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MINISTÉRIO PÚBLICO
ESTADUAIS 2ª Edição
CEI-MAGISTRATURA E
MINISTÉRIO PÚBLICO
ESTADUAIS
2ª Edição
ESPELHO DE CORREÇÃO DA 4ª RODADA
DURAÇÃO
08/08/2016 A 18/11/2016
MATERIAL ÚNICO
Questões Totalmente Inéditas.
ACESSÍVEL
Computador, Tablet, Smartphone.
28 QUESTÕES OBJETIVAS
Por rodada.
2 QUESTÕES DISSERTATIVAS
Por rodada.
1 PEÇA PRÁTICA
Por rodada.
IMPORTANTE: é proibida a reprodução deste material, ainda que sem fins lucrativos. O CEI CEI-MAGIS-
possui um sistema de registro de dados que marca o material com o seu CPF ou nome de usuário. TRATURA
O descumprimento dessa orientação acarretará na sua exclusão do Curso. Agradecemos pela E MP
sua gentileza de adquirir honestamente o curso e permitir que o CEI continue existindo. ESTADUAIS
2ª ED.
pág.2016
1
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PROFESSORES
DOUGLAS DELLAZARI.
Promotor de Justiça do MP-PR. Aprovado em diversos concursos públicos, dentre eles Promotor de Justiça do MP-PR,
Procurador Federal da AGU, Delegado de Polícia Civil do PR, Analista do TRE-SC, Analista do MPU-SC, Analista do TRF4,
Analista do TJSC, Técnico Judiciário do TJSC. Graduação em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Pós-graduado
em Direito Constitucional.
pág. 2
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QUESTÕES DISSERTATIVAS
DIREITO ELEITORAL
1. “Propaganda política são todas as formas de realização de meios publicitários que têm por
objetivo conquistar simpatizantes ao conjunto de ideias de um partido e garantir votos.”1.
MÁXIMO DE 40 LINHAS.
COMENTÁRIO
O conceito de propaganda política já foi indicado no próprio enunciado da questão. De forma mais
aprofundada, Roberto Moreira leciona que:
No que se refere aos tipos de propaganda política, podemos dizer que se dividem em 3: a) propaganda
eleitoral; b) propaganda intrapartidária; e c) propaganda partidária.
Nesse contexto, a propaganda eleitoral é sempre vinculada a uma eleição específica e consiste em expor
à opinião pública certas propostas e programas de governo com o intuito de convencer o eleitor a votar
em determinado candidato e fazer com que saia vitorioso.
1 (http://www.tse.jus.br/institucional/escola-judiciaria-eleitoral/revistas-da-eje/artigos/propaganda-politico-eleitoral).
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Por último, a propaganda partidária consiste na divulgação realizada pela própria entidade, sem
vinculação a qualquer pleito eleitoral, com a finalidade de , exclusivamente, difundir os programas
partidários, transmitir mensagens aos filiados sobre a execução do programa partidário, dos eventos com
este relacionados e das atividades congressuais do partido, divulgas a posição da agremiação em relação
a temas políticos-comunitários e promover e difundir a participação política feminina.
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Ministério Público, mercê da incidência do art. 22, caput, da Lei Complementar nº 64/90 ,
verbis: “Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral poderá
representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e
indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar
(…) utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato
ou de partido político”. Exclui-se, nessas hipóteses, a legitimidade de candidatos e coligações,
porquanto a propaganda partidária é realizada fora do período eleitoral. 8. Ação Direta de
Inconstitucionalidade julgada parcialmente procedente para conferir interpretação conforme
à Constituição ao art. 45, § 3º, da Lei nº 9.096/95, estabelecendo a legitimidade concorrente
dos partidos políticos e do Ministério Público Eleitoral para a propositura da reclamação de que
trata o dispositivo. (ADI 4617, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 19/06/2013,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-029 DIVULG 11-02-2014 PUBLIC 12-02-2014)
Nessa linha, direito de antena é a concessão de espaço no rádio e na televisão para que os partidos
políticos realizem sua propaganda partidária, tudo em homenagem aos art. 17, §3º da CF e art. 49 da
Lei n. 9.096/95, in verbis:
CF - Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados
a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da
pessoa humana e observados os seguintes preceitos: I - caráter nacional; II - proibição de
recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação
a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo
com a lei. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna,
organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações
eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional,
estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina
e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 52, de 2006) § 2º Os
partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus
estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos do
fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei. § 4º É vedada
a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.
Lei n. 9.096/95 - Art. 49. Os partidos com pelo menos um representante em qualquer das
Casas do Congresso Nacional têm assegurados os seguintes direitos relacionados à propaganda
partidária: (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015) I - a realização de um programa a cada
semestre, em cadeia nacional, com duração de: (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
a) cinco minutos cada, para os partidos que tenham eleito até quatro Deputados Federais;
(Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015) b) dez minutos cada, para os partidos que tenham eleito
cinco ou mais Deputados Federais; (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015) II - a utilização, por
semestre, para inserções de trinta segundos ou um minuto, nas redes nacionais, e de igual
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tempo nas emissoras estaduais, do tempo total de: (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015)
a) dez minutos, para os partidos que tenham eleito até nove Deputados Federais; (Incluído
pela Lei nº 13.165, de 2015) b) vinte minutos, para os partidos que tenham eleito dez ou mais
deputados federais. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015) Parágrafo único. A critério do órgão
partidário nacional, as inserções em redes nacionais referidas no inciso II do caput deste artigo
poderão veicular conteúdo regionalizado, comunicando-se previamente o Tribunal Superior
Eleitoral. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015)
Nesse panorama, a restrição ao direito de antena é uma das modalidades de imposição de cláusula de
barreira, como também, por exemplo, a restrição ao fundo partidário.
MELHORES RESPOSTAS
YURI FISBERG
CARLOS RODRIGUES
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Nome: CARLOS GUILHERME CHIARAMONTE RODRIGUES CEI-MAGISTRATURA E
Curso: Magistratura e Ministério Público Estaduais. Rodada: 4ª. Professor: Bruno MINISTÉRIO
dos Anjos PÚBLICO
ESTADUAIS 2ª Edição
Matéria: Direito Eleitoral Questão nº: 1
ESPELHO DE CORREÇÃO DA 4ª RODADA
Data: 09/09/2016
1 A propaganda eleitoral é a forma de comunicação dos partidos políticos e candidatos a cargos eletivos com
2 seus futuros eleitores, oportunidade em que podem passar aos eleitores a filosofia do partido ou candidato, as
3 ideias e planos de governo sobre economia, educação, segurança, políticas públicas e todos os demais
4 assuntos que interessam à população para a correta administração da coisa pública. A propaganda política-
5 eleitoral pode ser intrapartidária – aquela em que se dirige aos filiados de um partido para que os demais
6 colegas escolham quem irá representar o partido nas eleições; pode ser a partidária - que tem o objetivo de
7 divulgar as ideias e filosofias do próprio partido e as eleitorais - que são regulamentadas pela Lei n. 9504/97 e
8 código eleitoral, que são realizadas pelos partidos, candidatos e coligações no intuito de conquistar o voto do
9 eleitor.
10 A propaganda política eleitoral pode ser realizada pelo rádio e televisão, na imprensa escrita, com mesas para
11 a distribuição de material de campanha e com a distribuição de adesivos, folhetos e outros impressos, além de
12 passeatas e uso de carros de som e propaganda na internet, nos termos do artigo 37, §§ 6º e 7º, e art. 38, § 9º
13 A, da Lei n. 9504/97.
14 O direito de antena é previsto no artigo 17, § 3º da CF e o artigo 44, da lei das eleições, e consiste exatamente
15 na possibilidade de realização de propaganda eleitoral no rádio e televisão, que se restringe ao horário gratuito
16 e veda-se a propaganda de forma paga.
17 A cláusula de barreira, por outro lado, é um instituto que limita ou até mesmo impede a atuação parlamentar
18 de um partido que não alcance determinado percentual exigido pela lei. O STF, anos atrás, já teve a
19 oportunidade de se manifestar sobre a cláusula de barreira existente na lei das eleições e julgou o instituto
20 inconstitucional, por violação ao artigo 17, § 3º da CF, que dispõe que todos os partidos têm direito aos
21 recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e televisão, na forma da lei.
22 Assim, portanto, percebe-se que o direito de antena tem íntima relação com a cláusula de barreira, pois na
23 medida em que o primeiro assegura o acesso ao partido à propaganda gratuita no rádio e televisão, a cláusula
24 de barreira limita esse direito, em prejuízo evidente àqueles partidos menores, com poucos candidatos. Por um
25 lado, restringe o acesso de agremiações partidárias radicais e limita a atuação de partidos “de aluguel”, que
26 cumprem os requisitos necessários e oferecem o uso da estrutura em troca de dinheiro e benefícios, mas, por
27 outro lado, dificulta a renovação e o surgimento de novos partidos e ideias.
28 Com a minirreforma eleitoral ocorreu a alteração do artigo 47, § 2º e o legislador novamente estabeleceu uma
29 cláusula de barreira para o acesso ao rádio e televisão e, portanto, instituto que limita a cláusula de raio
30 assegurada aos partidos políticos. Pela nova regra, os horários nestes veículos de comunicação serão
31 distribuídos 90% proporcionalmente ao número de representantes na Câmara dos Deputados e 10%
32 distribuídos igualitariamente.
33 Como se nota, a nova cláusula de barreira dá grande vantagem aos grandes partidos e, indiretamente, obriga
34 os pequenos a realizaram coligações – já que nesse caso soma-se o número de representantes dos seis maiores
35 partidos que a integram para eleições majoritárias e de todos os partidos que a integram, nos caso de eleições
36 proporcionais (art. 47, § 2º, incisos I e II, da Lei n. 9504/97).
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DIREITO EMPRESARIAL
Com supedâneo no enunciado acima e na jurisprudência dos Tribunais Superiores, discorra sobre
o contrato de faturização (factoring) abordando, necessariamente:
a) Conceito.
b) Modalidades de “factoring”.
MÁXIMO DE 40 LINHAS.
COMENTÁRIO
É o contrato pelo qual uma instituição financeira (faturizadora) se obriga a cobrar os devedores de um
empresário (faturizado), prestando a este os serviços de administração de crédito. (COELHO, Fábio Ulhoa.
Manual de Direito Comercial. Editora Saraiva. 2014. Pág. 518).
Importante destacar que o STJ entende que a factoring não é instituição financeira, conforme se verifica
do seguinte julgado:
1. As empresas de factoring não são instituições financeiras, visto que suas atividades regulares
de fomento mercantil não se amoldam ao conceito legal, tampouco efetuam operação de
mútuo ou captação de recursos de terceiros. Precedentes. 2. “A relação de consumo existe
2 COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. Direito de Empresa. Editora Saraiva. Ano 2014. Pág. 514.
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apenas no caso em que uma das partes pode ser considerada destinatária final do produto
ou serviço. Na hipótese em que produto ou serviço são utilizados na cadeia produtiva, e não
há considerável desproporção entre o porte econômico das partes contratantes, o adquirente
não pode ser considerado consumidor e não se aplica o CDC, devendo eventuais conflitos
serem resolvidos com outras regras do Direito das Obrigações”. (REsp 836.823/PR, Rel. Min.
SIDNEI BENETI, Terceira Turma, DJ de 23.8.2010). 3. Com efeito, no caso em julgamento,
verifica-se que a ora recorrida não é destinatária final, tampouco se insere em situação de
vulnerabilidade, porquanto não se apresenta como sujeito mais fraco, com necessidade de
proteção estatal, mas como sociedade empresária que, por meio da pactuação livremente
firmada com a recorrida, obtém capital de giro para operação de sua atividade empresarial,
não havendo, no caso, relação de consumo. 4. Recurso especial não provido.
(REsp 938.979/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
19/06/2012, DJe 29/06/2012)
Sobre as modalidades de fatutização a doutrina divide em duas, quais sejam: conventional factoring e
maturity factoring. Fábio Ulhoa diz que “Há duas modalidades de faturização. De um lado, se a instituição
financeira garante o pagamento das faturas antecipando o seu valor ao faturizado, tem-se o conventional
factoring. Essa modalidade compreende, portanto, três elementos: serviços de administração do
crédito, seguro e financiamento. De outro lado, se a instituição faturizadora paga o valor das faturas ao
faturizado apenas no seu vencimento, tem-se o maturity factoring, modalidade em que estão presentes
apenas a prestação de serviços de administração de crédito e o seguro e ausente o financiamento. A
natureza bancária do conventional factoring é indiscutível, à vista da antecipação pela faturizadora do
crédito concedido pelo faturizado a terceiros, o que representa inequívoca operação de intermediação
creditícia abrangida pelo art. 17 da LRB. Já em relação ao maturity factoring, em razão da inexistência do
financiamento, poderia existir alguma dúvida quanto ao seu caráter bancário. Conforme ensina De Lucca,
no entanto, se houver da parte faturizadora a assunção dos riscos pelo inadimplemento das faturas
objeto do contrato, a faturização se revestirá, também neste caso, de nítida natureza bancária” (COELHO,
Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. Editora Saraiva. 2014. Pág. 519/520).
No que tange a transferência de crédito do factoring, o STJ firmou entendimento de que ocorre mediante
cessão de crédito, e não por endosso, conforme acórdão a seguir transcrito:
1. Esta Corte tem entendimento assente no sentido de que o prequestionamento das teses
jurídicas constitui requisito de admissibilidade recursal, inclusive em se tratando de matérias
de ordem pública. Precedentes. 1.1. Hipótese em que, mesmo após a oposição de embargos
de declaração, não houve o prequestionamento, mesmo implícito, do art. 9º, § 1º, da Lei n.
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A faturizadora (instituição financeira) não possui direito de regresso contra a faturizada (empresa/
empresário) no caso de inadimplemento dos títulos transferidos, pois o risco de inadimplemento é
inerente ao próprio contrato de factoring. Nesse sentido é o entendimento do STJ:
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PEÇA PRÁTICA
Ante o exposto, trouxe como documentação uma transação referendada pelo Ministério Público
na oportunidade em que se fixou o valor da verba alimentar. Além disso, a certidão de nascimento
de Caio, demonstrando que ele conta 06 anos de idade, bem como que Tíco é o pai e a carteira de
trabalho de Tício, indicando que ele trabalha como operário em uma fábrica em São Caetano do Sul/
SP, local também de sua residência.
Entrou-se em contato telefônico com Tício, com o intuito de obter composição, que restou infrutífera,
uma vez que ele afirmou que não efetuou depósito no último mês, pois teve despesas com a nova
família que constituiu, bem como nos 2 meses anteriores pagou o valor de R$ 200,00.
Ainda, solicitou-se relatórios da equipe de atendimento do CRAS local que atestaram a veracidade da
precária situação pela qual passa o infante.
Finalmente Maria das Dores trouxe extratos bancários que demonstram a ausência de pagamento no
último mês, assim como o depósito nos valores de R$ 200,00, nos meses de julho e agosto, valendo
salientar que no momento da transação convencionou-se que o pagamento seria realizado desta
forma e que o vencimento das parcelas ocorre no dia 05 de cada mês.
COMENTÁRIO
Olá alunos, a peça prática desta rodada se refere ao direito de família, que cada vez mais vem sendo
cobrado nos concursos, uma vez que muitas das atividades rotineiras de um Promotor de Justiça ou Juiz
de Direito versam sobre o tema.
Assim sendo, a peça processual adequada para a resolução da questão se cuida de uma execução de
alimentos fundada em título executivo extrajudicial, conforme preconiza o CPC:
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Art. 911. Na execução fundada em título executivo extrajudicial que contenha obrigação
alimentar, o juiz mandará citar o executado para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento das
parcelas anteriores ao início da execução e das que se vencerem no seu curso, provar que o
fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo.
Nesse contexto, o instrumento de transação referendado pelo Ministério Público, nos termos do enunciado,
se consubstancia, efetivamente, em título executivo extrajudicial, consoante o CPC:
(...)
Desta feita, em primeiro lugar, poderia se argumentar acerca da legitimidade do Ministério Público para
propositura da execução de alimentos, em razão de Caio não se encontrar em nenhuma das situações de
risco do art. 98 do ECA. No entanto, tal posicionamento não prosperou, uma vez que os alimentos são
de natureza indisponível e intimamente ligados à dignidade da pessoa humana, na forma da tranquila
jurisprudência do STJ:
(REsp 1269299/BA, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/10/2013,
DJe 21/10/2013)
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Vale salientar que a legitimidade ativa do Ministério Público para propor ação de conhecimento de
alimentos é garantida por meio de recurso repetitivo no STJ, assim ementado:
1. Para efeitos do art. 543-C do CPC, aprovam-se as seguintes teses: 1.1. O Ministério Público
tem legitimidade ativa para ajuizar ação de alimentos em proveito de criança ou adolescente.
1.2. A legitimidade do Ministério Público independe do exercício do poder familiar dos pais,
ou de o menor se encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do Estatuto da Criança
e do Adolescente, ou de quaisquer outros questionamentos acerca da existência ou eficiência
da Defensoria Pública na comarca.
(REsp 1265821/BA, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em
14/05/2014, DJe 04/09/2014)
Ainda, outra questão que poderia ser abordada se refere à competência para a propositura da execução,
considerando que Caio reside em Salto do Lontra/PR e Tício em São Caetano do Sul/SP, tendo em vista
que a regra geral de competência do processo de execução preconiza que a execução será proposta
no foro de domicílio do executado, de eleição constante no título ou no local onde estão os bens a ela
sujeitos, veja-se:
Art. 781. A execução fundada em título extrajudicial será processada perante o juízo
competente, observando-se o seguinte:
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2. Entretanto, “o princípio do juízo imediato, previsto no art. 147, I e II, do ECA, desde que
firmemente atrelado ao princípio do melhor interesse da criança e do adolescente, sobrepõe-
se às regras gerais de competência do CPC”. Assim, “a regra da perpetuatio jurisdictionis,
estabelecida no art. 87 do CPC, cede lugar à solução que oferece tutela jurisdicional mais
ágil, eficaz e segura ao infante, permitindo, desse modo, a modificação da competência
no curso do processo, sempre consideradas as peculiaridades da lide” (CC 111.130/SC, Rel.
Ministra NANCY ANDRIGHI, SEGUNDA SEÇÃO, DJe de 1º/2/2011).
4. Atenta a essas circunstâncias, já decidiu esta colenda Corte Superior que o foro
competente para a execução de alimentos é o do domicílio ou da residência do alimentando
(art. 100, II, do CPC), mesmo na hipótese em que o título judicial exequendo seja oriundo de
foro diverso. Nesse caso, a especialidade da norma insculpida no art. 100, II, do CPC
prevalece sobre aquela prevista no art. 575, II, do mesmo diploma legal.
(CC 134.471/PB, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, SEGUNDA SEÇÃO, julgado em 27/05/2015, DJe
03/08/2015)
Demais disso, as razões de Tício para a escusa do pagamento consistiram em: a) constituição de nova
família, o que impede de arcar com o valor e; b) pagamento parcial do débito.
Com efeito, ambos os argumentos são afastados pela jurisprudência, eis que o primeiro deve se processar
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por meio de demanda revisional de alimentos, não podendo ser discutido no estreito rito da demanda de
execução, ao passo que o segundo não satisfaz integralmente a necessidade do alimentado, autorizando
a prolação de decreto prisional.
(TJPR - 12ª C.Cível - AI - 1338531-8 - Araucária - Rel.: Joeci Machado Camargo - Unânime
- - J. 15.07.2015)
557, caput, do Código de Processo Civil, e, ainda, o art. 34, inciso XVIII, do Regimento Interno
deste Tribunal, é possível, que o Relator, por meio de decisão monocrática, negue seguimento
a recurso ou a pedido manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em
confronto com súmula ou jurisprudência dominante da respectiva Corte ou Tribunal Superior.
2. A execução mediante prisão civil é admissível para a cobrança das três últimas parcelas
vencidas à data do ajuizamento da ação, como também de todas aquelas que se venceram
no curso da lide (Súmula 309/STJ.) 3. No caso, eventual suspensão da execução em trâmite
devido à pendência de julgamento da apelação nos autos de ação revisional sequer estaria de
acordo com o entendimento desta Corte, que consolidou-se no sentido de que “a propositura
da ação revisional não impede a execução de alimentos, ainda que sob o rito do art.
733 do CPC, não consistindo em óbice a eventual decretação de prisão civil do alimentante
que se revela inadimplente.” (HC 44270/SP, Rel.
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(AgRg no RHC 45.494/RJ, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
04/09/2014, DJe 11/09/2014)
O pagamento parcial do débito também é afastado pela jurisprudência do STJ e Tribunais Estaduais,
inclusive com julgados recentíssimos neste sentido, vejam:
(HC 350.101/MS, Rel. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado
em 14/06/2016, DJe 17/06/2016)
Vale salientar que o art. 929, parágrafo único, remete aos §§2° a 7° do art. 528, que preconiza que
somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de pagar será justificativa idônea
para o inadimplemento, vejam:
Na mesma toada, prevê o §7°, do art. 528, que o débito que autoriza a prisão civil do alimentante é o que
compreende até as 3 prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso
do processo, positivando, assim, o teor da já antiga súmula 309 do STJ, senão vejamos:
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§ 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até
as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso
do processo.
Súmula 309 STJ: O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que
compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem
no curso do processo.
Importante mencionar, outrossim, que o novo CPC municiou o exequente com novos instrumentos de
coação contra o executado, a fim de exortá-lo ao pagamento da dívida, como estabelecer que o prazo
da prisão será de 01 a 03 meses (antes havia dúvida se poderia ser no máximo 60 dias), que a prisão
será cumprida em regime fechado, o cumprimento da pena não elide a obrigação de pagamento e
a possibilidade de requerer o desconto em folha de pagamento nos casos de empregado sujeito à
legislação do trabalho, tudo nos parágrafos do art. 528 e art. 912:
§ 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além
de mandar protestar o pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo
prazo de 1 (um) a 3 (três) meses.
§ 4o A prisão será cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos
comuns.
Art. 912. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa,
bem como empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o
desconto em folha de pagamento de pessoal da importância da prestação alimentícia.
Demais disso, a jurisprudência admite a inscrição do nome do devedor nos cadastros de proteção ao
crédito, bem como o respectivo protesto (insta frisar que esta faculdade já está prevista no art. 517 do
novo CPC, mas se refere somente à decisão judicial transitada em julgado), considerando que a ausência
de alimentos se consubstancia em uma violação ao mínimo existencial e consequentemente à dignidade
da pessoa humana (= STJ, REsp. nº 1.533.206/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, DO
11/11/2015).
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Por fim, no que for cabível a petição inicial de execução de título extrajudicial deve conter os requisitos
do art. 319 do CPC, a saber:
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
Para encerrar, mesmo o direito aos alimentos sendo de natureza indisponível, admite-se transação para
pagamento de suas prestações, até mesmo como forma de evitar a prisão do devedor, razão pela qual
poderia constar na petição a opção pela realização de audiência de conciliação.
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ESTADUAIS 2ª Edição
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