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Na busca da inovação, onde deve estar o pesquisador?

André Yves Cribb2


Embrapa Agroindústria de Alimentos

A Lei da Inovação (Lei nº. 10.973, de 2/12/2004) chama atenção porque consiste num
conjunto de medidas essencialmente voltadas para conectar a pesquisa e o setor
produtivo. Um aspecto, bastante destacado, é o fato dela incentivar centros de pesquisa
e empresas a compartilhar recursos humanos, financeiros e materiais, incluindo
laboratórios científicos.

Com base nessa lei, o processo de definição de estratégias é amplamente relacionado à


identificação do lugar de trabalho mais apropriado para o pesquisador. Os esforços para
tal identificação têm sido dominados por duas visões distintas e aparentemente opostas.
Enquanto a primeira visão propõe a aproximação entre organização de pesquisa e
empresa, a segunda sugere a fixação do pesquisador na empresa.

Conforme a primeira visão, o pesquisador deveria estar na organização de pesquisa,


atuando em colaboração estreita com a empresa. A organização de pesquisa, além de ser
o lugar onde são treinados cientistas e engenheiros, é vista como ator capaz de assumir
funções importantes no crescimento econômico.

Para a segunda visão, o pesquisador deveria estar na empresa, dedicando-se às


necessidades cotidianas do setor produtivo. A empresa é reconhecida como essencial
para o aprendizado necessário à acumulação tecnológica e, portanto, é tratado como o
lugar privilegiado da inovação.

As duas visões têm mérito de serem levadas em consideração no processo de definição


de estratégias de inovação. Seus respectivos benefícios são bem evidentes.

Por um lado, as possíveis modalidades de interação entre organização de pesquisa e


empresa não podem ser negligenciadas. Um exemplo de grande relevância é a atividade
de consultoria que deve ser freqüentemente realizada pelo pesquisador da organização
de pesquisa na empresa e se adequar às necessidades do setor produtivo. Nesse sentido,
o modelo de assistência técnica da Embrapa, essencialmente orientado pelas demandas
das empresas ou unidades de produção, é bem instrutivo.

Por outro lado, a consolidação das capacidades da empresa de integrar suas próprias
atividades de pesquisa e produção é indiscutivelmente um fator importante de
desenvolvimento de um processo de inovação contínuo. Uma das importantes
potencialidades desta visão é a geração de empregos para os milhares de novos
pesquisadores formados anualmente e disponíveis no mercado brasileiro.

1
Artigo publicado no Rio de Janeiro (Brasil) em 11/09/2010.
2
André Yves Cribb é pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ),
Engenheiro-Agrônomo especializado em economia rural com Mestrado em Desenvolvimento Agrícola e
Doutorado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

1
Concentrar os debates pró-inovação na oposição dessas duas visões não ajuda na
procura de estratégias de inovação. Tanto a aproximação quanto a fixação do
pesquisador em relação à empresa constitui caminho razoável em direção à inovação. A
adoção de uma ou outra dessas alternativas pode levar a resultados satisfatórios.
Portanto, é preciso deslocar o epicentro das trocas de idéias.

Sendo lugar privilegiado da inovação, a empresa merece especial atenção. Um aspecto


muito importante a levar em consideração é a cultura empresarial. Pesquisas
exploratórias e conclusivas devem ser realizadas para entender a dinâmica de atuação da
empresa. Para isso, as ciências sociais aplicadas precisam ser valorizadas. Entre as
principais questões a serem pesquisadas destacam-se as seguintes: Qual é a estratégia de
negócios da empresa? Há incentivos públicos para a valorização de conhecimentos e
tecnologias?

No que diz respeito à estratégia de negócios, é preciso, por exemplo, verificar se a


empresa está praticando uma lógica extrativista, ou seja, uma estratégia de extração
injusta de recursos do consumidor ou da sociedade. Em caso afirmativo, deve-se ensinar
à empresa que a competitividade não se sustenta na manipulação de preços e/ou na
sonegação de impostos. Quando os preços são manipulados para gerar mais receitas, o
abuso esmaga o consumidor. Quando os impostos são sonegados para gerar mais lucros,
o impacto negativo repercute na sociedade. Quando o consumidor e a sociedade não têm
mais condições para sustentar falsos mecanismos de competitividade, a empresa
desaparece inevitavelmente. Nesse sentido, deve-se ensinar à empresa que a inovação é
a chave do sucesso econômico.

Quanto a incentivos públicos para valorização de conhecimentos e tecnologias, é


preciso, por exemplo, estudar o perfil da empresa em termos de recursos. Tal estudo
pode revelar o quanto a empresa se preocupa e tem propensão em contratar profissionais
competentes para introduzir, assimilar e desenvolver inovações necessárias à geração e
sustentação de sua competitividade. Assim pode ser possível entender o ambiente
institucional em que atua a empresa.

Em 2006, o Brasil atingiu a meta de formar cerca de 10 mil doutores ao ano. Segundo o
Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG 2005-2010/Ministério da Educação), o
objetivo é formar 16 mil doutores por ano a partir de 2010. Portanto, o País deve estar
preparado para inserção desses profissionais no mercado de trabalho. Contentar-se
apenas com a interação entre organização de pesquisa e empresa não é aconselhável. É
preciso agir nas duas frentes, abrindo espaço para inserção de doutores também nas
empresas.

No Brasil, uma estratégia de interação entre a organização de pesquisa e a empresa de


produção deve ser acompanhada de ações sistemáticas de fixação de cientistas e
engenheiros no setor produtivo. Os mecanismos de apoio podem ser efetivados de
maneira gradual. Num primeiro momento, prioridade pode ser dada à interação
interorganizacional sem negligenciar a fixação de pesquisadores na empresa. Num
segundo momento, quando a empresa começa a valorizar o conhecimento, o raciocínio
pode ser o inverso do anterior. De toda maneira, há urgência de criar políticas públicas
aptas a abrir as portas da empresa para cientistas e engenheiros. Nesse sentido, as ações
devem ser prioritariamente orientadas para estimular, no âmbito da empresa, práticas de
gestão empresarial adequadas à inovação.

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