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br
ed.119

Março/Abril
2016

ENTREVISTA
Olavo Alberto Prates Sachs
Presidente da AESabesp – Associação
dos Engenheiros da Sabesp

Gestão de
resíduos
das MPES
Solução auxilia na
destinação final adequada
dos resíduos industriais dos
pequenos geradores

CONSULTORIAS AMBIENTAIS
SETOR FAVORECE UM CAMPO DE ATUAÇÃO MULTIDISCIPLINAR E EM SINTONIA COM
AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS E INOVAÇÕES EM PROL DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
XVIII FIMAI
Feira Internacional de
Meio Ambiente Industrial
e Sustentabilidade

Data: 4, 5 e 6 de outubro de 2016


Reservas, inscrições e informações: Tel. +55 11 5095 0072
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O ponto de encontro dos
profissionais da
sustentabilidade
industrial & sustentabilidade
www.rmai.com.br Editorial
REVISTA MEIO AMBIENTE INDUSTRIAL - ANO XX - Nº 119 - março/abril de 2016 é uma publicação Tendências e inovações motivam
bimestral da Expo Estratégia Brasil. Publicação específica para as áreas de Meio Ambiente e Sustentabilidade.
As matérias assinadas são de inteira responsabilidade dos autores e não expressam, necessariamente, a empresas em prol da sustentabilidade
opinião da RMAI. As matérias publicadas poderão ser reproduzidas, desde que autorizadas por escrito pela

A
Expo Estratégia Brasil., sujeitando os infratores às penalidades legais.
necessidade de evolução ambiental do setor produtivo é um fator
EDITOR CHEFE Julio Tocalino Neto que leva as empresas a buscarem referências de gestão que se-
JORNALISTA RESPONSÁVEL Sofia Jucon
jam objetivas, coerentes, acessíveis monetariamente e deem retorno
EXPO ESTRATÉGIA BRASIL
rápido. Deste modo, mesmo com o cenário de crises econômica e
ADMINISTRAÇÃO, CIRCULAÇÃO E ASSINATURAS, MARKETING E PUBLICIDADE
ENDEREÇO Rua Félix de Souza, 305 - São Paulo (SP) política que estamos vivendo atualmente temos bons exemplos de
FONE (11) 5095-0072 PORTAL: www.rmai.com.br
organizações que estão mostrando que a sustentabilidade é o melhor
PUBLICIDADE Fone (11) 5095-0096 comercial@expoestrategia.com.br caminho para enfrentá-la. Para isso, estão implementando ferramen-
EVENTOS Lybia Ferreira marketing@expoestrategia.com.br
ASSINATURAS Ana Paula Andrade assinaturas@expoestrategia.com.br / (11) 5095-0072
tas ambientais já consolidadas globalmente e buscando se adequar
as tendências e inovações que estão surgindo a todo momento.
REALIZAÇÃO
Nesta edição estamos publicando reportagens que exemplificam bem
esse contexto. A matéria de capa traz um tema que realça o grande
envolvimento do setor produtivo com a sustentabilidade, uma vez que
nos últimos anos o trabalho das consultorias ambientais está cada
Rua Félix de Souza, 305 – Vila Congonhas vez mais em evidência. São os consultores especializados que estão
CEP 04612-080 – São Paulo – SP
Tel.: (11) 5095-0096
ajudando essas corporações a economizarem recursos naturais, at-
www.brasilmediacommunications.com enderem as exigências legislativas e a utilizarem melhor o tempo e o
DIRETOR DE REDAÇÃO Marcelo Couto
dinheiro. Essa realidade fomenta um setor multidisciplinar e que está
DIRETOR DE ARTE Roberto Gomes em constante atualização gerando trabalhos e networking.
REDAÇÃO-REPÓRTERES/REDATORES Ana Machado (Ana.machado@bmcomm.com.br); Clarisse Também estamos mostrando a importância da gestão adequada dos
Souza (clarisse@bmcomm.com.br) e Débora Luz (debora.luz@bmcomm.com.br).
resíduos abordando o universo do pequeno gerador e apontando que
ASSISTENTES DE ARTE Jessica Guedes
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Comissão Científica: Fabio Fava (Ecomondo), Olavo Sachs (Aesa- já existe uma solução técnica e acessível economicamente para eles.
besp), Milton Norio Sogabe (Cetesb), Paulo Dallari (Fiesp), Carlos R.S. Silva Filho (Abrelpe), Carlos Fernandes
(Abetre), André Vilhena (Cempre), Suenia M. de Souza (Sebrae), Álvaro Almeida (ABNT), Jayme de Seta Filho Como nesta edição estamos em plena época de conscientização em
(ABPCEA), Ligia Ferrari T de Romagnano (IPT) e Gil Anderi da Silva (USP). Articulistas: Helena Nery Alves-Pin-
to, Peter Newton, Luís Fernando Guedes Pinto, Ulrich Spiesshofer, Priscila Zidan e Luiz Paulo Achcar Frigo
prol do uso racional dos recursos hídricos, em razão de que no dia
22 de março comemoramos o Dia Mundial da Água, estamos divul-
CAPA SHUTTERSTOCK
IMPRESSÃO Print Express gando o estudo inédito desenvolvido pela CNI, o qual demonstra que
o Brasil levará mais quatro décadas para atingir a meta do Plano
Impressão realizada em papel Nacional de Saneamento Básico. Isso significa que ainda teremos
com certificação FSC, que garante
adequado manejo florestal. muitos desafios a serem enfrentados pelos setores públicos e priva-
dos e que resvalam no funcionamento de toda a sociedade, mas, por
serviços outro lado, podemos encarar que são oportunidades para a criação
ATENDIMENTO de novas soluções mais eficientes e eficazes.
Edições anteriores, promoções, preços e alteração de dados cadastrais Com este breve panorama, temos a certeza de que as perspectivas,
(endereço, número de telefone, forma de pagamento etc.).
Fone: (11) 5095-0072 apesar do momento turbulento que o Brasil atravessa, são positi-
Site www.rmai.com.br • E-mail: secretaria@expoestrategia.com.br
vas e vamos ter a oportunidade de publicar muitas experiências ex-
ANUNCIE
celentes em prol do desenvolvimento sustentável.
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FALE COM A REDAÇÃO Julio Tocalino Neto


Fone: (11) 5095-0071
E-mail: redacao@expoestrategia.com.br
Editor Chefe

EDIÇÃO

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ORGANIZAÇÃO: REALIZAÇÃO: EVENTO PARALELO À:


Sumário FOCO
ENTREVISTA
OLAVO ALBERTO PRATES SACHS - PRESIDENTE DA
AESABESP - ASSOCIAÇÃO DOS ENGENHEIROS DA
CONSULTORIAS SABESP 18
AMBIENTAIS 22 RECICLAGEM
◗ A MODA DAS GARRAFAS PET 30
◗ RECICLAGEM DE VIDRO 32
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
◗ BIOMASSA SÓLIDA 34
◗ARTIGO - EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DOS MOTORES
ELÉTRICOS 36
ECONOMIA VERDE
◗AGRONEGÓCIO SUSTENTÁVEL 38
◗ARTIGO - PECUÁRIA SUSTENTÁVEL - CERTIFICAÇÃO
DO GADO NO BRASIL 40
OIL SPILL
◗ PREPARANDO-SE PARA OS CENÁRIOS CRÍTICOS 44
GREEN BUILDING
◗ CERTIFICAÇÃO WELL 46
REMEDIAÇÃO
◗ IPT DIVULGA ESTUDO SOBRE ÁREAS
CONTAMINADAS - PANORAMA GAC 48
UNIVERSO ÁGUA
◗ UNIVERSALIZAÇÃO DO SANEAMENTO 52
◗ GUIA DE CONTINGÊNCIA PARA A CRISE HÍDRICA 54
◗ REAPROVEITAMENTO DE EFLUENTES 56
◗ TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS 57
RESÍDUOS
◗ GESTÃO DE RESÍDUOS DAS MPES 58
◗ METODOLOGIA SOIL SURVAY 62
ANÁLISES AMBIENTAIS
◗ ISO IEC 17025 - NORMA INTERNACIONAL DE
ACREDITAÇÃO DE LABORATORIOS 66
EVENTOS
◗ ENAIQ 2015 68

SEÇÕES
COLUNA 8
CURTAS 10
VITRINE 72
AGENDA 74
ASSINE JÁ!

FIQUE POR DENTRO DE TUDO O QUE ACONTECE


nas áreas de Resíduos, Oil Spill, Eficiência Energética, Economia Verde, Green Building,
Tratamento de Efluentes, Água, Saneamento, Reciclagem e Remediação, entre outras.

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COLUNA

A GESTÃO DE RESÍDUOS
SÓLIDOS COMO PROTAGONISTA
DO DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
N
os dias atuais, os temas relacionados à sustentabilidade têm recebido uma atenção crescen-
te e assumido uma grande importância na agenda dos mais diferentes atores (governos, em-
presas e sociedade), que buscam soluções adequadas para promover o desenvolvimento eco-
nômico sem comprometer os recursos naturais, que em muitos casos são bastante restritos ou en-
contram-se em situação de escassez.
As políticas ambientais em curso e aquelas em desenvolvimento passaram a considerar novos parâ-
CARLOS RV metros com vistas a maximizar o potencial de aproveitamento dos recursos, a recuperação de mate-
SILVA FILHO riais e redução dos impactos ambientais tendo, para tanto, atribuído a essa nova sistemática de ne-
Diretor Presidente gócios a denominação de “economia verde”.
da Abrelpe - Uma parte fundamental para o funcionamento desse sistema cíclico de aproveitamento e retorno de
Associação materiais deve ser desempenhada pelo setor de gestão de resíduos, através do qual os materiais des-
Brasileira de cartados podem tornar-se novas matérias primas, combustível e até mesmo energia, para a indús-
Empresas de tria de manufatura, que passa a contar com a possibilidade de substituir materiais fósseis e recur-
Limpeza Pública sos escassos por fontes renováveis.
e Resíduos O desenvolvimento de novos mercados para uso dos resíduos recuperados e, por consequência, a
Especiais; vice- adaptação dos processos industriais para possibilitar a aplicação dos mesmos demanda investimen-
presidente da ISWA tos em pesquisa acerca da viabilidade dos sistemas de valorização e utilização daquilo que é descar-
- International Solid tado, sendo esse o passo inicial para a mudança de paradigma requerida, em que a gestão de resí-
Waste Association; duos passa a ser direcionada para a recuperação de recursos.
membro do Comitê Essa nova estratégia de ação, que otimiza o aproveitamento dos recursos existentes deve contemplar
Científico da FIMAI uma visão multidimensional, que trate de todos os aspectos de gestão integrada, considerando as ver-
/ ECOMONDO / tentes técnica, social, econômica, ambiental e política, além da necessária mudança comportamental.
RMAI O comprometimento da sociedade para com uma gestão adequada e sustentável cresce a cada dia,
impulsionando uma série de práticas que antes não eram notadas e trazendo impactos determinan-
tes nas atitudes dos gestores e legisladores.
No entanto ainda são muito tímidos os estímulos de parte das autoridades, o que reflete nos limita-
dos índices de aproveitamento de resíduos no Brasil, que apesar dos muitos esforços empreendi-
dos, pouco avançaram nessa última década, mostrando que o modelo desenvolvido até agora preci-
sa ser repensado.
Para alcançar o potencial que tem reprimido, a gestão de resíduos, precisa assumir um papel de pro-
tagonismo, passando a ser orientadora do processo de desenvolvimento sustentável, no qual esse
setor exerce posição de grande relevo, pois abre inúmeras possibilidades de negócios e reduz o des-
perdício a um mínimo.
Para que isso aconteça, precisamos intensificar as discussões, promover o envolvimento das múlti-
plas disciplinas e estimular o intercâmbio de conhecimentos e experiências. Os preparativos já co-
meçaram, não perca a Fimai Ecomondo Brasil 2016! n

8 RMAI
Germany Odournet GmbH • The Netherlands Odournet NL B.V. • Spain Odournet SL
United Kingdom Odournet UK Ltd • France Odournet France • Mexico Odournet Mexico S.A. de C.V.
India Odournet Holding India Pvt Ltd • Brazil Odournet Brasil Ltda.

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C U RTA S

AEROPORTO INTERNACIONAL DE
GOIÂNIA ADOTA REUSO DE ÁGUAS
O novo terminal de passageiros do aeroporto
internacional de Goiânia, GO, que tem
inauguração prevista para o primeiro semestre
de 2016, conta com um projeto inovador que
possibilitará o reuso de águas cinzas oriundas
ABIMAQ EMPOSSA NOVA DIRETORIA DO das torres de resfriamento, pias, chuveiros,
CONSELHO DE SANEAMENTO AMBIENTAL bebedouros e águas pluviais.
O presidente da Abimaq - Associação Brasileira da Indústria de Máquinas Segundo André Ricardo Telles, diretor executivo
e Equipamentos, Carlos Pastoriza (primeiro `a direita), conduziu a da Ecosan do Brasil, contratada para o
cerimônia de posse da nova diretoria do Conselho de Saneamento desenvolvimento e operação do projeto, o sistema
Ambiental, dia 19 de outubro de 2015, na sede da entidade, em São Paulo, de tratamento de reuso de águas cinzas receberá
SP, anunciando como presidente eleito para o biênio 2015-2017, Ruddi também, diariamente, os descartes das torres de
Pereira de Souza. resfriamento, que serão continuamente tratadas
Valdir Folgosi, vice-presidente do Sindesam - Sistema Nacional das quimicamente, para fins de ajuste e equilíbrio do
Indústrias de Equipamentos para Saneamento Básico e Ambiental, pH, controle de corrosão e incrustação, além do
fez uma retrospectiva de sua gestão à frente do Conselho e destacou controle do crescimento de algas.
algumas conquistas que foram alcançadas, como a luta e universalização A Infraero terá como responsabilidade o
do saneamento em parceria com outras entidades; valorização do reúso monitoramento dos parâmetros, enquanto
da água como ferramenta de combate à crise hídrica; entre outras. a Ecosan do Brasil se responsabilizará pelo
Souza, por sua vez, salientou a importância do apoio para as conquistas processo de tratamento, fornecimento das
do segmento: “Este vai ser um trabalho de time para conseguirmos máquinas e equipamentos, integração dos
algo melhor para o nosso setor. Quero dizer que contem comigo e que sistemas, treinamento e inicio das operações e
nós vamos chegar onde nós precisamos”, finalizou o novo presidente. atividade.

BERACA RECEBE HOMENAGEM DA APEX-BRASIL


Durante o evento “Mais Brasil no Mundo”, iniciativa que homenageia empresas públicas e privadas, entidades setoriais,
jornalistas e lideranças de diversas áreas sociais que fizeram a diferença para a consolidação da cultura exportadora no
país, a Beraca, que atua com o fornecimento de ingredientes naturais e orgânicos certificados, foi homenageada Apex-
Brasil - Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos por suas ações em sustentabilidade.
Daniel Sabará (primeiro `a esquerda), CEO da Beraca, destaca
a satisfação da empresa em ser reconhecida por suas ações de
sustentabilidade. “Ao longo dos últimos anos estabelecemos parcerias
para o fornecimento de matérias-primas, investimos no desenvolvimento
de comunidades e criamos relações sustentáveis”, conta.
Entre as ações de sustentabilidade promovidas pela Beraca está o
Programa de Valorização da Sociobiodiversidade®. Criado no ano 2000,
atualmente, a iniciativa beneficia mais de 1.600 famílias de 101 núcleos
comunitários existentes nos estados do Pará, Amapá, Amazonas,
Maranhão, Piauí, Tocantins, Acre, Goiás, Espírito Santo, Rondônia e de
Minas Gerais.

10 RMAI
BRASKEM RECEBE CERTIFICAÇÕES
PARA PRODUÇÃO DE PE VERDE
A Braskem recebeu por mais um ano as certificações internacionais
ISCC PLUS e Bonsucro para suas unidades PE5 (polietileno) e UNIB2
(petroquímicos básicos), ambas do Polo Petroquímico de Triunfo, RS. Os
selos asseguram a adoção de critérios de sustentabilidade no processo
produtivo de plástico verde.
Com as certificações, a petroquímica atende à demanda dos clientes
de PE Verde, produzido a partir de etanol de cana-de-açúcar, em
alinhamento com as orientações da European Bioplastics e demais
práticas e requisitos sustentáveis. O reconhecimento reafirma ainda
o compromisso com sustentabilidade e respeito ao meio ambiente
adotados pela empresa em seus processos.
Paralelamente, as unidades de petroquímicos básicos UNIB 1 (BA)
e UNIB 2 (RS) mantiveram a Certificação do Padrão Bonsucro. Este
parâmetro atende à Diretiva RED (Renewable Energy Directives), que
PARIS RECEBE PRIMEIRO POSTO DE
fixa a meta para a União Europeia de que, em 2020, 20% de toda a
ABASTECIMENTO DE HIDROGÊNIO
energia consumida pela comunidade deve provir de fonte renovável, já
Por ocasião da COP21, a Air Liquide instalou
considerada nos protocolos da companhia.
o seu primeiro posto de abastecimento de
hidrogênio em Paris, em parceria com a
CERTIFICAÇÃO LED COMEÇOU A VALER EM DEZEMBRO empresa start-up de táxi STEP (Société du
Desde 13 de dezembro de 2015, as lâmpadas fabricadas e importadas Taxi Electrique Parisien), com sede na capital
devem estar de acordo com os requisitos da certificação do LED, porém, francesa, e com o apoio da Câmara Municipal
o comércio tem até 13 de setembro de 2017 para vender todo o seu local. O posto abastecerá os primeiros taxis
estoque de lâmpadas LED não certificadas, de acordo com os requisitos elétricos movidos a hidrogênio da frota que
do Inmetro. veiculará a “propaganda”, durante e depois
Algumas empresas já estão com os processos de certificação em da COP21. Inicialmente composta de cinco
andamento. É o caso da Lâmpadas Golden, que já tem 100% dos seus carros Hyundai ix35, a frota deverá ter a sua
produtos aprovados em testes iniciais faltando, apenas, a conclusão quantidade elevada para aproximadamente 70
dos ensaios após 3000 horas de sazonamento. Álvaro Diniz, diretor veículos, no prazo de um ano, e para centenas
executivo da Lâmpadas Golden, afirma que a norma brasileira é uma de automóveis, nos próximos cinco anos.
das mais rígidas do mundo, pois combinou aspectos da norma europeia No decorrer de 2016, uma rede permanente
(Compatibilidade Eletro Magnética) com as altas exigências de vida de postos de hidrogênio, projetados
e performance da norma americana (25.000 horas de vida e baixa principalmente para atender às necessidades
depreciação lumínica). desta frota de táxis, será instalada
Enquanto a norma não está em pleno funcionamento, Diniz orienta gradativamente na Área da Grande Paris.
o consumidor a estar atento às informações para não ser enganado. O posto de Paris, assim como todos os postos
“Compare o fluxo luminoso e escolha modelos que possuam um projetados e instalados pela Air Liquide, tem
número de lúmens aproximado. Não se deixe enganar por marcas que capacidade para reabastecer veículos elétricos
prometem um grau de equivalência melhor, mas com luminosidade movidos a hidrogênio em menos de cinco
diferente. Lembre-se que potência não é luz, mas consumo”, finaliza o minutos, representando uma autonomia de
executivo. cerca de 500 quilômetros.

março | abril | 2016


11
C U RTA S

ISOFARMA INVESTE NO TRATAMENTO DE EFLUENTES


Localizada no município de Eusébio, CE, a industrial farmacêutica Isofarma realiza ações socioambientais tendo como princípio
a redução de consumo dos recursos naturais. Desde 2006, a empresa faz tratamento de efluentes para reúso, diminuindo o
consumo de energia e o desperdício d’água.
Segundo Lindemberg Portela, gerente industrial da Isofarma, a cada ano foram sendo implantadas novas tecnologias e
melhorias que hoje são contínuas.
Por mês, a industrial farmacêutica reutiliza aproximadamente 1.500 m³ de água para fins domésticos - com o banheiro e limpeza
de piso, enquanto o reúso de efluentes é de 100% para fins de irrigação da área verde. Com estas ações é possível diminuir os
custos da empresa, além de impactar positivamente na comunidade em que está inserida, pois o consumo captado nos lençóis
freáticos é menor.
“Estamos sempre em busca de novas tecnologias para o tratamento de água, para diminuir o consumo de energia e aumentar
o reúso de água e efluentes”, diz Lindemberg. Estas ações de tratamento obedecem e melhoram os resultados de todas as
legislações ambientais.

MÉRIEUX NUTRISCIENCES NA
AMÉRICA DO SUL ANUNCIA
NOVO PRESIDENTE
Eugenio Luporini Neto (foto) é o novo presidente
da Mérieux NutriSciences na América do Sul, e
ficará baseado em Piracicaba, interior paulista,
sede da empresa no Brasil.
Luporini é brasileiro, tem 20 anos de
experiência, é mestre em Administração de
Empresas pelo Ibmec
- Instituto Brasileiro
de Mercado de
Capitais, e graduado
JBS COUROS RECEBE em Administração
MEDALHA DE OURO INTERNACIONAL de Empresas pela
A divisão de couros da JBS recebeu certificação máxima do LWG FGV - Fundação
- Leather Working Group, em oito unidades por melhores práticas Getúlio Vargas.
ambientais no processo produtivo. Em dezembro, o LWG concedeu Iniciou a carreira na
medalha de ouro para as plantas de Barra do Garças, MT; Cacoal, RO; Procter & Gamble e, em seguida, trabalhou
Colorado do Oeste, RO; Gurupi, TO; Marabá, PA; Naviraí, MS; Porangatu, na Pfizer. Recentemente, ocupou a posição de
GO; e São Luís dos Montes Belos, GO. O Leather Working Group é uma vice-presidente de Marketing da Divisão de
iniciativa formada por algumas das maiores marcas internacionais, Crop Protection da Basf, na Carolina do Norte,
fornecedores, redes varejistas e empresas da indústria do couro, com EUA. Eugenio substitui Luis Fernando Maida,
o objetivo de debater e promover práticas ambientais eficientes e que ocupou o cargo por três anos, e passa
sustentáveis na indústria mundial nesse setor. “Esse resultado premia o agora a liderar cerca de mil colaboradores
trabalho contínuo de toda equipe da JBS Couros e nos tornou referência que prestam serviços analíticos nas áreas
do mercado brasileiro e mundial”, afirma Fernando Bellese, gerente de de alimentos, meio ambiente, agroquímicos,
Marketing e Sustentabilidade da JBS Couros. fármacos, bens de consumo e cosméticos.

12 RMAI
PROGRAMA TRANSFERÊNCIA
DE CONHECIMENTO ODEBRECHT
Os futuros engenheiros que participam da
2a turma do Programa Transferência de
Conhecimento Odebrecht (PTCO), iniciada
em agosto de 2015, estão atuando no Porto
Maravilha, obra de requalificação urbana da
Região Portuária do Rio de Janeiro. Os alunos
selecionados das principais universidades do
Rio, participam de aulas teóricas e práticas de
“Segurança, Saúde do Trabalho e Meio Ambiente
(SSTMA)”. SPVS COMEMORA 30 ANOS EM DEFESA
Os estudantes recebem orientações sobre DA BIODIVERSIDADE BRASILEIRA
a importância de SSTMA para projetos de A SPVS - Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação
infraestrutura, com explicações sobre segurança Ambiental, criada no início da década de 1980, no Paraná, é uma das mais
nas frentes de serviço, saúde ocupacional e atuantes organizações não governamentais com foco na conservação da
meio ambiente, incluindo Gestão Ambiental e biodiversidade no Brasil.
Licenciamento Ambiental. Desde o lançamento Ao pensar ações palpáveis voltadas à conservação da biodiversidade, a
do projeto, em 2013, cerca de 300 estudantes de SPVS antecipou uma preocupação que ganharia urgência nos anos 90, com
Engenharia já participaram do Programa. alertas sobre o aquecimento global e sobre o desaparecimento de espécies
Alexandre Chiagevatto, diretor de Contrato do e ecossistemas. “O mundo demanda posicionamentos mais consistentes
Consórcio Construtor responsável pelas obras nesses temas. Há 30 anos a SPVS propõe e encaminha isso. O que acontece
do Porto Maravilha, destaca que a oportunidade hoje mostra que apontamos para a direção certa”, afirma o diretor-
de poder difundir os objetivos do PTCO fará com executivo da instituição, Clóvis Borges. Atualmente com 50 funcionários e
que estes futuros engenheiros sejam cada vez alto grau de profissionalização, a SPVS atua em cinco biomas brasileiros,
melhores. com atenção especial à Floresta Atlântica e à Floresta com Araucária.

março | abril | 2016


13
ITAÚ E ABR FIRMAM PARCERIA PARA
DESCARTE ADEQUADO DE LÂMPADAS
C U RTA S

Três agências do Itaú sediadas em São Paulo, SP, passaram a descartar


suas lâmpadas com a ABR - Apliquim Brasil Recicle, no final de 2015.
O volume estimado de lâmpadas produzidas pelas três agências é de
12 mil unidades por ano. A primeira coleta foi concluída na primeira
semana de dezembro.
“Todas as lâmpadas coletadas nas agências do Itaú da cidade de São
Paulo, serão encaminhadas diretamente para a nossa unidade fabril de
Paulínia, SP, onde serão processadas até atingirmos o objetivo final, ou
seja, a recuperação do mercúrio e principalmente, o encaminhamento
para reaproveitamento de 94% dos resíduos destas lâmpadas”, explica
Mario Guilherme Sebben, presidente da ABR, que assegura total
controle técnico sobre os objetos, evitando completamente qualquer
vazamento do metal pesado, garantindo a segurança de todos os
envolvidos no processo.
A parceria entre Apliquim Brasil Recicle e Agências Itaú oportunizará
a descontaminação de pelo menos 12 mil lâmpadas até novembro
de 2016. A partir desta ação será possível reaproveitar cerca de 180
gramas de mercúrio e três toneladas de materiais recicláveis como
vidro, soquetes metálicos e plásticos e pós de fósforo.

ORGANIS VAI REPRESENTAR SETORES DE PRODUÇÃO


ORGÂNICA E SUSTENTÁVEL
O grupo do Projeto Organics Brasil fundou o Organis - Conselho
Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável, cujo escopo será
construir uma representação setorial com foco na promoção do
desenvolvimento de toda a cadeia: do setor primário, os agentes das
cadeias secundárias e de serviços até o consumidor final.
Ming Liu, coordenador executivo do Projeto Organics Brasil (primeiro
da esquerda para
a direita na foto),
informa que neste
processo, a entidade
VESTAS INAUGURA planeja contar
FÁBRICA NO BRASIL também com a
A Vestas, empresa dinamarquesa do setor de participação de
energia eólica, inaugurou, dia 18 de janeiro vários integrantes
de 2015, sua fábrica no Brasil, na cidade de da sociedade civil,
Aquiraz, CE. A nova fábrica produzirá hubs seja privada ou
e nacelles V110-2.0MW e V110-2.2MW e vai pública, através de
gerar mais de 500 postos de trabalho diretos e uma curadoria para
indiretos. atuar e contribuir para a promoção do desenvolvimento do setor.
Atualmente, a empresa opera e mantém O Organis foi anunciado para o setor, em evento com o grupo do
13 parques eólicos no país. “Com um dos Conselho Curador, presidido pelo empresário Christophe Allain
melhores ventos do mundo, o Brasil é uma (Jasmine), em dezembro de 2015. que já trabalha na elaboração das
das grandes apostas da Vestas para os diretrizes do Conselho há seis meses. “Chegou a hora de organizar a
próximos anos. Aqui, o mercado de energia cadeia e valorizar nossa participação no mercado, que cresce a cada
eólica tem um grande potencial de expansão. ano”, expressou Allain.
O plano de investimentos que acabamos de Há gargalos na produção de orgânicos, mas há grandes demandas que
executar reforça nosso compromisso com o Organis pretende ajudar a equacionar. A entidade tem como previsão
o desenvolvimento do mercado de energia atuar em todos os segmentos, desde a produção primária, passando
limpa no país”, destaca Rogério Zampronha, por empresas processadoras de transformação e comercialização de
presidente da Vestas no Brasil. produtos certificados, conforme regulamentação nacional e internacional.

14 RMAI
AUTOMÓVEIS ELÉTRICOS E HÍBRIDOS
GANHAM PONTOS DE RECARGA
O Pão de Açúcar anunciou parceria com o BMW Group Brasil para oferecer aos clientes pontos de recarga de automóveis
elétricos e híbridos da inovadora BMW i, divisão de veículos elétricos e híbridos do grupo, em estacionamentos de lojas da rede.
A princípio, quatro supermercados em São Paulo contarão com o dispositivo para carregamento rápido dos veículos
BMW i. Até o final do ano, outras seis lojas da rede receberão o dispositivo, incluindo em Brasília e no Rio de
Janeiro.
Com a parceria, proprietários dos modelos BMW i3 e BMW i8, além de outros veículos elétricos compatíveis
com o dispositivo, poderão ir até as lojas Pão de Açúcar contempladas e utilizar o BMW i Wallbox
gratuitamente. Como exemplo, são necessárias apenas três horas para uma carga completa do
BMW i3, o que permite uma autonomia de até 160 quilômetros ou de 300 quilômetros, quando o
tanque de nove litros de gasolina que abastece seu motor auxiliar a combustão estiver completo.
Por meio desta iniciativa, o Pão de Açúcar reforça
sua plataforma sustentável, incentivando
os clientes a adoção de um hábito
mais responsável por
meio do uso de
carros menos
poluentes. A
rede também
inova no
grande varejo
ao oferecer
mais um serviço
diferenciado.

março | abril | 2016


15
C U RTA S

MINAS GERAIS LANÇA PROGRAMA


PLANTANDO O FUTURO
O Governo do Estado de Minas Gerais lançou,
em novembro de 2015, o Programa Plantando o
Futuro, que objetiva recuperar 20 mil hectares
por meio da produção e do plantio de 30 milhões
ELECTROLUX LIDERA RANKING
de árvores em todos os 17 Territórios de
GLOBAL DE SUSTENTABILIDADE
Desenvolvimento de Minas Gerais, até dezembro
A Electrolux foi reconhecida, pelo quinto ano consecutivo, Líder da
de 2018. O Estado vai investir R$ 400 milhões
Indústria de Eletrodomésticos Duráveis pela RobecoSAM, mediante o
no programa, que conta com a coordenação
seu desempenho em sustentabilidade, uma distinção atribuída a sua
da Codemig - Companhia de Desenvolvimento
alta performance de empresa em cada um dos 59 setores avaliados.
Econômico de Minas Gerais.
A RobecoSAM, que publica o globalmente prestigiado DJSI - Índice
Além de oferecer à população a oportunidade
Dow Jones de Sustentabilidade, mediu as empresas com base em
participar como protagonista do desenvolvimento
seu desempenho de sustentabilidade em três dimensões: econômica,
sustentável, o Programa vai incentivar a
ambiental e social. “A sustentabilidade é uma parte essencial da
recuperação ambiental de áreas degradadas e
estratégia de negócios da Electrolux e através de um programa de
contribuir para preservar a natureza e promover
engajamento extenso no ano passado, definimos prioridades claras
o bem-estar dos mineiros. O Plantando o Futuro
para garantir que continuemos a ter um bom desempenho enquanto
foi um dos quatro projetos selecionados no Brasil
fazemos uma diferença real na vida das pessoas e no nosso planeta”,
para ser exposto no Pavilhão das Cidades e
disse Henrik Sundström, vice-presidente de Sustentabilidade da
Regiões do Programa de Ações Transformadoras
Electrolux. “Nossa maior prioridade é a eficiência – continuar a reduzir
(TAP-Transformative Actions Program), na 21ª
a energia e água que nossos produtos usam, extraindo menos recursos,
Conferência do Clima (COP 21), realizada em
minimizando substâncias perigosas e diminuindo o impacto da nossa
Paris, na França, no último dia 4 de dezembro.
pegada operacional”, completou.

BRASIL TERÁ NÚCLEO DE IMPLANTAÇÃO


DE CIDADES INTELIGENTES
Um acordo entre a Tacira, empresa brasileira especializada
em cidades inteligentes, e o Inatel - Instituto Nacional de
Telecomunicações, viabilizou a criação de um Living Lab em Santa
Rita do Sapucaí, MG. Este ambiente proporcionará a concentração
de um ecossistema de fornecedores e tecnologias para smart
cities, tornando possível operacionalizar, implantar e testar
diferentes tecnologias e soluções, mensurando os resultados.
Além disso, esta aliança irá permitir a criação de um centro de
formação e treinamento focado no desenvolvimento, operação
e implantação de cidades inteligentes, e a criação de cursos de
extensão e especialização em temas relacionados à smart cities
oferecidos pelo Inatel.

16 RMAI
HOME CENTER ATENDE
TENDÊNCIAS SUSTENTÁVEIS
A Kawahara Takano Soluções para o Varejo
(KTArq) entregou seu mais novo projeto na
cidade de Ijuí, RS, totalmente alinhado às
tendências sustentáveis.
O projeto da Schirmann Home Center conta
com sistema de coleta de água da chuva, com
capacidade de armazenamento de 140 mil
litros, dos quais, 120 mil litros serão utilizados
para reserva contra incêndio e o restante,
para utilização em lavagem, jardinagem e
descargas sanitárias. Nos banheiros, todas
as torneiras de sanitários têm temporizador,
os vasos sanitários possuem sistema de ESTALEIRO INCENTIVA PRODUÇÃO
caixa acoplada ‘dual flux’ e os mictórios não DE BARCOS MENOS POLUENTES
necessitam de descarga. O estaleiro Intech Boating, localizado em Florianópolis, SC, alia políticas
Além disso, toda a água de esgoto e efluentes empresariais sustentáveis e ações que visam a conservação do meio
é tratada por reatores e filtros anaeróbicos, ambiente. No espaço fabril, uma atenção constante é dedicada ao
com 70% de limpeza para não poluir córregos desenvolvimento de processos que reduzam ao máximo o impacto
e rios. ambiental da sua linha de montagem, assim como do uso de suas
Planejada para conservação e baixo consumo embarcações. Um exemplo é o procedimento adotado para a etapa de
de energia, aliadas à durabilidade e soluções laminação de cascos na linha Intech Professional Boats, que é executado
sustentáveis, a iluminação conta com pelo sistema de infusão. Este método diminui a emissão de gases na hora
luminárias de LED e fluorescentes tubulares da fabricação e também permite a produção de embarcações mais leves,
de alto rendimento, mescladas a vapores que, consequentemente, consomem menos combustível e são menos
metálicos pontuais para destaques. poluentes, características importantes para uma linha formada por barcos
A fachada do Home Center destaca-se pelo geralmente destinados a operações contínuas e pesadas, como praticagem,
apelo mais comercial, refletido nos materiais e resgate, patrulhamento, apoio portuário e transporte de tripulações.
nas cores utilizados. A fábrica da Intech Boating prioriza o máximo aproveitamento de recursos
“Tivemos a preocupação com a especificação naturais, como a captação da água de chuva e a instalação de grandes
de materiais recicláveis, coleta seletiva e painéis de vidro no teto e nas laterais, que reduzem o uso da energia elétrica.
acessibilidade, que fizeram parte de todo “O trabalho que desenvolvemos é fruto da nossa paixão por navegar e
processo”, conta o arquiteto Julio Takano, sócio do respeito que temos pelos mares, rios, e por todo nosso ecossistema.
da KT Soluções para o Varejo, responsável pelo Sem o meio ambiente, perderíamos a razão de existir e fabricar nossas
projeto arquitetônico e de varejo. embarcações”, afirma José A. Galizio Neto, presidente da Intech Boating.

ITAIPU E JUSTIÇA FEDERAL FORMALIZAM PARCERIA PARA AÇÕES PRÓ-SUSTENTABILIDADE


A Itaipu Binacional e a Justiça Federal do Sul do país, por meio do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), celebraram
uma parceria, dia 29 de janeiro de 2015, que permitirá o intercâmbio de experiências socioambientais entre as duas instituições,
reconhecidas pelas boas práticas nessa área. O projeto
engloba os três estados do Sul, e os foros da Justiça Federal
de Santa Catarina (JFSC), Paraná (JFPR) e Rio Grande do Sul
(JFRS).
O documento estabelece que as instituições desenvolverão
em conjunto “ações e projetos na área da sustentabilidade,
incluindo intercâmbio de experiências e conhecimentos
referentes a práticas de gestão e políticas”.A validade é de
um ano, podendo ser prorrogado por até cinco anos.
“É o início de relacionamento que esperamos ser duradouro.
Da nossa parte, viemos com olhar de aprendiz pelo know-
how notório de Itaipu na área ambiental e em seus processos
de sustentabilidade”, frisou Luiz Fernando Penteado,
desembargador do TRF4.

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17
ENTREVISTA

Olavo Alberto Prates Sachs


Presidente da AESabesp – Associação dos Engenheiros da Sabesp

COMPROMISSO
Diante das lacunas e desafios que o setor de Sane-
amento enfrenta atualmente, como fazer com que a
sociedade seja mais participativa e ajude na solução

COM O
dos problemas?
A AESabesp por ser uma associação e também uma OS-
CIP - Organização da Sociedade Civil de Interesse Públi-

SETOR DE co, tem a obrigação de promover eventos, como “Momen-


tos de Tecnologias”, “Encontros Técnicos”, “Visitas Técni-

SANEAMENTO
cas”, “Feiras de Saneamento e Meio Ambiente” “Cursos
Técnicos” que tenham como principais objetivos: infor-
mar, orientar e capacitar as pessoas para que alterna-
tivas sejam discutidas com objetivo de sanar estes gra-
Sachs mostra as perspectivas de sua gestão, os ves problemas que ocorrem.
desafios do setor e a importância da capacitação
para avançarmos no mercado de Saneamento

P
Como diretor cultural nas quatro últimas gestões da
Por Sofia Jucon AESabesp, o senhor desenvolveu um importante traba-
lho quanto a organização de encontros técnicos e sor-
teios de bolsas de estudos entre os associados. Isso foi
residente eleito para a gestão 2016-2018 um grande diferencial na sua trajetória dentro da en-
da AESabesp – Associação dos Enge- tidade? O que essas ações representam no escopo de
nheiros da Sabesp, é Engenheiro Sa- compromissos da entidade?
nitarista, pela Pontifícia Universidade Sim, essas experiências ampliaram a nossa percepção e
Católica - PUC- Campinas; mestre em atuação. Não só como diretor cultural mas também como
Tecnologia Ambiental, pelo IPT - Insti- diretor técnico, eu e toda a equipe AESabesp procuramos
tuto de Pesquisas Tecnológicas de São sempre em nossos eventos estruturar “cursos”, “congres-
Paulo; com MBA em Administração pa- sos”, “palestras”, com abordagens voltadas às necessida-
ra Engenheiros, pelo Instituto de Tec- des da sociedade como: Mudanças Climáticas, Contro-
nologia Mauá; pós-graduado em Enge- le de Perdas, Eficiência Energética, Tratamento de Água
nharia de Segurança do Trabalho, pela FAAP - Funda- e de Esgoto, Reuso de Água e a coqueluche do momen-
ção Armando Álvares Penteado. Engenheiro da Divisão to “Escassez Hídrica”, que apresentam formas e tecnolo-
de Planejamento, Gestão e Desenvolvimento Operacio- gias de ponta como que há de melhor e mais moderno no
nal da Produção - MAGG/Sabesp, atua na Sabesp des- mundo para procurar enfrentar e resolver estas questões.
de 1986. Já exerceu as gerências de divisão de operação
de água e de serviços gerais, entre outras atribuições. O senhor acabou de assumir a presidência da Gestão
2016-2018 da AESabesp. Qual sua expectativa frente a
Com sua abrangente experiência no setor de Saneamento, esse novo desafio? Quais as metas propostas pela nova
como avalia a evolução deste tema no país? Diretoria Técnica?
Estamos atrasados com a lição de casa. Sabemos que o A expectativa da presidência é enorme, principalmente por
Brasil é um país com dimensões continentais e, devido estarmos assumindo o comando de uma associação res-
a isto, tem grandes dificuldades para atingir a universa- peitada que vem crescendo em tamanho e qualidade ano a
lização do setor, mas se procurarmos fazer um planeja- ano e temos que achar uma forma de manter este cresci-
mento sério que deva ser seguido à risca com projetos mento mesmo durante este período de crise que estamos
de qualidade e só executar as obras que foram exausti- passando. Quanto às propostas não só da nova Diretoria
vamente planejadas e projetadas, teremos uma melho- Técnica mas, das 11 diretorias (Administrativa, Cultural, Es-
ra significativa neste quadro. portes e Lazer, Financeira, Marketing e Comunicação, Po-

18 RMAI
❝NOVAS PARCERIAS SÃO BENÉFICAS
PARA O FUTURO DA ENTIDADE❞
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19
ENTREVISTA

los Regionais, Social, Socioambiental, Téc-


nica,Assuntos Institucionais e de Fundo
Editorial), que compõem a direção da Asso-
ciação, tenho certeza que serão apresenta-
das no planejamento estratégico, previsto
para o mês de março, o qual norteará os
próximos passos da AESabesp.

A universalização dos serviços de


saneamento ambiental é um dos
assuntos mais cruciais para o Brasil.
De que forma a Gestão 2016-2018 visa
atuar para o desenvolvimento de ações
que tragam resultados positivos para
esta questão?
Da forma mais colaborativa possível. Co- Integrantes da Gestão 2016-2018, durante a solenidade de posse. Planejamento estratégico
mo já destacamos nessa entrevista, o irá nortear os próximos passos da entidade
Brasil é um país de grandes contrastes,
principalmente com referência à captação, tratamento, Somos atualmente uma referência no setor por termos o
distribuição de água e coleta e tratamento esgoto sanitá- maior evento de saneamento de meio ambiente da Amé-
rio. E a nossa Associação formada, em sua maioria, por rica Latina, o que ano a ano atrai mais pessoas que bus-
técnicos que atuam em São Paulo, um estado referencial cam serviços, equipamentos e conhecimento.
no setor, está aberta a todos os interesses para o bem so-
cial, sejam advindos de profissionais de outros estados e A evolução do setor de Saneamento estimula um
países, de concessionárias, de demais empresas merca- mercado importante, que necessita de profissionais
do, da esfera acadêmica ou de pessoas da própria comu- qualificados. Temos condições de atender essa
nidade que queiram interagir com nossa condição de OS- demanda? Existem oportunidades para esses
CIP, pela qual cadastramos projetos que são avaliados por profissionais no mercado de trabalho? A AESabesp tem
especialistas e desenvolvidos mediante aprovação técnica alguma ação voltada para esse assunto?
e captação de recursos para sua execuções. A AESabesp procura identificar a necessidade do merca-
do e desenvolve cursos voltados à capacitação destes pro-
Quais as perspectivas em relação a realização da fissionais que sentem falta de uma instituição hoje, séria
27aFenasan – Feira Nacional de Saneamento e Meio que forneça estes cursos ministrados por especialistas
Ambiente e, especialmente, do 27o Encontro Técnico com uma vasta experiência, com qualidade e cobrando va-
Aesabesp? Gostaria de destacar algumas novidades? lores justos pelos mesmos, que por não visar lucros são
A expectativa é que o nosso Encontro Técnico, que pelo bem mais em conta dos os cursos similares no mercado.
tamanho já pode ser considerado um congresso e a Fena-
san, continuem crescendo não só em tamanho mas tam- Como julga o papel das parcerias para a Aesabesp
bém em qualidade e, para isto, sempre estamos em bus- atingir seus objetivos?
ca de novidades através de prospecções que fazemos em As parcerias existem hoje na associação com algumas
grandes feiras no Brasil e outros países, as quais sem- entidades e demais associações coirmãs e até com os
pre trazemos uma novidade como a elaboração de uma nossos expositores da Fenasan, são chamados de par-
mesa redonda que trará especialistas da Ecomondo, de ceiros investidores. Mas, diante do processo de globali-
Rimini, na Itália, para falar sobre “Mudanças Climáticas”. zação que existe hoje em todas as áreas, devemos estu-
dar bem junto aos nossos diretores e conselheiros quais
Quais contribuições esses grandes eventos as novas parcerias que seriam benéficas para o futuro
proporcionam para o setor de Saneamento em níveis da entidade, pois temos que ter clareza até onde quere-
nacional e internacional? mos chegar. n

20 RMAI
março | abril | 2016
21
FOCO

CONSULTORIAS
AMBIENTAIS
22 RMAI
COM A VALORIZAÇÃO DAS AÇÕES
SUSTENTÁVEIS NAS EMPRESAS, O PAPEL DAS
CONSULTORIAS AMBIENTAIS VEM GANHANDO
MAIS REPRESENTATIVIDADE NO BRASIL

O
Por Sofia Jucon

desenvolvimento susten- Esse boom em prol das consulto-


tável exige mudanças de rias ambientais não é uma realidade
ordem econômica, social só no Brasil. Seus reflexos já são no-
e ambiental em organiza- tados no mundo todo. Em termos glo-
ções público e privadas, o bais, uma pesquisa da empresa En-
que faz com que o alinha- viroment Analyst apontou que mes-
mento à sustentabilidade atrelado ao mo com o momento de crise que vi-
aumento da eficiência produtiva se- venciam vários países, o setor de con-
ja crucial para a perenidade das em- sultoria ambiental atingiu US$ 27,5 bi-
presas no mercado. Esse fator tem si- lhões em 2014, com previsão de che-
do um dos principais responsáveis pe- gar aos US$ 30,5 bilhões dentro de cin-
lo aumento da procura dos serviços co anos, o que significa um aumento
oferecidos pelas consultorias ambien- de 10,7 por cento sobre o valor de 2014.
tais no Brasil, setor que vivencia uma Com base nesses números, espe-
expansão nos últimos 20 anos. Basta cialistas destacam que este mercado
uma simples pesquisa no Google para tem condições de atingir patamares
visualizarmos mais de 700 mil resul- positivos também no Brasil. De acor-
tados para a palavra ‘consultoria am- do com Ricardo Rose, diretor da Ricar-
biental’ com registro de milhares de do Rose Consultoria, as consultorias
prestadores deste tipo de serviço em têm função importante em uma eco-
todas os estados do país atualmente. nomia como a brasileira. Segundo ele,
A contribuição para essa ascensão das cerca de sete milhões de empre-
vem também por intermédio de cená- sas de pequeno, médio e grande por-
rios ambientais e econômicos restriti- te existentes no Brasil (dados de 2014),
vos vivenciados nacionalmente nos úl- uma grande parte ainda não incorporou
timos tempos, que levam, por exem- conceitos básicos de sustentabilidade.
plo, à necessidade de redução de con- “Capacitar trabalhadores, melhorar
sumo de água e energia nas indús- a eficiência de processos, aumentar
trias, o que, consequentemente favo- a qualidade e diminuir o impacto am-
rece um campo de atuação para vários biental dos produtos, são aspectos dos
profissionais com experiência na área quais grande parte das empresas mé-
ambiental, uma vez que os consultores dias e pequenas, começa a ter apenas
podem ajudar as organizações a eco- uma vaga noção. E é aí que entram as
nomizarem insumos naturais, atende- empresas de consultoria e de serviços
rem as exigências legislativas e utiliza- ambientais. Se quisermos realmente
rem com mais eficiência o tempo e os tornar nosso país uma economia mo-
recursos financeiros, reduzindo, prin- derna, competitiva e inclusiva, teremos
cipalmente, os impactos socioambien- que atuar de maneira mais sustentá-
tais de seus negócios. vel”, assinala o executivo.

março | abril | 2016


23
FOCO

Estratégias Rose: “Para sermos uma economia moderna,


com um país mais competitivo, as empresas
Esse panorama é muito positivo devem atuar de maneira mais sustentável”
para alavancar inúmeros trabalhos
especializados no âmbito das con- lacionadas ao desenvolvimento sus-
sultorias. Sob esta visão, Afonso Go- tentável, agora fazem parte da pauta
mes, diretor da Horus Gestão Orga- de análise de dirigentes de empresas
nizacional, Engenharia e Sustentabi- que pretendem se perenizar em seus
lidade, afirma que as tendências que mercados, mesmo diante de todas as
cercam e podem influenciar os negó- adversidades, para estes, se consti-
cios das empresas, tais como o au- tuem em desafios. até melhorem seus resultados”, ex-
mento da competitividade por oferta “Diante deste cenário, a consul- pressa Gomes.
do mercado internacional e de econo- toria em sustentabilidade, incluin- Contratar uma empresa de con-
mias emergentes, redução de inves- do ambiental, surge para guiar es- sultoria ambiental proporciona mui-
timentos em empresas alocadas no sas lideranças no sentido das me- tas vantagens, tais como a redução do
país, dívidas públicas em descontro- lhores estratégias, políticas, mode- risco de multas impostas por órgãos
le, porém, com iniciativas de melho- los de gestão, procedimentos, pro- de fiscalização e controle ambiental;
ria de desempenho e eficácia, modelo cessos e práticas que favorecerão a otimização do tempo para a obtenção
de crescimento econômico oficialmen- condução dos negócios e operações das licenças, pois conhecem os trâ-
te incentivado atualmente versus ne- por caminhos com melhores desem- mites internos dos órgãos; minimiza-
cessidade de mais eficiência e conse- penhos interno e externo, eficácia e ção dos custos para o licenciamen-
quência no uso de recursos naturais, imagem. Na verdade, enxergar o in- to, orçamento integrado para todas
considerando também a realidade das vestimento com retorno em susten- as etapas do licenciamento; dispensa
mudanças climáticas que influenciam tabilidade é o caminho do momento a necessidade de dedicar tempo e re-
em oferta de insumos, logística e pro- para que essas empresas e líderes cursos humanos para administrar li-
cessos, dentre outras dimensões re- de visão, no mínimo, mantenham e cenças, valores e prazos; possibilida-

24 RMAI
de de obter financiamentos em ban- econômica para seus associados, es-
cos públicos, com menor taxa de ju- sas consultorias também exercem
ros; ampliar as possibilidades de for- uma função educacional em proces-
necimento a grandes clientes, uma vez sos e sistemas, bem como social. Is-
que a gestão ambiental passou a ser so se dá na medida em que possuem
uma exigência básica de grandes em- a obrigação de levar o conhecimento
presas aos seus fornecedores, são al- das melhores referências, práticas e
guns pontos destacados por Cristia- níveis técnicos e de gestão às empre-
ne Boff Maciel, diretora da Tecnoam- sas assistidas, que podem, assim, se
bi Consultoria e Engenharia Ambien- concentrar em suas respectivas voca-
tal. “Nossa atuação inicia com uma vi- ções de produção de bens ou de pres-
sita para diagnóstico da situação am- tação de serviços”, notifica.
biental da empresa, após apresenta- Além disso, Gomes aponta que há
mos as soluções e custos. Os clien- ainda a função social agregada ao ne-
tes recebem bem as propostas, por- gócio porque, com o decorrer dos tra-
que tentamos viabilizar o atendimento balhos, na prática o que ocorre é to-
a legislação e os custos das soluções”, da uma elevação nos níveis de know-
complementa ela. -how organizacional aprimorando a
No entendimento de Gomes, dian- sua gestão do conhecimento, o que
te da evolução da temática, o status necessariamente envolve os conheci-
das empresas da categoria “consul- mentos explícito e tácito, este ligado
toria ambiental” ganharam ampliação aos empregados que se tornam capa-
no conceito para consultorias em sus- citados em disciplinas eventualmen-
tentabilidade, engenharia e gestão or- te até então desconhecidas ou, no mí-
ganizacional. “Como é o caso da HGO, nimo, saem do processo reciclados
além de sua finalidade de sustentação quanto ao seu know-how. “Assim, as

março | abril | 2016


25
FOCO

Cristiane: “As consultorias ambientais


devem sempre acompanhar as tendências e
novidades do setor”

consultorias do gênero devem apoiar


e fornecer soluções às empresas que
as levem a encontrar o seu ponto de
equilíbrio entre o investimento, o re-
torno sobre ele nas disciplinas aplica-
das e o desenvolvimento empresarial e
pessoal dos colaboradores”, observa.

Novas soluções
Com as crises da água e de energia
no Brasil, é fato que as empresas es-
tão mais preocupadas em implemen-
tar soluções que ajudem-nas na re-
dução dos custos. A consultoria am-
biental pode ajudá-las nesse sentido
e, inclusive, ter um papel importan-
te na geração de lucros. Como exem-
plo, Rose, que possui grande experi- cebe que algo não vai bem e que pre- da não disponível no Brasil. “A Ricar-
ência internacional, fala que na sua cisa mudar. Está desperdiçando insu- do Rose Consultoria atua na pesquisa
área de atuação especificamente, a mos, produzindo com baixa qualidade e na comunicação, geralmente aten-
consultoria pode ajudar estas empre- e não está sendo ambientalmente sus- dendo médias e pequenas empresas,
sas na identificação de fornecedores tentável em diversos aspectos. Muitas mas com grande expertise internacio-
de tecnologias compatíveis com suas vezes, assessorada por uma consulto- nal, o que favorece a localização de de-
necessidades. Ele ressalta ainda que ria técnica, a empresa conclui que pre- tentores desta tecnologia no exterior
outro aspecto importante é comuni- cisa utilizar novas tecnologias, mais e estabelecemos a conexão”, desta-
car: “depois que o projeto de econo- modernas e eficientes, sejam nacio- ca Rose.
mia de água e/ou energia foi instala- nais ou estrangeiras. Neste momen- Neste aspecto, os principais dife-
do, é preciso passar esta informação to entra a atuação da consultoria, pa- renciais da HGO, conforme Gomes,
para funcionários, clientes, fornece- ra identificar estes potenciais forne- são o portfólio abrangente a todas as
dores e o público em geral”, informa. cedores. Outras vezes a empresa des- eventuais necessidades que uma em-
Conforme Rose, o trabalho da con- cobre uma oportunidade, mas preci- presa pode vir a ter quanto à susten-
sultoria muitas vezes começa, por sa de parceiros estrangeiros, que de- tabilidade, mantendo um alinhamento,
exemplo, quando uma empresa per- tenham certo tipo de know-how ain- coerência estratégica e economia nas

26 RMAI
soluções propostas e em seus proces- Gomes: “O cenário recessivo também
sos de implantação. apresenta grandes oportunidades para as
consultorias ambientais no Brasil”

Área multidisciplinar
A consultoria ambiental conversa tenção de diálogo com setores aca-
com várias outras áreas e troca mui- dêmicos, corporativos de outras em-
tas experiências com setores acadê- presas, autarquias e órgãos públicos,
micos, corporativos, entre outros, re- ministérios, poder executivo e secreta-
presentando uma sinergia conside- rias pertinentes, poder judiciário, den-
rada muito importante para aumen- tre outros reside exatamente na possi-
tar a expertise e explorá-las junto aos bilidade de gerir o conhecimento den-
clientes. Rose, atesta que essa troca tro do âmbito das especialidades da mento, uma vez que o setor ambien-
de conhecimentos é imprescindível consultoria. “Com isso o profissional tal está em constante evolução. Pa-
para todos os atores e colabora para consegue se atualizar constantemen- ra acompanhar as tendências e ino-
um fluxo positivo no mercado em di- te, visando justamente permitir propor vações, Gomes comenta que dentre
versos níveis. “Aqueles que atuam na e fornecer sempre as melhores solu- as maneiras pelas quais a Horus se
área da consultoria ambiental devem ções aos clientes. Assim, eles terão a mantém atualizada com relação à evo-
estar presentes em feiras, congres- certeza de que sempre estarão diante lução de conceitos, tecnologias e le-
sos, eventos científicos e, além disso, de especialistas que os levarão a co- gislações ambientais estão: estudos
– o que talvez seja o mais importante nhecer e a implantar soluções que os e pesquisas continuadas para aprimo-
– devem se informar através de leitura levarão a níveis superiores aos ante- ramento das soluções já pertencentes
de livros, revistas e pesquisa na web. riormente implementados e em ope- ao portfólio da empresa; participação
A área ambiental é multidisciplinar e o ração”, assegura Gomes. ativa em fóruns de normalização na-
seu profissional precisa conhecer um cionais e internacionais, entre outros;
pouco de muitos setores, até para sa- Tendências e inovações participação junto à câmaras ambien-
ber a quem procurar para obter infor- Para os especialistas, um item tais de instituições da sociedade civil
mações ou ajuda”, aconselha. fundamental para a melhoria contí- ou governamentais etc, assim como
Seguindo a mesma linha, Gomes nua do trabalho de uma consultoria com participação em eventos, feiras e
afirma que a importância da manu- consiste na atualização do conheci- seminários nacionais e internacionais

março | abril | 2016


27
FOCO

Aluani: “As consultorias que forem mais


competentes e eficientes, tiverem os melhores
produtos e profissionais, irão crescer”

tanto na visitação e audiência quanto


na apresentação de palestras.
Cristiane conta que a Tecnoambi
também acompanha as tendências e
inovações através de assinatura de re-
vistas especializadas na área ambien-
tal, boletim informativo de legislações,
além de visitar feiras nacionais e in- insumos, retreinar a mão de obra. Se- assim, o horizonte de oportunidades
ternacionais em busca de novidades rá uma perda para o país, se quando de atuação das consultorias ambien-
no setor. recomeçar o crescimento, as empre- tais tende a diminuir. “Em contraparti-
Justamente por conta da necessi- sas voltarem a produzir exatamente da, as empresas industriais, de cons-
dade de atuar com base nas tendên- da mesma maneira. É preciso otimi- trução, alimentícias, e outras, que se
cias e inovações, os diversos tipos de zar a produção para reduzir o uso de mantém, o fazem ao mesmo tempo em
clientes exigem uma atualização cons- recursos naturais e até para ter mais que buscam oportunidades de redu-
tante da consultoria, por isso é preci- competitividade no mercado interna- ção de custos e melhoria de desem-
so manter-se informado. “Muitas ve- cional”, recomenda. penho, visando melhorar seus resul-
zes, até pela necessidade de conheci- Mesmo diante desse cenário, as tados mexendo em elementos da com-
mento especializado, isto não é sem- perspectivas dos especialistas quan- plexa fórmula dos processos produti-
pre possível. Mas, pelo menos no ca- to a valorização dos profissionais e as vos que outrora eram tratados como
so da consultoria ambiental, é preci- possibilidades de crescimento deste constantes. Essas empresas ainda es-
so saber identificar como a mudança mercado é que ambas surgem junto tão aprendendo a pensar e agir assim
de um cenário – jurídico, tecnológico, com o aumento da demanda por es- – aí reside a maioria das oportunida-
econômico – pode vir a influenciar o ses serviços, o que denota que a crise des positivas para as consultorias am-
mercado”, arremata Rose. também gera oportunidades. bientais, notadamente as de sustenta-
Em termos gerais no Brasil, Go- bilidade como um todo”, apregoa.
Crise e oportunidades mes acredita que as expectativas de
Rose avalia que ainda há muitos redução ou de crescimento do mer- Remediação em destaque
desafios a serem superados em 2016, cado das consultorias ambientais de- No Brasil, uma pesquisa do IPT –
mesmo no mercado ambiental. “Tal- pende de alguns fatores pungentes, Instituto de Pesquisas Tecnológicas,
vez fosse hora de as empresas apro- uma vez que o mercado industrial da confere um resultado positivo para
veitarem este recesso para reavalia- maioria dos segmentos está recessi- o mercado brasileiro de remediação
rem seus processos e seus produtos. vo, com baixos investimentos em ge- ambiental, o qual já movimenta R$ 1,3
Implantar técnicas de uso eficiente de ral e notadamente em infraestrutura, bilhão ao ano; conta com 230 empre-

28 RMAI
O amplo mercado para as consultorias
ambientais atuarem fomentam novas soluções
e atividades multidisciplinares

das discussões atuais, trocando expe-


riências e gerando um networking inte-
ressante e muito produtivo”, informa.
Ele salienta a importância dos pro-
fissionais estarem alinhados com as
propostas da consultoria ambiental e
buscarem a melhoria contínua. “Te-
mos uma geração de pessoas muito
boas neste setor. Aqui, por exemplo,
temos um grupo de funcionários ex-
celentes. Eles me surpreendem, são
envolvidos, têm vontade, dedicação,
análise crítica, entre outros predica-
dos que fazem toda a diferença para
o sucesso do nosso trabalho”, avalia.
O setor produtivo vem mudando de
forma muito acelerada e se adequan-
do as demandas socioambientais atu-
ais, desta forma Aluani concorda que,
sas atuando na área e tem potencial de dências e inovações é crucial. Aluani cada vez mais, as empresas tem en-
crescer muito mais, considerando que conta que a SGW atuou com algumas tendido que a prevenção é muito mais
há no país 6.291 áreas contaminadas tecnologias muito eficientes, porém barata e conveniente do que chegar
cadastradas, principalmente no Esta- com o dia a dia começaram a per- num estágio de precisar da remedia-
do de São Paulo. Com ampla exper- ceber que no âmbito da remediação ção. “Apesar do grande mercado exis-
tise nesse setor, Sidney Aluani, dire- as exigências são muito mais sofis- tente para a remediação, percebemos
tor da SGW Services, fala sobre a im- ticadas. “Por isso, investimos muito que as empresas mudaram a postura
portância do trabalho das consultorias mais em equipamentos, tecnologias, e estão muito mais interessadas pelas
ambientais para fomentar a gestão treinamentos, pesquisas tanto para ações de prevenção”.
de áreas contaminadas por parte das o próprio processo de reação quanto Aluani avalia que além da ques-
organizações público e privadas. Um para os métodos de aplicação, o que tão ecológica, a parte financeira in-
ponto positivo na opinião dele é que a nos levou a evoluir positivamente no fluencia muito para esta conduta,
questão ambiental não é mais um ade- controle químico dos processos e das pois uma empresa ecoeficiente con-
reço do mercado, mas, sim, um dos reações. Ajustamos todos a necessi- some menos água e energia e apre-
itens fundamentais para vários negó- dade do projeto em andamento crian- sentará uma eficiência financeira me-
cios. Ele cita como referencia o setor do soluções totalmente customizadas lhor. “Por isso, consideramos que a
imobiliário, que no aspecto ambiental e que apresentaram ótimos resulta- questão ambiental entrou para valer
é um dos mais atuantes no momento. dos”, ilustra. no mercado brasileiro e veio para fi-
“Neste campo, uma área contamina- car”, destaca. Entretanto, o executi-
da pode até inviabilizar o empreendi- Foco na prevenção vo pondera que o mercado ambiental
mento, portanto é muito importante o Outro fator decisivo é que o executivo como um todo tende a diminuir por
trabalho de uma consultoria especifi- acompanha de perto as novidades par- conta de uma seleção natural do ne-
ca em remediação, pois é muito gran- ticipando de boa parte dos eventos nos gócio, mesmo assim as consultorias
de a exigência técnica para que o ne- principais mercados nacional e inter- que são mais competentes e eficien-
gócio seja viável”, diz. nacional que são referenciais na área. tes, que tiverem melhores produtos e
Neste setor acompanhar as ten- “Desta forma, estamos sempre a par profissionais, irão crescer. n

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29
RECICLAGEM

A MODA DAS
GARRAFAS PET
O
mercado da moda vive de tendências. E uma que tem sido cada
MERCADO DA MODA vez mais adotada é a da sustentabilidade. O aumento do incen-
ADOTA TENDÊNCIA tivo à coleta e a reciclagem da embalagem PET tem permitido o
uso da matéria original para a fabricação de diversos produtos.
SUSTENTÁVEL COM Um dos mais interessantes é produção de fibras de poliéster, que
estão sendo largamente utilizadas na indústria têxtil e nas con-
USO DE MATERIAIS fecções. Essa fibra pode ser tecida junto com algodão e virar matéria-pri-
FABRICADOS ma para roupas, bolsas, travesseiros, roupas de cama, tapetes e outra infi-
nidade de produtos, ou ainda ser utilizada em sua forma bruta na confecção
A PARTIR DE de banners, sacolas, embalagens, entre outros produtos.

GARRAFAS PET Uma das empresas brasileiras que tem adotado essa tendência é a CorBra-
zil que produz saídas de banho e acessórios para praia e piscina. Para comple-
Por Sofia Jucon tar a coleção da marca, as bolsas e nécessaires foram confeccionadas com te-
cidos produzidos a partir de garrafas PETs recicladas. Para a produção de um
metro de tecido são utilizadas seis garrafas PET de dois litros.
“Para combinar com toda a questão da sustentabilidade, as estampas das
bolsas e nécessaires têm tudo a ver com a natureza. São alegres, com folha-
gens e animais que representam a fauna brasileira, como onça, tucano e ara-

30 RMAI
ra”, afirma a diretora da marca Gisle- neste mercado, em 2015, a Ecosimple idealizada pelo publicitário Rafael Stu-
ne Mastro Antonio. firmou uma parceria com o estilis- dart, que aproveitou a facilidade de dis-
Uma garrafa PET jogada na natu- ta Alexandre Herchcovitch para for- seminação das redes sociais para ven-
reza demora cerca de 400 anos pa- necer material ecologicamente corre- der as camisetas fabricadas com fios
ra se decompor. “E com essa saída to. “Houve uma simbiose: ele procura- de PET e angariar fundos para a “Cam-
encontrada pela CorBrazil, o desti- va um fornecedor de tecidos sustentá- panha Vida na Seca”. “Após a campa-
no das garrafas que seriam descar- veis com produtos compatíveis às su- nha, passei dois anos pesquisando so-
tadas ficou muito mais glamouroso”, as criações e a Ecosimple buscava um bre tecnologias de tecido, de tintas e
aponta Gislene. designer renomado”, conta Claudio Ro- reciclagem de papel para conseguir-
cha, diretor comercial da Ecosimple. mos criar as camisetas a partir das
Cadeia de valor Além das peças expostas nos des- garrafas PET”, conta o empresário.
Em 2015, o Grupo Malwee lançou o files da São Paulo Fashion Week ano Toda coleção Vida BR e produzi-
Plano de Sustentabilidade 2020 – pla- passado, a empresa firmou uma par- da com tecidos à base de fios de PET
no estratégico de sustentabilidade da ceria com Herchcovitch para uma co- reciclado e trazem mais uma inova-
empresa para 2020, visando ser refe- leção de tecidos desenvolvidos e assi- ção: com o efeito da luz solar, as co-
rência mundial como empresa de mo- nados pelo estilista. res das estampas aparecem de for-
da que engaja seus stakeholders para A Ecosimple usa o descarte e as ma realçada.
o desenvolvimento de uma cadeia de aparas de outras confecções que iriam Rafael destaca ainda que a Vida
valor sustentável. para o lixo ou aterros. “Esse material é BR atua em prol da logística reversa.
Por isso, o desafio de unir moda, recolhido e enviado para uma coope- “Quem adquire uma camisa nos dias
responsabilidade ambiental e boas rativa de famílias carentes, que sepa- de hoje, daqui a cinco anos poderá de-
práticas sociais foi o ponto de partida ra por cor e composição têxtil. Na fá- volvê-la à loja como forma de descon-
do projeto “Eu abraço Sustentabilida- brica, as aparas voltam ao seu estado to para a obtenção de uma unidade
de com Estilo”, campanha pela qual a original e são misturadas a fibras de nova. E outra iniciativa que adotamos
Malwee busca mostrar o quanto a mo- garrafas PET”, conta Rocha. foi a de praticar a logística reversa.
da pode ser uma vitrine para as gran- Essas camisetas utilizadas durante
des mudanças do mundo. Solidariedade esse tempo serão aproveitadas para
A coleção, composta por camisas O empenho para atender as neces- a fabricação de novas peças. Assim,
e camisetas de diversas modelagens, sidades básicas e emergentes dos ser- esse material ficará circulando, sem
é feita de matérias-primas sustentá- tanejos do município de Milhã, CE, re- retornar ao meio ambiente na forma
veis, como malha PET (composição de sultou na criação da marca Vida BR, de resíduos”, finaliza. n
fibras de algodão e garrafas PET 100%
recicladas), malha desfibrada (compo-
sição que mistura novas fibras de al-
godão, resíduos de malha e poliéster
PET) e meia-malha Brasil (tecnologia
exclusiva composta pela Fibra Brasil,
oriunda do reaproveitamento das fi-
bras de bananeira).

Estilistas
Outra empresa que aderiu ao uso
do PET em seus produtos foi a Ecosim-
ple, que produz tecidos sustentáveis.
Com o objetivo de ampliar sua atuação

“Campanha Vida na Seca”, da marca Vida BR,


une inovação e responsabilidade ambiental

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31
RECICLAGEM

GLASS IS GOOD
A
PROGRAMA pós cinco anos de pioneirismo, o programa Glass Is Good® cele-

CELEBRA MAIS bra o notável desempenho nas cidades de Campinas e São Pau-
lo, em SP; Fortaleza, CE; e Recife, PE. Desde sua criação pela
DE 16 MILHÕES Diageo – empresa que atua no segmento de bebidas alcoólicas
Premium e dona de marcas como Smirnoff®, Johnnie Walker®
DE GARRAFAS e Ypióca® – a iniciativa já firmou parceria com 130 casas, en-
RECICLADAS tre bares, restaurantes, baladas e eventos, e atingiu a marca de oito mil to-
neladas de vidro reciclado, o equivalente a cerca de 16 milhões de garrafas.
O cunho sustentável da ação já foi reconhecido pelos prêmios Cidade Pró-
-Catador, da Secretaria-Geral da Presidência; ECO, da Amcham - Câmara
Americana de Comércio; e prêmio da FIBoPS - Feira Internacional para as
Boas Práticas Socioambientais, realizada pelo Instituto Mais.
Desenvolvido em 2010, o projeto surgiu motivado pelo baixo índice de re-
ciclagem de vidro: de acordo com a Abividro - Associação Brasileira do Vi-
dro, apenas 47% da matéria-prima em questão recebe destino correto (con-
fira mais dados no quadro ao lado). Pensando nisso, a Diageo firmou acordo
com nove cooperativas de catadores para armazenamento e trituração e a
Owens Illinois – maior fabricante de embalagens de vidro do mundo – criando
uma cadeia completa de recolhimento, triagem e reaproveitamento de vidro.
Anterior à Política Nacional de Resíduos Sólidos, que corresponsabili-

32 RMAI
za as indústrias pela gestão do des-
carte dos produtos que fabricam, o
Glass is Good alia geração de renda
para as cooperativas à redução de
emissão de CO² e economia de ener-
gia e água. Novas tecnologias para o
processo de reciclagem também são
desenvolvidas pelo programa.
Desde 2014, o Glass is Good pas-
sou a contar com o apoio de patroci-
nadores como a Companhia Müller,
Heineken e Pernod Ricard que, jun-
tas, ajudam a impulsionar o progra-
ma e ampliar o volume coletado. “Es-
tes apoios estão fazendo uma diferen-
DADOS SOBRE A RECICLAGEM DE VIDRO
ça enorme em torno de um tema tão ❖ O vidro leva 4.000 anos para se decompor
importante: a destinação ambiental- ❖ Em 2015 foram contabilizadas 8105,1 toneladas de vidros
reciclados no Brasil
mente correta de embalagens de vi-
❖ Este montante equivale a 16.745.867 garrafas de Smirnoff 21
dro. A Diageo lançou essa empreitada
❖ Só em São Paulo são recicladas 224 ton de vidro/mês
há cinco anos e agora mobiliza impor- ❖ As embalagens de vidro correspondem a 1,5% de todo
tantes empresas do setor a fazerem o resíduo sólido urbano em São Paulo
parte do programa e permitir ampliar ❖ Dados da Abividro informam que, de 980 kton/ano,
sua abrangência e impacto”, comen- 53% não são reciclados
ta Tatiana Correia, gerente de Susten- ❖ Na Suécia 95% do vidro produzido é reciclado
tabilidade da Diageo PUB (Paraguai, ❖ Segundo a Abividro, no Brasil apenas 47% do vidro produzido
é reciclado e recebe destinação correta
Uruguai e Brasil).n

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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

BIOMASSA SÓLIDA
M
EM PROL DE NOVAS uitas empresas estão se mobilizando para contribuir com soluções
para o segmento e pelo incentivo da diversificação da matriz ener-
TECNOLOGIAS E gética no setor industrial, como por exemplo, o uso da biomassa.
NEGÓCIOS, SETOR O bagaço da cana-de-açúcar, madeira, lixo urbano ou industrial
e resíduos agrícolas e industriais são os destaques da biomassa,
INDUSTRIAL INVESTE que, atualmente é considerada pela Embrapa – Empresa Brasi-

EM DIVERSIFICAÇÃO leira de Pesquisa Agropecuária, a principal fonte de energia renovável no país,


substituindo o uso de combustíveis fósseis, como petróleo e gás.
ENERGÉTICA Este foi o foco principal do o simpósio internacional Bio.Combrasil – Bio-
massa Sólida, Tecnologias e Negócios, realizado pelo Ibiom - Instituto da Biomas-
sa Energética, entre os dias 12 e 13 de novembro de 2015, no auditório da Fiesc
– Federação das Industrias do Estado de Santa Catarina, em Florianópolis, SC.
Tratou-se de um evento empresarial e tecnológico que teve por objetivos: conhe-
cer as iniciativas e estratégias nos países Ibéricos quanto à produção, comercia-
lização e utilização da biomassa sólida; acelerar a organização da cadeia de va-
lor da biomassa sólida para geração de energia térmica e elétrica; entender e es-
timular as inter-relações entre empresa, academia e governo; obter uma visão
do setor privado em termos de agenda estratégica para aumentar as oportuni-

34 RMAI
dades tecnológicas e comerciais; apre- biomassa, apesar de liberar CO2, este nológico, que a partir das discussões
sentar resultados de pesquisas cientí- gás já havia sido absorvido pela plan- ocorridas durantes os dois dias do
fico-tecnológicas referentes às tecno- ta durante o processo. Portanto, torna evento apresentaram suas contribui-
logias de conversão da biomassa sóli- o balanço de emissões de CO2 pratica- ções, o que permitiu chegar até a ela-
da; entre outras ações. mente nulo”, afirma Losso. boração do documento final. Um gru-
No Brasil, o incentivo para o con- po formado pelos palestrantes, profes-
Experiência prática sumo da biomassa no setor industrial sores das diversas instituições acadê-
Apresentar as iniciativas da indús- também é expressivo, especialmente, micas envolvidas e de instituição publi-
tria quanto à utilização da biomassa em meio ao cenário atual, de crise eco- cas irão revisar este documento com
sólida para geração de energia térmi- nômica, em que a fonte renovável se o fim de ajudar a traçar caminhos pa-
ca foi tema da palestra do engenheiro apresenta como uma solução na redu- ra a consolidação e crescimento do se-
Mauro Losso, consultor do Grupo Icon. ção de custos - fundamental para as tor de biomassa combustível.
Na oportunidade, Losso exibiu ao públi- empresas se manterem competitivas Marli destacou a importância do
co um case do Gerador de Gás Quen- no mercado. Para o consumidor, es- apoio de diversas entidades público e
te alimentado por biomassa, equipa- ta é também mais uma opção para o privadas de Santa Catarina, empresas
mento da Icon (foto) que tem rápido consumo responsável e a seleção por dos diversos segmentos da indústria
retorno de investimento, em média de empresas ambientalmente amigas e da biomassa para levar adiante os ob-
quatro meses, de acordo com o clien- preocupadas com a sociedade em que jetivos do simpósio. “Todos foram im-
te e condições de pagamento. “Além de estão inseridas. Em Mato Grosso do prescindíveis para o sucesso do even-
trazer redução de custos para empre- Sul, por exemplo, a Semade - Secre- to e para os desmembramentos mais a
sas, uma vez que a biomassa energé- taria de Meio Ambiente e Desenvolvi- frente. Será um trabalho realizado com
tica em forma de cavaco de madeira, mento Econômico, e o Imasul - Instituto vários atores da cadeia de valor e um
por exemplo, pode custar até cinco ve- de Meio Ambiente do Estado, estimu- marco para o inicio de uma mudança
zes menos por unidade de energia ge- lam empresas a instalarem Unidades estratégica ao cenário da biomassa
rada, em comparação ao gás natural. O Termelétricas de Biomassa acima de como combustí-
equipamento é uma solução inteligente 10 megawatts que utilizem como com- vel renovável
para uma indústria mais responsável bustível derivados da biomassa. Des- e de uma in-
e preocupada com a comunidade que de 1º de outubro de 2015, as interes- dústria mais
está inserida, sem afetar o desenvol- sadas já puderam protocolar o pedido competitiva e
vimento socioeconômico dessas regi- de licença prévia para esse tipo de em- sustentável”,
ões”, explica ele. preendimento que envolve investimen- concluiu. n
A fonte renovável já é bem vista, tos de aproximadamente R$ 1 bilhão.
também, por olhos europeus. Pro-
va disso é sua utilização na Europa, Competitividade
um dos maiores importadores do in- Para Marli Luisa Juárez y Sales, co-
sumo. Segundo pesquisas da revista ordenadora do Ibiom, a excelência das
The Economist a biomassa energética palestras e as ricas discussões
responde por cerca de metade do con- fortaleceram ainda mais a ideia
sumo de energia renovável da Europa. da necessidade de desenvolver
Em alguns países, como a Polónia e a estratégias para o setor
Finlândia, a madeira satisfaz mais de da biomassa combustí-
80% da procura de energia renovável. vel no Brasil.
Só em 2012, o continente europeu con- Ela destacou que ao
sumiu 13 milhões de toneladas de “pel- final, o Ibiom recebeu o
lets” de madeira, conforme o Interna- apoio de técnicos e de
tional Wood Markets Group. “Essa fon- mais de 30 empresas,
te é menos poluente, pois ao queimar a maioria do setor tec-

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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ARTIGO
Ulrich Spiesshofer

MELHORIA DA EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA NOS
MOTORES ELÉTRICOS
A
lguém pode imaginar – depois de anos com foco no aquecimento global – que já
tivessem sido adotadas todas as medidas de fácil implementação para a redução
das emissões de gases de efeito estufa. E, enquanto os governos preparavam-se
para sua 21ª Conferência anual sobre mudanças climáticas (COP21), surpreendentemente,
alguns frutos continuam esperando para serem colhidos. Aliás, não penso nos pequenos
frutos. Estou falando de grandes frutos, de alto rendimento. Considere isto: eficiência ener-
gética na montagem de motores elétricos em todas as bombas e ventiladores com disposi-
tivos para regularem a sua velocidade economizariam 3.338 TWh (3,3 milhões GWh), equi-
valentes, aproximadamente, à quantidade de energia elétrica produzida na UE em 2013*.
A oportunidade é muito grande porque os motores elétricos estão entre os maiores
consumidores de energia. Eles alimentam todo tipo de equipamento e representam cer-
ca de 40% de toda a eletricidade consumida no mundo inteiro. Na União Europeia (UE),
eles são responsáveis por cerca de 12% do total das emissões de CO2, ficando atrás ape-
nas dos produtos para o aquecimento de ambientes**. Nos últimos anos, a UE, juntamen-
te com vários outros países, como Estados Unidos e China, impôs novas regras que exi-
gem que motores mais antigos, grandes consumidores de energia, sejam descartados ou
substituídos gradualmente. Essas regras, conhecidas como Minimum Energy Performan-
ce Standards (MEPS), especificam os níveis mínimos aceitáveis de eficiência de um produ-
to, definindo quais produtos podem ser comercializados e vendidos. Normalmente, com o
passar do tempo, essas MEPS tornam-se mais rigorosas. Na UE, por exemplo, regras que
exigem uma classe de motores de maior eficiência, entraram em vigor em janeiro de 2015.

Modernização
As MEPS na Europa, e seus equivalentes em outros países, acabarão por levar à mo-
dernização da base instalada de motores elétricos. No entanto, no ritmo atual de imple-
mentação, levando em conta as lacunas e problemas de aplicação, provavelmente, eles fi-
carão aquém das economias de energia necessárias para atingir as metas do clima, em
especial porque o consumo mundial de energia deverá aumentar em 30% nos próximos 15
anos. Uma razão para isso é que as MEPS especificam a eficiência de produtos individuais,
motores elétricos neste caso, ao invés da eficiência dos sistemas do motor. Não importa o
quão eficiente é um motor se ele não puder regular sua velocidade de acordo com a carga,
porque sempre estará operando em potência máxima. A legislação está mudando gradu-
almente para atender essa demanda – por exemplo, as regras da EU, que entraram em vi-
gor em janeiro de 2015, especificam que determinados motores (menos eficientes) devam
ser capazes de ajustar sua velocidade. Mas, apenas cerca de 10% dos motores em servi-
ço em todo o mundo estão equipados com inversores de frequência que lhes permita fazer
isso, ainda que a economia de energia possa ser substancial – de 50% em alguns casos*.

36 RMAI
Outro desafio é estabelecer MEPS comuns, globalmen- didas que podem ser posta em prática imediatamente, sem
te. Novamente, estão sendo feitos progressos nessa área, medo de prejudicar o crescimento econômico; com efeito,
com mais e mais países se voltando a normas mais harmo- desde que a maioria dos investimentos em tecnologia em
niosas; mas, há, ainda, muito a ser feito. Um recente estudo eficiência energética retorne em um ano ou dois, por meio
encomendado pela Comissão Europeia*** concluiu que, se de custos mais baixos em energia, elas podem aumentar
a mais rigorosa das MEPS para a eficiência energética de significativamente a competitividade e, substituindo o velho
um produto fossem harmonizadas hoje, o consumo global equipamento, gerar atividade econômica adicional. O fruto
final de energia no mundo seria 9% inferior e o consumo de não será mais baixo do que este.n
energia devido especificamente a produtos, seria 21% mais
baixo. Isso economizaria 8.950 TWh de eletricidade, o equi- Notas:
valente ao fechamento de 165 centrais elétricas alimenta- * O cálculo baseia-se na base instalada de drives (acio-
das a carvão, ou a tirar de circulação 132 milhões carros. namentos com velocidade variável da ABB), que cobre cerca
O tempo está correndo em relação à mudança climáti- de 20% do mercado global, e estima-se que esteja economi-
ca. O peso da opinião científica é que não temos muito mais zando cerca de 445 TWh de eletricidade, anualmente.
tempo para inverter o curso das emissões; caso contrário, ** Fonte: Comissão Europeia
não será possível limitar o aquecimento global a dois graus *** “Savings and benefits of global regulations for ener-
acima dos níveis pré-industriais, que é considerada o limite gy efficient products” (“Economia e vantagens das regu-
máximo de temperatura que podemos sustentar sem de- lações globais para produtos com eficiência energética”),
sencadear eventos climáticos potencialmente catastróficos. União Europeia, setembro de 2015
De todas as ações que podem e estão sendo tomadas pa-
Ulrich Spiesshofer
ra limitar as emissões de carbono e de mitigação dos efei- Presidente e CEO da ABB Ltd., tem um PhD em Economia,
tos da mudança climática, nenhuma promete mais do que bem como um curso de mestrado em Administração de
Empresas e Engenharia pela Universidade de Stuttgart,
a melhoria da eficiência energética. Existem inúmeras me- Alemanha

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ECONOMIA VERDE

AGRONEGÓCIO
SUSTENTÁVEL
P
ara reunir as grandes cabeças atuantes nos mercados relaciona-
SIMPÓSIO DA ESALQ/ dos com o Agronegócio Brasileiro e discutir a sustentabilidade alia-
USP DEBATEU A da à produtividade, bem como projeções para um futuro consciente,
o Pecege - Programa de Educação Continuada em Economia e Ges-
SUSTENTABILIDADE tão de Empresas, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Quei-

APLICADA AO roz” (USP/Esalq) realizou, nos dias 10, 11 e 12 de dezembro de 2015,


em Piracicaba, SP, o V SIM – Simpósio de Agronegócio e Gestão, cujo objetivo foi
GERENCIAMENTO DE reunir profissionais e especialistas com diferentes experiências e atuações no
mercado agrícola para expor as múltiplas faces do agronegócio, o que tem sido
GRANDES NEGÓCIOS desenvolvido e o que podemos esperar do setor para os próximos anos no que

NO SETOR AGRÍCOLA diz respeito a responsabilidade social e ambiental.


“É importante que os universitários – os futuros profissionais – contemplem
discussões sobre como produzir, gerir e avançar nos negócios de maneira sus-
tentável”, explicou Debora Rosche Ferreira, pesquisadora do Pecege e respon-

38 RMAI
sável pelo V SIM. Segundo ela, os pa- ral e Agronegócios, discutiu o “Marke- Baines, da Unilever ( à esquerda); e Rodrigues,
lestrantes expuseram cases de suces- ting da Sustentabilidade”. O evento foi da SNA, expuseram dados sobre o setor
so, tendências e problematizações so- finalizado por Terence Spencer Baines,
bre a sustentabilidade dos mercados, gerente de sustentabilidade na área de gastos de insumos, o treinamento e
com a atenção voltada para o que es- compras da Unilever Brasil, que abor- melhoria contínua, a receita da ca-
tão pensando as grandes empresas. dou modelos de negócio que visão pro- deia e biodiversidade. “Nós desen-
“A ideia foi levar para o público o que dução sustentável. volvemos trabalhos que, muitas ve-
foi feito, o que está sendo realizado e o zes são complexos e exigem grande
que está por vir em relação a negócios Fazendas sustentáveis demanda de trabalho e persistência,
sustentáveis”, frisou a pesquisadora. Em sua palestra, Baines, da Uni- mas isso nos dá produtos sustentá-
Entre os palestrantes convidados, a lever, destacou que dentro do agrone- veis, que ganham outra força dentro
programação contou com palestra de gócio existem vários líderes. Cada um, do mercado”, explicou.
Celso Manzatto, especialista da Em- preocupado com um fator. Alguns com Baines deu o exemplo da Unilever,
brapa; e do docente José Roberto Mo- a produção contínua de seus produtos, que leva seu pessoal do marketing pa-
reira, do CENBIO/USP, que apresenta- outros com a marca, outros com a vi- ra dentro do campo, para que eles en-
ram o tema “Sustentabilidade no se- sibilidade. “Mas como entender esses tendam o que é a sustentabilidade. Es-
tor sucroenergético”; Roberto Rodri- pontos?”, provocou. “Para a empresa, sa experiência serve para que eles as-
gues, engenheiro agrônomo, agricultor há o padrão legal da sustentabilidade similem a diferença entre as fazendas
e presidente da SNA - Academia Na- e a nossa base de dados, com nossas sustentáveis e as que fogem desse pa-
cional de Agricultura, explanou sobre o ponderações”, disse. drão. Conforme Baines, esse processo
“Panorama do agronegócio nacional”; Conforme ele, entre os principais engloba, além do marketing interno, os
e Maurício Mendes, diretor da Agroto- aspectos avaliados pela Unilever es- publicitários, agências – com uma es-
ols e ex-presidente da AMBR&A - As- tão, o cumprimento legal, o geren- timativa de mais de cinco anos para
sociação Brasileira de Marketing Ru- ciamento de riscos, a otimização de se tornar coeso. n

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ECONOMIA VERDE ARTIGO
Helena Nery Alves-Pinto, Peter Newton, Luís Fernando Guedes Pinto

PECUÁRIA
SUSTENTÁVEL –
CERTIFICAÇÃO DE
GADO NO BRASIL

N
este estudo de caso examinamos o progra-
ma de certificação de gado da RAS - Rede de
Agricultura Sustentável, no Brasil. O estudo é
importante por três razões: em primeiro lu-
gar, o setor de gado no Brasil está associa-
do a altas taxas de desmatamento e emis-
sões de gases de efeito de estufa; segundo, o Brasil é ca-
racterizado por um cenário político complexo, com um
grande número de programas implementados simulta-
neamente em uma variedade de escalas: e em terceiro
lugar, o programa de gado RAS foi indicado pelo eleva-
do nível de sustentabilidade no setor no Brasil, principal-
mente porque os seus critérios (por exemplo, com rela-
ção ao desmatamento e rastreabilidade) são mais rigo-
rosos e sua definição de sustentabilidade é mais abran-
gente, pois incorporam múltiplas dimensões tanto na
sustentabilidade ambiental e social do que qualquer ou-
tra intervenção na cadeia de fornecimento de gado, sen- de Gado, por sua vez, também baseia-se na Norma pa-
do visto, desta forma, como uma aproximação para me- ra Agricultura Sustentável. O padrão bovino é dividido
lhorar a sustentabilidade do setor. em 15 princípios e 136 critérios, composto dos 10 prin-
A SAN - Rede de Agricultura Sustentável, é um con- cípios existentes de Norma para Agricultura Sustentá-
sórcio de certificação que desenvolve padrões para pro- vel e cinco princípios que foram desenvolvidos especi-
mover a sustentabilidade social e ambiental nas cadeias ficamente para a indústria do gado. Os 15 princípios re-
produtivas agrícolas em nível mundial, por meio da in- ferem-se a sistemas de gestão, a conservação do ecos-
tegração de produção sustentável com a conservação sistema, proteção dos animais selvagens, conservação
da biodiversidade, a responsabilidade social, ambien- de água, condições de trabalho, saúde ocupacional, re-
tal e bem-estar. Seu principal objetivo é reduzir o des- lações comunitárias, gestão integrada das culturas, con-
matamento tropical e aumentar a sustentabilidade pela servação do solo, de gestão integrada de resíduos, sis-
criação, e normas sociais de bem-estar ambiental para temas de gestão integrada de gado, alcance sustentável
cadeias de suprimento agrícolas. A rede é uma parceria e manejo de pastagens, bem-estar animal, e reduzindo
entre nove organizações, incluindo a Rainforest Alliance, as pegadas de carbono. Cada um destes princípios con-
presente em oito países. O principal programa de certi- tém vários critérios.
ficação utilizado pela SAN é a Norma para Agricultura O programa de Produção de Gado Sustentável foi de-
Sustentável, que tem sido utilizado para certificar cul- senvolvido pela RAS e o Catie - Centro Agronômico Tro-
turas agrícolas desde 1992. pical de Investigación y Enseñanza, com o apoio técnico
A Norma para Sistemas Sustentáveis de Produção de peritos do Grupo Ganadería y Manejo del Medio Am-

40 RMAI
co certificado) e Fazenda Água Sadia, no Brasil e em El
Guapinol, na Guatemala. As fazendas São Marcelo e a
Água Sadia são todas de propriedade do grupo JD e as
chamaremos de Fazendas São Marcelo (FSM). A FSM
conseguiu a Certificação de Grupo Padrão em 2013 (uni-
dade Fazendas São Marcelo Juruena para o nascimen-
to de gado; unidade Fazendas São Marcelo Tangará da
Serra para o crescimento e engorda, e Fazenda Água Sa-
dia também para o crescimento e engorda). Além disso,
uma unidade do matadouro Marfrig tornou-se o primeiro
e único global a ser certificada com a Cadeia de Custó-
dia Padrão em 2012. O supermercado Carrefour começou
a vender carne certificada pelo RAS no Brasil em 2013.
Outras fazendas no Brasil estão atualmente no proces-
so de busca da certificação.

Resultados
O programa de certificação sustentável do gado RAS
representa um nível muito elevado de práticas sustentá-
veis, uma vez que ultrapassa as exigências de outras in-
tervenções rigorosas. Assim, para ser capaz de sequer
considerar a certificação RAS como uma opção, uma fa-
zenda já precisa ter atingido um nível mínimo de confor-
midade com estas outras políticas e normas. Um gran-
de número de intervenções de políticas que visam me-
lhorar a sustentabilidade da cadeia de fornecimento de
gado no Brasil têm sido desenvolvidas e implementadas
pelo setor privado, estado e sociedade civil. Estas inter-
venções variam muito em seus objetivos, nos mecanis-
biente (Pecuária e Grupo de Gestão Ambiental - GAM- mos pelos quais elas se movem em direção a esses ob-
MA). A norma foi lançada em julho de 2010 na sequência jetivos e no seu âmbito espacial e temporal. Descobri-
de uma consulta pública de 34 países realizada em con- mos que a implementação do programa de gado RAS foi
sonância com a ISEAL Alliance - Código de Boas Práti- diversas vezes complementada e limitada por estas ou-
cas para o estabelecimento de normas socioambientais tras intervenções. Aqui destacamos as principais inter-
(RAS 2010). O processo envolve uma auditoria de certifi- venções agrupadas de acordo com a sua principal agên-
cação inicial completa, seguido de duas auditorias anu- cia executora (governo, sociedade civil, setor privado,
ais. A partir deste ciclo de três anos começa novamen- ou multi-stakeholders), e delinear as interações com-
te com outra auditoria completa. Os produtores podem plementares, substitutivas, e antagonistas principais no
optar por ter uma visita de diagnóstico antes da primeira programa de gado RAS, o Código Florestal (Lei Nacio-
auditoria completa, para avaliar superficialmente onde a nal do Brasil, Lei nº 12,651 de 25 de maio de 2012), uma
fazenda está posicionada em relação aos critérios. Para das legislações nacionais mais estritas à proteção das
tornarem-se certificadas, as fazendas têm de cumprir: florestas em todo o mundo.
a) 80% de todos os critérios, b) pelo menos 50% dos cri- O CAR - Cadastro Ambiental Rural também repre-
térios de cada princípio, e c) 22 critérios críticos (que as senta um passo importante para fazer cumprir a legis-
fazendas têm de cumprir completamente). lação ambiental. Nas regiões onde o CAR é amplamen-
Em 2012, quatro fazendas foram certificadas para o te implementado já ajudou a monitorar o desmatamen-
padrão de sistemas de produção de gado sustentáveis: to, e por sua vez, pode catalisar a taxa na qual fazendas
Fazendas São Marcelo (duas propriedades com um úni- tornam-se mais perto de alcançar os critérios da RAS,

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41
ECONOMIA VERDE ARTIGO

atuando sinergicamente. O prazo para todas as proprie- de incentivo do setor privado e, por fim, o programa de
dades se registrarem foi adiado para maio de 2017. Em certificação de gado RAS. O BPA, assim, complementa
setembro de 2015, apenas 53,56% da área do território e substitui alguns elementos do programa.
nacional estava registada. A rastreabilidade e controle de fontes do gado é um
Algumas intervenções, tanto obrigatórias como volun- grande desafio para a redução do desmatamento, agra-
tárias, destinam-se a aumentar a sustentabilidade por vado pela complexidade da cadeia de abastecimento. O
meio da restrição do acesso ao mercado para os produ- Sisbov - Sistema Brasileiro de Identificação de Origem e
tores insustentáveis (por exemplo, aqueles com o des- Certificação de Bovinos e Búfalos, é um programa que
matamento ilegal em suas propriedades). identifica cada animal dentro de uma propriedade e é ca-
paz de rastreá-los entre fazendas e matadouros. Sisbov
Programas BPA e Sisbov é um requisito obrigatório do governo federal, mas ape-
O programa BPA - Boas Práticas Agropecuárias, de- nas rastreia animais nos três últimos meses de sua vi-
senvolvido pela Embrapa é uma referência de critérios da. Além disso, o programa é projetado principalmen-
conjuntos a serem utilizados pelos produtores de todo te para facilitar a exportação de carne para mercados
o país para a melhoria dessas práticas. Alguns outros mais rigorosos, que exigem garantias sobre a saúde e a
programas também usam esses critérios como diretriz qualidade sanitária da carne. Não tem nenhum foco ou
para a determinação das melhores alternativas de pro- exigência de outras questões de sustentabilidade. Para
dução. O objetivo dos programas é o de orientar os pro- atender plenamente aos requisitos do programa de ga-
dutores em um conjunto de atividades que resultem em do RAS seria necessário abranger o ciclo de vida com-
maior produtividade e sustentabilidade. As orientações pleto de cada animal e garantir que todas as fazendas,
incluem normas e procedimentos relacionados com a incluindo aquelas onde o gado nasce, fossem livres de
gestão da propriedade, aspectos sociais de propriedade, desmatamento desde 2005.
recursos humanos, bem-estar animal, manejo de pas- Existem ainda intervenções com base em incentivos
tagem, ração animal, rastreabilidade, controle sanitário do setor privado, como o Marfrig Club, Garantia de Ori-
e manejo reprodutivo. Este programa está sendo imple- gem (GO) e os programas ‘Taeq’, que foram desenvolvi-
mentado por mais de 200 produtores de todo o país. Ao dos por varejistas no setor de bovinos no Brasil para es-
melhorar as práticas sustentáveis, as fazendas podem tabeler normas voluntárias que podem ser seguidas por
estar melhor preparadas para participar em programas produtores, que em troca podem vender os seus produ-

42 RMAI
tos com rótulos desses programas, às vezes por preços bilidade, e definição de papéis claros para todas as par-
mais elevados. Embora os padrões de sustentabilidade tes interessadas.
destes programas sejam sistematicamente inferiores Nenhuma intervenção de política pública fornecerá
aos do programa gado RAS, a adesão aos critérios po- uma solução para melhorar a sustentabilidade e a redu-
dem conduzir a uma melhoria nos processos de produ- ção do desmatamento associado com a cadeia de forne-
ção e sustentabilidade, aproveitando produtores partici- cimento de gado no Brasil. Como tal, o programa de gado
pantes mais perto das normas do programa gado RAS. RAS é uma ferramenta adicional que complementa ou-
Além disso, várias intervenções contribuem para que tras inúmeras intervenções. Em nosso exemplo, as inter-
os produtores implementem planos de gestão e para me- venções combinadas, incluindo as políticas e incentivos,
lhorar o controle de produção e manejo de pastagens. provavelmente criarão oportunidades e desafios no ob-
Entre estes constam os programas Pecuária Integrada jetivo de melhorar a sustentabilidade e intensificar o pro-
de Baixo Carbono e a Prática da Pecuária Sustentável, grama de gado RAS. O Brasil tem uma paisagem ampla
respectivamente desenvolvidos pela ONG Instituto Cen- de governo, sociedade civil, setor privado e as interven-
tro de Vida e pelo GTPS - Grupo de Trabalho da Pecuária ções de políticas públicas multilaterais, que, juntos, po-
Sustentável, com foco no manejo de pastagens, intensifi- dem facilitar uma mudança global em sustentabilidade
cação e boas práticas de produção dentro das unidades em todo o setor, contribuindo para alcançar a conformi-
de demonstração (DUS) em fazendas voluntárias. Como dade ambiental, adoção de melhores práticas de gestão,
resposta dos resultados positivos, o programa ‘Pecuária e o desenvolvimento de sistemas de monitoração efica-
integrada de baixo carbono’ foi continuado como o pro- zes. Ainda assim, nossa pesquisa identifica lacunas on-
grama recém-lançado Novo Campo, com o objetivo de de há necessidade de um quadro mais coerente na po-
ampliar o número de fazendas que estão melhorando as lítica que conduz a uma maior complementaridade en-
suas práticas de produção. tre as intervenções, bem como mais incentivos aos agri-
cultores para participarem. Os laços estratégicos fortes
Discussão entre as intervenções podem aumentar seu impacto in-
A intensificação das intervenções destinadas a me- dividual e coletivo. Os grupos que são capazes de exer-
lhorar a sustentabilidade da agricultura depende signi- cer influência sobre grande parte da cadeia de forneci-
ficativamente do contexto institucional em que são im- mento de gado podem ser bem posicionados para facili-
plementadas e, na medida em que são apoiadas ou limi- tar essa coordenação. No entanto, esses grupos só po-
tadas por outras intervenções (políticas ou programas dem cumprir efetivamente esse papel se os seus obje-
de incentivo), agindo no mesmo setor. Essa intensifica- tivos se alinharem com o interesse público mais amplo
ção do programa de gado RAS pode ser desejável se, e uma interpretação abrangente de sustentabilidade. n
como as evidências indicam, promover um maior nível
de sustentabilidade em fazendas participantes do que é
HELENA NERY ALVES-PINTO
atualmente observada na grande maioria das explora- Instituto Internacional para Sustentabilidade
ções agrícolas no Brasil.
Outros aspecos importates para alcançar (e demons-
trar) maior sustentabilidade na cadeia de fornecimento
PETER NEWTON
de gado no Brasil é uma maior capacidade de monito- Recursos Florestais Internacionais e Instituições (IFRI);
ramento e fiscalização, complementaridade e coorde- Rede de Investigação da Fac. de Rec. Naturais e Meio
Ambiente da Univ. de Michigan; Programa de Estudos
nação entre as intervenções de políticas públicas. No Ambientais, Sustentabilidade, Energia e Meio Ambiente
nosso exemplo, a cadeia de gado brasileiro, a coordena- Complex, Univ. do Colorado (EUA)
ção entre atores e iniciativas estão prestes a ser facilita-
LUÍS FERNANDO GUEDES PINTO
das por organizações de múltiplas partes interessadas, Imaflora - Instituto de Manejo e Certificação Florestal
tais como a Pecuária Sustentável. As organizações que e Agrícola
são capazes de convocar atores de toda a cadeia de for-
necimento de gado poderiam oferecer um caminho pa- Este texto é um resumo do artigo publicado na revista
acadêmica Tropical Conservation Science | ISSN 1940-0829 |
ra uma maior coordenação, se puderem demonstrar e Tropicalconservationscience.org
manter a independência suficiente, legitimidade, credi- Traduzido por Cristiane Del Gaudio

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43
OIL SPILL

PREPARANDO-SE
PARA OS CENÁRIOS CRÍTICOS
O
hiato entre os recomendações dos estudos de ris- proximidade destes em uma mesma bacia, ou até mesmo
cos e as normas e padrões técnicos vigentes devido a maior proximidade de comunidades inteiras que
A cada novo acidente de maior dimensão que toma se formaram ao seu redor.
espaço na mídia nos perguntamos: Como pode acontecer? Mas isto responde em parte o como pode acontecer. Quan-
Não estavam preparados para isso? to a outra questão do porque não estavam preparados,
O pior é que na maioria das vezes a resposta certa é qua- também dependerá dos mesmos estudos e dos respecti-
se sempre: Não. vos planos de ação.
Para nos anteciparmos a esta resposta e principalmente Elaborando cenários, estruturando os recursos e pre-
para evitarmos a ocorrência do acidente ou de suas conse- parando-se para o pior deles
quências mais danosas é imprescindível termos um bom A identificação dos cenários mais críticos e do pior deles
estudo de riscos, com ações devidamente implementadas. decorre do estudo de análise de risco (EAR) elaborado.
Estes estudos já foram incorporados no planejamento e Identificam-se todos os possíveis cenários, do mais sim-
até fazem parte do dia a dia dos grandes empreendimen- ples ao mais complexo.
tos. As exigências para o licenciamento ambiental de novos O pior cenário, via de regra, determinará a totalidade de re-
empreendimentos impõem a elaboração desses estudos cursos a serem utilizados. Não é tarefa complicada, volu-
baseados em meticulosos protocolos técnicos. Entretanto mes, vazões, quantidades máximas armazenadas ou trans-
as técnicas e os protocolos estabelecidos para estes estu- portadas de produtos perigosos associadas a hipóteses
dos, ainda que geradores de ações específicas e pontuais acidentais de dimensão catastrófica e entornos com maior
(no próprio empreendimen-
to), pouco ou nada influem
de imediato nas normas e
padrões técnicos de projeto Dimensionamento e alocação de recursos
de âmbito mais abrangente, por nível de plano de emergência
cuja análise e revisão de-
pende de processos mais
morosos. Surge um hiato Tier3
entre as normas e padrões Estratégias Tier2
técnicos existentes e as re- Cenário de resposta e
comendações decorrentes EAR dimensionamento de
de estudos de riscos, cuja recursos por cenário Tier1
dinâmica evolutiva é maior. e para a totalidade
Vejam como exemplo disto
os parques de tanques de
combustíveis antigos, ante-
riores às décadas de 70/80,
que atendem as normas e
padrões técnicos vigentes,
porém incorporam riscos
inaceitáveis nos dias de ho-
je, devido a concentração e

44 RMAI
grau de vulnerabilidade (social ou ambiental) irão facilmen- nir os recursos mínimos a serem disponibilizados em ca-
te indicar os cenários mais críticos e o pior deles. Obvia- da caso.
mente que as probabilidades de suas ocorrências são as Esta é uma tarefa mais complexa que demanda análise de-
menores, porém passíveis de ocorrerem. talhada dos cenários por completo, dos recursos disponí-
veis na empresa e na região (caso haja previsão de com-
Mas como se preparar para estes? partilhamento de uso ou suporte de outras instituições).
Uma vez identificadas as hipóteses acidentais com maiores É fundamental conhecer os recursos disponíveis e existen-
vazões, volumes ou quantidades armazenadas ou trans- tes na região ou no mercado, suas características, limi-
portadas envolvidas; identificado também o entorno da po- tações, sua operacionalidade, as facilidades de transpor-
tencial ocorrência e todas as suas vulnerabilidades sociais te e de movimentação, a acessibilidade destes aos pontos
e ambientais, partimos para definir as estratégias de res- de combate previstos nas estratégias, o tempo de respos-
posta. Para cada cenário uma ou mais estratégias de res- ta para cada conjunto de recursos e estratégias previstas
posta serão utilizadas. Deve-se ter em conta que estas es- (entende-se por recurso inclusive o humano que deverá
tratégias podem se alterar à medida que evolui a respos- estar apto ao pronto operar dos equipamentos com pleno
ta. Podem se diferenciar também em função do entorno, conhecimento das possíveis estratégias de combate e do
das condições de acesso e da disponibilidade de recursos uso de cada recurso).
a cada instante. Quando se trata de ações de resposta com suporte de ou-
Um parque de tanques no litoral, junto ao mar, e um par- tras instituições as estratégias devem ser previamente
que de tanques similar no interior, demandarão estratégias analisadas, discutidas, estruturadas e treinadas em con-
distintas (e obviamente os recursos também) para comba- junto para que possa haver maior sinergia e a garantia de
te a um incêndio de grandes proporções. A disponibilidade sucesso da resposta. Isto torna-se ainda mais complexo,
infinita de água no primeiro caso, ou a pouca disponibilida- dado os diferentes níveis de competência, de conhecimen-
de de recurso hídrico no segundo determinam estratégias to e de responsabilidade legal pela resposta.
distintas, e assim recursos de resposta também distintos. Torna-se assim fundamental o exercício regular de simu-
As estratégias a serem utilizadas para cada cenário estu- lados envolvendo todos os atores previstos.
dado deverão considerar os recursos disponíveis, ou defi- O uso compartilhado de recursos pressupõe uma gestão
integrada dos recursos, dos planos de emergência dos en-
volvidos no compartilhamento e protocolos ou acordos de
níveis de serviços bem definidos, negociados e treinados.
Os custos, ressarcimentos e outros aspectos financeiros
devem ser muito bem discutidos na fase de organização e
planejamento. Na emergência fica tudo muito mais onero-
so e de difícil entendimento, dada a premência das ações e
dos recursos e ao nível de tensão que todos ficam sujeitos.
A prática periódica de exercícios simulados conjunto pos-
sibilitará o aprimoramento dos planos e acordos. Aumen-
tará gradativamente a sinergia entre os atores, aumentará
a resiliência dos potenciais impactados e reduzirá o nível
de tensão e a possibilidade de conflitos quando uma emer-
gência real ocorrer. Todos ganharão e a sociedade como
um todo, especialmente a comunidade local, reconhece-
rá todo o trabalho e esforço empreendido.n

JAYME DE SETA FILHO


Vice-presidente da ABPCEA - Associação
Brasileira de Prevenção e Controle de
Emergências Ambientais; coordenador técnico
da Oil Spill Brazil Conference & Exhibition
https://br.linkedin.com/in./jaymeseta

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45
GREEN BUILDING

CERTIFICAÇÃO
WELL
D
NOVO PADRÃO DE esde os anos 80, quando começou a discussão da síndrome do
edifício doente e seu impacto na saúde, bem-estar e produtividade
SUSTENTABILIDADE das pessoas, foram suscitadas muitas discussão que levaram a
criação de diversas normas que instituíram melhorias do desem-
VALORIZA penho ambiental nos espaços. Em resposta a esta necessidade, o
ABORDAGEM IWBI - International Building Institute juntou-se com GBCI – Gre-
en Building Certification Institute, que é o responsável pela certificação LE-
HOLÍSTICA SOBRE ED, para a promoção da Certificação WELL, que surgiu após sete anos de

ELEMENTOS pesquisa, em colaboração com profissionais da saúde e do meio acadêmico.


Esta nova agenda da sustentabilidade agora inclui as pessoas como peça cen-
DO AMBIENTE tral, a certificação WELL é baseada no monitoramento dos impactos dos em-
preendimentos na saúde e bem-estar de seus ocupantes. A certificação permi-
CONSTRUÍDO te que proprietários e incorporadores projetem espaços que promovam a saú-
de e bem-estar, bem como o aumento da produtividade e conforto dos usuários
baseado em medições periódicas.
O Well possui uma abordagem holística sobre elementos do ambiente constru-

46 RMAI
ído através de sete conceitos: Ar, Água, fitness. Para o atendimento desta ca- ❖ Novas Construções e Gran-
Nutrição, Iluminação, Fitness, Confor- tegoria, o empreendimento deve esti- des Renovações (New Construc-
to e Mente. As sete estratégias apre- mular a atividade física através da in- tion and Major Renovations Cer-
sentadas na certificação WELL podem clusão de escadas ergonômicas, pro- tification).
ser agrupadas conforme o impacto na jeto exterior agradável e com conexão O processo para alcançar a cer-
saúde e bem-estar e cada requisito da a infraestrutura local, incluindo ciclo- tificação é coordenado pelo IWBI em
certificação associa-se a um ou mais vias, se possível. parceria com o GBCI, que concede
sistema corporal: Cardiovascular, Di- O conforto é um conceito funda- a certificação em um dos seguin-
gestivo, Endócrino, Sistema imunológi- mental para o WELL, com estratégias tes níveis – Silver, Gold ou Platinum.
co, Sistema tegumentar, Sistema mus- que incluem: conforto térmico; acús- A certificação WELL tem valida-
cular, Sistema nervoso, Sistema repro- tico; ergonômico; e olfativo, acessibi- de de três anos e após esse perío-
dutivo, Sistema respiratório, Sistema lidade e controlabilidade dos sistemas. do é necessário submeter a certifi-
esquelético, Sistema urinário. A mente é outro conceito funda- cação novamente. O encadeamen-
mental no padrão WELL, cujos requi- to do processo declaratório segue
Conceitos sitos têm como objetivos melhorar a a trajetória de registro do projeto,
A abordagem do WELL é otimizar saúde mental e emocional dos usuá- submissão da documentação, veri-
e alcançar um desempenho superior rios do empreendimento. O projeto de- ficação de performance pelo orga-
na qualidade do ar no interior da edi- ve acomodar espaços que promovam o nismo certificador e, por fim, obten-
ficação. relaxamento, desenvolver pesquisa de ção da certificação.
Outra grande preocupação é no re- satisfação entre os funcionários sobre Todo esse processo é respon-
quisito de água, não no consumo, mas a qualidade do ambiente construído. sável por impulsionar o mercado e
sim, a qualidade da água consumida, desafiar os arquitetos e designers a
acesso a água potável e filtragem da Tipologias olharem não somente para o meio
água. A versão inicial WELL Building ambiente, mas também para as par-
Além disso, o padrão WELL tam- Standard v1.0 é indicada para edifí- ticularidades deste ambiente cons-
bém influencia na nutrição ao incenti- cios comerciais ou institucionais e truído que impactam diretamen-
var melhorias no habito alimentar atra- é organizada de acordo com as se- te na saúde e bem-estar dos usuá-
vés de cultivo de alimentos no empre- guintes tipologias: rios. Portanto, a importância da cer-
endimento, respeito a restrições ali- ❖ Core and Shell; tificação WELL é trazer à tona essa
mentares, local adequado para esto- ❖ Certificação de melhorias do necessidade de reinventar os edifí-
que e preparo de alimentos e pontos locatário (Tenant Improvements cios de forma que o usuário seja co-
para higienização das mãos no empre- Certification); locado em primeiro lugar. n
endimento.
Outro conceito importante é a ilu-
minação. Um projeto de iluminação Comparação entre os conceitos da certificação LEED e da WELL
adequado, dimensionamento de aber-
turas e controle de iluminação podem LEED WELL
auxiliar no ritmo circadiano, além de Foco no desempenho ambiental Foco nas pessoas
melhorar a produtividade e humor dos Consumo de recursos Qualidade dos recursos
usuários.
Categorias- Terreno- Consumo de Categorias- Ar- Água- Nutrição- Ilu-
Os empreendimentos devem ser
água- Energia- Materiais- Qualida- minação- Condicionamento físico-
atentar aos seguintes conceitos para
de do ambiente construído Conforto- Mente
atendimento do WELL: acesso a ilu-
Requisitos de projeto Baseado na performance apresenta-
minação natural; iluminação artificial
da em teste no local
apropriada para a tarefa; ofuscamen-
to; temperatura de cor. Conforto baseado em parâmetros de Conforto baseado em elementos físi-
Ele contempla também a parte de projeto co e não físicos.

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47
REMEDIAÇÃO

ÁREAS
CONTAMINADAS
O
ENTIDADES s principais resultados de um estudo inédito no país, realizado pelo
IPT – Instituto de Pesquisa Tecnológicas, sobre o setor de gerencia-
APRESENTARAM mento de áreas contaminadas foram apresentados e debatidos du-

RESULTADOS DO rante o seminário ‘Mercado Ambiental Brasileiro 2015’, realizado no


dia 8 de dezembro, na sede do Instituto, em São Paulo, SP. O Panora-
PANORAMA GAC ma GAC (Gerenciamento de Áreas Contaminadas), fruto de coopera-
ção técnica com a Aesas - Associação Brasileira das Empresas de Engenharia e
(GERENCIAMENTO Consultoria Ambiental; e a Cetesb - Companhia Ambiental do Estado de São Pau-
DE ÁREAS lo, pretende ser um raio X nacional de um setor ainda pouco mapeado no Brasil.
De acordo com a pesquisadora do IPT, Cláudia Echevenguá Teixeira, uma das
CONTAMINADAS) coordenadoras do mapeamento, a proposta do evento foi promover um debate em
torno dos dados, a fim de receber contribuições e validar o processo, previsto pa-
NO BRASIL ra ser finalizado em fevereiro de 2016, com o lançamento da publicação on line.
Cláudia apresentou a estrutura do trabalho, que traz informações sobre o
histórico e a legislação acerca do setor de áreas contaminadas, o mapeamento
das áreas no país, uma comparação com o contexto internacional e os desafios e

48 RMAI
as oportunidades frente às tendências Tatiana Luiz dos Santos Tavares, Cláudia, pesquisadora do IPT e uma das
coordenadoras do Panorama GAC, apresentou
mundiais. “Além desses, os dois capí- pesquisadora do Laboratório de Re- os principais resultados do estudo e sua
tulos que me parecem a `cereja do bo- cursos Hídricos e Avaliação Geoam- importância para o mercado ambiental
lo´, aqueles que mais devem contribuir biental do IPT, apresentou os dados
para o entendimento do setor, são o que colhidos junto a órgãos ambientais em
mapeia a cadeia produtiva, com os prin- todo o país, via questionário, consultas co os elevados custos das técnicas de
cipais atores do mercado, e a cadeia de telefônicas, buscas na internet e estu- investigação e remediação e a falta de
conhecimento, trazendo as universida- dos acadêmicos. Chama a atenção que pessoal qualificado. Para enfrentar o
des e institutos de pesquisas que se de- os únicos estados que atendem a reso- problema, os ajustes necessários se-
dicam ao tema, assim como os pesqui- lução de 2009 do Conama e que pos- riam um maior número de funcioná-
sadores e grupos envolvidos”. suem cadastro de suas áreas conta- rios e a revisão da dotação orçamen-
No estudo, um total de 24 empresas minadas sejam São Paulo, Rio de Ja- tária. De acordo com Tatiana, uma das
de pequeno e médio portes, responsá- neiro e Minas Gerais. Grande parte dos medidas para avançar na questão é a
veis por um faturamento anual de R$ estados também não possui uma área padronização: “Encontramos registros
340 milhões, responderam a consulta. específica em sua estrutura para cui- diferentes em cada unidade da federa-
Na média, cada uma delas emprega 51 dar do tema. ção. Como medida essencial está o es-
profissionais, o faturamento médio por tabelecimento de um padrão de cadas-
empresa é de R$ 18 milhões anuais, lu- Padronização tramento no nível nacional para unifor-
cratividade de 13% e investimento em Dentre os entraves citados pelos mizar a linguagem”.
P&D também de 13% do total faturado. órgãos, 90% consideram muito críti- Complementando os dados do Pa-

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49
REMEDIAÇÃO

norama GAC, Flavia Motta, coorde- O evento contou com duas me- Gargalos
nadora de Planejamento e Negócios sas de debates, das quais participa- Palestrantes e debatedores pontu-
do IPT, abordou a questão da P&D no ram diversos agentes da cadeia pro- aram outros entraves. Para Thiago Go-
mercado. “A geração de novas tecno- dutiva de áreas contaminadas. Lina Pi- mes, vice-presidente da Aesas, empre-
logias é dinamizada pela cadeia do co- mentel Garcia, do escritório de advo- sas de consultoria, por falta de qualifi-
nhecimento, que forma mão de obra de cacia Mattos Filho, abriu os debates cação, muitas vezes ficam esperando
qualidade e produz P&D. As fontes de discorrendo sobre a evolução da le- uma posição da Cetesb. Rodrigo Araú-
financiamento também são dinamiza- gislação ambiental no estado de São jo Cunha, da Cetesb, lembra que “o es-
doras importantes, no sentido de que Paulo e pontuando que os casos com- tado de São Paulo tem lei desde 2009,
quanto mais articulado o agente, mais plexos e midiáticos de contaminação e regulamentada em 2013, que ainda não
negócios serão gerados na cadeia pro- o apelo popular são fatores determi- entrou em prática. A própria exigên-
dutiva”, mencionou. nantes para fazer a lei avançar. Ape- cia de cumprimento da legislação tor-
Segundo Flavia, o cliente normal- sar de considerar de ótima qualidade na-se um gargalo. É importante apli-
mente contrata serviços no setor le- a legislação paulista que rege a área car a lei não só como poder de polícia,
vando em conta a confiabilidade, a qua- - Decreto 8.468/76, que dispõe sobre a mas também como agente indutor das
lidade e o preço. “Há gargalos na apli- prevenção e o controle da poluição do boas práticas no mercado. Programas
cação da lei, como escassez de fontes meio ambiente -, ela afirma que ainda de licenciamento permitem identificar
de financiamento e os altos custos pa- é preciso aprimorar mecanismos de passivos em todo o estado sem a ne-
ra sua implementação. Por outro la- resolução de conflitos. Entre os pontos cessidade de aplicar punições. Ações
do, fatores de dinamização passam pe- que apresenta para reflexão estão um cooperativas também podem dar bons
la fiscalização mais rigorosa, punição fundo para o setor, o seguro ambien- resultados”, orientou.
dos poluidores, autoridade ambiental tal e a resolução alternativa de con- Eugênio Singer, diretor geral no
presente e contabilização dos passi- flitos, em que juízes funcionam como Brasil da Ramboll Environ, pontuou
vos”, explicou. mediadores. que a reputação é fundamental hoje.

50 RMAI
“O controle de passivos ambientais im- sentações do dia, enfatizando a rele- A 1ª mesa de debates contou com Tatiana, do
IPT; Ana Paula Queiroz, presidente da Aesas;
plica manter o valor da marca. Precisa- vância das questões técnicas e jurídi- Cláudia, do IPT; Lina, do escritório de advocacia
mos avançar nesta linha modernizan- cas para o setor: “A nossa legislação Mattos Filho; e Cunha, da Cetesb

te. Sustentabilidade só existe se há inte- está mais próxima à dos Estados Uni-
gridade entre os ativos e seus indicado- dos, país que é referência mundial na teção da qualidade do solo e o geren-
res com desempenho adequado. Outro área. No entanto, enquanto o mercado ciamento das áreas contaminadas.
gargalo é a capacitação de quem cuida brasileiro de remediação em 2014 foi Para Giovanna, o mercado ambien-
do assunto nas empresas, muitas ve- da ordem de US$ 1 bilhão, nos Estados tal brasileiro ainda não é maduro, ape-
zes o pessoal de RH ou Marketing, mas Unidos ele ficou em torno de US$ 14 sar de existir há mais de 20 anos. Ela
avançamos e um marco foi a implemen- bilhões. “O fortalecimento do merca- relatou dificuldades com fornecedores
tação da norma em conformidade com do no Brasil depende de uma série de e com empresas, que não disponibili-
a ISO 14000. Hoje o mercado ambien- fatores como a qualificação profissio- zam dados. “O desafio é ajudar a fo-
tal é crescente. Ainda falta as empresas nal, qualidade dos serviços, fundos de mentar este mercado. A remediação
do setor começarem a publicar seu de- financiamento às pesquisas e aplica- acaba ficando cara devido à necessi-
sempenho ano a ano”, observou. ção de tecnologias de ponta, entre ou- dade de retrabalho, que vem da mão de
tros. Há também necessidade de equa- obra mal qualificada”, pontuou.
Maturidade lização dos preços com a realidade dos O evento prestou ainda homena-
Ao final dos trabalhos, formou- negócios. As empresas devem inserir gem in memoriam a dois persona-
-se uma mesa de debates e conside- no seu fluxo de caixa os custos da re- gens importantes – ambos geólo-
rações finais integrada por Elton Glo- mediação”, completou ele. gos – pioneiros do gerenciamento
eden, representante da Cetesb; Gio- Gloeden lembrou que é preciso co- ambiental no Brasil. São eles o pro-
vanna Setti, da Aesas; e Nestor Ken- locar em prática o Decreto 59.263/13, fessor Aldo Rebouças, do Instituto de
ji Yoshikawa, do IPT. Abrindo a seção, regulamentador da Lei nº 13.577/09, Geociências da USP; e o pesquisador
Yoshikawa fez uma resenha das apre- que dispõe sobre diretrizes para a pro- João Alberto Bottura, do IPT. n

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51
UNIVERSO ÁGUA

UNIVERSALIZAÇÃO
DO SANEAMENTO

A
ESTUDO DA CNI estimativa do prazo em que serão alcançadas algumas das me-

INDICA QUE BRASIL tas ligadas ao abastecimento de água, e coleta e tratamento de


esgoto no Brasil, conforme prevê estudo da CNI - Confedera-
LEVARÁ MAIS QUATRO ção Nacional da Indústria, alcança o equivalente a 21 anos de
atraso. A previsão retrata o ritmo lento de investimentos atu-
DÉCADAS PARA ais. Com isso, o Brasil levará mais quatro décadas para atingir
ATINGIR A META DO a meta do Plansab - Plano Nacional de Saneamento Básico, de universalizar
os serviços de coleta e tratamento de esgoto, e abastecimento de água. O es-
PLANO NACIONAL tudo inédito da CNI “Burocracia e Entraves no Setor de Saneamento”, aponta
que toda a população do país só será atendida com água encanada em 2043
DE SANEAMENTO e, com acesso à rede de esgoto, somente em 2054. Segundo as metas defi-
BÁSICO nidas pelo Plansab, os serviços deveriam chegar a todos os lares em 2033.
A perspectiva de atraso no cumprimento da meta se deve à baixa média
histórica de investimentos no setor, de R$ 7,6 bilhões por ano, no período 2002-
2012. Para universalizar os serviços em 2033, seria preciso elevar essa mé-
dia para R$ 15,2 bilhões anuais. Nos últimos anos, mesmo diante da liberação
de verbas por meio do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento, não
houve aumento expressivo nos recursos destinados a obras de saneamento.
Conforme o estudo da CNI, em 2033, prazo estabelecido no plano pa-
ra a coleta de esgoto, o atendimento estimado seria de 79%. A universaliza-
ção absoluta, ou seja, com 100% dos domicílios atendidos, também só seria
concretizada em 2054, caso não houvesse alterações abruptas das políticas
atualmente desenvolvidas e executadas no setor de Saneamento. Segundo o
trabalho, os principais entraves para o saneamento são o excesso de buro-
cracia, a falta de eficiência na aplicação de recursos públicos e os problemas
de gestão. Tais fatores elevam custos, além de onerarem preços e serviços.

52 RMAI
Adiamento tinuidade de investimentos no setor, o O Plansab, preparado com a par-
Este estudo da CNI nos remete a que prejudicaria, em especial, os mu- ticipação dos governos federal, esta-
outra questão importante que também nicípios mais carentes e as populações duais e municipais, concessionárias e
reflete diretamente na universalização em áreas periféricas e de assentamen- empresas, profissionais, acadêmicos e
dos serviços de saneamento, pois mais tos precários, nas quais estão identifi- estudiosos do setor no país, prevê uni-
uma vez foi prorrogado o prazo a partir cados os maiores passivos em sanea- versalizar os serviços num horizonte
do qual os municípios que não tenham mento. Apenas um terço das cidades de 20 anos.
Planos Municipais de Saneamento dei- brasileiras apresentaram seus planos, Conforme Dante, com o adiamen-
xarão de receber recursos federais pa- a mesma porcentagem registrada por to, evitou-se mais uma vez que cerca
ra esta área, de acordo com o Decre- ocasião do último adiamento, em 2014. de 70% dos municípios brasileiros que
to 8.629/15, de 31/12/2015: o prazo li- “O adiamento deveria, ao menos, ainda não conseguiram aprontar seus
mite agora é 31 de dezembro de 2017. prever metas intermediárias de cum- levantamentos sejam penalizados e
A Abes - Associação Brasileira de En- primento de etapas, de acordo com o não tenham acesso a recursos públi-
genharia Sanitária e Ambiental, uma porte dos municípios”, ressalta Dan- cos destinados à expansão dos servi-
das entidades que propôs o primeiro te Ragazzi Pauli, presidente nacional ços de saneamento. Mas para supe-
adiamento, mas atrelado a cronogra- da Abes. “O saneamento continua sen- rarmos este entrave não devemos ape-
ma de cumprimento de etapas dos pla- do a principal chaga da infraestrutura nas protelar prazos, mas sim de defi-
nos, manifestou-se contra adiar o pra- do país. Não será possível almejarmos nir uma forma escalonada e negocia-
zo novamente e enfatiza a urgência de ser uma nação desenvolvida se conti- da para que os diferentes titulares –
que governo federal, estados e municí- nuarmos sem conseguir levar água de conforme suas diferentes condições –
pios comprometam-se a abrir um diá- qualidade e prestar serviços de coleta consigam estruturar seus respectivos
logo efetivo para um realinhamento de e tratamento de esgoto a milhões de planos. “No Brasil, saneamento é ser-
perspectivas, tanto dos casos de au- brasileiros que ainda não são atendi- viço prestado por centenas de empre-
sência de planos como dos que preci- dos. Não adianta apenas adiar o pra- sas dos mais distintos níveis e carac-
sam revisão. zo, é necessário que o país assuma se- terísticas. Dar-lhes tratamento uni-
A medida, de acordo com o Ministé- riamente o compromisso de modificar forme é o caminho mais curto para
rio das Cidades, busca evitar a descon- esse cenário”, afirma Dante. o fracasso”, observa Dante. n

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53
UNIVERSO ÁGUA

PLANO DE
CONTINGÊNCIA
A
Abiquim - Associação Brasileira da Indústria Química, desen-
ABIQUIM DESENVOLVE volveu por meio do GT Água, grupo de trabalho formado por
GUIA QUE AUXILIA A representantes das indústrias e profissionais da própria Abi-
quim, o Guia para elaboração de Plano de Contingência para a
INDÚSTRIA QUÍMICA Crise Hídrica. O material é uma das iniciativas da associação

PARA AÇÕES na mitigação dos impactos causados pela crise hídrica e auxi-
lia as indústrias químicas a se preparem e se adequarem às situações que
PREVENTIVAS EM podem ocorrer em suas operações.
O Guia serve de base para o desenvolvimento de um Plano de Contingên-
CASO DE RESTRIÇÃO cia com ações preventivas em casos de restrição hídrica e foi estruturado em

HÍDRICA ações sugeridas para quatro níveis de contingência – verde, amarelo, laran-
ja e vermelho – que devem ser definidos por cada unidade produtiva, ou se-
ja, com base no perfil hidrológico atual da bacia hidrográfica onde a empre-
sa esteja instalada. No nível verde, a empresa está no uso pleno dos recursos

54 RMAI
hídricos; no nível amarelo, os recur- O mapeamento das demandas dos geram indicadores úteis à ges-
sos hídricos podem ser restringidos; da unidade produtiva é fundamen- tão, além de demonstrar o atendi-
no nível laranja, as fontes hídricas se tal para a gestão eficiente e respon- mento aos requisitos legais aplicá-
encontram em uma condição em que sável dos recursos hídricos, uma veis, ao sistema de gestão ambien-
há restrições nos recursos hídricos, vez que auxilia a unidade a enten- tal e aos sistemas de reporte ado-
e no nível mais crítico (vermelho), o der onde poderia diminuir seu con- tados pela unidade produtiva, como
volume de água das fontes hídricas sumo ou planejar iniciativas de reú- por exemplo, relatórios de susten-
é insuficiente para atender a fábrica. so de água, por exemplo. As indús- tabilidade ou o Programa Atuação
A criação de níveis de trias devem basear- Responsável®, que é uma iniciativa
contingência permite que -se em redes de in- de gestão da indústria química pa-
mais empresas estejam formações formadas ra promover a melhoria contínua em
preparadas para enfrentar por representantes saúde, segurança e meio ambiente
a crise hídrica. Segundo de bacias e secreta- de seus processos, produtos e ser-
Aline Caldas Bressan, as- rias de Meio Ambien- viços e também de sua cadeia de va-
sessora de Meio Ambiente te estaduais e muni- lor”, explica Wagner Freitas, coorde-
e Sustentabilidade da Abi- cipais para definir o nador do GT Água e Engenheiro de
quim e coordenadora-exe- nível em que se en- Meio Ambiente da Solvay Indupa.
cutiva do GT Água, o Guia contra a rede hidro- Associados e não-associados da
também sugere links im- gráfica que abastece Abiquim podem fazer o download da
portantes, que mantêm in- a indústria. versão digital do Guia para elabora-
formações atualizadas so- “Além disso, o ção de Plano de Contingência para a
bre disponibilidade de re- mapeamento e o Crise Hídrica em: www.abiquim.org.
cursos hídricos de diferen- acompanhamento br/pdf/guia_para_plano_de_contin-
tes bacias hidrográficas. dos volumes capta- gencia_crise_hidrica.pdf n

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55
UNIVERSO ÁGUA

REAPROVEITAMENTO
DE EFLUENTES
C
BUNGE REDUZ om a intenção de se adaptar ao cenário de crise hídrica vivencia-
do por São Paulo e promover ações dentro do princípio de sus-
CONSUMO DE ÁGUA tentabilidade, a Bunge Brasil, empresa atuante no setor de agro-

E PROMOVE REÚSO negócio e alimentos do país, decidiu reaproveitar os efluentes lí-


quidos gerados pela estação de tratamento da fábrica de Jagua-
COM TECNOLOGIA ré, na cidade de São Paulo. A ação, combinada com outras provi-
dências para evitar desperdício e vazamentos, resultou na redução de 40%
MÓVEL NA ETE na captação e tratamento de água até o final de 2014.
Para chegar a esse resultado, a empresa contou com o know-how da Ve-
olia Water Technologies, que atua na prestação de serviços relacionados ao
tratamento de água e efluentes líquidos. Em 2013, a Veolia forneceu à Bun-
ge uma unidade móvel com a tecnologia Actiflo para auxiliar no reúso das
águas geradas na estação de tratamento.
No início da locação da tecnologia, o consumo específico de água no parque
industrial era de 2,39 m³/ton de produtos acabados. Em 2014, com a reutiliza-
ção, o consumo específico alcançou uma média de 1,46 m³/ton, o que propiciou
uma economia significativa de água e redução dos efluentes líquidos gerados.
O objetivo da implantação do sistema de reúso foi rea-
proveitar o efluente líquido gerado na unidade para uso
em caldeiras e na reposição das torres de resfriamen-
to. “Pelo fato destes processos exigirem uma excelente
qualidade de água, optou-se pela adoção do sistema de
clarificação e osmose reversa da Veolia, já que as solu-
ções convencionais não atendem a qualidade final exigi-
da pelos processos da Bunge”, comenta Michel Santos,
diretor global de sustentabilidade da Bunge.
A solução de clarificação Actiflo utiliza processo fí-
sico-químico com recirculação de microareia que visa
promover a aglutinação de partículas em suspensão,
A tecnologia móvel ajudou a Bunge a reusar
as águas geradas na estação de tratamento
filtros multimídia e de carvão ativo, seguidos de polimento com membra-
nas de osmose reversa para remoção de sais dissolvidos e a desidratação
do lodo por centrifugação. Com esta tecnologia, foi possível atingir o parâ-
metro de qualidade necessário para o funcionamento da caldeira a vapor do
setor de utilidades. “O Actiflo reduz o volume de águas captadas e tratadas
que são lançadas nas redes coletoras e nos mananciais. Além de trazer ga-
nhos ambientais, diminui os custos operacionais gerados com tratamento
de águas em geral”, explica Carlos Pasqualini, gerente de desenvolvimento
de operações Solutions da Veolia Water Technologies. n

56 RMAI
UNIVERSO ÁGUA

TRATAMENTO DE
ÁGUAS RESIDUAIS
A
GE IMPLANTA GE anunciou, em janei-
ro deste ano, que vai for-
rocha. Com mais de 18 quilômetros de
túneis construídos na estrutura da ro-
MAIOR USINA DE necer um sistema MBR cha, isso representa um enorme de-
(biorreator com mem- safio para expandir as instalações no
MBR NO MUNDO branas) para a planta de mesmo espaço relativo. Esses fatores
PARA TRATAR tratamento de águas re-
siduais municipais de Henriksdal da
levaram a Stockholm Vatten a selecio-
nar a tecnologia LEAPmbr da GE como
ÁGUA RESIDUAL Stockholm Vatten para atualizar a tec- a solução certa para o projeto.
nologia existente, tornando-se a maior “Nós vimos a necessidade de mo-
DA CIDADE DE usina de MBR no mundo. A instalação dernizar a atual tecnologia de trata-
ESTOCOLMO, NA de Henriksdal é responsável por tra-
tar dois terços do esgoto da cidade de
mento de águas residuais em nossas
instalações de Henriksdal para atender
SUÉCIA Estocolmo, na Suécia, e uma vez que a às demandas de uma população cres-
modernização for concluída, vai tratar cente em Estocolmo e a novos requi-
até 864 milhões de litros de águas re- sitos ambientais estabelecidos pelos
siduais por dia. nossos órgãos governamentais”, dis-
A cidade de Estocolmo tem uma das se Gösta Lindh, diretor da Stockholm
populações de crescimento mais rápi- Vatten.
do na Europa, e a Stockholm Vatten, a “Considerando os requisitos mais
empresa de água da cidade, tem a ta- rigorosos para efluentes de nitrogê-
refa de expandir a capacidade das ins- nio e fósforo sob o BSAP e a Diretiva
talações e produzir efluente tratado de da Água da UE, a tecnologia LEAPmbr
maior qualidade para atender aos com- da GE é a solução certa para o projeto
promissos ambientais do país no âm- de modernização de Henriksdal “, dis-
bito do Plano de Ação do Mar Báltico se Yuvbir Singh, gerente geral de sis-
(BSAP, sigla em inglês) e da Diretiva da temas de engenharia e tecnologias de
Água da UE (União Europeia). A planta água e processos da GE Power & Water.
de tratamento de águas Como parte do contrato, a GE entre-
residuais de Henriks- gará um escopo que abrange a concep-
dal, localizada no cen- ção, o fornecimento e a manutenção de
tro de Estocolmo, é uma todo o pacote de filtração por membra-
das maiores estações de na. O contrato será concluído em vários
tratamento do mundo lo- estágios e entregue ao longo de um pe-
calizadas dentro de uma ríodo de quatro a cinco anos. Um pro-
jeto que ensina muito ao Brasil, onde
ainda existe muito potencial para o tra-
Com a usina, Estocolmo vai
tratar até 864 milhões de
tamento de águas avançar e reduzir a
litros de águas residuais/dia crise hídrica.n

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57
RESÍDUOS

GESTÃO
DE RESÍDUOS
DAS MPES
N
OS MICRO E os últimos 30 anos as MPEs (Micro e Pequenas empresas) vêm ad-
quirindo importância crescente no mercado, desempenhando papel
PEQUENOS socioeconômico fundamental para o país. Em São Paulo, na área in-

GERADORES DE SÃO dustrial, existem cerca de 218 mil MPEs, responsáveis por fomentar
excelentes negócios, mas também convivendo com grandes desa-
PAULO JÁ CONTAM fios no dia a dia. Um deles é que neste setor, ao mesmo tempo em
que as atividades produtivas evoluíram positivamente, aumentaram também a
COM SOLUÇÃO PARA geração de resíduos e, consequentemente, surgiram dificuldades para lidar com
A DESTINAÇÃO a questão de acordo com as exigências ambientais necessárias.
Além disso, os empresários tinham que conviver com situações singulares
FINAL ADEQUADA como a de que grandes destinadores só trabalham com grandes volumes; a fal-
ta de espaço para armazenagem de resíduos nas empresas; longo período de
DOS RESÍDUOS estocagem para formação de carga correndo risco de deterioração das em-
INDUSTRIAIS balagens, perigo de vazamentos, acidentes ambientais e de trabalho quando
na manipulação dos resíduos para recondicionamento, entre outros. O proble-
Por Sofia Jucon ma também se agravava com o fato de que até pouco tempo existia uma lacuna

58 RMAI
Com amplo know-how no setor de resíduos,
Bragante destaca a importância da destinação
correta para o pequeno gerador

em termos de prestação de serviços


com um bom nível de tecnologia e se-
gurança para este tipo de gerador. Se
considerarmos que no Estado de São (perigoso) de forma correta e em con- preparação dos resíduos, e providen-
Paulo cada MPE produza, no mínimo, sonância com as normas e legislações ciamos a emissão do CDR – Certifica-
um tambor de resíduo por ano, tere- ambientais do pais”, explica. do de Destinação do Resíduo”, detalha.
mos um volume de, aproximadamen- Ele destaca ainda que o grande di-
te, 200 mil tambores necessitando de Customizado ferencial da FAEX é dar o atendimento
uma destinação final correta. Foi aten- Comparando com o grande gera- tanto para clientes que possuem resí-
to a este panorama do mercado que a dor, que geralmente já conta com um duos líquidos quanto sólidos. “Nossa
FAEX Soluções Ambientais surgiu pa- departamento de meio ambiente que licença de operação permite recolher
ra fornecer uma solução especializa- gerencia todos os trâmites para a des- diversos tipos de resíduos classe I, co-
da para pequeno gerador de resíduos tinação dos resíduos, Bragante expõe mo borras de tintas, solventes, resídu-
industriais. que com o pequeno gerador o proces- os de laboratórios, lodos, entre outros,
Idealizada por Flavio Luis A. Bra- so não é tão simples. “Muitas vezes ele mas temos autorização para atender
gante, gestor ambiental com mais de não sabe nem por onde começar a ges- as empresas que necessitam destinar
16 anos de know-how no setor de re- tão do seu resíduo, por isso além de to- resíduo classe II também. Temos con-
síduos, a FAEX desenvolveu um centro da a consultoria ambiental que ofere- dições de atender desde empresas que
de estocagem e de destinação resídu- cemos, nossos serviços contemplam geram entre três, cinco ou mais tam-
os, em São Roque, SP. Com 600 m2 de fases dispostas em visita técnica, se- bores ao mês até aquela que gera so-
área coberta, atendendo a Norma AB- guida do estudo do processo e identi- mente um tambor ao ano.”, salienta.
NT – NBR 12235, o espaço foi projeta- ficação de eventuais inconformidades, Do material recolhido pela FAEX,
do dentro das mais modernas técnicas a elaboração da proposta comercial, cerca de 99% é destinado para o copro-
de engenharia em consonância com as negociação e, a partir do aceite pelo cessamento. “Consideramos esta tec-
boas práticas de segurança e conser- cliente, iniciamos os trabalhos para a nologia a mais adequada para a des-
vação ambiental. “Toda a infraestru- caracterização, licenciamento e trans- tinação final dos resíduos industriais,
tura e operação logística da FAEX foi porte do resíduo até o centro de esto- por seus inúmeros benefícios ambien-
implantada com a proposta de ajudar cagem. Depois, ao fazer o recebimen- tais, uma vez que possibilita a destrui-
o pequeno gerador que tem dificulda- to, realizamos a análise comprobató- ção total do material, favorece o rea-
des em destinar o seu resíduo classe I ria, o planejamento de destinação, a proveitamento energético nas cimen-

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59
RESÍDUOS

O centro de estocagem e destinação de


resíduos foi construído de acordo com as
normas ambientais e de segurança

o nome, endereço e CNPJ detalhado


de cada empresa. Passando desse li-
mite, caso apareçam outras gráficas,
teremos que tirar um novo CADRI co-
letivo”, informa. Bragante explica que
esta situação é diferente da empresa
que, por exemplo, tem várias unidades
e tira um CADRI coletivo para destinar
os resíduos em conjunto. “Isto é pos-
sível desde que todas as unidades es-
tejam relacionadas neste documento.
O empresário deve estar ciente e aten-
to a esse detalhe importante para não
sofrer nenhum prejuízo ou sanção ju-
rídica”, destaca.
teiras, bem como as cinzas geradas que pelo fato de trabalharem com CA- Com cerca de 50 clientes sendo
no processo de queima que são agre- DRI coletivo podem retirar o material atendidos atualmente, com atividades
gadas ao cimento, transformando, as- e destinar junto com de outros clien- nas mais diversas áreas produtivas,
sim, o resíduo em um novo produto”, tes, mas, na realidade, não é bem as- como cosméticos, farmacêutica, usi-
observa. sim que funciona. “No CADRI coletivo nagem, indústria química, entre ou-
tem que constar a empresa para onde tras, o foco de atuação da FAEX está
CADRI coletivo vai ser destinado o resíduo e a relação na grande São Paulo, mas com gran-
Outra vantagem para a MPE é que das empresas das quais o prestador de de perspectiva de atender todo o Es-
o CADRI sai em nome da FAEX. Bra- serviços está retirando os produtos pa- tado através da implantação de unida-
gante diz que a ideia é mostrar que o ra esta destinação. Se a sua empresa des regionais.
papel da FAEX é cuidar do resíduo dele, não está na relação deste CADRI es- Com este mercado em plena ex-
sendo assim, é oferecido um conjunto pecifico ele não pode tirar o seu mate- pansão, Bragante menciona que os
de gerenciamento dos resíduos com o rial, uma vez que o documento em si é custos para destinação dos resíduos
bônus de ser totalmente customizado. para a empresa geradora do resíduo e do pequeno gerador são acessíveis e a
“Ao fecharmos a negociação, tiramos o não para o resíduo”, esclarece. FAEX oferece algumas facilidades pa-
CADRI em nome da FAEX, desta forma, Como exemplo prático ele informa ra o pagamento. “Oferecemos uma so-
mesmo sob o princípio da correspon- que a FAEX está atendendo algumas lução comercial inovadora, disponibi-
sabilidade, a FAEX passa a ser a prin- gráficas da região do ABC paulista com lizando à Micro, Pequena e Média em-
cipal responsável por todo o processo base no CADRI coletivo. “O sindicato presa a mesma tecnologia utilizada pe-
necessário para dar a destinação final das gráficas nos procurou solicitando las grandes empresas na destinação
do resíduo”, pontua Bragante. este trabalho, pois são empresas pe- de seus resíduos. Hoje temos um tra-
Dentro deste quesito, o executivo quenas que produzem poucas quan- balho consolidado, muito bem concei-
faz um alerta sobre o CADRI Coletivo, tidades de resíduos, mas que em sua tuado junto ao órgão ambiental e con-
o qual para ele, trata-se de um gran- somatória geram um grande volume. tamos com várias parcerias bem-su-
de problema que o mercado enfren- Neste caso, tiramos um CADRI coleti- cedidas. Vamos expandir nosso tra-
ta atualmente. Ele explica que alguns vo para atendê-las. O CADRI Coletivo balho ao longo do ano, mas priman-
prestadores de serviço desse segmen- permite a inclusão de até 50 gráficas, do sempre pela qualidade e credibi-
to afirmam aos pequenos geradores mas tem que constar no documento lidade”, finaliza. n

60 RMAI
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61
RESÍDUOS ARTIGO
Priscila Zidan
Luiz Paulo Achcar Frigo

METODOLOGIA SOIL SURVEY


A
partir do estabelecimento da Política Nacional de O Resultado de estudos estatísticos desenvolvidos no
Resíduos Sólidos (1), no Brasil, em agosto de 2010, Canadá (5), a partir do dados de monitoramento em 89
foi definido o prazo para o encerramento de todos projetos ao longo de 10 anos (2.652.000 m2 de área),
os lixões no país. Apesar de esta meta ter sido recente- identificou que:
mente prorrogada (2), um número expressivo de lixões foi ◆ A densidade de danos encontrados nas
encerrado, dando lugar a implantação de aterros sanitá- geomembranas instaladas varia, em média,
rios licenciados. entre 4 e 22 danos por hectare.
Apesar de a normatização que estabelece os padrões pa- ◆ 73% dos danos causados ocorreram
ra licenciamento de aterros (3, 4) não definir a implanta- durante a aplicação do solo de cobertura
ção de geomembrana em sua base, este requisito tornou- sobre a geomembrana; 24% ocorreu durante a
-se exigência mínima pelos órgãos ambientais. instalação da geomembrana e somente 2% dos
Atualmente, no Brasil, o método de Controle de Qualidade danos ocorreram após a fase de implantação.
da instalação da geomembrana mais utilizado é a inspeção ◆ Ao contrário do que o consenso atual
da solda (costura). Este método, porém, inspeciona apenas reconhece, a maior parte dos danos não ocorre
um pequeno percentual em área da geomembrana insta- devido a procedimentos inadequados de solda
lada, além de não permitir avaliar danos após a colocação A norma ASTM D7007 (6), estabelece metodologia ade-
do solo de cobertura, quando ocorre a maioria dos danos. quada e muito difundida fora do Brasil, para controle de

62 RMAI
qualidade da geomembrana após a aplicação da ca- relevante para o órgão ambiental, para o empreen-
mada de cobertura: o Soil Survey. dedor responsável pela operação do aterro, para as
O Soil Survey é um método elétrico que consiste na indústrias que dispõem seus resíduos nos aterros.
aplicação de uma tensão através da geomembrana,
produzindo um campo elétrico uniformemente dis- Metodologia
tribuído. Caso existam furos, esses são detectados e O aterro sanitário estudado possui quatro camadas
localizados através da identificação de anomalias no de impermeabilização: 0,50 m de argila compactada,
campo elétrico, causado pela fuga de corrente atra- geocomposto bentônico (GCL), manta de 1,5 mm de
vés desses furos. Essas anomalias do campo elétri- PEAD (Polietileno de Alta Densidade) e, outra manta,
co são identificadas através das medições realizadas do mesmo material, com 2 mm de espessura. O es-
em toda área de implantação da manta, em pontos paçamento entre as mantas é feito pela aplicação de
pré-definidos pelo localizados na geomembrana (9). uma camada drenante, constituída por 20 cm de areia
Os métodos elétricos para inspeção de geomembra- e tubos de PEAD perfurado, os chamados drenos tes-
nas são requisito obrigatório para aterros sanitários temunhos e 15 cm de argila (logo abaixo da manta de
em alguns locais nos estados dos Estados Unidos, co- 2 mm). A primeira camada de geomembrana, a de 2
mo é o caso de dos Estados de Nova Jersey e Texas mm de espessura, é ainda recoberta por uma cama-
(8). No Brasil, a metodologia já foi incluída como con- da de 0,50 m de solo compactado, a qual é chamada
trole de qualidade da implantação do aterro sanitário de selo mecânico.
da CTR-Rio (foto acima), em Seropédica (RJ). Na camada de 15 cm de argila, estão implantados
A adoção de tal prática representa uma segurança eletrodos que são utilizados para o monitoramen-

março | abril | 2016


63
RESÍDUOS ARTIGO

também, uma classifi-


cação para os danos en-
contrados, comparando
os mesmos com resulta-
dos já divulgados em li-
teratura. De acordo com
Fig. 1: Diagrama esquemático que traduz o embasamento do método do Soil Survey.
o estudo, a densidade de
danos foi menor nas áre-
to de vazamentos na geomembrana após o início da as de A a E, tendo estes resultados ficado abaixo da
disposição dos resíduos. Estes eletrodos, porém, não média de danos por hectare encontrados nos estu-
são utilizados para a realização da metodologia do dos disponíveis na literatura (5). Já os resultados do
Soil Survey. monitoramento das área F e G, apesar de maiores do
O presente estudo avaliou os resultados das inspe- que as anteriores, ficaram dentro da média dos pro-
ções por Soil Survey, desenvolvidas na primeira ca- jetos estudados (5).
mada de geomembrana e representa a primeira bar- Em relação aos tipos de danos encontrados, os cortes e
reira de impermeabilização que poderá ter contato punções são os que se apresentam em maior frequên-
com o lixo da célula. cia, sendo seguidos por cortes irregulares, depois fa-
Em virtude da complexidade do planejamento asso- lha na solda da emenda e, por fim, danos por máquinas.
ciados `as atividades de operação do Aterro Sanitário A comparação dos tipos de danos encontrados na CTR-
da CTR-Rio, as células de resíduos foram nomeadas -Rio e os disponíveis na literatura.
conforme uma codificação específica, a qual chama- Nota-se, a partir dos dados acima que, existe grande
remos genericamente por células de A `a G, repre- similaridade em relação `a frequência de danos por
sentando sete células implantadas e testadas pela punção e corte linear na CTR-Rio e nos demais proje-
metodologia do Soil Survey. O total da área pesqui- tos estudados (5). Já os cortes irregulares foram mais
sada é de 31 hectares. frequentes na CTR-Rio e as falhas de solda, em mui-
O monitoramento de toda a área é realizado a partir to menor frequência dos que as encontradas nos pro-
da definição de uma malha, através da qual são fei- jetos estudados anteriormente.
tas as medições de campo. O espaçamento da malha As fig. 2 e 3, a seguir, apresentam imagens de danos
utilizado foi de 3 metros e as medições foram feitas que foram identificados ao longo do monitoramento de
a cada 1,5 metros. Os dados de campo foram coleta- Soil Survey, nas células da CTR-Rio. A Fig. 2 represen-
dos nos medidores portáveis e, depois transferidos ta um dano por punção de rocha e na Fig. 3, tem-se um
para o software que realiza a interpolação dos dados dano em solda de emenda entre as geomembranas.
e permite sua avaliação para a localização dos danos.
Conclusões
Resultados e Discussão O controle de qualidade realizado através do méto-
A partir dos resultados obtidos no monitoramento das do do Soil Survey, se mostrou eficiente em identificar
células em estudo, calcularam-se as densidades de danos causados na geomembrana durante sua insta-
danos por hectares em cada caso. Estabeleceu-se, lação e cobertura.

64 RMAI
Fig. 2: Dano causado `a geomembrana durante a instalação. Fig. 3: Falha identificada na solda da emenda entre as geomembranas.

Os resultados do monitoramento da primeira cama- Bibliografia:


da de geomembrana do aterro sanitário da CTR-Rio (1) Lei 12.305/2012: Politica Nacional de Resíduos Sólidos
encontram-se compatíveis com os padrões disponí- (2) Lei 425/2014.
veis na literatura, no que se refere aos tipos de da- (3) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS: NBR 13896:
nos. Identificaram-se, porém, melhores resultados aterros de resíduos não perigosos - critérios para projeto, implanta-
médios em relação `a densidade de danos por hec- ção e operação. Rio de Janeiro, 1987.
tare, em relação aos projetos estudados na literatu- (4) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR 8419:
ra. Tal fato deve estar associado ao controle de qua- apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos
lidade que vem sendo adotado nas atividades de im- urbanos - procedimento. Rio de Janeiro, 1984.
plantação da geomembrana neste aterro. (5)Lessons Learned from 10 years of leak detection surveys on geo-
Em virtude da realização do monitoramento do Soil membranes, B. Forget et al, Canada.
Survey, na primeira camada, a CTR-Rio teve a opor- (6)ASTM D7007 – 09 – Standard Practice for Eletrical Methods for Lo-
tunidade de reparar 53 danos no total, distribuídos cating Leaks in Geomembranes Covered with Water or Earth Materials
em torno de 31 hectares, e evitar futuros vazamen- (7)ASTM D6747-02 - Standard Practices for eletrical methods for loca-
tos para a camada drenante e posteriores camadas ting leaks in geomembranes covered with water or earthen materials
de impermeabilização. (8) Cutting Holes for testing vs. testing for holes, Richard Thiel, Glenn
Os dados obtidos demonstram que são reais e, ineren- Darilek and Daren Laine, GFR Magazine, June/July 2003
tes `as atividades de implantação, as possibilidades (9) Locatting Leaks in Geomembrane Liners of Landills Covered wi-
de ocorrência de danos nas geomembranas de PE- th a Protective Soil, Laine, D.L. and Darilek, G.T., Geosynthetics 93 -
AD usadas para a impermeabilização de aterros. Por Vancouver, Canada - 1403-1412
este motivo é que este tipo de monitoramento deve- (10) Relatórios de Soil Survey, disponibilizados pela CTR-Rio.
ria ser adotado, pelos aterros brasileiros, `a exemplo
da CTR Rio, como modelo de inspeção para o contro-
le de qualidade da instalação.
Tal prática, já bastante difundida fora do Brasil, re-
Priscila Zidan
presenta uma inovação no país com relação ao con- Evolui Consultoria Ambiental, Brasil
trole de qualidade de geomembranas e ação de mi-
nimização de riscos ambientais, inerentes `as ativi-
dades de disposição final de resíduos.
Luiz Paulo Achcar Frigo
Evolui Consultoria Ambiental, Brasil

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ANÁLISES AMBIENTAIS

ISO IEC 17025


A
metrologia engloba todos os aspectos teóricos e práticos da me-
dição, qualquer que seja a incerteza da avaliação e o campo de
NORMA aplicação. A metrologia aliada à qualidade são itens fundamen-
COMPROVA QUE tais para ampliar o fator competitivo das empresas. Portanto,
os laboratórios devem atender diversas exigências visando ga-
UM LABORATÓRIO rantir da confiabilidade nos resultados que fornecem. Um mé-
todo para gerar essa garantia é a implementação de um sistema de gestão
EXECUTA SUAS baseado nos requisitos da norma ISO IEC 17025, um padrão internacional
ATIVIDADES COM aplicado à qualquer laboratório de ensaio e/ou calibração.
O especialista em Metrologia, Luiz Roberto Rodrigues, consultor e audi-
PRECISÃO E GARANTE tor líder na DQS do Brasil e na Horus Gestão Organizacional, Engenharia e

QUE O RESULTADO Sustentabilidade, conta que a ISO 17025, criada internacionalmente em 1999,
substituiu a ISO Guide 25 (Requisitos técnicos, específicos para laboratórios
FINAL DAS ANÁLISES de ensaios), que vigorava desde 1978. Conforme ele, a norma chegou no Bra-
sil para atender solicitações de diversos setores produtivo, como foi o caso
SEJA DE QUALIDADE do mercado automotivo, que percebeu a necessidade de contar com um pa-
drão internacional para validar as atividades dos fornecedores das monta-
Por Sofia Jucon doras nos critérios de calibração e ensaios de produtos.

66 RMAI
Carta de conformidade torias, é que há uma nítida separa- pois dá a certeza de que o laborató-
Segundo Rodrigues, no exterior, ção entre os requisitos gerenciais e rio produziu resultados conforme a
a certificação ISO IEC 17025 é fei- os requisitos técnicos. “A partir do norma estabelece”, afirma.
ta pelos organismos certificadores, momento que o laboratório conquis- Para Rodrigues, o atendimento
mas no Brasil, somente o Inmetro ta a norma a mesma passa por ma- aos preceitos da ISO IEC 17025 está
pode emitir esse certificado. O fato nutenções periódicas e, consequen- diretamente ligado ao cerne da sus-
dos custos para os pequenos e mé- temente, esse processo conta com tentabilidade nas empresas. “Uma
dios laboratórios conquistarem es- as auditorias internas, externas e empresa sustentável tem que atuar
sa acreditação serem muito altos, de clientes, cujos objetivos são de- com base em certas condutas, co-
a IATF – International Automotive monstrar se um procedimento es- mo atender irrestritamente a quali-
Task Force, entidade internacional tá em conformidade com a norma dade dos ensaios e calibrações dos
que controla as montadoras em ní- e, caso existam as não conformida- seus produtos. O seu discurso tem
vel mundial, criou para as montado- des, elas terão que ser ajustadas”, que conferir com a prática e a nor-
ras sediadas no Brasil um grupo de comenta o especialista. ma ajuda a demonstrar esses parâ-
auditores, que visitaram os fornece- Outro ponto relevante citado por metros”, declara.
dores para garantir que os mesmos Rodrigues trata-se da importância Ele destaca que a amarração so-
trabalhassem com a qualidade ne- da rastreabilidade da medição, cujos cial da 17025 também é muito gran-
cessária nos serviços de calibração procedimentos servem para qual- de, principalmente porque o con-
e ensaios. Em termos de metrolo- quer tipo de análise. “Desde um tra- sumidor compõe uma parcela das
gia, quando chegou na auditoria que tamento de efluente até um exame partes interessadas. Fabricantes
abrange os critérios da ISO IEC 17025 de sangue, o resultado tem que ser de colchões, brinquedos, alimen-
nem todos os laboratórios tinham a rastreado, por isso a cadeia de ras- tos, medicamentos, peças automo-
possibilidade de atender esses for- treabilidade é um ponto fundamental tivas, ou seja, muitos representan-
necedores, então a Anfavea - Asso- na ISO IEC 17025, tes do setor produtivo são obrigados
ciação Nacional dos Fabricantes de a seguir os princípios e conceitos da
Veículos Automotores, com o emba- norma. “Para o consumidor, a ISO
Rodrigues: “A norma
samento de um corpo de auditores ajuda as empresas IEC 17025 é uma forma de garan-
que visitou esses laboratórios em a demonstrarem os tir que ele está comprando, levando
parâmetros exigidos
todo o Brasil, decidiu conceder uma nos âmbitos da e pagando a quantidade certa com
carta de conformidade, com a prer- sustentabilidade” a qualidade assegurada”, conclui. n
rogativa da IATF. “Assim, o laborató-
rio que tem esta carta da Anfavea es-
tá em acordo com os requisitos ne-
cessários para efetuar os testes de
calibração e os ensaios em confor-
midade com a ISO IEC 17025 no Bra-
sil”, explica.

Rastreabilidade
Rodrigues salienta que a ISO IEC
17025 gerou melhorias no mercado
nacional. “As empresas buscam ca-
da vez mais contratar laboratórios
que possuem essa norma e garan-
tam mais segurança nos testes”, ob-
serva. Um dos destaques da norma,
principalmente no âmbito das audi-

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EVENTOS

Foto: Instituto Mais

ENCONTRO DA
INDÚSTRIA QUÍMICA
Fotos: Laureni Fochetto

ENAIQ 2015 DESTACOU A IMPORTÂNCIA DA INDÚSTRIA


PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO PAÍS

A
Abiquim – Associação Brasileira da Indústria Quí- lembrou também que não existe país desenvolvido sem
mica, realizou no dia 11 de dezembro de 2015, em uma indústria forte.
São Paulo, SP, a 20ª edição do ENAIQ – Encontro Já o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, enfa-
Anual da Indústria Química. Considerado um dos maio- tizou que a indústria química é um setor importante pa-
res eventos do setor químico brasileiro, esta edição reu- ra a macroeconomia e que muitas transformações fo-
niu cerca de 600 participantes, entre executivos indús- ram feitas para gerar energia em maior quantidade e me-
tria química e outros setores industriais, autoridades do nor custo. “Estamos recuperando as bacias hidrográfi-
Governo, parlamentares, pesquisadores e acadêmicos. cas que formam a ‘caixa d’água’ do Brasil e, ao mesmo
O ENAIQ 2015 contou com a apresentação de Armando tempo, efetuando a alteração do perfil da matriz elétri-
Monteiro, ministro do MDIC - Desenvolvimento, Indús- ca agregando a energia eólica, que passou a ser um su-
tria e Comércio Exterior, que falou aos presentes que o cesso nos leilões de energia”, informou. O ministro Bra-
Brasil se caracteriza por seu empreendedorismo e di- ga também declarou que o Ministério de Minas e Energia
namismo e, neste cenário, a indústria tem um papel im- está empenhado em encontrar alternativa que ofereça
portante para o desenvolvimento do PIB nacional. “Acre- preço competitivo para a indústria química.
dito que crescer por meio da indústria é a melhor forma O deputado federal Paulo Pimenta (PT/RS), que é presi-
para um país crescer”, enfatizou. O ministro Monteiro dente da Frente Parlamentar da Química, contou sobre

68 RMAI
Além dos dados sobre o desempenho do setor, os cerca de 600
o trabalho desenvolvido pelo grupo no Congresso Na- participantes conheceram exemplos de inovação tecnológica
cional para garantir a competitividade do setor. “A fren-
te trabalha para ser uma divulgadora das boas práticas
e dos produtos que a química cria para a sociedade tor- lo presidente do Conselho Diretor da Abiquim, Carlos Fa-
nar a vida da sociedade melhor”. digas. A indústria química brasileira deverá encerrar 2015
com um faturamento líquido de US$ 112,4 bilhões, segun-
Programa Atuação Responsável® do estimativa da Abiquim para segmentos de produtos quí-
O ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy, participou do micos de uso industrial e associações específicas dos seg-
evento por meio de um vídeo produzido exclusivamen- mentos de produtos farmacêuticos; fertilizantes; higiene
te para os participantes do ENAIQ. Em seu depoimento, pessoal, perfumaria e cosméticos; defensivos agrícolas; sa-
explicou que o governo trabalha para estabelecer a si- bões e detergentes; tintas, esmaltes e vernizes e fibras ar-
tuação fiscal e criar confiança nas empresas e socieda- tificiais e sintéticas.
de, gerando demanda no mercado e criando condições Após apresentação de dados de desempenho do setor, Fadi-
para um crescimento robusto e sustentável. Levy des- gas contou que, no cenário atual do país, é necessário olhar
tacou ainda a importância do Programa Atuação Res- adiante, mas para isso é preciso reduzir a instabilidade e as
ponsável® – iniciativa voluntária da indústria química, incertezas. O executivo lembrou que o país tem uma indús-
gerenciada no Brasil pela Abiquim – para a redução das tria química forte, a sexta maior do mundo, e recursos na-
emissões de gases de efeito estufa. turais para crescer, “mas é preciso reter os recursos natu-
Outro destaque do ENAIQ foi a divulgação do Desempenho rais e transformá-los para promover o crescimento da in-
da Indústria Química Brasileira em 2015, apresentado pe- dústria, como é feito nos EUA, China e Índia”.

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69
EVENTOS

O presidente-executivo da Abiquim, Fernando Figueire- Os parlamentares Braga, Monteiro e Pimenta (da esquerda para a
direita), contribuiram com as palestras do ENAIQ 2015
do, também ressaltou os recursos naturais como petró-
leo, gás, a biodiversidade e minerais. “Além disso, temos
profissionais capacitados que fazem acreditar que o se- do foi assinado pelo presidente-executivo da Abiquim,
tor vai se desenvolver”, completa. Fernando Figueiredo; pelo diretor-geral do Senai, Ra-
fael Lucchesi; e pelo ministro do Desenvolvimento, In-
Inovação tecnológica na área química dústria e Comércio Exterior (MDIC), Armando Monteiro.
O ENAIQ 2015 contou com a presença do professor do Também durante o evento, foi realizada a cerimônia de
Departamento de Economia da Pontifícia Universidade entrega dos troféus aos vencedores do Prêmio Kurt Po-
Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Sérgio Besserman litzer de Tecnologia 2015, que prestigia a PD&I, reconhe-
Vianna, que apresentou a palestra “A Química como Lí- cendo projetos de inovação tecnológica na área quími-
der do Desenvolvimento Sustentável”. Sua apresenta- ca que demonstrem inventividade e criatividade. Neste
ção abordou temas relativos à COP-21. ano, pela categoria Startup, a empresa Ipol Nanotecno-
O ENAIQ também promoveu um debate sobre as solu- logia recebeu o prêmio pelo projeto “Polímeros de alto
ções da indústria química para um futuro sustentável, desempenho aditivados com nanomateriais de carbo-
com a participação do diretor de Operações da Merce- no”. Pela categoria Empresa, a Oxiteno e o Instituto Na-
des Benz, Wolfgang Hänle; do membro do Comitê Exe- cional de Tecnologia (MCTI) foram os vencedores com a
cutivo da Solvay, Pascal Juéry; e do COO da BKO Incor- “Produção Biocatalítica de Ésteres”. Finalmente, pela
poradora e Construtora, Mario Giangrande. categoria Pesquisador, o trio formado pela professora
Na sequência, Paul Hodges, presidente da International Vanderlan da Silva Bolzani, professor João Batista Ca-
eChem e consultor da ICIS ministrou a palestra “Maté- lixto e professora Maria Luiza Zeraik conquistou o Prê-
rias-primas x Petroquímica: perspectiva de mercado”. mio com o projeto “Utilização sustentável da polpa dos
Durante o evento, a Abiquim e o Senai assinaram um frutos de umbu e umbu-cajá: produtos naturais fenóli-
acordo de cooperação que promoverá o fortalecimen- cos de alto valor agregado para a indústria de cosméti-
to das relações institucionais por meio de intercâmbio cos com propriedades antienvelhecimento”.
de informações, realização de estudos, eventos e ações Durantes o evento, alunos vencedores das Olimpíadas
para promover assuntos de interesse comum em prol de Química também receberam uma homenagem e en-
da inovação industrial para a indústria química. O acor- trega de medalhas. n

70 RMAI
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VITRINE

Controlador de processos com eficiência energética


A Honeywell Process Solutions (HPS) lançou o novo controlador
de processos RTU2020, com foco em companhias que operam no
setor de petróleo e gás, mineração e outras indústrias. O RTU2020,
aprimorado com redundância nativa, módulos expandidos de
input/output (I/O), e wireless I/O, é um controlador modular de
processos que oferece completa visibilidade com a mais eficiente
utilização de instrumentos de monitoramento remoto, diagnóstico
e gerenciamento de funções. A unidade foi desenvolvida para
ambientes severos e pode ser utilizada em locais com níveis mais
baixos de consumo de eletricidade (1,8 watts), o que é o ideal para utilizar
energia solar. www.honeywellnow.com

Autotransformadores com eficiência energética

A TS Shara, fabricante nacional de nobreaks,


Reservatório flexível para água de reúso estabilizadores de tensão, filtros de linha,
autotransformadores e protetores de rede inteligentes,
A Sansuy lançou o viniliq® pipa em versão anuncia novas linhas de autotransformadores,
para água de reúso, que alia segurança e baixo desenvolvidas para proteção segura contra surtos de
custo. Com cinco capacidades diferentes, tensão. O ATS Laser oferece uma boa relação custo-
viniliq® pipa pode ser instalado em veículos benefício, pois é produzido dentro dos padrões de
de carroceria aberta ou fechada atendendo eficiência energética e apresentou os melhores índices
volumes entre 450 litros até 6.000 litros. de rendimento no mercado (98%), de acordo com
Além de situações de escassez de água e testes realizados pelo laboratório da Universidade de
para integrar sistemas de captação de água São Paulo-USP. A empresa oferece ainda a linha ATS
da chuva, viniliq® pipa é útil também em Smart, disponível nas versões 1050 e 1050 Tripolar, foi
canteiros de obras, no combate a incêndios desenvolvida para atender as necessidades do usuário
florestais e em áreas de paisagismo, motivo final, voltada para aplicações residenciais, de qualquer
pelo qual o reservatório é comercializado para região do país.
empresas de diversos segmentos da indústria, Ambos os equipamentos oferecem selo de eficiência
comércio, construção, serviços e instituições energética, de acordo com testes realizados no laboratório
públicas. www.sansuy.com.br de testes da USP. www.tsshara.com.br

Adesivos industriais sustentáveis

Os novos adesivos hotmelt à base do polímero metaloceno, da Adecol,


fabricante de adesivos industriais é considerada uma inovação verde. Além
de ser mais leve para a natureza, gera uma economia real entre 10 e 40%
no custo final para o usuário. Outro ponto positivo é que a cola à base de
metaloceno demanda menor manutenção dos equipamentos e reduz o tempo
parado das linhas de produção. Segundo dados da Abiquim, se todo consumo
de cola hotmelt no Brasil fosse trocado por metaloceno, o país reduziria em
dois bilhões de litros o consumo de água e em 73 mil barris consumo de
petróleo por ano. www.adecol.com.br

72 RMAI
julho | agosto | 2015
73
AGENDA

Março
AGENDA Data: 28/3 a 1/4 Curso: Licenciamento Ambiental no
Fórum Princípios do Equador e o setor Local: São Paulo – SP Estado de São Paulo
produtivo nacional Realização: Cetesb Data: 8/4 a 21/5
Data: segunda quinzena Informações: (11) 3133-3629 Local: São Paulo – SP
Local: Faculdade de Saúde Pública – São E-mail: cursos@cetesbnet.sp.gov.br Realização: Cetesb – Companhia
Paulo – SP Website: www.cetesb.sp.gov.br Ambiental do Estado de São Paulo
Realização: IEAGA - Instituto de Estudos Informações: (11) 3133-3629
Avançados em Gestão Ambiental e CEA/ Abril E-mail: cursos@cetesbnet.sp.gov.br
FSP Curso: Finanças Sustentáveis e Website: www.cetesb.sp.gov.br
Informações: 11 3535-2834 Investimentos de Impacto
E-mail: contato@ieaga.org Data: 1 a 7 Curso: Sistemas da gestão ambiental -
Website: http://ieaga.org/evento- Local: Curitiba - PR Requisitos com orientações para uso -
principios-do-equador-ceap-fsp/ Realização: ISAE/FGV ABNT NBR ISO 14001:2015
Informações: (41) 3388-7800 Data: 18 e 19
Curso: Controle Ambiental na Indústria E-mail: atendimento@isaebrasil.com.br Local: Rio de Janeiro - RJ
Data: 15 a 17 Website: http://www.isaebrasil.com.br/ Realização: ABNT
Local: Belo Horizonte - MG Informações: (11) 3017.3610 / 3017.3644
Realização: Ietec Curso: Tratamento e Controle de E-mail: atendimento.sp@abnt.org.br
Informações: (31) 3116-1000 Efluentes e Reúso Website: http://www.abntcatalogo.com.br
E-mail: cursos@ietec.com.br Data: 4
Website: www.ietec.com.br Local: CRQ-IV – São Paulo – SP Maio
Realização: Expo Estratégia e Grupo Curso: Avaliação de Impacto Ambiental
Curso: Licenciamento Ambiental de Interação Data: 9 a 13
Empreendimentos de Energia Informações: (11) 3917-2878 / 5095-0077 Local: São Paulo – SP
Data: 16 E-mail: cursos@expoestrategia.com.br Realização: Cetesb – Companhia
Local: São Paulo – SP Website: http://rmai.com.br/cursos/ Ambiental do Estado de São Paulo
Realização: Instituto Acende Brasil Informações: (11) 3133-3629
Informações: (11) 3704-7733 Curso: Política Nacional de Resíduos E-mail: cursos@cetesbnet.sp.gov.br
E-mail: melissa.oliveira@acendebrasil. Sólidos - Gestão Eficiente na Indústria Website: www.cetesb.sp.gov.br
com.br Data: 5
Website: www.acendebrasil.com.br Local: CRQ-IV – São Paulo – SP Curso: Práticas no Processo de
Realização: Expo Estratégia e Grupo Licenciamento Ambiental
Curso: Outorga de uso das águas e Interação Data: 16 a 19
licenciamento ambiental de obras Informações: (11) 3917-2878 / 5095-0077 Local: São Paulo – SP
hidráulicas e de geração de energia E-mail: cursos@expoestrategia.com.br Realização: Cetesb
Data: 18 a 20 Website: http://rmai.com.br/cursos/ Informações: (11) 3133-3629
Local: Goiânia – GO E-mail: cursos@cetesbnet.sp.gov.br
Realização: Instituto INEAA Curso: Auditorias Ambientais e Perícias Website: www.cetesb.sp.gov.br
Informações: (62) 3541-5902 Ambientais
E-mail: cursos@institutoineaa.org.br Data: 6 Curso: Segurança Química – FISPQs &
Website: http://www.institutoineaa.org.br/ Local: CRQ-IV – São Paulo – SP Sistema de Classificação
Realização: Expo Estratégia e Grupo Data: 31/5 e 1/6
Curso: Tecnologia de Controle Interação Local: São Paulo - SP
de Poluição do Ar para Material Informações: (11) 3917-2878 / 5095-0077 Realização: Ambiance Soluções
Particulado, Gases, Vapores e Odores e E-mail: cursos@expoestrategia.com.br Ambientais
Verificação de Sistemas Website: http://rmai.com.br/cursos/ Informações: 11 5093-0854
E-mail: cursos@portaldosresiduos.com.br
Website: http://portaldosresiduos.com.br

74 RMAI
julho | agosto | 2015
75
Agenda de Cursos
RMAI 2016
1º Semestre

Cursos Técnicos 2016


TRATAMENTO E CONTROLE DE
Data: 4 de abril de 2016 – segunda-feira
EFLUENTES INDUSTRIAIS E REÚSO
Horário: 08H00 – 17H30
Alternativas que geram benefícios
Local: CRQ-IV - São Paulo – SP
ambientais e financeiros
Valor: R$ 690,00
para as empresas

POLÍTICA NACIONAL
DE RESÍDUOS SÓLIDOS - GESTÃO
EFICIENTE NA INDÚSTRIA Data: 5 de abril de 2016 – terça-feira
Aspectos que permeiam o universo Horário: 08H00 – 17H30
dos resíduos e sua gestão técnica Local: CRQ-IV - São Paulo – SP
e administrativa em prol da Valor: R$ 690,00
sustentabilidade nas empresas

AUDITORIAS AMBIENTAIS
E PERÍCIAS AMBIENTAIS Data: 6 de abril de 2016 – quarta-feira
Aspectos administrativos e jurídicos que Horário: 08H00 – 17H30
envolvem o universo das auditorias e Local: CRQ-IV - São Paulo – SP
perícias ambientais e seus reflexos no Valor: R$ 690,00
sistema de gestão das empresas

* OFERECEMOS PACOTE ESPECIAL PARA QUEM PARTICIPAR DOS TRÊS CURSOS.


* ASSINANTES DA RMAI CONTAM COM 20% DE DESCONTO

Inscrições e mais informações: (11) 5095-0077


cursos@rmai.com.br | www.cursos.rmai.com.br

Realização

76 RMAI

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