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Esta nova coletânea traz como novidade a apresentação

2004 O Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso no Sebrae


dos casos por área temática, visando facilitar a consulta teve sua origem em 2002 com o objetivo de disseminar
e melhor entendimento do conteúdo. 2004 as melhores práticas vivenciadas por empreendedores
e empresários de diversos segmentos e setores,
O primeiro volume da nova edição descreve casos participantes dos programas e projetos do Sebrae
vinculados aos temas de artesanato, turismo e cultura, em vários Estados do Brasil.
empreendedorismo social e cidadania. O segundo relata
histórias sobre agronegócios e extrativismo, indústria, A primeira fase do projeto, estruturada para escrever estudos
comércio e serviços. E o terceiro aborda exclusivamente de caso sobre empreendedorismo coletivo, publicou em
casos com foco em inovação tecnológica. 2003 a coletânea Histórias de Sucesso – Experiências

Os resultados obtidos com o projeto Desenvolvendo


Histórias de Sucesso Empreendedoras, em três livros integrados de 1.200
páginas, que contou 80 casos desenvolvidos em
Casos de Sucesso, desde sua concepção e implantação, Experiências Empreendedoras diferentes localidades e vários setores, abrangendo as
têm estimulado a elaboração de novos estudos sobre cinco regiões: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e
histórias de empreendedorismo coletivo e individual, e, Nordeste. Participaram 90 escritores, provenientes do
conseqüentemente, têm fortalecido o processo de Gestão quadro técnico interno ou externo do Sebrae.

Histórias de Sucesso
do Conhecimento Institucional. Contribui-se assim, de forma
significativa, para levar ao meio acadêmico e empresarial Esta segunda edição da coletânea Histórias de Sucesso –
o conhecimento acerca de pequenos negócios bem- Experiências Empreendedoras – 2004, composta de três
sucedidos, visando potencializar novas experiências volumes que totalizam cerca de 1.100 páginas, contou com
que possam ser adotadas e implementadas no Brasil. a participação de 89 escritores e vários profissionais de
todos os Estados brasileiros, que escreveram os 76 casos.
Para ampliar o acesso dos leitores interessados em utilizar
os estudos de caso, o Sebrae desenvolveu em seu portal A continuidade do projeto reitera a importância da
(www.sebrae.com.br) o site Casos de Sucesso, onde o disseminação das melhores práticas observadas no âmbito
usuário pode acessar na íntegra todos os 156 estudos de atuação do Sistema Sebrae e de sua multiplicação para
das duas coletâneas por tema, região ou projeto, bem o público interno, rede de parceiros, consultores, professores
como fotos, vídeos e reportagens. e meio empresarial.

Todos os casos do projeto foram desenvolvidos sob a orientação


de professores tutores, atuantes no meio acadêmico e em
diversas instituições brasileiras, que auxiliaram os autores
a pesquisar dados, entrevistar pessoas e escrever os casos,
de acordo com a metodologia elaborada pelo Sebrae.

Foto do site do Sebrae. Casos de Sucesso.

Esperamos que essas histórias de sucesso possam


produzir novos conhecimentos e contribuir para fortalecer
os pequenos negócios e demonstrar sua importância
econômica no País.
Série Histórias
Boa leitura e aprendizado! de Sucesso.
Primeira edição 2003.
COPYRIGHT © 2004, SEBRAE – SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É permitida a reprodução total ou parcial, de qualquer


forma ou por qualquer meio, desde que divulgadas as fontes.

SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas


Presidente do Conselho Deliberativo Nacional
Armando Monteiro Neto
Diretor-Presidente
Silvano Gianni
Diretor de Administração e Finanças
Paulo Tarciso Okamotto
Diretor Técnico
Luiz Carlos Barboza
Gerente da Unidade de Estratégias e Diretrizes
Gustavo Henrique de Faria Morelli
Coordenação do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso
Renata Barbosa de Araújo Duarte
Comitê Gestor do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso
Cezar Kirszenblatt, SEBRAE/RJ; Daniela Almeida Teixeira, SEBRAE/MG; Mara Regina Veit, SEBRAE/MG;
Renata Maurício Macedo Cabral, SEBRAE/RJ; Rosana Carla de Figueiredo Lima, SEBRAE Nacional
Orientação Metodológica
Daniela Abrantes Serpa – M.Sc., Sandra Regina H. Mariano – D.Sc., Verônica Feder Mayer – M.Sc.
Diagramação
Adesign
Produção Editorial
Buscato Informação Corporativa

D812h Histórias de sucesso: experiências empreendedoras / Organizado


por Renata Barbosa de Araújo Duarte – Brasília: Sebrae, 2004.

412 p. : il. – (Casos de Sucesso, v.2)

Publicação originada do projeto Desenvolvendo Casos de


Sucesso do Sistema Sebrae.
ISBN 85-7333-386-3
1. Empreendedorismo 2. Estudo de caso 3. Agronegócio
4. Extrativismo 5. Indústria, comércio e serviço I. Duarte, Renata
Barbosa de Araújo II. Série

CDU 65.016:001.87

BRASÍLIA
SEPN – Quadra 515, Bloco C, Loja 32 – Asa Norte
70.770-900 – Brasília
Tel.: (61) 348-7100 – Fax: (61) 347-4120
www.sebrae.com.br
PROJETO DESENVOLVENDO CASOS DE SUCESSO

OBJETIVO
O Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso foi concebido em 2002 a partir das prioridades
estratégicas do Sistema SEBRAE com a finalidade de disseminar na própria organização, nas
instituições de ensino e na sociedade as melhores práticas de empreendedorismo individual e
coletivo observadas no âmbito de atuação do SEBRAE e de seus parceiros, estimulando sua
multiplicação e fortalecendo a Gestão do Conhecimento do SEBRAE.

METODOLOGIA “DESENVOLVENDO CASOS DE SUCESSO”


A metodologia adotada pelo projeto é uma adaptação do consagrado método de estudos
de caso aplicado em Babson College e Harvard Business School, que se baseia na história
real de um protagonista, que, em dado contexto, se encontra diante de um problema ou de
um dilema que precisa ser solucionado. Esse método estimula o empreendedor, o aluno ou a
instituição parceira a vivenciar uma situação real, convidando-o a assumir a perspectiva do
protagonista.

O LIVRO HISTÓRIAS DE SUCESSO – Edição 2004


Esse trabalho é o resultado de uma das ações do projeto Desenvolvendo Casos de Su-
cesso, elaborado por colaboradores do Sistema SEBRAE, consultores e professores de ins-
tituições de ensino parceiras. Esta edição é composta por três volumes, em que se
descrevem 76 estudos de casos de empreendedorismo, divididos por área temática:
• Volume 1 – Artesanato, Turismo e Cultura, Empreendedorismo Social e Cidadania.
• Volume 2 – Agronegócios e Extrativismo, Indústria, Comércio e Serviço.
• Volume 3 – Difusão Tecnológica, Soluções Tecnológicas, Inovação, Empreendedorismo e
Inovação.

DISSEMINAÇÃO DOS CASOS DE SUCESSO DO SEBRAE


O site Casos de Sucesso do SEBRAE (www.casosdesucesso.sebrae.com.br) visa divulgar as
experiências geradas a partir das diversas situações apresentadas nos casos, bem como suas
soluções, tornando-as ao alcance dos meios empresariais e acadêmicos.
O site apresenta todos os estudos de caso das edições 2003 e 2004, organizados por área de
conhecimento, região, municípios, palavras-chave e contém, ainda, vídeos, fotos, artigos de
jornal, que ajudam a compreender o cenário onde os casos se passam. Oferece também um
manual com orientações para instrutores, professores e alunos de como utilizar o estudo de caso
na sala de aula.
As experiências relatadas ilustram iniciativas criativas e empreendedoras no enfrentamento
de problemas tipicamente brasileiros, podendo inspirar a disseminação e aplicação dessas
soluções em contextos similares. Esses estudos estão em sintonia com a crescente importância
que os pequenos negócios vêm adquirindo como promotores do desenvolvimento e da geração
de emprego e renda no Brasil.
Boa leitura e aprendizado!

Gustavo Morelli
Gerente da Unidade de Estratégias e Diretrizes
Renata Barbosa de Araújo Duarte
Coordenadora do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004


EMPREENDENDO COM INOVAÇÃO NO
SETOR MOVELEIRO DO RIO GRANDE DO SUL
RIO GRANDE DO SUL
MUNICÍPIO: FLORES DA CUNHA

INTRODUÇÃO

F lores da Cunha, no Rio Grande do Sul – a Terra do Galo –, foi o palco


de um caso de sucesso iniciado em janeiro de 2003, quando um gru-
po de empresários do setor moveleiro, ancorado por uma das principais
empresas exportadoras de móveis do País, identificou suas necessidades
para enfrentar a competitividade global.
Contam Diego Toigo Coloda e Juliano Pradella, empreendedores da
Pracolo Móveis Ltda.: “De nossa parte, estávamos buscando melhorias,
novos clientes, a geração de novos empregos, qualidade, novos produtos”.
A empresa tinha toda sua produção destinada à empresa-âncora, Toigo
Móveis Ltda., cujos objetivos eram atender à constante demanda de novos
produtos e à alta qualidade exigida pelo mercado externo.
Segundo Cley R. Toigo, acionista e diretor de comércio exterior e finan-
ceiro da Toigo.

“A empresa apostou no treinamento e desenvolvimento dos terceiros,


para que tivessem a oportunidade de conhecer, aprender e desenvolver
novas técnicas e metodologias de trabalho, no sentido de estarem
preparados para os novos desafios, junto com a empresa-mãe, de
produzir com qualidade, pontualidade nas entregas, e com
produtividade para redução de custos”.

Com essas expectativas, a empresa Toigo e seus fornecedores terceiri-


zados estavam em busca de soluções que pudessem auxiliá-los na difícil
tarefa de desenvolver seus empreendimentos com a inovação desejada e
necessária para atender ao mercado com a qualidade exigida.
A maioria das empresas moveleiras gaúchas localizava-se na Serra
Gaúcha, constituindo o maior pólo moveleiro, onde se destacavam os
municípios de Bento Gonçalves e Flores da Cunha. Esse pólo era alicer-
çado na capacitação e atualização tecnológica, sendo referência nacional.
Maria Suelena Quadros, consultora externa do SEBRAE/RS, elaborou o estudo de caso sob a orientação
da professora Rosane Cruz, da Universidade do Vale do Rio Sino e da Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul, integrando as atividades do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso do SEBRAE.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 1


Juliano Pradella e Diogo Toigo Coloda

MÁQUINA DO TIPO FINGER-JOINT


Juliano Pradella e Diogo Toigo Coloda

EQUIPE DE MELHORIAS, DIRETORES E


CONSULTOR EXTERNO DO SEBRAE/RS
EMPREENDENDO COM INOVAÇÃO NO SETOR MOVELEIRO DO RIO GRANDE DO SUL – SEBRAE/RS

Representava 9% da produção brasileira, caracterizando-se por móveis


populares e retilíneos seriados, de aglomerado, MDF (chapa de madeira
aglomerada com maior densidade) e chapa dura, que eram destinados,
predominantemente, ao mercado interno.
Essa representatividade na economia exigia novas soluções das empre-
sas. Numa época de tecnologias avançadas e de globalização, as empresas
moveleiras nacionais enfrentavam acirrada concorrência nos mercados
nacional e internacional. Para oferecer qualidade, deviam desenvolver
soluções em processos produtivos inovadores, com gestão da produção
atrelada a estratégias mercadológicas, bem como ao fortalecimento da
cadeia produtiva. Para tais empresas, tornam-se vitais ações destinadas a
alavancar maior produtividade, competitividade e desenvolvimento regio-
nal sustentável, com responsabilidade social, já que utilizavam como ma-
téria-prima a madeira, considerada insumo de alto impacto ambiental.
Eram exigidas estratégias de preservação ambiental como forma de garantir
o desenvolvimento do setor e a adequação a uma legislação nacional
e internacional de proteção ambiental.
Por essas razões, a Pracolo Móveis considerou que era fundamental
investir na inovação tecnológica do processo produtivo, para garantir a
expansão da empresa nos mercados interno e externo, deixando de for-
necer apenas para a empresa-mãe. A atitude empreendedora dos empre-
sários foi o investimento nas ações que os levaram a realizar seus
objetivos. Por que caminhos?

FLORES DA CUNHA – A TERRA DO GALO

F lores da Cunha está localizada na encosta do nordeste do Estado do


Rio Grande do Sul, às margens do Rio das Antas, distante 150
quilômetros da capital, Porto Alegre, na região denominada Serra Gaúcha.
Tem suas raízes em 1877, com a chegada dos primeiros colonizadores
oriundos da Itália, das regiões de Vêneto, Piemonte e Treviso. Pouco de-
pois, em 1878, vieram outros, de Cremona, Mântua, Pádua, Tirol e, prin-
cipalmente, da região do Vêneto.
Tornou-se conhecida, em todo o sul do País, pela história do galo: na
década de 1920, um saltimbanco chegou à cidade para um espetáculo,
cujo ponto alto seria a mágica com um galo. O mágico cortaria a cabeça

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 3


INDÚSTRIA

da ave e depois a ressuscitaria com uma poção milagrosa que a faria


cantar novamente. Com o auditório do cinema lotado, o intendente mu-
nicipal e o delegado, as duas maiores autoridades naquele tempo, subi-
ram ao palco para fiscalizar a veracidade do feitiço do galo e impedir a
realização de qualquer truque ou alucinação. O mágico não se intimidou.
Solicitou ao intendente que segurasse as pernas do animal e, ao delega-
do, o pescoço, e desceu o machado. Enquanto as autoridades seguravam
as duas partes da ave, o mágico pediu um minuto à platéia para bus-
car a poção secreta; recolheu o dinheiro arrecadado e fugiu.
Esse incidente pitoresco e folclórico passou a ser um mote explorado
turisticamente, trazendo divisas para o município com o turismo, os agro-
negócios e a indústria moveleira. Constata-se, assim, o grande espírito em-
preendedor e inovador do povo dessa cidade. O município, com
aproximadamente 24 mil habitantes, destacava-se no cenário nacional
como o maior produtor de vinhos do Brasil, o 2º maior produtor de uvas
do País; o 2º pólo moveleiro do Estado; o 2º maior produtor de alho do
Estado; o 1º. produtor de bebidas alcoólicas do Estado. Possuía uma
indústria diversificada (uma para 17,6 habitantes), uma forte produção de
hortifrutigranjeiros e comércio e serviços.
De acordo com o site da Prefeitura Municipal de Flores da Cunha
(www.floresdacunha.com.br), a origem da indústria moveleira no Esta-
do está ligada à imigração italiana e alemã ocorrida no século XIX, nos
municípios da região da Serra Gaúcha. Dentre as áreas econômicas
que movimentavam cerca de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) de
Flores da Cunha, destacava-se a indústria moveleira. Segundo pólo
produtor de móveis do Rio Grande do Sul, com cerca de 143 empre-
sas, respondia por aproximadamente 20% da produção nacional e 2%
do PIB na economia gaúcha. As micro e pequenas empresas (MPEs)
representavam, segundo dados da Associação de Indústrias de Móveis
do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs, 2001), 96% do total das em-
presas moveleiras instaladas no Estado, gerando 59% dos empregos,
48% da produção e 42% dos salários.
Nesse contexto, surgiu em 2 de junho de 1950 a empresa Toigo Móveis
Ltda., inicialmente fabricando camas artesanais e sem design específico,
evoluindo na década de 1960 para móveis em estilo colonial; crescendo
a partir daí em estrutura e abrangência comercial. Em 1972, a empresa efe-
tuou sua primeira exportação de móveis para os Estados Unidos, e, com
o crescimento desse segmento, focou nele sua estratégia comercial.

4 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


EMPREENDENDO COM INOVAÇÃO NO SETOR MOVELEIRO DO RIO GRANDE DO SUL – SEBRAE/RS

NASCE UMA “GRANDE” EMPRESA

A Pracolo Móveis Ltda. nasceu em função das estratégias de terceiriza-


ção da produção demandadas pela Toigo, em 18 de maio de 1999.
Tendo em vista a competitividade internacional e a necessidade de redu-
ção de custos diretos de produção, a empresa Toigo estrategicamente op-
tou por focar o processo produtivo nas suas competências essenciais e
terceirizar as atividades que se distanciassem desse foco.
Diego Toigo Coloda é filho de um ex-funcionário da Toigo Móveis
Ltda., Orildo José Coloda. Este já constituíra uma empresa para prestar ser-
viços de pintura para a empresa Toigo e, quando foi convidado a incor-
porar outros processos de produção terceirizados, aceitou o desafio.
Assim, criou uma nova empresa para que seu filho a administrasse, junto
com Juliano Pradella, que havia sido seu funcionário na Toigo Móveis
e detinha grande conhecimento das tecnologias de produção de móveis
e espírito empreendedor. Assim nascia uma “grande” empresa, com base
na cooperação e na descentralização organizada e planejada da empresa-
mãe; alicerçada no empreendedorismo, técnica, comprometimento e ética
de seus administradores.
Para esse início (maio de 1999), a empresa Toigo arrendou maquinário
aos novos empreendedores, para que desenvolvessem a linha de móveis
rústicos (móveis envelhecidos), os quais não exigiam precisão técnica.
Após essa linha ser substituída, algum tempo depois, a Pracolo passou a
desenvolver partes e componentes para os móveis de linha normal. Adqui-
riu maquinário específico para a operação-chave, que define o ritmo da
fábrica, uma vez que a empresa passou a trabalhar com reaproveitamento
de material – tocos de madeira –, os quais eram emendados por um proces-
so especial realizado numa máquina do tipo finger-joint 1.
Entre 1999 e 2002, a Pracolo Móveis evoluiu contínua e lentamente:
possuía 20 funcionários e fornecimentos assegurados à Toigo Móveis,
tendo-a como única opção de cliente, conforme declaração dos empreen-
dedores: “Nossa região de abrangência, antes do início do projeto, estava
unicamente direcionada para nossa empresa âncora, ou seja, a Toigo
Móveis Ltda., que exigia exclusividade”.

1
Conjunto semi-automático para emendar madeiras, constituído por uma prensa e uma fresadora
num sistema contínuo de alta produção com comando eletrônico centralizado por Comando Lógico
Programável (CLP), com interface de comunicação.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 5


INDÚSTRIA

Ao final de 2002 a empresa-mãe mudou suas estratégias de terceirização,


buscando fortalecer seus terceirizados e torná-los parceiros na busca de maior
desenvolvimento e qualificação. A partir daí, autorizou a Pracolo a abrir mer-
cado por conta própria, desde que a empresa lhe desse garantia de preferên-
cia nos fornecimentos. Os empreendedores se comprometeram com isso –
assumiram que a “Toigo estaria sempre em primeiro plano”, mas decidiram
crescer, pois “ou fechava, ou abria mercado”, segundo Juliano Pradella.
Foi necessário buscar soluções, bem como aporte de investimentos para
superar a demanda enfraquecida nos momentos de crise de mercado ex-
portador, que afetava a empresa-mãe e a cadeia de fornecedores, e garan-
tir a sobrevivência da empresa. Tais soluções passaram por cálculos de
custos e formação de preços de vendas, gestão administrativa mais eficaz
e investimentos de capital, em máquinas e equipamentos modernos e com
produtividade, visando baixos custos. A empresa não tinha conhecimento
de suas margens de lucro, operava muitas vezes com prejuízo por não ter
condições de controle de custos produtivos. Era imprescindível, ainda,
investir em qualificação das pessoas, pois não haveria como melhorar
tecnicamente a estrutura fabril sem que essas estivessem envolvidas e
buscando soluções participativas, para que os avanços e as mudanças
tivessem solidez e continuidade.
Diego e Juliano assim se expressaram, ao lembrarem dessa fase:“Tudo
era novo, acontecendo ao mesmo tempo; trouxe muitas dificuldades, que
começavam desde a criação de simples planilhas para controle de entra-
das, saídas, fluxos de caixa, pedidos, custos, até o desenvolvimento de
novos produtos, novos clientes e, até mesmo, a busca de financiamentos
para a aquisição de maquinários”.
Os empreendedores sentiam-se responsáveis para com a sociedade,
pois estavam gerando empregos, ou seja, outras famílias dependiam de
sua empresa. Coube aos colaboradores auxiliar no desenvolvimento da
empresa, cada um em sua área, e ajudar na busca de novos clientes para
que a Pracolo Móveis pudesse se manter viva e gerar cada vez mais em-
pregos, proporcionando aumento da participação na economia regional.
Na busca dessas soluções, em maio de 2003, as empresas Toigo Mó-
veis e seus fornecedores terceirizados aderiram ao Programa Setorial
de Móveis2, do SEBRAE/RS, coordenado por Silvana Guerra, técnica do

2
Programa de desenvolvimento do setor moveleiro que, em conjunto com parceiros do governo local,
visa estabelecer vínculos das empresas com diversos agentes de desenvolvimento do setor.

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EMPREENDENDO COM INOVAÇÃO NO SETOR MOVELEIRO DO RIO GRANDE DO SUL – SEBRAE/RS

Setorial de Madeira e Móveis, do Projeto Capacitação de Fornecedores3.


Esse projeto contemplou a cadeia produtiva de 46 micro e pequenas
empresas (MPE) do ramo moveleiro da Serra Gaúcha.
O programa contou com o apoio das seguintes instituições: Associa-
ção Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), cuja parceria in-
cluiu a utilização do banco de dados com o cadastro das empresas
filiadas para a participação no projeto, além do apoio institucional; Sin-
dicato das Indústrias de Móveis (Sindmóveis), que também forneceu seu
banco de dados com os dados das empresas cadastradas para fazerem
parte do projeto e apoio institucional; Universidade de Caxias do
Sul/Campus Regional dos Vinhedos (UCS/Carvi), que abriu o espaço de
suas dependências em vários eventos durante o projeto, realizando até
uma feira aberta à comunidade da Serra, visando a exposição dos pro-
dutos moveleiros ao mercado. Houve também a participação de alunos
da faculdade, como estagiários, e de professores, como consultores do
projeto. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial/Centro Tecno-
lógico do Mobiliário (Senai/Cetemo) ofereceu aporte de conhecimento
técnico especializado, como apoio a consultorias na área de tecnologia
do mobiliário. A Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio
Grande do Sul (Movergs) desenvolveu toda a articulação com o governo
federal, buscando verbas para este projeto com o Ministério do Desen-
volvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), e também alavancou
o aporte de recursos pela empresa âncora e fornecedoras. Todo o pro-
cesso de articulação e negociação com as entidades parceiras foi esti-
mulado, coordenado e apoiado pelo SEBRAE/RS.
Surgiram, assim, as oportunidades de crescimento e de fortalecimento
da empresa, que produziu resultados comprovados desde o início de sua
participação no projeto, tornando o empreendimento mais competitivo e
resultando em crescimento do faturamento em 450%, além da motiva-
ção e comprometimento dos funcionários, antigos e novos. Como tal fe-
nômeno aconteceu?

3
Projeto que busca oferecer ferramentas de capacitação que credenciem as micro e pequenas empre-
sas a fornecer produtos e serviços a empresas de maior porte, organizações que dispõem de progra-
mas de qualidade e demandam ações de desenvolvimento.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 7


INDÚSTRIA

SURGINDO UMA NOVA CONCEPÇÃO EMPRESARIAL:


ATITUDE EMPREENDEDORA E INOVADORA

O Projeto de Desenvolvimento de Fornecedores e Redes de Empresas


da Cadeia Produtiva de Madeira e Móveis começou em 27 de março
de 2003, em Bento Gonçalves, coordenado pelo Setorial de Madeira e
Móveis do SEBRAE/RS. O projeto foi desenvolvido com diversas empresas
do ramo moveleiro da Serra Gaúcha, do qual participam as empresas
envolvidas neste caso: Toigo Móveis, como âncora, e Pracolo Móveis,
como micro e pequena empresa fornecedora. A abrangência total do
projeto inclui 46 MPE, indicadas pelas âncoras, formando cinco grupos de
trabalho nos seguintes municípios: Flores da Cunha (1), Caxias do Sul (1),
Garibaldi e Bento Gonçalves (3).
A apresentação do programa e a sensibilização dos empresários
também ocorreram em 27 de março de 2003, tendo como seqüência o
diagnóstico socioeconômico do setor e das respectivas empresas, realiza-
dos em maio, junho e julho de 2003, por empresa especializada. A partir
daí, ocorreu o seminário para definição dos projetos necessários ao setor
moveleiro, realizado em 12 de agosto de 2003, na cidade de Bento Gon-
çalves – um workshop para apresentação dos resultados do diagnóstico se-
torial realizado para subsidiar o escopo do Projeto Desenvolvimento de
Fornecedores. Nesse encontro houve a definição das ações e dos projetos
que seriam desenvolvidos para a capacitação dos empresários. As demais
fases constituíram um acompanhamento técnico da execução dos proje-
tos priorizados no programa e definição dos indicadores, no período de
julho/2003 a julho/2004, e o encontro final de resultados, realizado em 8
de junho de 2004, em Bento Gonçalves, no Sindicato das Indústrias de
Móveis (Sindmóveis), no qual as empresas capacitadas e os representan-
tes das âncoras, do SEBRAE/RS e dos demais parceiros avaliaram os resul-
tados e festejaram o sucesso do empreendimento.

MUDANDO A ROTINA

O projeto foi desenvolvido com o uso da metodologia do SEBRAE/RS


de Consultoria Gerencial, tendo sido designado um consultor para
acompanhamento do grupo de nove empresas, Ivan Carlos Paludo, o qual
apontou soluções e ministrou treinamentos aos empresários e aos colabo-

8 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


EMPREENDENDO COM INOVAÇÃO NO SETOR MOVELEIRO DO RIO GRANDE DO SUL – SEBRAE/RS

radores internos, que ajudaram na implementação de práticas necessárias


ao melhor desempenho da empresa.
Os indicadores levantados no diagnóstico de desempenho e gestão,
realizado em todas as empresas do projeto, apontavam deficiências, assim
como a avaliação da empresa pelo seu principal cliente, a âncora Toigo,
tais como: baixa produtividade das operações, alto lead-time, falhas no
sistema de informações, pouco desenvolvimento da área comercial, di-
ficuldades no layout, falta de manuais operacionais, poucos controles
financeiros, falta de precificação adequada dos produtos decorrente de
precário sistema de apuração de custos, inexistência de um planeja-
mento estratégico e um plano orçamentário, além do baixo nível de
treinamento da força de trabalho, da falta de um programa de organi-
zação e limpeza do espaço de trabalho, para melhoria do ambiente de
serviço, bem como de um gerenciamento de riscos e de prevenção de
acidentes no local de trabalho.
Baseado no diagnóstico desenvolvido, foi estabelecido um plano de
melhorias com o início das ações na “operação gargalo” do processo
de produção, fundamentado em técnicas de gerenciamento de produção.
Essa operação-chave, que define o ritmo de produção da fábrica, é a ope-
ração realizada no sistema finger-joint. Nessa operação, foi desenvolvida
a otimização de todos os recursos necessários para a total efetividade do
processo, ou seja, garantir que na operação não ocorressem paradas
desnecessárias. Dessa forma, buscou-se implementar uma série de ferra-
mentas de gestão da produção, tais como:
• constante suprimento de matéria-prima;
• implementação de rodízio de turno de trabalho para manter a máquina
em funcionamento por meio de matriz de capacitação desenvolvida e
implementada, que previa o treinamento de todos os funcionários, para
que pudessem realizar todas as operações da célula;
• definição de um sistema de gestão com um painel visual para registro
e controle das metas de produção;
• redução do tempo de set-up da máquina (troca de ferramentas);
• implementação de um plano de Manutenção Produtiva Total (TPM), a
fim de manter a máquina isenta de paradas durante o turno de trabalho;
• manutenção da qualidade da matéria-prima que alimenta a operação,
no sentido de evitar sucata e retrabalho;
• maior comprometimento dos operadores com a implementação do
conceito de Célula de Manufatura, com a autogestão do processo feita

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 9


INDÚSTRIA

pelos próprios operadores, formando, desta maneira, um Grupo de


Melhorias, que tem o papel de estar permanentemente envolvido com
ações de controle, análise e implementação de estratégias visando à
otimização e ao aumento da efetividade da máquina, com reuniões pe-
riódicas no piso da fábrica.
Além da máquina gargalo (finger-joint), foram analisados alguns pro-
cessos internos e iniciadas ações de terceirização (considerada quartei-
rização), com o objetivo de desobstruir o volume de matéria-prima nos
estoques intermediários, desafogando o fluxo de produção e liberando
espaço para uma organização do espaço físico (layout) mais funcional
e produtiva.
Paralelamente, foi estabelecido um sistema de gerenciamento da pro-
dução, pela implantação da Ordem de Fabricação, que busca adequar a
fábrica à demanda de mercado, facilitando a comunicação entre os ope-
radores e a administração comercial. Desenvolveu-se também o formulá-
rio da requisição de material, cujo fim foi o de controlar os estoques de
matérias-primas e os insumos, otimizando assim o uso dos recursos e di-
minuindo a necessidade de capital de giro ou sua aplicação em estoques
ociosos. O sistema de logística foi estruturado visando à paletização, tan-
to da matéria-prima como de produtos semi-acabados, o que facilitou o
transporte e o controle dos lotes. Uma vez que a empresa produz para
terceiros, é de suma importância a rastreabilidade dos lotes, o que garan-
te ao cliente Toigo maior segurança e qualidade na montagem e acaba-
mento final dos móveis.
Quanto ao sistema de controle financeiro, foram aprimorados os
controles de fluxo de caixa, contas a pagar e receber, cadastro de cré-
dito e cobrança, além de relatórios demonstrativos para uso gerencial, os
quais consolidam dados econômico-financeiros, por meio do Demonstra-
tivo de Resultado de Exercício (DRE) e do Fluxo de Caixa Projetado
para três meses. Também foi implantado o Plano Orçamentário Anual,
a fim de adequar os investimentos fixos e variáveis, monitorar sempre
o ponto de equilíbrio do negócio.
No decorrer do projeto, de maio de 2003 a julho de 2004, surgiu a ne-
cessidade de estruturar um Sistema de Informações Gerenciais. Assim, foi
criada uma rede interna, totalmente informatizada entre o setor adminis-
trativo e a produção, onde as ordens de fabricação, por meio dos lotes,
passaram a ser monitoradas pela área comercial por meio dos lançamen-
tos efetuados pela produção em um terminal dentro do piso da fábrica.

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EMPREENDENDO COM INOVAÇÃO NO SETOR MOVELEIRO DO RIO GRANDE DO SUL – SEBRAE/RS

Dessa forma, podiam ser passadas informações atualizadas e seguras ao


cliente, o que garantia a qualificação e a rastreabilidade dos itens produzi-
dos. Esse sistema assegurava o cumprimento dos prazos e a confiabilida-
de exigida pelo cliente. Além disso, o sistema também favorecia controles
mais eficazes, tanto na área produtiva (retrabalho, sucata, tempo de fabri-
cação) como na área financeira (fluxo de caixa e relatórios derivados).
Segundo a direção da empresa, a colaboração de Alberto Pelicciolli,
profissional da área de consultoria financeira, foi fundamental por ele ter
sido a pessoa-chave na construção e implementação de todo o suporte
necessário na área de custos e no departamento financeiro, bem como na
elaboração de todas as planilhas de controle interno. Foi considerado um
parceiro do sucesso da empresa. Complementando esse trabalho, houve
o papel de Gean Wieczoreck, especialista em soluções de informatização
empresarial, que atuou no desenvolvimento de um software de gestão fi-
nanceira, integrado à produção.
Atendendo aos conceitos de moderna gestão de pessoas, a busca de
qualificação na empresa passou pelo envolvimento dos funcionários nos
processos de mudança, surgindo o Grupo de Melhoria, que auxiliou, so-
bremaneira, no ajuste do processo, durante todo o projeto, tanto nos equi-
pamentos e desenvolvimento de ferramental como nos métodos de
trabalho e ergonomia dos postos de serviço. Esse grupo foi responsável
por uma redução no consumo de cola da ordem de 30%, o que significou
importante ganho no processo produtivo, pois esse insumo era funda-
mental para o processo de produção, influenciando na redução de custos,
aumento da margem operacional e refletindo no preço final. Assim sendo,
foi muito importante o papel de cada colaborador da Célula de Manufa-
tura, no sentido de participar do processo de mudança e dessa forma se
comprometer ainda mais com os resultados. A empresa contratou, ainda,
os serviços de Elber Menêzes da Costa na orientação nas melhorias de
layout e processos produtivos, consultor vinculado à Universidade de Ca-
xias do Sul (UCS), parceira e conveniada do SEBRAE/RS para assuntos da
área de soluções em tecnologias de produção.
A área comercial buscou intensificar a prospecção de novos clientes, a
fim de garantir a auto-suficiência da empresa e minimizar a sazonalidade
nas vendas, haja vista que a empresa âncora Toigo não garantia uma cons-
tância de demanda, o que implicava reduções no quadro de pessoal e na
instabilidade financeira da empresa. Assim, a área comercial priorizou seu
foco de atuação em outras empresas que trabalham com exportação de

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 11


INDÚSTRIA

seus produtos e que desejavam terceirizar a produção de componentes de


móveis; essas empresas comprometiam-se a fornecer a matéria-prima e a
Pracolo somente produzia, de acordo com o projeto do cliente. Essa es-
tratégia foi produtiva, pois, além de não ser necessário o investimento de
capital de giro na aquisição de material, a empresa pôde desenvolver ou-
tras opções de faturamento.
Ainda assim ocorriam algumas baixas no ritmo de produção; então, a
empresa procurou remanejar o pessoal em três turnos, nas máquinas gar-
galo, não sendo necessário demitir funcionários. Com o trabalho da área
comercial, a Pracolo Móveis aumentou seu número de clientes em mais
12 empresas, além da Toigo, durante o projeto. Essa estratégia garantiu
um incremento superior a 265% sobre o faturamento, considerando a mé-
dia mensal de faturamento dos 16 meses desde o início do projeto (março
de 2003), conforme Figura 1. Se analisarmos a evolução do faturamento
pela relação direta dos números de março de 2003 (início do projeto) e
os de junho de 2004 (época da análise de resultados e final da primeira fase
do projeto), observa-se que o incremento de vendas e faturamento foi de
450%. O conjunto das ações em melhoria no gerenciamento da produção,
como nas áreas mercadológica e administrativo-financeira, gerou um cres-
cimento efetivo que teve como conseqüência 25 novos postos de trabalho,
ou seja, duplicando o número de funcionários da empresa.

FIGURA 1 - EVOLUÇÃO DO FATURAMENTO

600%

500%

400%

300%

200%

100%

0% mar. abr. maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. jan. fev. mar. abr. maio jun.
2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2004 2004 2004 2004 2004 2004

Faturamento em %
VOLUME FATURADO

Fonte: Dados contábeis da Pracolo Móveis, em base 100.

12 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


EMPREENDENDO COM INOVAÇÃO NO SETOR MOVELEIRO DO RIO GRANDE DO SUL – SEBRAE/RS

Podem ser ressaltados, ainda, os resultados significativos de melhoria,


conforme Figura 2:
• 50% no lead-time, ou seja, no tempo utilizado no ciclo de produção, devi-
do ao realinhamento dos processos e à administração eficaz dos gargalos;
• 57% nas paradas no ritmo de produção, melhorando a capacidade de
entrega do produto final;
• 63% no retrabalho, pela melhoria nos métodos de produção e pelo trei-
namento dos colaboradores;
• aumento de 50% na capacidade de produção.

FIGURA 2: RESULTADOS

LEAD-TIME PARADAS
Redução de 50% no tempo utilizado Redução de 57% na entrega
Dias Paradas/semana
5 10
9
4 8 7
3 7
3 6
5
2 1,5 4 3
3
1 2
1
0 0

RETRABALHO CAPACIDADE DE PRODUÇÃO


Redução de 63% no retrabalho Aumento de 50% na capacidade
Percentual Capacidade/m3 dia
5 100
4 90
4 80
70
3 60 50
50
2 1,5 40
30
1 20
10 0
0 0

Fonte: Indicadores da Pracolo Móveis e gráficos de Ivan Carlos Paludo.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 13


INDÚSTRIA

Com todas as melhorias implementadas e os resultados obtidos, foi


possível alavancar novas soluções para a comercialização da Pracolo
Móveis. Durante o período do projeto, a empresa desenvolveu parce-
ria com outra empresa exportadora, na qual a Pracolo se responsabili-
zou pela manufatura de parte dos componentes de móveis, que foram
posteriormente exportados para os Estados Unidos e México. Foram
também enviadas amostras de produtos da Pracolo para a China, com
o propósito de estabelecer contatos comerciais, na última missão do
Estado do Rio Grande do Sul, com a participação do governador e co-
mitiva de empresários, realizada em junho de 2004.

QUEBRANDO PARADIGMAS

I van Carlos Paludo, consultor pelo SEBRAE/RS e responsável pela


coordenação do grupo de empresas ligado à Toigo, afirmou: “Tenho
visto, em 20 anos de profissão, uma característica muito particular,
que nós, consultores, temos, que é semear ferramentas e técnicas de
forma cartesiana. Entretanto, o diferencial nesse projeto foi a visão sis-
têmica de articulação, ou seja, o real engajamento dos empresários na
visão que estabelecemos e a comunicação deste propósito com a equi-
pe da fábrica”.

Paludo ressaltou, como fator de sucesso, o estabelecimento de uma


relação de confiança com os colaboradores pela coerência entre o dis-
curso e a prática, e acima de tudo “a humildade de aprender com todos
os atores deste processo de mudança, a fim de construir um resultado
comum. Esse pensamento se resume na seguinte frase: “Nenhum de nós
é melhor do que todos nós juntos”.

É importante salientar o forte grau de empreendedorismo, de espíri-


to inquieto e criativo desses empresários, que, segundo Paludo, real-
mente compraram a idéia: a forma ousada, com iniciativa e otimismo,
com que acreditaram nos seus sonhos e os transformaram em algo con-
creto, tendo sempre em vista que o sucesso do passado não garantiria
o futuro da sua empresa. “Tenho certeza de que outros desafios virão e
outros obstáculos serão vencidos, fazendo da quebra de seus limites
uma constante atitude”, disse Paludo.

14 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


EMPREENDENDO COM INOVAÇÃO NO SETOR MOVELEIRO DO RIO GRANDE DO SUL – SEBRAE/RS

A CONTINUIDADE

P assaram a ser articuladas, com o apoio do SEBRAE/RS e da Movergs,


novas ações e a formação de um grupo de empresas para desenvol-
ver um Programa de Gestão da Qualidade. A Pracolo demandava essa so-
lução e tinha como objetivo implementar várias ações focadas nos sete
critérios de excelência do Programa Gaúcho de Qualidade e Produtivida-
de4 (PGQP), quais sejam: 1) liderança; 2) planos e metas; 3) clientes; 4) so-
ciedade; 5) informações e conhecimento; 6) pessoas; 7) processos.
A empresa necessitava organizar o seu sistema de gestão da qualidade
no sentido de se preparar para novos desafios de mercado, visando cres-
cimento sustentável e práticas profissionalizadas nos diversos setores da
empresa: Comercial, Recursos Humanos, Produção, Engenharia, Informá-
tica e Financeiro. Havia planos, também, de conquistar a Certificação ISO
9001:2000, com o Projeto Rumo a ISO5, do SEBRAE/RS, uma vez que,
“com a preparação do ambiente para qualidade e o início da padroniza-
ção dos processos, bem como do manual da qualidade, estará propiciado
um cenário interno favorável à Certificação”, revelou Paludo.

CONCLUSÃO

P elas informações obtidas, conclui-se que os resultados foram plau-


síveis e positivos, conforme relatou o diretor da empresa âncora,
Cley R. Toigo: “O treinamento do SEBRAE/RS, feito com o professor eng.
Ivan Carlos Paludo, atendeu os objetivos da empresa. O resultado atin-
gido foi excelente”.
Ressalta-se, ainda, que os terceiros absorveram muito bem a impor-
tância da data de entrega dos produtos na terceirizadora, a qualidade a
ser mantida, a necessidade do progressivo aumento do volume produzi-
do e os controles feitos. Esses relatos permitiram confirmar a importância
que um fornecedor terceirizado tem dentro do processo produtivo de
uma empresa, principalmente quando se trata de produtos para exporta-

4
Programa que visa sensibilizar as empresas para a obtenção de metodologia de gestão da quali-
dade e da produtividade. Sua metodologia insere as empresas nas práticas da qualidade. O progra-
ma também seleciona e premia as empresas que mais se destacam na gestão da qualidade.
5
Solução da área de Consultoria que visa capacitar empresários para a implementação dos proces-
sos que levem à obtenção da certificação NBR ISO 9001:2000.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 15


INDÚSTRIA

ção, como é o caso, cuja flexibilidade e a rapidez na produção são ele-


mentos indispensáveis.
É importante também lembrar a opinião do coordenador da Toigo no
projeto, João Carlos Cemin, gestor de Recursos Humanos, quando diz:
“da importância dos ganhos de produtividade, aumento de empregos e
fortalecimento da cadeia produtiva, alavancando o crescimento da Toigo
e da comunidade, revertendo em ganhos de produtividade, aumento de
empregos e o fortalecimento da cadeia produtiva”.
Outros fatores importantes mereceram ser considerados na análise
de resultados. A Pracolo Móveis aumentou seu quadro funcional em 25
novos postos de trabalho diretos durante o período do projeto, com
efeitos indiretos na economia do município. A empresa Toigo Móveis, por
sua vez, aumentou em 33% suas vagas de emprego no primeiro semestre
de 2004, em relação a 2003, conforme informou o gestor de Recursos Hu-
manos da empresa. Esses dados demonstraram a eficácia da qualifica-
ção profissional e empresarial para alavancar o desenvolvimento
sustentado da região.
Com a abertura de mercado e a busca de novos clientes, a Pracolo
Móveis enfrentou dificuldades de formação de preços de venda, tendo
efetuado vendas com reduzida margem de lucro e, por vezes, até pre-
juízos. Todavia encarou cada situação e buscou soluções eficazes. Du-
rante as etapas do projeto também surgiram situações difíceis, inerentes
a todo processo de mudança, tais como: dificuldade de agir para trans-
formar e solidificar a cultura organizacional desejada; de assimilar em
tempo hábil as técnicas de gestão financeira e administrativa da empre-
sa; ajustar todas as melhorias e equilibrar as necessidades de produção
com a nova formatação do processo produtivo; de identificar de modo
preciso a melhor forma de estruturar as células de produção, principal-
mente a da máquina Finger-Joint, considerada um gargalo no processo,
cuja solução efetiva surgiu mediante o desenho e a encomenda de uma
máquina com especificações personalizadas para as necessidades e ca-
racterísticas de métodos de produção da Pracolo. Essas dificuldades fo-
ram reconhecidas, mas não temidas pelos empreendedores e seu grupo
de funcionários motivados, todos apoiados pelo trabalho dos consulto-
res e parceiros.
Internamente, na Pracolo, ficou evidente a satisfação dos empresários
com o crescimento exponencial de sua rentabilidade, bem como com o
comprometimento e a motivação do quadro de funcionários, porque

16 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


EMPREENDENDO COM INOVAÇÃO NO SETOR MOVELEIRO DO RIO GRANDE DO SUL – SEBRAE/RS

“melhorou a rentabilidade do funcionário, dando mais liberdade para


pensar e agir, deixando a equipe superinteressada” (síntese do depoi-
mento dos funcionários da Pracolo).
As figuras e os resultados anexos demonstram tudo o que já foi feito
para tornar a Pracolo Móveis uma empresa sólida e em constante cresci-
mento até 2004. Todavia, muitas outras ações se farão necessárias ao lon-
go do tempo para que o ciclo de vida da empresa seja duradouro e
constantemente realimentado, reinventado, como forma de manutenção
do sucesso e longevidade no mercado.
Os novos desafios passam pelo processo de manutenção do estágio
conquistado, mas também pela capacidade de a empresa continuar agre-
gando valor aos seus produtos, processos e relacionamento com a clien-
tela. Ao incorporar todas as mudanças pretendidas para a continuidade
da qualificação da empresa, como o Programa de Gestão da Qualidade6,
e rumar para a conquista do certificado ISO 9001:2000, a empresa pas-
sou a apostar no potencial e na força de trabalho, tendo consciência, en-
tretanto, de que o sucesso de ontem não garante o futuro ou o sucesso
de amanhã. Os desafios são contínuos e exigem ações inovadoras de
maneira continuada e persistente.

6
Solução da área de Educação e Consultoria voltada à constituição nas empresas de Programas de
Gestão de Qualidade, de forma auto-implementável e com apoio técnico de consultores do SEBRAE.
Esse programa prevê a realização de treinamentos coletivos e visitas dos consultores às empresas
para aprofundamentos, ajustes e orientação específica.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 17


INDÚSTRIA

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

• Analise a relação da empresa como dependente de um cliente único.


Quais as vantagens ou os riscos dessa relação cliente-fornecedor?

• As estratégias de investir na gestão qualificada da produção e na aber-


tura de mercado foram coerentes? Por quê?

• Analise a metodologia utilizada para organizar os processos e apresen-


te propostas alternativas.

• A organização administrativo-financeira foi importante para o sucesso


das ações. Explique como e por quê.

• Como você analisa a gestão de terceiros agregada à gestão de recursos


humanos de uma empresa?

AGRADECIMENTOS

Diretoria Executiva do SEBRAE/RS: Deomedes Roque Talini, José Cláudio dos Santos, Susana Kakuta.

Coordenação Técnica: Silvana Guerra.

Colaboração: Silvana Guerra, técnica do setorial moveleiro do SEBRAE/RS; direção e funcionários da


empresa Pracolo Móveis Ltda., pela disponibilidade e gentileza em nos receber, prestar informações
e mostrar sua empresa; Toigo Móveis, pela entrevista concedida, fornecimento das informações e
liberação de dados; Ivan Carlos Paludo, consultor externo do SEBRAE/RS.

18 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


EMPREENDENDO COM INOVAÇÃO NO SETOR MOVELEIRO DO RIO GRANDE DO SUL – SEBRAE/RS

ANEXOS

FIGURA 1: MACROFLUXO

Clientes

Entidade parceira

Balcão SEBRAE

Solicitações para Área de Desenvolvimento Regional e Setorial

N Análise de previsão
Orçamento

S
Convênio/Contrato
Execução da ação
Avaliação e encerramento

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 19


INDÚSTRIA

FIGURA 2: FLUXO ESTRATÉGICO DA AÇÃO NO PROJETO

Palestra sensibilização

sim não
O grupo vai
realizar o
diagnóstico?

Diagnóstico

Reunião de preparação

maior menor
Qual a
profundidade
do seminário?
Se necessário,
repete-se o ciclo
para definir
novos projetos,
Seminário Seminário
ou se trabalha
modelo completo modelo simplificado com o 2º da lista
de prioridades

Acompanhamento,
implementação ds ações e
definição dos indicadores

Produtos SEBRAE/RS

capacitação tecnologia mercado negócios outros


internacionais

Encontro final de resultados

Elaboração do relatório final

20 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS

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