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Introdução
A música, embora tão admirada, ainda tende a ser um assunto controvertido no culto,
lamentavelmente. O problema não está na preferência de determinado estilo musical, mas na
intolerância com os outros estilos musicais.
Entre nós, batistas, a inclusão da música no culto não foi um assunto fácil. Benjamim
Keach foi quem introduziu o canto nas igrejas batistas inglesas. Keach conseguiu, em 1673,
que a igreja em Horsleydown cantasse um hino no fim da ceia, permitindo que os contrários
se retirassem antes de ser cantado1.
Nesta e quaisquer outras questões, a Bíblia é quem define, até porque nos é valioso demais
o princípio da autoridade da Bíblia como única regra de fé e prática.
Por isso, vamos caminhar, de forma bem resumida, pelas páginas bíblicas, com a finalidade
de extrair o que a Palavra diz sobre a música na prática coletiva de culto.
Os judeus tinham músicas para diversas ocasiões. Quando o povo passou pelo mar
Vermelho, entoou com Moisés o hino que lemos como texto de referência nesta lição (Êxodo
15.1-18).
É um primitivo cântico religioso lindíssimo, acompanhado de instrumentos e de uma
responsiva antífona, dirigida por Miriã, irmã de Moisés: “Cantai ao Senhor, porque triunfou
gloriosamente; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro” (v. 21).
Moisés, no fim do seu ministério, podemos assim dizer, deixou um hino para Israel
(Deuteronômio 32.1-43), introduzido no capítulo 31: “Então Moisés proferiu todas as
palavras deste cântico, enquanto toda a assembleia de Israel o ouvia” (v. 30). Após o cântico,
o verso 44 arremata: “Então Moisés veio e proferiu todas as palavras deste cântico na
presença do povo, ele e Oseias, filho de Num”. Antes de morrer, Moisés deixou uma música
para o seu povo!
1
FREDERICO, Denise. Liturgia: das origens até os batistas brasileiros. Porto Alegre: EST, 1994, p. 36.
Davi é outro exemplo de líder que dava à música um lugar de destaque. Foi com música
que ele levou a arca do concerto para o tabernáculo. “Davi ordenou que os chefes dos levitas
escolhessem alguns músicos, dentre seus parentes, para tocarem instrumentos musicais, com
lira, harpas e címbalos, e cantarem com alegria” (1Crônicas 15.16). O verso 28 volta a falar
dessa ordem, agora cumprida: “Assim, todo Israel levou a arca da aliança do Senhor, com
júbilo, ao som de cornetas, trombetas e címbalos, acompanhado de liras e harpas.”
Em 2 Crônicas 5, encontramos a música sendo utilizada na dedicação do Templo
construído por Salomão. Interessante, também, é o fato do maior livro da Bíblia – Salmos –
ser um hinário2.
A expressão “louvor e adoração” tem sido muito comum nas celebrações para designar o
momento em que a congregação, conduzida por uma equipe de músicos, entoa cânticos
avulsos. O perigo está em confundir o momento de cânticos espirituais como único momento
de louvor e adoração no culto. Os cânticos são uma das expressões possíveis de louvor e
adoração.
Philip Yancey afirmou que “adorar a Deus hoje significa preencher aos brados todo e
qualquer silêncio” e, ainda, falou sobre um autor de várias canções que se disse preocupado
com a música de adoração que está pondo o foco nos músicos e não em Deus3. Temos de fugir
desse erro!
G. Wainwright disse que “o louvor público é também testemunho diante do mundo. Deve
ter Deus como seu propósito (...). Um hino cuja intenção não seja o louvor a Deus de alguma
forma deveria ser considerado uma idolatria”4.
O verdadeiro ambiente de adoração, conforme a visão de Isaías 6.1-8, é aquele que
conduz o adorador à consciência dos seus pecados e à necessidade de se buscar a
santidade de Deus, que sempre nos impulsiona ao cumprimento da missão e ao serviço.
As referências de culto no Gênesis falam de Abraão, Isaque e Jacó (12.9, 13.4, 26.25 e
33.20). Eram pequenas cerimônias litúrgicas.
2
Indico como leitura sobre o assunto a obra de McCommom, que foi muito útil na pesquisa: MCCOMMON,
Paul. A Música na Bíblia. Rio de Janeiro: JUERP, 1995.
3
YANCEY, Philip. Prostar-se e beijar. In: Revista Enfoque Gospel, jul/95, p. 98.
4
Geoffrey Wainwright foi citado em FREDERICO, Denise. A Música na Igreja Evangélica Brasileira. Rio de
Janeiro: MK, 2007, p. 43.
Nos mandamentos, conforme Êxodo 20.1-6, Deus orienta Moisés e o povo judeu sobre
como deveria ser a adoração. A ordem de abandonar outros deuses foi clara. São vários os
textos no Antigo Testamento que mostram a correção divina face à adoração corrompida e
idólatra. Isso nos ajuda a entender que, para Deus, não importa o estilo de música no culto
e, sim, a vida dos adoradores. O que Deus pede para que o culto seja aceito é santidade:
“Eu detesto e desprezo as vossas festas; não me agrado das vossas assembleias solenes. Ainda
que me ofereçais sacrifícios com as vossas ofertas de cereais, não me agradarei deles; nem
olharei para as ofertas pacíficas de vossos animais de engorda. Afastai de mim o som dos
vossos cânticos, porque não ouvirei as melodias das vossas liras. Corra porém a justiça como
águas, como o ribeiro perene” (Amós 5.21-24). Há outros textos que reforçam a mesma ideia,
como 2Crônicas 26.26-20 e Isaías 1.11-17.
Deus requer de nós santidade. Nós, humanos, pelas limitações peculiares, nos limitamos,
na maioria das vezes, à aparência. Como Deus nos conhece perfeitamente, Ele é o único que
tem o poder de reconhecer a verdadeira adoração.
O melhor caminho para nós é buscar a santificação e deixar os assuntos de menor
importância como secundários. Podemos trocar ideias sobre estilos musicais, mas sem
descuidar do estilo de vida que estamos vivendo, diante de Deus (adoração), principalmente, e
diante da sociedade (testemunho).
Uma boa disciplina espiritual para o crescimento em santidade é a oração e a leitura da
Palavra. Aproveito para relembrar o desafio deste trimestre: a leitura de todo o livro dos
Salmos, conforme as orientações das leituras diárias.
Na próxima lição, continuaremos no mesmo tema, com ênfase no Novo Testamento.
Leituras Diárias
Segunda: Salmos 86 e 87
Terça: Salmo 88
Quarta: Salmo 89
Quinta: Salmos 90 e 91
Sexta: Salmos 92 e 93
Sábado: Salmos 94 e 95
Domingo: Salmo 96