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Psicopatologia e psiquiatria básicas. José Carlos Souza, Liliana A.M. Guimarães, Geraldo José Ballone,
organizadores. – 2. Ed – São Paulo: Vetor, 2013
Quando há um diagnóstico de loucura, dizem que não se podem rotular as pessoas, que
não se sabe o que é normal, mas constantemente dizem “fulano é louco”. Para levantar a
possibilidade de um diagnóstico médico geral, dois critérios são considerados: o estatístico e o
valorativo.
Pelo critério estatístico, normal seria o mais frequente, tendo, pois, uma conotação
numérica. Em medicina, de um modo geral, a quantidade normal de glicose no sangue se baseia
nas dosagens de um grupo bastante numeroso de indivíduos, sendo, então, um padrão de
normalidade.
Assim também é feito com tantos outros parâmetros: pulsação, tensão arterial,
correspondência peso-altura, etc. Na psiquiatria, considera-se os comportamentos, estados
mentais e rendimento psíquico globais mais comuns, mas esse critério não tem valor absoluto,
uma vez que incomum e raro não significa, obrigatoriamente, doente.
Uma pessoa com 150 de QI não é estatisticamente comum, mas isso não quer dizer que
seja doente, o mesmo raciocínio vale para uma grávida de gêmeos. Nesses dois casos falta um
segundo critério, o valorativo. O termo doença implica não só uma coisa não normal, mas algo
que cause prejuízo ao indivíduo, aos seus semelhantes ou ao sistema sociocultural. Não havendo
essas implicações, mesmo não sendo “estatisticamente comum”, não será considerado doença.
Sendo assim, a psiquiatria se interessa não apenas pelo o que a pessoa faz, mas por que
faz, o que pensa que está fazendo, qual sua motivação para esse feito e o que está sentindo com
isso. A OMS diz que a saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social,
implicando, assim, o critério de valores ou valorativo. De modo geral, pode-se dizer que em
Psiquiatria, bem como em outras áreas da medicina, a doença é qualquer sofrimento que
acomete um aparelho específico, que neste caso seria o psíquico, o que para a dermatologia,
doença seria qualquer transtorno da epiderme, por exemplo. Uma grande diferença entre a
morbidade (sofrimento) proporcionada pela doença mental, em comparação à outras doenças
médicas, é que a doença mental acomete morbidamente o paciente e/ou seu entorno social.
Contudo, não existe uma definição de doença mental universalmente aceita. Devemos
considerar aqui a doença mental como sendo um estado incomum e mórbido, ou seja, com
critérios estatísticos e valorativos, do desempenho psíquico global do indivíduo.
1.3.Personalidade Pré-morbida
Grande maioria das doenças mentais se desenvolvem paulatinamente sobre uma base já
existente, até um momento em que a gravidade pode ser considerada um curto agudo, crise ou
episódio. Devemos entender o valor dos traços da personalidade pré-morbida e das influencias
ambientais no desenvolvimento dos transtornos. A personalidade em si é entendida como a
organização dinâmica dos traços no interior do eu, formados a partir de genes herdados, das
existências singulares suportadas e das percepções individuais que temos do mundo, tornando
assim, cada indivíduo único em sua maneira de ser e desempenhar seu papel social
A evolução será tão melhor quanto menos constitucional for o quadro, quanto menos
crises anteriores tiverem e quanto mais cuidados médicos forem dispensados.
Uma entrevista profissional difere das outras pois espera-se que aquele proporcione
alguma forma de auxílio, seja advogado, contador, psicólogo, etc. Em uma entrevista clínica,
boa parte das informações baseiam-se em relato do paciente e na observação clínica deste.
Outras fontes podem ser consultadas, tais como pessoas significativas, outros registros sobre o
caso, testes psicológicos, além de entrevistas estruturadas.
Existem vários tipos de entrevistas, caracterizados pelo objetivo e direção à qual ela será
conduzida.
É realizado para determinar o grau de prejuízo mental associa à condição clínica. Serão
avaliados, principalmente, o raciocínio, pensamento, juízo, memória, concentração, fala e a
percepção. As informações provenientes desse tipo de avaliação são necessárias quando os
sintomas sugerem um distúrbio psiquiátrico significativo, comprometimento neurológico ou
abuso de substancias.
Tem como objetivo conhecer o ponto de vista do paciente em relação aos benefícios
trazidos pelo tratamento, examinar os planos para pós-alta ou trabalhar qualquer problema não
resolvido.
O EEM não requer um setting específico ou perguntas padronizadas. Ele pode ser
parte de qualquer acontecimento que permita a observação dos comportamentos manifestados
do paciente em interação com outra pessoa, permitindo, então, que ele possa ser realizado não
só por profissionais ou estudantes da área de saúde mental, mas por qualquer pessoa que queira
avaliar um ser humano.
O EEM é a técnica mais fidedigna para avaliar as funções psíquicas. Por mais
específica e sensível que seja uma escala de avaliação ou um programa de computador,
nada supera a EEM, uma vez que ele não é estático e perfeito, mas dinâmico e
imprevisível, devendo, então, ser atualizado constantemente, pois o ser humano possui
frequentes variações biopsicossocioambientais.