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EXMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA Nº VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA


DE CIDADE, CEARÁ

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADO COM PRECEITO COMINATÓRIO E


PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

NOME DO REPRESENTANTE, QUALIFICAÇÃO DO


REPRESENTANTE, vem à sempre honrosa presença de V. Exa., com acato e respeito
costumeiros, através da Defensoria Pública do Estado do Ceará, para propor AÇÃO DE
OBRIGAÇÃO DE FAZER CUMULADO COM PRECEITO COMINATÓRIO E PEDIDO DE
TUTELA ANTECIPADA em desfavor do ESTADO DO CEARÁ, pessoa jurídica de direito
público interno, CNPJ 07.954.480/0001-79, com sede no Palácio Iracema - Centro
Administrativo Governador Virgílio Távora, sito na avenida Dr. José Martins Rodrigues, nº
150, bairro Édson Queiroz, CEP 60811-520, a ser citado na pessoa de seu representante
legal, e tendo como órgão integrante de seu quadro administrativo a SECRETARIA DE
SAÚDE DO ESTADO DO CEARÁ, na pessoa de seu representante legal, localizada na Av.
Almirante Barroso, nº 600, Praia de Iracema, CEP: 60.060-440, Fortaleza-CE, visando
disponibilização de LEITO DE UTI PARA NOME DO REPRESENTADO, QUALIFICAÇÃO
DO REPRESENTADO, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:

PRELIMINARMENTE

Requerer a prioridade de tramitação dos processos judiciais.

Art. 1.211-A. Os procedimentos judiciais em que figure como parte ou

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interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos,


ou portadora de doença grave, terão prioridade de tramitação em
todas as instâncias. (Redação dada pela Lei nº 12.008, de 2009).

A prioridade de tramitação dos processos judiciais cujas partes ou


intervenientes tenham idade igual ou superior a 65 anos ou portador de doença grave, (art.
1211-A, 1211-B e 1211-C do CPC), é uma tentativa de conferir eficácia ao processo e é
entendido como o estudo do aparato indispensável de garantias e de procedimentos
judiciais, criados para a defesa dos direitos fundamentais do homem, no rigor da disciplina
necessária de uma função pública; Para tanto, fez-se necessário além da criação de
mecanismos aptos a tutelarem o direito assegurado, por diretrizes dadas pelas ações
constitucionais que asseguram a observância dos direitos fundamentais, dentre tantas a
eliminação de barreiras que impedem a jurisdição de realizar os fins estatais.

DA JUSTIÇA GRATUITA E DA DISPENSA DE INSTRUMENTO DE PROCURAÇÃO

Requere a autora os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, tendo em


vista ser pobre na forma da lei, conforme declara no instrumento anexo, não podendo,
portanto, arcar com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do
próprio sustento e de sua família, conforme disposto nos artigos 1° e 2° da Lei n° 1.060/50, e
artigo 1° da Lei no 7.115/83, consoante o artigo 5°, inc. LXXIV, da Constituição Federal.

Oportuno ressaltar que aos membros da Defensoria Pública é


conferida a prerrogativa de praticar atos processuais independentemente de outorga de
instrumento formal de procuração pelos hipossuficientes, conforme Lei Complementar
Federal nº 80/1994 e Lei Complementar do Estado do Ceará nº 06/1997.

DA LEGITIMIDADE ATIVA DOS PARENTES

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Em função do mal que o acometeu, o(a) Sr(a). NOME DO


REPRESENTADO não tem condições de expressar sua vontade. Sua interdição será
providenciada pelos familiares em tempo oportuno. Contudo, o caso em tela exige imediata
intervenção do Judiciário.

Nesse passo, dúvidas não há de que, Sr(a). NOME DO


REPRESENTANTE, detém legitimidade ativa para aforar o pedido em liça, mesmo não
sendo curadora do suso referido senhor(a). Nesse sentido, a jurisprudência já se pacificou,
conforme se vê do seguinte julgado, condensando uma verdadeira avalanche de decisões:

“EMENTA: AGRAVO INTERNO. AGRAVO DE INSTRUMENTO.


DECISÃO MONOCRÁTICA. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS
E DE TRATAMENTO MÉDICO CONTRA DROGAS. LEGITIMIDADE
ATIVA. LEGITIMIDADE PASSIVA. DIREITO À SAÚDE. PRINCÍPIO DA
RESERVA DO POSSÍVEL. CORRETA APLICAÇÃO DO ART. 557
CAPUT DO CPC. 1. A decisão monocrática aplicou corretamente o art.
557, caput, do CPC ao julgar a questão com base na jurisprudência
dominante neste Tribunal assim como nos Tribunais Superiores. Não
há inconstitucionalidade do art. 557, caput, do CPC a ser reconhecida
por órgão fracionário do Tribunal. 2. Estando o filho, ainda que maior
de idade, em estado de dependência tóxica, sem necessário
discernimento para a prática dos atos, é legítima a autora da ação,
sua mãe, para postular a internação e tratamento. Precedentes. 2. A
Constituição Federal estabeleceu a responsabilidade solidária dos
entes federativos pela prestação dos serviços de saúde, de modo que
todos os entes públicos têm legitimidade para responder às demandas
que visam ao fornecimento gratuito de medicamentos. Divisão de
competência no âmbito da gestão interna do Sistema Único de Saúde
que não deve ser oponível contra o particular. Não-configuração de
ilegitimidade passiva. Precedentes. 3. O acesso à saúde é direito
fundamental e as políticas publicas que o implementam, embora
vinculem o Estado e os cidadãos, devem gerar proteção suficiente ao
direito garantido, sendo assim passíveis de correção, sem ofensa aos
princípios da divisão de poderes, da reserva do possível ou da
isonomia e impessoalidade. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
UNÂNIME”. (Agravo Nº 70026016840, Segunda Câmara Cível,

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Tribunal de Justiça do RS, Relator: Denise Oliveira Cezar, Julgado em


17/09/2008)

Em espetacular voto acerca do tema, o sábio Desembargador


Wander Marotta, do e. TJ mineiro, por ocasião do processo nº 1.0000.06.436720-4/000(1),
manifestou-se nos seguintes termos:

“O Mandado de Segurança foi impetrado pelo filho da paciente


falecida, esta que, à toda evidência, não tinha condições de propor a
ação enquanto internada.

Na lição de Calmon de Passos:

"...constitui a legitimidade, no plano material, em titularidade ativa ou


passiva na relação jurídica litigiosa e, no plano processual, a
capacidade de estar em juízo" (José Frederico Marques), ou "a
pertinência da ação àquele que a propõe, em confronto à contraparte"
- (Comentários ao Código de Processo Civil, II/365).

A meu ver, o impetrante, em tal situação, tem o direito subjetivo de


exigir para sua mãe um tratamento adequado, impossibilitada que se
encontrava ela de fazê-lo pessoalmente, por causa mesmo da doença
de que foi acometida.

Como se vê dos autos, os documentos e fotografias anexados ao


processo demonstram que, quando da impetração, encontrava-se a
paciente já internada na UTI e não tinha condições de constituir
representante legal ou procurador. Nessa emergência, revela-se o
direito - não de representação - mas o direito próprio do filho de, em
seu favor, agir em prol das medidas que a lei lhe assegura, direito que
não lhe deve ser restringido.

O direito à vida decorre de um direito natural, contemplado em todas


as religiões e codificações legais, de forma que o seu exercício deve
ser o mais amplo possível.

Ainda que a expressão "direito natural" cause "frisson" na chamada


doutrina pós-moderna, há mesmo certos direitos que têm aceitação
universal, incontestável, inerente ao homem. É um direito que

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prescinde até mesmo da idéia de Deus, para os que não crêem.

Assim do filho que reage, em seu próprio nome, à violação do direito


da mãe, impossibilitada de agir.

Antígona definiu muito bem esses direitos morais, que independem de


um fundamento legal. Não há necessidade de fundamento para
legitimar certos atos morais. Trata-se apenas de não ser indigno do
que a humanidade faz de nós. A condição humana basta para inferir a
legitimidade do ato.” (grifos nossos)

Ao final, o processo suso referido recebeu a seguinte ementa:

“EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA - SUS – LEGITIMIDADE DO


FILHO PARA, EM NOME PRÓPRIO, ATUAR PELA MÃE, SE ESTÁ
ELA IMPOSSIBILITADA DE FAZÊ-LO - NECESSIDADE DE
INTERNAÇÃO - ATRIBUIÇÃO ADMINISTRATIVA DO ESTADO -
SEGURANÇA DEFERIDA. – O filho, em nome próprio - e não como
representante - pode atuar em defesa da mãe, se está ela, por
problemas de saúde, impossibilitada de exercitar esse direito. -
Antígona define magistralmente esses direitos morais, que
independem de um fundamento legal. "Não há necessidade de
fundamento para legitimar certos atos morais". Trata-se apenas de
não ser indigno do que a humanidade faz de nós. "A condição humana
basta para inferir a legitimidade do ato". - Se é necessário o
procedimento cirúrgico e a internação em CTI - e na ausência de
vagas no Sistema Único de Saúde - SUS - o Estado deve custear o
tratamento realizado por hospital particular, até o surgimento de vaga,
em vista do caráter relevante do direito constitucionalmente protegido.
Se o tratamento não foi fornecido no tempo adequado, vindo o
paciente a falecer, a conta do tratamento deve ser custeada pelo
Estado.” (TJ-MG, 4º GRUPO DE CÂMARAS CÍVEIS, MANDADO DE
SEGURANÇA N° 1.0000.06.436720-4/000 - COMARCA DE BELO
HORIZONTE - IMPETRANTE(S): HELBERT MAURO DA SILVA -
AUTORIDE COATORA: SECRETARIO ESTADO SAUDE MINAS
GERAIS - RELATOR: EXMO. SR. DES. WANDER MAROTTA, j. em
16.08.2006, p. em 11.10.2006)

Os didáticos julgados demonstram que o amor e a afetividade

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advindos de laços parentais justificam a legitimidade para o aforamento de pedidos dessa


natureza.

DOS FATOS

DESCRIÇÃO DOS FATOS

ASPECTOS LEGAIS

A Constituição Federal de 1988, no capítulo inerente aos Direitos


Sociais, estabelece o seguinte:

“Art. 6.º São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a


moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição.” (destaques inovados)

Reza o artigos 196, da mesma Carta Magna:

“Art. 196, A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido


mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”
(negritos aditados)

Ressalte-se, ainda, os artigos 245, 248, III, da Constituição do


Estado do Ceará, a seguir transcritos in verbis:

“Art. 245. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido


mediante políticas sociais e econômicas que visem à eliminação de
doenças e outros agravos e ao acesso universal e igualitário às suas
ações e serviços.”

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“Art. 248. Compete ao sistema único estadual de saúde, além de


outras atribuições:

III – prestar serviços de saúde, de vigilância sanitária e


epidemiológica, e outros necessários ao alcance dos objetivos dos
sistemas, em coordenação com os sistemas municipais;” (negritos
nossos)

Diante dos princípios insculpidos na Constituição Federal sobre a


saúde, Excelência, resta ao Judiciário atuar no caso em epígrafe para dar eficácia aos
mandamentos da Carta Magna. Desse modo, em casos análogos, o Supremo Tribunal
Federal decidiu de maneira a resguardar tal direito fundamental. Veja-se:

"EMENTA: PACIENTE COM HIV/AIDS - PESSOA DESTITUÍDA DE


RECURSOS FINANCEIROS - DIREITO À VIDA E À SAÚDE -
FORNECIMENTO GRATUITO DE MEDICAMENTOS - DEVER
CONSTITUCIONAL DO PODER PÚBLICO (CF, ARTS. 5º, CAPUT, E
196) - PRECEDENTES (STF) - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.
O DIREITO À SAÚDE REPRESENTA CONSEQÜÊNCIA
CONSTITUCIONAL INDISSOCIÁVEL DO DIREITO À VIDA. - O direito
público subjetivo à saúde representa prerrogativa jurídica indisponível
assegurada à generalidade das pessoas pela própria Constituição da
República (art. 196). Traduz bem jurídico constitucionalmente tutelado,
por cuja integridade deve velar, de maneira responsável, o Poder
Público, a quem incumbe formular - e implementar - políticas sociais e
econômicas idôneas que visem a garantir, aos cidadãos, inclusive
àqueles portadores do vírus HIV, o acesso universal e igualitário à
assistência farmacêutica e médicohospitalar.

- O direito à saúde - além de qualificar-se como direito fundamental


que assiste a todas as pessoas - representa conseqüência
constitucional indissociável do direito à vida. O Poder Público,
qualquer que seja a esfera institucional de sua atuação no plano da
organização federativa brasileira, não pode mostrar-se indiferente ao
problema da saúde da população, sob pena de incidir, ainda que por
censurável omissão, em grave comportamento inconstitucional. A
INTERPRETAÇÃO DA NORMA PROGRAMÁTICA NÃO PODE
TRANSFORMÁ-LA EM PROMESSA CONSTITUCIONAL

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INCONSEQÜENTE.

- O caráter programático da regra inscrita no art. 196 da Carta Política


- que tem por destinatários todos os entes políticos que compõem, no
plano institucional, a organização federativa do Estado brasileiro - não
pode converter-se em promessa constitucional inconseqüente, sob
pena de o Poder Público, fraudando justas expectativas nele
depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegítima, o
cumprimento de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável
de infidelidade governamental ao que determina a própria Lei
Fundamental do Estado. alternativa RE nº 271.286-AgR, rel. Min.
CELSO DE MELLO

Portanto, Ex.ª, vida e saúde são direitos subjetivos inalienáveis. Ao


Estado compete a proteção da saúde aos cidadãos, incluindo-se na obrigação realizar
cirurgias necessárias ao tratamento dos menos favorecidos.

Cumpre reiterar que a presente demanda visa proteger a própria


dignidade humana do(a) autor(a) que não pode ficar sem fraldas por falta de condições
financeiras. Sobre o princípio da dignidade da pessoa humana, fiquemos com as preciosas
considerações de Daniel Sarmento:

“Na verdade, o princípio da dignidade da pessoa humana exprime, em


termos jurídicos, a máxima kantiana, segundo a qual o Homem deve
sempre ser tratado como um fim em si mesmo e nunca como um
meio. O ser humano precede o Direito e o Estado, que apenas se
justificam em razão dele. Nesse sentido, a pessoa humana deve ser
concebida e tratada como valor-fonte do ordenamento jurídico, como
assevera Miguel Reale, sendo a defesa e promoção da sua dignidade,
em todas as suas dimensões, a tarefa primordial do Estado
Democrático de Direito”. (SARMENTO, Daniel. A ponderação de
Interesses na Constituição. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2000, p.59).

O(A) requerente tem direito inalienável e indispensável à saúde e,


em consequência, à vida, essas ameaçadas em razão da moléstia que a afeta e, garantindo
o ordenamento jurídico do país a prestação e a oferta regulares dos serviços de saúde, de

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previdência e assistência social a todos quantos deles necessitem, nada mais justo do que a
prestação dos serviços.

Conforme a Lei Orgânica do Sistema Único de Saúde (SUS) - Lei n.º


8.080/90 - as políticas públicas de saúde são sistematizadas por meio de descentralizações
de ações envolvendo as três esferas governamentais (União, Estados e Municípios) que
possuem atribuições exclusivas, concorrentes e complementares.

Os aludidos entes federativos participam do Sistema Único de


Saúde, esse estruturado pela Lei n. 8.080, de 19 de setembro 1990 (Lei Orgânica da Saúde)
e, tanto em decorrência dessa Lei como por força dos dispositivos insertos nas
Constituições da República e Estadual, são irremediavelmente obrigados a amparar a
população no que tange a garantia de sua saúde.

Com efeito, a própria LEI FEDERAL N.º 8.080, de 19 de setembro de


1990 (Lei Orgânica da Saúde), que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e
recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes,
estruturando o Serviço Único de Saúde, dispõe em seu artigo 2.o, § 1.o, que:

Art. 2º. A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o


Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

§ 1º. O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e


execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de
riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de
condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e
aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.

Em seu artigo 7º, a Lei Federal n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990


(LEI ORGÂNICA DA SAÚDE), estabelece como diretriz:

Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados


contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde
(SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art.
198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes
princípios:

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I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis


de assistência;

II - integralidade de assistência, entendida como um conjunto


articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos,
individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de
complexidade do sistema;

.............................................................................................

IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios


de qualquer espécie.

Aliás, se não é dever do Poder Público prover a saúde, educação e


segurança dos indivíduos, pouca coisa lhe resta a fazer.

Frise-se que, além da ofensa à saúde e à vida, há também o


desperdício do dinheiro público, posto que os pacientes são obrigados a mobilizar outros
serviços públicos, notadamente os prestados pela Defensoria Pública e pelo Poder
Judiciário, implicando em desnecessários e pesados gastos para o Poder Público, o que
configura conduta incompatível com a moralidade e a probidade administrativas, para terem
seus direitos resguardados.

Por sua vez, a Constituição do Estado do Ceará, em seu Art. 248,


inciso IV, dispõe:

“Art. 248. Compete ao sistema único estadual de saúde, além de


outras atribuições.

(...) Omissis

IV - assumir a responsabilidade pelos serviços de abrangência


estadual ou regional, ou por programas, projetos e atividades que não
possam, por seu custo, especialização ou grau de complexidade, ser
executados pelos Municípios;

O direito fundamental à saúde insere-se no contexto do princípio da


dignidade da pessoa humana, tendo em vista que não há que se falar em existência digna

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sem que a pessoa tenha direito à saúde, inclusive através de políticas públicas de
atendimento àqueles que não dispõem de renda para custear uma UTI em hospital
particular.

Na visão sistemática, cabe-nos ratificar a aplicabilidade imediata do


direito à saúde, art. 196 e ss. da Constituição Federal. A recusa do Requerido em
disponibilizar vaga em UTI ao substituído caracteriza a liquidez do direito em comento.
Nessa esteira, cabem os escólios de Paulo Bonavides:

Mas passaram [os direitos sociais] primeiro por um ciclo de baixa


normatividade ou tiveram eficácia duvidosa, em virtude de sua própria
natureza de direitos que exigem do Estado determinadas prestações
materiais nem sempre resgatáveis por exiguidade, carência ou
limitação essencial de meios e recursos.

De juridicidade questionada nesta fase, foram eles remetidos à


chamada esfera programática (…). Atravessaram, a seguir, uma crise
de observância e execução, cujo fim parece estar perto, desde que
recentes Constituições, inclusive a do Brasil, formularam o preceito da
aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais.

De tal sorte que os direitos fundamentais da segunda geração tendem


a tornar-se tão justificáveis quanto os de primeira; pelo menos esta é a
regra que já não poderá ser descumprida ou ter sua eficácia recusada
com aquela facilidade de argumentação arrimada no caráter
programático da norma. Grifo nosso. (BONAVIDES, Paulo. Curso de
direito constitucional, p. 564).

O Requerido confessa sua ineficiência ou ausência de estrutura


física ao não disponibilizar leitos em UTI suficientes a atender a toda a população, a qual
sucumbirá inexoravelmente na espera, a manter-se o quadro atual de inércia do gestor
público.

Ademais, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, assim


como vários outros tribunais do país, em julgamento de questão análoga à aqui discutida,
vem decidindo favoravelmente ao fornecimento de vaga em UTI ao paciente. Vejamos:

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CONSTITUCIONAL E PROCESSUAL CIVIL. REMESSA OFICIAL.


AÇÃO COMINATÓRIA. INTERNAÇÃO EM UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA (UTI). DIREITO FUNDAMENTAL À VIDA E À SAÚDE.
PRINCÍPIOS DA MÁXIMA EFETIVIDADE E DA FORÇA NORMATIVA
DA CONSTITUIÇÃO. EFICÁCIA IMEDIATA. ARTIGO 5º, §1º, CF/88.
LIMITAÇÃO DE CUSTOS. SISTEMA ÚNICO DE SÁUDE (SUS).
IMPOSSIBILIDADE. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO.
HOSPITAL PRIVADO. NÃO CONFIGURAÇÃO.

1. Não há falar em litisconsórcio passivo necessário que alcance a


instituição hospitalar privada, por ausência dos requisitos do Art. 47 do
Código de Processo Civil.

2. As normas definidoras de direitos fundamentais, como se qualificam


o direito à vida e à saúde, gozam de eficácia imediata e não
demandam como pressuposto de aplicação a atuação do legislador
infraconstitucional, consoante o disposto no artigo 5º, §1º, da
Constituição Federal, em nome da máxima efetividade e da força
normativa da Constituição. Precedentes específicos do Supremo
Tribunal Federal.

3. Nesse contexto, impõe-se a procedência do pedido formulado pelo


autor para obrigar o Distrito Federal a promover a sua necessária
internação em Unidade de Terapia Intensiva da rede pública ou, não
sendo possível, da rede hospitalar privada, arcando, neste caso, com
os custos respectivos, não sendo o caso de limitarem-se esses à
tabela do Sistema Único de Saúde (SUS).

4. Remessa oficial não provida. Sentença confirmada.

(20090111449213RMO, Relator CRUZ MACEDO, 4ª Turma Cível,


julgado em 22/09/2010, DJ 05/10/2010 p. 128)

Assim, verificado o não fornecimento, até a presente data, da vaga


em UTI para o(a) Requerente, deixa o Impetrado de cumprir o seu desiderato funcional-
legal, restando caracterizado o abuso de autoridade por omissão.

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DO MÍNIMO EXISTENCIAL E DA RESERVA DO POSSÍVEL

Entende-se por mínimo existencial o conjunto de bens e utilidades


indispensáveis a uma existência humana digna. Segundo preleciona Luiz Roberto Barroso,
o mínimo existencial previsto no ordenamento jurídico pátrio abrange os direitos à Saúde, à
Educação Fundamental e à Moradia – este último acrescentado pela Emenda Constitucional
nº 26/2000.

A Reserva do possível são as limitações orçamentárias que o Estado


possui e que muitas vezes impedem o atendimento de uma determinada demanda por
direitos sociais. A definição de políticas públicas, em princípio, cabe ao legislador e ao
administrador, democraticamente eleitos para essa finalidade.

Ao Poder Judiciário só é cabível intervir diante do propósito


deliberado da autoridade em descumprir a Constituição Federal. Mister transcrever decisão
do Min. Celso de Mello na Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 45,
publicada no DJ de 04/05/2004:

"(...) conclui-se, desse modo, que o objetivo perseguido na presente


sede processual foi inteiramente alcançado com a edição da lei nº
10.777, de 24/11/2003, promulgada com a finalidade específica de
conferir efetividade à EC 29/2000, concebida para garantir, em bases
adequadas - e sempre em benefício da população do país - recursos
financeiros mínimos a serem necessariamente aplicados nas ações e
serviços públicos de saúde. (...) sendo assim, tendo em consideração
as razões expostas, julgo prejudicada a presente argüição de
descumprimento de preceito fundamental, em virtude da perda
superveniente de seu objeto."(grifo nosso)

O mesmo insigne Ministro Celso de Mello, julgando o recurso


extraordinário 436.996-6/São Paulo, publicado no DJ 07/11/2005 PP-00037, RDDP n. 34,
2006, p. 188-193, asseverou que:

“Cumpre advertir, desse modo, que a cláusula da ‘reserva do possível’


- ressalvada a ocorrência de justo motivo objetivamente aferível - não

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pode ser invocada, pelo Estado, com a finalidade de exonerar-se,


dolosamente, do cumprimento de suas obrigações constitucionais,
notadamente quando, dessa conduta governamental negativa, puder
resultar nulificação ou, até mesmo, aniquilação de direitos
constitucionais impregnados de um sentido de essencial
fundamentalidade”.(destaque nosso)

Assim é que a reserva do possível só pode ser invocada pelo Estado


se houver um motivo justificável objetivamente aferível, confrontando-se a razoabilidade da
pretensão com a disponibilidade orçamentária. Destarte, dentro dos direitos sociais há o
mínimo existencial, direito este que constitui meta prioritária do Estado e necessita de maior
efetividade, sobre o qual jamais se poderá invocar a reserva do possível.

DA POSSIBILIDADE DO SEQUESTRO DE VERBAS PÚBLICAS

O STJ vem entendo cabível o bloqueio de valores em contas


públicas em algumas situações, como a necessidade imediata de preservação da saúde
humana, mediante o fornecimento de medicamentos em caráter de urgência.

Tem-se o bloqueio de valores em contas públicas é mais uma forma


de realizar a tutela específica, haja vista que o art. 461, § 5º, não é taxativo, pois permite
interpretação analógica, uma vez que contém a expressão geral “tais como”.

Submeter à presente antecipação de tutela ao regime dos


precatórios seria o mesmo que negar a antecipação da tutela contra o poder público em
casos não incluídos na vedação inserida no art.1º da Lei 9.494/97.

O Superior Tribunal de Justiça assim decidiu, verbis:

ADMINISTRATIVO. CUSTEIO DE TRATAMENTO MÉDICO.


BLOQUEIO DE VERBAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO A
DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. APRECIAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. I - O atual entendimento desta Colenda Primeira

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Turma é no sentido da possibilidade do bloqueio de valores em contas


públicas para garantir o custeio de tratamento médico ou fornecimento
de medicamentos indispensáveis à manutenção da saúde e da vida.
Precedentes: EREsp nº 770.969/RS, Rel. Min. JOSÉ DELGADO,
Primeira Seção, DJ de 21.08.2006; EREsp nº 787.101/RS, Rel. Min.
LUIZ FUX, Primeira Seção, DJ de 14.08.2006; REsp nº 832.935/RS,
Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ de 30.06.2006. II - Inviável a
apreciação dos fundamentos adotados pelo STF na apreciação da
Suspensão de Tutela Antecipada - STA 91, seja porque tal
argumentação fora trazida apenas nesta sede regimental como
verdadeira emenda à petição de recurso especial, afrontando os
Princípios da Preclusão, da Eventualidade e da Complementaridade,
seja porque tais fundamentos são de ordem eminentemente
constitucional, cujo exame é reservado ao Supremo Tribunal Federal,
não podendo esta Corte nesta sede especial sobre eles se manifestar
sequer a título de prequestionamento. III - Agravo regimental
improvido.(STJ; AgRg no REsp 920468 / RS ; AGRAVO REGIMENTAL
NO RECURSO ESPECIAL 2007/0017261-9; Ministro FRANCISCO
FALCÃO; T1 - PRIMEIRA TURMA; Data do Julgamento: 17/05/2007;
Data da Publicação/Fonte: DJ 31.05.2007 p. 408).

ADMINISTRATIVO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO


ESPECIAL. PRESERVAÇÃO DA SAÚDE E FORNECIMENTO DE
REMÉDIOS. BLOQUEIO DE VERBAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE.
ART. 461, § 5º, DO CPC. INEXISTÊNCIA DO APONTADO DISSENSO
PRETORIANO. PRECEDENTES. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA
NÃO-PROVIDOS. 1. Em exame embargos de divergência manejados
pelo Estado do Rio Grande do Sul, em impugnação a acórdão que
entendeu cabível o bloqueio de verbas públicas em situações
excepcionais, tais como a necessidade imediata da preservação da
saúde da pessoa humana, mediante o fornecimento de medicação em
caráter de urgência, sob risco de óbito do suplicante. O aresto
embargado, proferido pela 2ª Turma, tem a ementa seguinte (fl. 111):
"ADMINISTRATIVO PROCESSUAL CIVIL. CUSTEIO DE
TRATAMENTO MÉDICO. MOLÉSTIA GRAVE. BLOQUEIO DE
VALORES EM CONTAS PÚBLICAS. POSSIBILIDADE. ART. 461,
CAPUT E § 5º DO CPC. 1. Além de prever a possibilidade de

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concessão da tutela específica e da tutela pelo equivalente, o CPC


armou o julgador com uma série de medidas coercitivas, chamadas na
lei de "medidas necessárias", que têm como escopo o de viabilizar o
quanto possível o cumprimento daquelas tutelas. 2. As medidas
previstas no § 5º do art. 461 do CPC foram antecedidas da expressão
"tais como", o que denota o caráter não-exauriente da enumeração.
Assim, o legislador deixou ao prudente arbítrio do magistrado a
escolha das medidas que melhor se harmonizem às peculiaridades de
cada caso concreto. 3. Submeter os provimentos deferidos em
antecipação dos efeitos da tutela ao regime de precatórios seria o
mesmo que negar a possibilidade de tutela antecipada contra a
Fazenda Pública, quando o próprio Pretório Excelso já decidiu que
não se proíbe a antecipação de modo geral, mas apenas para
resguardar as exceções do art. 1º da Lei 9.494/97. 4. O disposto no
caput do artigo 100 da CF/88 não se aplica aos pagamentos de
obrigações definidas em lei como de pequeno valor, de modo que,
ainda que se tratasse de sentença de mérito transitada em julgado,
não haveria submissão do pagamento ao regime de precatórios.5. Em
casos como o dos autos, em que a efetivação da tutela concedida está
relacionada à preservação da saúde do indivíduo, a ponderação das
normas constitucionais deve privilegiar a proteção do bem maior que é
a vida.

6. Recurso especial improvido." (REsp 770.969/RS, DJ 03/10/2005, 2ª


Turma, Rel. Min. Castro Meira) A título de paradigma, o Estado
requerente indicou o Resp 766.480/RS, o qual, segundo alega, dispõe
não ser possível o seqüestro de dinheiro ou de outros bens públicos.
Confira-se: "PROCESSUAL CIVIL. TUTELA ANTECIPADA. MEIOS DE
COERÇÃO AO DEVEDOR (CPC, ARTS. 273, §3º E 461, §5º).
FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS PELO ESTADO. BLOQUEIO
DE VERBAS PÚBLICAS. IMPOSSIBILIDADE. 1. É cabível, inclusive
contra a Fazenda Pública, a aplicação de multa diária (astreintes)
como meio coercitivo para impor o cumprimento de medida
antecipatória ou de sentença definitiva de obrigação de fazer ou
entregar coisa, nos termos dos artigos 461 e 461A do CPC. Nesse
sentido é a jurisprudência do STJ, como se pode verificar, por
exemplo, nos seguintes precedentes: AgRg no Ag 646240/RS, 1ª T.,

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Min. José Delgado, DJ de 13.06.2005; RESP 592132/RS, 5ª T., Min.


José Arnaldo da Fonseca, DJ de 16.05.2005; AgRg no RESP
554776/SP, 6ª T., Min. Paulo Medina, DJ de 06.10.2003; AgRg no
REsp 718011/TO, 1ª Turma, Min. José Delgado, DJ de 30.05.2005.

2. Todavia, não se pode confundir multa diária (astreintes), com


bloqueio ou seqüestro de verbas públicas. A multa é meio executivo de
coação, não aplicável a obrigações de pagar quantia, que atua sobre a
vontade do demandado a fim de compeli-lo a satisfazer, ele próprio, a
obrigação decorrente da decisão judicial. Já o seqüestro (ou bloqueio)
de dinheiro é meio executivo de sub-rogação, adequado a obrigação
de pagar quantia, por meio do qual o Judiciário obtém diretamente a
satisfação da obrigação, independentemente de participação e,
portanto, da vontade do obrigado. 3. Em se tratando da Fazenda
Pública, qualquer obrigação de pagar quantia, ainda que decorrente
da conversão de obrigação de fazer ou de entregar coisa, está sujeita
a rito próprio (CPC, art. 730 do CPC e CF, art. 100 da CF), que não
prevê, salvo excepcionalmente (v.g., desrespeito à ordem de
pagamento dos precatórios judiciários), a possibilidade de execução
direta por expropriação mediante seqüestro de dinheiro ou de
qualquer outro bem público, que são impenhoráveis. 4. Recurso
especial parcialmente conhecido e, nesta parte, provido." (REsp
766.480/RS, DJ 03/10/2005, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Zavascki) 2. Em
situações reconhecidamente excepcionais, tais como a que se refere
ao urgente fornecimento de medicação, sob risco de perecimento da
própria vida, a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça é
reiterada no sentido do cabimento do bloqueio de valores diretamente
na conta corrente do Ente Público. 3. Com efeito, o art. 461, § 5º, do
CPC ao referir que o juiz poderá, de ofício ou a requerimento da parte,
para a efetivação da tutela específica ou para obtenção do resultado
prático equivalente, “determinar as medidas necessárias, tais como a
imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção
de pessoas ou cousas, desfazimento de obras e impedimento de
atividade nociva, se necessário com requisição de força policial”,
apenas previu algumas medidas cabíveis na espécie, não sendo,
contudo, taxativa a sua enumeração. De tal maneira, é permitido ao
julgador, à vista das circunstâncias do caso apreciado, buscar o modo

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mais adequado para tornar efetiva a tutela almejada, tendo em vista o


fim da norma e a impossibilidade de previsão legal de todas as
hipóteses fáticas. É possível, pois, em casos como o presente, o
bloqueio de contas públicas. 4. Tal como se evidencia, não há
divergência jurisprudencial a ser dirimida, ao contrário, como restou
demonstrado, o acórdão embargado está em absoluta sintonia com o
entendimento aplicado à questão por este Superior Tribunal de
Justiça, que admite, em situações excepcionais, o bloqueio direto de
verbas públicas. 5. No caso, a autorização excepcional para o
bloqueio de valores públicos objetivou o fornecimento de medicação,
em caráter de urgência, à parte suplicante, sob pena de
comprometimento da própria vida.6. Embargos de divergência não-
providos.(STJ; EREsp 770969 / RS ; EMBARGOS DE DIVERGENCIA
NO RECURSO ESPECIAL2005/0190161-9; Ministro JOSÉ
DELGADO; Órgão Julgador: S1 - PRIMEIRA SEÇÃO; Data do
Julgamento: 28/06/2006; Data da Publicação/Fonte: DJ 21.08.2006 p.
224). (grifo nosso).

Incumbe ainda examinar que não há que se confundir multa diária


com o sequestro de contas públicas, pois enquanto no primeiro caso é meio de coerção
indireta onde se busca a tutela específica; no segundo há meio executivo por sub-rogação.
Neste último caso, o Judiciário obtém diretamente a satisfação total ou parcial da obrigação,
independentemente da vontade do obrigado.

Destarte, in casu, surge a necessidade do sequestro de contas


públicas, como medida de emergência, com o escopo de garantir imediatamente a vaga em
leito de UTI necessária para manter a saúde e vida do(a) autor(a), bem como a
imprescindibilidade das astreintes, como forma de impulsionar o Estado a prestar
continuadamente a vaga de UTI.

DO DANO MORAL

Deve ser reconhecido ao(a) autora o direito ao ressarcimento pelos

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danos morais sofridos, uma vez que houve injusta e abusiva recusa de disponibilizar uma
UTI, ora pleiteado, extrapolando o mero aborrecimento.

O dano moral, como se sabe, é um dano pessoal não econômico. No


sentido da presente quizila, transmuda-se no sentimento de impotência do(a) autor(a), na
sua angústia de não ter uma vaga de UTI, de imediato.

A avaliação do dano moral, por sua vez, requer a convergência de


duas forças: a punitiva, para que o causador do dano sofra as consequências de seu ato e,
em tese, o desestimule a que assim haja em casos futuros; e a compensatória,
correspondente ao pagamento de uma indenização aos requerentes, face ao mal sofrido,
embora se saiba que a moral não tem preço.

Ressalte-se que, no âmbito do Direito Administrativo, a


responsabilidade civil prescinde do elemento culpa, inserindo-se como pressupostos do
dever de indenizar: a) conduta humana, b) nexo de causalidade e c) dano ou prejuízo.

A responsabilidade do Estado ou responsabilidade da Administração


Pública, conforme a denominação de parte da doutrina, encontra guarida constitucional, em
especial, na disposição do art. 37, § 6º, da Constituição Federal de 1988. Entendemos mais
acertada a denominação responsabilidade do Estado, porquanto ainda que na maioria das
vezes o Estado responda por sua atuação administrativa, por atos da Administração, do
Poder Executivo, casos há em que haverá sua responsabilização por atos judiciais e
legislativos.

Conforme salientado, mister trazer à colação a dicção do art. 37, da


CF/88:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação da EC n.
19/98)

[...];

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§ 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

A doutrina afirma que a responsabilidade do Estado será sempre


objetiva, ainda no que tange aos atos omissivos, sob o pálio da isonomia e da busca de
igualdade de todos frente aos ônus do Estado. Aqui, encontramos Hely Lopes Meirelles,
Celso Ribeiro Bastos, Yussef Said Cahali, entre outros. Para esses autores, a Constituição
Federal não fez qualquer ressalva ao artigo 37, § 6º, quando da utilização do verbo
“causarem”, pelo que indissociável, também, das condutas omissivas. Aduzem, ademais,
que entender o contrário vai de encontro à evolução da responsabilidade civil do Estado
tendente à objetivação, configurando um verdadeiro e inaceitável retrocesso.

Na mesma trilha, rechaçam os argumentos da Teoria Subjetiva


da Responsabilidade por atos omissivos, afirmando que a conduta omissiva é, também, do
ponto de vista jurídico, causa do dano e não apenas sua condução. Salientam, ademais,
que a conduta omissiva é sempre contrária à lei, e em face de sua gravidade necessária a
responsabilização objetiva do Estado, porquanto imperiosa à manutenção da ordem pública
e da paz social.

No mesmo sentido é como não poderia deixar de ser o entendimento


de nossos Tribunais a exemplo das decisões a seguir transcritas:

REMESSA NECESSÁRIA, APELAÇÃO CÍVEL E RECURSO ADESIVO


EM AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS -
PACIENTE EM ESTADO GRAVÍSSIMO - NECESSIDADE DE
INTERNAÇÃO EM UTI E DE NUTRIÇÃO PARENTAL - FALTA DE
VAGA E DA ALIMENTAÇÃO ESPECIAL - OMISSÃO NA PRESTAÇÃO
DE ATENDIMENTO À SAÚDE - VIOLAÇÃO AO ART. 196 DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL - PRESENÇA DOS REQUISITOS DO
DEVER DE INDENIZAR - DANOS MATERIAIS NÃO COMPROVADOS
- DANOS MORAIS EVIDENCIADOS - Redução do valor da
compensação para valor condizente à extensão do dano.
Complementação da sentença em relação ao termo inicial dos juros

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de mora e da correção monetária. Conhecimento da remessa e dos


recursos voluntários. Provimento parcial do recurso oficial e do apelo e
desprovimento do recurso adesivo. (TJRN - RN-AC-RA 2011.002190-5
- 1ª C.Cív. - Relª Juíza Conv. Fátima Soares - DJe 25.01.2013 - p. 13)

APELAÇÃOES CÍVEIS - CONSTITUCIONAL, ADMINISTRATIVO E


CIVIL - REALIZAÇÃO DE CIRURGIA - TEMPO DE ESPERA PELO
PROCEDIMENTO - DANOS MORAIS - RESPONSABILIDADE
SOLIDÁRIA DA UNIÃO, ESTADO E MUNICÍPIO - ART. 198 DA
CRFB/88 - RECURSOS IMPROVIDOS - 1- Cuida-se de apelações
cíveis interpostas pelo Estado do Rio de Janeiro, pela União e pelo
Município de Duque de Caxias em face da r. sentença, originária do
Juízo da 2.ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Duque de
Caxias-RJ, prolatada Nos autos da ação de conhecimento, sob o
procedimento comum ordinário, através da qual pretende o autor a
condenação dos réus na obrigação de fazer, consistente na realização
de cirurgia ortopédica, bem assim na de reparar os danos morais
decorrentes do excessivo tempo de espera pelo procedimento
cirúrgico. 2- A União, os Estados e o Município são responsáveis
solidários pela saúde frente aos indivíduos, sendo, pois, os
legitimados passivos nas ações cuja causa de pedir é o fornecimento
de medicamentos e/ou leitos aos necessitados, como no caso em tela.
3- A solidariedade passiva destes entes públicos encontra-se disposta
no art. 198, caput e parágrafo único, da Constituição Federal , em que
afirma que "as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede
regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único" e que o
sistema único de saúde será financiado com recursos do orçamento
da "seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, além de outras fontes". 4- A atuação da Administração
Pública é pautada pelo princípio da eficiência, baseando-se na
desburocratização e na melhor utilização possível dos recursos
públicos, visando à satisfação ampla do bem comum. 5- Em oposição
a esta tese da "reserva do possível", temos a adoção pelo Supremo
Tribunal Federal da preservação do núcleo consubstanciador do
"mínimo existencial". A Corte vem aceitando a denominada "dimensão
política de jurisdição constitucional", que permite o exercício do
controle judicial em tema de implementação de políticas públicas para

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garantir o "mínimo existencial". 6- O STF só vem aceitando a


aplicação da cláusula da "reserva do possível" quando a
Administração Pública comprovar, de forma objetiva, no caso
concreto, sua incapacidade econômica para implementação de
determinada política pública. Esse entendimento da Suprema Corte
está resumido no voto do Ministro Gilmar Mendes, Relator do STA 175
- Agr/CE (Informativo nº 582 de 2010). 7- In casu, cumpre consignar
que, muito embora o demandante não seja pessoa idosa, não se
mostra razoável exigir a espera de 4 (quatro) anos para ser operado,
se há indicação médica para a sujeição ao procedimento cirúrgico,
inclusive já tendo sido o autor encaminhado para a realização dos
exames pré-operatórios. Demais, disso, salientese que os apelantes
não comprovaram de forma objetiva a ausência de recursos para a
realização da cirurgia, devendo ser afastada a alegação da "reserva
do possível", conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal. 8-
A Constituição Federal de 1988 consagrou a teoria da
responsabilidade civil objetiva do Estado (art. 37, § 6º), a qual se funda
no risco administrativo, ou seja, para a aferição da responsabilidade
civil do Estado e o conseqüente reconhecimento do direito à
reparação pelos prejuízos causados, é suficiente que se prove o dano
sofrido e o nexo de causalidade entre a omissão/conduta atribuíveis
ao Poder Público, ou aos que agem em seu nome, por delegação, e o
aludido dano. De todo modo, é permitido ao Estado afastar a sua
responsabilidade nos casos de exclusão do nexo causal fato exclusivo
da vítima, caso fortuito, força maior e fato exclusivo de terceiro-. 9- A
reparação civil do dano moral, diversamente do que se verifica em
relação ao dano patrimonial, não visa a recompor a situação
jurídicopatrimonial do lesado, mas sim à definição de valor adequado,
em razão de alguma das violações às dimensões da dignidade da
pessoa humana, como a liberdade, a integridade físico-psíquica, a
solidariedade e a isonomia, pois o fim da teoria em análise não é
apagar os efeitos da lesão, mas reparar os danos. 10- A configuração
do dano moral, em várias situações, decorre apenas da prática do ato
com repercussão na vítima, tratando-se de hipótese que independe de
comprovação de abalo a bem jurídico extrapatrimonial. 11- Conforme
atesta a doutrina de direito civil, os danos morais, ao contrário dos
materiais, decorrem da lesão a algum dos aspectos atinentes à

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dignidade humana. A repercussão de tais lesões na personalidade da


vítima nem sempre é de fácil liquidação. Contudo, tal é a gravidade da
lesão à dignidade, segundo a ordem constitucional, que se admite
presumível o dano moral pelo simples fato da lesão,
independentemente da sua efetiva comprovação. 12- "Não obstante,
não caiba ao Poder Judiciário se imiscuir nas escolhas do
Administrador no que concerne à gestão dos recursos públicos e,
portanto, no que concerne aos critérios por ele eleitos à prestação da
saúde, não se pode entender condizente com o atendimento digno a
garantia constitucional do direito à saúde uma espera de mais de 3
(três) anos para realização por procedimento cirúrgico pelo Estado
(em sentido lato). Tal demora, sem dúvida, fere a dignidade da pessoa
humana, princípio fundamental da nossa República ( art. 1º, III,
CR/88 ), direito fundamental e nviolável cuja salvaguarda pode, sim, e
deve ser diligenciada pelo Poder Judiciário. Vê-se que a parte autora
tem sua vida estagnada enquano espera ´a chegada de sua vez´,
padecendo de dor que, embora seja subjetiva, é aferível in re ipsa, e
potencializada pela dor concreta, física, minimamente amenizada
pelso remédios que tem que ingerir enquanto não recebe a prestação
(cirurgia) do Estado compatível com sua real necessidade." 13-
Apelaçoes improvidas. Sentença mantida. (TRF-2ª R. - AC
2011.51.68.003085-9 - Rel. Guilherme Calmon Nogueira da Gama -
DJe 17.07.2012 )

ESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO AÇÃO CIVIL PÚBLICA


DEMORA NO FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS
EXCEPCIONAIS PRETENSÃO INDENIZATÓRIA LEGITIMIDADE
ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO TUTELA DE INTERESSES
INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS PRESENÇA DE RELEVANTE
INTERESSE SOCIAL INTERESSE PROCESSUAL VERIFICAÇÃO DE
CONFLITO DE INTERESSES UTILIDADE DO PROVIMENTO
PRETENDIDO AOS BENEFICIÁRIOS POSSIBILIDADE JURÍDICA DO
PEDIDO CONDENAÇÃO GENÉRICA AUTORIZADA POR LEI
APLICABILIDADE DO ART. 95 DO CDC LITISCONSÓRCIO PASSIVO
NECESSÁRIO ENTRE UNIÃO, ESTADO E MUNICÍPIOS ALEGAÇÃO
AFASTADA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA LEGÍTIMA A

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PROPOSITURA CONTRA APENAS UM DOS CO-RESPONSÁVEIS


AGRAVO RETIDO DESPROVIDO RESPONSABILIDADE OBJETIVA
OMISSÃO ESPECÍFICA DE DEVER ESTATAL MAU
GERENCIAMENTO DA POLÍTICA PÚBLICA DE FORNECIMENTO DE
MEDICAMENTOS DANOS MATERIAIS (DANOS EMERGENTES E
LUCROS CESSANTES) E MORAIS EVIDENTES E NOTÓRIOS
RECURSO DE APELAÇÃO PROVIDO - Recurso de agravo retido
desprovido e recurso de apelação cível provido. (TJPR - AC 0771181-
9 - 2ª C.Cív. - Rel. Des. Eugenio Achille Grandinetti - DJe 16.11.2011 -
p. 348)

A angústia e o sofrimento podem não ser erradicados totalmente,


mas há um lenitivo amenizador, de vez que o passado não pode ser extinto, porém o futuro
pode ser melhorado. Ademais, se o dano não pode deixar de ser ressarcido, sempre haverá
uma solução, que, embora não seja a ideal, pode, entrementes, concorrer muito para
levantar a moral do atingido.

A prestação pecuniária, cuja função seria satisfatória, não pretende


refazer o patrimônio, mas proporcionar ao lesado uma compensação, devida pelo que este
sofreu, amenizando as agruras oriundas do dano extra patrimonial.

De salientar, ainda, que, para a doutrina e a jurisprudência, o dano


moral existe tão somente pela ofensa sofrida e dela é presumido, sendo bastante para
justificar a indenização, não devendo ser simbólica, mas efetiva, dependendo das condições
socioeconômicas do(a) autor(a). É corrente majoritária, portanto, em nossos tribunais a
defesa de que, para a existência do dano moral, não se questiona a prova do prejuízo, e sim
a violação de um direito constitucionalmente previsto.

Trata-se do denominado dano moral puro, o qual se esgota na


própria lesão à personalidade, na medida em que estão ínsitos nela. Por isso, a prova
destes danos restringir-se-á à existência do ato ilícito, devido à impossibilidade e à
dificuldade de realizar-se a prova dos danos incorpóreos. Não é sem razão que os incisos V
e X do artigo 5º da CF/88 asseguram com todas as letras a reparação por dano moral,
senão vejamos:

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“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além


da indenização por dano material, moral ou à imagem;

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem


das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material
ou moral decorrente de sua violação;”

A reparação do dano moral não visa reparar a dor no sentido literal,


mas sim, aquilatar um valor compensatório que amenize o sofrimento provocado por aquele
dano, sendo a prestação de natureza meramente satisfatória.

No concernente à necessidade de prova deste tipo de abalo, o


Pretório Excelso proclama que:

“A indenização a título de dano moral não exige comprovação de


prejuízo” (RT 614/236), por ser este uma consequência irrecusável do
fato e um “direito subjetivo da pessoa ofendida” (RT 124/299).

Também o STJ tem entendido que:

“em se tratando de dano moral puro, não há falarem prova do dano


moral, mas sim, na prova do fato que gerou a dor, o sofrimento,
sentimentos íntimos que o ensejam, para gerar o dever de indenizar”.
(Ac. 4ª T do STJ no AgRg 701.915-SP, Rel. Min. Jorge Scartezzinni, j.
25-10-05).

Pelo que se vê, insigne judicante, a única prova que se concebe nas
ações indenizatórias é a da existência dos fatos colacionados na peça prefacial.
Incontroversos os fatos, ou devidamente provados na fase instrutória do processo, resta
para se caracterizar a existência de dano moral apenas o estabelecimento do nexo causal
entre o ato ilícito praticado pelo agente e os fatos narrados pelo autor.

No que se refere à fixação do quantum a título de dano moral, a boa

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doutrina e a jurisprudência majoritária têm entendido que o montante fica ao prudente


arbítrio do juiz, mas devendo-se levar em conta os fatos, à reprimenda ao ofensor como
forma de se dissuadir ao cometimento de novos atentados ao patrimônio de outrem, à
capacidade financeira do ofensor e a amenização da situação imposta à requerente.

Justa e devida, portanto, a indenização a título de danos morais ao


suplicante, porquanto dotada de respaldo legal, a ser arbitrada em função da dor física e
moral que experimentou por culpa exclusiva do Estado. Apenas para supedanear a decisão
meritória, o parâmetro que entende razoável a requerente é o de que o valor não deverá ser
abaixo de quinze (20) salários mínimos.

DO PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

Diante da situação ora exposta, no caso da ausência imediata de um


provimento antecipado, ante o evidente percurso temporal suficiente até o deslinde do
processo, corre o risco de ser inócua a prestação jurisdicional ao final deferida. O(A)
requerente não poderá suportar por muito tempo a ausência do tratamento em local
adequado, qual seja, um leito em uma Unidade de Terapia Intensiva, razão pela qual sua
internação torna-se premente.

De outro lado, inegável a existência do periculum in mora,


respaldada nos documentos acostados nesta peça exordial. Encontra-se comprovado que
o(a) requerente, é acometido de vários problemas de saúde, aguarda vaga em leito, com
possibilidade de danos irreparáveis à sua saúde, conforme se depreende do receituário em
anexo.

O exposto já autoriza a concessão antecipada do pedido em favor do


requerente, mediante antecipação de tutela, nos moldes do art. 273, I e II do Código de
Processo Civil, que assim reza:

“Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou

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parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde


que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da
alegação e:

I- haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou

IIfique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto


propósito protelatório do réu.”(grifos nossos)

Conforme relatado alhures, é reconhecido o direito à saúde como


direito fundamental e indisponível da pessoa humana, a ser assegurado com absoluta
prioridade pelo poder público. O direito de acesso às ações e serviços de saúde é
consagrado como direito público subjetivo.

Logo, os pressupostos necessários à procedência da tutela


antecipada ora defendida estão preenchidos, tendo em vista que os requisitos exigidos pelo
art. 273, I e II do CPC são alternativos, isto é: pode haver periculum in mora ou ocorrência
de manifesta intenção protelatória do réu. No presente caso, a primeira alternativa
(periculum in mora) é perfeitamente aplicável.

Cândido Rangel Dinamarco (A Reforma do Código de Processo Civil,


2.ª edição, editora Malheiros, Rio de Janeiro, 1998, pp.138/140 e 145), desvenda a real
intenção do legislador ao criar o instituto da tutela antecipada, conforme se aduz:

“O novo art. 273 do Código de Processo Civil, ao instituir de modo


explícito e generalizado a antecipação dos efeitos da tutela
pretendida, veio com o objetivo de ser uma arma poderosíssima
contra os males corrosivos do tempo do processo. (...)

No clássico compêndio de Calamadrei, a antecipação de provimentos


decisórios comparece entre as figuras de medidas cautelares: através
dela, disse, ‘decide-se provisoriamente uma relação controvertida, à
espera de que, através do processo, ordinário, se aperfeiçoe a
decisão definitiva”. Sua finalidade é afastar situações de indefinição
das quais se fosse necessário esperar até que seja emitido o
julgamento definitivo, potrebbero derivare a uma delle parti irreparabili
danni.(...)

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A técnica engendrada pelo novo art. 273 consiste em oferecer


rapidamente a quem veio ao processo pedir determinada solução para
a situação que descreve, precisamente aquela solução que ele veio ao
processo pedir. Não se trata de obter medida que impeça o
perecimento do direito, ou que assegure ao titular a possibilidade de
exercê-lo no futuro. A medida antecipatória conceder-lhe-á o exercício
do próprio direito afirmado pelo autor. Na prática, a decisão com que o
juiz concede a tutela antecipada terá, no máximo, o mesmo conteúdo
do dispositivo da sentença que concede a definitiva, e a sua
concessão equivale, mutatis mutandis, à procedência da demanda
inicial – com a diferença fundamental representada pela
provisoriedade. (...)

O novo artigo 273 do Código de Processo Civil, com a consciência de


estar instituindo uma arma contra os males que o tempo pode causar
aos direitos e aos seus titulares, figura duas situações indesejáveis a
serem debeladas mediante a antecipação da tutela.

A primeira delas sugere o requisito do periculum in mora


ordinariamente posto em relação à tutela cautelar. Reside no “fundado
receio de dano irreparável (art.273, I) (...) É preciso levar em conta as
necessidades do litigante privado do bem a que provavelmente tem
direito e sendo impedido de obtê-lo desde logo.” (grifamos)

É possível, na atualidade, fazer valer o direito à saúde, em algumas


situações específicas, através do Poder Judiciário. Tratam-se daquelas situações em que a
doença está devidamente diagnosticada e está atestada a necessidade de um determinado
medicamento ou procedimento médico indispensável para o controle ou tratamento da
doença. Em outras palavras, são aquelas situações em que a proteção do direito à saúde
não poder ser desvinculada da proteção do próprio direito à vida ou do direito a uma
existência digna.

A jurisprudência assim vem se firmando:

TUTELA ANTECIPATÓRIA – Faculdade do Juiz – Verossimilhança do


pedido tutelar com o inicial – Deferimento que se deve embasar no
fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação –

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Inteligência do art. 273 do CPC. O art. 273 do CPC, com redação


dada pela Lei 8.952/94, expressamente faculta ao Juiz, a
requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da
tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova
inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e haja
fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, sendo que
essa tutela antecipada poderá ser revogada ou modificada a qualquer
tempo, em decisão fundamentada, prosseguindo o processo até final
julgamento, concedida ou não tal antecipação. (RT 736/252)

Em trato de concessão de tutela antecipada de provimento


jurisdicional, mister se faz que o Juiz, dentro da esfera de sua
discricionariedade judicial, proceda a prudente e cuidadosa análise,
porquanto pode haver situação emergencial que a reclame, desde que
haja prova inequívoca do alegado e se convença de sua
verossimilhança. (RT 736/256) (sem grifo no original)

Só resta, então, o requerente socorrer ao Poder Judiciário para


solucionar essa delicada lide, sem que tenha que aguardar o tempo de um requerimento
administrativo encaminhado ao requerido, do qual certamente o requerente não teria
resposta positiva, oferecendo aquele resistência.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a V. Ex.ª se digne de:

1) Conceder à requerente os benefícios da Justiça Gratuita, além da


prioridade na tramitação do feito, bem como, nos termos do art. 273, caput e seu inciso I, a
tutela específica da obrigação de fazer, determinando que ESTADO DO CEARÁ ou qualquer
diretor/médico responsável de hospital do Estado do Ceará que possua UTI forneça leito
UTI ao representado, imediatamente e “inaudita altera pars”. Acaso alegue falta de vagas,
que custeie a internação do(a) referido(a) senhor(a) em LEITO DE UTI de hospital da rede
privada de saúde, tudo sob pena de pagamento de “astreintes”, no valor de R$ 5.000,00

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(cinco mil reais) por dia de descumprimento, tudo conforme prescrição médica, citando-se e
intimando-se o requerido, inclusive sob pena de desobediência;

2) Mandar citar o requerido, na pessoa de seu representante legal,


para, querendo, contestar a presente ação, ciente de que os fatos alegados e não
contestados serão tidos como verdadeiros;

3) Mandar intimar o (a) douto (a) representante do Ministério Público


para intervir em todos os termos da presente ação;

4) JULGAR PROCEDENTE a presente ação, tornando definitiva a


tutela antecipada concedida, na forma do item “a”, condenando o suplicado na obrigação de
fazer consistente no fornecimento de LEITO UTI, ou em outro nosocômio público com
instalações similares para NOME DO(A) REPRESENTADO(A), imediatamente e “inaudita
altera pars”. Acaso alegue falta de vagas, que custeie a internação do(a) referido(a)
senhor(a) em LEITO DE UTI de hospital da rede privada de saúde, tudo sob pena de
pagamento de “astreintes”, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por dia de
descumprimento, tudo conforme prescrição médica;

5) CONDENAR a promovida a pagar, à promovente, uma


indenização por danos morais (art. 5º. CF/88 c/c arts. 6º., inciso VI, e 14 do CDC), em
montante a ser arbitrado por este juízo, sugerindo-se, com base na capacidade financeira
das partes, no grau e extensão do dano, o valor correspondente a vinte (20) salários
mínimos nacionais, como parâmetro mínimo;

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, em


especial pela juntada de documentos, oitiva de testemunhas, desde logo arroladas, perícia,
vistoria, bem como qualquer outra providência que Vossa Excelência julgar adequada ao
julgamento da presente ação, tudo de logo requerido.

Dando à causa o valor de VALOR DA CAUSA, para efeitos.

Nesses termos.
Pede deferimento.

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CIDADE, DIA DE MÊS DE ANO.

NOME DO(A) DEFENSOR(A) PÚBLICO(A)


Defensor(a) Público(a)

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