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guerra cibernética
quando o campo de batalha é o mundo virtual

   #ARTIGO                                    

O início das mudanças estratégicas que tornaram

Marcelo de Andrade Guerras Cibernéticas os ataques mais rápidos, diminuindo o

P
Barros é graduado em
Análise de Sistemas pela or vários séculos as guerras
Universidade Estácio de foram travadas com muitas
Sá, pós-graduado em lutas, sangue derramado
Administração de Banco e milhares de mortes de
de Dados,em Gestão de ambos lados. Até a Segunda Guerra
Mundial, mesmo com a introdução
Tecnologia da Informação
da aviação a jato, da comunicação
e Comunicação e MBA via rádio e dos radares para os siste-
em Gestão de Projetos mas de navegação, o corpo a corpo
em Processos. Atua nas ainda era um elemento fundamen-
áreas se segurança da tal nas batalhas. Mas, atualmente,
informação. com a entrada da era digital, houve
várias atualizações tecnológicas, com
número de mortes dos aliados e com
investidas de precisão cirúrgica.
Um exemplo de ataque em con-
junto com a era digital, que podemos
citar, foi um ataque israelense reali-
zado em finais de 2007 na região sul
da Síria a uma indústria em constru-
ção para produção de armas de des-
truição em massa. Pegos de sur-
presa, os soldados se viram em meio
a explosões e sob o estrondo ensur-
decedor dos caças F-15 Eagle e F-16
Falcon que já retornavam à base após
o ataque. A Síria havia gasto milhões

Guerra Cibernética

de dólares em sistemas de defesa
aérea russa e nada foi detectado.
Concluiu-se que Israel havia com-
prometido o sistema de defesa aérea
e implantado uma imagem de um
dia comum, impedindo que os sírios
vissem o que estava ocorrendo na
realidade. Os mísseis de defesa não
foram disparados porque não haviam
alvos para serem disparados e muito
menos os jatos poderiam ser utiliza-
dos pois não se sabia a real localiza-
ção dos israelenses.
É a partir de então que entram
em cena os Guerreiros Cibernéticos,
grupos hackers especializados a
serviço dos interesses de um país.
Uma guerra não tem mais fronteiras,
os ataques ocorrem na velocidade
da luz através das fibras óticas, não
há limite geográfico: um ataque tanto
pode atingir organizações militares,
computadores pessoais ou mesmo
empresas. Para se defender desses
ataques, os países preventivamente
invadem redes e infraestruturas
alheias para instalarem backdoors,
softwares maliciosos que abrem
brechas para que se tenha acesso
aos conteúdos dos sistemas, além de
bombas lógicas, códigos ocultos que
aguardam por um comando ou pelo
momento certo para se deflagrarem
dentro do sistema, destruindo-os ou
abrindo acesso para invasões. Esses
são os ataques comuns em tempos
de paz. No entanto, estamos em um
momento de guerra cibernética per-
manente, com uma indefinição entre
a paz e a guerra, revelando uma era
de total instabilidade.
As guerras a partir de agora
tendem a ser atividades isoladas, sem
explosões, infantaria, poder aéreo ou
marinha. E nessa guerra vence o mais
rápido.
Exemplos de Países
com Guerreiros Cibernéticos
A Coréia do Norte começou a
chamar a atenção da comunidade
internacional no feriado americano
de 04 de julho de 2009. Uma mensa-
gem codificada fora enviada por um
agente norte-coreano a cerca de 40
mil computadores, espalhados pelo
mundo, infectados pelo vírus botnet.
Esta mensagem continha um simples
comando que dizia aos computadores
zumbis para enviar pings (comando
de teste de rede de computadores)
a uma lista de sites do governo ame-
ricano, sul-coreanos e de algumas
empresas internacionais. Com esse
ataque, cada computador ligado à
rede era silenciosamente incluído
no ataque, provocando lentidão no
acesso dos sites citados. Em um dado
momento, o governo americano notou
que alguns sites estavam inacessí-
veis, classificando aquela ocorrência
como um ataque DDoS, ou ataque
de negação de serviço, quando com-
putadores sequestrados durante o
ataque são usados para congestio-
nar o acesso à páginas, sistemas e
portais. Para conseguir voltar a ter o
controle, o governo americano, junto
aos provedores de internet (ISPs), fil-
traram os acessos, encerrando assim
o ataque.
O ataque norte-coreano mais
recente foi contra a Sony, que pro-
duzia, à época, uma comédia que
narrava a história de dois america-
nos que viajavam à Coréia do Norte
para matar Kin Pyongyang, o líder da
ditadura norte-coreana. Antes do lan-
çamento do filme, milhares de dados
confidenciais da Sony foram vazados,
inclusive filmes inéditos e e-mails
comprometedores. Este ataque forçou
a Sony a adiar o lançamento e a ver
suas ações despencarem na bolsa.
A China, a partir do final da
década de 1990, convergiu para
a ideia de que a guerra cibernética
poderia ser usada para compensar
a deficiência militar e tecnológica em
relação aos Estados Unidos. Um livro
escrito em 1999, por dois coronéis do
alto escalão chinês, intitulado Guerra
Irrestrita, mostra como países fracos
Revista Outsider N.3 | Março - 2017
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podem vencer o status quo das potên-
cias usando armas e táticas fora do
espectro militar.
As guerras a partir de
agora tendem a ser ati-
vidades isoladas, sem
explosões, infantaria,
poder aéreo ou marinha.
E nessa guerra vence o
mais rápido.
Em 1999, um ataque da OTAN
liderado pelos americanos em
Kosovo, acidentalmente atingiu uma
embaixada chinesa. Após esse bom-
bardeio, os sites dos Estados Unidos
e da OTAM foram derrubados por
ataques de negação de serviço
(Denial of Service - DoS), enquanto
outros foram desconfigurados.
Esse esforço foi somado ao hackti-
vismo, quando hackers por espontâ-
nea vontade, passaram a auxiliar o
governo no combate online lançando
ataques de negação.
Outra forma de atuação dos guer-
reiros cibernéticos chineses é através
da espionagem industrial. A Cisco
possuía uma fábrica para de rotea-
dores na China. Empresas chine-
sas, com os projetos destes roteado-
res em mãos, venderam para todo o
mundo, com preços muito baixos os
equipamentos falsificados construí-
dos com o projeto roubado da Cisco.
Dentre os compradores, órgãos do
governo americano, como a Força
Aérea, os Fuzileiros Navais e outras
empresas de defesa. Após uma audi-
toria do FBI, concluiu-se que esses
roteadores poderiam ser usados para
enfraquecer sistemas criptográficos
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e empregados para derrubar redes
americanas. No mesmo período, a
Huawei vendia roteadores semelhan-
tes na Europa e Ásia, que, ao contrá-
rio dos falsificados, tinham estampa-
das a marca Huawei.
 canos, a Rússia possui a FAPSI. E
Mas as autoridades americanas
não classificam a China como uma
ameaça cibernética para os EUA, pois
os ataques que ela realiza, deixam,
quase sempre, rastros dos acessos
indevidos. Mas, segundo as autorida-
des americanas, “os russos, eles sim
são definitivamente melhores, quase
tão bons quanto nós”. Conforme cita
Richard Clark Guerra Cibernética - A
próxima ameaça à segurança e o que
fazer a respeito.
Guerra Cibernética
Assim como a NSA, organização
americana que recentemente foi alvo
de vazamentos da Wikileaks e teve
revelados os métodos pelos quais
espiona até mesmo cidadão ameri-
sua história não é muito diferente da
de sua irmã americana. Esta iniciou
as atividades ainda na Era Soviética
desenvolvendo e quebrando códigos,
fazendo escutas telefônicas e, quando
a internet surgiu, a FAPSI também já
estava lá, assumindo o controle do
maior provedor de serviços de inter-
net da Rússia.
Outras nações como a França
e Israel também são conheci-
das por suas unidades de guerra
cibernética. Há ainda outros países
com igual capacidades para realiza-
rem ataques cibernéticos, incluindo
Taiwan, Irã, Austrália, Coréia do Sul,
índia, Paquistão entre outros.
Mas, até o momento, não houve
uma guerra cibernética de grandes
proporções. Qual o limite, qual
alcance e qual o poder bélico que
os guerreiros cibernéticos poderiam
adquirir além de bloquear páginas de
internet, acesso a informações sen-
síveis de países e empresas? Esta é
uma pergunta que somente o futuro
nos responderá. •