compreendemos, como devíamos, o grande conflito que está a decorrer entre agências
invisíveis, a controvérsia entre anjos leais e desleais. Anjos bons e maus disputam cada homem.
Este não é um conflito imaginário. Não são batalhas simuladas nas quais estamos empenhados.
Temos de enfrentar poderosos adversários, e depende de nós determinar quem vencerá. Devemos
encontrar a nossa força onde os primeiros discípulos encontraram a deles. Todos estes perseveraram
unanimemente em oração e súplicas (pág. 213),

Até àquela altura eu tinha compreendido as palavras «e depende de nós determinar quem vencerá
como relacionando-se estritamente com a experiência pessoal de um indivíduo. Mas então vi que
essas palavras se aplicavam às experiências de outros também.

Comecei a ver a grande importância que o apóstolo Paulo atribuía ao poder da oração intercessória
na salvação dos incrédulos. Alguns dias antes tinha lido, nas minhas devoções matinais, o capítulo
19 de Actos e o comentário de Ellen White sobre o mesmo, intitulado ”Éfeso”, em Actos dos
Apóstolos. Vi como Paulo se encontrou com uma dúzia de novos crentes na cidade de Éfeso, a
capital de uma das mais importantes províncias do Império Romano. «Éfeso era não só a mais
magnificente, como também a mais corrupta, das cidades da Ásia» (Actos dos Apóstolos, pág. 286)
A história secular confirma Éfeso como um dos grandes centros de ocultismo do antigo Império
Romano.

Paulo deve ter feito algumas orações fervorosas, e o poder do Espírito de Deus «operou milagres
especiais pelas mãos de Paulo» (Actos 19:11, MV). «E o nome do Senhor Jesus foi
magnificado(versículo 17, MV). O poder de Satanás sobre as pessoas foi arrasado. Então,
feiticeiros, astrólogos, adivinhos e adoradores de espíritos converteram-se a Jesus Cristo.
Trouxeram os seus livros sobre o ocultismo e «queimaram-nos na presença de todos; e contaram o
preço deles, e acharam que montava a cinquenta mil peças de prata» (versículo 19, NIV).

Uma imagem definida começou a formar-se na minha mente sobre as exortações de Paulo a
Timóteo, que na altura era pastor da igreja de Éfeso, trabalhando por converter os efésios
solidamente firmados numa cultura pagã. Concluí que as conversões ao Cristianismo dar-se-iam
através da oração e súplica a Deus.

Então vi e compreendi claramente por que Jesus tinha trabalhado da maneira como fez para chamar
Saulo de Tarso para o Cristianismo. Alguém tinha estado a orar pela conversão de Saulo. Nem por
um dia sequer tinha essa pessoa deixado de pleitear com Deus.

Posso imaginar que esse alguém se lembrava das palavras de Jesus: «Eu, porém, vos digo: Amai os
vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos
maltratam e vos perseguem» (Mateus 5:44). A pessoa estava, sem dúvida, obcecada por uma
profunda convicção de que as orações aspergidas com o precioso sangue de Cristo permitiriam ao
braço do Todo-poderoso operar de uma maneira especial pela conversão de Saulo ao
46 ”
Cristianismo. Estou convencido que muitos crentes mencionavam Saulo nas suas orações. Foi isso
em certa medida, que levou Deus a detê-lo. por outro lado, esta pessoa especial estava a orar com
um objectivo em mente: conversão de Saulo. E um dia bateu à porta do seu vizinho e disse: «Posso
entrar? Tenho notícias muito boas para lhe dar. É quase inacreditável, mas Saulo de Tarso tornou-se
cristão.» E após os pormenores terem sido apresentados, essa pessoa provavelmente não se mostrou
surpreendida, e pode ter dito: «Eu
sabia que mais cedo ou mais tarde o Senhor da glória iria salvar Saulo de si mesmo. Tenho
estado a orar pela sua conversão há já algum tempo.» Que maravilhosa resposta à oração! Deus,
depois de ter ouvido essas orações, durante algum tempo, viu que só as podia responder de uma
maneira. Ele teria de falar pessoalmente com Saulo, irradiando-o com a Sua divina majestade.

Haverá Milagres
Acredito que poderosos milagres de redenção ocorrerão em breve pelo poder da oração
intercessória à medida que o Espírito Santo levar um bom número dos filhos de Deus a um
verdadeiro ministério de oração pelos não salvos.

Ellen White declarou há 100 anos que «antes da visitação final dos juízos de Deus sobre a Terra,
haverá entre o povo do Senhor um tal reavivamento da piedade primitiva como não foi
testemunhado desde os tempos apostólicos» (O Grande Conflito, pág. 371).

Eu compreendo esta declaração como significando que o povo de Deus voltará às suas bases.
Tomará a sério a advertência de Paulo a Timóteo e pô-la-á em prática diária. «Admoesto-te, pois,
antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões e acções de graças, por todos os
homens» (I Timóteo 2:1). Noutras palavras, súplicas perseverantes a Deus com fé pelos não salvos,
os impiedosos, ascenderão ao trono da misericórdia diariamente. Pessoas clamarão ao «Pai de
infinita piedade para Ele aplicar os méritos do sangue que Cristo derramou no Calvário pelos
pecadores, em favor dos indivíduos por quem oram. Veremos então milagres de redenção à medida
que o Espírito de Deus transformar as pessoas.

Tenho visto o sangue de Cristo operar maravilhas em muitas vidas. De facto, tenho sentido esse
poder a operar na minha própria vida. «A ciência da salvação não pode ser explicada; mas pode ser
conhecida por experiência». Não compreendemos como é que a redenção opera através do sangue
que Cristo derramou, mas podemos testemunhá-la em operação. Permitam-me ilustrar relembrando,
por alguns momentos, a minha saída do espiritismo.

Quase que estremeço quando penso quão perto estive de perder a vida eterna. Se não fosse Cyril e
Cynthia Grosse terem intercedido em meu favor, rogando os méritos do sangue de Cristo para
expiar os meus pecados, crendo que o Espírito Santo podia vencer as forças do mal e trazer
livramento, eu não estaria hoje regozijando-me na esperança da vida eterna.

Ali estava eu, um homem que conversava com espíritos demoníacos. Pensamentos sobre Deus eram
a coisa mais remota na minha mente. Mas eu prometera ao meu patrão judeu que haveria de
descobrir a razão por que o Cyril, sendo cristão, observava o Sábado do sétimo dia. O que eu não
compreendi na
altura foi que o casal Grosse eram pessoas de oração, que oravam por um indivíduo irreligioso, com
a fé firme de que o Espírito Santo podia operar a minha salvação.

Desde o começo eu disse-lhes que não tinha qualquer interesse por religião, que era um ateu
confirmado. Tudo o que eu queria era que eles me mostrassem em que se baseavam para observar o
Sábado do sétimo dia. «E a propósito”, disse eu, ”tem a Bíblia muito a dizer sobre o mundo
sobrenatural dos espíritos?” Daquele momento em diante o Espírito de Deus operou poderosamente
em mim. Após 5 dias de estudo da Bíblia, 4 horas por noite, decidi-me por Cristo, observei o
Sábado bíblico no dia seguinte, então contei ao casal sobre a minha filiação no culto dos espíritos.
Eles afirmaram que havia qualquer coisa em mim que os tinha perturbado.

Alguns dias depois os espíritos tentaram destruí-los com um incêndio provocado por um raio que
transformou instantaneamente a sua sala de estar num inferno. Bloqueada por uma barreira de
chamas, o único escape da Cynthia era uma janela que estava à altura de três andares.

O Cyril correu a buscar um cobertor para lho atirar, enquanto o irmão dela foi telefonar aos
bombeiros. Quando o seu marido voltou, alguns segundos depois, ela estava no vão da porta. Uma
voz poderosa dissera-lhe para saltar através do fogo. As pontas do seu cabelo ficaram chamuscadas,
as pestanas queimadas, contudo, as chamas não tocaram parte alguma do seu corpo ou vestuário.

Após os bombeiros terem apagado o fogo, descobriram que o local onde a Cynthia tinha estado
explodira com tanta força que fez um buraco no tecto. Tudo quanto estava na sala ardeu. No entanto
no armário de parede algo de estranho aconteceu. Uma mala com roupas escapara às chamas, mas
algumas das roupas dentro estavam em cinzas enquanto o resto ficou intacto. Os bombeiros nunca
tinham visto uma coisa assim.

Essa experiência serviu, logo no início da minha caminhada cristã, para criar em mim uma
consciencialização do poder da oração intercessória. Eu tinha estado a orar fervorosamente por eles
depois dos demónios terem declarado que eu, juntamente com o jovem casal que me tinha dado
estudos bíblicos, iríamos prematuramente para a sepultura. Agora as minhas orações ascendiam
diariamente a Deus pelo Seu amoroso cuidado por eles.

Actualmente o Cyril e a Cynthia residem na Califórnia, onde já há muitos anos são educadores dos
serviços escolares de Los Angeles.

Agora deixem-me voltar à minha experiência em frente ao local da lavagem de carros. Fiquei
profundamente impressionado com o pensamento de que Deus me estava a chamar para fazer uma
obra que nem os anjos do Céu podiam fazer. Ele queria que eu fosse um intercessor em favor dos
não salvos e irreligiosos que encontrasse no meu trabalho. E eu sabia exactamente onde encontrar o
poder para ajudar tais pessoas-na oração e súplicas a Deus. Ele espera os nossos pedidos por ajuda a
fim de que possa então ter o direito legal, à vista dos habitantes do universo, de entrar com poder
dentro do domínio de Satanás e resgatar os seus cativos.

Eu preciso de clarificar a expressão ”os não salvos e irreligiosos”. Frequentemente eles são
indivíduos altamente inteligentes, educados e cultos, bem sucedidos no mundo dos negócios. São
cidadãos obedientes às leis, dignos de grande admiração e respeito. Mas no que diz respeito ao seu
bem-estar espiritual, falta-lhes tudo.
48
i
Além do mais, encontraremos muitas pessoas prósperas que pela sua linguagem grosseira revelam
que são verdadeiramente irreligiosas, e têm uma maneira de viver que não estão dispostos a mudar.
Em ambos os grupos, muitos, embora bem financeiramente, estão carregando pesados fardos.
Alguns até semeiam tristeza e miséria na vida de outros porque as perplexidades da sua própria vida
pressionam-nos a serem mesquinhos e cruéis.

No Outono de 1968 a minha companhia encarregou-me de trabalhar na lista telefónica de Búfalo,


Nova Iorque, e assim o fiz durante vários anos. Aquela vasta região de mercado pôs-me em
contacto com pessoas de alto nível e influentes, incluindo presidentes de importantes companhias.
Familiarizei-me bem com eles por ter de os contactar várias vezes no ano para reestruturar os seus
grandes programas de anúncios nas páginas amarelas.

Foi aqui que vi o Espírito Santo de Deus operando de várias e maravilhosas maneiras. Mas antes de
contar algumas das minhas experiências de oração, sinto ser importante considerar o estado de
espírito que motivou Jesus a orar pelos seres humanos. Ellen White revelou o elemento todo-
poderoso que compeliu Cristo ao Calvário: «Amor a Deus, zelo pela Sua glória, e amor pela
humanidade caída, trouxeram Jesus à Terra para sofrer e morrer. Este foi o poder que O regeu na
Sua vida. Ele ordena-nos adoptar este princípio» (O Desejado de Todas as Nações, pág. 351).

Ao ler a Bíblia e os escritos de Ellen White ao longo dos anos, tenho observado que o nosso Senhor
tentava constantemente impressionar os Seus discípulos com o Seu compadecido e divinal amor
pelos mortais caídos. Ele passou muito tempo em oração, dando-lhes o exemplo a seguir de modo a
que se tornassem também poderosos intercessores em favor de outros.

Quando Ele ascendeu ao Céu, não receou que os Seus discípulos O esquecessem enquanto
trabalhavam pela salvação de outros. Ele enviar-lhes-ia Aquele que os ensinaria a viver de maneira
a não se esquecerem do Seu Redentor.

Descobri nove factores essenciais que estão por detrásde um viver cristão vitorioso e bem sucedido.
Quando, mediante o Espírito Santo, os possuímos, podemos então pedir a Deus que as mesmas
bênçãos possam coroar a vida daqueles por quem oramos. Consideremos de perto esses factores.

Factor 1
Ellen White revela que este factor constitui o próprio fundamento do governo de Deus (O Grande
Conflito, pág. 318). De facto, o piedoso amor divino flui directamente do coração de Deus. É um
amor por outros que não conhece quaisquer limites.
Enquanto o amor humano está envolvido em egoísmo e produz resultados que são, no melhor dos
casos, inconstantes e de fraca duração, o piedoso amor divino é uma força que nunca falha. Eu
encontro grande conforto no facto de o «Pai de infinita piedade» de tal maneira ter amado a
humanidade que «deu o seu Filho unigénito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas
tenha a vida eterna» (João 3:16).

Precisamos de sentir fome e sede para que Deus nos conceda essa força divina.
Falando sobre o amor de Cristo e da nossa grande necessidade dele, Ellen White I - . 4g
observou que «a plenitude do carácter cristão é atingida quando o impulso para ajudar e abençoar
outros brote constantemente de dentro» (Parábolas de Jesus, pág. 384). É minha firme convicção
que a razão por que lares cristãos se estão desagregando como acontece hoje, devastando a vida de
homens, mulheres e crianças, é que falta nos nossos corações humanos esse piedoso amor divino.
Podemos não o admitir, mas os resultados estão a falar mais alto do que as palavras.

Factor 2

O factor seguinte é muitas vezes mal compreendido devido a uma poderosa contrafacção. Esse
elemento valioso é a alegria celestial.

Através dos séculos Satanás tem transviado os humanos levando-os a crer que acharão alegria em
agradar e servir-se a si mesmos, e que a podem obter sem consideração pelos outros. Mas um tal
estilo de vida leva somente ao desapontamento e frequentemente a grande infelicidade.

Por outro lado, encontraremos, em Cristo, uma alegria que nunca falha. «Aqueles que habitam em
Jesus serão felizes, alegres e jubilosos em Deus» (Testimonies, vol. 4, pág. 626).

Romanos 15:3 diz que «Cristo não se agradou a si mesmo». Ele encontrou grande alegria em
abençoar a vida de outros. «Não para Si mesmo, mas para outros, Ele viveu, pensou e orou»
(Parábolas de Jesus, pág. 139).

Sobre os primeiros discípulos a Bíblia declara: «E os discípulos estavam cheios de alegria e do


Espírito Santo» (Actos 13:52).

Eu creio que hoje precisamos de orar por alegria celestial com grande intensidade e desejo. Somente
então podemos trabalhar para passar a outros a mesma bênção.

Factor 3
Tanto os ricos como os pobres, os fortes como os fracos, buscam paz. Porque há vários graus de
paz, gosto de buscar exactamente o melhor - isto é, a paz celestial. Essa espécie de paz traz
agradável relaxação ao comunicar um estado mental ou espiritual que nos liberta de temores
inquietantes e perturbadores.

Pensemos em Jesus que dormiu num barco durante uma tormenta (Marcos
4:38-40), ou em Pedro, que dormia profundamente na noite anterior à sua programada execução
(Actos 12:6; Actos dos Apóstolos, pág. 146).

Hoje precisamos dessa mesma ausência do temor. Como pode uma pessoa adquirir um tal estado
mental? Quando o Consolador, o Espírito Santo, o representante de Cristo na Terra, comunica paz
celestial a alguém, Ele liberta completamente a mente dessa pessoa de quaisquer temores que a
possam tornar ansiosa ou inquieta.

Factor 4

Para apreciar este factor, precisamos de lembrar o mundo cruel em que vivemos. Tristezas e
perplexidades surgem de muitas maneiras, mas as mais difíceis são as
50 ’
injustiças e a falta de amabilidade que nos são infligidas por outros. Às vezes isso inclui tratamento
brusco e até cruel por parte de indivíduos que não têm controlo nenhum da sua língua.

O apóstolo Tiago, no capítulo 3 da sua epístola, compara a língua humana a um pequeno fogo que
se torna um inferno, causando grande dano. Para sobreviver a tais experiências uma pessoa precisa
de receber ajuda especial na forma de longanimidade, outro atributo divino do nosso Redentor.
Quando Deus Se encontrou com Moisés no Monte Sinai, Ele declarou ser: «o Senhor Deus
misericordioso e piedoso, tardio em iras (longânimo) e grande em beneficência e

verdade» (Êxodo 34:6).

Se recebermos um novo baptismo diário desta graça celestial, seremos capazes de enfrentar as faltas
dos outros, e orar também sinceramente por uma bênção divina nas suas vidas. Então como o
apóstolo Paulo seremos capazes de dizer: «Posso todas as coisas naquele que me
fortalece(Filipenses 4:13).

Factor 5

Aqui está um elemento de grande valor para aqueles que trabalham na área de relações públicas.
Quer seja no mundo dos negócios ou trabalhando directamente com pessoas que necessitam de
ajuda, um bem muito valioso é a gentileza.

Ellen White lembra-nos que até Deus fica impressionado com ela, e olha-a com admiração.
«Verdadeira gentileza é uma gema de grande valor à vista de Deus» (Testimonies, vol. 3, pág. 536).
Jesus ilustrou-a belamente durante o Seu ministério na Terra, e Ele acompanhou-a sempre com o
elemento do tacto.

O Dicionário Webster define tacto como «aquela percepção delicada da coisa certa a dizer ou fazer
sem ofender». Ellen White falou de tacto e gentileza divinos (Testimonies, vol. 6, pág. 400).

Eu estava a trabalhar na Companhia de Telefones de Búfalo, Nova Iorque, pelo terceiro ano, e os
contactos tinham começado alguns dias antes. Numa manhã o meu chefe de vendas pediu-me para
ir ao seu gabinete antes de sair para os meus contactos. Naturalmente fiquei a pensar que coisa tão
importante seria essa de que ele não podia falar comigo no meu gabinete.

Ao entrar no seu gabinete ele pediu-me para fechar a porta, depois telefonou à recepcionista a dizer
que não recebia quaisquer chamadas até ordem em contrário. Confrangeu-se-me o coração, visto
que eu sabia que sempre que ele assim fazia, era porque havia problemas. Contudo, recompus-me
quando ele disse que gostaria que eu lhe fizesse um favor. A conversa decorreu mais ou menos
assim.

- Roger, eu tenho aqui as fichas de uma conta grande que necessita de um cuidado muito especial, e
deve ser manejada por alguém que tenha tacto e ao mesmo tempo a paciência de um anjo, ou perto
disso. Esta ficha envolve várias centenas de dólares de facturação mensal. Enquanto nós, chefes de
vendas, estávamos a programar o trabalho para os nossos 43 agentes, esta conta motivou muita
discussão sobre quem estaria melhor habilitado a lidar com ela. Precisamos
de alguém com gentileza, tacto e perícia para deixar uma impressão favorável no cliente. Roger, eu
creio que você é a pessoa certa para este trabalho.
- E a pessoa que a teve o ano passado?
_ 51
- Não podemos deixá-lo ficar com ela de novo, visto que ele já teve bastantes dificuldades. A conta
foi encerrada 10 dias antes do livro ter sido enviado para a tipografia, com uma perda de quase 200
dólares por mês em facturação. O nosso agente diz que o presidente da companhia é um homem
com quem é muito difícil conversar. Ele simplesmente recusa-se a marcar um encontro para rever o
seu programa de anúncios nas páginas amarelas. Em vez disso ele disse ao nosso representante para
passar duas a três vezes por semana até o encontrar com algum tempo disponível. O colega diz que
em seis meses foi lá mais de 50 vezes.

Ao perceber a situação, senti-me muito relutante em aceitar o desafio, depois orei silenciosamente,
«Jesus, que devo fazer?» Instantaneamente ocorreu-me à mente uma citação: «Quando com fé, nos
apoderamos da Sua força, Ele mudará, mudará maravilhosamente a perspectiva mais desesperada e
desencorajadora. E Ele fará isto para a glória do Seu nome» (Testimonies, vol. 8, pág. 12). Então
soube que o Senhor estaria comigo. Senti que podia tornar-se uma ocasião para todos os chefes e
toda a equipa de vendas ver que o Senhor Deus que disse: «Lembra-te do dia do Sábado, para o
santificar» cuida de facto do Seu povo.

O meu chefe lembrou-me de alguns dos contactos difíceis que, como observador, tinha feito comigo
no passado, e o quanto tinha ficado impressionado com a maneira como eu lidara com eles.

- Roger, eu estou ciente que um grande poder o acompanha, e gostaria que o pessoal aqui se
apercebesse disso também. Aceite o desafio e faça com que eu me sinta orgulhoso de si!

- Vejo que será preciso um milagre de Deus para levar a bom termo este empreendimento, mas
confiando no Seu poder, creio que tudo sairá bem. Aceito o desafio.

Dentro de 10 dias eu tinha encerrado a conta e aumentado a facturação substancialmente. Após orar
para que o Senhor me desse tacto e gentileza divinos, telefonei ao homem para ter um encontro de 5
minutos com ele, apenas para me apresentar, e ele concordou de imediato. O primeiro contacto
positivo conduziu a outra entrevista alguns dias mais tarde, em que lhe mostrei alguns anúncios que
eu tinha preparado. Nessa entrevista ele ficou bem impressionado com o trabalho que eu tinha feito,
e para minha grande surpresa perguntou se eu estaria disposto a ir ao seu escritório às 7:00h da
manhã de maneira a podermos falar de alguns dos seus outros negócios e publicidade adicional. O
lugar estaria sossegado até às 9:00h. Concordei com a proposta.

Durante essa entrevista, enquanto preparava os anúncios, ele contou-me o terrível problema que ele
e a sua esposa estavam a ter com o seu único filho. O rapaz tinha sido a alegria das suas vidas até
ficar viciado em drogas e ter problemas com a lei. Eles não conseguiam suportar esse estado de
coisas. Ele acrescentou que a experiência tinha, de certo modo, feito com que ele se tornasse
descortês com as pessoas, algo que ele achava ser incapaz de mudar. Enquanto conversávamos,
prometi-lhe que os poria na minha lista de oração, o que ele me agradeceu.

Cerca de um mês mais tarde ele telefonou-me para ter uma nova linha de produtos nos seus
anúncios. Durante a conversação ele disse-me que as coisas estavam a melhorar em casa, e que
continuasse a orar por eles. Expliquei-lhe que ele teria de assinar novas folhas para autorizar as
mudanças nos seus anúncios.
52 ”
Assim sendo, decidimos marcar um encontro para dois dias mais tarde.

Enquanto eu reorganizava os anúncios, ele contou-me algumas mudanças interessantes que tinham
acontecido com o seu filho. O rapaz tinha decidido mudar o seu estilo de vida, e para isso tinha
buscado a ajuda dos pais. A mulher já não necessitava de remédios fortes para acalmar os nervos.
Ele agora conseguia dormir as noites inteiras, e o sentimento de carregar o mundo aos seus ombros
tinha-o abandonado.

Depois ele disse algo que me emocionou. «Eu e a minha mulher cremos que o facto de ter orado por
nós trouxe grandes bênçãos às nossas vidas. Eu contei-lhe que quando o senhor deixou o meu
escritório uma poderosa presença de paz e alegria permaneceram comigo durante todo aquele dia.»

Factor 6
De novo encontramos um atributo de Deus, um que nos pode frustrar a princípio, visto a Bíblia
dizer claramente que não o temos. É o elemento bondade.

O profeta Jeremias escreveu que o coração humano é «enganoso acima de todas as coisas, e
desesperadamente mau» (Jeremias 17:9, MV). Os antigos hebreus fracassaram miseravelmente para
com Deus devido à sua falta de bondade. As suas vidas não consagradas levaram-nos à ruína. O
profeta Ezequiel descreveu a situação desta maneira.

«Filho do homem, quando a casa de Israel habitava na sua terra, então a contaminaram com os seus
caminhos e com as suas acções. ...E os espalhei entre as nações, e foram espalhados pelas terras... E,
chegando às nações para onde foram, profanaram o meu santo nome, pois se dizia deles: Estes são o
povo do Senhor. ...Mas eu os poupei, por amor do meu santo nome. ...Diz, portanto, à casa de
Israel: Assim diz o Senhor JEOVÁ: Não é por vosso respeito que eu faço isto, ó casa de Israel, mas
pelo meu santo nome. ...E eu santificarei o meu grande nome... e as nações saberão que eu sou o
Senhor, diz o Senhor JEOVÁ, quando eu for santificado aos seus olhos [versão inglesa, ’quando eu
for santificado em vós diante dos seus olhos]. ...E vos darei um coração novo, e porei dentro de vós
um espírito novo. ...E porei dentro de vós o meu espírito, e farei que andeis nmeus estatutos, e
guardeis os meus juízos, e os observeis» (Ezequiel 36:17-27).

E um encorajamento espantoso saber que o Senhor está mais do que ansioso por prover-nos com a
Sua bondade, e habilitar-nos a experimentar um viver cristão bem sucedido e vitorioso mediante a
habitação do Seu Espírito, se tão-somente tivermos tempo diariamente para o pedirmos.

Factor?
Este factor é tão vital à experiência cristã de um indivíduo que sem ele não haverá crescimento
espiritual. De facto, a Bíblia diz-nos que sem ele, uma pessoa não pode agradar a Deus. Esse factor
todo-importante é uma chama viva.

«Sem fé, é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia
que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam» (Hebreus 11:6).
53
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Uma fé viva é o que aumenta a nossa força espiritual, habilitando-nos a desenvolver uma confiança
inabalável no nosso Pai celestial, e no poder do Seu Espírito. Ellen White revelou ao povo de Deus
o meio pelo qual a podemos obter. «A fé é inspirada pelo Espírito Santo, e só florescerá ao ser
alimentada no espírito»

(O Grande Conflito, pág. 424).

Quando uma pessoa ora por ela, pode muito bem buscar o mais elevado grau de fé disponível. Isso é
genuína fé bíblica. Ela comunicará grande crença em Deus, grande confiança n’Ele, e acima de
tudo, uma lealdade para com Ele que será inamovível. A espécie de fé de que trata no capítulo 11 de
Hebreus.

Factor 8

Num mundo que promove a auto-estima e a exaltação própria em todos os sectores, o povo de Deus
precisa, como nunca dantes, de um precioso traço celestial que adorna o carácter de Cristo. Esse
factor valioso é a mansidão de
Cristo.

Ser despretencioso, humilde e submisso à vontade divina é de grande valor aos olhos de Deus,
«Porque, assim diz o alto e o sublime, que habita na eternidade, e cujo nome é santo: Num alto e
santo lugar habito, e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos
abatidos e para vivificar o coração

dos contritos» (Isaías 57:15).

Factor 9

Há cerca de 100 anos, foi dito a Ellen White, através da Inspiração Divina, que bem no
encerramento da História da Terra, a imoralidade abundaria em toda a parte, e a licenciosidade seria
o sinal especial da época. Jesus declarou que «como foi nos dias de Noé, assim será, também, a
vinda do Filho do homem» (Mateus 24:37). Lemos em Génesis 6:5 que «viu o Senhor que a
maldade do homem se multiplicara sobre a terra, e que toda a imaginação dos pensamentos do seu
coração era só má continuamente.»

Como podemos esperar viver uma vida cristã bem sucedida e vitoriosa quando estamos rodeados de
mal? Unicamente seguindo o caminho de Jesus. «Cristo veio a este mundo para mostrar que,
mediante a recepção do poder do alto, o homem pode viver uma vida imaculada» (A Ciência do
Bom Viver, pág. 25). Noutras palavras, uma vida incontaminada e impoluta.

«Nem sequer por um pensamento Ele cedeu à tentação» (O Desejado de Todas as Nações, pág.
125). Que poder especial é esse de que tanto necessitamos? É o domínio próprio comunicado pelo
Espírito de Deus.

Um velho dicionário que possuo, dos finais do século passado, princípios deste, define o domínio
próprio como «a habilidade de suster ou regular, restringir, e governar o eu em todos os aspectos da
vida». Nós podemos possuir pureza de pensamentos, de coração e de vida, mesmo nestes dias e
época, se controlarmos os nossos pensamentos pelo poder do Espírito de Deus que abençoa a nossa
mente. Romanos 12:21 diz-nos: «Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem».
Manter a mente ocupada com pensamentos que elevem e enobreçam o carácter, é a fórmula para se
ser bem sucedido nesta vida.

Orações com Altos Dividendos

Descobri que uma maneira excelente para fazer isso é decorando porções da Santa Palavra de Deus.
Contudo, eu não fui a primeira pessoa a descobri-lo. «Escondi a tua palavra no meu coração, para
eu não pecar contra ti», disse o
salmista (Salmo 119:11).

Falhar em controlar os pensamentos pode ser desastroso. Escrevendo sobre Sansão, Ellen White
disse: «Fisicamente, Sansão foi o homem mais forte sobre a Terra; mas em domínio próprio,
integridade e firmeza, ele foi um dos homens mais fracos» (Patriarcas e Profetas, pág. 567). E na
página seguinte ela diz-nos que a verdadeira grandeza de um homem é «medida pelo poder dos
sentimentos que ele
controla (ou domina).»

A Palavra de Deus diz do homem: «Porque como imaginou na sua alma, assim é» (Provérbios
23:7). «Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo
de mãos e puro de coração» (Salmo

24:3-4).

Sinto grande encorajamento nestas palavras: «Cristo deu o Seu Espírito como
um poder divino para vencer todas as tendências hereditárias e cultivadas para o mal, e para
imprimir o Seu próprio carácter na Sua igreja» (O Desejado de Todas
as Nações, pág. 730).

Vitória por meio de Cristo - que experiência majestosa!

Podemos experimentar e desfrutar agora de orações que produzirão altos dividendos para o reino de
Deus.

55
Capítulo 6

Uma Lista Perpétua de Oração...


Era por altura da febre dos fenos, e tendo acordado às 4:00h da manhã com espirros, decidi tomar
um medicamento para aliviar o incómodo. Quando compreendi que o sono me tinha abandonado,
pedi ao Senhor para conduzir a minha mente à meditação e oração. Comecei a pensar
imediatamente na terrível batalha que os filhos de Israel tiveram de enfrentar quando os amalequitas
os atacaram em Refidim. Moisés, Aarão e Hur observavam o conflito do cimo de um monte.
Moisés, que era um homem de oração, estendeu os seus braços para o céu, intercedendo pelo seu
povo. A batalha decorria em favor dos israelitas enquanto Moisés permanecia de mãos levantadas.
Quando ficava cansado e as baixava, então o inimigo começava a prevalecer.

Como a cena se repetiu mais algumas vezes, Aarão e Hur compreenderam que tinham de ajudar
Moisés a erguer as mãos para o céu a fim de Israel sair vitorioso. Pegaram numa pedra grande,
sentaram o seu dirigente nela, e ambos mantiveram as suas mãos erguidas durante todo aquele dia
até o sol se pôr e Israel ter ganho a escaramuça.

Reflectindo sobre o incidente compreendi que, ao intercedermos pelos que estão em necessidade, a
insistência na oração é mais importante do que anteriormente eu tinha pensado, Lembrei-me de
como as minhas orações em favor de outros, ao longo dos anos, tinham produzido poucos
resultados até que eu tivesse feito uma lista de oração, e apresentasse perante o Senhor cada pessoa
diariamente. Foi então que comecei a ver claramente muitas das minhas orações respondidas.

A partir daí, numerosos indivíduos obtiveram vitória sobre o poder do pecado, uma vez que, em
resposta à oração, Deus fizera recuar as forças das trevas de modo a que eles tivessem a
oportunidade de pensar por si mesmos.

Por exemplo, o Roberto venceu as drogas e está de novo feliz com o povo de Deus (ver o capítulo
7). Diariamente, sem falhar, durante quase
3 anos, eu apresentara o caso do jovem diante do trono da graça, orando para que o Espírito Santo o
levasse ao arrependimento e o ajudasse a fazer decisões inteligentes para a sua vida presente e a
eternidade.

Sabem, eu creio firmemente que «não podemos arrepender-nos sem que o Espírito de Cristo nos
desperte a consciência, assim como não podemos ser perdoados sem Cristo» (Aos Pés de Cristo,
pág. 26). Deus não viola, porém, a livre escolha de ninguém. O Espírito de Deus não força as
pessoas a nada que elas não desejem. Ele apenas lhes apresenta uma maneira de viver melhor e
convida-as a experimentarem alegria e paz reais. Elas é que devem fazer a escolha.

Ao reflectir naquela manhã na batalha entre Israel e os amalequitas, veio-me à mente uma citação
que me tem dado grande encorajamento desde o começo da minha carreira cristã. «Corações que
têm sido o campo de batalha do conflito com Satanás, e que têm sido resgatados pelo poder do
amor, são mais preciosos ao Redentor do que os que nunca caíram» (Parábolas de Jesus, pág. 118).

O pensamento de que o Criador estima os seres humanos, que estão lutando com o poder do pecado,
mais carinhosamente do que os habitantes não caídos das galáxias, encheu o meu coração com
agitada preocupação pelos outros. Sentindo um senso de responsabilidade semelhante à que um pai
sente pelo bem-estar dos seus filhos, eu perguntei a mim mesmo: ”Se eu morresse, quem
intercederia para que os méritos de Cristo fossem aplicados àqueles que tenho na minha lista de
oração?”

Outra questão me veio à mente: Como poderia assegurar que intercessões diárias fossem feitas por
aqueles que estão agora a receber ajuda do Espírito Santo, caso venham uma vez mais a ficar
perplexos, tristes e oprimidos?

Com um senso de impotência, disse para mim mesmo: ”O que eu preciso é de uma lista perpétua de
oração”. Não sei porque disse aquilo, mas disse-o, e o pensamento fixou-se na minha mente.

Como resultado, comecei a contar ao Senhor a minha preocupação de que as minhas intercessões
pudessem cessar de repente, deixando outros privados de
ajuda muito necessária.

Durante alguns dias eu estivera a decorar passagens do capítulo 17 do Evangelho de João, sobre a
grande preocupação de Jesus pelos Seus discípulos. Nelas aprendi que Ele compreendia a plena
extensão da minha preocupação pelas necessidades dessas pessoas.

«E eu já não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda, em
teu nome, aqueles que me deste.... Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. ... E
não rogo somente por estes, mas, também, por aqueles que, pela sua palavra, hão-de crer em mim»
(João 17:11-20).

As palavras de intercessão de Cristo, englobando todos os cristãos até ao fim do tempo, levaram-me a
responder: ”Querido Senhor, por favor faz de mim um sábio intercessor pelos meus companheiros humanos
de maneira que as melhores bênçãos do nosso Pai possam coroar as suas vidas, conduzindo-os à Cidade de
Deus.»

Tendo apresentado aquela curta petição, aguardei por uma resposta. E para minha grande surpresa, veio uma
na forma de uma citação que eu tinha decorado em 1947. (Lembro-me do ano devido a um acontecimento
importante que me levou a decorar a curta passagem). «Aqueles que pedem pão à meia-noite para alimentar
almas famintas serão bem sucedidos.

Uma grande alegria brotou no meu coração. «Obrigado, Senhor, pela inspiração». Então lembrei-me
que a citação se encontrava na mesma página de Parábolas de Jesus em que Ellen White fala do
arco-íris da promessa circundando
o trono de Deus.

Acendendo a luz, tirei o livro da gaveta da minha mesa de cabeceira para de


novo ler a citação. Não compreendi exactamente então que o Senhor me estava
conduzindo ao encontro da resposta para a minha lista perpétua de oração.

Precisamente acima da passagem de que me recordara, li estas palavras: «Como Aarão, que
simbolizava Cristo, o nosso Salvador ostenta os nomes de todo o Seu povo sobre o Seu coração no
lugar santo» (pág. 148). Êxodo 28:29 declara: «Assim, Aarão levará os nomes dos filhos de Israel
no peitoral do juízo, sobre o seu coração, quando entrar no santuário para memória diante do
Senhor,

continuamente».

Aqui estava a resposta para as minhas limitações humanas. O Senhor gravaria os nomes das muitas
pessoas da minha lista de oração sobre o peitoral da Sua justiça. Tivesse eu de morrer naquele dia,
Jesus, o divino intercessor, continuaria a interceder junto ao propiciatório por elas.

Sim, de facto tenho uma lista de oração perpétua. E embora durante décadas
- óre por centenas de indivíduos, a vastidão das suas necessidades
preocupa-me.
Paulo escreveu
De novo, neste caso, vi o Espírito Santo a convidar-me para incluir o meu colega no meu ministério
de oração. O Tony estava cheio de remorsos por causa de um incidente que tinha trazido a desgraça
a várias pessoas. Isso resultara na perda de uma bem sucedida carreira comercial construída durante
muitos anos de trabalho árduo, e tinha causado o afastamento dos seus filhos adolescentes a quem
ele muito amava.

Tudo começou numa festa de Natal de uma firma bancária. Ele estava a conversar com o director do
banco e a sua secretária quando esta última disse que, devido a um telefonema de casa, teria de
partir mais cedo do que o previsto. Será que a secretária podia apanhar boleia de volta para casa
com outra pessoa qualquer? Nesse momento o Tony ofereceu-se para ajudar.

Durante a viagem de volta para sua casa a secretária falou a maior parte do tempo, e enquanto ele
ouvia, ficou obcecado com o pensamento de que deveria obter um beijo de quem lhe estava a dar
toda aquela maçada. Ele perguntou-lhe educadamente se ela recusaria um beijo amigável de Natal.
Para grande surpresa dele, ela declarou que era uma ideia excelente, acrescentando que esperava até
um pouco de romance.

Esse suposto beijo inocente de Natal acabou por se tornar na sua desgraça. A mulher era casada
também, mas já tinha ocasionalmente cortejado o Tony quando ele visitava o banco. O beijo de
Natal foi seguido por um beijo no dia de Ano Novo, e tornou-se num caso extra-conjugal.

Após alguns meses de encontros em vários hotéis, o marido da secretária mandou um investigador
privado segui-la. Furioso, o marido telefonou à esposa do Tony para a informar do que estava a
acontecer. Ela, por sua vez, ficou tão enraivecida que exigiu um divórcio que liquidou o Tony
financeiramente.

Ele teve de vender o seu negócio para fazer face aos encargos financeiros exigidos pelo tribunal.
Ele e a sua amante decidiram deixar aquela cidade e foram para uma cidade grande. Depois de
terem trabalhado arduamente durante três anos para se estabelecerem no que eles chamaram «a sua
nova vida», um acontecimento inesperado despedaçou todos os seus sonhos para o futuro. O marido
da mulher contactou-a e pediu-lhe para voltar para casa por causa dos filhos. Ela aceitou logo a
oferta e deixou o Tony aturdido e apático durante dias.

Ele tentou escapar aos seus problemas através da bebida. Agora ele passava os seus fins-de-semana
num estupor alcoólico para esquecer o sentimento de culpa.

Eu perguntei-lhe se ele alguma vez tinha pensado em procurar ajuda divina.

- Para ser honesto contigo, Roger, devo dizer que não tenho qualquer propensão para coisas
espirituais. De facto, eu não vou à igreja desde que casei há vários anos.

Mais algumas perguntas revelaram a sua quase total falta de conhecimento de Deus e da Bíblia e
uma aparente satisfação com a sua ignorância. Ele cria em Deus como uma força movedora e
criativa que anima todas as formas de vida, mas recusava aceitar fosse o que fosse que tivesse a ver
com um Deus pessoal.
Então eu disse algo que o chocou: «Tony, uma vez que iniciaste esta conversa e e voluntariamente me contaste os teus
problemas, quero que saibas que de hoje em diante, eu irei interceder por ti em oração. De facto, irei colocar o teu nome
na
60
minha lista de oração, para nunca mais o retirar de lá. E eu creio que o Espírito Santo guiará os teus
pés para a Cidade de Deus».

Por alguns segundos ele ficou sem fala. «Eu - eu - eu nunca ouvi uma coisa destas. Eu não sei como
expressar-me aqui, mas quero que saibas que - que estou surpreendido e emocionado com o teu
interesse. A sinceridade e o poder das tuas convicções, devo admitir, tocaram-me, dando-me um
novo sentimento estranho. Agradeço-te por aquilo que me disseste». Depois ele mudou de assunto.

Devido aos nossos ocupadíssimos programas, não tivemos oportunidade de conversar outra vez,
excepto algumas poucas palavras no escritório. Após ter terminado o meu trabalho, na Sexta-feira,
quando eu ia a sair do escritório, ele acompanhou-me ao carro.

Foi então que ele disse algo que me ajudou a compreender a razão por que o meu empenho em orar
por ele o tinha abalado tanto.

«A razão por que fiquei tão profundamente tocado, e quase perdi o controlo das minhas emoções na
presença de todos no restaurante, foi porque já tinha ouvido a minha avó dizer coisas semelhantes.
Quando eu disse que nunca tinha ouvido palavras como aquelas, o que eu quis dizer foi que nunca
tinha ouvido tais coisas desde que a minha avó morreu. Antes de ela morrer, disse-me: António, eu
creio que as minhas orações por ti serão respondidas, e que o Espírito de Deus conduzirá os teus pés
para a Cidade de Deus’.

Ao separar-nos ele disse: «Roger, se alguma vez a minha vida se endireitar e eu me interessar por
coisas espirituais, quero que saibas que serei um Adventista do Sétimo Dia. Tenho ouvido coisas
muito boas a respeito dos Adventistas.

Passaram-se nove anos até voltar a encontrá-lo. Nessa altura eu tinha sido promovido a gerente
distrital de vendas e estava a supervisar o trabalho de angariação de clientes para as listas
telefónicas na Pensilvânia. Um dia, à hora do almoço, estava com um grupo de colegas a consultar o
menu num restaurante, quando alguém à minha esquerda disse: «Roger Morneau, o que te traz a
esta parte do mundo?»

Quando olhei vi o António com a sua mão estendida para me cumprimentar. Ele era agora o gerente
de vendas de uma grande firma comercial, estava também com alguns dos seus funcionários, e
estavam já de partida. Ele disse que gostaria de falar comigo. Voltaria dentro de alguns minutos e
aguardaria no seu carro até que eu acabasse a minha refeição.

Quando nos sentámos no carro, a primeira coisa que ele fez foi lembrar-me da conversa que
tivemos nove anos antes num restaurante em Plattsburgh, Nova Iorque, e como isso o tinha levado a
pensar naquelas coisas que têm valor real na vida. Agradecendo-me várias vezes por orar por ele,
disse-me que já não bebia bebidas alcoólicas, que tinha abandonado o tabaco, e acima de tudo,
tinha-se interessado por assuntos espirituais devido a algumas operações invulgares da providência
divina. Presentemente ele estava a estudar as crenças Adventistas do Sétimo Dia com um casal
Adventista, aos fins-de-semana.

Depois de nos separarmos, durante todo aquele dia não deixei de agradecer e louvar a Jesus por me
ter levado a compreender mais plenamente o poder do Seu ministério no lugar Santíssimo do
Santuário Celestial. De outro modo eu nunca teria experimentado a bênção de saber que tenho uma
lista de oração perpétua, com o nome das pessoas que Ele leva sobre o Seu coração.

61
Capítulo 7

Intercedendo Pelos jovens


No capítulo anterior eu mencionei que um jovem chamado Roberto obteve a vitória sobre as drogas
e voltou para o povo de Deus, que honra os Seus mandamentos, como resultado da oração
intercessória em seu favor. Gostaria de contar-vos um pouco mais sobre esta experiência, e como o
Espírito de Deus cuidou e abençoou a sua vida durante o tempo em que ele esteve afastado de Deus.

Foi uma triste surpresa saber, por intermédio de um dos antigos colegas de faculdade do Roberto, as
mudanças quase inacreditáveis] que tinham ocorrido na vida deste jovem. Em poucos anos deixara
de ser um jovem temente a Deus, para passar a ser alguém totalmente centrado em si mesmo.

«O Roberto, disse-me o seu amigo da faculdade, já não é o joven cristão impecável que conheceu.
Depois de ter terminado a faculdada encontrou um trabalho que lhe deu prosperidade material, e
além dl mais os proventos da esposa tornaram-lhes a vida bastante mais fácil

«Eles fizeram-se amigos de algumas das pessoas com quen trabalhavam, que gradualmente os
levaram a lugares de diversão que eles nunca tinham frequentado antes. A esposa ficou fascinada
péla música, e em breve ambos estavam presos ao rock’. Eles ocupavam seu tempo de lazer com
actividades que não somente os separaram de Deus, como finalmente um do outro. Se foi ele a
deixá-la ou ela a deixá-lo, eu não sei exactamente.

O amigo da faculdade acrescentou: «O irmão dela disse-me que Roberto tem em casa o valor de um
milhar de dólares em ’erva’ e ou material forte. (Isto refere-se a plantas e material que contêm
droga, como é evidente). Ele passa horas a fumar ’erva, e gosta muito de rock da pesada. De facto,
ele gastou milhares de dólares numa aparelhagem estereofónica para criar a impressão de estar junto
a um palco de concerto ’rock’».

Quando expressei o meu desapontamento, o jovem replicou: «que não quer que me sinta mal por
causa dele. Ele sabia melhor do que ninguém em que tipo de situação se estava a envolver. É óbvio
o que ele queria, de contrário ter-se-ia mantido afastado disso desde o princípio. ]
De uma forma natural e imediata decidi levar o caso do Roberto diante do nosso Pai celestial
diariamente. Sabendo que o pecado pode ser «resistido e vencido somente pela poderosa agência da
terceira pessoa da Trindade» (O Desejado de Todas as Nações, pág. 730), orei para que o Espírito
Santo conduzisse o Roberto à vitória sobre a música ’rock’, as bebidas alcoólicas e as drogas.
Compreendi que possivelmente seriam necessários alguns anos até que ele pudesse chegar a uma
posição de tomar decisões que o levassem de volta para Deus. Contudo, eu estava preparado para
orar por ele o resto da minha vida.

Passaram-se três anos; então um dia tive uma agradável surpresa. Encontrei o Roberto nos terrenos
da Academia de Union Springs onde estávamos a assistir às reuniões campais anuais da
Conferência de Nova Iorque. No dia seguinte tive a alegria de o ouvir contar como o Espírito de
Deus tinha trabalhado em seu favor.

«Foi há cerca de um ano», disse-me ele, «quando comecei a sentir uma mudança na maneira como
eu encarava os meus amigos, o meu tempo de lazer, as minhas preferências musicais e outros
aspectos da minha vida diária. Até esse tempo tinha desprezado as coisas espirituais, e por um
período de cinco anos tinha-me entregado ao gozo daquilo a que o mundo chama a boa vida.

«Desde o momento em que me levantava de manhã, até à noite, estava envolvido nalgum tipo de
gratificação própria ou vivendo a expectativa disso. Por exemplo, a primeira coisa que logo fazia de
manhã era pôr a tocar as minhas músicas ’rock’ preferidas enquanto me preparava para o trabalho.
Havia algo nelas que satisfazia um desejo profundo.

«Cada fim-de-semana era passado numa farra barulhenta com mulheres, bebidas, ’erva’ e tudo o
mais que a pudesse alegrar. Nessa altura a minha mulher e eu separámo-nos, e fiquei
completamente livre para fazer o que queria. Eu até gostava de viver assim. Mas de repente fui
colocado face a face com a realidade.

«Importas-te de me contar como isso aconteceu?» perguntei.

«Há cerca de um ano atrás as coisas começaram a mudar. Primeiro, a minha música ’rock’ e a
minha cerveja deixaram de ter qualquer sabor para mim. Uma noite quando cheguei a casa do
trabalho, liguei a aparelhagem estéreo, coloquei uma pilha de discos gira-discos, depois sentei-me
confortavelmente com um copo da minha cerveja favorita numa mão e um jornal na outra. Bebi
dois goles de cerveja e li durante alguns minutos, mas quando bebi o terceiro, apercebi-me que
qualquer coisa estranha tinha acontecido. O trago de cerveja sabia mal. De facto, era horrível.

«Fui ao frigorífico buscar outra lata de cerveja, e depois de a ter aberto, descobri que sabia pior do
que a primeira. E a música não era a mesma - faltava alguma coisa. Não era agradável como
costumava ser, por isso verifiquei os botões de controlo do amplificador. Estavam no ponto certo,
mas a música ’rock’ tinha perdido grande parte da sua atracção, e eu não conseguia descobrir qual
era o elemento que faltava.

«Nesse preciso momento tocou a campainha da porta, e ali estava o Henrique, um amigo íntimo.
Henrique, tu vieste visitar-me na hora certa. Algo estranho está a acontecer, e eu não consigo
descobrir a razão para tal’. Depois de ter despejado o resto da cerveja da última lata para um copo,
dei-lha a beber. Ao prová-la, o Henrique declarou-a excelente. Disse-lhe que a minha não sabia
nada bem.
l
64

«Deixa-me provar a cerveja do teu copo, não acredito em ti.’ Após tomar u gole, dirigiu-se para a
pia do lava-loiças, onde a cuspiu. Esta estava podre, Coisa terrível. Ó homem, tu tens um
verdadeiro problema aqui, e eu não posso ajudar-te. Não quero assustar-te, mas eu creio que está
aqui em operação uma força sobrenatural. A propósito vim pedir-te emprestada por alguns dias uma
das tuas ferramentas’.

O meu interesse na história de Roberto estava naturalmente a aumentar, e < não pude deixar de lhe
perguntar o que ele pensou do comentário do seu amigo a respeito do sobrenatural.

«O meu primeiro pensamento», disse Roberto, «foi que alguém estava a orar por mim e que o
Senhor estava a fazer alguma coisa para me levar a considerar seriamente o meu modo de vida. A
experiência deixou-me de certo modo aturdido e daí em diante nunca mais bebi cerveja».

Enquanto conversávamos ele deu-me mais alguns pormenores sobre incidente, mas o que mais me
impressionou foi o que ele descreveu a seguir.

«Alguns dias depois do incidente da cerveja, quase perdi a vida. Numa noite de Novembro por volta
das 20:00h, eu conduzia o meu carro na descida du pequeno monte. Visto que tinha estado a chover,
a superfície da estrada começa a ficar com gelo nalguns lugares. Por isso, abrandei a marcha para
cerca de 50 km por hora, quando de repente 4 veados saltaram para a estrada. As luzes dos far´ois
assustaram-nos, e eles pararam no meio da estrada.

«Instantaneamente travei a fundo, e o carro começou a rodar como um pião em cima de uma mesa
de vidro. Continuei a andar em círculos sem tocar as bermas da estrada, e fui assim até ao fundo da
descida. Depois da primeira volta, vi que os veados tinham desaparecido, mas era-me impossível
parar o carro. Depois de algumas dezenas de metros a estrada era de novo plana. o carro começou a
abrandar, vindo a parar de lado contra uma das guardas metálicas laterais.

«Ficou encostado do lado do condutor, e depois de me recompor, olhei por cima da guarda metálica
com a minha lanterna de pilhas e vi um precipício
de 25 metros».

Quando lhe perguntei que pensamentos surgiram na sua mente quando compreendeu que tinha
escapado, ele respondeu: «Senti que alguém estav; pedir a Deus por mim. Naturalmente que essas
duas experiências me levaram a pensar muito seriamente que alguém dava muito mais valor à
minha vida do que eu próprio.

«Encorajou-me também a voltar para Deus quando compreendi que embora eu O tivesse esquecido,
Ele não me tinha abandonado. A partir dessa altura comecei a ponderar no que estava a fazer nesta
vida presente contra a realidade da vida eterna. Eu tinha muito a recuar a fim de entrar de novo no
caminho certo e As drogas dominavam-me e eu sabia que não conseguia vencê-las por mim
mesmo. Mas decidi falar sobre tudo isso com Jesus, e seguir por onde Ele ] me conduzisse. E Ele
conduziu-me. Hoje sou um homem livre outra vez, tendo obtido a vitória sobre o eu, o pecado e o
mundo.

A história de Roberto fortaleceu o meu ministério de oração e ajudou-me adquirir de uma forma
mais completa algo que eu tinha estado a buscar muito tempo: uma confiança inabalável no meu Pai
celestial, e no poder do seu Santo Espírito.
Reflexões
Eu não concordo com aqueles pais cristãos que supõem que, se os seus filhos ou filhas
abandonaram o Senhor, não há muito que nós ou Deus possamos fazer, porque os jovens estão a
exercer a sua liberdade de escolha. Esses pais crêem que a única coisa que podem fazer é orar para
que o Senhor guarde os seus filhos transviados.

Tal raciocínio pode ter resultados catastróficos. Embora seja verdade que Deus não força a vontade,
no entanto através das nossas intercessões que reclamam o sangue de Cristo, o Seu Espírito pode
dominar as forças das trevas e controlar os acontecimentos de tal maneira que aqueles por quem
estamos a orar sejam ajudados a decidir pelo que é correcto - mesmo que tenham de experimentar
algum sofrimento.

Consideremos a experiência de Sansão. Posso imaginar quão angustiados Manoá e a sua esposa
devem ter ficado quando o rapaz que eles tinham criado para Deus começou a associar-se a
idólatras. Durante 20 anos enquanto julgou Israel, continuou a reincidir na imoralidade. Então um
dia Manoá chegou da cidade e disse à sua esposa que tinha notícias muito más para lhe dar, que era
melhor ela sentar-se, porque iria ficar chocada. Fê-la saber que os dirigentes filisteus tinham
arrancado os olhos de Sansão enquanto ele visitava uma prostituta.

Estou inclinado a crer que embora a senhora Manoá se tivesse sentido horrorizada ao ouvir aquelas
notícias, ela não ficou chocada ao ponto de crer que Deus os tivesse abandonado. Certamente que
eles oraram para que Deus salvasse Sansão. Que fizesse fosse o que fosse para o levar a reflectir.

Na prisão Sansão teve a oportunidade de pensar seriamente. Muitas cenas dos dias da sua infância
passaram diante dele. Ele voltou-se para Deus de todo o seu coração, e no capítulo 11 de Hebreus
lemos que ele estará um dia diante de Deus com todos os outros heróis da fé.

Capítulo 8

Orando Pelos Irreligiosos e os Maus


66

Tenho visto mudanças quase inacreditáveis acontecerem na vida de muitos através da intercessão
em seu favor. O êxito que tenho experimentado através dos anos no meu ministério de oração é o
resultado total da operação divina do Espírito Santo de Deus. Não posso reclamar nenhuma glória
para mim mesmo.

Estamos num feroz conflito com os poderes das trevas pelo controlo da mente humana. E tenho
visto por experiência que a esse respeito, somente o Espírito Santo de Deus pode conceder vitória.
Para ajudar as pessoas tenho seguido o conselho que é dado na página 466 de O Desejado de Todas
as Nações.
«Só a súplica fervente, perseverante, a Deus, feita com fé ... pode ser eficaz para trazer aos homens
o auxílio do Espírito Santo na batalha contra os principados e as potestades, os príncipes das trevas
deste século, as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.»

Através da oração intercessória tenho visto abrir-se o caminho para que Deus exerça a Sua divina
graça para com os indivíduos mais indignos. Tenho sido grandemente encorajado a orar pelos
irreligiosos e os maus pelas afirmações de Ellen White de que Deus rejubila em ajudar aqueles que
não o merecem.

«A graça é um atributo de Deus exercido para com os indignos seres humanos. Não a buscamos,
mas ela foi enviada a procurar-nos. Deus alegra-Se em conceder-nos a Sua graça, não porque
sejamos dignos, mas porque somos completamente indignos. O nosso único direito à Sua
misericórdia é a nossa grande necessidade» (A Ciência do Bom Viver, pág. 161).

Ao longo do tempo, no meu trabalho, eu voltava todos os anos para rever os anúncios das páginas
amarelas dos meus clientes e percebia como o Espírito de Deus mudara e iluminara a vida de
algumas pessoas irreligiosas por quem eu tinha estado a orar. Ficava cada vez mais exultante pelo
meu ministério de oração.
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Pedi ao Senhor para me conduzir a uma experiência de oração mais profunda com Ele, de modo a
poder ver o Seu Espírito abençoar a vida de um grande número de pessoas. Não tardou muito para
que Ele respondesse às minhas orações.

Por essa altura estava na casa dos 50 e tinham-se passado muitas oportunidades para eu ingressar na
administração. Porém, um dia eu concluí que era o momento de fazer uma mudança na minha
actividade. Fisicamente começava a perder capacidades, e uma afirmação que o meu chefe fizera
havia algum tempo atrás ecoava na minha mente: «Roger, você deveria considerar seriamente a
hipótese de ganhar a sua vida partilhando a sua experiência com os mais jovens, especialmente
porque está a chegar ao ponto em que a natureza não lhe permitirá continuar a trabalhar tanto
durante tantas horas.»

Ele lembrou-me um certo número de experiências positivas que eu tinha tido na área da
administração ao ajudar em emergências, tal como aconteceu, em
1970, na reestruturação da lista telefónica da companhia de Nova Brunswick, que operava naquela
província canadiana.

Após aceitar a responsabilidade, eu sugerira que se fizesse muitas das listas telefónicas em duas
línguas, visto que nalgumas áreas das Províncias Marítimas, entre 50 a 75 por cento a população era
francófona. Depois de ter dirigido a equipa de vendas durante várias semanas a fim de pôr as coisas
a funcionar na direcção certa, voltei para Búfalo, Nova Iorque.

Com a bênção de Deus o trabalho de Nova Brunswick acabou por ser um imenso sucesso, e daquele
tempo em diante, a administração superior continuou a oferecer-me posições administrativas que eu
fui declinando. Se eu fosse para a administração, perguntava-me a mim mesmo, não iria isso
impedir a bênção do Senhor? Pôr-me-ia eu a trabalhar na minha própria e fraca força humana? Se
eu assumisse a responsabilidade de homens que por vezes profanavam o nome de Deus com a sua
linguagem, não afectaria isso a possibilidade de Deus fazer prosperar o meu próprio trabalho?

A muitos dos homens que estariam a trabalhar sob a minha direcção, embora cultos e educados, e
com cursos superiores, faltar-lhes-ia uma experiência com Deus. Isaías 59:1,2 tinha guiado a minha
vida durante muitos anos. «Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar,
nem o seu ouvido agravado, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre
vós e o vosso Deus; os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça». Eu
não queria que nada se intrometesse entre mim e Deus.

Repetidas vezes continuei a perguntar a mim mesmo: poderia o comportamento daqueles que
estivessem sob a minha direcção erguer uma barreira entre mim e Deus de maneira que Ele não
pudesse abençoar o meu trabalho? Coloquei o assunto em oração diante do Senhor e pedi que Ele
respondesse claramente às minhas interrogações e abrisse um caminho claro para que eu seguisse.

Antes, porém, passei por uma série de experiências que alargaram a minha compreensão acerca de
como remover a parede de separação que os irreligiosos e os maus erguem para esconder deles a
face de Deus.

Chocado em Oração
Numa Sexta-feira à tarde, em Abril, ao regressar para casa no meu carro, passei por uma loja
Woolworth e decidi parar e comprar algumas coisas de
68 ” ”

que necessitava. Ao voltar para o meu carro, pensei que em mais uns escassos jninutos poderia
organizar a minha escrita referente àquele dia de trabalho.

O termómetro tinha alcançado uma temperatura elevada. Entrando no carro, abri rapidamente as
janelas para refrescar o interior. Alguns minutos depois um Mercury verde estacionou a dois passos
do local onde eu estava estacionado. Olhando de relance pelo canto de um dos olhos, vi um casal de
meia idade,
estando a mulher ao volante.

- Maria, tens de ligar a chave de ignição para eu poder fechar esta janela -

disse o homem.

- João, tu és estúpido. Já te disse umas cem vezes para fechares a janela enquanto o motor está ainda
a trabalhar. Nunca mais aprendes?

O homem abriu aboca, e um chorrilho de asneiras saiu dela, uma mistura de sagrado e profano que
não podia deixar de fazer chegar a mensagem à sua esposa, para lhe fazer sentir que as suas
palavras tinham tocado num ponto sensível. Irado, ele acusou-a de ter estragado o que tinha sido um
dia perfeito ao recusar manter a sua grande boca fechada.

Que homem mau, pensei para mim mesmo. Depois orei imediatamente: «Jesus, por favor, perdoa-
lhes. Pelo poder infinito do Teu Espírito Santo, por favor repreende as forças demoníacas que estão
oprimindo as suas mentes, e abençoa as suas vidas com a doce paz do Teu amor».

Instantaneamente parou a tormenta verbal. Durante cerca de 20 segundos nenhum deles disse uma
palavra, até que o homem quebrou o silêncio. «Maria, desculpa-me por ter ficado tão irado.
Realmente, sinto-me mal por ter-te falado como falei. Não sei porque fico tão irado às vezes. Eu às
vezes sinto a ira a crescer dentro de mim para com pessoas que eu amo de todo o coração. Por
favor, perdoa-me, e eu prometo esforçar-me para não repetir cenas como esta».

Depois foi belo ouvir ela admitir que fora, pelo menos parcialmente, a culpada por não ter sido
cuidadosa com as suas palavras, e às vezes até sentir prazer em o atacar verbalmente. Prometendo
ser mais cuidadosa no futuro, ela deu-lhe um beijo, fechou a janela, e ambos saíram do carro para
irem fazer compras.

Dirigindo-se ao parquímetro, o marido procurou moedas para lá meter, e não tendo nenhuma das
moedas apropriadas, voltou-se para a esposa e disse:

-Tarte de açúcar, importas-te de ver se tens uma moeda para o parquímetro?

- Como posso recusar ajudar quando me estás a tratar como uma senhora? Já reparaste, João, que
não me chamavas tarte de açúcar desde que os filhos
eram pequenos?

Depois dele ter metido as moedas no parquímetro, ela deu-lhe o braço, e, como dois recém-casados,
lá seguiram para fazer compras.
Permanecendo sentado no meu carro, fiquei mais do que surpreendido com a transformação drástica
que tinha ocorrido nas suas vidas, e ao mesmo tempo uma nova dimensão tinha sido acrescentada à
minha experiência cristã. Até então nunca tinha pedido ao Senhor para perdoar a alguém.
Unicamente o choque me tinha impelido a orar por eles. Quando os abusos verbais começaram a
irromper, compreendi que o homem, provavelmente, há muitos anos não pedia perdão pelos seus
pecados. Sabendo que o pecado causa separação entre Deus e o homem, senti a urgência do
momento e pedi ao Senhor para dar uma ajuda especial a ambos.

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Surpreendeu-me ver quão rapidamente mudou o aspecto do casal ao serem tocados pelo Espírito
Santo. E eu tinha sido o instrumento que abriu o caminho através da minha intercessão. O
pensamento de que durante o Seu ministério na Terra Jesus Se tinha ocupado da solução desta
espécie de problemas, impressionou-me então profundamente.

Ao paralítico que esperava cura física, Jesus disse: «Homem, os teus pecados te são perdoados
(Lucas 5:20). Primeiro o Senhor removeu daquele impotente ser humano a sua carga de pecado,
então fez a seguir, o melhor, isto é, curar a sua doença. Na casa de Simão, quando uma mulher que
buscava a paz para a sua alma ungiu os pés do Salvador com unguento dispendioso, Jesus disse:
«Os teus pecados te são perdoados. ... A tua fé te salvou: vai-te em paz» (Lucas 7:48-
50).

É isso mesmo, disse eu para mim próprio. A minha primeira preocupação em orar pelos irreligiosos
e os maus deve ser pedir a Jesus para Se ocupar das suas cargas de pecado. O meu coração
rejubilou pelo facto de o meu Senhor ser um especialista da salvação, especializado em casos
desesperados. Enquanto viajava de volta para casa, o meu coração estava cheio de gratidão pela Sua
infinita bondade e graça.

Orei para que, se fosse de acordo com a Sua vontade, eu pudesse ter outra experiência semelhante,
uma que demonstrasse de novo o poder do Espirito Santo em abençoar depois do fardo do pecado
ter sido removido.

O encarregado de uma grande firma de venda de materiais de construção disse-me que seria difícil
falar com o seu patrão sobre o seu anúncio porque ele possuía outras firmas que o faziam estar
muito tempo ausente. O meu chefe tinha-me dado o caso para resolver, com o acordo de que, caso
não o encontrasse pessoalmente durante o horário normal dos contactos, eu pudesse fechar o
negócio pelo telefone numa data posterior. Afinal de contas, o homem não mudava o seu programa
de anúncios haja vários anos. Além disso, anteriormente já se tinha recusado a marcar entrevistas de
negócios, e parecia que geria os seus negócios de acordo com a disposição que ele tivesse nesse dia.

Como passava diante da sua firma todos os dias, parava de vez em quando. Mas só na Segunda-
feira da minha última semana na área é que o encarregado me informou que o patrão desejava mais
anúncios, e que queria mudar algo na redacção dos actuais. O patrão estava presente, mas mal
humorado. «Muitos assuntos a tratar», disse-me o encarregado. Pedi-lhe que me marcasse uma
entrevista para ver o patrão, caso contrário os seus anúncios continuariam na mesma. Uma
mensagem deixada no gabinete dos telefones naquela tarde indicava que o dono poderia falar
comigo na Quarta-feira às 10:00h da manhã.

Quarta-feira estava um belo dia, e até àquela altura tudo tinha corrido bem. Entrei no
estabelecimento que mais parecia uma colmeia em actividade. Avistando o encarregado à distância,
aproximei-me do balcão onde ele estava a atender um cliente. Pediu a um outro empregado para
acabar de atender o cliente, e ambos subimos ao segundo andar onde estava o escritório do patrão.

Pelo caminho ele disse que era pena eu ter de falar com o patrão naquele dia. O homem estava
realmente muito mal humorado. Para começar, ele tinha chegado com uma expressão sombria.
«Deve ter acordado com os pés destapados». Um momento depois explodiu quando lhe disseram
que um
carregamento que lhe tinha sido prometido chegar naquele dia estava atrasado devido a
circunstâncias inesperadas. «Portanto, prepare-se para tudo», advertiu-me o encarregado. «Se o
patrão lhe gritar, não lhe ligue. Isso é provavelmente o preço que ele tem de pagar por ser rico».

Chegados ao escritório, forrado interiormente de vidro, o encarregado abriu a porta e anunciou a


minha presença.

- Diga-lhe para entrar e sentar-se - respondeu o patrão. - Não posso falar com ele neste momento
porque preciso de fazer um telefonema.

Quando entrei, ele nem sequer olhou para mim, mas continuou a remexer os papéis que estavam em
cima da sua secretária. Que pessoa rude, pensei eu por uns momentos. Depois percebi que o homem
estava sob terrível pressão. A sua expressão reflectia conflito interior. Ele era, sem dúvida, um
fumador de acender os cigarros uns nos outros, visto que o escritório estava cheio de fumo e o
cinzeiro cheio de pontas de cigarro, e ele tinha um cigarro entre os dedos.

Depois de discar um número no telefone, ele começou a falar para um dos seus encarregados duma
maneira que eu nunca pensei ser possível. Somente um tirano teria usado a linguagem abusiva que
ele insuflou nos ouvidos do homem. Ele não estava satisfeito com os resultados revelados num
relatório trimestral de um dos seus negócios. Palavrões saíram à direita e à esquerda, e quanto mais
ele falava, mais brutal parecia ficar.

Este homem é repugnante-provoca-me vómitos, pensei para mim mesmo. Então a lembrança da
minha oração de há alguns dias atrás assaltou-me. Aqui estava, na verdade, outra oportunidade de
orar por uma pessoa irreligiosa de modo que eu pudesse ver Deus remover a carga do pecado desse
indivíduo e o Espírito Santo agir com poder para ajudar aquela pessoa na batalha «contra os
principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais» (Efésios 6:12).

Infelizmente eu não tinha desejo algum de orar por ele. Sim, mas eu sabia que era o que eu devia
fazer, e fiz um esforço especial para orar. «Querido Jesus, eu preciso da Tua ajuda. Eu na verdade
não sinto vontade de orar por este homem mau. De facto, eu preferia sair daqui. Tu instruíste-nos a
amar os não amáveis, e por essa razão eu rogo por ajuda especial agora.

«Por favor ajuda-me a ver este homem não como ele é agora, mas como ele será pela Tua graça
naquele grande dia quando Tu ressuscitares e trasladares o povo da Tua justiça.»

Imediatamente um sentimento de compaixão pelo homem invadiu o meu coração, e continuei a


orar. «Apaga a condenação que ele trouxe sobre si mesmo pelos seus maus actos. Transpõe, rogo-
Te, a barreira gigantesca de separação que ele erigiu para se esconder da Tua face, privando-se
assim da doce paz do amor e graça do nosso Pai celestial.

«Senhor, através do poder do Teu Espírito Santo, por favor, repreende as forças demoníacas que
possam estar a oprimir a mente deste homem, levando-o a semear miséria na vida de outros. E
tendo feito isto, por favor, rodeia-o com uma atmosfera divina de luz e paz. Que ele sinta que o Teu
Espírito está com ele durante este dia, falando ao seu coração dos caminhos da justiça. Obrigado,
Senhor, por ouvires sempre as minhas petições de ajuda aos necessitados.

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Decidi ali, naquele momento, que este homem iria estar nas minhas orações diárias. Senti
imediatamente a poderosa presença do Espírito de Deus. Eu devo mencionar aqui que a minha
experiência cristã nunca esteve dependente dos meus sentimentos, mas dum ”Assim diz o Senhor”.
Por vezes, quando a caminhada é dura, tenho sido tentado a pensar que Deus me deixou sozinho a
carregar o meu fardo, mas finalmente acabo por ver como o Espírito de Deus cuida graciosamente
de mim. Contudo, tem havido um bom número de ocasiões em que o nosso Pai celestial me tem
honrado especialmente ao manifestar a Sua presença de uma maneira inconfundível.

Não se passaram mais de 5 segundos para que eu testemunhasse uma transformação tão grande no
homem, como da noite para o dia. A sua conversação tomou um novo rumo. Em vez de falar quase
ininterruptamente e gritar profanidades, ele abrandou o tom da sua voz e começou a falar com um
raciocínio inteligente. Pausas longas davam oportunidade à outra pessoa de explicar a situação. A
conversação terminou com uma nota aparentemente isenta de tensão, e desligou o telefone. A sua
expressão austera, que pareceu a princípio tão imutável como as que se vêem nos monumentos dos
parques das cidades, agora tinha suavizado.

Ele esboçou um sorriso ao dirigir-se a mim.

- Chamo-me Denis D. - levantou-se atrás da sua secretária e estendeu a mão para me cumprimentar
de maneira amigável.

- E eu, Roger Morneau - disse ao apertar-lhe a mão firmemente.

- É bom encontrar-me consigo, Roger. Só é pena que tenha vindo num dia em que tudo está a correr
mal.

Então ele fez uma correcção a respeito de si mesmo.

- Eu não devia estar a dar-lhe a impressão de que a conversação que acabou de testemunhar é uma
ocorrência rara. Para ser honesto consigo, devo admitir que sou, por vezes, um homem intratável.
Não sou maluco ou transtornado, de modo nenhum, mas passa-se algo estranho aqui. Não consigo
compreender a razão por que às vezes fico tão inflamado com coisas que ninguém pode mudar. E à
medida que o tempo passa, tais incidentes parecem ser cada vez mais frequentes e intensos. Muitas
vezes sinto uma cólera incontrolável a crescer dentro de mim, e descarrego sobre toda a gente.

Podia ver que o homem estava profundamente triste com a sua situação. «Se não fosse pelo facto de
que eu pago duas vezes mais aos meus encarregados do que eles valem, nenhum deles trabalharia
comigo». De repente ele compreendeu que estava a falar para um estranho. «Que estou eu a fazer,
contando-lhe os segredos da minha vida? Por favor, desculpe-me por ter descarregado os meus
problemas sobre si. Vamos falar de anúncios».

-Senhor D, por favor, acalme-se e confie em mim-disse eu.-O primeiro dos requisitos do meu
trabalho é guardar em estrita confidência qualquer coisa que os meus clientes me digam, e eu há
anos que sou bem sucedido nisso. Muito frequentemente as pessoas dizem-me coisas que nunca
tinham dito a ninguém, declarando que se sentem à vontade na minha presença, e crêem que é
melhor abrirem o seu coração a um estranho do que a alguém que as conheça bem.

A sua resposta surpreendeu-me, de certo modo, visto que foi totalmente inesperada.
72
- Roger, eu concordo com o que os seus clientes dizem. Sinto que há um poder que o acompanha.
Não sei exactamente como explicar, excepto dizer que não é deste mundo. Nunca experimentei
antes a paz e quietude que experimento neste momento.

- Obrigado, senhor, por me dizer isso. Senhor D., eu sinto que é importante que lhe diga que desde o
momento em que o senhor começou a falar ao telefone, voltei o meu coração em oração ao grande
Monarca das galáxias, o Doador da vida, pedindo-Lhe que abençoasse a sua vida com a presença do
Seu Espírito, o Único que pode trazer paz e auxílio aos que habitam neste mundo.

Ele estudou-me por uns momentos, depois disse: «Eu abandonei Deus e a religião há já muito
tempo. Mas hoje o senhor falou-me de algo que me faz pensar: o Monarca das galáxias e o Seu
poder de tocar a vida das pessoas de um modo significativo. Gosto desse pensamento. Não me
interprete mal. Não estou a pensar em ir à igreja ou algo do género, mas importa-se de ter a
amabilidade de continuar a lembrar-se de mim nas suas orações? Sem dúvida que eu apreciaria isso.

Depois de lhe ter assegurado que me sentiria honrado de acrescentar o seu nome à minha lista de
oração, actualizámos então o seu programa de anúncios. Quando me levantei para partir, ele disse:
«Deixe-me descer consigo, visto que, de qualquer modo, preciso de ir lá abaixo».

Enquanto descíamos perguntei-lhe como tinha construído aquela firma tão interessante. A sua face
iluminou-se, e ele contou-me histórias ao longo do trajecto até à porta da frente. Ao apertar a minha
mão quando nos despedimos, ele perguntou-me se não me importava de ter a amabilidade de o
contactar logo no início das vendas de anúncios nas páginas amarelas do ano seguinte.

Eu não trabalhei aquela área no ano seguinte, mas visitei-a dois anos depois como gerente de
vendas daquela área, e fui àquela firma com o colega que tinha o trabalho. O homem ficou contente
por me ver outra vez e foi muito cortês, e enquanto um novo anúncio estava a ser feito, ele levou-
me consigo a outro escritório ao encontro do seu contabilista.

Depois de me ter apresentado, ele afirmou que eu era a pessoa que lhe tinha dado um novo alento na
vida, e ao mesmo tempo lhe tinha poupado uma boa soma de dinheiro, visto que ele nunca mais
teve necessidade de ir ao seu psiquiatra.

Uma grande transformação tinha ocorrido na vida daquele indivíduo. Ele vibrava com a alegria de
viver. Na parede, atrás da sua secretária, estava pendurada uma placa com as palavras: ”A Oração
muda as coisas”.

Na verdade assim é - e neste caso particular, sinto-me inclinado a crer que de todas as bênçãos
recebidas, por ambos, eu fui o maior beneficiário. Aquela experiência de oração corrigiu as minhas
ideias deformadas, que durante vários anos me tinham impedido de pedir ajuda especial para os
irreligiosos. Mas daquele tempo em diante, o Senhor pôde usar-me para abrir o caminho para que de
uma forma maravilhosa, o Seu Espírito operasse beneficiando a vida de muitas pessoas.
73
Capítulo 9

Cada Problema, Um Chamado à


Oração
Gamo gerente de vendas da Região Nordeste, cobrindo uma área geográfica de 8 Estados, passei a
maior parte do meu tempo supervisando o trabalho de prospecção de vendas de anúncios para as
páginas amarelas.

Observando vários relatórios semanais de vendas, decidi visitar o nosso pessoal de vendas que
estava a trabalhar num sector importante da Pensilvânia. Os resultados das vendas de um dos
homens em particular chamou-me a atenção. Um dos principais vendedores experimentava agora
uma substancial perda de rendimento. Concluí que o Carlos tinha um problema que interferia com o
seu trabalho.

Conversando com ele, descobri que a sua ex-esposa, que tinha a custódia dos seus dois filhos,
estava a dificultar as coisas para que ele pudesse ver os filhos. Além do mais, a sua ex-sogra fazia
todos os possíveis por colocar os filhos contra ele, acabando simplesmente por lhe despedaçar o
coração. Ele admitiu que lhe estava a ser difícil concentrar-se no que fazia, e que se as coisas não
melhorassem, em breve teria de deixar o trabalho.

Pedi-lhe o nome da ex-sogra para orar por ela. Ele ficou um pouco surpreendido com o meu pedido,
mas deu-mo após ter comentado, «eu duvido que orações ajudem. Os meus pais têm estado a orar
pela velha bruxa desde o dia em que me casei com a filha. De facto, eles até mandaram rezar
algumas Missas para que ela não arruinasse o nosso lar, mas foi tudo em vão.

Para abreviar uma longa história, coloquei os nomes da ex-esposa, ex-sogra e dos filhos, bem como
o do Carlos, na minha lista de oração, e cada manhã, com a minha Bíblia aberta no capítulo 27 de
Mateus, intercedia em seu favor. E acima de tudo, orava para que o Espírito de Deus ajudasse o
Carlos a levar o seu fardo sem desfalecer.

Era norma da companhia que todos os representantes das páginas amarelas telefonassem para o
escritório da Região em Virgínia às Sextas-
75
-feiras, entre as 13:00h e as 15:00h para relatarem os seus resultados durante a semana que findara.
Eles declaravam a quantia em dólares realizada em anúncios, o decréscimo ou perda, o ganho
líquido e quaisquer mudanças no número de anunciantes.

Quando regressava a casa na Sexta-feira, parava depois das 15:00h e telefonava para o escritório
para obter os resultados dos homens que necessitavam mais da minha ajuda. Foi extremamente
encorajador, e ao mesmo tempo uma bênção para a minha experiência cristã, obter os resultados do
Carlos e ver como o Espírito de Deus o estava a abençoar, guiar, dirigir e encorajar à medida que os
resultados das vendas melhoravam de semana para semana.

Algum tempo mais tarde, ouvi dele próprio tudo o que se estava a passar. Com uma alegria vinda do
Céu, ele contou-me como as coisas estavam a mudar para melhor. Ele disse várias vezes: «As suas
orações têm poder. Elas operam realmente em favor das pessoas».

Embora as normas da companhia me impedissem de falar de religião com aqueles que trabalhavam
comigo, conseguia viver as minhas convicções religiosas, e agradeço a Deus por isso. Fiquei
surpreendido ao ouvir o comentário que um deles fez sobre a maneira como vivia a minha religião.
Por causa de um problema de saúde o médico disse-lhe que ele precisava de mudar para um clima
mais quente. Antes de partir para a Califórnia, ele foi visitar-nos, a mim e à minha mulher. Para
minha grande surpresa, ele disse à minha mulher, na minha presença, que os meus colegas tinham
uma grande consideração por mim. «Um colega afirmou que no dia em que ele voltar a frequentar a
igreja, ele irá à igreja do Roger. Ele tornar-se-á Adventista do Sétimo Dia e pertencerá a uma igreja
que tem poder».

Um Problema de Bebida Resolvido


O Jorge era um bom trabalhador, mas nos fins-de-semana ele costumava recompensar-se pelo
trabalho bem feito, bebendo. Era solteiro e vivia em Boston, mas certo fim-de-semana ficou numa
cidade da Nova Inglaterra onde estava a trabalhar nas listas telefónicas. Na Sexta-feira à noite bebeu
tanto que acabou por ir parar à prisão. Telefonou ao director da companhia de telefones, que o
libertou sob fiança. Na manhã seguinte, já sóbrio, percebeu que devia tentar salvar o seu emprego.

Pensou em telefonar-me, mas supôs que eu, sendo Adventista do Sétimo Dia e uma pessoa
religiosa, iria certamente criticá-lo de imediato. Em vez disso, telefonou para o escritório da Região
em Virgínia com a esperança de poder falar com o meu chefe, que ele supunha ser mais
compassivo, uma vez que era um bebedor social. O meu superior disse ao Jorge que eu era quem
decidia a esse respeito, e que estaria no escritório Segunda-feira para discutir o assunto com ele.

No Domingo à noite o meu chefe telefonou para minha casa, contou-me o problema, e sugeriu que
Segunda-feira eu convocasse uma reunião com o pessoal que trabalhava na área e que, na presença
de todos, despedisse o homem.

Tendo orado sobre o assunto, discordei da medida, e falei com o Jorge em privado. A caminho do
escritório orei por sabedoria para tratar da situação com
76 ~~ ~ ~

tacto. De facto, senti que talvez o pudesse manter no nosso emprego, e usar o problema dele para
uma experiência de oração. Eu acreditava que o Espírito de Deus daria a vitória ao homem sobre o
seu problema da bebida por meio da minha intercessão em seu favor. Isto é, se o Espírito de Deus o
levasse primeiro a pleitear com sinceridade pelo seu emprego.

Depois pensei, o Jorge é demasiado orgulhoso para se humilhar ao ponto de pleitear

pelo seu emprego. Ele devolverá os materiais da companhia e desistirá antes de fazer isso.

Contudo, achei-o muito angustiado por causa do problema que o afectava.

Enquanto escutava o seu pedido de compaixão, compreendi que ele estava a


travar uma verdadeira batalha contra a bebida.

Uma citação de O Desejado de Todas as Nações veio-me ao pensamento: «Só a súplica fervente,
perseverante, a Deus, feita com fé ... pode ser eficaz para trazer aos homens o auxílio do Espírito
Santo na batalha contra principados e as potestades, os príncipes das trevas deste século, as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais» (pág. 466).

Foi com lágrimas nos olhos que ele finalmente disse: «Por favor, dê-me outra
oportunidade! Por favor!»

«Jorge», repliquei, «vou dar-te outra oportunidade. Mas uma vez que estou a empenhar-me
pessoalmente por ti, vou ajudar-te a vencer o problema orando a Deus para que Ele abençoe a tua
vida e te dê a vitória sobre a bebida».

Agradecendo-me ele disse: «Mas, eu não penso que as orações ajudem. A minha mãe já está a orar
há 15 anos para que eu vença o meu problema. Ela tem recitado o rosário e pago para serem
celebradas Missas a fim de eu obter a vitória sobre o problema, mas não tem resultado».

«Bem, Jorge, eu creio em milagres, portanto vejamos o que acontecerá». Foi exactamente o que
aconteceu-um milagre operado pelo Espírito Santo de Deus. Alguns meses mais tarde ele contou-
me quão satisfeito estava por ter abandonado a bebida. Ele já não sentia prazer em beber.

Eu desejo outra vez esclarecer bem um ponto: embora o Espírito Santo não force a nossa vontade,
Ele pode fazer muito para mudar o curso de accção de uma pessoa em resposta à súplica
perseverante, feita com fé, a Deus.

Meter Travões
Depois de ter assistido a uma reunião de gerentes na sede da companhia, em Kansas, regressei à
Região Nordeste com um novo objectivo em mente: reduzir o elevado número de substituições do
pessoal de vendas dos anúncios das páginas amarelas na nossa região.

No aeroporto, enquanto aguardávamos pelo nosso voo, conversei com dois outros gerentes de
vendas sobre o conceito. Eles acharam que era ridículo o vice-^ -presidente de vendas tentar tal
coisa. Disseram que isso significaria tornar todos os nossos vendedores produtores de topo, e que
isso não era possível Muitos vendedores tinham problemas em casa, o que os obrigava a deixar o
seu trabalho. Outros, embora bem intencionados e trabalhadores esforçados, não tinham
simplesmente aquilo que os podia tornar bem sucedidos. Assim havia somente uma coisa a fazer,
argumentaram eles - continuar a dar cursos de treino a pessoas novas, embora isso ficasse caro. Não
havia outra alternativa.
Quanto a mim, eu já sabia que com o Espírito Santo a abençoar os meus vendedores e os seus
clientes, notáveis melhoramentos poderiam ser feitos. A experiência do Carlos juntamente com a do
Jorge já tinham provado isto.

Passou algum tempo, e numa Quinta-feira à noite recebi um telefonema do meu chefe de Kansas.
Eu tinha estado na ”Holiday Inn” (Estalagem de Férias) em Lowell, Massachusetts, durante 3 dias a
entrevistar candidatos que nos tinham sido indicados pela Snelling and Snelling Employment
Agency (Agência de Empregos). «Quantos homens terá para a classe de treino no próximo mês na
cidade de Kansas?» perguntou ele imediatamente.

- Como as coisas estão a decorrer actualmente-respondi eu-não haverá ninguém para a frequentar.

Depois de uma longa pausa, ele inquiriu: «Não vai substituir os três indivíduos que estão na cauda
da equipa de vendas, pelos novos indivíduos de que você e eu falámos a semana passada?»

- Na altura da nossa conversa eu inclinava-me nessa direcção, mas hoje penso de modo diferente.
Chefe, por favor desculpe a analogia, mas cheguei à conclusão de que este negócio de deixar as
pessoas irem embora depois de terem estado connosco 5 meses, simplesmente porque não
produziram grandes resultados é um pouco ridículo. É como se comprássemos cavalos de puro
sangue, os puséssemos de lado se não ganhassem uma corrida no primeiro ano, e depois fôssemos
comprar outros da mesma espécie. Acredite, senhor, nenhuma das pessoas com quem falei esta
semana me impressionou por ser melhor do que os indivíduos que já temos. Se estiver de acordo, eu
gostaria de manter os três, despender algum tempo com eles no campo, e tentar fazer com que os
nossos investimentos sejam compensados.

- Estou satisfeito por ouvi-lo falar dessa maneira. Você sabe que eu tenho uma mente virada para o
progresso.

-Se se recorda da nossa última reunião de gerentes de vendas, o vice-presidente de vendas declarou
que custa à nossa companhia cerca de 5.000 dólares ter um homem na escola por um mês e no
campo por cinco meses. O que eu gostaria de fazer - se estivesse de acordo - era tentar poupar
alguma coisa desses 5.000 dólares. Que diz?

- Eu não compreendo exactamente como você vai fazer produtores de topo desses três indivíduos,
mas certamente que gostaria de o ver tentar. Estou consigo cem por cento, mas devo dizer-lhe que
se proceder dessa maneira, irá entrar em conflito com o director nacional de vendas, que poderá
tornar-se um inimigo seu. Ele estabeleceu uma escola de treino para que um bom número de pessoal
de alto nível, passasse pelas suas portas, a fim de obter uma grande percentagem de agentes de topo.

Não consigo ver porque é que ele haveria de ficar desgostoso com o vice-presidente de vendas por
ele nos encorajar a tentar reduzir as elevadas substituições.

-Ele não deveria, mas ficará se você for bem sucedido, porque você terá iniciado um processo que
porá em risco o futuro da sua escola.

- Percebo e agradeço o que acaba de me dizer - disse eu - mas isso não vai alterar os meus planos.
- Agora temos outro problema. Ele espera ter 35 homens no próximo curso. Eu já o informei dos
nossos planos de ter 3 candidatos a frequentá-lo. Porém amanhã de manhã falar-lhe-ei da sua
decisão. Prepare-se para receber um telefonema do Rui antes do fim do dia.

Eu tinha colocado os meus planos perante o Senhor e sentia-me impressionado de que estava na
direcção certa, e estava determinado a não permitir que alguém alterasse a minha posição. Mas
podem estar certos de que passei bastante tempo a orar por aqueles indivíduos. As 3 semanas que se
seguiram, passei-as com eles no campo, uma semana com cada um. Acompanhei-os a todos os
contactos de vendas, e para os surpreender agradavelmente, eu próprio fiz todos os contactos
durante os dois primeiros dias.

Coloquei-os num estado de espírito tão calmo que eles acharam a experiência um verdadeiro prazer.
Conversámos sobre muitas coisas, de modo que fiquei a conhecer muito sobre os seus lares, os
membros das suas famílias, etc. Os homens sentiram que tinham beneficiado enormemente da
experiência, que serviu para os encorajar e produzir bons resultados em vendas. Eu creio que o
Espírito de Deus me conduziu naquela direcção de maneira a poder ter o privilégio de trazer as ricas
bênçãos de Deus aos seus lares através das minhas orações intercessórias.

A minha lista de oração crescia à medida que conhecia melhor as pessoas com quem trabalhava. E
até chegou o tempo em que nem sequer ligava o rádio do carro para ouvir as notícias, pois
despendia todo o meu tempo de viagem a interceder em oração por alguém. Devo acrescentar que
das 5 regiões da Companhia ”Continental Telephone”, a Região Nordeste tornou-se a que tinha
menos substituições de pessoal de vendas de anúncios de páginas amarelas em todo o País.

O meu chefe dizia frequentemente aos superiores que eu era o homem capaz de travar e levar as
substituições da nossa equipa de vendedores na Região Nordeste a uma paragem completa. Embora
ele me tenha manifestado o reconhecimento, ele sabia que o poder viera de cima. Eu procurei
certificar-me, sem margem para dúvidas, de que ele compreendia isto.

Na altura em que eu me tornei gerente de vendas de distrito, a Região Nordeste era a menos
produtiva de todas as divisões. Mas devido às bênçãos de Deus, em poucos anos alcançámos o topo.
Em 1977 o meu chefe e eu fomos galardoados com a Masters Circle Award porque a nossa Região
apareceu em primeiro lugar naquele ano, destacando-se em todas as fases das operações da
companhia.

Desde aquela altura e até que deixei a companhia em 1981, a nossa Região tinha a menor taxa de
substituição da equipa de vendedores e permanecia no topo em todos os outros objectivos da
companhia excepto no aumento líquido de anunciantes. (A Região do Pacífico, devido à
prosperidade fenomenal do Estado da Califórnia, detinha essa honra).

Conclusão da 1a Parte
Como partilhei convosco na primeira parte deste livro, Deus tem respondido a muitas das minhas
orações em favor de outros. Orar pelos outros tem sido o
78
79
chamado especial e o dom espiritual que Ele me deu para o Seu serviço. Deus, porém, opera de
forma diferente na vida de cada pessoa. A maior parte das vezes Ele responde às nossas orações de
maneiras menos espectaculares do que as que relatei neste livro. Mas Ele aguarda as orações de
todos os Seus filhos. Ele deseja que cada um de nós ore pelos que nos rodeiam. Possam os prezados
leitores, reter alguns dos princípios que descobri na minha própria experiência, e com o poder do
Espírito Santo usá-los a fim de experimentarem a divina alegria de interceder em oração por outros.

II Parte
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r
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Prefacio
Escrevi a primeira parte das Respostas Incríveis à Oração que foi publicada imediatamente num
pequeno opúsculo. Recebi centenas de cartas e telefonemas. Alguns eram pedidos de oração por
parte de pessoas que delas necessitavam, mas um grande número eram de pessoas que queriam
dizer-me o quanto o Senhor as tinha abençoado, enquanto intercediam por outros.

O Espírito de Deus tem transformado vidas, tem curado casos e tem dado vitória às pessoas sem
esperança. Neste novo livro, apresento-vos algumas dessas histórias maravilhosas. Para além disso,
certas perguntas apareciam vezes sem conta naquelas cartas e telefonemas. Centravam-se na
possessão pelo demónio e nos chamados ministros auxiliadores. Na segunda parte quero apresentar-
vos, de uma forma mais pormenorizada, o que partilhei com estas almas perturbadas.
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Capítulo 1

UM DILUVIO
DE GRAÇA CURADORA
E um milagre médico o facto de eu estar vivo hoje. A minha mais recente luta com a morte
começou num Sábado à noite, enquanto me preparava para me deitar, por volta das 22:30 horas.
Dirigi-me para a casa de banho e descobri que estava a urinar sangue. Chamei imediatamente a
minha mulher, Hilda. Embora tivesse ficado surpreendida por ver tanto sangue, ela que é
enfermeira, conseguiu permanecer calma. Abriu a porta do armário e tirou uma fralda descartável
de uma caixa que temos à mão para a nossa netinha. Depois, levou-me rapidamente para a sala de
urgências de um dos três hospitais da área de Triple Cities a sul de Nova Iorque.

Como tenho o sangue fraco devido à minha condição cardíaca, o médico da sala de urgências só
conseguiu parar a hemorragia às duas horas da manhã de Domingo. Depois tive que esperar até que
os resultados das minhas análises chegassem.

Um enfermeiro de serviço levou-me do laboratório para um pequeno quarto. Apontando para uma
mesa alta e com rodas, ele disse: ”Por favor, espere aqui e o médico virá ter consigo dentro de
pouco tempo.” Quinze minutos mais tarde, o enfermeiro voltou e encontrou-me ainda ali, de pé.
”Oh, sr. Morneau, o senhor deveria estar sentado. Por favor, espere que eu volto já.” Segundos
depois ele trazia um banquinho, colocou-o debaixo dos meus pés e saiu rapidamente.

”Este banco é terrivelmente pequeno para alguém se sentar nele,” disse para mim próprio, ”mas
sempre é melhor do que estar de pé”. Sentando-me nele o mais confortavelmente possível, encostei
as minhas costas à mesa com os pés estendidos horizontalmente. Passaram-se mais 15 minutos.
Apareceu então uma enfermeira, trazendo na mão uma seringa com uma grande agulha. ”Olá!
Como vai o senhor aí embaixo?” disse ela, olhando para mim. ”O senhor deveria ter usado o
banquinho para conseguir chegar à mesa e sentar-se nela.”
85
Dando-me conta da triste figura que eu devia estar a fazer, desatei a rir. A enfermeira deu-me a
injecção, depois foi-se embora com um sorriso, provavelmente ansiosa por contar às suas colegas
sobre o seu confuso doente.

Uma semana depois recebi um telefonema de um especialista em urologia chamado Dr. Wise. Ele
estivera a ver os resultados dos meus testes e pediu-me que o fosse ver no dia seguinte.

Quando cheguei ao seu consultório, ele disse-me, com o maior tacto e preocupação, que eu tinha
cancro na próstata. Esse tumor fora a causa da minha grande perda de sangue. O cancro tinha-se
desenvolvido para além da zona onde poderia ser tratado através de quimioterapia. A única solução
que restava era a intervenção cirúrgica. Depois de falarmos sobre a minha condição cardíaca, ele
disse que iria discutir com o meu cardiologista, o Dr. Smart, sobre os riscos de uma cirurgia para o
meu caso.

Como mencionei na primeira parte deste livro (Respostas Incríveis à Oração), estive quase à morte
na unidade de cuidados intensivos do Hospital Central de Niagara em Dezembro de 1984. Mais
tarde, alguns testes revelaram que um vírus destruíra grande parte do meu coração, deixando-me
incapacitado com cardiomiopatia, uma doença do músculo cardíaco. O Dr. Smart disse à minha
mulher que não esperava que eu vivesse mais do que apenas alguns meses. Isto eu só soube há um
ano.

Em casos como este, o coração geralmente desintegra-se até que mata o doente. No meu caso, o
tecido cardíaco, em vez disso, transformou-se numa substância dura que eu só posso comparar ao
couro. Mas com 60% do meu coração destruído e o meu sangue constantemente enfraquecido para
evitar a coagulação, eu seria caso único para qualquer tipo de cirurgia.

Por volta das 21 horas o telefone tocou. Para minha surpresa, era o Dr. Smart. Ele disse-me que
tinha falado com o urologista sobre a possibilidade de se fazer uma cirurgia e queria certificar-se de
que eu compreendia o grande risco por que iria passar, como consequência do fraco estado do meu
coração. Na realidade, ele acreditava que eu não aguentaria uma operação de tal envergadura.

A Hilda e eu tivemos uma longa conversa sobre o que deveríamos fazer; depois orámos a Deus para
que nos ajudasse a tomar a decisão mais inteligente. Nessa noite não dormi muito, pois não parava
de pensar que poderia morrer. No entanto, enquanto passava em revista a minha vida, senti-me
reconfortado pelo modo como o Senhor tinha operado, de uma forma contínua, ao longo dos anos.

Deus limpou sempre as minhas lágrimas, suavizou as dores, removeu a ansiedade, dissipou o medo,
supriu necessidades e concedeu bênçãos infindáveis. Enquanto pensava no que Ele ja tinha feito na
minha vida, a minha fé fortaleceu-se e eu perguntei-me: ”Porque estou eu a pensar na morte,
quando sirvo ao Deus vivo, o Senhor da Glória em quem habita o Espírito de vida’? (Romanos
8:2)”

Alguns versículos da Escritura começaram a vir-me à memória. ”Como um pai se compadece dos
seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem. Pois Ele conhece a nossa
estrutura; lembra-se de que somos pó” (Salmo
103:13,14). ”Porque n’ Ele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e
invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados,
sejam potestades: tudo foi criado por Ele e para Ele. E Ele é antes de todas as coisas e todas as
coisas subsistem por Ele” (Colossensses 1:16, 17). ”Porque n’Ele habita corporalmente toda a
plenitude da divindade. E estais perfeitos n’Ele, que é a cabeça de todo o principado e potestade”
(Colossensses 2:9,10).

Então o meu coração vibrou com uma alegria celestial, quando recordei Mateus 4:23,24: ”E
percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino e
curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. E a sua fama correu por toda a Síria e
traziam-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias enfermidades e tormentos, os
endemoninhados, os lunáticos e os paralíticos e Ele os curava.”

E para rematar, uma citação de O Desejado de Todas as Nações deu-me ainda mais coragem.
Compreendi que O Desejado de Todas as Nações ensinava que a graça curadora de Deus ainda está
ao dispor de cada pessoa que a peça.

Encorajado e confortado, comecei a orar.

”Precioso Jesus, Tu és a minha força e o meu Redentor. Enquanto olho para o Santo dos Santos do
santuário celestial onde Tu ministras em favor da humanidade caída, eu agradeço-Te por teres
deixado as cortes da glória e teres vindo para esta terra do inimigo. O Teu sangue, derramado na
cruz, lavou todas as minhas iniquidades e pecados, os erros dos meus caminhos e o mal do meu
coração humano caído. E por todas as misericórdias do Teu amor e bênçãos da Tua graça, eu
agradeço-te, Senhor, do fundo do meu coração.

”Como Tu deves saber, as minhas capacidades humanas estão em baixo. A morte e ’aquele que tem
o poder da morte, ou seja, Satanás’ (Hebreus 2:14) aproximaram-se para me levar para a sepultura.
Mas eu recuso-me a acreditar que tenha chegado a minha hora.

”Há cinco anos, Tu salvaste-me da morte no hospital. Nesse momento, conduziste-me a um


ministério especial de oração e eu vi-Te abençoar um grande número de pessoas em resposta às
minhas intercessões em seu favor. Eu não creio que Tu queiras que o meu trabalho termine neste
momento.

”Sabes, Senhor, que eu não tenho medo de morrer. Acontece que eu aprecio tanto o orar pelos
outros e vejo-me como um abridor de portas. Alguém que se lança de prisão para prisão, pedindo-
Te que libertes os cativos espirituais algemados aos grilhões do pecado.

”Agora, Senhor, eu não estou a tentar dizer-Te o que deves fazer ou como o fazer. Mas do meu
ponto de vista, dentro de 10 dias estou escalado para uma operação. Se for da Tua vontade, deixa
que o Teu grande poder da vida penetre o meu ser para que, quando o cirurgião me operar, não
encontre qualquer tumor.

”Senhor, eu ainda tenho que orar por tantas outras pessoas, que sinto que não devo gastar o meu
tempo orando por mim mesmo. Não voltarei a falar das minhas necessidades físicas. Em vez disso,
a minha oração é simplesmente: Que a Tua vontade seja feita em mim, para glória do Pai, do Filho
e do Espírito Santo’.”

E com esta oração, descansei no Seu amor e graça.


No dia marcado para a minha intervenção cirúrgica, os enfermeiros conduziram-me para a sala de
operações, equipada com os aparelhos cirúrgicos mais modernos. Tudo brilhava com tal esplendor,
que por si só falava de limpeza e cuidado.
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Cinco horas depois, encontrei-me de novo no meu quarto e sentindo-me bem. Algum tempo mais
tarde, o Dr. Wise apareceu para ver como eu me encontrava. Informou-me que não encontrara
tumor nenhum. Pareceu também surpreso quando lhe disse que não sentia dor alguma. O doente que
se encontrava na cama ao lado da minha passou pela mesma operação que eu e ele precisou de levar
injecções para lhe aliviar o sofrimento.

O tecido removido foi enviado para dois laboratórios diferentes, a fim de se procurar os sinais de
cancro. Quatro dias mais tarde, saí do hospital sentindo-me bem e agradecendo a Deus pela Sua
grande bondade para comigo. Passaram-se mais três dias e eu fui ao consultório do Dr. Wise para
saber os resultados dos testes. Quando entrei, ele era todo sorrisos e estava feliz. ”Não se
encontraram sinais de cancro,” disse-me ele, explicando-me depois o quanto eu tinha sido
afortunado a luz dos testes anteriores.

Agradecendo-lhe, eu recordei-lhe que depois dos primeiros testes, eu tinha pedido que me
informassem exactamente quão crítica era a minha situação. Eu tinha querido saber qual a minha
situação, expliquei, de modo a saber como deveria orar. ”Agora agradeço-lhe por ter sido honesto
comigo e, acima de tudo, agradeço a Deus por ter feito o que era humanamente impossível.”

Notícias Chocantes
Cerca de seis meses mais tarde recebi um telefonema da Califórnia. Era Cyril Grosse, o homem que
me dera 28 estudos bíblicos em menos de uma semana em 1946, conduzindo-me da adoração aos
espíritos para Cristo. Depois de termos conversado durante uns momentos, ele disse que tinha
algumas más notícias para me dar.

”Isto pode chocá-lo,” disse ele, ”mas de acordo com o meu médico eu só tenho cerca de seis meses
de vida. As biópsias revelaram que eu tenho um cancro na próstata em estado avançado. O cancro já
se espalhou aos órgãos adjacentes, incluindo os nós linfáticos. Omédico diz que terá que fazer uma
operação drástica, assim como tratamentos de radiação. Até pode envolver castração.”

As notícias eram más mas não me desanimaram. Eu passara por uma situação similar uns meses
antes. Deus ajudara-me a ultrapassar o caso e creio que Ele faria o mesmo pelo meu amigo.

Sugeri-lhe que tentasse adiar a cirurgia por três semanas e usasse esse tempo para conseguir as
orações de pessoas que ele soubesse serem homens e mulheres de uma fé forte. Claro que referi que
a Hilda e eu iríamos também orar por ele.

O Cyril gostou da minha sugestão e o médico concordou com o pedido de um pequeno adiamento
da cirurgia. No fim das três semanas, o especialista fez mais testes que mostraram melhoras
significativas no estado do meu amigo. Ele disse a Cyril que voltasse dentro de mais três semanas.
Para surpresa do médico, o conjunto dos testes seguintes mostraram que os tumores mais pequenos
tinham desaparecido e o cancro estava em diminuição.

De três em três meses, Cyril ia ao especialista. Em Outubro, o médico sugeriu que a próstata
dilatada deveria ser removida a fim de restabelecer as funções urinárias. A operação foi um sucesso
e as análises laboratoriais revelaram somente um leve sinal do cancro fixo no centro do órgão.
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Exames subsequentes mostraram que Cyril estava livre do cancro e o meu anigo voltou ao ensino e
aos seus alunos.

Um Pedido de Ajuda
Um dos meus irmãos, o Edmond, vivia em Ottawa. Pouco depois da primeira parte do Respostas
Incríveis à Oração ter sido publicada, ele comprou mais de 50 exemplares e enviou-os a familiares
e amigos. Um deles foi para a sua ex-mulher, que vivia nas Quedas do Niagara, em Ontario.

Impressionada pelas histórias de como Deus respondia às orações, ela telefonou ao Edmond e
perguntou-lhe se ele poderia contactar-me e pedir-me que orasse por ela, pois tinha uma doença nos
ossos que a estava a deixar progressivamente inválida.

Ela sofria desta doença dolorosa já há alguns anos. Primeiro apareceu uma deformação nos ossos
entre o tornozelo e o calcanhar, criando também uma protuberância que crescera ao ponto de já não
poder calçar o sapato. Tornara-se também tão doloroso, que ela não podia pôr qualquer peso sobre
aquele pé e tinha que usar muletas.

Quando a dor se tornou mais aguda, de tal modo que nenhum medicamento a podia aliviar, os
médicos começaram a pensar seriamente em lhe amputar o pé. Mas pouco depois de eu começar a
orar por ela, a dor diminuiu e em poucos dias desapareceu completamente. A protuberância
começou a diminuir e passado algum tempo, ela já conseguia calçar o sapato.

Desde então, ela faz as compras e todas as outras actividades que outros tinham de fazer por ela. Ela
apreciou principalmente o poder visitar os seus filhos que viviam no norte de Ontario.

Olhando para estas experiências, nas quais Deus me usou para interceder pelos outros, o meu
coração ecoa com o salmista, quando ele diz:

”Louvai ao Senhor e invocai


o seu nome; fazei conhecidas as suas obras
entre os povos.

”Cantai-lhe, cantai-lhe salmos:

falai de todas as suas


maravilhas.

”Gloriai-vos no seu santo nome: alegre-se »


o coração daqueles que buscam
ao Senhor.
”Buscai ao Senhor e a sua força:
buscai a sua face continuamente.

”Lembrai-vos das maravilhas


que fez, dos seus prodígios

e dos juízos da sua boca” (Salmo 105:1-5)


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Capítulo 2

NÃO Hhá ALEGRIA MAIOR


Desde a publicação do livro Respostas Incríveis à Oração, centenas de pessoas têm-me escrito ou
telefonado para me dizer o quanto o Espírito de Deus tem abençoado a sua vida, à medida que lêem
sobre o poder da oração de intercessão e começaram a pô-la em prática.

A minha lista de orações já aumentou para 700 nomes, à medida que eu juntava as minhas orações
às suas intercessões perante Deus. O Senhor honrou-nos em grande medida, pois o Espírito Santo
concedia às pessoas vitória sobre o eu, o pecado, a tentação e sobre o poder dos anjos caídos.

E o que mais surpreende essas pessoas que oram é o facto de o Espírito Santo motivar indivíduos
que não têm interesse por Deus ou capacidades espirituais para operarem uma repentina mudança
no seu caminho. E quando tais homens e mulheres se juntam a eles na Igreja Adventista do Sétimo
Dia, maravilham-se com o poder de Deus para salvar. Deus usou as suas orações para operar
milagres. Escrevem-me depois longas cartas contando-me da alegria que experimentaram.

Por exemplo, deixem-me partilhar convosco excertos de algumas cartas de uma mulher a quem
chamarei Maria Brown.

”Prezado irmão Morneau:

”Que alegria poder servir o nosso Senhor através do ministério da oração. Sou uma Adventista do
Sétimo Dia baptizada haja 15 anos. E a minha história é bastante emocionante. Nos últimos dois
anos, fui levada a acreditar fortemente na oração de intercessão. Durante este período, tenho
procurado um contacto mais íntimo com Jesus e maneiras de O servir melhor cada dia. Ele
conduziu-me e guiou-me de um modo tão maravilhoso e o seu livro foi uma parte integrante nessa
orientação tão especial.

”Eu adoptei algumas das suas sugestões, ’das quais já se provou a autenticidade’. Gostei
particularmente daquela que diz para pedir a Deus que rodeie o sujeito das minhas orações com uma
atmosfera de luz e paz. Deixe-me partilhar rapidamente consigo uma experiência.
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”A minha irmã Josephine, de 38 anos de idade, teve um caso extra-matrimonial e como resultado
disso, o marido deixou-a. Por mais de dois meses, depois que o Russell saiu de casa, a sua vida
tornou-se num inferno (segundo palavras dela). Embora ela não o soubesse, o Russell já tomara
conhecimento do caso há mais de um ano. A Josephine vinha pressionando o seu amante a escolher
entre ela e a mulher dele.

”Até àquele nomento ela nunca mostrara, de modo algum, que sentia necessidade de Deus ou da
religião. Mas quando esta crise surgiu, a Josephine pediu-me que orasse por ela. Eu orei
fervorosamente para que o seu amante ficasse com a mulher dele. Dois meses mais tarde, ele disse-
lhe, com convicção, que nunca deixaria a sua mulher e o romance terminou.

”Algum tempo mais tarde, soube que tanto a Josephine como o Russell oravam para que pudessem
voltar a viver juntos novamente.

”Que emoção poder ser usada pelo nosso querido Pai celestial num trabalho tão especial. É meu
desejo e oração tornar-me uma sábia intercessora e ser usada cada vez mais pelo meu Mestre nesta
responsabilidade. Poder ver como Deus responde às orações é tão gratificante! A minha fé cresce
com firmeza. Adoptei o método que menciona no seu livro. Que ideia mais maravilhosa e cheia de
bênçãos!

”O Senhor tem sido bom para mim. Tenho vários amigos muito queridos e em lugar de lhe dar
alguns nomes para a sua lista de oração, de cada vez que lhe escrevo, decidi mandar-lhos todos de
uma vez. Eu vou contando o modo como a providência se manifesta em cada uma das suas vidas.

”Eu adoptei, para a minha oração matinal, a linda oração que o irmão partilha connosco na página
24...

”Hoje vou enviar um exemplar, pelo correio, para os meus pais. O Senhor tem-me dado
maravilhosas oportunidades para lhes dar o meu testemunho. Eles começaram recentemente a ir de
novo à igreja (ao Domingo) e como a minha mãe diz, irão experimentar diferentes igrejas para
verem de qual gostam mais. Os meus pais estão realmente à procura e enquanto eles procuram, eu
oro. Eu acredito, de todo o meu coração, que o nosso Senhor os irá trazer para a Igreja. É só uma
questão de tempo. Será uma ocasião gloriosa, que eu aguardo com grande alegria.

”Prometo orar por si e pelos seus, todos os dias, até que o nosso querido Jesus volte e nos leve para
o lar. Que dia abençoado e terrível será!

”Tenha um agradável e feliz dia.”

Três meses mais tarde, recebi outra carta de Maria Brown.

” Prezados irmãos Morneau:

”Obrigada, Hilda, pela seu precioso bilhete. Tenho, novamente, mais algumas respostas
maravilhosas à oração para partilhar convosco. Como se lembrarão, da última vez pedi-lhes que
orassem pela minha irmã, cujo casamento estava desfeito. Eles estão novamente juntos. O marido
dela voltou para casa na semana do Natal e eles estão empenhados em que o casamento se
restabeleça de novo. Louvem ao Senhor por isso!
”Outra resposta à oração, foi o milagre que se deu na vida do meu padrasto. Não me lembro se vos
disse que ele me perguntou sobre a mudança da adoração do Sábado para o Domingo e de como eu
agarrei a oportunidade para partilhar os factos com ele. Guiado pelo Espírito Santo, ele concluiu
que o Sábado é o dia do Senhor.
92 ’

Não Há Alegria Maior

”Têm-se feito algumas reuniões evangelísticas na cidade perto de onde eles vivem. Enviei-lhes o
convite e neste último Domingo à noite eles foram à reunião. Gostaram imenso. Mesmo a minha
mãe, que raramente fala sobre coisas espirituais, comentou que a reunião tinha sido agradável.

”O meu querido pai estava radiante. Notei uma mudança decisiva no seu semblante desde que
aceitou o Sábado. Há três meses, eu nunca sonharia que me sentaria ao lado dos meus pais numa
Igreja Adventista do Sétimo Dia. Que emoção foi! Eu vejo com os meus próprios olhos o trabalho
do Espírito Santo nas suas vidas e isso dá-me muita coragem.”

Ambas as cartas eram mais longas, contando sobre pessoas que estavam a ser abençoadas pelo
trabalho do Espírito Santo. Quando leio ou ouço tais experiências, recordo-me sempre da seguinte
passagem de O Desejado de Todas
as Nações:

Quando o Espírito ri de Deus se apodera do coração, transforma a vida. Pensamentos pecaminosos são
deixados de lado, renuncia-se aos actos malévolos; amor, humildade e paz tomam o lugar da cólera, da
inveja e dos conflitos. A alegria toma o lugar da tristeza e o semblante reflecte a luz do Céu” (p. 175).

Cada dia estou mais entusiasmado com o facto de que um maior número de membros de igreja
estão a implorar a Deus para que estenda os méritos de Jesus àqueles que precisam. Uma pessoa
escreveu-me: ”Fiquei muito impressionado com a importância e grande valor que coloca no facto de
que o sangue derramado por Cristo se apropria daqueles por quem oramos. Dedico agora tempo,
todos os dias, para falar com o nosso Pai celestial sobre o meu apreço pelo poder para salvar, que
encontramos nos méritos do divino sangue de Cristo e por o Espírito Santo operar a salvação nas
suas vidas. Vejo as minhas orações serem respondidas e isso é maravilhoso!”

Creio que começamos a constatar o cumprimento das palavras de Isaías sobre o fecho do trabalho
de Deus na Terra: ”Levanta-te, resplandece, porque já vem a tua luz, e a glória do Senhor vai
nascendo sobre ti. Porque eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o
Senhor virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti. E as nações caminharão à tua luz, e os reis ao
resplendor que te nasceu” (Isaías 60:1-3).

Enquanto leio cartas de pessoas que vêem as suas orações intercessórias atendidas, vejo que, ao
mesmo tempo, elas vão adquirindo uma melhor compreensão de como o Espírito Santo ”torna
válido tudo o que foi realizado pelo Redentor do mundo” (Md., p. 730). Elas compreendem, com
nova clareza, que somente o Espírito Santo pode tornar e manter puro o coração humano.

Há alguns anos, enquanto procurava um caminhar mais íntimo com Jesus e um maior discernimento
da ciência da salvação, deparei-me com uma passagem no volume 8 de Testemunhos para a Igreja:

”Cristo declarou que a divina influência do Espírito estaria com os Seus seguidores até ao fim. Mas a
promessa não é apreciada como deveria; e, então, o seu cumprimento não é visto como deveria. A promessa
do Espírito é um assunto no qual não se pensa muito; e o resultado é o que seria de esperar - aridez
espiritual, escuridão espiritual, decadência espiritual e morte.” (p. 21).
Durante alguns dias, frases-chave desta passagem não pararam de me vir à memória. Elas levaram a
ajoelhar-me e a voltar o meu coração para Deus em

93
busca de ajuda especial. Acima de tudo, enquanto leio e releio a última frase, eu sinto que decepcionei o meu
Salvador. O facto de eu ter deixado que assuntos de menor importância se sobrepusessem ao poder divino do
Espírito Santo fez-me sentir quase como um traidor. Determinei então que poria um fim ao meu
comportamento indiferente.

Orei diariamente para que Deus, o Pai, me tornasse mais semelhante a Jesus, que ”não por Ele, mas pelos
outros, viveu e pensou e orou” (Parábolas de Jesus, p. 139). Orei para que encontrasse a minha maior alegria
no pedir ao Espírito Santo que abençoasse as vidas daqueles cujos nomes se acham na minha lista de oração.
Em pouco tempo, eu vi o Espírito Santo a trabalhar na minha vida, à medida que pensava frequentemente
naqueles que necessitavam das bênçãos de Deus nas suas vidas.

Descobri a alegria de orar enquanto guiava o meu carro, enquanto me dirigia para reuniões de negócios,
enquanto esperava pelas pessoas que tinham marcado um encontro comigo. E o resultado deliciou-me. Por
exemplo, eu orava pelos meus clientes que sabia estarem a lutar contra alguns problemas. Mais tarde, quando
os visitava, espontaneamente eles contavam-me sobre como Deus os tinha abençoado.

As bênçãos de Deus ainda são concedidas hoje em dia. Permitam-me contar-vos uma experiência que
aconteceu enquanto escrevia este capítulo. Já eram
22:35 horas da Sexta-feira. As horas sagradas do Sábado tinham trazido uma grande paz e sossego à nossa
casa. A Hilda lia um bom livro e eu pensava num telefonema interurbano que recebera.

Uma jovem mulher, a quem chamarei Maria, tinha telefonado para que eu orasse por uma amiga que estava
na iminência de ter uma relação extraconjugal. Chorando, ela contou-me como a amiga, a quem chamarei
Betty, tinha uma vez orado por ela, quando tivera problemas conjugais. Na realidade, Betty chegara a
contactar-me para que eu orasse por Maria. Agora era a vez da Maria procurar alguém que intercedesse junto
de Deus pela Betty.

Embora tivesse reconhecido imediatamente o nome, deixei a Maria falar. Sem que eu a pressionasse a isso,
ela falou-me das lutas por que passara: ”O Jim e eu estamos casados há pouco mais de dois anos e estávamos
muito apaixonados,” disse ela. ”Ele ainda andava a estudar e os nossos rendimentos eram bastante limitados.
Por isso, ficámos muito contentes quando eu consegui arranjar um emprego com um bom salário e que
parecia ser a resposta à nossa oração.”

A Maria fez uma pausa e depois perguntou: ”Sr. Morneau, acha que é possível que uma mulher se apaixone
por um outro homem, quando ainda está profundamente apaixonada pelo marido?

Em vez de começar uma discussão sobre o amor genuíno e o poder da paixão, eu simplesmente respondi que,
nos nossos dias, acontecem muitas coisas estranhas. ”Eu não sei porque estou a contar-lhe isto,” continuou
ela,” mas eu creio que o Espírito Santo quer que o senhor veja como Ele respondeu às suas orações por mim.

”Já me encontrava no meu novo emprego, num grande armazém, há aproximadamente dois meses, quando
comecei a interessar-me por um dos gerentes. A sua bondade e o hábito de me cumprimentar chamaram-me à
atenção e eu comecei a gostar muito dele.
94 - ~

”Durante algum tempo não consegui tirá-lo do pensamento. Dei por mim a pensar nele a cada momento,
mesmo quando estava com o meu marido. Embora soubesse que estava errada ao permitir que ele ocupasse os
meus pensamentos, eu simplesmente não conseguia parar de o fazer. A sua influência sobre mim era tão
grande, que um dia dei por mim a confessar à Betty que se aquele homem me pedisse para dormir com ele, eu
não conseguiria resistir.

”Sabia que era o que iria acontecer se as coisas continuassem assim. Uns dias antes, descobri-me a esperar
que ele me abraçasse, quando nos encontrávamos sozinhos numa das áreas do armazém.
”Nalgumas ocasiões, ele colocara a mão no meu braço enquanto falávamos e uma sensação agradável e
poderosa percorrera-me o corpo inteiro. Eu estava a ficar completamente apanhada por ele. Mas, graças a
Deus, o senhor e a Betty oraram por mim. Quando ele me convidou para ir ao seu apartamento, para ver a sua
colecção de selos, da qual se orgulhava, eu respondi: Oh, eu não posso ir sem que o meu marido esteja
comigo.’

”Depois, o medo apoderou-se de mim quando me dei conta do que poderia ter acontecido no seu apartamento,
se eu estivesse sozinha com ele. Uma passagem que eu tinha decorado na minha infância - as palavras de José
quando foi confrontado com a tentação - apareceu subitamente na minha mente: Como pois faria eu este
tamanho mal e pecaria contra Deus? Então, passei a ter medo de uma coisa que, até àquele momento, tinha
ansiado.

”Não estou a exagerar, Sr. Morneau, quando digo que nesses poucos momentos eu recuperei o sentido do que
é certo e errado. Os grilhões da paixão caíram e, pela graça de Deus, nunca os voltarei a usar.”

Recordei à Maria que algumas pessoas tinham feito orações poderosas de intercessão perante Deus a favor
dela. O Espírito Santo tinha trabalhado grandemente quando ela tivera necessidade d’Ele. Durante 10 ou 15
segundos, a Maria não disse nada, mas eu podia ouvi-la soluçar. Quando finalmente se recompôs, Maria
agradeceu-me pelas minhas orações.

Mas a razão do seu telefonema ainda a perturbava. A Maria não conseguia compreender como é que a mulher
que orara por ela, quando ela necessitara, decidia agora ir viver com um outro homem. ”Como pode uma
mulher como a Betty, uma pessoa que sempre foi considerada como uma cristã forte, ceder à tentação tão
completamente, que nem sequer escuta a voz da razão? A sua visão da vida mudara tanto, que as coisas
espirituais deixaram de ter importância para ela.

”O caso assusta-me quando penso nele e eu continuo a perguntar-me a mim própria: Se a Betty antes foi
sempre uma pessoa de fortes princípios, como pôde de repente desistir das coisas espirituais, que hipóteses
terei eu de alcançar a vida eterna?

”A Maria não é a única a fazer-me esta pergunta,” respondi eu. ”Na realidade, um grande número de pessoas
escreve-me com pedidos de orações em favor do casamento de alguém. As pessoas falam-me constantemente
do choque que sentem quando vêem alguém, que consideravam um pilar da Igreja, desistir do seu
casamento.”

Um tom de urgência apareceu na sua voz, quando a Maria me perguntou sobre o que eu achava que tinha
acontecido à Igreja. Expliquei-lhe que eu acreditava que essas pessoas não tinham aprendido ”que mediante a
fé estais guardados na virtude de Deus” (I Pedro 1:5), e que o adultério e a ruptura conju-

95
gal entre os Adventistas eram a consequência de os membros da Igreja porem Deus de lado,
deixando que as inclinações do seu coração humano caído se apoderassem deles.

O livro Patriarcas e Profetas, disse eu, descreve três factores distintos que fizeram com que os
antigos israelitas abandonassem Deus. ”Foi quando os israelitas se encontravam em segurança,
que se deixaram seduzir pelo pecado. O povo fracassou em manter sempre Deus perante eles,
negligenciaram a oração e acariciaram um espírito de confiança própria” (p. 459; os itálicos
foram adicionados ao texto original). A autora continua, então, da página 459 até à 461, a avisar-nos
de que o que levou o povo de Deus a apostatar no rio Jordão irá predominar antes da segunda vinda
de Cristo.

”Voltar as costas a algo tão sagrado como os votos matrimoniais,” disse-lhe eu, não faz sentido, a
menos que o coração humano caído seja”’enganoso mais do que todas as coisas e perverso”
geremias 17:9). De facto, é tão enganador que até Salomão, o mais sábio de todos os seres humanos
e três vezes chamado nas Escrituras o amado de Deus, arruinou a sua vida quando se esqueceu de
manter Deus sempre perante ele. Cedo, ele descobriu o poder da paixão desenfreada. A Bíblia diz
que ”as suas mulheres lhe perverteram o seu coração para seguir outros deuses.. ..Então edificou
Salomão um altar a Camos, a abominação dos moabitas, sobre o monte que está diante de
Jerusalém, e a Moloque. ...E assim fez para com todas as suas mulheres estranhas, as quais
queimavam incenso e sacrificavam aos seus deuses” (I Reis 11:4-8).

A Maria queria saber mais sobre ser ”guardado pelo poder de Deus através da fé.” Prometi
escrever-lhe uma carta, na qual explicaria tudo sobre o poder do pecado e separação de Deus e
como estamos sem esperança contra tais forças, a menos que o Espírito de Deus intervenha.

Nos capítulos que se seguem, apresentarei alguns dos factores importantes que nós necessitamos de
conhecer para preservar a nossa relação com Deus. Irei também mostrar como as nossas orações
pelos outros permitem a Deus enviar o Espírito Santo mais completamente, para ajudar nas lutas
dos nossos queridos contra o pecado e o mal.
11

Capítulo 3

PAIS ENVERGONHADOS DE SI
PRÓPRIOS
Entre o grande número de cartas e pedidos de oração que recebo, em particular há umas coisas que
me tocam profundamente. Vêm de pais tementes a Deus, cujos filhos rejeitaram a sua fé e a igreja.
E creio poder dizer sem exagero que 7 desses pais em cada 10, sentem que eles são culpados por
aquilo que os seus filhos fizeram. Quase todos escrevem: ”Como pais, nós perguntamo-nos a nós
próprios o que é que correu mal na educação dos nossos filhos. Em que é que nós falhámos com
eles?”

Alguns desses pais sentem-se tão esmagados pelo desapontamento, que se afastam do contacto dos
outros membros da igreja com medo de terem que explicar o que se passou com os seus filhos. Uma
mãe aliviou o seu fardo de cuidados contando-me o que se passava, depois pediu-me que orasse
especialmente pelo seu marido. Ele ficou tão perturbado pelo modo como o filho adulto vivia a sua
vida, que deixou de ir à igreja. Não conseguia encarar os seus irmãos

crentes.

Ela temia que ele se suicidasse. ”Eu só queria morrer,” disse ele, algumas vezes, à sua esposa, ”Para
não viver esta vida de angústia.”

Quando eu respondo às cartas de pais cristãos que passam por tais experiências, realço o facto de
não se deverem culpar a si mesmos por aquilo que os seus filhos fizeram. Nenhum pai é perfeito
mas o mais importante para recordar é o facto de que os jovens fazem as suas próprias escolhas. É o
diabo que tenta culpabilizar estes pais por aquilo que alguém-especialmente os seus filhos - faz ou
não faz. Porque não culpar quem realmente é culpado - o coração caído e pecaminoso de cada
pessoa? Cada indivíduo escolhe seguir as suas próprias inclinações más assim como o diabo e os
seus anjos.

Satanás procura coagir-nos a aceitar culpas desnecessárias. Quando eu participava na adoração


espírita, há alguns anos, ouvi um sacerdote espírita declarar que quando o cônjuge de alguém morre,
os espíritos

96

97
demoníacos têm mudo prazer em fazer com que o entristecido cônjuge sobrevivente se lembre de todas as
indelicadezas que praticou contra a esposa ou esposo morto, durante o tempo em que estiveram casados.

Os anjos maus bombardeiam cada pessoa sofredora com imagens de culpa e remorso, a fim de a
desencorajar e até esmagar a sua alegria de viver. ”Este tipo de opressão mental agrada imenso a
Satanás,” disse aquele adorador espírita. E eu acredito que devemos ter seriamente em conta o que
ele ensinou. Este facto ecoa o que as Escrituras dizem sobre o desejo destruidor de Satanás, rugindo
como um leão. Se não consegue levar-nos a rejeitar Deus através da prática do mal, ele tenta
destruir-nos, paralisando-nos com uma falsa culpa.

Os pais que se culpam a si próprios necessitam de prestar atenção ao convite de Jesus de ”vinde a
mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28). O nosso Senhor
oferece-se para nos dotar de resistência, essa capacidade especial que nos irá ajudar a ultrapassar os
momentos difíceis, quando a vida das outras pessoas se está a desmoronar.

Como disse antes, recebi inúmeras cartas de pais desesperados por causa dos seus filhos. Mas
depois de compreenderem que o Espírito Santo pode operar poderosamente os milagres da
redenção, esses mesmos pais escrevem-me, contando-me o modo como o Senhor tem abençoado as
suas famílias. Contam-me como o poder do Espírito está a transformar vidas e a remediar situações
desesperadas. Essas cartas registam vitórias onde só parecia haver casos sem esperança.

”É com um coração pesado que eu lhe escrevo,” começava assim uma carta. ”Eu sei que Deus não é
parcial quando parece responder às respostas de algumas pessoas mais do que às de outras.
Contudo, eu sinto que as minhas orações não são eficazes porque eu não vejo as respostas que
desejo.

”Não estou a orar por dinheiro, casas ou bens materiais. Os nossos pedidos vão para os nossos
filhos. Temos um rapaz e uma rapariga. Os problemas são principalmente estes.

”A nossa filha, Darlene, mente e é uma grande ditadora. É também muito agressiva, ignora as regras
e não tem qualquer contemplação por Deus.

”O nosso filho, Carlos, não tem qualquer motivação para levar avante a sua própria vida. Não se
importa com os estudos, fica deprimido facilmente e ao menor problema, desiste e torna-se
incomunicável. O Carlos frequentou um dos nossos colégios adventistas, mas não se deu bem. A
nossa casa está numa confusão constante.

”Irmão Morneau, talvez estes problemas não pareçam capazes de abalar uma vida mas nós vemos
que se os nossos filhos continuarem por este caminho, o diabo acabará por tê-los onde ele quer. Não
tentamos fazer parecer que somos pessoas ’perfeitas’ mas tentamos dar-lhes um bom exemplo:
culto familiar e assistência fiel aos serviços da igreja. E devo dizer, Deus tem sido bom para nós.
Mas pelo modo como as coisas correm com os nossos filhos, às vezes as pressões tornam-se
insuportáveis.

”Estamos a afundar-nos sob todas estas pressões, irmão Morneau. Precisamos desesperadamente de ajuda
para os apresentar a Deus. Por favor, coloque-nos na sua lista de oração!”

98
Numa carta similar, a pessoa que escrevia citava o seu marido ao dizer: ”Sinto que se os nossos
filhos e os seus procedimentos ímpios me pressionarem mais, eu suicidar-me-ei.”

Estas palavras de desespero trazem lágrimas aos meus olhos e dor ao meu coração. Por isso, depois
de apresentar cada caso perante o Senhor, tento responder aos pais de forma a dar-lhes um pouco de
esperança às suas vidas. Quero fazer-lhes ver que através do plano da redenção do nosso Pai
Celestial, o Espírito Santo pode operar mudanças maravilhosas nas situações mais
desencorajantes. O Espírito Santo exaltará Cristo e revelá-lO-á como o poderoso Salvador que é.

As pessoas parecem entusiasmadas pelo facto de alguém ter tempo para se preocupar com o seu
sofrimento. A mãe da Darlene e do Carlos voltou a escrever-me: ”Quando recebi e li a sua carta, foi
uma grande alegria-ainda mais porque não era esperada.” Inúmeras pessoas esperam que alguém
partilhe um pouco o seu fardo, ou, pelo menos, esteja disposto a escutá-las enquanto falam do seu
sofrimento e dor.

Cerca de dois meses depois, a senhora enviou-me uma carta a contar-me as espantosas mudanças
que se deram nos jovens. A sua carta estava cheia de acções de graça pelas bênçãos de Deus.

Darlene, a filha, transformara-se, de jovem agressiva e anti-religiosa, numa pessoa cortês e


atenciosa que agora ia à igreja e estava ansiosa por falar sobre o seu novo interesse pelas coisas
espirituais. Ela até disse que estava a orar ao Senhor para que a mudasse.

O filho, Carlos, adquirira também uma nova visão da vida. Em vez de falta de motivação e descuido
pelos estudos, ele agora gostava do colégio e enfrentava os problemas com um novo vigor. Disse
ainda à sua mãe que deixara de fumar, assim como deixara outros hábitos que adoptara.

Como a mãe trabalhava o tempo inteiro numa firma internacional, não tinha tanto tempo disponível
como desejaria para me escrever sobre as mudanças na vida da sua família. Em vez disso, ela pediu-
me o meu número de telefone e desde aí tem-me telefonado, e também escrito, a fim de me manter
informado sobre o que tem acontecido na sua vida. Já não se sente deprimida nem desencorajada.
Nota-se felicidade quando me conta o que o Espírito Santo tem feito na vida das pessoas pelas quais
ela e o marido têm orado. Eles vêem o Espírito de Deus a comunicar, aos seres humanos
impotentes, o poder para viverem vidas cristãs vitoriosas e bem sucedidas.

O poder do mal tem-se fortalecido através dos séculos e atingiu agora um ponto em que domina por completo
a razão e a autoridade paternal, e ao mesmo tempo devasta lares cristãos. Mas eu recuso-me a aceitar a noção
amplamente divulgada de que nada mais há que nós possamos fazer, excepto pedir ao Senhor que guarde os
nossos amados transviados. Podemos reclamar os méritos do sangue de Cristo derramado no Calvário. E se
compreendermos o modo como o poder divino pode ser assegurado para a salvação daqueles que se
afastaram de Deus, poderemos esperar que ocorram milagres maravilhosos de redenção nas vidas daqueles
por quem oramos.

99
Antes de examinarmos o modo como o poder divino pode transformar vidas, creio que, em primeiro lugar,
precisamos de considerar a imensidão do problema do pecado nas nossas vidas. Três poderosos elementos
maléficos procuram controlar cada um de nós, elementos que, sem a força de Deus, se tornam difíceis de
combater. São eles:

1) O poder do pecado;

2) O poder da morte e

3) O poder da separação de Deus.

Jesus enumerou alguns dos males que o poder do pecado pode produzir na vida de uma pessoa: ”Porque do
interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os
furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfémia, a soberba, a loucura. Todos estes
males procedem de dentro e contaminam o homem” (Marcos 7:21-
23). Não é admiração nenhuma que a Bíblia declare que o coração humano é ”enganoso mais do que todas as
coisas e perverso” (Jeremias 17:9).

Alguns homens cristãos têm-me enviado cartas nas quais se mostram angustiados por causa dos pensamentos
impuros que inundam as suas mentes. Eles descobriram que os seus esforços para mudarem o curso dos seus
pensamentos se tornou numa batalha.

”Quase fico desanimado ao pensar, logo que acordo de manhã, em algumas das imoralidades que praticava
antes de me tornar cristão,” escreveu-me um dos indivíduos. ”Tento o mais possível pensar em coisas boas
mas, após algum tempo, alguns dos pensamentos corruptos voltam à minha mente. E a parte mais triste é que,
às vezes, deleito-me a pensar nisso com concupiscente interesse.

Muitas vezes penso:

”Estou a travar uma luta perdida? Há algum meio de vencer isto?

”Ou pensa que eu sou um caso perdido?

”Quando leio o Salmo 24, versículos 3 e 4 («Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar
santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura
enganosamente), sinto que não terei vida eterna porque não tenho o coração puro, como é aqui mencionado.”

Na minha resposta disse-lhe que nada, a não ser o poder divino de Cristo/ que é oferecido diariamente através
do Espírito Santo, lhe poderia dar a vitória. Depois descrevi-lhe uma fórmula provada pelo tempo que,
durante décadas, tem impedido o pecado de me separar de Jesus. Seis meses passaram; então o homem
escreveu-me, contando-me as boas notícias de que agora caminhava mais intimamente com Deus. Orou a
Deus porque Ele era capaz de transformar a sua vida através do Espírito Santo.

O poder da morte leva muitas pessoas a fumar, beber álcool, usar drogas, ou adoptar um estilo de vida que a
abreviará. Ignoram as evidências científicas sobre os perigos de tais hábitos e práticas e recusam-se a escutar
a razão ou o senso comum.

Outros lutam com a compulsão de correr riscos. Quanto maior o perigo, mais longe eles querem ir. Creio ser a
razão por que os jovens têm tantos acidentes
mortais de viação. Durante os anos 80, os acidentes de automóveis mataram mais de 74.000 adolescentes nos
Estados Unidos. Muitos dos sobreviventes contaram o modo como uma força interior os compelia a conduzir
estouvadamente.

À medida que analisamos o poder da separação de Deus, descobrimos que ele e composto por dois elementos
distintos: desconfiança em Deus e incredulidade. Isto tem arruinado muitos milhões de vidas através dos
séculos. Os antediluvianos recusaram-se a entrar na arca de Noé e os hebreus, que deixaram o Egipto,
preferiram perecer no deserto do que entrar na Terra Prometida. If Para além das forças auto-destruidoras
que se escondem dentro de cada um de nós, devemos também lembrar-nos de que Satanás e os seus
seguidores caídos estão a fazer tudo o que podem para angustiar, oprimir e tornar perplexas as nossas mentes
e as nossas vidas.

• Os nossos corações iriam afundar-se em desespero, se não fosse o facto de que o nosso poderoso Redentor,
Jesus Cristo, pode salvar-nos completamente do eu, do pecado, do mundo e do poder dos anjos caídos. Jesus
pode fazer o que nós não podemos, pode proteger-nos daquilo que nos torna sem defesa e pode transformar-
nos naquilo que nunca seríamos, se as coisas fossem de outro modo. Ele é a única esperança que nós sempre
podemos ter.

100

101
Capítulo 4

AJUDA ILIMITADA
A volta de Cristo está demasiado próxima para que continuemos a gastar o tempo numa busca sem
esperança, na tentativa de ganharmos a nossa própria salvação. Em vez disso, devemos usar o nosso
tempo na oração pelo Espírito Santo, esse grande poder através do qual podemos resistir e vencer o
pecado (O Desejado de Todas as Nações, p. 730). Na mesma página, Ellen White diz-nos que Jesus
nos dá o seu Espírito Santo como um ”poder divino para vencermos todas as tendências cultivadas
ou hereditárias para o mal e imprimir o Seu próprio carácter a esta Igreja.”

Viver vidas cristãs bem sucedidas e vitoriosas é a coisa mais importante e só há um meio para o
fazer - através do Espírito de Deus repousando e habitando em nós.

O apóstolo Paulo, escrevendo aos Efésios por cuja salvação ele trabalhou tão diligentemente,
prendeu a sua atenção acentuando o tipo de oração que fez por eles. ”Por causa disto me ponho de
joelhos perante o Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, ...para que, segundo as riquezas da sua glória,
vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior; para que
Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor,
poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a
altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que
sejais cheios de toda a plenitude de Deus” (Efésios 3:14-19).

Estas poucas linhas foram um maravilhoso encorajamento para os cristãos de Éfeso, à medida que
se deram conta de que Paulo tinha estado a orar para que o Espírito Santo os fortalecesse de modo
especial. Só então poderiam viver vidas cristãs vitoriosas neste mundo caído.

Para compreender o impacto que a oração de Paulo teve neles, devemos lembrar que os Efésios
foram, a dado momento, tudo menos pessoas modelo. Efésios 2:1,2 declara sobre eles: ”E vos
vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados. Em que noutro tempo andastes

103
segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera
nos filhos da desobediência.”

Alguns dos efésios tinham mesmo estado envolvidos com o sobrenatural. Actos 19:19 diz-nos:
”Também muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na
presença de todos e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de
prata.”

Declarados culpados pelo Espírito Santo, estes praticantes do oculto queimaram manuscritos
valendo uma fortuna e entregaram as suas vidas a Cristo. Posso imaginar que Paulo e os seus 12
companheiros (mencionados no início do capítulo) devem ter orado com fervor por estes homens e
mulheres.

Creio que eles oraram tanto no sentido de Deus apropriar os méritos do sangue que Cristo derramou
no Calvário, como para que o Espírito Santo rodeasse cada um com uma atmosfera divina de paz e
luz espiritual. E poderia muito bem ser que eles pedissem a Deus que se sobrepusesse e anulasse o
poder do pecado, o poder da morte e o poder da separação de Deus nas vidas de cada crente. Com
certeza Paulo e os seus amigos fizeram diariamente esta oração.

Deram-se conversões fantásticas entre os efésios e estou persuadido que, pela Palavra de Deus,
conversões similares e muito mais numerosas ocorrerão na Igreja Adventista do Sétimo Dia, quando
o povo de Deus interceder pelos outros perante Deus com uma fé tão determinada como a que Paulo
e os seus amigos tiveram.

Em 1946, depois que o Espírito Santo me converteu do espiritismo para o cristianismo, a epístola
aos Efésios tornou-se-me uma grande fonte de encorajamento-especialmente quando me dou conta
do que a oração de Paulo conseguiu realizar entre aqueles que se envolviam com o oculto. Efésios
2:4-7 nunca deixou de me surpreender: ”Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu
muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou
juntamente com Cristo (pela graça sois salvos) ... para mostrar nos séculos vindouros as abundantes
riquezas da sua graça, pela sua benignidade para connosco em Cristo Jesus.” Nós seremos a
demonstração e o mostruário, perante o resto do universo, do Seu perdão e capacidade para
transformar pecadores rebeldes.

A graça teve ainda mais significado um dia, quando li que ela é uma parte fundamental do carácter
de Deus. Ellen White diz que ela ӎ um atributo de Deus exercido em favor de seres humanos que
não o merecem. Nós não a procurámos, mas ela veio à nossa procura. Deus alegra-se em conceder-
nos a Sua graça, não porque a mereçamos, mas porque somos completamente indignos. A nossa
única reclamação à Sua misericórdia é a nossa grande necessidade” (A Ciência do Bom Viver, p.
161).

O Espírito de Deus fortaleceu os primeiros cristãos, capacitando-os a tornarem-se algo que, de outra
maneira, eles não conseguiriam. Sozinho, deu-lhes poder para viverem vidas cristãs bem sucedidas.
E de acordo com o apóstolo João, o Céu abençoou a sua vida de oração, o segredo da sua
cristandade vitoriosa: ”E qualquer coisa que lhe pedirmos, dele a receberemos; porque guardamos
os seus mandamentos e fazemos o que é agradável à sua vista” (I João 3:22). Eles foram capazes de
cumprir os Seus mandamentos porque a sua vida de oração lhes concedeu o poder do Espírito
Santo, como podemos testemunhar vezes sem conta no Novo Testamento.
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Actos 3 relata como Pedro e João visitaram o templo em Jerusalém na hora da oração diária. À
medida que se aproximavam de um dos portões, um pedinte coxo fê-los parar e pediu-lhes dinheiro.
”E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o
Nazareno, levanta-te e anda” (versículo 6). A Bíblia declara que os pés e os tornozelos do homem
aleijado se curaram e se fortaleceram e ele começou a saltar e a agradecer a Deus.

É minha firme convicção que Deus irá, de novo, fazer milagres como este entre o Seu povo, mas
agora ainda estamos no processo de aquisição da genuína fé bíblica. Esta fé é uma necessidade
antes que Ele possa honrar as nossas orações como fez com os discípulos e outros cristãos. De
acordo com Hebreus 11, essa fé bíblica é composta por três elementos:

1) Crença em Deus;

2) Confiança em Deus e;
3) Lealdade para com Deus.

Jesus- Senhor do Impossível


Pouco depois da publicação do meu livro sobre a oração intercessória, uma
senhora escreveu-me: ”Eu tenho um filho que precisa do tipo de oração de que
fala no seu livro. Gostaria imenso de lhe falar sobre ele, se tiver a amabilidade de
me mandar o seu número de telefone. Seria muito mais fácil falar sobre este
problema ao telefone. Por favor, ajude-me! Uma irmã em Cristo.”

Alguns dias depois, recebi um telefonema desta senhora. Ela explicou-me que o marido e ela têm
um filho de 32 anos, chamado Henrique, que, por volta dos 20 anos, perdera aparentemente quase
todas as suas faculdades mentais por causa do uso de drogas. Desde aí, tornara-se incapacitado para
cuidar dele próprio. Por vezes, senta-se numa cadeira durante três horas, fumando silenciosamente e
olhando a parede. Outras vezes, os olhos de Henrique seguem a mãe enquanto ela cozinha ou se
movimenta por ali. Não tem noção do que é o dia ou a noite, e quando dorme, é só por um pequeno
período de tempo. Ocasionalmente, esbofeteia-se a si próprio, com muita força, na cara ou nos
braços e pernas, até ficarem cheios de nódoas negras.

Quando lhe dizem para não se magoar, o Henrique fica enraivecido e insiste em que ninguém fale
com ele. Deixou crescer o cabelo até ao meio das costas, recusando-se a deixar que alguém o corte.
Parecia mesmo incapaz de reconhecer os seus pais e a sua fala era ininteligível. Por vezes, falava
consigo próprio, pronunciando sons semelhantes a grunhidos. Os seus pais consideravam-no como
um caso perdido.

Depois de ter ouvido a sra. Harvey (não é o seu nome verdadeiro) durante cerca de 20 minutos,
comecei a interrogar-me porque é que ela me pedia ajuda para um caso que parecia mesmo para
além de qualquer ajuda da ciência médica. Então dei-me conta de que não era a minha pessoa que
interessava mas sim Deus. A senhora estava a tentar chegar a Deus por meu intermédio. Talvez o
Senhor pudesse usar-me para a conduzir ao Espírito Santo e ao Seu poder doador de vida. Talvez o
Espírito Santo estivesse à espera, para restaurar as faculdades mentais do filho e assim exaltar
Cristo e fortalecer a fé de muitos.

105
Silenciosamente, pedi a Deus que abençoasse a minha mente para que eu dissesse o que ela
precisava de ouvir. Depois de falar um pouco com ela, assegurei-lhe que tomaria a sério o caso do
Henrique. Colocaria o seu nome na minha lista de oração e oraria por ele de um modo especial.
Pedi-lhe também que me mantivesse informado, periodicamente, sobre o estado do filho.

O tempo passou e um dia recebi uma carta da sra. Harvey, na qual me contava que o Henrique
começava a melhorar. A sua fala tornava-se mais clara e-para surpresa dos seus pais - pedira à mãe
que lhe cortasse o cabelo pela primeira vez em 16 anos. A sra. Harvey estava contente e disse-me
que a sua fé, bem como a do marido, crescia cada vez mais, à medida que o Espírito de Deus
abençoava a vida do seu filho.

Dando, eu mesmo, graças a Deus, referi-lhe alguns incidentes bíblicos nos quais o Senhor tinha
feito coisas maravilhosas pelo Seu povo. Salientei, sobretudo, o facto de que Cristo ”anela que nos
dirijamos a Ele, pela fé. Ele anela que esperemos d’Ele grandes coisas” (Parábolas de Jesus, p.
146).

Alguns meses mais tarde, o Henrique decidiu deixar de fumar. Quando anunciou a sua intenção, a
sua mãe pensou que, por ter sido um fumador inveterado durante tantos anos, o filho seria incapaz
de deixar de fumar. Ela conhecia muitíssimas pessoas que tinham tentado e falhado.

Mas, para espanto dos pais, o Henrique nunca mais tocou num cigarro. A sra. Harvey esperou
alguns meses antes de me escrever, contando-me tudo isto. Nos seis ou sete meses que se seguiram,
ela enviou-me um relatório mensal e, para minha alegria, o casal Harvey deu a Cristo todo o crédito
por todas as mudanças que ocorreram na vida do seu filho. No entanto, havia ainda uma coisa que a
preocupava - Deus não tinha devolvido as capacidades mentais ao seu filho, como eles esperavam.
Chegou-me mais uma carta. Nela, a sra. Harvey admitiu que a sua fé no poder de Deus para ajudar
começava a vacilar. Naturalmente, orei a Deus para que isso não acontecesse.

Quando procuramos uma bênção especial da parte de Deus, a Bíblia diz: ”Peça-a, porém, com fé,
não duvidando; porque o que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento e lançada
de uma parte para a outra parte. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa” (Tiago
1:6,7).

Cerca das 23:00 horas da noite, não mais do que 10 dias depois, a sra. Harvey telefonou-me. Ela
mal podia falar, pois não parava de chorar. Com uma rápida oração silenciosa, pedindo ajuda,
consegui acalmá-la até perceber o que ela me queria dizer. Parece que o filho se tinha tornado
violento novamente, atirando cadeiras pelas janelas e ameaçando bater no pai. Eles tiveram que
chamar a polícia, para que esta levasse o filho para uma instituição de alienados. A sra. Harvey
disse-me que perdera toda a esperança de o filho alguma vez se recuperar. ”Peço desculpa por lhe
dizer isto,” disse ela,” mas perdi a fé no poder da oração e não mais perturbarei Deus com as
minhas necessidades.”

Pedindo-lhe que não desistisse, disse-lhe que iria redobrar as minhas intercessões pelo filho dela.
Creio que a sua reacção violenta foi reavivada pelas forças das trevas. Elas tentavam que nós
desistíssemos de orar pelo Henrique. Antes que ela desligasse, dei-lhe alguns versículos bíblicos
para que ela pensasse neles.

Não tinha passado muito tempo, quando a sra. Harvey telefonou outra vez. Desta vez, a sua voz
vibrava de alegria, à medida que agradecia a Deus pelo
maravilhoso milagre de graça divina. O Henrique estava de volta a casa, são de corpo e espírito.
Embora não se lembrasse de nada do que tinha acontecido nos últimos 12 anos,ele visitava agora,
com o pai, velhos amigos, vizinhos e parentes. Quando perguntei à sra. Harvey o que tinha
acontecido, ela disse-me que o filho tinha acordado um dia, na instituição de alienados, sentindo-se
muito bem. Os médicos acharam-no em perfeitas condições mentais e, um dia ou dois depois,
telefonaram aos pais para irem buscar o seu filho, transformado de maneira tão
maravilhosa. . .

”Glória a Deus nas alturas!”, gritei pelo telefone e alegrei-me com ela pelo modo como Deus ainda
mostra o Seu amor por nós.

107
Capítulo 5

A TRAGÉDIA DOS LARES EM


DESAGREGAÇÃO
Uma praga espiritual tem devastado a vida de homens, mulheres e crianças em todo o mundo.
Aflige tanto velhos como jovens, mas traz especialmente miséria às crianças inocentes que não
compreendem porque é que o pai e a mãe já não se dão bem e um deles tem que sair.

Nas últimas duas décadas tem-se notado um clima que dessensibiliza a mente para as
responsabilidades pessoais como cônjuges e pais. Satanás e os seus anjos estão trabalhando com as
mais variadas forças da sociedade de hoje, para destruir a afeição natural que o Criador implantou
em cada ser humano. Eles permeiam a nossa cultura com imagens sexuais e expõem-nos a todo o
tipo de imoralidade.

Há já muito tempo, Ellen White revelou que Satanás trabalha para destruir a família e todas as
outras relações criadas por Deus. ”Satanás usa todos os meios para tornar populares o crime e o
vício aviltante. Não podemos andar nas ruas das nossas cidades sem que encontremos cartazes
luminosos anunciando os crimes apresentados em alguma novela ou a serem representados em
algum teatro. A mente é educada a familiarizar-se com o pecado.

”O rumo tomado por aquilo que é baixo e vil é apresentado às pessoas nos periódicos do dia e tudo
o que pode excitar a paixão é trazido perante elas através de histórias excitantes. Elas ouvem e lêem
tanta coisa sobre o crime aviltante que as consciências que outrora foram delicadas, aquelas que
recuavam, com horror, perante tais cenas, se tornam agora endurecidas e se demoram nessas coisas
com insaciável interesse” (Patriarcas e Profetas, p. 459).

Hoje em dia, a televisão e os outros meios de comunicação oferecem canais adicionais para que
Satanás faça o seu trabalho. Nesta época em que vivemos, a menos que peçamos a Deus, todos os
dias, com determinação e perseverança, que Ele nos ajude a manter puros os nossos pensamentos,
coração e vida, até mesmo a pessoa mais auto-disciplinada
pode, imperceptivelmente, tornar-se corrupta de coração e cair rapidamente como um carvalho
apodrecido. Permitam que eu dê um exemplo.

”Eu e o meu marido estamos na casa dos 50,” escreveu-me uma senhora um dia, ”criámos uma
família, trabalhámos duramente para educar os nossos filhos nos caminhos do Senhor. Eles fizeram
bons casamentos e estabeleceram os seus lares sob as bênçãos de Deus. Eu sempre me envolvi nas
actividades da Igreja e senti prazer em servir ao Senhor.

”O meu marido era primeiro ancião da nossa grande Igreja e viveu o que nós pensávamos ser uma
vida exemplar. Ele era visto como um pilar da Igreja, até que descobrimos, há cerca de seis meses,
que ele se deleitava em ver cassetes de vídeo pornográficas e em ler revistas do mesmo género.

”O seu interesse perverso foi revelado do seguinte modo. Amigos nossos, que vivem numa área
rural, têm tido problemas com a sua filha de 20 anos, que frequentava uma escola pública. Eles
desabafaram o problema connosco e concordámos que a Rita (não é o seu nome) poderia viver em
nossa casa e passar a frequentar o colégio adventista.

”Tudo correu bem até uma das noites em que eu fui a uma reunião dos Serviços Comunitários, que
acabara uma hora mais cedo do que era habitual. Ao chegar a casa, eu encontrei inesperadamente o
meu marido na cama com a Rita. A partir daí, tudo tem sido um pesadelo.

”O meu marido mudou-se para uma outra área, ainda está com aquela rapariga de ar inocente e já
me disse que quer o divórcio. Ele tornou-se um homem diferente mas não para melhor. Agora não
se preocupa comigo, com a Igreja, nem com o facto de ter magoado tantas pessoas. Tenho tanta
pena que isto nos tenha acontecido! Já tínhamos chegado ao ponto de não termos mais despesas
escolares a pagar nem problema algum real com que nos preocupar. O meu marido e eu tínhamos
conseguido ainda pôr de lado algum dinheiro para a nossa reforma e preparávamo-nos para viver os
anos dourados das nossas vidas.

”O que me faz sentir dificuldade em me ajustar a esta situação é o facto de o meu marido ter sido
um homem de princípios durante toda a sua vida. Sempre o considerei tão sólido como o Rochedo
de Gibraltar, quando se tratava de defender o que era correcto. É triste dizê-lo mas eu estava errada.

”Os nossos dois filhos casados deixaram de ir à Igreja e este caso trouxe grande angústia à vida das
suas esposas e filhos.”

A senhora, depois de me ter dado alguma informação adicional sobre este problema, pediu-me que
orasse por cada membro da sua família. Ela está a sofrer e pergunta-se se poderia ter feito alguma
outra coisa, para além de orar, para afastar tal tragédia.

Num outro caso, uma esposa escreveu-me e contou-me que o seu marido de
60 anos se envolveu sexualmente com a filha adoptiva de 17 anos. Aqui também, ele saiu de casa e
está a viver com a jovem. Primeiro ancião da sua Igreja, ele chocou grandemente muitas pessoas
com as suas tomadas de posição. A sua esposa pergunta-se se, de repente, ele se terá tornado
mentalmente perturbado. A senhora pediu-me então que orasse pelas três pessoas envolvidas neste
caso porque ela ainda quer que o seu marido esteja no reino de Cristo. E ela, como tantas outras que
viveram experiências semelhantes nas suas vidas, também se
perguntou se haveria alguma maneira especial de orar, para evitar que esta situação continuasse na
vida do seu marido.

Antes de explicar o que eu denomino a oração preventiva, gostaria de dizer que, durante anos, fui
um estudante atento da natureza humana. Sempre estive interessado em saber o que levava uma
pessoa a fazer algo de que viésse arrepender-se mais tarde. Durante 20 anos, estive na directoria do
departamento de vendas de publicidade da Companhia de Telefones (páginas amarelas), ano após
ano, telefonava aos mesmos empresários e eles aprenderam a confiar em mim, começando a
confidenciar-me os seus problemas.

Do que eles me contavam sobre as suas vidas, eu descobri que, apesar do homem ter sido educado
no sentido de se auto-controlar e de ser comedido em todas as coisas, quando os meios de
comunicação, Satanás ou qualquer outra coisa começam a influenciar a sua imaginação
relativamente a uma mulher atractiva, não tardará muito até que ele deseje arriscar tudo, até que ele
vá deitar tudo a perder, só para satisfazer as suas fantasias.

Um sacerdote espírita disse-me uma vez que os espíritos demoníacos pódem implantar
pensamentos nas nossas mentes, fazendo-os seguir determinada direcção. Como Satanás o faz, nós
não o sabemos mas todos reconhecemos o modo como más influências - qualquer que seja a sua
fonte dominam as pessoas. se os homens e as mulheres) decidirem viver de acordo com tais
sugestões, cedo tterão nas suas mentes imagens excitantes, mais vivas do que seria se pusessem em
prática as suas ideias.

Quanto mais a pessoa brinca com essa ideia ou sugestão, mais poderosa realista ela se torna. Não
levará muito tempo a que ela controle a mente, cheg; a um ponto em que as pessoas se verão a fazer
coisas que sabem que não deve fazer. Os espíritos demoníacos ou outras influências podem
controlar a vida que nada, a nível humano, possa ser feito para quebrar os laços.

Por causa do poder enganador do pecado, um cônjuge cristão deve pór em prática a oração
preventiva, sem ter em conta o quão fiel o marido ou a esposa têm sido aos votos matrimoniais.
Não interessa quão nobre um cristão tem sido, ele pode ainda cair. Até Satanás era um ser sem
pecado.

É bom que cada dia agradeçamos a Deus por ter abençoado um dos nossos queridos com graça e
força, por lhe ter concedido o Seu compassivo amor, porque Somente quando uma pessoa possui o
amor de Cristo, pode mostrar aos outros seres humanos as graças celestiais que adornam o carácter.
o cônjuge que deseje passar a eternidade com o marido ou a esposa, como tê-lo ou tê-la consigo na
vida presente, deve assegurar-se da influência estabilizadora do Espírito Santo, esse grande poder
divino que, unicamente pode conceder pureza de pensamentos, coração e vida. Deus não força
ninguém contra a sua vontade mas irá, devido aos méritos do sangue de Cristo derramado na cruz,
fazer o que for possível para proteger e conduzir as pessoas para a salvação. Cristo diz-nos que
”oremos sempre uns pelos outros.”

Ao longo dos últimos anos, chegaram-me cartas de maridos e esposas. casamentos pouco firmes.
Depois que partilhei com eles estes princípios, o Espírito de Deus administrou as Suas graças da
redenção aos seus cônjuges, fortificou a sua união em Cristo. Nada pode ser mais recompensador do
que
receber notícias dessas mesmas pessoas, contando-me sobre o modo como Deus as tem abençoado
das formas mais surpreendentes e jubilosas.

Perdido e Achado
Eis uma ilustração notável sobre o modo como a influência estabilizadora do Espírito Santo pode
restaurar pessoas espiritualmente intratáveis.

Pouco depois do meu livro Respostas Incríveis (1a parte) ter sido publicado recebi uma carta de
uma senhora cujo marido a tinha deixado há quase quatro anos. Ela estava particularmente
impressionada pelo facto de, antes de eu orar por uma pessoa que não serve a Deus, eu pedir
primeiro que o Pai aproprie os méritos do sangue de Cristo à pessoa que precisa deles, sempre
consciente do facto de que a sua redenção já foi paga.

”Quando li no seu livro que podemos orar para que Deus perdoe os pecados de outras pessoas,disse-
me ela, ”fiquei admirada e comecei a orar pelo meu marido com nova fé e esperança.”

A senhora contou-me que estavam ambos na casa dos trinta, tinham bons empregos e saúde e
esperavam um futuro brilhante. Empregado numa companhia multinacional, o marido falava três
línguas, o que o levou a subir na carreira.

”As exigências do seu trabalho começaram por o afastar de casa durante dias a fio. Não demorou
muito para que o modo de vida extravagante do mundo corporativo começasse a deixar as suas
marcas no marido. Até o seu carácter tinha mudado e ele começou a tornar-se muito crítico em
relação a mim. Parecia que procurava as ocasiões para discordar de tudo o que eu dizia.

”Começou por criticar a Igreja e os seus membros e chegou o tempo em que passei a ir sozinha à
Igreja. Com o correr do tempo, ele passou a usar jóias caras e pouco depois, soube que ele fumava.
E quando o trouxeram para casa bêbedo, depois de uma festa, aumentou o meu desapontamento
quando me confessou que estava envolvido em adultério com a sua secretária.

”A nossa casa tornou-se um lugar de contenda e inquietação. Naquele momento agradeci ao Senhor
por não termos filhos que seriam dilacerados pela terrível discórdia. Fiz tudo o que pude para que
fôssemos procurar ajuda a um conselheiro matrimonial adventista mas sem qualquer proveito. Na
realidade, ele saiu de casa e culpou-me pelo desmoronamento do nosso lar.”

Numa conversa telefónica, a senhora disse-me que não soube nada dele durante quase dois anos.
Depois, soube que estava a ter problemas com o seu patrão. Ele tinha tomado várias decisões que
fizeram com que a companhia perdesse largas somas de dinheiro. Não demorou muito para que a
empresa o despedisse e ele abandonou aquela área, fazendo com que a esposa lhe perdesse o rasto.
A sua experiência numa companhia multinacional fez com que se tornasse impossível conseguir um
emprego semelhante, o que o levou a beber imenso.

Mais tarde, a senhora descobriu que ele se dedicara ao jogo e tivera sorte durante uns tempos.
Depois envolveu-se nas drogas, fazendo com que perdesse o controlo da sua vida e de tudo o que
possuía. Pensou em suicidar-se, ”mas descobriu que não tinha coragem para o fazer. Foi um choque
para a sua virilidade o facto de perceber que era um covarde,” disse-me a sua esposa.

112
Entretanto, ela adquiriu um exemplar do meu livro, leu-o e interessou-se particularmente pelo
capítulo ”Orando pelos Irreligiosos e os Maus.” Escreveu-me, então, a pedir que eu me juntasse a
ela na oração pelo marido que esperava ainda, estivesse vivo.

Escrevi-lhe também para lhe assegurar que o Espírito Santo certamente ministraria as graças da
redenção ao seu marido, enquanto eu e ela buscávamos a ajuda de Deus. Ellen White diz-nos que
Satanás e os seus anjos estão ”a redobrar os seus esforços para derrotarem o trabalho de Cristo em
favor dos homens e para lhes enredar as almas nas suas ciladas. Prender as pessoas nas trevas e
impenitência até que a mediação de Cristo esteja terminada e já não haja sacrifício pelos pecados, é
o objectivo que eles buscam realizar” (O Grande Conflito, p. 417). Mas ela também nos lembra que
Cristo deseja acabar com tal cativeiro.

Sabendo o que tanto Cristo como os demónios estão dispostos a fazer, eu tornei-me mais decidido
na minha determinação de fazer com que Satanás não levasse a melhor mas, sim, Cristo. Com este
homem, como com todos aqueles por quem eu oro, eu confiei em que o maravilhoso poder do
Espírito Santo venceria e tornaria inoperativos os inimigos de Jesus Cristo e todos aqueles que Ele
está determinado a salvar.

Assegurei à senhora que poria o seu nome e o do seu marido na minha lista de oração. Diariamente
e sem falta, apresentá-los-ia a Jesus. Só lhe pedi que me mantivesse informado do que ia
acontecendo nas suas vidas.

Passou-se cerca de um ano. Então, uma noite, no telejornal, entrevistaram um grupo de pessoas sem
abrigo, numa cidade distante. As pessoas viviam nas traseiras de uma fábrica abandonada sob uma
ponte que cruzava uma das estradas. O Estado queria demolir-lhes as casas e colocá-los noutro sítio.

Enquanto cozinhava, ela ouviu uma voz familiar. Virou-se e viu o seu marido no ecrã. Se ele não
tivesse falado, ela nunca o teria reconhecido. Usava barba, o cabelo descia-lhe pelas costas e, de
acordo com a esposa, ”parecia um mendigo. Tinha um aspecto lamentável.”

Quando ele disse que arranjava a maior parte da sua comida nos caixotes do lixo existentes nas
traseiras dos restaurantes, a esposa começou a chorar. Isso partiu-lhe o coração. Apesar do seu
profundo sofrimento, ela dava graças por ele ainda estar vivo e isso deu-lhe esperança de melhores
coisas no futuro.

No dia seguinte, contactou a estação televisiva da área que tinha transmitido o programa e descobriu
onde tinha sido feita a entrevista. Preparou tudo para conseguir ir lá depois do trabalho e começou a
procurar o marido.

Mas algum tempo depois, enquanto conduzia o seu carro por entre barracas e maquinaria velha, a
fim de chegar a um grupo de homens que se aquecia perto de um braseiro feito num barril de aço,
ela começou a preocupar-se com a sua segurança e certificou-se de que o seu carro estava bem
fechado.

Um dos homens indicou-lhe a barraca a que se deveria dirigir, acrescentando que ela não tinha
porta. Ela teve que se esgueirar por entre uma pesada lona e uma barraca para conseguir chegar à
entrada. Encontrou o marido numa barraca de 2 a 3 metros, deitado numa pilha de caixas de cartão
que ele usava para o isolar do frio do pavimento. Quando ele se levantou para deixar entrar um
pouco mais de luz no local, ela atirou-se para os braços dele, dizendo: ”Nunca mais deixarei que te
vás embora!”
_ 113
Admirado com tudo aquilo, ele só dizia: ”Por favor, deixa-me. Eu estou sujo. Eu estou imundo.”

Era o fim do Outono naquela cidade longínqua do Leste e nevava. Como estava frio, a senhora
convidou o marido a sentar-se com ela no carro. Recusando-se a entrar no carro para não o sujar, ele
manteve-se ao pé da porta, enquanto ela baixava um pouco a janela. Como continuasse a nevar, não
demorou muito a que ele se parecesse com um boneco de neve.

Sentar-se-ia ele no carro se ela cobrisse o assento com um cobertor? perguntou-lhe ela. Quando o
marido concordou, ela arrancou e voltou 45 minutos depois com um cobertor e uma grande
quantidade de comida quente que comprara num restaurante que vendia comida rápida. Ao vê-lo
regalar-se com o que ele considerou ser comida própria para um rei, a esposa alegrou-se.
Silenciosamente, ela agradeceu a Deus por ter trazido o marido novamente para a sua vida.
Acreditava que Deus respondera maravilhosamente às suas orações. Levou a semana inteira a
convencê-lo a voltar para casa. Ela descobriu que, uma vez que a vida de alguém se deteriora ao
ponto a que a vida do marido chegou, somente uma graça divina especial consegue transformá-la no
que ela era antigamente.

Quando, no fim do primeiro dia, ela não conseguiu que o marido saísse da barraca, voltou para o
hotel onde se hospedara. Naquela noite, ela não parou de orar e de buscar uma orientação especial
para resolver a situação. Ela queria muito que o marido voltasse a ter uma vida normal outra vez.
Como me disse mais tarde, ela releu grandes partes do livro Respostas Incríveis à Oração (1a parte)
para se fortalecer no poder e amor de Deus. Depois, antes de dormir, abriu a sua Bíblia, buscando
algo em que meditar. Relanceando os olhos pela página, ela leu as seguintes palavras:

”E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos
ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós
habita” (Romanos 8:11).

”É isto mesmo,” disse ela de si para si. ”A mente do meu marido precisa de ser recriada pelo poder
do Espírito de Deus, para voltar a ser o que já era-para ele voltar ao grau de sanidade que antes
possuía.” Ela, então, ajoelhou-se, abrindo o seu coração a Deus.

Passaram-se cinco dias e tudo permaneceu na mesma. Ela teve, então, uma ideia. O que o meu
marido precisa é de conhecer o poder e amor de Deus operando em favor das pessoas na
actualidade. Vou ler-lhe porções do livro do irmão Morneau.

Se bem pensou, melhor o fez e Deus começou a trabalhar através daquelas fracas palavras. Devagar,
ele começou a corresponder ao Espírito e às sugestões dela de que eles ainda teriam um futuro
brilhante juntos, se pusessem Deus em primeiro lugar nas suas vidas.

”Eu não podia conter as lágrimas que me corriam pelo rosto, enquanto o ouvia falar e vi que o
Espírito Santo trazia o meu marido de volta. Ele morrera espiritualmente e agora estava vivo outra
vez, contando-me sobre a alegria que sentia quando servia a Deus.” Então, ela sofreu um choque
quando o marido lhe disse: ”Está bem, Linda (não é o seu nome verdadeiro), eu aceito o convite de
voltar a viver contigo outra vez. Mas isso só acontecerá, se conseguires que a tua empresa te
transfira para uma cidade onde ninguém nos conheça. Eu não

conseguiria enfrentar aqueles que conheci no passado. Entretanto, eu ficarei viver uns quilómetros
fora da cidade - está bem?
Ele assegurou-lhe novamente que faria tudo o que tinha prometido antes. Passaram-se mais alguns
dias, até que ela o conseguiu convencer a ir a um barbeiro, a uma loja comprar roupas e a tomar
banho, de modo a poder viver como uma pessoa normal outra vez.

Foi com a poderosa ajuda do Espírito Santo que a Linda obteve a transferência para outra cidade e,
para sua surpresa, tratava-se de uma promoção que envolvia um aumento de salário. Vivem agora
ambos felizes no Senhor. As vidas de ambos, segundo ela conta, amadureceram sob os cuidados do
Espírito de Deus.

Sendo uma pessoa reservada, a Linda pediu-me uma vez para que eu nunca contasse o que se
passou com o marido. Eu prometi ceder aos seus desejos. Contudo, mais recentemente, senti que
deveria pedir permissão para incluir sua experiência neste livro, como um meio de exaltar o amor e
o poder do nosso Salvador. Eles concordaram, desde que eu não mencionasse os seus nomes e os
locais onde tudo se tinha passado. Eu creio que a experiência deste casal e motivo para dar glória a
Deus nas alturas!
114
Capítulo 6

UM MINISTÉRIO DE ORAÇÃO
Provavelmente, a pergunta que as pessoas mais me fazem é esta: ”Como pode uma pessoa começar
um ministério de oração bem sucedido e continuá-lo? Um que me leve a ver as minhas orações
serem atendidas?
Descobri cinco passos a seguir e que têm demonstrado trazer o poder de Deus à vida daqueles por
quem se ora.

Passo 1: A chave para qualquer ministério de oração bem sucedido começa por uma estreita ligação
com Jesus. Ele é o ganhador de almas e deseja ajudar cada um de nós a partilhar a Sua missão. Para
mim essa estreita ligação com Jesus começa assim que eu abro os meus olhos de manhã, mesmo
antes de sair da cama. A minha oração matinal é mais ou menos assim:

”Precioso Jesus, Tu és o Senhor da glória, eu ergo os olhos para o Lugar Santíssimo do santuário
celestial onde tu ministras em favor da humanidade caída e procuro a Tua mão no começo deste dia,
a unção do Teu amor e graça.

”Como Tu sabes tão bem, Senhor, a minha natureza caída é tal que, se for deixado sozinho, só
realizarei acções ímpias que conduzirão à minha destruição eterna. Portanto, eu peço-Te, Senhor,
apropria-Te, neste momento, dos méritos do sangue que Tu derramaste no Calvário para a remissão
dos pecados.

”Desejo que Tu me moldes, que me eleves a uma atmosfera pura e santa, onde as ricas correntes do
Teu amor possam fluir através da minha alma e possam abençoar aqueles com quem eu me cruzo
nesta terra do Teu inimigo.

”Eu oro, precioso Redentor, para que o Teu Santo Espírito repouse sobre mim, habite em mim hoje
e me faça mais semelhante a Ti no carácter. Obrigado por estares atento às minhas orações.
Amém.”

Depois de me levantar e cuidar das minhas necessidades matinais-tal como levar o cão à rua, etc -
dedico-me às minhas devoções. Elas consistem na leitura da Bíblia e de algum outro material
inspirador, que me conduzirá a mais uma conversa com Jesus, em oração. Só então eu Lhe
apresento a minha lista de oração (a qual já encheu um livro de registos de 150 páginas).

117
Cada nome da lista é acompanhado de uma descrição das suas necessidades. Sendo impossível
mencionar cada pessoa individualmente, cada dia eu apresento aqueles casos para os quais o
Espírito Santo chama a minha atenção. Mas eu oro pelas necessidades espirituais de todas essas
pessoas do mesmo modo que, acredito, o apóstolo Paulo orou pelos membros da igreja de Éfeso
(ver o capítulo 4).

Depois do pequeno almoço, eu converso com o meu Pai celestial em oração, louvando o Seu nome
e dando graças pelas misericórdias que Ele derramou nas vidas daqueles por quem eu tenho orado.
Eu aprecio e agradeço a Deus pelo facto de estar reformado e assim ter mais tempo para o meu
ministério de oração.

Passo 2: Uma fundação sólida é necessária para quem espera erigir qualquer tipo de edifício capaz
de resistir ao passar do tempo. Aplica-se o mesmo princípio ao reino espiritual. Para construir uma
fé firme em Deus e no poder do Seu Santo Espírito, precisamos de decorar a Palavra de Deus.
Devemos encher as nossas mentes com escrituras que encorajarão, inspirarão, elevarão e, acima de
tudo, atrairão os nossos corações a Cristo. À medida que fazemos isto, abrimos o caminho para que,
mais tarde, em tempos de necessidade, o Espírito Santo os traga de volta à nossa mente. A Palavra
de Deus é uma avenida divina de poder e vida.

Eu falo por experiência própria. Durante os últimos 46 anos, tenho trazido nos bolsos do meu
casaco pedaços de papel para os quais transcrevi versículos da Escritura, a fim de os decorar nos
meus tempos livres. Nesse espaço de tempo, decorei mais de 2.200 versículos, enriquecendo imenso
a minha vida espiritual. Se fizer o mesmo, as suas orações irão produzir altos dividendos nas almas.

Passo 3: O amor compassivo motivou Cristo a vir a este planeta rebelde e a deixar que homens
fracos O pregassem a uma cruz-só assim Ele obteve a vida eterna para cada um de nós. ”Ele que,
com uma ordem, poderia pedir que um exército celestial O socorresse - Ele que poderia aterrorizar
uma multidão com a visão da Sua divina majestade - submeteu-se com perfeita calma aos insultos e
ultrajes mais grosseiros” (O Desejado de Todas as Nações, p. 798).

Por outras palavras, Cristo amava os Seus filhos com um amor ilimitado. Jesus era uma pessoa
solícita, em todo o sentido do termo. Ele quer que nós partilhemos da mesma compulsão.
Precisamos de orar com a maior intensidade possível e desejar que Ele habite em nós com essa
mesma força motivadora.

Passo 4: Para orar pelos outros, devemos possuir uma fé viva. Cristo, ao afirmar: ”Quando porém
vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lucas 18:8) quis dizer que esta seria uma
experiência rara nos últimos dias, mas para que uma oração seja bem sucedida, deve estar ligada à
fé.

À medida que lemos os quatro evangelhos, notamos que os milagres que Jesus podia fazer pelos
outros estavam relacionados com a quantidade de fé que eles exerciam. Por exemplo, a Bíblia fala-
nos de dois cegos que seguiam a Cristo, pedindo misericórdia. Mateus 9:29, 30 declara: ”Tocou
então os olhos deles, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé. E os olhos se lhes abriram. E Jesus
ameaçou-os, dizendo: Olhai que ninguém o saiba.”

Mateus 4:23, 24 diz-nos: ”E percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas suas sinagogas e
pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. E a sua
fama correu por toda a Síria, e traziam-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias
enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos e os paralíticos e Ele os curava.”

Por outro lado, pessoas com um baixo nível de fé privam-se, na verdade, a si mesmas, das bênçãos.
Mateus 13:58 lembra-nos que ”não fez ele ali muitas maravilhas, por causa da incredulidade deles.”
O mesmo se passa com as nossas orações pelos outros - devemos procurar manter um alto nível de
fé. Passo 5: o perdão faz a diferença.

Vivemos num mundo em que as pessoas não vêem as suas orações respondidas porque, primeiro,
não pediram a Deus que lhes perdoasse os seus pecados. Nunca costumo orar por alguém, sem que
eleve o meu coração a Deus da seguinte maneira: ”Querido Pai celestial, em nome do Senhor Jesus,
por favor, perdoa-me se Te ofendi em pensamento, palavra ou acto. Eu sei, Senhor, que a Tua mão
está pronta a salvar e os Teus ouvidos prontos a escutar, mas eu tenho consciência de que as nossas
iniquidades e pecados nos podem separar de Ti e das Tuas ricas bênçãos (ver Isaías 59:1,2). Eu não
posso estar separado de Ti nem por um momento. Portanto, por favor, faz com que tudo esteja bem
entre nós, eu Te peço.”

Um grande número de cristãos referia nas suas cartas e telefonemas que as suas orações pareciam
não chegar a lado nenhum. Perguntavam-me qual pensava eu ser o problema. Primeiro tentei ajudá-
los, perguntando-lhes coisas sobre as suas vidas cristãs. Mas este procedimento pareceu não levar a
lado nenhum. Finalmente pedi ao Senhor para que o Espírito Santo me ajudasse a perceber o
problema.

Antes de ir para a cama naquele dia, abri a Bíblia à procura de algo em que meditar antes de
adormecer. Ao abri-la, deparei-me com a oração do Senhor. Não parei por ali, contudo, antes
continuei a ler. ”Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos
perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não
perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6:14,15).

Instantaneamente, ocorreu-me a ideia de que uma atitude imperdoadora por parte de algumas
pessoas poderia estar a bloquear o caminho às bênçãos de Deus. Desde então, tenho ajudado muitas
pessoas, perguntando-lhes se elas tinham alguma dificuldade em perdoar as faltas de outros ou o
mal que esses indivíduos lhes tenham feito.

Uma senhora estava confusa, querendo saber porque é que as suas orações não pareciam ser
eficazes. Quando lhe mencionei esta possível atitude da sua parte, ela disse-me instantaneamente
que esse era o seu problema. ”Na realidade,” disse ela, ”esta é uma das características da minha
família. Sempre me lembrarei do meu avô quando dizia: ’Se alguém te faz algo que te magoa, não
te zangues-espera somente pela oportunidade certa e desforra-te’.” Ela então admitiu que somente
um milagre de Deus na sua vida iria capacitá-la a perdoar aos outros.

Cerca de seis meses depois, a senhora telefonou-me outra vez. Mas, desta vez, a alegria enchia-lhe a
voz à medida que ela me contava sobre o modo como Deus lhe tinha concedido a capacidade de
realmente perdoar aos outros. E agora as suas orações davam lindos resultados.

Nos últimos tempos, recebi cartas de todo o mundo, que me contavam sobre como o Espírito de
Deus tinha abençoado as vidas tanto daqueles que tinham lido o livro Respostas Incríveis à Oração
(1a parte) como daqueles por quem eles tinham orado. Eis alguns excertos dessas cartas. Ofereço-
vos esses excertos, não
118

119
para me enaltecer mas para mostrar o que Deus pode fazer, mesmo através dos Seus mais humildes
servos. Deus está procurando canais através dos quais possa derramar as Suas bênçãos e graça a
outras pessoas.

Um Casal Missionário em África


”Durante uma sessão da Conferência Geral em 1990, o meu marido encomendou um exemplar do
seu livro, uma vez que a primeira edição se esgotara. Ficámos desapontados por não o podermos
levar connosco nessa altura.

”O livro chegou em Janeiro, numa altura em que eu precisava do tipo de ajuda que encontrei nas
suas páginas. Através dele, o Espírito de Deus trouxe-me paz interior, do tipo que surge somente
quando contemplamos a grandiosidade de Deus, o Seu extraordinário amor que intervém mesmo
nas mais pequenas necessidades da nossa vida e sustém a nossa fé, de modo a que ’as nossas
pegadas não vacilem’ (Salmo 17:5).”

Estes dois parágrafos foram transcritos de uma carta de três páginas escritas em francês. A minha
resposta trouxe outra carta cerca de dois meses mais tarde.

”Os nossos corações transbordam, diariamente, de gratidão para com Deus, pelas vitórias que
vemos nas vidas daqueles por quem oramos,” dizia-me a senhora. ”O facto de vermos tais
transformações acontecerem na vida de tantas pessoas leva-nos cada vez para mais perto do nosso
Redentor.”

Da América do Sul
”Prezado irmão Morneau:

”Na realidade, nem sei como começar, pois tenho tanto para lhe contar. Deixe que primeiro louve e
agradeça ao nosso Pai celestial por ter transformado a sua vida... E agradeço-lhe a si por ter
permitido que Deus o usasse de maneiras tão maravilhosas, assim como por ter escrito o livro
Respostas Incríveis à Oração, de modo a encorajar e abençoar a vida do povo de Deus nestes
tempos difíceis.

”Li o seu maravilhoso livro três vezes e agora leio determinadas porções diariamente. De cada vez,
o Senhor ensina-me algo mais maravilhoso. O seu livro tem ajudado muitas pessoas a aprenderem a
orar mais eficazmente e a verem as suas orações serem atendidas de um modo que elas nunca
julgaram possível.

”Muitas coisas prenderam a minha atenção à medida que ia lendo o seu livro. Uma em particular é a
bondade e lealdade de Deus em honrar aqueles que O honram. Estou espantada com o que o Senhor
pode fazer, quando uma pessoa dá o seu coração a Jesus e vive para O honrar.

”Permita-me dizer-lhe novamente que não tenho palavras para expressar a minha gratidão ao
Senhor e a si por um livro tão maravilhoso.”
Dir-se-ão as mesmas coisas de todos aqueles que oram pelos outros. Deus deseja que cada um de
nós se Lhe dirija em oração, a fim de que Ele nos possa usar para trazer a este mundo as infindáveis
bênçãos da salvação.

Capítulo 7 -

AFASTADOS DOS ESPÍRITOS


DEMONÍACOS PELO PODER DA
ORAÇÃO
Vivemos em tempos difíceis. Na realidade, caminhamos para um grande ”tempo de angústia, qual
nunca houve, desde que houve nação” e do qual o profeta Daniel falou (Daniel 12:1). A angústia e a
perplexidade atormentam pessoas de todas as condições sociais. O medo destrói a muitos, ao verem
unicamente um futuro sem esperança. Vivemos também num mundo em rápida mudança. Coisas
que há alguns anos pareciam impossíveis, tal como a queda do muro de Berlim e o novo traçado do
mapa da Europa, são agora águas passadas. A dissolução da ex-União Soviética tomou de surpresa
os dirigentes
mundiais.

Enquanto os problemas de uma vivência no mundo de hoje ocupam as mentes das pessoas, os anjos
de Satanás redobram os seus esforços para ”derrotar o trabalho de Cristo em favor do homem e
prender as almas nas (suas) ciladas” (O Grande Conflito, p. 417).

O principal objectivo de Satanás é fazer com que as pessoas não estejam aptas para a vida eterna e
ele leva o seu trabalho muito a sério. ”O objectivo de Satanás é prender as pessoas às trevas e
impenitência até que a mediação do Salvador termine e já não haja tempo para sacrifícios pelo
Pecado. (ibid.).

É triste dizê-lo, mas se as centenas de cartas que eu recebo pedindo orações pelos amados que se
desviaram do seu caminho, optando pela imoralidade, são indicação de qualquer coisa, sou forçado
a concluir que Satanás está a ter um grande sucesso.

Estamos a viver tempos únicos e Deus está procurando indivíduos, entre o povo que guarda os Seus
mandamentos, que Ele possa usar para concluir a Sua missão aqui na Terra. Ele necessita de um
poderoso exército de pessoas que orem, homens e mulheres que compreendam as regras do
compromisso no conflito entre o bem e o mal.

120

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Deus quer que compreendam que a oração não é algo para ser usado como meio de persuasão de um
Deus relutante em nos ajudar aqui na Terra, e também compreendam que Deus e os Seus anjos não
têm o direito, aos olhos dos anjos e habitantes dos mundos não caídos, de entrar nos domínios de
Satanás, a menos que nós, como cativos de Satanás, o peçamos pelos méritos de Cristo, sendo esta a
razão por que os seres humanos devem receber ajuda divina.

Talvez uma experiência que eu vivi quando ainda era um adorador espírita, há muitos anos, possa
ilustrar este facto. Um ministro satanista vangloriou-se, uma vez, do modo como Satanás forçou o
Criador a abandonar os seus domínios recentemente adquiridos. Ele disse que Satanás declarou que
tal exigência era um direito legal perante o universo e que o diabo obtivera assim o seu desejo.

”Nesse momento,” disse o ministro, ”o mestre (Satanás) afirmou que ele e os seus anjos se
tornariam invisíveis também perante os seres humanos, permitindo assim que as pessoas vivessem
livremente as suas vidas como quisessem. Ele argumentou enfaticamente que o único meio justo
para que as forças sobrenaturais pudessem influenciar a conduta humana seria através de
pensamentos implantados nas mentes das pessoas.”

Não sei em que poderemos acreditar, de entre tudo o que o ministro disse. Mas muito daquilo que
os satanistas me disseram, faz sentido e ajudou-me a decidir-me por Cristo uns meses depois.

Deus procura pessoas que se interessem e que estejam dispostas a demonstrar o carácter de Deus
reflectido no seu. ”O que trouxe Cristo à Terra para sofrer e morrer foi o amor que tinha por Deus, o
zelo pela Sua glória e o amor pela humanidade caída. Ele convida-nos a adoptar este princípio” (O
Desejado de Todas as Nações, p. 351).

Jesus, na Sua existência humana na Terra, demonstrou a Sua grande preocupação por cada ser
humano. Por vezes, passou noites inteiras a orar por eles. O que Ele viu pelo mundo, levou-O à
oração. ”O Filho de Deus, ao olhar este mundo, viu sofrimento e miséria. Com compaixão, Ele viu
como homens e mulheres se tinham tornado vítimas da crueldade satânica. Olhou com compaixão
para aqueles que estariam sendo corrompidos, assassinados e perdidos” (Ibid., p. 37-38). Não
admira que ele gastasse cada momento na oração pela salvação da raça humana.

As razões que compeliram Cristo a orar pelos outros ainda são válidas hoje e deveriam impelir-nos
a buscar a ajuda do Espírito Santo na luta contra as forças das trevas. Afinal, como escreveu o
apóstolo Paulo: ”Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os
principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Efésios 6:12).

Cada um de nós está envolvido numa luta incessante entre as forças do bem e do mal. Familiarizei-
me com este conflito depois que deixei a adoração espírita e me converti ao Senhor, há quase cinco
décadas atrás. Mas através dos anos, eu vi os poderes das trevas perderem a sua influência sobre a
vida de grande número de pessoas por quem pedi, diariamente, para que Deus se apropriasse dos
méritos do sangue de Cristo em favor delas. Ele honrou as minhas orações, fazendo com que o
Espírito Santo afastasse continuamente os espíritos demoníacos ou protegesse homens e mulheres
do seu domínio.

122
Afastados dos Espíritos demoníacos pelo Poder da Oração
”Súplicas perseverantes e sinceras feitas a Deus, com fé... podem, por si só, ser úteis para trazerem
aos homens a ajuda do Espírito Santo, para a luta contra principados e potestades, os príncipes das
trevas deste século, as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais” (Ibid., pp. 466).

Para ilustrar o modo como tais indivíduos ”são guardados pelo poder de Deus através da fé,gostaria
de vos contar uma experiência que aconteceu em 1991. Quando recebo muitas cartas, primeiro
passo os olhos por elas, depois leio a que me chamou mais a atenção. Em 3 de Junho desse ano,
recebi uma carta que trazia a palavra ”Urgente” escrita no canto inferior esquerdo do envelope. Li-a
imediatamente.

”Como eu gostaria de conversar consigo,” dizia uma mulher a quem irei chamar Norma White.
”Tenho a certeza que deve estar atolado de cartas e telefonemas, como me disse uma secretária da
Associação Publicadora Review and Herald quando lhe pedi a sua morada.

”Sou uma cristã Adventista do Sétimo dia dedicada e que ama muito o Senhor. Há um ano, em
Janeiro, começaram a acontecer-me coisas estranhas e imprevistas, à medida que forças
sobrenaturais traziam angústia à minha vida, a ponto de me atacarem fisicamente. Não consegui
ajuda por parte do meu pastor, pois este é um assunto que os ministros evitam.

”Mas quando li as suas maravilhosas experiências relacionadas com a oração intercessória, ’a


esperança renasceu’ no meu coração e decidi contactá-lo. Se estiver disponível, gostaria imenso de
conversar consigo. O meu número de telefone é...”

Assim que acabei de ler a carta da senhora White, abri imediatamente a Bíblia onde Mateus relata a
crucificação, coloquei a carta sobre a Bíblia aberta e implorei ao Altíssimo para que Ele se
apropriasse do sangue de Cristo em favor desta vítima da crueldade satânica. Nessa noite, telefonei-
lhe e ela descreveu-me o ponto da situação.

Para começar, ela contou-me que trabalhava para a Organização Adventista haja 36 anos. O seu
marido morrera uns anos antes, depois de uma doença de três anos e ela continuou a viver sozinha
na sua casa. Perguntei-lhe quando é que os espíritos demoníacos tinham começado a atormentá-la.
Ela contou-me parte da história e o resto contou-me numa carta de oito folhas. Vou citar alguns
excertos.

Parece que ela dava estudos bíblicos a ”um senhor que estava muito ligado aos seus familiares que
tinham morrido. Sendo cristã, encorajei-o a aceitar a Cristo como seu Salvador pessoal.

Pela sua voz ao telefone, percebi que Norma não se sentia à vontade ao contar as suas experiências
mas eu expliquei-lhe que só a poderia ajudar se conhecesse os pormenores dessas experiências.
Assim, na sua carta, ela disse-me que ӈ noite comecei a ouvir janelas e portas a abrir e a fechar.
Ouvia passos como os de um homem a subir e a descer as escadas. Durante algum tempo, uma
densa escuridão pairou sobre mim e durante meses sofri perseguições e opressões, com ameaças de
que morreria por causa do meu interesse na salvação do Henrique [o homem a quem eu dava
estudos bíblicos]...

Sem qualquer aviso, fui acordada uma noite às três horas da manhã e senti como se tivesse sido
arremessada para cima e para baixo na minha cama. Momentaneamente, uma densa escuridão
pairou sobre mim. Depois, fui abanada violentamente e gritei para que Jesus me salvasse. Nesse
instante os terríveis abanões pararam.”

123
Seja como for, tive a impressão de que o seu estudante da Bíblia, Henrique, não era o centro do seu
problema. Quando lhe perguntei se ela conhecia qualquer outra razão para o facto de os espíritos a
estarem a incomodar, ela contou-me uma segunda experiência.

”Uma amiga pediu-me que passasse a tomar conta de uma senhora cega, duas vezes por semana, na
vez dela... Tinha que dormir lá também. Isto durou cinco semanas. Não me senti muito confortável
durante esse período. Dois dias depois de ter terminado o trabalho lá, os problemas começaram
novamente e duraram desde Novembro a Abril.

”Desta vez, eu quase me deixei ir abaixo mas uma amiga muito querida fez
320 Km só para me levar para junto dela. Uma manhã de Domingo vi o programa Hora Tranquila.
O Pastor Tucker falou sobre o sacrifício do nosso Senhor na cruz do Calvário. Ao me ajoelhar para
agradecer a Deus pelo Seu grande amor e sacrifício, os terríveis abanões começaram. Orei
imediatamente para que Deus me protegesse e os abanões pararam.

”Continuei a ajudar a senhora cega. Ela tinha um botão no seu telefone que me chamava
automaticamente e eu estava feliz por falar com ela e a encorajar. Os seus telefonemas tornaram-se
uma ocorrência diária.

”Às vezes sentia-me gasta e exausta depois de conversarmos. E passado um tempo ela tornou-se
muito possessiva comigo, parecendo mesmo querer controlar a minha vida. Quando a estranha
escuridão começou a aparecer, após as nossas conversas, acabei com a minha relação com ela.”

À medida que a Norma falava comigo ao telefone, ela comentou: ”Pergunto-me porque permite
Deus que os espíritos voltem.” Todas aquelas experiências a confundiram.

Expliquei-lhe que ”Satanás busca dominar os homens hoje como dominou os nossos primeiros pais,
fazendo abalar a sua confiança no seu Criador” (O Grande Conflito, p. 429).

Um fenónemo em especial a perturbou - o facto de os espíritos a oprimirem agora de cada vez que
ela ia à Igreja. ”Enquanto estava sentada na Igreja, senti como que me vestissem um apertado
casaco de forças e a minha respiração ficou comprimida. Saí imediatamente da sala e orei em voz
alta para que Jesus me ajudasse.” A partir desse instante, ela sentiu-se cada vez mais relutante em ir
à Igreja, uma vez que a opressão se deu mais duas vezes.

”Porque me oprimem a mim os espíritos e não a outras pessoas?” perguntou ela. ”Porque se dá tal
experiência na minha vida? Sempre vivi para Deus. E porque permite Jesus que os espíritos voltem?
Eu não consigo perceber.”

Concluí que, de algum modo, ela fora tocada por aquilo que eu chamaria uma mancha de
profanação maligna, ou seja, algo abriu o caminho para que os espíritos demoníacos tivessem
acesso a ela. Ou o Henrique ou a senhora cega tinham-lhe dado algo que ela ainda guardava.

”Sim,” disse ela, pensando um momento, ”tenho um presente de aniversário, uma Bíblia, e uns
outros objectos que a senhora cega me deu.”

Sugeri-lhe que se livrasse desses objectos, pois parecia ser uma regra do comportamento dos
espíritos, o facto de eles terem acesso às pessoas se estas possuíssem certos objectos a eles
associados. Sugeri-lhe que ela os pusesse na garagem, até que arranjasse maneira de se livrar deles
de vez.
124 ~

Quanto à razão por que os espíritos a tinham escolhido para a oprimirei] disse-lhe que um bom
número de outras pessoas vinham tendo uma experiência similar e que tais manifestações
sobrenaturais se tornariam cada vez mais frequentes antes que o conflito entre o bem e o mal
terminasse.

Expliquei-lhe que tais fenómenos sobrenaturais eram comuns no Ocidente há alguns séculos e ainda
aconteciam noutras partes do mundo. Mas com desenvolvimento da ciência moderna, Satanás
decidiu convencer as pessoas que ele e os seus anjos não existem. A maioria do mundo ocidental
concluiu que o sobrenatural é simplesmente uma invenção da imaginação. Deste modo Satanás
espera fazer com que a Bíblia pareça um conto de fadas.

Relativamente ao porquê de tais coisas acontecerem a alguém que sempre viveu uma vida em
Cristo, disse-lhe que enquanto vivêssemos neste mundo de pecado, ninguém teria qualquer garantia
de que os inimigos de Cristo não o
atacariam.

Os anjos maus voltavam sempre para a assombrar porque Deus lhes da direito de se aproximarem
de qualquer pessoa que guarde algo que lhes ea associado. Essa mesma experiência deu-se comigo.
Seis meses depois de ter aceitado Jesus e abandonado a adoração espírita, eles continuavam a
abanar levemente as portas e paredes do meu pequeno apartamento, tentando restabelecer contacto
comigo. Quando mencionei o problema ao meu pastor, l perguntou-me se eu ainda tinha em minha
casa algo que estivesse associado adoração espírita. Quando lhe disse que guardava alguns livros na
prateleira de um armário, ele sugeriu que eu me livrasse deles. Ao aceitar a sugestão, a perseguição
acabou.

Depois de passarmos em revista o que eu chamo de ”os sete passos programa de recuperação”
(material que eu forneço especialmente àqueles que estiveram em contacto com os chamados
ministros auxiliadores e dos que falarei num próximo capítulo), encorajei-a a permanecer na sua fé
no Senhor. Desde aí, ela tem vivido naquela paz e alegria que só o Espírito de Deus pode trazer,
esse mesmo poder que Jesus usou, durante o Seu ministério humano para afastar os demónios
(Mateus 12:28). Mantivemo-nos em contacto através de cartas e por telefone e de cada vez que
falava com ela, eu alegrava-me à medida que sentia a sua personalidade vibrante. Ela sempre me diz
que uma das suas grandes alegrias é o ministério da oração, à medida que testemunha o modo
como Deus abençoa os outros através dessas orações.

A Norma está particularmente contente por ver que casamentos, antes no ponto de ruptura, agora
são felizes e estáveis. Ela tornou-se numa pessoa muito solícita, dedicada às necessidades
espirituais daqueles que conhece. Juntamente com aqueles por quem ela ora, a Norma tem sido
protegida pelo poder de Deus concedido através de orações cheias de fé.

Uma Experiência Horrível


Uma mãe escreveu-me sobre a filha, de nome Marta, que sofria de depressão mental, degenerando,
entretanto, para um colapso nervoso. Assim que se recompôs desta sua doença, a jovem
começou a sofrer de várias fobias.
Marta começou a sentir medo do escuro, medo de conduzir o carro, medo das alturas que nunca a
tinham incomodado antes e assim por diante. Todos os seus problemas pareciam desafiar a ciência
médica. Os medicamentos que tinham ajudado outros doentes, provaram ser inúteis no caso dela.

Então deu-se algo invulgar. A meio da noite, uma presença invisível acordou-a, abanando-lhe a
cama ou fazendo outras coisas estranhas. Por exemplo, as sombras nas janelas do seu quarto
movimentavam-se subitamente para o topo do caixilho da janela, e fazendo ao mesmo tempo um
barulho assustador.

A mãe apercebeu-se de que forças demoníacas trabalhavam para destruir a sua filha. Ela procurou
ajuda junto de pastores Adventistas mas eles mostraram-se relutantes em envolver-se, dizendo-lhe,
porém, que iriam orar pela Marta.

Pouco depois, a mãe conseguiu um dos meus livros e, quando os leu, não perdeu tempo a entrar em
contacto comigo. Depois que ouvi a história, comecei a fazer-lhe perguntas que, esperava, me
conduziriam àquilo que os espíritos usavam para chegar à sua filha. Ter-se-ia a Marta envolvido
com actividades sobrenaturais sem que a mãe tivesse dado conta?

A angustiada mãe disse que me voltaria a contactar dentro de um ou dois dias, depois de tentar falar
com a Marta. A jovem contou que uma das suas colegas de escola tinha um quadro e usou-o para
comunicar com o suposto espírito do seu falecido primo. O espírito agiu de forma amigável para
com a Marta, até ao dia em que a jovem mencionou a sua religião. A partir daí o espírito recusou-se
a responder aos pedidos de Marta. Em vez disso, escreveu coisas terríveis que, disse, lhe iriam
acontecer.

Quando ouvi a história, sublinhei a importância de Marta pedir a Deus que lhe perdoasse as suas
iniquidades. Deus considera a conversação com espíritos maus através de qualquer canal, a coisa
mais perigosa que podemos fazer. Eu instei com a mãe e a filha para que começassem cada dia com
uma oração, para que pedissem a Deus que se apropriasse dos méritos do sangue por Cristo
derramado pela jovem e para que o Espírito Santo a rodeasse com uma atmosfera de luz e paz. Só
então os espíritos demoníacos não mais teriam acesso a ela. Além disso, enviei-lhe o meu programa
de recuperação em sete passos.

Sem demora, o Senhor da glória livrou completamente a Marta da sua opressão satânica.

Capítulo 8
126

UMA GRANDE DESCOBERTA


Num grande número de cartas, as pessoas comentam o facto de que a sua vida de oração se tornou
na mais preciosa experiência e elas conseguiram aproximar-se mais de Cristo, de um modo que
nunca imaginaram ser possível na sua vida. A redacção varia mas o tema é o mesmo. Elas
confirmam sempre o que dizem, contando-me uma ou mais dessas experiências. Eis aqui algumas
delas.
Um homem que vive numa grande cidade canadiana recebeu um exemplar do livro Respostas
Incríveis à Oração (1a parte) e ficou tão satisfeito com o que leu que adquiriu mais 50 e ofereceu-os
aos seus familiares católicos. Entre eles encontrava-se a sua filha, que se casara com um industrial.
O marido da filha encontrava-se sob cuidados médicos por causa de um esgotamento provocado
pelas tensões.

A grande pressão do seu trabalho provocara-lhe úlceras e, por vezes, fazia com que tivesse ataques
de fúria incontroláveis. A sua pressão sanguínea aumentara perigosamente e afectara o seu coração.
O médico disse à esposa deste executivo que ele não viveria muito mais tempo, a menos que fizesse
mudanças drásticas na sua vida.

Estas notícias entristeceram-na, até que ela se lembrou de algo que, uns dias antes, lera no livro
Respostas Incríveis à Oração, Nele eu dizia que o Senhor Jesus é um ”perito na salvação,
especializado em casos desesperados.” Ela percebeu que aquela frase também significava que o
Senhor era quem resolvia os grandes problemas e que se ela intercedesse pelo seu marido, Ele
removeria os seus muitos fardos e o curaria.

Com a sua Bíblia numa mão e o livro Respostas Incríveis à Oração na outra, ela começou a orar
pelo marido com uma fé que deu quase resultados imediatos. Duas semanas depois, a senhora
apercebeu-se que estavam a ocorrer algumas mudanças notáveis. Duas semanas mais tarde, o
marido foi ao médico. Os testes feitos indicaram melhoras surpreendentes,

Pouco depois, recebi uma carta entusiástica, pedindo-me o meu número de telefone. (No início de
1985, o meu cardiologista insistiu

127
para que o meu telefone não viesse na lista, de modo a que eu pudesse descansar o mais possível).
Quando a senhora me telefonou, disse-me: ”Disseram-me que o senhor tinha um sotaque francês.
Oh, como estou contente por poder conversar consigo.”

Depois de conversarmos um pouco, ela contou-me que assistira a uma conferência evangelística de
Billy Graham na sua cidade, uns anos antes. Cristo tinha-se tornado bem real para ela nesse
momento. De certo modo, o misticismo que envolvia o seu conceito de Jesus desapareceu e ela
compreendeu que Ele era ”o caminho, a verdade e a vida,” o seu único meio de salvação.

Ela compreendeu, contrariamente ao que tinha sido ensinada a crer, que ela tinha que abandonar a
ideia de que existem outros intercessores e entregar a sua vida directa e inteiramente a Jesus.
Somente Ele morrera no Calvário pela nossa salvação e só a Ele ela deveria entregar a sua vida.

”Por mais maravilhosos que tenham sido os anos vividos para Cristo,” disse ela, ”o seu livro deu-
me toda uma nova compreensão da Sua ministração como nosso grande pastor no Lugar Santíssimo
do Santuário Celestial. É adicionar à minha experiência cristã uma riqueza de graça celestial. O
facto de interceder pelos outros trouxe alegria ilimitada à minha vida, assim como maravilhosas
bênçãos à vida dessas pessoas.”

Apesar de ter telefonado durante o dia, pois as taxas eram mais altas, ela não se preocupou em falar
comigo durante mais de duas horas. Fez-me várias perguntas sobre as minhas crenças religiosas e a
minha conversão ao Adventismo pareceu fasciná-la.

A saúde do seu marido continuou a melhorar. Da última vez que falou comigo, tinha uma história
interessante para me contar. Apesar de o seu marido não ser uma pessoa que dedicava o seu tempo a
ir à Igreja, ele não punha objecções a que ela e os filhos praticassem a sua fé. Um dia, estava ela a
escrever a uma amiga, quando, de repente, se lembrou que tinha hora marcada com o seu esteticista.
Deixou tudo de lado e correu para lá.

Algum tempo depois, o marido chegou a casa. Vendo a carta inacabada em cima da secretária e,
sendo curioso por natureza, começou a lê-la. Na carta, a senhora dizia que tinha estado a orar por
ele e como a sua saúde tinha melhorado imenso. Ele não mencionou o que descobrira, até ao dia em
que ofereceu um Cadillac à sua espantada esposa. Quando ela perguntou o porquê daquela tão
maravilhosa oferta, ele inquiriu : ”Onde é que aprendeste a fazer orações tão cheias de poder
orações que produzem resultados tão surpreendentes?

”Tenho feito descobertas maravilhosas,” respondeu ela. Então contou-lhe toda a história.

Motivado para Escrever


É sempre interessante ver os carimbos do correio apostos nas cartas que recebo. Na realidade, a
Hilda diz-me sempre de onde vêm as cartas, antes de as passar para as minhas mãos. Mas nada
excede a alegria de ler as mensagens que elas contêm.

Estou a escrever estas linhas dois dias antes do Dia de Acção de Graças. Vamos celebrá-lo com a
nossa filha e genro, Linda e Mike Hatley, aqui na
128 ~~~~~
Califórnia. Ao nos aproximarmos da mesa, vamos agradecer ao Senhor por muitas coisas. Uma
delas será o grande volume de cartas que me têm dado a oportunidade de conhecer a maneira como
o Espírito de Deus tem abençoado a vida de outras pessoas. Eis um exemplo. ”Prezado irmão
Morneau:

”É apreciando as bênçãos recebidas que me decidi a escrever-lhe, a fim de lhe agradecer o facto de
ter escrito o seu livro...

”Eu decidi unir-me à Igreja remanescente há 23 anos e posso dizer sem exagero que têm sido anos
maravilhosos. Mas agora que li o seu livro sobre a oração, posso ver que o futuro contém uma
alegria maior no Senhor, à medida que testemunho que muitas das minhas orações pelos outros têm
sido atendidas de forma admirável. ”Fiz uma maravilhosa descoberta ao ler o seu livro. Agora posso
ver como o Espírito Santo é capaz de tornar reais as nossas orações.”

Salientando o facto de ter compreendido que o Espírito Santo é ”o poder divino necessário ao
crescimento e prosperidade da Igreja” (Actos dos Apóstolos, p. 50), ele agradeceu-me por permitir
que Deus me usasse para revitalizar a sua experiência cristã. Depois contou-me o que tem
acontecido na vida das pessoas que perderam o interesse pela Igreja e por quem ele tem orado.
”Quando vi que um casal, que deixara de ir à Igreja há 12 anos, entrava agora no Templo, fiquei
bastante contente com o resultado das minhas orações.”

Uma Força Estabilizadora


É especialmente interessante receber notícias de pessoas que têm sempre a sua vida muito ocupada
porque compreendo o grande esforço que fazem para escrever. Já uma vez me encontrei numa
situação semelhante, procurando sempre uns minutos para fazer algo pessoal.

Tinha planeado escrever-lhe há muito tempo, começava assim uma dessas cartas, ”mas não
consegui fazê-lo senão agora. O meu ocupadíssimo horário impõe-se-me de tal modo que me
impede de fazer um grande número de coisas, | como escrever-lhe.

| ”Trabalho no campo médico e a minha ocupação exige muito de mim. O seu livro entrou
na minha vida num momento em que precisava de ajuda especial por parte do Senhor. Acredito
que foi a resposta às minhas orações. Já sou Adventista há alguns anos e considero-me bem
informado no que diz respeito a qualquer assunto espiritual. Mas, à medida que lia o seu livro,
descobri um número de coisas que marcam a diferença no meu percurso cristão.

”A minha vida de oração tornou-se numa força estabilizadora e feliz e produz resultados preciosos
na vida daqueles por quem eu oro.

As cartas que me chegam em envelopes comerciais geralmente indicam um problema ou mensagem


maior. Por isso as leio primeiro. Eis um exemplo.

”Gostaria de lhe contar muitas coisas maravilhosas mas não sei por onde começar. A nossa família
é tão feliz agora por causa das bênçãos que Deus nos deu.

”Recentemente, os nossos corações rejubilaram de alegria porque o nosso pai se baptizou na Igreja
remanescente de Deus. Durante mais de 40 anos, a mãe e nós, os filhos, orámos para que o nosso
pai se voltasse para o Senhor. Mas o tabaco tinha mais poder sobre ele e as coisas espirituais não o
atraíam. Além
disso, as suas actividades profissionais ocupavam todo o seu tempo e ele não conseguia separar
algumas horas para Deus.

”Um dia em 1991, a mãe comprou um exemplar do seu livro na livraria adventista e, à medida que
o lia, os mais variados pensamentos vinham-lhe à mente sobre o modo como poderíamos orar pelo
pai utilizando os métodos mencionados por si.

”Eu e a minha irmã lemos também o livro e fizemos algumas descobertas maravilhosas. Não sei se
’descoberta’ é a palavra certa, porque nós naturalmente já conhecíamos muito sobre a oração mas
não da maneira positiva como a explicou.

”Ler as experiências sobre a oração e sobre o modo como apresentou as necessidades das pessoas
perante o Senhor ajudou-nos imenso. Começámos a fazer orações com mais significado e, pedindo
que o Espírito Santo nos ajudasse, fizemos orações mais cheias de poder, tornando-nos mais cientes
de que os méritos do precioso sangue de Cristo, derramado no Calvário, era realmente a chave que
abre a porta da salvação.

”Sr. Morneau, agradecemos-lhe muito por nos ter ajudado a ver como o Espírito Santo é capaz de
atingir e salvar as almas ’não susceptíveis de salvação.’

”Começámos a orar diariamente para que o Espírito Santo rodeasse o nosso pai com uma preciosa
atmosfera de luz e paz e, desse modo, bloqueasse as sugestões angustiantes e desorientadoras dos
espíritos demoníacos, os quais faziam com que ele carregasse fardos tão pesados.

”Passou algum tempo; então, começámos a ver uma mudança encorajadora nele. O pai começou a
sorrir mais vezes. Algum tempo depois, tornou-se mais comunicativo - chegando mesmo a contar à
mãe o que ia acontecendo no seu emprego, algo que ele nunca fizera antes.

”Um dia, ele disse à mãe: Maria (não é o seu verdadeiro nome), creio que, à medida que vais
envelhecendo, vais fazendo melhores orações.’

”A mãe quase vacilou, de tão abalada que ficou. O pai continuou a dizer que, há algum tempo, ele
tinha tido problemas para receber a qualidade certa da mercadoria que tinha encomendado, devido a
um mal-entendido na fábrica. Então, ele explicou como resolveu o problema.

Creio que fazes orações melhores por isto, disse ele, Eu ia telefonar ao Director Geral para lhe
dizer o que pensava. Mas deu-se algo estranho. Em vez de me encolerizar, como acontece quando
fico furioso, eu permaneci calmo. Parecia que eu não conseguia enfurecer-me. Fiquei mesmo
surpreso comigo próprio.

” Depois pensei em ti e no modo como resolves as coisas pela oração. O pensamento de que estavas
indubitavelmente a orar por mim, para que eu ultrapassasse este meu terrível hábito, surgiu na
minha mente. Foi uma impressão poderosa. Estranho, não é? É difícil para mim dizer-te isto, mas
sei que o devia fazer.

” Como resultado, pedi ao Senhor se, por favor, Ele poderia resolver o problema, mesmo sabendo
que eu nunca Lhe tinha dedicado muito tempo. Disse-Lhe ainda que tu O conhecias bem e talvez
Ele pudesse ter isso em consideração ao ajudar-me. E uma hora depois, recebi um telefonema,
assegurando-me de que a entrega estava pronta.’

130
À medida que ia lendo a carta desta senhora, o meu coração alegrou-se por ver quão
maravilhosamente o Espírito de Deus trabalhou para conduzir este homem a Cristo.

”A mãe, a minha irmã e eu continuámos a orar,” explicou ela na sua carta, ”mas não nos atrevemos
a falar de religião com ele, especialmente depois do modo como ele reagiu quando a minha mãe se
baptizou na Igreja Adventista 40 anos antes. E uma das razões por que não o fizemos, foi porque
sabíamos que o Espírito Santo estava ministrando nele. O nosso pai estava em boas mãos. Que
melhor ajuda poderia ele ter? diria a minha mãe. Além disso, se ele quisesse saber alguma coisa de
religião, a mãe tinha toda uma estante cheia de bons livros.

”Um dia, ele anunciou que deixara de fumar. Felicitámo-lo pela sua decisão em ultrapassar essa
força destrutiva e poderosa na sua vida e ficámos realmente excitadas quando ele se apercebeu de
que as nossas orações eram atendidas de um modo tão maravilhoso.

”Uma noite, quando se preparava para se deitar, ele apontou para o livro Respostas Incríveis à
Oração (1a parte) que a minha mãe tinha na mesa de cabeceira e disse: ”Gostaste de ler esse livro
sobre a oração? São essas respostas às orações realmente tão incríveis como se pode ler na capa?
Posso dar-lhe uma vista de olhos?

”A minha mãe ficou surpreendida com todas aquelas perguntas mas, ao mesmo tempo muito feliz
no Senhor, pelo novo interesse do meu pai pelas coisas espirituais. Ele leu dois capítulos do livro,
apagou a luz e adormeceu. Na noite seguinte, leu os mesmos dois capítulos e depois foi dormir. Na
terceira noite, leu o 2° capítulo, disse tratar-se de um trabalho fascinante e foi novamente dormir.
Nas duas noites seguintes, leu o mesmo capítulo, mas não fez comentários.

”A minha mãe estava ansiosa por saber a sua opinião sobre o que ele tinha lido, mas não se atrevia a
perguntar-lhe. Ela sempre dizia a si própria: ”Eu não devo tentar fazer o trabalho do Espírito Santo.
O pai disse-nos mais tarde que ficou especialmente fascinado com a discussão sobre a desconfiança
e descrença em Deus nas páginas 23 e 24 daquele capítulo.

”No Sábado seguinte, ele informou a minha mãe que não iria mais trabalhar aos Sábados. Em vez
disso, ficaria em casa. Feliz, a minha mãe pensou em convidá-lo a ir à igreja com ela, mas pensando
melhor, disse para si: ’É melhor não. A decisão tem que vir dele.’

”Quando voltou para casa, tinha à sua espera uma surpresa.

” Bom, Maria, disse o meu pai, Tenho algo importante a dizer-te. Enquanto estavas na Igreja, eu li o
resto do livro Respostas Incríveis à Oração. Falei também com o Senhor sobre tudo o que li e Ele
deixou-me a impressão de que estamos no momento de ”permanecer em tempo santo”, como o
autor comentou na página
24 do livro. No próximo Sábado vou à igreja contigo. Vamos ter que nos levantar um pouco mais
cedo, porque eu movimento-me muito devagar aos Sábados. Oh, podes dizer às nossas filhas que eu
tomei esta decisão? Acho que elas vão ficar felizes por saberem.’

”Sr. Morneau, espero não o ter cansado com esta minha carta tão longa. Eu só queria contar-lhe
tudo sobre a nossa experiência de oração em favor do nosso pai - com todos os pormenores - porque
é um exemplo maravilhoso de como

131
o Espírito Santo de Deus pode transformar vidas, mesmo daqueles que parecem casos perdidos.
Pense nisso! Quarenta anos à espera que um milagre acontecesse na vida de uma pessoa é, com
certeza, muito tempo.

”Eu agradeço ao Senhor cada dia pelo seu livro e o senhor será sempre recordado nas minhas
orações. A minha mãe agradece-lhe, a minha irmã agradece-lhe e eu também lhe agradeço de todo o
meu coração por ter escrito sobre as suas experiências de oração.

”Com amor cristão,...”


132

Capítulo 9

AMOR INCONDICIONAL
Desde que o meu livro sobre a oração intercessória foi publicado, tenho tido um número de
experiências que não só desafiaram as minhas limitações humanas mas, às vezes, até se me
tornaram embaraçosas.

Algumas pessoas ficaram com a ideia de que eu possuo um intelecto e uma compreensão superiores
que podem resolver qualquer problema, tanto religioso como secular. Elas pensam que eu tenho
algum tipo de sabedoria Salomónica. Outras vezes, consideraram-me o seu guia espiritual e
chegaram mesmo a dizer-mo. Deixem que o ilustre.

Uma senhora do Equador, de visita a familiares nos Estados Unidos, obteve a minha morada através
do editor e escreveu-me a perguntar o meu número de telefone. ”É importante,” disse ela. Por isso
lho enviei.

Alguns dias depois, ela telefonou-me e depois de uns minutos de conversa, ela referiu-se-me como
”Pastor Morneau”. Da primeira vez, eu não disse nada mas quando ela o repetiu mais algumas
vezes, disse-lhe que eu não era um pastor ordenado, somente um leigo. A senhora agradeceu a
informação e continuou a falar.

Alguns minutos depois, ela disse: ”Pastor Morneau, o senhor podia fazer-me um favor?”

”Se estiver dentro das minhas capacidades e se parar de me chamar Pastor Morneau/ eu ficarei feliz
por fazê-lo.

Depois de uma pausa de três ou quatro segundos, ela disse: ”É-me muito difícil pensar que o senhor
não é um ministro de Deus. Recebi tanta ajuda, encorajamento no Senhor e uma felicidade e paz
sem reservas depois que li o livro, que não o vejo senão como pastor.” Então, com uma voz que
reflectia tanto submissão como esperança de ser aprovada, ela ajuntou: ”Será que o senhor
concordaria que eu continuasse a vê-lo como meu pastor? O meu guia espiritual? Isso far-me-ia tão
feliz!”
Eu dei-lhe a mesma resposta que dei à minha mulher quando ela quis comprar um gato: ”Acho que
está bem, se isso te faz feliz.” (Eu sou alérgico a gatos).
133
sempre que alguém expressa estima por mim, eu dirijo imediatamente a sua atenção para Cristo,
que abençoou a minha vida de maneiras tão diferentes. Toda a glória deve ser dada à Santa
Trindade, digo-lhes. Toda a honra deve ser dada ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Tudo o que eu
realizei através das minhas orações ou escritos foi conseguido por causa do Seu poder e amor
divinos. Para além de conselhos religiosos, muitos procuram conselhos seculares. Um dos tópicos
que nunca deixa de aparecer é o que devem fazer os pais de filhos adultos que deixaram a Deus e a
Igreja em relação à herança que eles normalmente receberiam. Não os deveriam incluir nos seus
testamentos? Deveriam dar-lhes uma lição, não lhes deixando nada?

Alguns dos pais que entram em contacto comigo, já decidiram retirar o nome dos filhos dos seus
testamentos mas querem saber o que eu penso sobre o assunto. Em relação a cada caso, eu tento
usar todo o tacto possível. Oro para que saiba dizer as palavras certas sem os ofender.

Mais recentemente tive uma experiência que irá talvez resolver este grande problema para muita
gente. Uma viúva rica, com mais de 70 anos, contactou-me e disse-me que tencionava deserdar os
seus dois filhos de meia idade, pois eles não tinham qualquer utilidade para Deus. Como já tinha
feito antes, sugeri que ela orasse sobre o assunto. Certamente, disse eu, o Senhor a guiaria para que
ela tomasse a decisão correcta.

”À medida que li o seu livro,” retorquiu ela, ”notei que quando o senhor tem um problema, pergunta
imediatamente ao Senhor o que deve fazer. Quase instantaneamente lhe vem à mente um versículo
das Escrituras ou uma passagem da irmã Ellen White - um versículo ou uma passagem que contém
a resposta certa. Apreciaria imenso se fizesse o mesmo tipo de oração pelo meu problema.” Nessa
noite, quando falava, em oração, com o meu Pai Celestial, agradecendo-lhe pelas maravilhosas
maneiras através das quais o Espírito Santo me guiara no passado, apresentei o pedido daquela
senhora. Pedi-lhe que me iluminasse de uma forma especial, que me desse uma visão especial que
guiaria os pais cristãos que enfrentam a questão de deserdar os seus filhos.

É meu costume, quando oro, fazer uma pausa e meditar sobre o assunto que estou a apresentar.
Posso pedir ao Senhor que me diga qual a coisa mais correcta para dizer ou fazer. E muitas vezes,
surge na minha mente um versículo da Bíblia, que vem remover toda a dúvida e vem abrir um claro
caminho perante mim.

Nessa noite em especial, as palavras ”amor incondicional” surgiram na minha mente. Ao repeti-las
várias vezes, tentando descobrir como elas se relacionariam com o problema em questão, fluiu ao
meu pensamento um versículo do capítulo 15 de Lucas: ”E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o
céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho” (versículo 21).

Anos antes, eu memorizara a parábola do filho pródigo, a fim de não me esquecer da bondade de
Deus para com os seres humanos caídos. Para além disso, recordei vividamente que um casal amigo
tinha passado pelo mesmo tipo de experiência.

O casal contou-me como o seu filho, tendo acabado o liceu, os entristeceu um dia, ao decidir deixar
o lar e nunca mais voltar. Embora estes pais não tivessem dinheiro para dar ao seu filho, os outros
paralelos estavam lá: as notícias inesperadas da sua partida, o ciúme por acreditar que os pais
tratavam melhor a sua irmã, etc.
134

Antes de partir, ele deu livre curso à sua amargura. A mãe ficou de coração partido e não havia
meio de sarar. Ela chorou todos os dias durante, pelo menos, dois meses, até que se deu conta do
facto de que vivemos num mundo cruel e ela não era a única mãe a sofrer uma rejeição tão trágica.

Enquanto o pai reflectia sobre toda a experiência com o coração dorido, ele fez o melhor que pôde
para confortar a sua esposa. Passaram-se alguns anos sem que tivessem notícias do seu filho; então,
um dia, os pais receberam um telefonema do xerife de Erie County, Nova Iorque, dizendo que o
rapaz estava na prisão. Ele envolvera-se com um bando que se dedicava ao roubo.

Apesar de a situação ser triste, eles regozijaram-se pelo facto de o filho, ao menos, estar vivo. Não
perdendo tempo, os pais foram vê-lo e arranjaram também um advogado para o tirar da cadeia.

Depois, alguns casais amigos comentaram que se tivesse sido o seu filho, eles teriam deixado o
jovem na cadeia, até que ele ”apodrecesse”. Mas os pais amavam o filho. Eles apoiaram-no naquela
prova longa e difícil dos tribunais e no final, pagaram todos os custos legais e outros.

Esse incidente apareceu subitamente na minha mente. Imediatamente o vi como uma ilustração de
um amor incondicional em acção. O tipo de amor que vem directamente do coração de Deus.

Acendendo a luz, peguei na minha Bíblia e li a parábola novamente. Tentei compreender o amor
incondicional de Deus e como Ele procura ajudar-nos a formar um carácter como o Seu. Jesus
disse: ”Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:48). O pai
da parábola é o reflexo do nosso Pai celestial.

Desejando a volta do filho, ele provavelmente lançou o olhar para a estrada várias vezes por dia,
esperando ver a sua silhueta no horizonte. Quando o filho realmente voltou, a Bíblia diz que
”quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-
lhe ao pescoço e o beijou” (Lucas 15:20).

Sinto-me inclinado a acreditar que o filho estava, não só andrajoso, mas também cheirava como os
porcos que ele tinha apascentado. Em Parábolas de Jesus lemos: ”O pai não permitirá olhares de
desprezo e escárnio para com a miséria e os farrapos do seu filho. Ele tira dos seus próprios ombros
a longa e rica capa e envolve nela o corpo definhado do filho” (páginas 203,204).

Aqui vemos um exemplo de amor incondicional. E se o pai fosse ao encontro do seu filho, mas
agora do ponto de vista humano?

Imagine que o pai vai ao encontro do seu filho, não para lhe dar as boas vindas, mas para acertar
contas. Quando o jovem chega perto do pai, este ordena-lhe que pare e não se aproxime mais.
”Filho,” diz ele, ”cheiras mal e estás todo esfarrapado. Que fizeste tu com todo aquele dinheiro que
te dei? Além do mais, porque é que voltas para casa? Quem te deu a impressão de que serias bem-
vindo aqui?
O rapaz tenta explicar, mas de cada vez que tenta dizer algo, o seu pai corta-lhe a palavra. Então, o
pai diz-lhe o que pensa.

”Eu disse-te que não voltasses para casa, a menos que tencionasses ser uma pessoa exemplar. E eu
tenho a impressão de que tu não aprendeste nada que pudesse transformar-te numa nova pessoa.”
135
O jovem levanta a sua mão várias vezes, tentando mostrar que quer dizer algo, mas o seu pai não
lhe dá oportunidade para tal. ”O que é que tens a dizer de tão importante, para estares sempre a
querer interromper-me?” diz finalmente o pai.

”Pai, já não como há três dias. Será que não podemos ir para casa e, enquanto eu como, tu poderás
ditar as novas regras segundo as quais eu terei agora que viver?

”Tu já não comes há três dias? Bom, que isso te sirva de lição. Tu não mereces comer mais nada,
depois de teres gasto todo o dinheiro que te dei.”

Pensei muito bem nesta parábola. Quando a viúva rica me telefonou outra vez, contei-lhe que tinha
orado sobre se ela deveria ou não deserdar os seus filhos adultos. Mas antes de lhe dizer o que eu
pensava sobre o assunto, pus-lhe uma questão: ”Quão interessada está a senhora em vê-los na Nova
Terra?

”Porque me faz essa pergunta?” replicou ela. ”Eu faria qualquer coisa para ver o João e a Maria no
reino de Deus.”

Então eu disse-lhe que se ela não era capaz de os conduzir de volta a Cristo enquanto estava viva,
poderia - com a ajuda do Espírito Santo - causar um poderoso impacto nas vidas dos seus filhos
depois da sua morte, manifestando o seu amor incondicional, de uma forma especial.

”Podia escrever e selar uma carta,” sugeri-lhe, ”com a indicação de que não fosse aberta antes da
sua morte. Ela acompanharia o seu testamento e poderia ser deixada com o seu advogado. A
mensagem deveria ser de tal modo que lhes mostrasse o seu infalível amor por eles.

”Talvez pudesse começar por descrever a alegria e felicidade que eles trouxeram ao seu lar quando
nasceram. Como a senhora e o seu marido se sentiram enriquecidos com as coisas que eles faziam.
O modo como eles sorriam quando falava para eles, a alegria que eles sentiam quando recebiam um
brinquedo novo, a curiosidade que tinham quando começaram a andar, etc.

”Quanto mais alegre for a descrição dos eventos que ocorreram nas suas vidas e que a fizeram feliz,
melhor eles irão compreender o quão devotada a senhora estava à felicidade e bem-estar deles, tanto
nesta vida como na eterna. Com o Espírito Santo a tocá-los no momento da sua partida, eles
poderiam reavaliar o modo como vivem. Talvez reconhecendo a incerteza que é esta vida, eles
adoptem novos valores e comecem a viver para aquelas coisas que conduzem à vida eterna. Então,
eles poderão buscar o privilégio de estar consigo na Nova Terra.”

A senhora começou a chorar e teve que fazer uma pausa, a fim de poder recobrar a compostura.
Finalmente disse: ”Senhor Morneau, sinto-me feliz por ter falado consigo. Um amigo aconselhou-
me a deserdar os meus filhos, pois esse era o único meio de lhes dar uma lição que eles nunca
esqueceriam.

”Mas agora compreendo que isso ter-lhes-ia endurecido o coração. Dessa forma, eles nunca
seguiriam o exemplo que lhes dei ao servir a Deus. O facto de ter viajado pelo mundo, fez de mim
uma nova pessoa-isso seria a última coisa que eles pretenderiam fazer.”

Desde aí, tive ocasião de ajudar duas outras pessoas com o mesmo problema. Em ambos os casos,
coloquei perante elas o amor incondicional de Deus em contraste com o amor humano vulgar e
perguntei-lhes como demonstrariam esse amor nos seus casos particulares.
136 ~

Capítulo

10
são OS SEUS PENSAMENTOS
MESMO SEUS?
Vivemos num mundo em movimento acelerado e que enfrenta uma pressão permanente de todos os
lados. Poderosas influências clamam pela nossa atenção e muitas vezes temos que tomar
importantes decisões rapidamente.

Comida rápida, comércio bancário computorizado, telefones celulares que nos permitem falar
enquanto conduzimos por auto-estradas barulhentas, aviões que nos transportam através de um
continente em algumas horas - tudo parece estar a impelir-nos para uma vida a alta velocidade. Mas
uma vida assim leva muitos de nós a um ponto de ruptura. Um número crescente de cartas que eu
recebo falam da necessidade crescente do poder divino, a fim de enfrentarmos o mundo rápido de
hoje. As pessoas pedem mais força e resistência. Considerem estes excertos.

Desesperado
”Não quero ser um fardo para si mas estou desesperado para obter ajuda divina, a fim de não perder
a sanidade. Embora seja um estranho, escrevo-lhe, esperando que compreenda a minha grande
necessidade e interceda perante Deus em meu favor...”

Enfraquecimento
”Agradecia as suas orações por mim porque sinto a minha mente enfraquecida. Tenho uma
depressão. ...A minha fé está fraca e a minha mente é muito negativa.

”Está correcto quando diz no seu livro que os pensamentos negativos são desastrosos. Aprendi isso
por experiência e, apesar disso, não consigo ajudar-me. Não consigo manter a minha mente no lado
bom das coisas. Embora tenha tido aconselhamento e me tenham prescrito medicação e outro tipo
de ajuda, eles não resolveram os meus problemas.
137
”Temo que se esta situação se prolongar por mais algum tempo, eu tenha que ser colocada num
asilo para doentes mentais. ...Será que poderia orar por mim e se Jesus o guiar de algum modo,
poderia escrever-me?

Aflito
”Estou a escrever-lhe na esperança de que talvez esteja disposto a orar por mim. Eu fui afligido por
uma depressão que me incapacitou por algum tempo, chegando mesmo a dificultar-me o raciocínio
e a baralhar-me a razão. Embora esteja sob cuidados médicos, estes não conseguiram ajudar-me.

”Eu disse ao meu último médico que, por vezes, parecia que um poder se apoderava de mim e do
qual não me conseguia libertar. Ele sugeriu que eu falasse com o meu pastor sobre esses problemas,
pois eu poderia estar a ser oprimido por poderes das trevas. Pensa que tal coisa poderia estar a
acontecer comigo? Eu sou uma criatura de Deus e membro da Igreja Adventista desde sempre.

Grande Dor
”...Já não consigo enfrentar mais tudo isto. Sinto uma grande dor, angústia mental e depressão.
...Peço a Deus que me deixe morrer.”

Nenhuma Saída
”Os meus filhos adultos deixaram a Igreja porque não conseguem encontrar a ajuda que precisam
para enfrentar a vida nos tempos que correm. As suas mentes estão em perigo, a ponto de os seus
casamentos estarem quase a fracassar e nós, os avós, temos que enfrentar a possibilidade de trazer
os nossos netos para casa, a fim de evitar que eles tenham uma vida de miséria. ...Há algo de
estranho em tudo isto. Irmão Morneau, precisamos desesperadamente das suas orações.”

As cartas das quais tirei estes extractos não são as piores que recebi. Algumas contam como o autor
planeia suicidar-se. Outras descrevem sofrimento e dor inacreditáveis. As pessoas revelam-me
coisas que não contariam aos seus pastores. Descrevem um mundo no qual as forças ocultas
trabalham com o propósito de espalhar a miséria e a destruição entre os seres humanos. O que é
deplorável é que poucos têm qualquer ideia do poder ou actividade de tais forças e do modo como
elas oprimem a mente humana não guardada.

Durante o tempo em que fui um adorador espírita, um pastor uma vez comentou que os espíritos
podem desgastar as nossas forças, estimulando em excesso a nossa imaginação. Ele disse que os
espíritos podem introduzir imagens na nossa mente, de uma forma tão subtil, que levam as pessoas
a acreditar que os pensamentos são mesmo seus. Eles adoram confundir a mente humana,
vangloriou-se o pastor. ”Ao acreditarem que aqueles são os seus próprios pensamentos,” disse ele,
”as pessoas ficam aterradas com o que descobrem nas suas mentes. Elas pensam que aquilo é o que
elas realmente gostam. Os espíritos utilizam essa reacção súbita para deprimir as pessoas, a ponto
de se começarem a odiar. Se tais pensamentos conseguem penetrar nas suas mentes, raciocinam os
seres humanos, então eles devem ser pessoas horríveis.

138 ~

?
”Por outro lado, os espíritos levam alguns a pensar que possuem um intelecto superior, por causa
daquilo que sugerem às suas mentes. Tais indivíduos começam a criticar outros menos dotados e
sentem que é seu dever dizer-lhes como devem viver. As suas palavras envenenam e alienam.”

Ouvimos falar muito, hoje em dia, de pessoas que experimentam ”mudanças de humor.” Podem,
num momento, estar a falar e a rir e depois, sem qualquer razão, ficam irritáveis ou intentam mesmo
começar uma briga. Por vezes, a causa são problemas físicos ou psicológicos mas, outras vezes,
podem estar a ceder a sugestões satânicas. De formas que nós ainda não compreendemos, Satanás e
os seus espíritos podem influenciar o estado mental de uma pessoa, de um modo desastroso. É
muito mais fácil orar por alguém apanhado nessas mudanças de temperamento, quando
compreendemos que buscamos, para essas pessoas, protecção divina contra influências malignas.
As nossas orações, em tais casos, tornam-se parte do ”ministério da reconciliação” de que o
apóstolo Paulo falou.

O primeiro volume de Testemunhos para a Igreja contém um pequeno capítulo intitulado ”Simpatia
em casa.” Ellen White escreve sobre um casal, mencionado como Irmão e Irmã C, que
experimentaram muitas dificuldades. Ela teve uma visão na qual descobriu que muitos dos seus
problemas tinham origem na influência satânica sobre os pensamentos humanos.

”O senhor tem uma imaginação doentia e merece piedade,” disse ela ao Irmão C. ”Contudo
ninguém pode ajudá-lo melhor do que você mesmo. Se quiser fé, fale de fé; fale de esperança. ...Se
tolerar que Satanás lhe controle os pensamentos, como tem feito, irá tornar-se em alguém especial
que ele vai utilizar e arruinará a sua alma e a felicidade da sua família” (p. 699).

Dirigindo-se à esposa, a Sra. White diz: ”O irmão C merece piedade. Ele sentiu-se infeliz por tanto
tempo, que a sua vida se tornou um fardo para ele.... A sua imaginação está doente e ele manteve o
seu olhar, por tanto tempo, no lado obscuro das coisas que, se tiver algum desapontamento ou
adversidade, logo imaginará que tudo está arruinado. ...Quanto mais ele pensar nisto, mais
miserável tornará a sua vida e a vida daqueles que o rodeiam. O irmão C não tem qualquer razão
para se sentir como se sente; é tudo trabalho de Satanás” (p. 703).

Quando digo que podemos cair sob a influência de sugestões satânicas, isso não significa que
estamos possuídos por Satanás, como é muitas vezes proclamado por aqueles que estão envolvidos
com ministros auxiliadores (ver capítulo 11). Quando Jesus disse aos Seus discípulos que ia morrer
e ressuscitaria de novo, Pedro censurouO (Mateus 16:21,22). Cristo respondeu à censura de Pedro,
declarando-lhe: ”Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes
as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens” (versículo 23).

Embora Jesus tenha atribuído as acções de Pedro a Satanás, Ele não quis dizer que Pedro estava
possuído pelo demónio, mas que o homem tinha-se permitido cair sob a influência satânica. Há uma
diferença muito grande.

Quando respondo àqueles que me escrevem o tipo de cartas, das quais vos dei um excerto no início
do capítulo, faço um esforço especial para os encorajar, dirigindo a sua atenção para o facto de que
”as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus, para destruição das
fortalezas; destruindo os conselhos e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus e
levando cativo todo o entendimento à obediência de Cristo” (E Coríntios 10:4,5).

139
Eu sublinho especialmente a importância de se orar para que o Espírito Santo combata as suas lutas
espirituais por eles. ”Súplicas fervorosas, e perseverantes, a Deus, com fé ...são o único meio eficaz
de trazer ao homem a ajuda do Espírito Santo na luta contra principados e potestades, os príncipes
das trevas deste século e as hostes da maldade, nos lugares celestiais” (O Desejado de Todas as
Nações, p. 466).

Muitos dos que oram com uma total compreensão daquilo que enfrentaram, gozam agora de vitórias
gloriosas sobre o que antes foram problemas avassaladores.

Devemos considerar seriamente os ataques de Satanás contra os crentes. Ellen White escreve que
”existe pouca inimizade contra Satanás e o seu trabalho porque existe muita ignorância
relativamente ao seu poder e malícia e à grande extensão da guerra contra Cristo e a Sua Igreja.
Multidões são iludidas. Ignoram que o seu inimigo é um general poderoso, que controla a mente dos
anjos maus e com planos bem amadurecidos e movimentos hábeis, guerreia contra Cristo, a fim de
evitar que as almas se salvem.

”Entre cristãos professos, e até entre ministros do evangelho, pouca referência há a Satanás.
...Enquanto homens ignoram os seus planos, este adversário vigilante está no seu caminho a cada
momento. Ele introduz-se em cada família, em cada rua das nossas cidades, nas igrejas, nos
Conselhos Nacionais, nos Tribunais, desorientando, enganando, seduzindo, arruinando, em
qualquer lugar, as almas e os corpos de homens, mulheres e crianças, separando famílias,
espalhando ódio, emulação, conflito, sedição, crime. E o mundo cristão parece olhar estas coisas,
como se Deus as tivesse designado e elas devam existir” (O Grande Conflito, p. 407).

À medida que a serva de Deus apresenta a imensidão das actividades de Satanás contra a família
humana, ela também nos dá palavras de encorajamento na nossa luta contra ele. ”O poder e a
malícia de Satanás e das suas hostes podiam justamente alarmar-nos, se não fosse podermos
encontrar abrigo e ajuda no poder superior do Redentor. Protegemos cuidadosamente os nossos
lares com ferrolhos e cadeados, a fim de defendermos as nossas propriedades e as nossas vidas de
homens maus, mas pensamos poucas vezes nos anjos maus, que buscam constantemente ter acesso
à nossa vida e contra cujos ataques não temos, nas nossas próprias forças, um método de defesa.

”Se lhes permitirmos, eles podem confundir as nossas mentes, desordenar e atormentar os nossos
corpos, destruir as nossas propriedades e vidas. Eles só têm prazer na miséria e na destruição. Mas
aqueles que seguem a Cristo, estão sempre seguros sob o Seu cuidado. Anjos magníficos em poder
são enviados do Céu para os proteger. O maligno não pode romper a guarda que Deus pôs em
redor do seu povo” (Idem, pp. 415-416. Itálico acrescentado).

Deus concedeu-nos mentes belas e abençoou-nos com a capacidade de criar.mos imagens, nas
nossas mentes, de coisas não expostas aos sentidos. Deus deu-nos a capacidade de criarmos novas
ideias ou de coligarmos velhas ideias de novas maneiras. Esse elemento enobrecedor é a nossa
imaginação. Possamos nós sempre vigiar e orar por ela com toda a diligência, de modo a que os
inimigos do nosso Senhor não lhe façam mal. Somente através da ajuda divina podem, esses
homens e mulheres de vidas trágicas que me escreveram, vencer o terrível desencorajamento e
miséria que Satanás e este mundo cheio de pecado amontoam sobre eles.
140

Capítulo 11
MINISTÉRIOS DE LIBERTAÇÃO
Uma das questões que mais frequentemente as pessoas me apresentam é a que se refere à minha
opinião sobre os chamados ministérios de libertação. Muitos dos que me escrevem têm familiares
que se envolveram com tais organizações. Indivíduos que pertencem aos ministérios de libertação
convenceram esses amados que eles estavam possuídos pelo diabo, e se o estavam realmente antes,
agora os familiares sentem-se continuamente importunados por espíritos demoníacos. Porque vejo
tanta dor e desgraça, sinto que devo responder a essas cartas.

Para começar, vou contar-vos a experiência de uma senhora cristã, chamada Doherty, cuja filha,
Clara, pediu para ser exorcizada depois de ter ouvido um sermão feito por alguém activo em
ministérios de libertação. A filha convenceu-se, depois de ouvir o sermão, que também estava
possessa.

Como a sra. Doherty me contou pelo telefone, o sermão arruinou completamente a fé de Clara em
Cristo e a sua vida, desde aí, tem sido uma miséria. Ela ouve vozes quase continuamente que a
acordam algumas vezes durante a noite, recusando-se a deixá-la dormir antes que a madrugada
surja. Um exorcista chegou mesmo a dizer à jovem que ela deveria habituar-se a ouvir as vozes dos
demónios porque eles estariam com ela para sempre.

A sra. Doherty conseguiu um exemplar do livro Respostas Incríveis à Oração (1a parte) e leu-o no
seu quarto, uma noite, sem que a sua filha soubesse. Depois ela orou para que Deus a ajudasse a ser
capaz de me escrever sobre os problemas da Clara. Pouco tempo depois, a filha saiu ruidosamente
do seu quarto, muito aflita e disse: ”Mãe, quem é Roger Morneau?

A sra. Doherty perguntou-lhe porque é que ela queria saber. A jovem replicou que uma voz a
avisara para não deixar a sua mãe telefonar a Roger Morneau. ”Nós odiamo-lo com todas as nossas
forças,” disseram elas, ”e além disso, ele não pode ajudar-te em nada. Se a tua mãe lhe telefonar,
não te deixaremos dormir durante vários dias.”

141
sra. Doherty, quando a filha ordena, em nome de Jesus, que os espíritos a deixem, eles riem-se e
dizem que nada conseguirá fazer com que eles se vão embora. O problema atingiu um ponto tal, que
a jovem pensou em se suicidar, na tentativa de parar a opressão demoníaca.

”Alguns indivíduos assumiram fazer o trabalho do Espírito Santo,” respondi eu à sra. Doherty, ”e o
resultado foi uma colheita de miséria. Como resultado, um grande número de cristãos tornou-se
vítima da crueldade satânica.

”A minha própria experiência e o facto de ter sido espírita ajudou-me a compreender os perigos em
que a sua filha se envolveu. A natureza do poder que impele estes chamados ministérios de
libertação foi desmascarada perante mim.

”Primeiro, deixe-me dirigir a sua atenção para o facto de que alguns daqueles que se encontrarão
entre os ímpios, junto aos muros da Nova Jerusalém, serão os que participaram activamente na
expulsão de demónios. Preste atenção às palavras de Jesus:

” ’Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizámos nós em teu nome? E em teu
nome não expulsámos demónios?.. .E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci: apartai-vos
de mim, vós que praticais a iniquidade’ (Mateus
7:22,23).

”Compreendo que Jesus quer aqui dizer que alguns dos que aparecem como expulsando demónios,
não estão realmente a fazer o trabalho de Cristo, mas o do Diabo. Muitos se perguntarão como será
possível. Mas quando os confrontamos com a luz da Palavra de Deus, assim como com a luz menor,
os escritos do Espírito de Profecia, iremos reconhecer que os auto-proclamados exorcistas não
passam de um poderoso engano.

”Deuteronómio 18:10-12 dá-nos uma lista de nove actividades que porão as pessoas em contacto
com o sobrenatural. Moisés declarou que o estar-se envolvido com estas actividades perturba Deus
de um modo especial, pois Ele sabe como elas são perigosas.

Versículo 10: Entre ti se não achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem
adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro.’

”Versículo 11: nem encantador de encantamentos, nem quem consulte um espírito adivinhante, nem
mágico, nem quem consulte os mortos,’

”Versículo 12: pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor e por estas abominações o
Senhor teu Deus as lança fora de diante dele.’

”Na minha Bíblia em francês lê-se ’quem consulta espíritos amigáveis.’ Durante a minha filiação
como adorador espírita, fiquei espantado por descobrir que eles classificam os espíritos em três
grupos distintos. Os ’espíritos amigáveis’ eram os especializados em enganar as pessoas. Espíritos
enganadores, eles comprazem-se em aparecer como supostos espíritos de mortos.

”Os outros dois grupos eram os ’guerreiros’ e os ’opressores’. Os ’guerreiros’, dizem eles,
concentram-se em causar discórdia na família, ódio entre as classes da sociedade e guerras entre as
nações. O último grupo, os ’opressores’, sentem grande prazer em infligir miséria e destruição nas
pessoas.
”Vamos ver agora por quanto tempo um ministro do evangelho, que mantivesse uma conversa com
um ’espírito amigável’, conseguiria ficar vivo entre o povo de Israel. Levítico 20:26,27 diz-nos: ’E
ser-me-eis santos, porque eu,
142 ~~~

o Senhor, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus. Qualquer homem ou mulher que
invocar o espírito dos mortos ou praticar feitiçarias certamente morrerá: com pedras se apedrejará; o
seu sangue é sobre ele.’

”Os ministros do evangelho que têm estado a conversar com espíritos demoníacos através de
pessoas possessas, deveriam sentir-se afortunados por não viverem nos tempos bíblicos. Se
tivessem vivido nesse tempo, as suas carreiras teriam sido curtas.

Satanás busca vencer os homens hoje, como venceu os nossos primeiros pais, abalando a sua
confiança no seu Criador’ (O Grande Conflito, p. 429). A maneira mais eficaz de Satanás minar a
confiança das pessoas em Deus é através dos seus guias espirituais.

”Por exemplo, quando um ministro do evangelho diz a alguém que ele ou ela está possesso por um
demónio de medo (ou outro qualquer ’tipo’ de demónio), disse-lhe, essencialmente, que essa pessoa
irá passar o resto da sua vida numa prisão espiritual.

”Instantaneamente, um dos demónios de Satanás traz à mente dessa pessoa o pensamento de que
Jesus fracassou completamente em relação a essa pessoa. Que Ele, em quem essa pessoa tinha posto
totalmente a sua confiança para a sua salvação, não tinha sido capaz de a proteger da possessão
demoníaca. Como aconteceu com a sua filha, tal pensamento abalou a confiança em Cristo. Agora,
o caminho está livre para que o espírito demoníaco entre e possua a mente, controlando
completamente as suas faculdades.

”Deixe-me assegurar-lhe, contudo, que nem tudo está perdido, relativamente à sua filha. Eis sete
passos de um programa de recuperação que já dei a várias pessoas vitimas dos chamados
ministérios de libertação.

”1. Deite fora ou destrua toda a literatura que elogie os ministérios de libertação. Os espíritos
demoníacos têm o direito de permanecer com todos os objectos que possuam a sua mancha de
profanação.

”2. Não fale com os espíritos demoníacos, mesmo que seja para lhes ordenar que partam em nome
de Jesus. Deixe que o Espírito Santo trabalhe. Mesmo Jesus disse que dependia do Espírito de Deus
para expulsar demónios (Mateus 12:28).

”3. Leia de manhã, logo cedo, o relato da crucificação de Cristo, descrita em Mateus 27:24-54. Leva
somente cerca de 4 minutos a ler e irá abençoar grandemente a sua vida.

”4. Peça perdão dos seus pecados a Deus, quer seja por pensamentos, palavras ou actos.

”5. Advogue os méritos do sangue que Cristo derramou no Calvário como a razão para que o
Espírito Santo possa combater as suas lutas espirituais. Súplicas fervorosas e perseverantes, a Deus,
com fé... são o único meio eficaz de trazer aos homens a ajuda do Espírito Santo, na luta contra
principados e potestades, os príncipes das trevas deste século, as hostes da maldade, nos lugares
celestiais’ (O Desejado de Todas as Nações, p. 466).
”6. Ore para que Deus restaure a fé que antes tinha no poder de Cristo para salvar, a fim de voltar a
ter uma confiança inabalável no nosso grande Redentor.

”7. Decore a Palavra de Deus, a fim de viver uma vida cristã bem sucedida e vitoriosa. Encha a sua
mente com passagens da Escritura, que lhe darão esperança, coragem e alegria no Senhor.

143
”Sei por experiência própria como os passos acima mencionados podem ajudar-nos a escapar da
perseguição dos espíritos demoníacos.”

Na minha carta para a sra. Doherty, dei-lhe pormenores adicionais sobre as suas necessidades
pessoais como intercessora em favor da sua filha e sobre o modo de elevar Cristo, em toda a sua
glória, perante a Clara, para que a jovem pudesse recuperar a sua fé n’Ele.

Além da ordem expressa de Deus para que não se converse com os espíritos, há ainda outra razão
para que evitemos o contacto com os ministérios de libertação. Repreender os espíritos, como o
fazem algumas pessoas, é tomar para si um atributo divino. Os que praticam os ministérios de
libertação estão a colocar-se no papel do próprio Deus. Só Deus tem o direito ou o poder de
repreender os demónios.

Deixem-me explicar-vos, partilhando convosco algumas passagens da Escritura. Se utilizarem uma


concordância e procurarem o significado dado à palavra ”repreender” no Velho Testamento,
notarão uma coisa interessante: Deus é quem repreende. Muitas vezes Ele repreende o mar, um
símbolo do Velho Testamento, representando o mal ou qualquer coisa que se opõe a Deus (alguns
exemplos incluem os Salmos 18:15; 104:5-7; 106:9; Êxodo 15:4-10; Isaías 50:2 e Nauml:3,4).

Deus continua a repreender o mar, mesmo no Novo Testamento, como podemos ver em Mateus
8:23-27. Depois que Jesus repreendeu o violento Mar da Galileia (versículo 26), eles exclamaram
entre si: ”Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?” (versículo 27). Porque
estavam bem familiarizados com a Escritura, eles sentiram que Jesus fizera algo que só o próprio
Senhor Deus poderia e tinha o direito de fazer.

Mas além de repreender o mar como símbolo do mal, na Bíblia Deus repreende algo mais: Satanás e
aquelas forças que o diabo utiliza contra Deus e o Seu povo (Zacarias 3:1, 2; Salmos 76:9; Isaías
17:13). Um estudo cuidadoso dessas passagens, nas quais a Bíblia mostra Deus repreendendo
alguma coisa, mostra que só Ele tem autoridade e poder para tratar com essas forças que tentam
bloquear a sua vontade, sobretudo ao nível do sobrenatural.

Marcos 9:14-29 conta-nos como Jesus curou o rapaz depois de repreender o demónio que o
molestava. Embora Jesus, sendo plenamente Deus como o Pai, pudesse ter usado a Sua autoridade
divina para expulsar um tal demónio, aqui, na Sua natureza humana, Ele liga esse acto à oração
intercessória (versículo 29). Na Sua humanidade perfeita, Ele pede ao Espírito Santo que expulse o
demónio.

Jesus também repreende demónios em Marcos 1:21-28 e em Marcos 8:33, Ele repreende
especialmente Satanás como sendo o instigador da censura de Pedro (versículo 32). Jesus expulsa
demónios em Mateus 8:28-34. Embora Ele não utilize o verbo ”repreender”, o incidente ocorre
imediatamente a seguir à Sua repreensão à tempestade no mar.

O que significa isto? Jesus tem o direito de repreender os demónios e as forças do mal. É o Seu
atributo divino. Os discípulos expulsaram demónios porque Jesus os comissionou a fazê-lo durante
algum tempo. Mas ao nos servirmos desse atributo, estamos a colocar-nos no lugar de Deus. Adão e
Eva buscaram ter os atributos de Deus e Ele teve que os expulsar do Jardim do Éden. Os ministérios
de libertação tentam também colocar-se no papel de Deus e isso só pode conduzir à destruição e
confusão. Quando alguém tenta tomar sobre si a responsabilidade
144

de Deus de expulsar demónios, está a cometer, de novo, o pecado de Adão e Eva. Naturalmente,
Satanás e os seus agentes regozijam-se quando tentamos exorcizar espíritos maus, porque estamos a
ser um joguete nas mãos do diabo.

O Senhor da glória que, na criação, falou e ”assim foi”, tem o poder para nos proteger de todos os
espíritos maus. Nunca precisamos de ter medo do seu poder ou ameaças, se nos lembrarmos que
Jesus nos deu a Sua palavra: ”Não te deixarei nem te desampararei” (Hebreus 13:5). Paulo declarou
triunfalmente: ”Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade,
nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso
Senhor” (Romanos 8:38,39).

Jesus reclama a capacidade de ”apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a sua glória. Ao
único Deus, Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora e para todo o sempre”
(Judas 24,25).

Por experiência pessoal, aprendi que o Cristo que derramou o Seu sangue por nós no Calvário
nunca nos desapontará.

Os que sobem ao púlpito e clamam que se alguém sente ansiedade, é porque esse alguém está
possesso, estão a insinuar que Cristo falhou em proteger e salvar essa pessoa. Afastem-se dessas
pessoas, antes que elas destruam totalmente a vossa fé em Deus e assim vos separem d’Ele, tanto
agora como na eternidade. Elas nunca vos poderão libertar de Satanás porque se tornaram, elas
próprias, agentes do mal.

Para ilustrar a ceifa de miséria produzida por aqueles que tomam sobre si a responsabilidade e
trabalho do Espírito Santo na expulsão de demónios, vou contar-vos a experiência de uma mulher,
com cerca de 30 anos, que viu a sua fé no poder de Cristo para salvar, totalmente destruída. Os
excertos seguintes são tirados de uma longa carta.

”O meu marido e eu,” disse ela, ”unimo-nos à Igreja Adventista no Outono de 1987 e a observância
do Sábado era uma experiência deleitosa. Pertencer ao povo de Deus que guardava os Seus
mandamentos era muito recompensador e posso dizer sinceramente que a nossa alegria no Senhor
era perfeita.

”Como tantas outras pessoas, eu estava ansiosa por causa de imensas coisas. Preocupava-me com as
crianças, se elas chegavam a casa mais tarde e vivia inquieta no que se referia à saúde da minha
mãe. Por vezes, temia que o meu marido tivesse tido um acidente, se ele não chegava a casa às
horas habituais.

”Sentia-me muito tensa, quando guiava o carro de outra pessoa. As trovoadas assustavam-me
imenso e muitas outras coisas traziam preocupação à minha vida.

”Então, um dia, quando ouvi um sermão feito por um ministro que se dedicava activamente ao
exorcismo, espantei-me ao ouvir quantos outros cristãos possessos tinham as mesmas ansiedades
que eu. Quanto mais ouvia, mais me convencia de que estava também possessa.

O pregador era bastante convincente. Como me parecia ser um homem de Deus, eu não questionei
nada do que ele disse. E angustiei-me grandemente, quando pensei que Jesus, em quem eu colocara
toda a minha confiança, não fora capaz de impedir que os espíritos demoníacos possuíssem o meu
corpo. Devastada, concordei em ser exorcizada, como um meio de me livrar dos espíritos
maus.

145
O serviço durou muitas horas e, à medida que os demónios apareciam, o ministro foi usando da sua
autoridade sobre cada um deles. Os espíritos contaram-lhe como tomaram o controlo da minha vida
- confessaram tudo.”

A senhora diz na sua carta que, durante algum tempo, ela se viu livre da sua ansiedade. Na
realidade, ela viu-se na situação de não se preocupar com nada, uma reacção estranha da sua parte.
Não demorou muito para que a sua vida se tornasse numa confusão e ela chegou a pensar em
terminar com tudo. A experiência trouxe grandes danos à sua mente.

”É-me difícil terminar algo que comecei,” comenta ela. ”Sinto que a minha memória me falha.
Coisas que antes eu recordava com facilidade, lembro-me delas agora com grande esforço. Isto
desencoraja-me, a ponto de não me preocupar com o que me vai acontecer. Sinto que deveria
internar-me num asilo para pessoas com perturbações mentais, na medida em que não consigo
suportar as pressões da vida.

”A minha mente está sob ataque constante de algumas forças ocultas. A preocupação, a opressão
sob as quais tenho estado - ninguém as pode compreender. Sinto que o Senhor se afastou de mim e
eu não tenho poder para fazer nada. Não tenho desejo de orar e quando tento, não chego a lado
nenhum.

”O meu marido deixou-me há dois anos e eu não o posso censurar por isso. Odeio-me por ter
estragado tudo. Todas as minhas esperanças e sonhos foram destruídos.”

A senhora alega que pastores Adventistas do Sétimo Dia não foram capazes de a ajudar. Não
sabendo o que fazer numa situação como esta, eles sentiam-se pouco à vontade junto dela e
evitavam-na. Ela terminou a sua extensa carta com um apelo: ”Sr. Morneau, eu preciso de ajuda!
Preciso de paz.” Como a irá ajudar o Senhor, eu ainda não sei. Mas sei, com certeza, que outros
podem escapar a tamanha dor e miséria, se evitarem os perigos dos ministérios de libertação.
146

Epílogo

A MINHA SEGUNDA VIDA


De e todas as notas críticas que recebi durante a minha vida, nenhuma trouxe um sentimento e
apreciação tão bons pelo meu Criador como a que foi feita pelo meu cardiologista, que tem cuidado
de mim ao longo de quase oito anos.

A Hilda e eu estávamos quase a deixar Nova Iorque para irmos para a Califórnia, e eu tinha
terminado o meu último exame com ele. Acabados todos os testes, eu dirigi-me ao seu consultório.
Aí, ele começou por comentar alguns dos pontos no meu historial médico que o tinham
surpreendido e também aos seus colegas, ao longo dos anos. Mencionou como todos os testes feitos
em 1985 indicavam que eu nem teria forças sequer para me levantar da cama.

”Foi muito excitante para mim vê-lo andar sem que se notasse haver algum problema com o seu
coração,” disse ele. ”O senhor é um homem surpreendente, Roger.”
A maneira como ele olhou para mim, fez-me responder: ”Faz-me sentir como se tivesse regressado
dos mortos.”

Depois de uma pausa, ele replicou: ”Quase regressou, Roger, quase regressou.” Reclinando-se na
sua cadeira, ele pensou durante uns momentos. ”Acho que lhe foi dada uma segunda vida. Valorize-
a, Roger e considere-se uma pessoa muito afortunada.”

enquanto voltava para casa, dei por mim a recordar o Salmo 105:1-5:

”Louvai ao Senhor, e invocai


o Seu nome; fazei conhecidas as Suas obras
entre os povos.

”Cantai-Lhe, cantai-Lhe salmos:

falai de todas as Suas maravilhas.

”Gloriai-vos no Seu santo nome: alegre-se o coração


daqueles que buscam ao Senhor.

”Buscai ao Senhor e a Sua força: buscai


a Sua face continuamente.

”Lembrai-vos das maravilhas que fez,


dos Seus prodígios

e dos juízos da Sua boca.”

147
Neste momento, eu desejaria exaltar o meu Senhor e Salvador, Jesus, contar-lhe como Ele me
manteve vivo nos poucos anos passados.

Em Dezembro de 1984, quando me encontrava deitado na unidade de cuidados intensivos do


Hospital Central de Greater Niagara, em Niagara Falls, Ontario, Deus honrou as minhas orações
pelos doentes que se encontravam à minha volta. Muitos deles ficaram melhores da noite para o dia.
Um homem, a quem o médico considerou morto, reviveu repentinamente, quando eu pedi por ele
diante do Grande Sumo Sacerdote, ao ministrar Ele no lugar Santíssimo do santuário celestial.
Segundo a sua esposa, que manteve contacto com a Hilda, aquele senhor viveu mais cinco anos, em
perfeita saúde.

À medida que via o Espírito Santo a trabalhar e sentia a glória da divina majestade de Cristo
naquele lugar, compreendi que o meu Senhor e Salvador podia quebrar o poder da morte. Falando
com o meu Redentor, pedi-lhe que, se isso fosse agradável à Sua vista, eu gostaria de continuar
vivo, para poder continuar a orar pelos outros durante o resto da minha vida.

Deus honrou o meu pedido e uma semana depois do dia e hora em que tinha sido admitido, eu saí
do hospital pelos meus próprios meios. Alguns dias depois de ter regressado a casa, em Endicott,
Nova Iorque, o meu cardiologista fez com que eu fosse admitido num dos nossos hospitais locais,
para uma grande série de testes. Ele queria saber qual a situação real do meu coração e qual o
tratamento de que eu necessitava.

Os testes indicaram que eu tinha cardiomiopatia. Um vírus tinha causado danos irreparáveis no meu
coração. Uma grande parte da parede do ventrículo esquerdo estava sem vida. O médico disse à
Hilda que a ciência médica nada podia fazer por mim. A área inerte do músculo do coração
desintegrar-se-ia e, quando o coração já não pudesse bombear o sangue, eu morreria. Mas o médico
iria ter uma grande surpresa.

Cada dia eu pedia ao nosso Pai celestial que abençoasse o meu coração danificado com o poder do
”Espírito de vida em Cristo Jesus” (Romanos 8:2). Eu supliquei-Lhe que me comunicasse a força
para enfrentar as necessidades e exigências de cada dia, de modo a que eu pudesse conhecê-lo
melhor, assim como ”ao poder da Sua ressurreição.”

Semanas, depois meses-eventualmente um ano-passaram. Finalmente, o cardiologista pediu que eu


fizesse mais um conjunto de testes, para ver o que ainda me mantinha vivo. Não captei a razão por
trás destes testes, até que me mudei para a Califórnia. Agora compreendo porque é que ele sempre
me dizia que eu era um milagre andante.

Em Abril de 1992, a Hilda e eu mudámo-nos e fomos viver com a nossa filha e a sua família no
Golden State. Assim que os meus relatórios médicos chegaram, o meu novo médico fez algo pouco
usual, ao chamar-me para uma consulta.

”O senhor é um homem muito afortunado por estar vivo,” disse ele, explicando-me que a situação
do meu coração em 1985 era muito pior do que o meu médico em Nova Iorque me dera a perceber.
O meu coração tinha dilatado e, por isso, tinha bloqueado a principal artéria - a aorta - em 80%.
Outra artéria estava fechada a 85% e só essa situação, disse ele, poderia ter causado a minha morte.

148
O médico da Califórnia sugeriu mais um conjunto de testes, incluindo uma perscrutação nuclear e o
visionamento do coração. Ele esperava que isso o ajudasse a perceber porque é que eu parecia tão
bem.

Os novos testes indicaram que o bloqueio da aorta tinha diminuído em 50%. A obstrução da outra
artéria tinha passado completamente. A parte inerte do coração, em vez de se ter desintegrado,
transformara-se numa substância dura. Embora seja inflexível, o abastecimento de sangue continua
a ser bombeado. O médico concordou comigo no facto de que eu só estava vivo pelo poder da
oração.

O meu coração funciona a 45% da sua capacidade normal, o que me mantém confinado em casa,
onde cada pequeno esforço me cansa. Naturalmente, passei muito tempo deitado e tenho que me
deitar sobre o meu lado esquerdo, para evitar que o meu coração me doa.

Não me sinto infeliz com a minha incapacidade - na realidade, dou-lhe as boas-vindas, pois dá-me
oportunidade de dedicar o meu tempo ao ministério da oração. Se o Senhor me tivesse curado
completamente, o meu tempo tornar-se-ia bastante limitado para orar pelas pessoas. Todos
esperariam que eu cumprisse os compromissos que me chegam de todos os lados.

São imensas as minhas recompensas. Recebo diariamente cartas que me contam como o Senhor
abençoa as pessoas. O poder do Espírito de Deus está transformando vidas e resolvendo situações
desesperadas. Essas cartas e telefonemas trazem alegria nascida do Céu ao meu coração. Tal como
o apóstolo Paulo, eu posso dizer: ”De boa vontade pois me gloriarei nas minhas fraquezas, para que
em mim habite o poder de Cristo” (II Coríntios 12:9).

O facto de me ter sido dado um prolongamento da minha vida nestes tempos do fim da história da
Terra, foi um presente realmente maravilhoso. E o continuar um ministério de oração, ao mesmo
tempo que o Espírito Santo faz o seu último convite à raça humana para que se prepare para a tão
próxima volta de Cristo é, na verdade, assombroso. Não posso deixar de proclamar: ”Glória a Deus
nas alturas!”
149
fim

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