Sie sind auf Seite 1von 16

Esta nova coletânea traz como novidade a apresentação

2004 O Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso no Sebrae


dos casos por área temática, visando facilitar a consulta teve sua origem em 2002 com o objetivo de disseminar
e melhor entendimento do conteúdo. 2004 as melhores práticas vivenciadas por empreendedores
e empresários de diversos segmentos e setores,
O primeiro volume da nova edição descreve casos participantes dos programas e projetos do Sebrae
vinculados aos temas de artesanato, turismo e cultura, em vários Estados do Brasil.
empreendedorismo social e cidadania. O segundo relata
histórias sobre agronegócios e extrativismo, indústria, A primeira fase do projeto, estruturada para escrever estudos
comércio e serviços. E o terceiro aborda exclusivamente de caso sobre empreendedorismo coletivo, publicou em
casos com foco em inovação tecnológica. 2003 a coletânea Histórias de Sucesso – Experiências

Os resultados obtidos com o projeto Desenvolvendo


Histórias de Sucesso Empreendedoras, em três livros integrados de 1.200
páginas, que contou 80 casos desenvolvidos em
Casos de Sucesso, desde sua concepção e implantação, Experiências Empreendedoras diferentes localidades e vários setores, abrangendo as
têm estimulado a elaboração de novos estudos sobre cinco regiões: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e
histórias de empreendedorismo coletivo e individual, e, Nordeste. Participaram 90 escritores, provenientes do
conseqüentemente, têm fortalecido o processo de Gestão quadro técnico interno ou externo do Sebrae.

Histórias de Sucesso
do Conhecimento Institucional. Contribui-se assim, de forma
significativa, para levar ao meio acadêmico e empresarial Esta segunda edição da coletânea Histórias de Sucesso –
o conhecimento acerca de pequenos negócios bem- Experiências Empreendedoras – 2004, composta de três
sucedidos, visando potencializar novas experiências volumes que totalizam cerca de 1.100 páginas, contou com
que possam ser adotadas e implementadas no Brasil. a participação de 89 escritores e vários profissionais de
todos os Estados brasileiros, que escreveram os 76 casos.
Para ampliar o acesso dos leitores interessados em utilizar
os estudos de caso, o Sebrae desenvolveu em seu portal A continuidade do projeto reitera a importância da
(www.sebrae.com.br) o site Casos de Sucesso, onde o disseminação das melhores práticas observadas no âmbito
usuário pode acessar na íntegra todos os 156 estudos de atuação do Sistema Sebrae e de sua multiplicação para
das duas coletâneas por tema, região ou projeto, bem o público interno, rede de parceiros, consultores, professores
como fotos, vídeos e reportagens. e meio empresarial.

Todos os casos do projeto foram desenvolvidos sob a orientação


de professores tutores, atuantes no meio acadêmico e em
diversas instituições brasileiras, que auxiliaram os autores
a pesquisar dados, entrevistar pessoas e escrever os casos,
de acordo com a metodologia elaborada pelo Sebrae.

Foto do site do Sebrae. Casos de Sucesso.

Esperamos que essas histórias de sucesso possam


produzir novos conhecimentos e contribuir para fortalecer
os pequenos negócios e demonstrar sua importância
econômica no País.
Série Histórias
Boa leitura e aprendizado! de Sucesso.
Primeira edição 2003.
COPYRIGHT © 2004, SEBRAE – SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É permitida a reprodução total ou parcial, de qualquer


forma ou por qualquer meio, desde que divulgadas as fontes.

SEBRAE – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas


Presidente do Conselho Deliberativo Nacional
Armando Monteiro Neto
Diretor-Presidente
Silvano Gianni
Diretor de Administração e Finanças
Paulo Tarciso Okamotto
Diretor Técnico
Luiz Carlos Barboza
Gerente da Unidade de Estratégias e Diretrizes
Gustavo Henrique de Faria Morelli
Coordenação do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso
Renata Barbosa de Araújo Duarte
Comitê Gestor do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso
Cezar Kirszenblatt, SEBRAE/RJ; Daniela Almeida Teixeira, SEBRAE/MG; Mara Regina Veit, SEBRAE/MG;
Renata Maurício Macedo Cabral, SEBRAE/RJ; Rosana Carla de Figueiredo Lima, SEBRAE Nacional
Orientação Metodológica
Daniela Abrantes Serpa – M.Sc., Sandra Regina H. Mariano – D.Sc., Verônica Feder Mayer – M.Sc.
Diagramação
Adesign
Produção Editorial
Buscato Informação Corporativa

D812h Histórias de sucesso: experiências empreendedoras / Organizado


por Renata Barbosa de Araújo Duarte – Brasília: Sebrae, 2004.

392 p. : il. – (Casos de Sucesso, v.1)

Publicação originada do projeto Desenvolvendo Casos de


Sucesso do Sistema Sebrae.
ISBN 85-7333-385-5
1. Empreendedorismo 2. Estudo de caso 3. Artesanato
4. Turismo 5. Cultura I. Duarte, Renata Barbosa de Araújo II. Série
CDU 65.016:001.87

BRASÍLIA
SEPN – Quadra 515, Bloco C, Loja 32 – Asa Norte
70.770-900 – Brasília
Tel.: (61) 348-7100 – Fax: (61) 347-4120
www.sebrae.com.br
PROJETO DESENVOLVENDO CASOS DE SUCESSO

OBJETIVO
O Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso foi concebido em 2002 a partir das prioridades
estratégicas do Sistema SEBRAE com a finalidade de disseminar na própria organização, nas
instituições de ensino e na sociedade as melhores práticas de empreendedorismo individual e
coletivo observadas no âmbito de atuação do SEBRAE e de seus parceiros, estimulando sua
multiplicação e fortalecendo a Gestão do Conhecimento do SEBRAE.

METODOLOGIA “DESENVOLVENDO CASOS DE SUCESSO”


A metodologia adotada pelo projeto é uma adaptação do consagrado método de estudos
de caso aplicado em Babson College e Harvard Business School, que se baseia na história
real de um protagonista, que, em dado contexto, se encontra diante de um problema ou de
um dilema que precisa ser solucionado. Esse método estimula o empreendedor, o aluno ou a
instituição parceira a vivenciar uma situação real, convidando-o a assumir a perspectiva do
protagonista.

O LIVRO HISTÓRIAS DE SUCESSO – Edição 2004


Esse trabalho é o resultado de uma das ações do projeto Desenvolvendo Casos de Su-
cesso, elaborado por colaboradores do Sistema SEBRAE, consultores e professores de ins-
tituições de ensino parceiras. Esta edição é composta por três volumes, em que se
descrevem 76 estudos de casos de empreendedorismo, divididos por área temática:
• Volume 1 – Artesanato, Turismo e Cultura, Empreendedorismo Social e Cidadania.
• Volume 2 – Agronegócios e Extrativismo, Indústria, Comércio e Serviço.
• Volume 3 – Difusão Tecnológica, Soluções Tecnológicas, Inovação, Empreendedorismo e
Inovação.

DISSEMINAÇÃO DOS CASOS DE SUCESSO DO SEBRAE


O site Casos de Sucesso do SEBRAE (www.casosdesucesso.sebrae.com.br) visa divulgar as
experiências geradas a partir das diversas situações apresentadas nos casos, bem como suas
soluções, tornando-as ao alcance dos meios empresariais e acadêmicos.
O site apresenta todos os estudos de caso das edições 2003 e 2004, organizados por área de
conhecimento, região, municípios, palavras-chave e contém, ainda, vídeos, fotos, artigos de
jornal, que ajudam a compreender o cenário onde os casos se passam. Oferece também um
manual com orientações para instrutores, professores e alunos de como utilizar o estudo de caso
na sala de aula.
As experiências relatadas ilustram iniciativas criativas e empreendedoras no enfrentamento
de problemas tipicamente brasileiros, podendo inspirar a disseminação e aplicação dessas
soluções em contextos similares. Esses estudos estão em sintonia com a crescente importância
que os pequenos negócios vêm adquirindo como promotores do desenvolvimento e da geração
de emprego e renda no Brasil.
Boa leitura e aprendizado!

Gustavo Morelli
Gerente da Unidade de Estratégias e Diretrizes
Renata Barbosa de Araújo Duarte
Coordenadora do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004


ENCANTOS E HISTÓRIAS ÀS MARGENS
DO SÃO FRANCISCO
ALAGOAS
MUNICÍPIO: PENEDO

INTRODUÇÃO

“Se as pedras falassem, as de Penedo certamente falariam


e contariam ao mundo sua bela história”
Medeiros Neto

P enedo, cidade histórica do Estado de Alagoas, cresceu às margens do


Rio São Francisco, há 162 quilômetros da capital, Maceió. Um belíssi-
mo cenário natural, proveniente do “Velho Chico”, emoldura seus casarios
e monumentos históricos.
A cidade teve épocas de glória, mas o tempo passou e o apogeu vi-
vido em décadas passadas adormeceu. A opulência de outrora estava
esquecida, o casario perdia a cor, monumentos apresentavam marcas
indisfarçáveis do desgaste trazido pelo tempo.
O declínio da produção açucareira, as mudanças ambientais sofridas
pelo Rio São Francisco e o desvio de tráfego rodoviário para Sergipe, após
a construção da ponte em Porto Real do Colégio contribuíram decisiva-
mente para deixar Penedo com uma aura de “bela cidade adormecida”.
Era preciso acordar, e esse acordar significava criar alternativas de
desenvolvimento que contemplassem seu mais genuíno potencial: suas
belezas paisagísticas e seu patrimônio histórico.
Em dezembro de 1998, a comunidade tomou a iniciativa de se orga-
nizar e buscar o apoio necessário para o desenvolvimento socioeconô-
mico da cidade pelo turismo. Assim, comunidade, gestão pública e
instituições de apoio como o SEBRAE uniram esforços para despertar
Penedo de seu sono secular.

Daniele Govas Pimenta Novis, coordenação estadual dos Programas de Turismo e Comércio, Carla Fra-
goso de Paiva Lima, gerente do Escritório Regional de Penedo, e Gláucia Fernanda Maia da Rocha,
consultora terceirizada do Programa SEBRAE de Turismo, do SEBRAE/AL, elaboraram o estudo de caso
sob orientação da professora Rosiane Chagas, da Universidade Federal de Alagoas, integrando as
atividades do Projeto Desenvolvendo Casos de Sucesso do SEBRAE.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 1


Andrew Kemp

VISTA DA MARGEM DO RIO SÃO FRANCISCO


Andrew Kemp

VISTA DO CENTRO DE PENEDO, AO FUNDO


A IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO
ENCANTOS E HISTÓRIAS ÀS MARGENS DO SÃO FRANCISCO – SEBRAE/AL

HERANÇA HISTÓRICA,VETOR DA CONSTRUÇÃO DO FUTURO

Fim de tarde, boquinha da noite


com as primeiras estrelas
e derradeiros sinos.
Entre as estrelas e lá detrás da igreja,
surge a lua cheia
para chorar com os poetas.

E vão dormir as duas coisas novas desse mundo:


O sol e os meninos.
Trecho do poema O Mundo do Menino Impossível, de Jorge de Lima

P enedo representa um dos marcos iniciais do povoamento do Estado


de Alagoas e um celeiro da formação social e intelectual do povo ala-
goano. É a segunda cidade mais antiga do Estado, tendo sido fundada en-
tre os anos 1560 e 15651. A natureza doou a pedra fundamental, e sobre
esse afloramento rochoso edificou-se a cidade.
Conta a história que os portugueses, subindo o São Francisco, fundaram
uma feitoria, no local onde anteriormente os franceses comercializavam o
pau-brasil com os índios caetés. Os holandeses também ocuparam a região
por quase dez anos, apenas por interesse bélico. Após a retomada da lo-
calidade pelos portugueses, os parâmetros de ocupação e construção se
deram segundo a colonização portuguesa.
A posição geográfica de Penedo foi um dos fatores mais determinan-
tes, tanto para sua ocupação inicial como para o seu desenvolvimento
econômico. A cidade tornara-se um dinâmico entreposto comercial e a
condição de navegabilidade oferecida pelo “Velho Chico” representou o
elemento natural que facilitou esse comércio, contribuindo efetivamente
para o movimento de construção socioeconômica.
Os penedenses construíam seu espaço urbano, multiplicavam-se as
edificações civis e religiosas, a urbanização progredia, ocupando inicial-
mente toda a área próxima à margem do rio São Francisco e, posterior-
mente, as áreas mais altas de sua acidentada topografia.

1
Segundo documentos do Estado de Alagoas, a formação do seu primitivo povoado da Pedra de
Penedo data controvertidamente entre os anos 1560-1565. Foi elevada à Vila em 12 de abril de
1636. Documentos antigos também a chamam de Vila do Penedo do São Francisco. Após sua elevação,
a cidade passou a chamar-se apenas Penedo.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 3


TURISMO E CULTURA

O progresso econômico de meados do século XX evidenciou a falta de


uma visão conservadorista mais crítica e cuidadosa. Em nome do moder-
nismo da época e por carência de informações adequadas, alguns casa-
rios foram demolidos ou reformados, descaracterizando parte do sítio
histórico. No entanto, para uma parcela significativa da sociedade local, a
força da história e o amor às raízes se impuseram, possibilitando à cida-
de manter sua feição arquitetônica colonial, com seus sobrados, igrejas e
conventos seculares, que se estendem do barroco ao neoclássico, como
testemunho da construção histórico-cultural penedense.
Havia a necessidade de proteção de todo o patrimônio existente e, em
virtude dessa necessidade, o “sítio histórico” de Penedo foi tombado pelo
Iphan em 1996. Penedo passou a ser reconhecida por especialistas, tanto
da arquitetura como da arte sacra, como um celeiro de monumentos reli-
giosos de grande valor histórico, artístico e cultural.
Apesar dos avanços conquistados, era de suma importância continuar
buscando alternativas que possibilitassem a recuperação desse patrimônio.
A comunidade penedense, que sempre tomou em suas mãos iniciativas
de escopo cultural e artístico – festivais de cinema, de arte, exposições, re-
citais, peças teatrais –, não se intimidou. Realizou uma mobilização junto
com a gestão local com a finalidade de definir os vetores de desenvolvi-
mento que valorizassem a identidade da cidade.

ONDE ESTAMOS, PARA ONDE QUEREMOS IR

A economia da região era baseada principalmente na monocultura cana-


vieira, na pesca artesanal, no cultivo do arroz e tinha como principal fon-
te de arrecadação o setor sucroalcooleiro. Estando todas essas atividades
sujeitas à sazonalidade e também às intempéries da natureza, a flutuação na
arrecadação dos tributos foi sempre um fator impactante na economia local.
A necessidade de criar novas possibilidades de geração de desenvol-
vimento, em que a participação da comunidade articulada, de gestores
públicos e apoio de instituições técnicas trabalhassem em conjunto, já
havia sido sentida. O enfrentamento dos indicadores e a reversão da cul-
tura do “sem saída” eram de absoluta importância para alcançar novos
horizontes de desenvolvimento.
O setor de serviços representado pelo turismo, vocação natural do muni-
cípio, ainda se apresentava desestruturado e subexplorado. Mesmo assim

4 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


ENCANTOS E HISTÓRIAS ÀS MARGENS DO SÃO FRANCISCO – SEBRAE/AL

abria-se uma perspectiva de geração de renda e suporte a micro e pe-


quenos empresários, sendo necessário, no entanto, um planejamento que
definisse metas e investimentos prioritários.

OS PRIMEIROS FIOS DA TEIA

E m dezembro de 1998, foram dados passos decisivos na definição de uma


proposta de desenvolvimento para a cidade, que tivesse como eixo bási-
co o fomento ao turismo em suas diversas modalidades: cultural, ecológica, re-
ligiosa, entre outras. Os objetivos principais eram aumentar a renda e as
oportunidades de emprego para a população, possibilitando a recuperação do
patrimônio histórico local e a valorização da memória penedense.
Nessa época foi realizada uma grande oficina de planejamento, pro-
movida pela Prefeitura Municipal de Penedo e pelo SEBRAE/AL, envol-
vendo representantes da comunidade. Esse trabalho definiu o turismo
como vetor do desenvolvimento local. O apoio da comunidade de em-
presários do setor traduzia a esperança e o comprometimento com o
caminho adotado.

“Observem os senhores que Penedo é uma cidade singular, uma


grande atração, resta unir as forças para desenvolver um trabalho
sério e profissional, integrando a comunidade no projeto turístico
que será a grande redenção dessa cidade. Eu acredito.”
Lúcia Rigueira, empresária do Setor de Turismo e membro
integrante do Grupo Gestor de Turismo.

Essa atitude de pessoas representativas da comunidade respaldou várias


ações e projetos, criando as condições necessárias para a consolidação de
Penedo como um pólo turístico de relevância no cenário brasileiro.
A partir da oficina de planejamento, foram definidos os papéis de todos
os atores envolvidos. Era chegado o momento de “arregaçar as mangas”.
A criação do Grupo Gestor para o Turismo facilitou a definição das es-
tratégias de desenvolvimento e trouxe à sociedade o comprometimento
com as ações a serem implementadas.
O poder público investiu em uma série de melhorias de infra-estrutura,
entre elas a substituição do lixão por um aterro sanitário; a implantação de
uma unidade do corpo de bombeiros; a melhoria do serviço de abaste-

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 5


TURISMO E CULTURA

cimento de água, com reforma e ampliação das estações de tratamento;


a ampliação do sistema de saneamento básico da cidade; e a reestrutura-
ção da rede elétrica municipal. A cidade também teve sua sinalização de
trânsito refeita, facilitando o deslocamento tanto dos moradores como do
público visitante.

“A estruturação deve vir antes do aumento da demanda turística.”


José Marinho Júnior, Coordenador da Unidade Executora
do Projeto Monumenta (UEP)

A casa estava começando a ser arrumada, os investimentos iniciais


tinham sido feitos, mas ainda havia uma longa estrada a percorrer até
o completo despertar.

A OPORTUNIDADE: ACREDITAR E UNIR ESFORÇOS

H avia um ideal a ser materializado. Transformar Penedo em um dos


pólos econômicos do Estado, utilizando o potencial local como dí-
namo gerador de desenvolvimento. Era uma tarefa que exigia articula-
ção em diversos níveis, investimento financeiro e participação social.
Toda oportunidade que viesse a contribuir com esse propósito era mui-
to bem vinda.
A oportunidade mais importante surgiu em 1999 quando a Compa-
nhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco2 (Codevasf) escolheu
Penedo como sede do Encontro de Negócios do Vale do São Francisco
(Mercovale), após intensa campanha da comunidade. Era preciso en-
frentar o desafio e o descrédito daqueles que duvidavam de que a cida-
de era capaz de oferecer a infra-estrutura e os serviços adequados para
receber um grande evento.
O Grupo Gestor de Turismo se organizou para garantir que jamais ha-
veria um Mercovale tão perfeito quanto o que seria realizado em Pene-
do. O evento colocou a cidade em polvorosa, havia um ar de
entusiasmo que há muito não era sentido. Todos os setores foram esti-
mulados a se envolver na organização do evento e responderam de for-
ma positiva, com participação efetiva em todas as ações.

2
Instituição que tem por missão apoiar ações que venham a transformar o Vale do São Francisco.

6 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


ENCANTOS E HISTÓRIAS ÀS MARGENS DO SÃO FRANCISCO – SEBRAE/AL

“Houve um avanço muito grande com as ações implementadas


para o Mercovale. Trabalhamos feito loucos, por um período
de aproximadamente oito meses. E dissemos ao governo:
‘Traga, que nós garantimos’.”
Lúcia Rigueira, empresária do Setor de Turismo e membro
integrante do Grupo Gestor de Turismo.

Empresários, funcionários de hotéis, restaurantes, bares e pousadas


foram capacitados para suas funções específicas, como também para a
compreensão do processo de desenvolvimento e do esforço coletivo
no qual estavam inseridos.
Em função de carências identificadas pelo Clube de Diretores
Logistas (CDL), foram trabalhados temas diversificados em várias dis-
ciplinas como: atendimento ao cliente; higiene do ambiente e pessoal,
principalmente para os profissionais do setor de alimentos; melhoria
nos menus dos restaurantes; decoração, buscando opções viáveis e de
bom efeito visual; e uniformização de funcionários, com adequação
ao ambiente de trabalho, à função exercida e aos parâmetros de vi-
sual higiênico.
Ainda como preparação para o evento, foram organizados, com o
apoio do SEBRAE, uma Central de Reservas e um grupo de hospeda-
gem domiciliar, sendo essa última iniciativa a prova indispensável do
nível de comprometimento da comunidade para com o evento. Tudo
estava pronto para começar.
A programação do Mercovale, extensa e diversificada, foi composta
de palestras técnicas, exposição de produtos e rodadas de negócios. O
público foi estimado em 1.000 visitantes/dia e mais 850 participantes
diretamente envolvidos com o evento. Participaram 161 empresas, entre
elas 140 micro e pequenas empresas. O evento gerou R$ 32,9 milhões
em expectativas de negócios a serem consolidados.
A equipe responsável pelo Mercovale admitiu que o melhor evento
realizado até aquele momento tinha sido o de Penedo, tanto em rela-
ção aos resultados obtidos como pelo envolvimento e comprometi-
mento de todos – comunidade, governo e instituições de apoio.
Com o Mercovale as empresas de turismo local estabeleceram conta-
tos comerciais de longo prazo. Segundo todos organizadores, o evento
foi um “divisor de águas” para o amadurecimento da comunidade. A
cidade já começava a acordar para um novo tempo.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 7


TURISMO E CULTURA

RUMO À EXCELÊNCIA

E m 2001, dando prosseguimento ao plano de ações predeterminado, o


SEBRAE implantou o Programa de Qualidade Total no Turismo3, para
adequar as atividades turísticas locais aos padrões de qualidade internacional.
Nove empresas, restaurantes e pousadas aderiram à proposta e recebe-
ram o acompanhamento técnico necessário para gerir seus empreendi-
mentos segundo os padrões de qualidade operados pelo setor em nível
nacional e internacional. O trabalho realizado incluiu consultorias de am-
bientação dos produtos e treinamento em formação de preços.
Em 2002, Penedo foi inserida no roteiro denominado “Das Fazendas de
Coco às Vilas do São Francisco”. Para o desenvolvimento desse trabalho
foi necessária a mobilização de diversos atores, dentre eles: operadores e
agentes de viagens, artistas locais, hoteleiros, pousadeiros, proprietários
de restaurantes, enfim, todos os representantes do setor de turismo. Des-
ta forma, a cadeia produtiva do turismo foi se reconhecendo e aprenden-
do a trabalhar em prol da sedimentação do setor. Essa oportunidade
direcionou os “holofotes” para a cidade, suas belezas e sua cultura.
Segundo dados do escritório do SEBRAE/AL em Penedo, a organização
do roteiro trouxe aos empreendedores base para bons negócios. O trabalho
feito para a implantação do roteiro proporcionou o desenvolvimento de 11
empresas de turismo no circuito entre Penedo e a cidade vizinha Piaçabuçu.

PATRIMÔNIO, SUA VEZ E SUA HORA

E m 2002 Penedo se candidatou ao Monumenta4, programa do Ministério


da Cultura, que conta com o financiamento do Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID) e com a cooperação da Organização das
Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Esse programa está direcionado para atender a restauração e conserva-
ção de áreas prioritárias do Patrimônio Histórico e Artístico Urbano do
País, incluindo espaços públicos e edificações, de forma a garantir a auto-

3
Programa do SEBRAE que estimula a iniciativa e a integração das empresas em torno de padrões
e metas claramente definidas que convergem para a satisfação total dos clientes.
4
Programa de recuperação sustentável do patrimônio histórico urbano brasileiro tombado pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

8 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


ENCANTOS E HISTÓRIAS ÀS MARGENS DO SÃO FRANCISCO – SEBRAE/AL

sustentabilidade dessas áreas por meio do retorno econômico e social


proporcionado pelo uso e visitação.
Dentre as ações previstas pelo programa estão: requalificação dos es-
paços; restauração de monumentos, edifícios e áreas públicas; melhoria
do tráfego e ampliação das condições de acessibilidade; promoção de ati-
vidades voltadas ao turismo, cultura e educação patrimonial; e a capacita-
ção e formação de mão-de-obra.
O projeto cadastrou, em todo País, 110 municípios com potencial
histórico, dos quais apenas 26 foram escolhidos. Penedo foi a único mu-
nicípio alagoano a ser contemplado, uma notícia que trouxe para a comu-
nidade orgulho e a certeza de que o planejamento e o trabalho sério dos
últimos anos estavam sendo premiados.
A comunidade, o Grupo Gestor do Turismo e a prefeitura selecionaram
12 monumentos e 40 casarões privados, que começaram a ser restaurados.
Com a valorização do turismo, surgiram novas iniciativas e vários micros e
pequenos negócios como: hotéis, pousadas, bares, restaurantes, centros de
lazer, uma indústria de confecção especializada, empresas no setor de pa-
nificação, serviços de lavanderia, serviços de transporte turístico, casas de
espetáculo, agências de viagem, serviços de assistência técnica, empresas
no setor construção civil, manutenção de instalações físicas, entre outros.

“O Monumenta foi uma luta muito grande, trabalhamos muito,


a comunidade e o governo.”
Lúcia Rigueira, empresária do Setor de Turismo e membro
integrante do Grupo Gestor de Turismo.

Em atendimento à proposta mais ampla do projeto, a capacitação de


mão-de-obra era um dos objetivos a ser atingido, de modo que as pessoas
envolvidas pudessem exercer suas funções com competência e segurança.
Sendo assim, foi realizada, em 2003, a capacitação de informantes em tu-
rismo local, tendo como propósito a valorização da história e cultura local,
por meio da informação que gera conhecimento e identificação de raízes.
As 24 pessoas selecionadas foram submetidas a um extenso programa
que contemplou diversas áreas do conhecimento, como: turismo, geogra-
fia e meio ambiente, primeiros socorros, relação no trabalho, marketing
pessoal, história e patrimônio.
A partir dessa capacitação, as pessoas envolvidas foram inseridas na
estrutura de associativismo e criou-se a Associação dos Informantes

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 9


TURISMO E CULTURA

Turísticos de Penedo (Assitur), que organizou e nivelou a atuação dos


informantes segundo os padrões de qualidade adequados à função e ao
que exige o setor.

“Antes do curso a coisa andava meio bagunçada, hoje a


nossa visão é melhorar o serviço e abrir oportunidade para
outras pessoas participarem do grupo”
Gladstone Silva, informante turístico e membro da Assitur.

Em menos de seis meses de constituição da Assitur, os informantes já


haviam realizado a condução de mais de 1,5 mil visitantes na cidade de
Penedo, utilizando um novo recurso, o Guia de Serviços, com informações
sobre a cidade e os equipamentos existentes.
A visitação turística cresceu em toda a cidade. Na Igreja das Correntes,
por exemplo, o volume de visitantes apresentou os seguintes números:

Ano Número de visitantes


1999 6.171
2000 6.465
2001 8.808
2002 6.600 (em restauro)
2003 9.372
Dados da Secretaria Municipal de Cultura de Penedo, 2003.

A INTERVENÇÃO DO NOVO, AGREGANDO VALOR AO PASSADO

O construir é uma tarefa constante, contínua, que vai desde a manuten-


ção do que já existe até a criação do novo, num processo harmôni-
co entre passado e futuro.
Ainda em 2003, visando compreender os desejos expressos pelos vários
segmentos da comunidade e preservar a cultura local, a prefeitura propôs
uma intervenção em design urbano para o Núcleo Histórico de Penedo.
Representantes da comunidade, parceiros e técnicos foram convidados
para a realização de uma oficina de design urbano, que contemplou diver-
sos aspectos, de modo a atender às necessidades do planejamento muni-
cipal. O objetivo era a criação de uma identidade visual que atendesse à
conservação da área tombada, tornasse a cidade mais atrativa para o mer-
cado turístico e respeitasse a mobilidade da vida atual.

10 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


ENCANTOS E HISTÓRIAS ÀS MARGENS DO SÃO FRANCISCO – SEBRAE/AL

A partir desse trabalho, foram feitas alterações no brasão da cidade e


criada uma marca. O desenvolvimento do novo mobiliário urbano envol-
veu a criação de luminárias, lixeiras, balizadores, postes de identificação
de logradouros, base e topo de postes de iluminação, sinalização turística
(marcos de entrada da cidade) e patrimonial (totens de identificação dos
monumentos históricos), abrigos de parada de ônibus, padronização de
barracas de feiras e carrinhos para ambulantes.
Atendendo a uma antiga reivindicação e necessidade da população, foi
criado também o manual de Usos, normas e cores – manual do usuário
do centro histórico de Penedo, com o objetivo de orientar os proprietários
e inquilinos dos imóveis situados na área tombada sobre o procedimento
em relação às reformas e melhorias permitidas nesse perímetro urbano.

“A melhor maneira de começar a compreender como cuidar


do patrimônio é entender a natureza dos seus materiais,
como usá-los e assim relacioná-los ao seu núcleo cultural”
José Marinho Júnior, Coordenador da UEP-Penedo

Em 2004, chegara a hora de passar a informação adiante: a Penedo do


passado exibe sua nova roupagem. Portanto, o SEBRAE, em parceria com
a prefeitura e o programa Monumenta, dotou Penedo de uma nova ferra-
menta de divulgação, concebida para apresentar, com alto padrão de qua-
lidade, a localização dos monumentos, dicas de serviços, hospedagem,
entre outras. Essa ação representou a conclusão de uma série de outras
ações, que deram suporte ao processo de consolidação de Penedo como
cidade turística.

CONCLUSÃO

A s ações implementadas trouxeram à comunidade a compreensão de


que a força para operar transformações é proveniente do estabeleci-
mento de parcerias, de cooperação ampla, da vontade de acertar e da ar-
ticulação eficiente entre todos os atores envolvidos. A construção de um
plano de trabalho foi o elemento diferencial que estimulou a sociedade e
a gestão pública a ajustar o passo e seguir em frente.
A cidade abraçou suas vocações e olhou para o futuro, valorizan-
do suas tradições e raízes, em busca de melhor qualidade de vida.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 11


TURISMO E CULTURA

Sustentar o desenvolvimento de forma participativa é sempre um de-


safio, mas diante do aprendizado obtido é também um estímulo a no-
vas conquistas.
As ações implementadas desde a definição do planejamento estratégi-
co em 1999 confirmaram-se por meio de alguns resultados: 739 pessoas
foram capacitadas nas mais diferentes áreas; 18 novos empreendimentos
foram criados dentro da cadeia produtiva, dentre eles a Pousada Valle do
São Francisco, a Pousada Stilos II, o Bar e Restaurante Oratório, o Restau-
rante Kiosque e Cia., o Restaurante O Portal, a Lanchonete Pastel Chinês,
e, em 2003, o Memorial Raimundo Marinho, apontado como um dos prin-
cipais museus do Brasil.
A intervenção do design trouxe ares de modernidade e funcionalidade
à cidade, respeitando a identidade local. Penedo passou a caminhar mais
firme em direção ao futuro, por ter trabalhado em prol de um despertar
gradativo, participativo e sustentável, harmonizado com sua potencialida-
de natural.

“O que já está feito foi realmente muito importante,


mas ainda há muito por fazer”
Lúcia Rigueira, empresária do Setor de Turismo e membro
integrante do Grupo Gestor de Turismo.

Andar pelas ruas de Penedo é percorrer uma parte da história de


Alagoas. Descortina-se em cada rua, em cada fachada de seus casarios
e igrejas um cenário de patrimônios naturais e culturais que permane-
cem vivos.
O turismo integra os meios de hospedagem, a gastronomia, os trans-
portes, o comércio, o artesanato, os artistas locais e muitos outros que fa-
zem da cidade um dos roteiros turísticos mais ricos do Estado. Com todas
essas forças agindo integradas e de forma positiva, estabeleceu-se um ci-
clo econômico de efeito multiplicador, capaz de gerar ocupação, renda
e, principalmente, de resgatar a auto-estima e o valor da comunidade.
Visitar Penedo é convidar os turistas para que andem por onde
passou Maurício de Nassau, D. Pedro I, entre tantos outros; é fazer
com que eles protagonizem a história e levem consigo uma experiên-
cia singular, repleta de detalhes e muita emoção.

12 EDIÇÃO 2004 HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS


ENCANTOS E HISTÓRIAS ÀS MARGENS DO SÃO FRANCISCO – SEBRAE/AL

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

• Diante da realidade nacional de conservação do patrimônio histórico,


quais as alternativas que poderiam significar sustentabilidade ao sítio his-
tórico de Penedo, além do turismo?

• O turismo, como atividade social e econômica, quando malconduzido,


pode trazer danos à comunidade receptora. Considerando tal afirmativa,
de quem é a responsabilidade de determinar os limites de expansão do
turismo? Que alternativas poderiam ser utilizadas?

• Que alternativas poderiam vir a direcionar a ação mercadológica para o


turismo em Penedo?

AGRADECIMENTOS

Diretoria Executiva do SEBRAE/AL: Alejandro Luis Pereira da Silva, Gal. Nilton Moreira Rodrigues,
Osvaldo Viegas.

Coordenação Técnica: Danielle Govas Pimenta Novis, coordenadora do Projeto de Apoio de


Desenvolvimento do Turismo em Alagoas.

A José Marinho Júnior, coordenador da Unidade Executora do Projeto Monumenta (UEP), pela dispo-
nibilização de material de consulta e depoimentos; a Lúcia Rigueira, empresária do setor de turismo
em Penedo e membro do Grupo Gestor de Turismo; pelos depoimentos, relatos históricos formais e infor-
mações sobre a história oral da cidade; a Gladstone Silva, informante turístico e atual presidente da
Associação de Informantes Turísticos de Penedo (Assitur); a Gisela Farhat, Gustavo Timo e Lívia Santos,
das Oficinas de Roteiros Culturais (Creato); Carla Fragoso de Paiva Lima, agente do Escritório Geral
de Penedo.

HISTÓRIAS DE SUCESSO – EXPERIÊNCIAS EMPREENDEDORAS EDIÇÃO 2004 13

Das könnte Ihnen auch gefallen