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ENTREVISTA

Entrevista com
Vicente Aguiar, da equipe
de desenvolvimento do
Noosfero

FORUM
http://revista.espiritolivre.org | #009 | Dezembro 2009 Porque o cidadão
consciente deveria
optar pelo
software livre

REDES SOCIAIS
CAPA COMUNIDADE COLUNA
O que fazer se alguém Comunidade Sol Cezar Taurion fala sobre
clonar seu perfil?! Software Livre smartphones
COM LICENÇA

Revista Espírito Livre | Dezembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |02


EDITORIAL / EXPEDIENTE

No balanço da rede... EXPEDIENTE


Diretor Geral
João Fernando Costa Júnior
Ah! Dezembro chegou, e com ele a reta final de mais um ano. 2009 vai
ficando para trás já deixando um gostinho de quero mais em diversos aspec- Editor
tos. Foi um ano movimentado para várias empresas que atuam no mercado de João Fernando Costa Júnior
código aberto. Muitas novidades surgiram, código foram abertos, detalhes re-
velados, documentações liberadas. O próprio lançamento da Revista Espírito Revisão
Livre neste ano de 2009 foi, é e será motivo de alegria, para mim e para todos João Paulo Melo de Sampaio
que nos acompanham mês após mês. Pamella Castanheira
Pegando o embalo das comunidades de software livre, este mês temos Arte e Diagramação
em nossa capa como tema principal as redes sociais, atualmente tão difundi- João Fernando Costa Júnior
das e utilizadas pela maioria dos internautas e usuários de computador. Nossa
entrevista não poderia ser diferente e acompanha o tema. Conversamos com Capa
Vicente Aguiar, membro da equipe do Noosfero, plataforma que reune em um Carlos Eduardo Mattos da Cruz
só lugar rede social, comunidades e afins. Vários projetos estão aderindo ao
código do Noosfero e a rede do popular SoftwareLivre.org é uma delas. Contribuiram nesta edição
Jomar Silva fala sobre os 10 cuidados que devemos tomar em redes so- Aécio Pires
Alexandre Oliva
ciais, fazendo assim um alerta aos desavisados ou marinheiros de primeira via-
Andressa Martins
gem. Walter Capanema, por outro lado, mostra aos leitores o que fazer, se
Cárlisson Galdino
algum dia alguém clonar o seu perfil em uma rede social.
Carlos Eduardo Mattos da Cruz
Uma dupla de "Eduardos", toma conta da seção sobre gráficos! Luiz Cezar Taurion
Eduardo fala sobre o formato SVG, apresentando suas vantagens e utilização Clayton Lobato
em softwares, enquanto Carlos Eduardo, o Cadunico, fala sobre a criação de Djavan Fagundes
tecidos no Inkscape, um software que, por padrão, utiliza o formato SVG. Se ti- Fernando Leme
vessem combinado não teria dado tão certo :-) Filipo Tardim
Flávia Jobstraibizer
Nilton Pessanha, que nas primeiras edições foi o responsável pelas ca- Flávia Suares
pas da Revista Espírito Livre, faz um convite aos leitores, através de sua maté- Francilvio Roberto Alff
ria sobre o uso de programas de simulação em educação e treinamentos. Já João Marcello Pereira
Fernando Leme retorna nesta edição falando sobre tecnologia da informação e Jomar Silva
escolhas políticas, passando pelo conceito de commons e o software apartidá- Jorge Augusto M. Carriça
rio. José James F. Teixeira
Júlio César Eiras Melanda
Cárlisson Galdino, continua com mais um episódio da Warning Zone, en-
Lázaro Reinã
quanto Clayton Lobato nos mostra um pouco mais sobre o sistema Braille de Luiz Eduardo Borges
escrita e leitura, descrito por ele como o mais lindo e colaborativo dos projetos. Nilton Pessanha
Lázaro Reinã, que era responsável pelas matérias sobre a Linguagem Lua, fa- Otávio Gonçalves de Santana
la um pouco sobre podcast, sua mais nova mania! João Marcello, que na edi- Pamella Castanheira
ção nº 8 da Revista Espírito Livre apresentou um case bem interessante sobre Paulo de Souza Lima
o "teco" de informática, traz nessa edição um complemento ao artigo original, Roberto Salomon
onde ele relata os 10 mandamentos do usuário, igualmente interessante. Tatiana Al-Chueyr
Vocês vão perceber que a agenda está apresentando pouquíssimos Tiago Eugênio de Melo
eventos para o mês de dezembro e janeiro. Curioso, mas facilmente explicá- Wallisson Narciso
vel, estes dois meses trazem poucas opções quanto a palestras, workshops e Walter Capanema
Wesley A. Gonçalves
eventos da área de TI. Entretanto, fechamos a edição com uma bela mensa-
Wesley Samp
gem de fim de ano!
Continuem nos acompanhando pelo Twitter, Identi.ca e demais veículos,
pois em breve novas promoções estarão por aqui! Também fiquem atentos ao Contato
site oficial da revista [http://revista.espiritolivre.org], onde sempre tem novidade. revista@espiritolivre.org
Agradecemos a todos que não foram citados acima e O conteúdo assinado e as imagens que o
continuamos com o nosso convite aos leitores para participa- integram, são de inteira responsabilidade
rem do processo de criação da revista, seja divulgando, es- de seus respectivos autores, não
representando necessariamente a
crevendo ou revisando. Se quiser saber como ajudar, basta opinião da Revista Espírito Livre e de
entrar em contato. Boas Festas e nos vemos no mês que seus responsáveis. Todos os direitos
sobre as imagens são reservados a seus
vem, já em 2010! respectivos proprietários.
João Fernando Costa Júnior
Editor
Revista Espírito Livre | Dezembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |03
EDIÇÃO 009

SUMÁRIO
CAPA
28 10 cuidados que devemos
tomar em redes sociais
Suas informações dizem tudo

33 O que fazer quando


"clonarem" seu perfil em
uma rede social?
Defenda seus direitos!
Entrevista com
Vicente Aguiar,
COLUNAS da Equipe do
13 Perigo Real e Imediato
Cuidado com as ameaças...
Noosfero
17 Warning Zone
Episódio 3 - Cronogramas
PÁG. 24
20 Smartphones
Eles chegaram para ficar...

22 Com o Espírito Livre


Quase como pastorear abelhas...

TECNOLOGIA
Podcast por que ouve
36 Aumenta o som...

COTIDIANO
38 Os 10 mandamentos do
usuário
O problema está entre o teclado e a
cadeira...
83 AGENDA 06 NOTÍCIAS

FERRAMENTA
39 Google Go
O Google ataca de novo!
FORUM COMUNIDADE
41 Por que o cidadão
consciente deveria optar
54 OSUM
Open Source University Meeting
pelo software livre - Parte 2
Pensamento livre e dispersão do
conhecimento
56 Comunidade Sol Software
Livre
Do norte do Brasil para o mundo!
45 Tecnologia da Informação e
as Escolhas Políticas
Todo mundo tem direito...

EMPREGABILIDADE
59 Os bichos da Terceira Idade
E você está preparado para o mercado?
GRÁFICOS
45 Criando tecidos no Inkscape
Agora a roupa é com você!
EDUCAÇÃO
47 SVG
Gráficos para todos
62 O uso dos programas de
simulação em educação e
treinamento
Uma proposta interessante!

COLABORAÇÃO 67 O profissional da informação


na educação superior
É muita responsabilidade...
51 O mais lindo e colaborativo
dos projetos
Sistema Braille
EVENTOS
72 Java Enterprise Day -
Goiânia/GO
Release sobre o evento

73 EMSL'09 - Itajubá/MG
Relato do evento

75 Forum Software Livre -


Duque de Caxias/RJ
Relato do evento

10 LEITOR
79 3º Encontro PHP-PB - João
Pessoa/PB
12 PROMOÇÕES Relato do evento

QUADRINHOS
Os Levados da Breca
81 Nanquim2 - Helpdesk
Natal
NOTÍCIAS

NOTÍCIAS
Por João Fernando Costa Júnior e Francilvio Roberto Alff

Ubuntu 10.04 Lucid Lynx disponível para tes- FreeNAS também adotará completamente o
tes pinguim
No último dia 10, foi publi- O FreeNas, uma das
cada a primeira versão mais famosas soluções
Alpha do Ubuntu 10.04 Lu- NAS, esta prestes a utili-
cid Lynx. É possível fazer zar LINUX como seu sis-
o download através do si- tema operacional oficial.
te oficial. Como todos sa- Voker Theile, o desenvol-
bemos bem, não é vedor principal do Free-
recomendável instalar NAS, anunciou que a
uma versão Alpha 1 em computadores finais, próxima versão do Free-
mas é interessante testá-lo em uma máquina vir- NAS necessitará de uma recompilação de gran-
tual ou em um computador de testes. de parte das funções fundamentais para
A versão final é esperada paro o dia 29 de Abril eliminar algumas limitações atuais e será basea-
de 2010 e enquanto isso nos próximos meses se- da no DEBIAN. O projeto tem o nome de Open-
rão publicadas várias versões Alpha e Beta, co- MediaVault.
mo previsto do plano de desenvolvimento: 14 A versão 0.7 está entrando em fase de desenvol-
Janeiro – Alpha 2, 25 Fevereiro – Alpha 3, 18 vimento neste mês. O problema maior para os
Março – Beta 1, 8 Abril – Beta 2, 22 Abril – Relea- usuários atuais parece ser o destino do ZFS,
se Candidate, 29 Abril – Definitive Release. que infelizmente no Linux é disponível somente
através do FUSE.

Drdb integrado a partir do próximo Kernel


DRBD é um projeto que nos Calculate Linux agora é 10.0
permite utilizar periféricos es- Através de um anúncio
truturados em blocos remo- de Alexander Tratsevs-
tos, A versão do DRDB já kiy, acabou de ser dis-
deveria ser a 2.6.32, mas ponibilizada a versão
Jens Axboe, um dos mantene- 10.0 do Calculate Linux
dores, resolveu adiar a integra- Desktop, a metadistri-
ção na Source Tree de Linux buição baseada no
até a versão 2.6.33. Gentoo e no KDE como ambiente gráfico para
A boa noticia nisso tudo é que Linus aceitou que o workstations de utilizo final. Calculate Linux 9.6,
código venha integrado a partir da próxima versão até então versão oficial, foi lançada a aproxima-
do kernel, contendo todas as funcionalidades que damente dois anos atrás. Entre as curiosidades
até a pouco tempo atrás eram disponíveis somen- do sistema podemos apontar o Kernel
te com o pagamento de um addon. Os principais re- 2.3.28.10, o X.org 7.4 e o KDE versão 4.2.3. Na-
cursos são a possibilidade de replicar um PC turalmente entre os aplicativos incluídos não po-
offsite e a função de Disaster Recovery. deria faltar o OpenOffice.org.

Revista Espírito Livre | Dezembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |06


NOTÍCIAS

O Browser do Google agora também fala Li- Inkscape 0.47 finalmente disponível
nux e Mac As coisas este mês pare-
Depois de um ano de es- cem andarem verso o ru-
pera, Google anunciou a mo certo também para
primeira versão provisó- os amantes de gráficos.
ria do browser para usuá- Finalmente foi lançada a
rios Apple e Linux. O que nova versão de Inksca-
a gigante da Internet nos pe. Agora todos os curio-
dá como prêmio de conso- sos que ainda não
lação pelo atraso dessa conhecem este progra-
release são as mais de ma que faz muito bem o trabalho de softwares
300 extensões, úteis muito uteis para o navega- como Freehand, CorelDraw, Xara X e Illustrator.
dor. Google Mail Checker e RSS Subscriptions As principais novidades dessa versão são: Sal-
estão entre os mais votados. Como na versão pa- vamento automático, novo sistema de alinha-
ra Windows, Chrome suporta linguagens open mento, suavização de nós automático,
standard como o HTML 5. O Google garante exportação para PS e EPS. Para conferir a lista
que o navegador segura as pontas no Gnome as- completa das novidades e provar a nova versão
sim como no KDE. As atualizações são através visite o site www.inkscapebrasil.org.
do System Package Manager.

O DNS Público de Google, OpenDNS não


Mozilla não se esqueceu do Thunderbird gostou da ideia
Finalmente a Mozilla, O Google sempre foi muito
empresa também res- claro em relação as suas in-
ponsável pelo browser tenções: Permitir um acesso
Firefox, disponibilizou a imediato à Web. Um acesso
versão 3 do cliente de que não passe somente atra-
emails Thunderbird. Se- vés das aplicações web ultra-
gundo a fundação man- leves mas também através
tenedora do software, o de uma rede apropriada. Ago-
processo de desenvolvi- ra esse sonho está mais perto da realidade: a
mento custou 2 anos e as novidades são entusi- poucos dias a empresa de Brin e Page anuncia-
asmantes, entre elas o suporte a 49 idiomas, ram um serviço de DNS Público. Trata-se de um
um novo mecanismo de busca dentro ao progra- serviço muito similar ao oferecido pelo
ma, a nova estruturação do banco de dados lo- OpenDNS, que tem como objetivo tornar a nave-
cal, que facilita a vida na hora de organizar os gação veloz e segura. Segundo informações, os
emails em pastas personalizadas, além de modifi- DNS do Google, são dotados de uma tecnologia
cações na interface e no Account Wizard que inteligente de caching, para uma resposta mais
quebra aquele galho na hora de configurar o rápida ao usuário. Quem estiver disposto a pro-
seu email. var na própria pele as potencialidades do servi-
Os desenvolvedores da comunidade também ga- ço devem somente configurar os DNS da sua
nham um novo release da documentação. Vale conexão de rede: DNS Primário; 8.8.8.8 e secun-
a pena conferir a novidade. dário 8.8.4.4.

Revista Espírito Livre | Dezembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |07


NOTÍCIAS

Brazil: The New Spam King* (by Forbes) O Pinguim mostra a cara no netbook
A empresa americana de De a cordo com a ABI Rese-
San Francisco, Cisco Sys- arch, em 2009 o linux aboca-
tems divulgou na última se- nhou a fatia de 32 por cento
mana de Novembro que o dos sistemas vendidos com
Brasil ultrapassou os EUA os NetBooks. A empresa esti-
em numero de mensagens in- ma ainda que 2013 essa per-
desejadas enviadas via mail, centual subirá, e
assim chamadas SPAM. No ultrapassará em percentual as vendas de netbooks
ano, as mensagem desse gênero ultrapassaram dotados de Windows, que ainda é muito difusa nos
os 7 trilhões, contra pouco mais de 6,6 trilhões países menos desenvolvidos.
de mensagens de procedência americana. Pa- Em um estudo recente sobe os Dispositivos Ultra
trick Peterson, da Revista Forbes, declarou que Portáteis (UMDs), cerca de 35 milhões de netbo-
este episódio não é nada de inesperado, e que oks foram fabricados em 2009*. A ABI Research
o Brasil está sofrendo a mesma onda de lixo ele- não divulgou abertamente o percentual de cada sis-
trônico pela qual passaram outros países em de- tema operacional, mas nos deu a boa notícia que
senvolvimento que tiveram contato rápido com a 32 porcento desses computadores (11 milhões) fo-
rede mundial de computadores. ram vendidos com sistemas linux-based (* Estimati-
va para todo o ano de 2009, incluindo o mês de
Flash!!! O Google acha o que você fotografou dezembro).

Na última segunda-
feira, 7 de dezem- Chrome agora também tem suas extenções
bro, a gigante da In- Foi anunciado oficialmente
ternet anunciou as extensões para Google
um novo serviço. A Chrome, que seguem o con-
novidade agora é a possibilidade de utilizar ima- ceito do Google, sendo fá-
gens obtidas através de um celular para realizar ceis de instalar. Uma outra
buscas com o Google.com. Chamado Google peculiaridade das extenções
Goggles, é em versão beta, mas já é disponível para Chrome é o fato que
para a compra. elas sejam executadas cada
O sistema roda a partir da versão 1.6 do An- uma em um processo próprio, evitando assim
droid (O.S. para celulares com a marca Google), crashes inesperados do navegador por culpa de
e é capaz de reconhecer desde quadros de Leo- uma extenção com bugs. Se você quiser testar
nardo da Vinci, até vinhos das melhores canti- as novas extensões para Chrome, a primeira coi-
nas do mundo, passando por cartões, pontos sa que deve fazer é instalar a versão para de-
turísticos e logotipos. Através da conexão GPS senvolvedores e depois basta ir em "extensões"
combinada com a Internet, os resultados são exi- a partir do menu do navegador. Até o momento
bidos imediatamente, facilitando assim a navega- são mais de 300 os plugins disponíveis. Agora o
ção. O serviço, como já dito, não é uma versão Google Chrome esta realmente pronto para compe-
final, pois ainda precisa de melhorias para o reco- tir com o browser da Fundação Mozilla. Quem vo-
nhecimento de algumas categorias de imagens. cês acham que levará a melhor nessa disputa?

Revista Espírito Livre | Dezembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |08


NOTÍCIAS

CodeZero agora é 0.2 O Droid da Acer


O time de desenvolvimento O celular super hi-tech da
do Codezero lançou a ver- Acer já tem um nome: se
são 0.2 do microkernel L4. chama Acer Liquid e vem
Nesse release, o microker- com o tão falado Android,
nel foi completamente testa- na versão 1.6. O Processa-
do e se introduziu a dor é um Qualcomm Snap-
possibilidade de executar dragon de 768Mhz e o
ambientes isolados. video tem uma resolução
Agora com Codezero L4 0.2 será possível desen- de 800 por 480 em modali-
volver aplicações em ambiente client e server dade WVFA. Uma boa alternativa ao HTC Hero
com segmentos isolados e autônomos, possibili- que também é composto pelo sistema open
tando assim muito mais espaço para o desenvol- source Android. Além da câmera de 5.0 megapi-
vimento de hierarquias dentro de sistemas de xel, uma outra coisa entusiasmante é o GPS in-
softwares. tegrado.

Esse release foi lançado sob licença GPLv3, Em Portugal o aparelho já esta a venda por
mesmo que essa não agrade muito a Linux Foun- aproximadamente 350 euros. Na Itália sai um
dation. pouco mais barato, podendo ser encontrado por
299 euros. A Acer não divulgou se disponibiliza-
rá o celular ao mercado brasileiro.
Palm contra Artifex, a decisão será nos tribu-
nais
IBM será o novo ninho da raposa
A Artifex Software anunci-
ou que entrará com uma Não é nenhuma novidade
ação judicial contra a que os ventos que sopram
Palm Inc's por violação dentro da IBM trazem sem-
da licença GPL do softwa- pre iniciativas em prol ao
re muPDF desenvolvido open source. Dessa vez a
pela mesma empresa. A empresa de Armonk deci-
Artifex argumenta que a diu padronizar FireFox co-
Palm utiliza a arquitetura mo navegador do grupo.
do muPDF em seu "PDF Viewer" sem o poces- A implementação deve ser concluída até o inver-
so de uma licença comercial. no do próximo ano. Uma das motivações da
O muPDF é coberto das licenças GPL ou comer- IBM é a necessidade de uma plataforma com al-
cial, assim a Palm teria violado a licença GPL to desempenho para a migração de seus proces-
por não possuir uma comercial, utilizando o códi- sos para W3 On Demand Workplace.
go para fins comerciais. Não é a primeira vez
que a Palm tem problemas com a violação de li-
cenças. Podemos citar o caso do USB Buss em Quer contribuir?
janeiro deste ano, e do Office Compatible Pack Então participe entrando em contato
de alguns anos atrás. através do email revista@espiritolivre.org

Revista Espírito Livre | Dezembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |09


COLUNA DO LEITOR

EMAILS,
SUGESTÕES E
COMENTÁRIOS Ayhan YILDIZ - sxc.hu

Nesta última edição de 2009 o que não poderia Não curso nível superior ainda, no próximo ano
deixar de faltar são os comentários de nossos sim (Sistemas da Informação). Eu aconcelho a
leitores, dizendo o que acham da Revista todos a lerem a revista, posto em meu site
Espírito Livre. Contribua você também, envian- (www.binoinformatica.com), mando por email
do suas sugestões e críticas. Abaixo listamos al- aos amigos.
guns comentários que recebemos nos últimos Albino Biasutti Neto - Vila Velha/ES
dias:
Acho que a revista é uma ferramenta muito forte
Achei uma iniciativa muito interessante que dis- na divulgação dessa ideologia do software livre,
põe de informações sobre esse mundo maravi- que devia ser adotada ainda mais por professio-
lhoso do software livre, que não se vê no dia dia nais de T.I e usuários finais mesmo.
na web, adorei... e viciei na Revista. Parabéns... Edmilson N. de Jesus - Goianésia/GO
Fabio Soares da Silva - São Paulo/SP
Vocês até podem achar engraçado, mais nunca
Muito interessante, e pertinente para quem ini- tinha ouvido falar desta revista, e por incrivel
cia com software livre, ou para quem quer ficar que pareça estou baixando todas agora, sem fa-
por dentro das novidades... lar que esta matéria do "Linux no desktop" está
André Campos Rodovalho - Goiânia/GO ótima... Não sei como vocês não divulgam ela
mais.
Acompanho a revista há pouco tempo, somente Fernandes Macedo Ribeiro - Goiânia/GO
pela internet. Para mim é a melhor fonte de infor-
mação para o gênero. Acompanho a revista a pouco tempo. Ela está
Bruno Roberto Gomes - Gurupi/TO me trazendo bons conhecimentos, além de tudo
nos deixa por dentro dos eventos atuais.
Finalmente uma revista que nos incentiva a Bernardo S. de Castro - Rio de janeiro/RJ
abrir os olhos para um novo horizonte infinito di-
ferente do que as outras (Windows xP) que sem- Uma ótima revista para usuários de softwares li-
pre nos limitava ao máximo. vres, com os mais interessantes e diversificados
Jardel Benedito de Oliveira Pontes - Apiaí/SP assuntos para todos leitores.
Hugo Nicodemos A. de Brito - Recife/PE
Desde que começei a usar o Linux e Software Li-
vre tenho acompanhado a revista a cada edição Uma excelente fonte de comunicação sobre
e isso não tem muito tempo (4 meses). Preten- software livre, disseminando e informando so-
do expadir o Open Source e GNU/Linux em bre a cultura open source.
meu estado, fazendo palestras, eventos, etc... Janderson Batista Abreu - Três Marias/MG

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COLUNA DO LEITOR

Revista ótima, matérias interessantes. Como su- Uma revista muito completa, que motiva as pes-
gestão enfocaria mais as possibilidades de traba- soas à utilizarem software livre, e mostra todos
lhar comercialmente com Software Livre, como os beneficios da sua utilização!
suporte e consultoria. Renato C. N. de Almeida - Votuporanga/SP
Michel Baldasso - Porto Alegre/RS
Uma excelente fonte de informação que deve
Uma boa revista começa com um bom plano edi- ser absorvida ao máximo, vale a pena. Ler não
torial e uma missão definida e é isso que a Revis- é perda de tempo, é um investimento em nossa
ta Espirito Livre faz de melhor, por isso está consciência e conhecimento.
conquistando cada vez mais leitores. Noellen Samara da Silva - Várzea Paulista/SP
José Mário de M. Lemos - Ipojuca/PE
Acompanho a revista desde a Edição de Núme-
É uma revista sensacional, além de ser sobre ro 3, sou fanático pela iniciativa do Software Li-
Software Livre. Nada mais justo do que ser cola- vre, sempre que possível ajudo no incentivo de
borativa. Estão de Parabéns. Ajudo-a divulgan- programas de código aberto e sempre sou eu
do no meu blog e para os meus amigos. que ajudo meus colegas de sala em suas dificul-
Pedro Henrique F. Mendes - Taguatinga/DF dades no sistema Linux. Uso em meu computa-
dor o Big Linux 4.2 e já usei por um bom tempo
Maravilhosa, conteudo atuais e com visual leve, o Ubuntu. Sempre fui usuário de Windows, mas
agradável de ser ler. Conheci a pouco tem a re- agora me "libertei" e agora sou fã e contribuo
vista e estou maravilhado. Estou espelhando o com esse sistema. A revista chegou no momen-
link para muitos amigos meus. Abraços para a to exato, pois minhas principais dúvidas foram
equipe da Revista Espírito Livre. esclarecidas através dela. Valeu!
Jefferson Cleyton Pausen Xavier - Vitória/ES Sitonir de Oliveira Peixoto - Aracoiaba/CE

Excelente. Não deixa nada a desejar em rela- Sua abordagem é interessante, pois utiliza de
ção às revistas tradicionais e conta com a vanta- quadrinhos, breves notícias, ou seja, a galera
gem de ser grátis e digital, possibilitando que eu da Espírito Livre "anda" acertando os gostos do
escolha onde e como lê-la. seu público-alvo, não deixando o leitor entedia-
Edson S. de Souza - Belo Horizonte/MG do ou desinteressado.
Juliett de Medeiros Correia - Gravatá/PE
O que eu acho? Resumindo em três palavras:
Cria, Discute e Informa. Acho que software e cul- Excelente divulgador do espírito do software li-
tura livre nunca foram abordados de forma me- vre, conteúdo entusiástico e numa linguagem
lhor, ela (a Revista Espírito Livre) transmite de convincente.
forma dinâmica e bem estruturada uma realida- João Carlos Pereira Netto - Ilha Solteira/SP
de que finalmente chegou até nós, e continuará
abrindo novas mentes, livre-pensar é só pen- Me sinto cada vez mais livre a cada nova
sar.; ) publicação da revista. Seu conteúdo é
Gabriel J. R. Rafael - Campina Grande/PB impressionante!
Daniel dos Santos Moura - Parnaíba/PI
Perfeita para a difusão do pensamento livre e pa-
ra a educação dos jovens no sentido lato da pala- Uma revista super séria, profissional e que tem
vra "Liberdade". uma excelente interação com seus leitores!
Marcos Sedassari - Poços de Caldas/MG Diogo Freitas - São Paulo/SP

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PROMOÇÕES · RELAÇÃO DE GANHADORES E NOVAS PROMOÇÕES

PROMOÇÕES
Na edição #008 da Revista Espírito Livre tivemos diversas promoções bem como promoções através
de nosso site e canais de relacionamento com os leitores, como o Twitter e o Identi.ca, onde
sorteamos diversos brindes, entre eles associações, kits, cds, inscrições a eventos e camisetas.
Abaixo, segue a lista de ganhadores de cada uma das promoções. Fique ligado!

Ganhadores da Promoção VirtualLink:

1. Sitonir de Oliveira Peixoto - Aracoiaba - CE


2. Juliett de Medeiros Correia Figueirêdo - Gravatá/PE
3. Pedro Henrique Ferreira Mendes - Taguatinga/DF
4. Daniel dos Santos Moura - Parnaíba/PI
5. Gabriel Joseph Ramos Rafael - Campinha Grande/PB

Ganhadores da promoção Clube do Hacker:

1. Michel Baldasso - Porto Alegre/RS


2. Jefferson Cleyton Pausen Xavier - Vitória/ES
3. Hugo Nicodemos Andrade de Brito - Recife/PE

Ganhador da promoção Revista Espírito Livre te leva pra Campus


Party Brasil 2010:

1. Edson Sguizzato de Souza

A promoção continua! A VirtualLink em parceria


com a Revista Espírito Livre estará sorteando kits
de cds e dvds entre os leitores. Basta se inscrever
neste link e começar a torcer!

Não ganhou? Você ainda tem chance! O


Clube do Hacker em parceria com a Revista
Espírito Livre sorteará associações para o
clube. Inscreva-se no link e cruze os dedos!

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COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

Perigo Virtual e Imediato


Por Alexandre Oliva

KimPouss- sxc.hu

No filme “Ameaça Virtual”, os mocinhos


derrotaram o vilão publicando, sem autorização,
mas como contribuição para a humanidade, o
programa de controle de uma rede de satélites
de comunicação já usado para inúmeros ilícitos
e crimes. Na vida real, um juiz no Paraná deci-
diu que é ilícita a publicação de um programa de
comunicação em rede, mesmo com autorização,
porque poderia ser usado para ilícitos. Dura lex,
sed lex? Não, não foi problema de lei dura, mas
de leitura: um jurista tropeçou na interpretação,
mas quem acabou caindo foi o juiz
[http://www.internetlegal.com.br/2009/09/tjpr-de-
cide-que-e-ilicito-o-uso-de-software-p2p-para-
baixar-arquivos-pela-internet/].
É certo que toda possibilidade de comuni-
cação é vista pela indústria fonográfica, que mo-
veu o processo, como ameaça para seu
obsoleto modelo de negócios. Para ela, um pro-

Revista Espírito Livre | Dezembro 2009 | http://revista.espiritolivre.org |13


COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

cia de controle de lojas virtuais, pro-


gramas para reprodução de música e
... o juiz percebeu o ab- filmes e para correio eletrônico, micro-
fones, papel, caneta e qualquer outro
surdo em impedir a livre distri- “sistema que permita ao usuário reali-
zar a seleção da obra ou produção pa-
buição do programa autorizada ra percebê-la em um tempo e lugar
por seu titular, dados seus inú- previamente determinados por quem
formula a demanda” (Lei 9610, art
meros usos ilícitos. Seria como 29/VII). Forçando só um pouquinho,
proibiria o comércio até de facas e
proibir o comércio de facões motosserras, para deleite dos desafe-
tos do suspense no cinema.
para evitar cenas como as de “O juiz errou,” ex-plica o ex-juiz
Psicose, ou motosserras para e ex-terminador Arnold Cæsar
Schwartze Rabbit, “a regra é clara.” A
evitar as do Massacre da Serra lei exige autorização do titular de direi-
to autoral de uma obra para a distri-
Elétrica. buição “da obra mediante tais
sistemas”, não dos sistemas propria-
Alexandre Oliva
mente ditos.
O programa motivo do proces-
grama para receber e transmitir arquivos quais- so, embora permita ao usuário seleci-
quer virou um vilão a ser exterminado do futuro, onar arquivos para baixar, inclusive obras
do presente e, quando a Skynet tomar consciên- autorais, não realiza todo o processo: inúmeros
cia, até do passado. outros sistemas são indispensáveis para que o
Em primeira instância, o juiz percebeu o ab- processo funcione. Além do programa, é neces-
surdo de impedir a livre distribuição do progra- sário um sistema operacional, um sistema com-
ma autorizada por seu titular, dados seus putacional (processador, memória, disco rígido,
inúmeros usos lícitos. Seria como proibir o co- mouse, teclado, tela), um ou mais sistemas de
mércio de facões para evitar cenas como as de telecomunicação (modem, roteadores, cabos,
Psicose, ou de motosserras para evitar as do antenas e satélites), e sistemas reciprocamente
Massacre da Serra Elétrica. equivalentes juntos a alguém disposto a transmi-
tir os arquivos.
Mas os membros da indústria fonográfica,
velozes e furiosos em sua cruzada cons-Pirató- Cada um desses sistemas habilita o usuá-
ria, recorrram e conseguiram uma decisão apoia- rio a realizar a seleção da obra, a recebê-la e a
da em argumento tão torto e amplo que, caso se percebê-la, portanto a distribuição de cada um
sustentasse, representaria um perigo real e ime- deles seria proibida se aplicado o mesmo argu-
diato para todos. Tornaria igualmente ilícita a dis- mento, não importando os usos lícitos. De fato,
tribuição ou comercialização de satélites e um sistema operacional típico demonstrou ser
antenas de comunicação, modems, telefones, vi- suficiente, no computador usado para comparti-
deocassetes, câmeras, computadores em geral, lhamento de obras descoberto há algum tempo
sistemas operacionais, servidores e programas no Senado Federal brasileiro. Vários desses sis-
de navegação na Internet, programas para gerên- temas oferecem até a previsibilidade estabeleci-

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COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

da em lei, ao contrário do progra-


ma de recepção P2P em ques-
tão, em que “quem formula a
O microfone do karaoke po-
demanda” não tem possibilidade
alguma de determinar previamen-
de ser usado para amplificar a exe-
te o tempo em que poderá perce- cução de uma canção sem autori-
ber a obra, se é que a receberá.
Previsibilidade suficiente pa- zação, assim como para incitar a
ra se enquadrar nos ditames da
lei oferecem sistemas como vide-
violência, mas nem por isso seu
ocassetes, reprodutores
DVDs, programa de computador
de comércio seria proibido.
para reprodução de áudio e ví- Alexandre Oliva
deo, até mesmo aqueles presen-
tes em câmeras fotográficas e de
vídeo. Segundo o argumento que apoiou a deci- gramas de correio eletrônico, e como o correio
são, caso possam ser usados para permitir ao convencional seria alternativa viável, adeus lá-
usuário escolher onde e quando assistir a uma pis, papel, caneta e envelope. O recurso de utili-
obra qualquer, sem autorização de seu titular, zar para seleção de obras marcas feitas a faca
seu comércio deve ser proibido. em muros previamente combinados, ou com mo-
tosserras em árvores, levaria à proibição de fa-
Mas o trecho da lei que apoiou a decisão,
cas, muros, motosserras e árvores... Absurdo,
se lido da forma distorcida que norteou a deci-
não?
são, proibiria qualquer sistema que permitisse a
mera seleção de obras para apreciação em hora
e local determinados, ainda que as obras não fos- Baixaria
sem percebidas ou distribuídas através do siste-
ma. O microfone do karaoke pode ser usado Outro argumento estranho acatado pelo
para amplificar a execução de uma canção sem juiz foi de que o download, isto é, a recepção de
autorização, assim como para incitar à violência, cópia de uma obra, pode ser infração de direito
mas nem por isso seu comércio seria proibido. autoral. Não há menção na lei de direito autoral
Mas, pela leitura proposta, deveria ser, porque al- à necessidade de autorização para receber cópi-
guém poderia, através dele, solicitar a execução as, e é assim que deve ser. Não fosse, imagine
pública não autorizada de uma obra. receber, pelo correio convencional ou eletrônico,
de remetente não identificado, cópias de obras
Pelo mesmo argumento, como alguém po- autorais para, em seguida, receber do titular da
deria oferecer um sistema de venda de cópias obra oferta de acordo oneroso de licenciamento
não autorizadas de obras autorais através de te- da obra, acompanhado de ameaça de processo
lefone, teria de ser proibida a venda de telefo- judicial caso você não o aceitasse.
nes. Como se poderia efetuar a seleção através
de loja virtual, em que programas de gerência Seria um modelo de negócios extremamen-
de loja, servidores de páginas de Internet e nave- te lucrativo para titulares de direitos autorais
gadores cumpririam papéis essenciais para pos- inescrupulosos, se encontrasse respaldo na lei.
sibilitar a seleção, cada um deles teria de ser É falacioso e perigosíssimo argumentar que es-
proibido. Já que a seleção poderia ser feita atra- se modelo se torna viável pelo simples fato de a
vés de correio eletrônico, seriam banidos os pro- recepção das obras se dar através da Internet,
por e-mail ou por acesso a páginas.

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COLUNA · ALEXANDRE OLIVA

Acessar páginas na Internet, seguir enla- e jurisprudência considerem obras e invenções


ces enviados por outros, abrir e-mails, tudo isso como propriedade, justificando assim toda sorte
envolve receber não só o texto da página ou da de abusos, restrições, impedimentos e exten-
mensagem, mas imagens, sons, audiovisuais e sões de prazos, que roubam da sociedade os
programas de computador que as páginas conte- benefícios que levaram à concessão de privilégi-
nham, muitas vezes por referência, de tal forma os monopolistas como o direito autoral. “Meter a
que se efetuam downloads adicionais sem inter- mão, não pode! A regra é clara, o juiz deve inter-
venção do usuário. Quando se segue um enla- romper o lance!”
ce, não se sabe de antemão se sua visualização
envolve receber obras então distribuídas por ter-
ceiros, que talvez não tenham as permissões ne- Final dramático
cessárias para a transmissão. Não faz sentido Há juízes que não percebem essa tentati-
punir o receptor que não tem como saber de an- va de distorção das leis e acabam agindo com
temão nem quais obras vai receber, muito me- base numa visão parcial, incompatível com a im-
nos como verificar se o transmissor tem todas parcialidade que se exige de sua profissão. “Lei
as permissões necessárias para efetuar a trans- da vantagem não quer dizer dar vantagem para
missão. “A regra é clara, não cabe penalidade", um dos times!”, comenta revoltado Walter Casa-
intervém novamente Arnold Cæsar Schwartze Monstro. Com o gol que deveria ter sido anula-
Rabbit, “impedimento não se aplica quando do, o placar ficou injusto e assim o jogo vai se
quem recebe está no campo de defesa.” arrastando para a prorrogação, num final dra-
mááático, para desespero de toda a nossa torci-
da.
Impropriedade
Mas torcida e regulamento estão a nosso
Acata também o juiz a falsa noção de que favor, aqui e no mundo inteiro. Ameaça virtual,
direito autoral se trata de propriedade sobre a perigo real e imediato, só se o juiz estivesse jo-
obra, e que portanto necessita ser protegido a gando para os adversários, cada vez mais velo-
mando da Constituição Federal Brasileira. Não zes e mais furiosos. Esperamos que não, que
há respaldo na lei para tal presunção. Ao contrá- ele só tenha se enganado, já que o jogo é difícil
rio, não há uma menção sequer a termos como e a pressão é grande. Vamos torcer para que
proprietário ou dono na lei de direito autoral. Há não cometa o mesmo erro de novo.
as figuras de autor e de titular dos direitos patri-
moniais, mas se entende, desde as origens do di- Bem, amigos, vamos chegando ao final do
reito autoral, que obras autorais pertencem à tempo regulamentar... Assista em breve aos me-
sociedade, que, a fim de incentivar sua publica- lhores momentos. Voltaremos com novos lances
ção, concede aos autores o privilégio de um po- logo após as cerimônias de encerramento, adici-
der temporário de exclusão de certos tipos de onando ao brilho dos fogos de artifício o desejo
usos da obra. O direito autoral patrimonial é um e a esperança de que o futuro traga paz, saúde,
bem artificial, apropriável e perecível, que estabe- sucesso e justiça!
lece amarras limitadas e temporárias nas obras
autorais, estas bens sociais, públicos e potencial- ALEXANDRE OLIVA é conselheiro da
Fundação Software Livre América Latina,
mente perenes. mantenedor do Linux-libre, evangelizador
do Movimento Software Livre e engenheiro
Há uma campanha internacional iniciada de compiladores na Red Hat Brasil.
há poucas décadas para distorcer leis de direito Graduado na Unicamp em Engenharia de
autoral e outras que em quase nada se asseme- Computação e Mestrado em Ciências da
Computação.
lham, para que opinião pública, leis, constituição

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Por Carlisson Galdino

Sysatom é uma empresa de tecnologia


renomada da metrópole bahiana de Stringtown.
Devido a um infeliz acidente com um projeto de
vírus biológico – o ationvir -, toda a equipe, ao
invés de morrer ou qualquer coisa do tipo,
adquire super-poderes.
Episódio 03 No capítulo anterior, a equipe da Sysatom
constrói uma nova base em cima das ruínas da
Cronogramas empresa. Uma base usando placas de aço e
arame, afinal, os três homens remanescentes se
tornaram brutamontes. Pandora e Darrell, que
fugiram ao ouvir histórias sobre dominação
mundial, se aproximam para tentar descobrir o
que está havendo.

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Por uma discreta fresta eles observam Valdid, Tungstênio: Claro! Temos que estabelecer
num canto, pensativo e tagarela. metas, criar um cronograma de ação e mandar
ver! Vamos nos reunir todos os dias nessa hora
pra discutir como anda nosso projeto.
Minotaur: Já sei, vou me chamar Gnú! Afinal,
melhor ser gnú do que um boi, né véi? É, vou Seamonkey: Que saco!
ser o Gnú agora!
Tungstênio: Temos que encontrar os dois
Ele se levanta e caminha até o restante do anônimos pra ver se eles vâo fazer parte da
grupo. equipe. Se não forem, teremos que lidar com
eles.
Gnú: Chefe! Eu agora me chamo Gnú! Não me
chamo mais Minotaur! Gnú: O Darrell e a Pandora?

Tungstênio: Tudo bem, se prefere assim. Tungstênio: Claro, e quem mais seria? O Lula
Vamos aproveitar e nos reunir. Pessoal! Ele e a Xuxa é que não!
agora é Gnú!
Seamonkey: Peraí! Como assim lidar com eles?
Seamonkey se aproxima, do outro lado e o
chefe se volta para ela. Tungstênio se aproxima de Seamonkey a
encarando dessa vez sério.
Tungstênio: E então, Seamonkey? Como foi o
resultado dos testes de infectabilidade do Tungstênio: Não podemos aceitar obstáculos
ationvir? aos nossos planos.

Seamonkey: Quantas vezes eu tenho que dizer


que não temos droga de equipamento Enquanto isso, do lado de fora...
nenhum!? Como quer que eu faça teste de
contágio? Quer que eu tussa nele? Injete Darrell: É o que eu temia. O poder realmente
sangue meu nele? Quer que eu transe com ele enlouqueceu nossos antigos colegas.
ou o quê!?
Pandora: É, Bem, parece... E aí? Que a gente
Tungstênio: Se for preciso... faz?

Seamonkey: Ah, vai tomar vai! Darrell: Vamos sair daqui. Não é mais seguro.
Temos que pensar bem em como podemos agir.
Tungstênio: Seamonkey, nós temos que
cumprir com um cronograma! Pandora: Mas não era melhor a gente ficar
mais pra descobrir o plano deles?
Seamonkey: Qual?
Darrell: Até parece que você não conhece o
Tungstênio: Do projeto de Dominação Mundial! Oliver... Ouviu não? Uma reunião por dia...
Cronograma e não sei o que mais... Eles não
Seamonkey: De novo essa história!? vão sair do canto em menos de uma semana!

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COLUNA · CÁRLISSON GALDINO

Pandora: Mas Bem, ó... Gnú: Mas Tungstênio? Como é que somos uma
empresa de tecnologia que nem tem mais
Darrell: Além do mais, vão escrever tudo pelas computador!? Assim fica difícil...
paredes. Daqui a uns dias a gente vem aqui de
novo. Montanha: Verdade. Precisamos de umas
máquinas...
Pandora: Está bem, bora lá.
Tungstênio: Vamos dar um jeito de
providenciar isso.
Mas lá dentro da Sysatom a discussão
prossegue. Seamonkey: Como os marmanjos planejam
usar? Com mãos de pedra, de ferro e de boi?
Tungstênio: Montanha, quero que você
prossiga com os testes de infectabilidade. Montanha: Mais respeito, ô mulher-cuspe!

Montanha: Claro, chefe. Vai deixar com uma Tungstênio: Parem os dois! Vamos dar um jeito
mulher essas coisas, dá nisso. Deixa que eu nisso.
cuido.
Gnú: É bom! Senão como é que vou ver as
Tungstênio: Muito bem. tirinhas do nerdson?

Seamonkey: Muito espertinhos os marmanjos...


E como vão fazer cronogramas e essas coisas
se tá tudo destruído?

Montanha caminha um pouco e levanta do chão


um prego grosso de 30 centímetro. Caminha até
uma das paredes metálicas e escreve usando o
prego como giz: “SATAV”. Seamonkey parece CARLISSON GALDINO é Bacharel em
não ter entendido então ele fala. Ciência da Computação e pós-graduado
em Produção de Software com Ênfase
em Software Livre. Já manteve projetos
Montanha: SysAtom Technology AtionVir, dã! como IaraJS, Enciclopédia Omega e
Losango. Hoje mantém pequenos
projetos em seu blog Cyaneus. Membro
Tungstênio: É bom ver que pelo menos alguém da Academia Arapiraquense de Letras e
do grupo tem iniciativa. Artes, é autor do Cordel do Software
Livre e do Cordel do BrOffice.

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COLUNA · CEZAR TAURION

nokia.com
Smartphones
Por Cezar Taurion

Este ano participei de vári- basicos em qualquer celular. E aplicativos, o Android Market
os eventos de Open Source. E nem me atrevo a dizer o que se- (http://www.android.com/mar-
na imensa maioria deles, nas rá o smartphone de 2019... ket/). O Maemo (http://mae-
conversas de cafézinho, surgia O que roda nestes disposi- mo.nokia.com/), sucessor mais
a clássica pergunta: “voce tivos? Já está claro que as pla- sofisticado do Symbian tam-
acha que um dia o Linux vai taformas Open Source bém é um sistema Linux-ba-
substituir o Windows nos dominam este cenário. An- sed. Por sua vez, pelo menos
PCs?”. Para mim esta é uma droid, Maemo, Symbian (se tor- nos próximos anos, o Symbi-
questão de pouca importância. nando Open Source, sob an, deve continuar liderando o
Os PCs fazem parte de uma fa- licença Eclipse Public Licence mercado, mas agora sob o mo-
se da evolução da TI e deve- agora em 2010) e outros sabo- delo Open Source
mos prestar atenção no que res de Linux já estão próximos (http://www.symbian.org/).
está vindo aí. Não no retrovisor. de deter 60% do mercado. Os Este movimento em dire-
E o que vem por aí? Com- sistemas proprietários RIM ção à Open Source deve mu-
putação em Nuvem e os (BlackBerry OS) e Apple ficam dar bastante as regras do jogo
smartphones! Vamos começar com cerca de 30% e o Win- no cenário de smartphones.
pelos smartphones. Estes dispo- dows Mobile com a pequena Primeiro, a ativa participação
sitivos ainda são menos de parcela de 10%. de comunidades de desenvol-
20% dos celulares fabricados vedores e o fato de não ser
no mundo, mas em pouco O Android, na minha opi-
nião será o “flavor” Linux mais mais necessário pagar-se por
mais de cinco anos já serão a royalties, como no modelo ado-
maioria. São verdadeiros e po- consistente destes dispositi-
vos. Já está sendo adotado tado pelo Windows Mobile, de-
derosos computadores, e es- ve acelerar o ciclo de
tão evoluindo muito por diversos fabricantes como
Motorola, Samsung, SonyErics- inovações e lançamentos de
rapidamente. Há dez anos o novos modelos. O valor comer-
iPhone era futurologia. Daqui a son, LG e HTC, e possui um ca-
tálogo com milhares de cial de sistemas operacionais
dez anos seus recursos serão

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COLUNA · CEZAR TAURION

para computação móvel vai ser Chrome e suas aplicações. cesso do Google será a aceita-
cair bastante. Isto vai afetar O Google afirmou que seu códi- ção do modelo de computação
em muito a Microsoft, que tem go será Open Source e eu acre- em nuvem. Este modelo com-
seu modelo de negócios neste dito que será baseado na putacional vai se consolidar
cenário baseado na venda de li- licença GPLv2. Usando o ker- nos próximos anos e muitas
cenças e royalties. Algumas es- nel do Linux, o Chrome aprovei- das atuais limitações e restri-
timativas apontam que os ta todo o desenvolvimento já ções serão minimizadas ou até
royalties do Windows Mobile si- feito em drivers e a sua imensa mesmo eliminadas.
tuam-se entre 15 e 25 dólares comunidade de desenvolvedo- Portanto, voltando a per-
por unidade vendida. Na mi- res. gunta inicial, na minha opinião,
nha opinião, o Windows Mobile O Chrome OS será inicial- em menos de dez anos, o mer-
vai ser relegado a nichos de mente centrado nos netbooks, cado de dispositivos de acesso
mercado, ficando espremido en- um mercado que cresce a ca- à Internet (que será basicamen-
tre a forte e crescente presen- da dia. Os netbooks são máqui- te constituído por smartphones
ça de sistemas Linux-based de nas voltadas a operarem em e netbooks) estará sendo domi-
um lado, e por alguns sistemas nuvens computacionais. Uma nado pelo modelo de Computa-
proprietários, como o da Apple parcela significativa da base ins- ção em Nuvem, Open Source
e seu iPhone, de outro. talada de netbooks já roda Li- e sistemas Linux-based. O ci-
Mas, o cenário da compu- nux e este numero deve clo atual, dominado pelo PC e
tação nos dispositivos “cliente” aumentar à medida que mais e o Windows será cada vez me-
ainda vai mudar mais. Há pou- mais destas máquinas equipa- nos importante. Será visto pelo
cos meses o Google anunciou das com processadores ARM espelho retrovisor...
um novo sistema operacional entrarem no mercado.
para PCs e netbooks, open O que o Chrome nos sina-
source, baseado no kernel do liza? Que nos próximos anos
Linux, chamado de Chrome assistiremos a uma batalha inte- Para mais informações:
OS. Este sistema deve, em prin- ressante pelo mercado de PCs
cípio, estar disponivel a partir Site Symbian
e netbooks, quando dois mode- http://www.symbian.org
do segundo semestre do ano los de negócio diferentes esta-
que vem. rão em choque. O modelo Site Maemo
O Chrome OS colide dire- tradicional, como o da Micro- http://maemo.nokia.com
tamente com o modelo estabe- soft, e o do Google. A rede de
lecido da indústria de sistemas valor do Google é baseado na Site Android
operacionais para PCs, domina- economia do grátis, onde o http://www.android.com/market
do hoje pela Microsoft com seu software é meio para vender
Windows. O Chrome OS é ori- mais anúncios. Os exemplos es-
entado ao modelo de computa- tão se encaixando: o Chrome
ção em nuvem e na verdade OS, o browser Chrome, o Goo-
sua arquitetura, baseado nas gle Gears, Google Apps e o Go-
CEZAR TAURION é
poucas informações disponí- ogle AppEngine. Esta rede de Gerente de Novas
veis, me parece o browser Chro- valor é diferente do modelo da Tecnologias da IBM
Brasil.
me rodando um sistema de Microsoft, que obtém sua recei- Seu blog está
janelas em cima de um kernel ta exatamente da venda de li- disponível em
www.ibm.com/develo
Linux. Ou seja, o Chrome OS cenças de seus softwares. perworks/blogs/page/
é uma plataforma para o brow- Um ponto chave para o su- ctaurion

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COLUNA · ROBERTO SALOMON

Com o Espírito Livre


Por Roberto Salomon
Duffy Duck - sxc.hu

Participar de redes soci- João Fernando que, coitado,


ais é algo que fazemos tão na- se vê obrigado a me lembrar
turalmente que nem de colaborar com ele também.
percebemos. Esta revista, por João, prometo colocar na mi-
exemplo. Querem exemplo mai- nha lista de resoluções de ano
or de rede que esta edição que novo, bem antes daquela em
vocês agora leem? Conse- que me comprometo a entrar
guem imaginar o que é fazer de dieta, o item: lembrar do
com que um monte de gente João Fernando!
sente para escrever, cada um É claro que apenas a co-
o seu pedaço, e ter como resul- laboração voluntária não sus-
tado uma revista como esta? tenta um projeto como a
Não é fácil. Na verdade, é algo Espírito Livre. Nem tampouco
próximo a pastorear abelhas. um projeto de Software Livre.
Com tanta coisa para fa- Todos compreendemos a im-
zer, colaborando em outros pro- portância dos projetos com os
jetos, sempre me esqueço de quais colaboramos mas pou-
mandar o meu texto para o cos de nós se dispõem a dar

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COLUNA · ROBERTO SALOMON

líderes reconhecem e aceitam


o seu papel na comunidade.
Todos compreendemos a Estas são as comunidades sau-
dáveis, onde a colaboração
importância dos projetos com os acontece com maior fluidez e
onde os membros da comuni-
quais colaboramos mas poucos dade têm a oportunidade de se-
de nós se dispõem a dar aquele rem reconhecidos por seu
papel na comunidade.
passo a mais e colaborar também Onde há colaboração ver-
dadeira e espontânea, desen-
na administração destes projetos. volve-se a principal
característica das suas lideran-
Cheguei a conclusão que é ças: o Espírito Livre.
preciso um tipo especial de Boas festas.

pessoa...
Para mais informações:
Roberto Salomon
Blog do Roberto Salomon:
http://rfsalomon.blogspot.com
aquele passo a mais e colabo- liderança deste colaborador é
rar também na administração reconhecida pela comunidade Artigo na Wikipédia sobre
destes projetos. Cheguei à con- que a ele delega cada vez Software Livre
clusão que é preciso um tipo es- mais capacidade de representa- http://pt.wikipedia.org/wiki/Software_li
pecial de pessoa: um ção sem, no entanto, abrir mão vre
empreendedor que reconheça da sua capacidade de decisão.
o valor da comunidade e do al- Este colaborador especi-
cance social do projeto. al, lidera sabendo que amanhã
Infelizmente, este tipo de uma nova liderança virá. Um no-
empreendedor não se encon- vo colaborador se destacará e
tra em abundância no merca- a comunidade reconhecerá nes-
do. Chamo esta figura de ta pessoa uma nova liderança.
empreendedor social. É um ti- Esta aparente fragilidade das li-
po especial de colaborador deranças em comunidades de
que permite que o projeto cres- Software Livre me parece ser,
ça sem sufocá-lo. Alguém que na verdade, uma grande força.
sabe liderar e não apenas diri- A liderança existe porque há co-
ROBERTO
gir e que, via de regra, nasceu laboração e não imposição. Pro- SALOMON é
dentro da própria comunidade. jetos onde os lideres se arquiteto de software
na IBM e voluntário
Isto distingue o empreendedor apegam ao aparente poder ten- do projeto
tradicional deste empreende- dem a ser "forqueadas" (ou se- BrOffice.org.
dor social que coordena proje- ria "forcadas"?) com maior
tos ligados a Software Livre. A frequência que outras onde os

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CAPA · ENTREVISTA COM VICENTE AGUIAR

Entrevista com
Vicente Aguiar,
da equipe de
desenvolvimento
do Noosfero

Por Andressa Martins

Vicente Aguiar é Bacharel e Mestre em Ad-


ministração pela Escola de Administração da
UFBA[1]. Sócio-fundador e gestor da COLIVRE,
atua nas áreas de Comunicação, Planejamento
Estratégico, elaboração e gestão de Projetos.
Organizador e oo-autor do livro "Software Livre,
Cultura Hacker e Ecossistema da Colaboração.
Nos momentos livres, além de bodyboarder, é
colaborador do Projeto GNOME Brasil[2], Proje-
to Software Livre Bahia (PSL-Ba)[3] e da Rede
EcoSoLivre[4].

Revista Espírito Livre: Olá Vicente, con-


te para nós o que é o Noosfero?
Vicente Aguiar: O Noosfero é uma platafor-
ma web livre para redes sociais que possui as
funcionalidades de Blog, e-Portfolios, RSS, dis-
cussão temática e agenda de eventos num mes-
mo sistema! O Noosfero utiliza a linguagem de
programação Ruby[5] com framework Rails[6]
e, portanto, suporta bancos de dados, Post-
greSQL, MySQL, SQLite entre outro [7].

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CAPA · ENTREVISTA COM VICENTE AGUIAR

VA: Surgiu a 3 anos, a partir da demanda


de desenvolvimento do Forúm Brasileiro de Eco-
nomia Solidária[9], que na época gostaria de arti-
cular os mais de 20 mil empreendimentos de
economia solidária mapeados no país. Ganha-
ram um recurso da Secretaria Nacional de Eco-
nomia Solidária ligada ao Ministério do Trabalho
e utilizaram parte desse recurso para desenvol-
ver o Noosfero.

REL: E quando foi lançado oficialmente


o Noosfero?
VA: Foi lançamento em 29 de maio deste, du-
rante o Festival de Software Livre (SL) da Bahia e
do III Encontro Nordestino de Software Livre. O Ci-
randas.net pode ser considerado um conjunto de
ferramentas que visa facilitar a comunicação, a in-
teração e a divulgação de práticas de Economia
Figura 1 - Vicente Aguiar Solidária através da internet.

REL: E quais são as características


mais marcantes na plataforma como rede so- REL: E a ideia na plataforma é que cada
cial? comunidade seja uma Página Web para es-
VA: Além das características básicas de re- ses empreendimentos?
de social, ele possui CMS: artigos, RSS, publica- VA: Mais ou menos. Além do perfil de co-
ção de imagens; Blog com sistema de munidade e usuário que todas as redes tem, o
notificação de comentários; e-Portfolios (individu- Noosfero possui o perfil empreendimento, com
ais e de grupos); Agenda de eventos compartilha- funcionalidades específicas como a vitrine digi-
das e Vitrine Digital para exposição de produtos tal de produtos e serviços Todos esses perfis
e serviços. Por isso, podemos dizer que o foco tem um CMS e podem ter um layout específico
do Noosfero é produção de conteúdo de forma para se tonar um site. Contudo, só os empreen-
colaborativa. dientos tem funcionalidades comerciais e econô-
micas. Por isso, além de uma dimensão de rede
social, o Noosfero está sendo desenvolvido para
REL: Qual o Significado do Nome Noos- ser uma rede econômica também.
fero?
VA: Assim como existe a “Geosfera”, “Estra-
tosfera”, agora existe também a Noosfera[8] que
significa “Esfera do Conhecimento”... "Noosfero"
é a tradução de Noosfera em Esperanto. :-)

REL: Quando se deu início ao desenvol-


vimento do Software?
Figura 2 - Elementais juntos

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CAPA · ENTREVISTA COM VICENTE AGUIAR

REL: Quais são as funci-


onalidades de Rede Economi-
ca que estão em
desenvolvimento?
VA: Temos em nossa lis-
ta de prioridades o "Farejador
de Oportunidades" que possibi-
lita encontrar oportunidades
de oferta e oportuniddes de de-
manda. A adequação ao Co-
mércio Justo e Solidário onde
o empreendimento poder mos-
trar como o preço de seu pro- Figura 3 - Ciclo de desenvolvimento
duto ou serviço foi calculado e desenvolvimento do projeto?
há a capacidade de associar todos os insumos
VA: Em um grande projeto como esse, arti-
e matérias-primas a cada produto ou serviço do
cular todas as demandas e interessas das insti-
empreendimento solidário, podendo indicar tam-
tuições financiadoras no desenvolvimento de
bém se esta matéria-prima vem de outros empre-
um mesmo software livre tem sido uma um desa-
endimentos solidários ou do mercado
fio e tanto. Afinal, todo mundo quer uma coisa
convencional. Existem também a possibilidade
especícifa e definir algo padrão no meio de tan-
de categorizar os produtos e serviços da econo-
ta demanda é algo muito desafiador. Contudo,
mia solidária com qualificadores, como por exem-
esse é o desafio do nosso modelo de negócios
plo: orgânicos, quilombolas, agroecológicos,
em Software Livre.
artesanal, etc.

REL: E todos os parceiros/financiado-


REL: Atualmente a principal funcionali-
res vêem usando ativamente?
dade econômica do Noosfero é a vitrine digi-
tal de produtos e serviços. Como foi o VA: Sim, ativamente...
processo de desenvolvimento?
VA: O software foi desenvolvido pela Coli- REL: E como eu posso usar, instalar e
vre[10], mas é importante frisar que foi finanacia- ajudar no desenvolvimento?
do pelo Ministério do Trabalho e Emprego[11] e
Fórum Brasileiro de Economia Solidária, pela VA: É software livre... qualquer um pode
Fundação Ynternet.org Foundation[12]: uma fun-
dação suíça sem fins lucrativos dedicada à pro-
moção da e Cultura e atualmente a Associação
de Software Livre[13] e Instituto Paulo Frei-
re[14]. Para construí-lo, adotamos um ciclo de
desenvolvimento, que teve como base o ciclo de
Devel do Projeto GNOME, que pode ser visuali-
zado na figura 3.

REL: Quais são os maiores desafios no


Figura 4 - Noosfero sendo usado no espaço CIRANDAS

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CAPA · ENTREVISTA COM VICENTE AGUIAR

acessar o site[15] baixar, instalar, usar e contri- Maiores informações:


buir com o desenvolvimento... e isso já está acon-
[1] Site pessoal de Vicente Aguiar:
tecendo. O noosfero hoje é traduzido em 9
http://imagination.sourceforge.net/
idiomas, dentre eles Armeno e Búlgaro. A tradu-
ção pode ser feita na web de forma colaborativa
[2] Projeto Gnome Brasil:
através do endereço: http://pootle.colivre.co-
http://br.gnome.org/
op.br/projects/noosfero.
[3] Projeto Software Livre Bahia
REL: O Noosfero está sendo usado na re- http://psl-ba.softwarelivre.org/
de social do site Software Livre Brasil. Como
aconteceu essa parceria? [4] Site da Rede EcoSoLivre
http://ecosol.softwarelivre.org/

[5] Ruby:
http://www.ruby-lang.org

[6] Ruby on Rails:


http://rubyonrails.org/

[7] Suporte para Bancos de dados:


http://wiki.rubyonrails.org/rails/pages/DatabaseDrivers

[8] Artigo na Wikipedia sobre a Noofera:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Noosfera

[9] Fórum Brasileiro de Economia Solidária:


http://www.fbes.org.br/
Figura 5 - Noosfero sendo usado no site SoftwareLivre.org

[10] Site COLIVRE:


VA: A ASL, atualmente, é uma grande par- http://www.colivre.coop.br/
ceira do projeto e foi a última organização que
fez parte da rede de financiadores, contudo, ela [11] Ministério do Trabalho e Emprego:
foi a maior divulgadora para comunidade de http://www.mte.gov.br/
software livre. Todos que quizerem podem fazer
parte da rede podem acessar http://softwareli- [12] Fundação Ynternet.org Foundation:
vre.org, lá você encontra comunidades e perfis http://www.ynternet.org
de usuários ligados aos projetos de software li-
vre e temas relacionados. [13] Associação Software Livre:
http://associacao.softwarelivre.org/

[14] Instituto Paulo Freire:


http://www.paulofreire.org

[15] Tradução do Noosfero:


http://pootle.colivre.coop.br/projects/noosfero/

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CAPA · 10 CUIDADOS QUE DEVEMOS TOMAR EM REDES SOCIAIS

10 cuidados que devemos


tomar em redes sociais
Por Jomar Silva
B S K - sxc.hu

Vou fugir um pouco do outras pessoas cometendo e nião em um fórum qualquer ou,
meu temário usual aqui na revis- consegui assim escapar de bo- fazer um comentário em algum
ta, para escrever um pouco so- as enrascadas na rede. Com blog, tomamos esta decisão
bre algumas lições que aprendi base nesta minha experiência, com base no nosso fígado e
nos últimos anos participando eu gostaria de deixar alguns não com base em nosso discer-
de redes sociais e tratando ne- conselhos a vocês (vai que al- nimento. Isso normalmente
las de temas um tanto quanto guém por aí se anima de enfren- ocorre quando lemos alguma
complicados. tar online algumas batalhas coisa que nos irrita ou incomo-
Quem me acompanha onli- semelhantes às que eu tenho da profundamente e a dica que
ne, sabe que eu tenho uma ver- enfrentado). deixo, como um estressado
dadeira compulsão por confesso, é a seguinte: Antes
escrever e adoro um bom deba- de enviar o que você escreveu
1. Você publica informações no momento dos nervos à flor
te, e quando apareceu o Twit- nas redes com muita facilida-
ter então, a coisa só piorou da pele, vá tomar um copo
de, mas é quase impossível d'agua e dar uma volta. Quan-
ainda mais. Depois de alguns removê-las
anos vivendo esta vida meio pú- do voltar, se ainda concordar
Muitas vezes quando va- com tudo o que escreveu, po-
blica e meio privada, eu acabei mos escrever alguma coisa em
aprendendo com erros que vi de enviar.
redes sociais, dar nossa opi-

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CAPA · 10 CUIDADOS QUE DEVEMOS TOMAR EM REDES SOCIAIS

Já vi muitas vezes pesso-


as perderem a cabeça em re-
des sociais e depois passarem
semanas ou meses tentando
...a utilização do Twitter
corrigir a bobagem que fize- permite que uma mensagem seja
ram. Em muitos casos, a remo-
ção da besteira escrita é replicada por milhares de pessoas
impossível, tal como conter a
disseminação dela. em alguns segundos...
Com a utilização do Twitter Jomar Silva
então, este problema fica ainda
mais complicado, pois a caracte-
rística viral da ferramenta permi- o texto. Por outro lado é triste fora” por escrito, a coisa fica
te que uma mensagem seja ver que dois anos depois da publi- mais chata ainda (e se você en-
replicada por milhares de pesso- cação inicial, os problemas que tendeu de verdade a dica núme-
as em alguns segundos, e como eu relatei por lá ainda estão to- ro 1, sabe a abrangência disso).
você vai fazer para convencer to- dos aí. Essa dica ganha maior im-
do mundo a remover a informa-
Existem ainda os casos de portância quando estamos falan-
ção? Além disso, os tentadores
publicações e comentários que do de assuntos complexos e
140 caracteres acabam sendo
acabam se voltando contra polêmicos, principalmente aque-
ideais para “aquele” desabafo cur-
quem os escreveu e este é o ti- les que envolvem um conheci-
to e grosso.
po de caso comum quando se tra- mento prévio do histórico da
Não se esqueça que um ta de assuntos polêmicos. Por discussão em curso. É muito co-
dia seus filhos podem ler o que isso, antes de entrar em um deba- mum ver em blogs e listas de dis-
você escreveu (se é que já não te animado destes, preste aten- cussão as pessoas escrevendo
o fazem)! ção na minha próxima coisas que já foram escritas e
recomendação. discutidas e isso acaba deixan-
do a impressão de que você “pe-
2. O que você publica hoje, gou o ônibus lotado e quer
pode voltar para você (ou 3. Na dúvida, não se manifes- sentar na janelinha de qualquer
contra você) daqui há alguns te! A sua reputação é você jeito”.
anos quem constrói
Eu acho super engraçado Em diversas oportunida- Lembre-se que se abster
quando descubro que um texto de já vi gente importante per- de comentar alguma coisa em
que eu escrevi há dois anos dendo a credibilidade por uma discussão ou fórum não sig-
atrás ainda é comentado e discu- querer aproveitar o momento e nifica que você não entenda do
tido até hoje. Existe um em espe- fazer um comentário inteligen- assunto ou que discorda ou con-
cial, sobre a qualidade dos te sobre algum assunto que corda com o que foi colocado.
serviços de telecomunicações não conhece de verdade. Isso Significa apenas que você não
do Brasil, o qual publiquei em é algo muito comum no nosso quer ou não tem nada a dizer
2007 no meu blog, e de tempos dia-a-dia, em rodas de bate pa- que agregue valor á discussão,
em tempos é resgatado por al- po e nesses casos, na pior das hi- e isso não é uma coisa ruim (em
guém em alguma lista por aí. En- póteses, a “bola fora” vira uma grupos onde as pessoas já se co-
tão começo a receber inúmeros piada e todo mundo dá uma gar- nhecem e pensam parecido isso
comentários, no meu blog, sobre galhada. Quando damos a “bola é muito comum).

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CAPA · 10 CUIDADOS QUE DEVEMOS TOMAR EM REDES SOCIAIS

4. Aprenda a ouvir (e no ca- ras das pessoas que estão por la fora”, entrei em contato com
so da rede, a ler) ali debatendo. o blogueiro e o avisei que ele
Esta foi a lição mais difícil havia escrito uma série de coi-
que tive que aprender em toda sas que não condiziam com a
a minha vida, e confesso que 5. Saiba reconhecer um erro, realidade e que ele não conhe-
hoje ela é a lição que conside- e se desculpar cia a pessoa sobre a qual esta-
ro mais importante. Quem me Errar é humano e é impor- va escrevendo (aliás, a
conhece sabe que eu sou mui- tante saber reconhecer que er- próxima dica é baseada nisso).
to intempestivo e por isso, faço rou, e de alguma forma tentar
se desculpar, ainda que a retra- Ele então se retratou no
um esforço enorme para segu- próprio blog. Na verdade de for-
rar minha irresistível vontade tação quase nunca tenha a
mesma divulgação que o erro ma muito tímida, nos comentá-
de sair escrevendo ou falando rios, mas isso já foi o suficiente
(e esta regra vale também pa- cometido.
para que meu amigo entrasse
ra contatos ao vivo, e principal- Um dos casos mais inte- em contato com ele e lhe mos-
mente reuniões de trabalho). ressantes que acompanhei trasse que havia cometido
Em diversas ocasiões, ao nos últimos anos, foi um ata- uma injustiça.
me segurar e ouvir ou ler com que pessoal feito por um blo-
atenção, acabei descobrindo gueiro a um amigo meu, que
que mais gente pensava como por acaso tem o mesmo sobre- 6. Evite sempre fazer ata-
eu ou que eu havia interpreta- nome de um famoso político ques pessoais e se os fizer,
do de forma equivocada o que paulista, mas não tem nenhum esteja preparado para as con-
tinha sido escrito ou dito. Sem- parentesco com ele e é uma sequências
pre é mais fácil defender uma pessoa que pode ser considera- A coisa mais difícil que
posição quando alguém já a da quase a antítese do tal políti- existe hoje em dia é diferenciar
apresentou antes, e isso não co. as pessoas das empresas ou
deve ser considerado como “co- O blogueiro escreveu organizações às quais elas es-
vardia”. Se após uma rodada uma série de besteiras sobre tão associadas. É difícil, mas é
inicial de comentários ninguém uma entrevista que este amigo estritamente necessário no
apresentou o ponto que você havia dado a um portal, e no mundo de hoje.
gostaria de levantar, aí chega meio das besteiras tentava as- Quem acompanha o meu
a oportunidade adequada de fa- sociar o meu amigo ao político, trabalho nos últimos anos, sa-
zê-lo e neste momento, você dizendo que eram “farinha do be que eu tenho batido de fren-
já terá tido tempo suficiente pa- mesmo saco”. te com uma certra empresa
ra entender e analisar as postu- cuja sede fica em Redmond, e
Quando vi a tamanha “bo-
sabe também, que faço cons-
tantemente diversas denúncias
sobre as práticas e atividades
questionáveis desta empresa,
Sempre é mais fácil defender mas sempre procuro criticar a
empresa e não as pessoas
uma posição quando alguém já a que estão trabalhando nela.
apresentou antes... Esta dica é muito impor-
tante, pois aquele cara que fez
Jomar Silva um comentário babaca e que
você quer chamar de burro no

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CAPA · 10 CUIDADOS QUE DEVEMOS TOMAR EM REDES SOCIAIS

Orkut, pode ser o seu chefe da- que o que é piada aqui no Bra- 8. Muito cuidado com o pre-
qui a seis meses (ou ainda ser sil pode ser uma terrível ofen- conceito!
o entrevistador da empresa em sa em outro país, ou ser algo Nenhum ser humano é
que você sempre sonhou traba- absolutamente sem sentido perfeito, e por mais que saiba-
lhar). por lá (ao invés de ser o “engra- mos que ser preconceituoso é
As vezes em que eu citei çadinho” da turma, você vai fa- péssimo, todos somos, e isso
nominalmente alguém nos zer papel de grosso, ou de é fato! Não conheci até hoje
meus textos de forma negati- idiota). um ser humano que não fosse.
va, antes de fazê-lo eu pensei Esta dica vale para quem Pode demorar, mas algum dia
muito e só o fiz após respon- gosta de frequentar redes no você acaba descobrindo.
der a duas perguntas: Posso exterior e para quem escreve Quando falamos de redes
sustentar o que vou escrever em outros idiomas, como é sociais, este cuidado precisa
aqui na frente de um Juiz? Te- meu caso, pois escrevo no ser redobrado, ainda mais com
nho como provar o que estou meu blog em português, inglês a tentação de fazer parte de
escrevendo? e espanhol e, por vezes, perco certas comunidades engraçadi-
Por isso, tenham certeza mais tempo adequando as pia- nhas no Orkut (eu sou corinthi-
de que eu ainda não publiquei das dos textos (pois não sei es- ano, paulista e adoro
nem 10% das histórias que co- crever sem bom humor) do rock'n'roll... só aí vocês já con-
nheço e que adoraria comparti- preparando o conteúdo dos seguem identificar uma cente-
lhar com todo o mundo. mesmos. na de comunidades “Eu
Lembre-se sempre do jor- odeio...” que eu poderia me ani-
Lembre-se que muitos pro- mar a fazer parte).
cessos por calúnia, injúria e di- nalista iraquiano atirando um
famação estão em nossos sapato no presidente Bush. Pior do que fazer parte
tribunais hoje em dia, e grande Aqui no Brasil ele não passaria destas comunidades, é ainda
parte deles tem como meio as de um tonto pois, se pôde ati- achar bonito exibir nela todo o
redes sociais. rar um sapato, por que não jo- seu preconceito. E novamente,
gou logo alguma coisa que não se esqueça que a pessoa
tivesse impacto físico maior? (ou as pessoas) que é vítima
7. Piadas são diretamente de- Porém no Iraque, aquela é do seu ataque hoje, pode te en-
pendentes da cultura de ca- uma das piores ofensas que contrar cara a cara na próxima
da região! se pode fazer. esquina (ou na próxima sala
Embora eu já tenha visto de reunião).
grandes bolas fora neste senti-
do, sendo feitas entre as diver-
sas regiões do Brasil, as
piores que já vi até hoje foram
feitas por brasileiros em discus-
sões internacionais (um exem-
Sempre é mais fácil defender
plo regional disso é que a uma posição quando alguém já a
primeira vez que me chama-
ram de “pai d'égua” no Pará eu apresentou antes...
confesso que fiquei meio invo-
cado :) ). Jomar Silva

Não se esqueça nunca

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CAPA · 10 CUIDADOS QUE DEVEMOS TOMAR EM REDES SOCIAIS

9. “Diga-me com quem an- sua foto :)... será que valeria a Encerro a lista no item
das e direi quem tu és” pena “entrevistar” o sujeito ? 10, mas acho que existem mui-
Ouvi essa expressão do Se ele fosse um cara legal, tos outros que poderiam fazer
meu pai a vida toda, e ela nun- quem me garante em qual lu- parte dela, e acredito que vo-
ca fez tanto sentido como quan- gar ele estaria mentindo, no Or- cês também pensam assim.
do eu comecei a me aventurar kut ou na entrevista? Por isso, recomendo que fa-
em redes sociais. Acho que deu para enten- çam a sua própria lista e dei-
É muito comum, hoje em der, né ;)? xem ela colada bem à vista
dia, a busca de informações so- perto do seu computador. Lem-
bre pessoas nas redes sociais brar destas coisas pode te pou-
e isso é utilizado por qualquer 10. Mais vale ser feliz, do par muita dor de cabeça.
cidadão que procura conhecer, que ter razão! Não incluí na lista o que
ou tentar saber mais informa- Aprendi essa com um pro- eu acho mais importante de tu-
ções, sobre uma outra pessoa. fessor da pós graduação, e mui- do, quando o assunto é o com-
Quando o “curioso” em ques- tas vezes ela me salvou de portamento em redes sociais:
tão é um recrutador ou o res- discussões online interminá- SEJA VOCÊ MESMO! É muito
ponsável por uma contratação veis e que já tinham perdido chato descobrir que aquele ca-
em uma empresa qualquer, a seu propósito há algum tempo ra legal e divertido no mundo
coisa se complica ainda mais. (na verdade me salvou de mui- virtual é um mala sem alça, ba-
tas outras discussões que tive baca e chato no mundo real, e
Há alguns anos, eu preci- na vida também).
sava contratar alguns desenvol- olha que conheço alguns as-
vedores para trabalhar em um Existem pessoas que sim- sim (xi... fiz um ataque pesso-
novo projeto na empresa onde plesmente não querem enten- al... tá bom: se a carapuça
eu trabalhava. Recebi cente- der. Não é que elas não serviu, fique com ela, seu cha-
nas de currículos e depois de consigam, não tenham capaci- to).
fazer uma pré seleção com ba- dade, não se esforcem... elas
se nas experiências e forma- simplesmente se recusam!
ção do pessoal, não me Já vi muita gente perden-
aguentei e fui dar uma olhada do um baita tempo discutindo
sobre o que o Google e o Or- e debatendo com pessoas des-
kut me falavam daqueles ca- te tipo e em quase todos os ca-
ras. Foi até divertido! sos, tudo aquilo foi pura perda
Um dos desenvolvedores de tempo.
em questão, fazia parte de Isso é comum acontecer JOMAR SILVA é en-
uma infinidade de comunida- genheiro eletrônico e
nos casos onde as pessoas es- Diretor Geral da
des do Orkut, do tipo “Eu tão ali defendendo posições ODF Alliance Latin
odeio...” (uma delas e talvez a que não são exatamente as po- America. É também
coordenador do gru-
mais leve era “Eu odeio Co- sições delas, mas as posições po de trabalho na
rinthiano”), diversas sobre hábi- que lhes mandaram (ou paga- ABNT responsável
pela adoção do ODF
tos etílicos e entorpecentes e ram) para defender. Vocês de- como norma brasilei-
algumas sobre desvios sexu- vem imaginar que eu enfrento ra e membro do OA-
ais. Parte de seus amigos ain- SIS ODF TC, o
gente assim quase sempre, comitê internacional
da utilizavam partes do corpo heim? que desenvolve o pa-
normalmente ocultas como drão ODF (Open Do-
cument Format).

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CAPA · O QUE FAZER QUANDO CLONAREM SEU PERFIL EM UMA REDE SOCIAL

Sigurd Decroos - sxc.hu

Defenda seus direitos: O que


fazer quando "clonarem" o seu
perfil em uma rede social?
Por Walter Aranha Capanema

As redes sociais são, sem dúvida, uma fer-


ramenta importantíssima para a vida moderna:
seja para reencontrar amigos perdidos, seja pa-
ra formar um networking de contatos profissio-
nais.
A importância das redes foi percebida por
diversas empresas, que logo tornaram a criar,
cada qual, a sua: tem-se o Facebook1 (a maior
rede social do mundo); o Myspace2 (especiali-
zou-se em divulgar músicos) e a preferida do
Brasil, o popularíssimo Orkut3.
Essa massificação das redes sociais não

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CAPA · O QUE FAZER QUANDO CLONAREM SEU PERFIL EM UMA REDE SOCIAL

O crime supramencionado tem


Pode-se entender, aplicação ampla, não apenas para o
assim, como "clonagem de perfil" mundo “real”, mas também o virtual.
A sua configuração exige que a finali-
toda conduta em que alguém cria dade daquele que usa a identidade
falsa seja a de obter vantagem ou
um perfil em rede social causar dano.

reproduzindo, de forma isolada Embora o Direito não defina um


conceito de “clonagem de perfil”, ca-
ou cumulativa dados indicativos be ao operador do Direito definir um
conceito que retrate a realidade tec-
de pessoa existente. nológica.
Pode-se entender, assim, como
Walter Capanema
“clonagem de perfil” toda conduta
em que alguém cria um perfil em re-
teve sua influência restrita apenas aos aspectos de social reproduzindo, de forma iso-
sócio-econômicos, criando novos hábitos e rela- lada ou cumulativa dados indicativos de pessoa
ções comerciais, mas também aos fatos jurídi- existente.
cos, repercutindo nos Tribunais Pátrios. Os dados indicativos podem ser os seguin-
O tema relativo às redes sociais que mais tes:
tem repercussão na jurisprudência diz respeito a a) Fotografia ou
um fato muito comum: a “clonagem de perfis” no
b) Nome ou apelido.
Orkut, que cresce assustadoramente no Brasil.
Dessa forma, o objetivo do presente artigo
é de explicar o que seja a conduta acima descri- Exclui-se da configuração da conduta a cri-
ta, bem como mostrar as soluções jurídicas para ação de um perfil com a intenção apenas de pro-
coibir os danos respectivos. duzir uma paródia4, sem causar danos à honra
e à imagem da pessoa.
Assim, em resumo, a “clonagem de perfil”
Conceito de “clonagem de perfil”
pode ser definida como a criação de cadastro
Obviamente, não há, na doutrina jurídica e
em rede social utilizando-se de dados de tercei-
na jurisprudência, um conceito de “clonagem de
ros, para fins que não sejam de paródia.
perfil”.
Contudo, embora não exista uma previsão
específica em nossa legislação para tal conduta, Formas de repressão ao perfil falso
o nosso Código Penal prevê o crime de “falsa O perfil falso pode ensejar, como foi dito, a
identidade”, assim descrito: configuração do crime de falsa identidade (art.
Falsa identidade 307, CP). Nesse caso, caberá ao ofendido pro-
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade curar uma Delegacia de Polícia próxima e reali-
para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou pa- zar um R.O. (registro de ocorrência), relatando o
ra causar dano a outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato com todos os detalhes, inclusive, com cópia
fato não constitui elemento de crime mais grave. impressa da página “clonada”.

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CAPA · O QUE FAZER QUANDO CLONAREM SEU PERFIL EM UMA REDE SOCIAL

Todavia, se o lesado não ti-


ver um suspeito, dificilmente se
conseguirá concluir o inquérito po- A solução mais efetiva é a
licial, que é a etapa investigatória
anterior ao processo criminal. Is- civil: propor uma ação de respon-
so porque, infelizmente, as Dele-
gacias de Policia estão sabilidade civil contra a empresa
assoberbadas, e não possuem
equipamentos técnicos para o ras-
que mantém a rede social, pedin-
treamento do número IP do infra-
tor.
do, cumulativamente com a con-
A solução mais efetiva é a ci- denação em compensação de
vil: propor uma ação de responsa-
bilidade civil contra a empresa danos morais, a exclusão da pági-
que mantém a rede social, pedin-
do, cumulativamente com a con-
na com perfil falso, sob pena de
denação em compensação de
danos morais, a exclusão da pági-
multa diária.
na com perfil falso, sob pena de Walter Capanema
multa diária.
Tal ação pode ser proposta em redes sociais para fins de paródia, tal conduta é
perante os Juizados Especiais, inclusive, que se- comum em blogs e microblogs, merecendo destaque o
ja próximo ao domicílio do autor, oferecendo a Fake Steve Jobs (http://fakesteve.blogspot.com/) e o Vitor
Lei 9.099/95 uma faculdade: a dispensa de advo- Fasano (http://twitter.com/VitorFasano), em que há
gado para as causas de valor em até 20 salári- apenas conteúdo humorístico que, como regra, não
ofende a imagem das pessoas retratadas.
os-mínimos (art. 9º).
Os valores das indenizações não costuma 5 Os valores são variáveis, mas dificilmente supera R$ 4
mil reais.
ser muito altos5, com exceções conhecidas, co-
mo o caso do piloto de Fórmula 1 Rubens Barri- 6 DIAS, Tatiana de Mello. Google é condenado a pagar
chello, que conseguiu a condenação do Google indenização a Rubens Barrichello. Disponível em:
em R$ 1,2 milhão6. <http://blog.estadao.com.br/blog/link/?title=google_e_cond
enado_a_pagar_indenizacao_a&more=1&c=1&tb=1&pb=1
Contudo, embora a quantia não seja alta, >. Acesso em: 4 dez. 2009.
deve-se lembrar que o direito à imagem é inesti-
mável, e não deve ser um empecilho para a defe-
sa dos direitos do cidadão lesado.

Para mais informações e referências:


1 Disponível em http://www.facebook.com. WALTER CAPANEMA é professor da
Escola da Magistratura do Estado do Rio de
2 Disponível em http://www.myspace.com. Janeiro – EMERJ (Brasil). Formado pela
Universidade Santa Úrsula - USU. Advogado
3 Disponível em http://www.orkut.com. no Estado do Rio de Janeiro. Email:
waltercapanema@globo.com
4 Embora não seja muito comum o uso de perfis falsos

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TECNOLOGIA · PODCAST POR QUEM OUVE

Podcast por quem ouve


Por Lázaro Reinã

A onda da vez é a "coisos- Essas conferências são grava-


fera"! Entenda coisosfera co- das, na maioria das vezes edi-
mo o conjunto de blogs, tadas e então publicadas na
podcasts, videocasts e as idei- internet, é exatamente aí que
as que esses veículos internéti- entra a figura do ouvinte. Eu,
cos de difusão de informação você, todos os que damos
disseminam. É comum que pes- aos Podcasters, autores dos
soas passem horas por dia podcasts, o incentivo para con-
acompanhando o conteúdo ge- tinuarem a publicar suas idéias
rado pelos indivíduos com os através de discussões muitas
quais elas mais se identificam. vezes com apelos cômicos.
Isso é interessante até porque O que se mostra mais in-
as pessoas passam a se infor- teressante num podcast, na óti-
mar e querendo ou não são ca do ouvinte, é o fato de que
conduzidas a formar uma opi- a identificação que se cria com
nião, algo muito raro numa soci- as "personagens-podcasters"
edade culturalmente analfabe- é muito mais próxima do que
ta. Nesse momento, farei uma se cria com as personagens
breve explanação sobre os Pod- de um livro, e até mesmo de
casts, que a grosso modo são um blog. Uma vez que é uma
conferências onde várias pesso- mídia consideravelmente mais
as conversam sobre determina- dinâmica, pois, a diferença en-
do assunto que lhes interessa. tre ler um livro durante 1 h e

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TECNOLOGIA · PODCAST POR QUEM OUVE

são opiniões diferentes e as-


sim cabe ao ouvinte tirar suas
...fica muito mais leve próprias conclusões.
Dentro do nosso contex-
e agradável ouvir pessoas reais to, Software Livre e soluções li-
vres de modo geral existem
falarem do que projetar na mente também alguns podcasts que
valem a pena serem ouvidos,
algo parecido com a cena que um eu sugiro essa lista organizada
livro descreve. É essa proximida- pelo SoftwareLivre.org:
http://softwarelivre.org/radio/
de e praticidade que faz com que podcast
Obviamente, sob a ótica
o ouvinte se apaixone. de quem produz podcasts exis-
tem muitos outros fatores e por-
Clayton Lobato
menores que tornam tudo mais
técnico e complicado. Porém,
falando como um simples ou-
vinte que sou acredito que é
30 min e ouvir um podcast, cas de café espalhados por to- uma das melhores formas de
que tem em média a mesma du- do canto. Agora ele continua se promover o conhecimento,
ração, é no mínimo confortá- no seu quarto "underground", difundir idéias e formar opi-
vel, fica muito mais leve e mas pelo menos ao ouvir al- niões.
agradável ouvir "pessoas re- guém falando, e ainda mais a Eu fico por aqui e espero
ais" falarem do que projetar na respeito de algo que faz parte que tenham gostado!
mente algo parecido com a ce- do seu cotidiano, ocorre o en-
na que um livro descreve. saio de uma interação real en-
tre autor e ouvinte. Esse foi só Para mais informações:
É essa proximidade e pra-
ticidade que faz com que o ou- um exemplo para ilustrar essa Artigo na Wikipédia sobre Podcast:
vinte se apaixone. Imaginemos questão de que o podcast é http://pt.wikipedia.org/wiki/Podcast
uma pessoa que está acostu- um meio prático pra adquirir in-
mada a simplesmente ler so- formação, e o que é melhor, Guanacast - O Podcast do
bre informática, por exemplo, e uma forma de criar em nós o há- Guanabara.info:
num belo momento descobrem bito de formar uma opinião a http://www.guanabara.info
que há um grupo de indivíduos respeito de um assunto novo,
que resolvem se juntar numa ou até mesmo apresentar uma
madrugada para conversarem visão diferente sobre um assun-
exatamente sobre aquilo que to que não seja novidade e des- LÁZARO REINÃ é
sa forma fazer com que a usuário Linux,
essa pessoa se interessa e pas- estudante C/C++,
sou o tempo todo apenas acom- mente se abra para opiniões di- Lua, CSS, PHP.
panhado de seu livro, seja ferentes. E sendo que quase Integrante do
nunca ocorre uma unanimida- EESL, ministra
impresso em papel ou não, soli- palestras e mini-
tário no seu quarto escuro, de entre os participantes de cursos em diversos
cheio de fios, peças, e de cane- um podcast, o que não falta eventos de
Software Livre.

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COTIDIANO · OS DEZ MANDAMENTOS DO USUÁRIO

Jo
se
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Al
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ba
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xc
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Os 10 mandamentos
do usuário
Por João Marcello Pereira

Complementando a mátéria publicada na 7. Não chamarás o TÉCO** para consertar o


edição passada (Revista Espírito Livre, Nº 8), teu computador. Não aceitarás os teus
agrupei os 10 mandamentos fundamentais que conselhos sem fundamento e jamais aceite o
todo usuário de computador deve seguir. São preço do serviço sem antes fazer um
eles: diagnóstico da máquina;

8. Não matarás arquivos de sistema tentando


1. Farás cursos de informática antes de “limpar” o computador;
comprar computador em 10x em qualquer loja
para aprender que não pode abrir arquivo PDF 9. Honra tua responsabilidade quando apertar
em um editor de textos; qualquer tecla e/ou alterar qualquer parâmetros
de hardware sem o devido conhecimento;
2. Não abrirás nenhum arquivo sem antes
passar o antivírus; 10. Não dirás falso testemunho contra o teu
técnico dizendo que antes dele mexer tudo
3. Não tomarás o tempo do teu técnico em vão funcionava “bonzim”.
com perguntas bobas por telefone – consulte o
HELP do software, use o "man" ou o oráculo*; * http://www.google.com.br
** Técnico que só faz serviço ruim.
4. Lembra-te do dia do sábado/domingo/feriado
ou qualquer tempo disponível organizar teus
arquivos. Trabalharás vários dias, mas
guardarás um dia para o Backup ; JOÃO MARCELLO PEREIRA é graduado
em física (UFPI) e ciências da computação
(UFPI), técnico em eletrônica (CEFET-PI), e
5. Não infectarás a máquina do teu próximo especializando em segurança de redes de
computadores (FACID). É profissional de
com vírus pelo MSN; informática, inventor, e professor de física
(UAPI), informática (SENAC-PI), matemática
e eletrônica.
6. Não farás para ti senhas fáceis de esquecer;

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FERRAMENTA · GOOGLE GO

Google Go
Por Flávia Jobstraibizer

Não é de hoje que o Google vem inovando quanto qualquer linguagem compilada e tão fácil
em tecnologias, e apostando no mercado mundi- de programar como uma linguagem interpretada.
al de software livre. Desde o final de 2007, por Quem programa ou já programou em C, te-
exemplo, três brilhantes programadores - como rá surpresas, pois a linguagem possui muitas de
é usual na renomadíssima equipe da empresa -: suas características, embora suas sintaxes se-
Robert Griesemer, Rob Pike e Ken Thompson co- jam em sua maioria muito diferentes. O Pascal
meçaram a desenvolver uma nova linguagem pa- também foi uma inspiração para o desenvolvi-
ra atender a alguns projetos existentes. Em mento da linguagem.
meados do meio do ano de 2008, um dos profis-
sionais criou um compilador para a linguagem Um exemplo claro das mudanças do Go
que gerava códigos em C. A partir daí a lingua- em relação ao C de onde foi baseado é no mo-
gem tomou realmente forma e no final de 2008, mento da declaração de variáveis como expres-
Ian Taylor começou a desenvolver independente- sões.
mente um front-end para o então já batizado Go. Enquanto com C você declararia que: int *
Foi divulgado pela equipe de desenvolvi- x, y; o que proporcionaria a x um ponteiro, mas
mento, que a linguagem estava sendo criada não ao y, no Go a mesma declaração seria: var
por conta de antigas frustrações dos desenvolve- x, y * int; , o que informa que ambos parâme-
dores com linguagens já existentes e então deci- tros são ponteiros.
diram pegar o que de melhor havia em cada Outra novidade é o uso de := para declara-
uma delas e incluir no desenvolvimento do Go, ções curtas de argumentos, como por exemplo
que inicialmente foi construído para fazer parte em C: var x uint64 = 1; em com o Go ficaria al-
de projetos internos do Google. go como: x := uint64(1); .
Uma das características da linguagem é a O Go não funciona em plataformas Win-
facilidade de programação, com tipagens dinâmi- dows. Foi criado e desenvolvido para ser utiliza-
cas e ao mesmo tempo, código compilado, o do com Linux, Unix, BSDs e Mac OS X, e
que torna a linguagem tão segura e eficiente embora a equipe divulgue que apóia desenvolve-

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FERRAMENTA · GOOGLE GO

dores que estejam interessados em criar uma dis- Para criar o ambiente inicial de desenvolvi-
tribuição para Windows, até o momento não há mento do Go, certifique-se de que a variável de
mostras de que isso será de fato realizado. Pos- ambiente $GOBIN ou $HOME/bin está apontan-
sui licença BSD, e sua instalação é bastante sim- do corretamente pars o path do compilador, exe-
plificada. cutando o seguinte:
Um dos pré-requisitos para a instalação do
$ cd $GOROOT/src
Go é o compilador gccgo, baseado no já famoso
$ ./all.bash
compilador GNU gcc. O pacote gccgo poderá
ser baixado do repositório em: Se tudo correr bem, você obterá uma men-
svn://gcc.gnu.org/svn/gcc/branches/gccgo . Exis- sagem como:
te aindauma série de pré requisitos que seu siste-
ma deve atender para receber o gccgo, porém --- cd ../test
atendidos estes (que podem ser informados no 0 known bugs; 0 unexpected bugs
momento da instalação, o restante do processo Na próxima edição, vamos aprender a criar
é simplificado, como você pode ver a seguir: scripts com o Go. Até lá!
svn checkout svn://gcc.gnu.org/svn/gcc/branches/gccgo
gccgo
mkdir objdir
cd objdir
../gccgo/configure --enable-languages=c,c++,go Para mais informações:
make
Site oficial da Linguagem GO
make install
http://golang.org/
Como o gcc, o compilador gccgo funciona
da mesma forma. Para criar um arquivo .go exe- Site pessoal Flávia Jobstraibizer
cute: http://www.flaviajobs.com.br

gccgo-c meuscript.go

Automaticamente e no mesmo diretório se-


rá criado o arquivo meuscript.o. Para vincular
os arquivos formando um executável, proceda
da seguinte forma:

gccgo -o executavel meuscript.o

Para colocar o executável em funcionamen-


to, será necessário informar o caminho para o di-
retório onde se encontra a biblioteca de
execução do Go, desta forma:
FLÁVIA JOBSTRAIBIZER é é analista de
LD_LIBRARY_PATH=/usr/lib/gcc/IP da Máquina/pasta sistemas, atualmente gerente de projetos
com a versão e trabalha na área de TI desde 1998. É
autora de vários livros e artigos em
revistas na área, entusiasta do software
Voltando a instalação, é necessário ainda ter livre, instrutora de PHP e linguagem SQL,
as bibliotecas C instaladas, o parser Bison e um edi- e mantém diversos projetos em
andamento na área de software livre
tor de texto, que o Google recomenda o ed. Você sendo um deles o Projeto Sons para
pode utilizar o editor de sua preferência. deficientes visuais.

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FORUM · Por que o cidadão consciente deveria optar pelo software livre?

Por que o cidadão


consciente deveria
optar pelo software livre
Parte 2 - Pensamento livre e dispersão
do conhecimento
Por Paulo de Souza Lima
Sanja Gjenero - sxc.hu

Essa situação se replica por vários âmbi-


tos, mas vamos nos restringir à questão do direi-
to autoral. Qualquer um faz fotocópias de livros
em faculdades, até que alguém diga que não po-
de. A maioria compra filmes piratas em camelôs.
Todos os que têm acesso à internet, de alguma
forma fazem, ou já fizeram, o download de con-
teúdo protegido por direitos autorais, consciente-
mente ou não, dessa questão legal. E não
pararão até que interiorizem o conhecimento da
lei e das consequências, para si e para a socie-
dade, se transgredirem essa lei. Segundo um es-
tudo publicado pelo IDGNow!, cerca de 60% dos
programas de computador utilizados por pesso-
as físicas no Brasil, em 2008, era pirata. E essa
situação continuará indefinidamente, se o conhe-
cimento não for difundido. Isso é ruim para os
detentores de patentes, mas é pior para os de-
fensores da difusão do conhecimento, e muito pi-
or para a sociedade e para as gerações futuras.
É ruim para os detentores de patentes e
defensores da apropriação do conhecimento,
porque seus lucros serão diminuídos, seus méto-

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FORUM · Por que o cidadão consciente deveria optar pelo software livre?

dos questionados, e a sociedade tenderá a vol- que aqueles que pensam que a abordagem de-
tar-se contra eles se atitudes mais enérgicas e veria ser puramente técnica, vêem apenas uma
frequentes acontecerem. Não há como impedi- pequena parte de um problema que é imensa-
rem que seu modelo fracasse, e isso parece ser mente maior. Se o conhecimento deve ser aber-
apenas uma questão de tempo, como a história to apenas para permitir que seja auditado ou
tem demonstrado. No entanto, como o objetivo reutilizado por outros, onde colocaremos as
principal é o lucro, não o fornecimento e dissemi- montanhas de lixo tecnológico, que a indústria
nação de tecnologia, é provável que abando- insiste em criar, todos os anos, para garantir
nem o modelo, e criem um outro, quando os que seus lucros cresçam indefinidamente. Isso
custos se tornarem altos demais para manterem não é problema do desenvolvedor, já que ele é
o negócio lucrativo. É ruim para os defensores apenas pago para fazer o que lhe mandam, sem
da difusão do conhecimento porque deixa a soci- questionar se o mundo onde ele vive está sendo
edade estagnada, presa e acomodada a um mo- destruído pela própria empresa que lhe paga?
delo estanque, mas dominante devido à A questão da difusão do conhecimento é
disseminação, ainda que ilegal, de parte do co- uma questão filosófica, política e ideológica, mui-
nhecimento proprietário. Momentaneamente, is- to mais do que técnica. Antes de sermos desen-
so é benéfico para os defensores da volvedores, engenheiros, técnicos, filósofos ou
apropriação do conhecimento, mas essa situa- professores, somos todos seres humanos. A cul-
ção não pode se sustentar indefinidamente, já tura de apropriação, posse e consumo está tão
que o modelo exige prazos de obsolescência pla- impregnada em todos nós, que sequer temos
nejada cada vez menores de forma a sucatear senso crítico de avaliar se o que acreditamos é
versões antigas para substituí-las por novas pa- bom para nós e para nossos filhos, ou não. Sim-
ra garantir as margens de lucro. Isso gera monta- plesmente acreditamos que é bom ter dinheiro,
nhas cada vez maiores de lixo tecnológico e um sucesso, o smartphone da moda, a última ver-
enorme problema ambiental que ninguém, ain- são do software mais popular, ou o computador
da, sabe como resolver. A estagnação, por sua com os recursos tecnológicos de uma nave es-
vez, impede a transformação e o avanço do co- pacial, mas raramente avaliamos o que isso in-
nhecimento. O modelo estanque dominante impe- flui no resto da sociedade. Isso é um problema
de a livre expressão da criatividade, inerente da “sociedade”, não nosso. A “sociedade”, per-
aos jovens, e retarda o desenvolvimento das ge- sonificada na figura do “governo”, ou das “orga-
rações futuras. O problema ambiental gerado pe- nizações” tem de resolvê-lo, como se cada um
la obsolescência planejada também será de nós não fôssemos parte dessa mesma socie-
cobrado deles. dade agonizante. Alguém inventará uma tecnolo-
Por que os movimentos ditos “livres”, em es- gia milagrosa que nos salvará, pensamos.
pecial o do software livre, devem ser vistos co- Raramente pensamos que, com nossas atitu-
mo movimentos político-ideológicos? Uma das des, podemos fazer o que nos cabe como inte-
maiores críticas de vários colaboradores do grantes dessa sociedade, pensando que, talvez,
software livre, geralmente os que estão envolvi- não tenhamos força suficiente para mudar nada.
dos em seu desenvolvimento ou na implantação Além do mais, todo mundo faz igual, todo mun-
de sistemas, é a excessiva politização e a tentati- do usa pirata, todo mundo usa o PPT, o XLS e o
va de certos indivíduos de tornar a questão ideo- DOC, é tão cômodo, porque abandonar essa co-
lógica, e não puramente técnica. Esse cisma, modidade em favor de uma sociedade melhor e
em finais da década de 1990, levou à criação de mais justa, uma utopia? Deixemos que nossos
um movimento paralelo chamado de “código filhos e netos resolvam esse “salseiro” que nós
aberto”, ou “open source“. Ocorre, no entanto, criamos.

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FORUM · Por que o cidadão consciente deveria optar pelo software livre?

Quando se utiliza um produto protegido colaboração mútua e da liberdade do conheci-


por direitos autorais, aceita-se uma regra implíci- mento, aceita-se tão somente uma regra explíci-
ta que diz mais ou menos o seguinte: “eu, deten- ta: “você pode fazer o que quiser, desde que
tor dos direitos autorais do produto, digo que mantenha essa mesma regra nos produtos que
você cliente, comprador, consumidor, poderá utili- desenvolver”. Isso tem implicações enormes:
zá-lo da maneira que eu diga, nas condições um software pode ser desenvolvido, mas nunca
que eu diga, pelo prazo que me aprouver e você terá códigos maliciosos porque tem toda uma co-
tem somente o direito de escolher comprá-lo e munidade de “auditores” controlando o seu de-
submeter-se às minhas condições. Os subprodu- senvolvimento. Um produto pode ser fabricado
tos gerados por você com esse produto não são por qualquer pessoa que queira e as peças de
exclusivamente seus, mas meus também, e vo- reposição serão abundantes e sempre compatí-
cê não pode utilizá-los para si sem minha autori- veis com os demais componentes. Um carro po-
zação. Você pode distribuir a sua parte do deria ser fabricado em casa a custos
conhecimento ou subprodutos gerados por esse baixíssimos, com toda tecnologia disponível,
produto, por você, mas eu definirei o que é seu com peças disponíveis na loja de peças da es-
e o que é meu. Você está sujeito às minhas leis, quina. Remédios não seriam caríssimos e restri-
às minhas normas e à minha vontade unilateral tos a poucos sortudos que podem pagar, pois
e aceita de bom grado essa condição”. O interes- poderiam ser fabricados por qualquer laborató-
sante é que, mesmo que não se tenha pago pe- rio, em qualquer lugar do mundo. Alimentos po-
lo produto e use uma cópia pirata, a regra deriam ser mais saudáveis, já que a sociedade
continua valendo, porque o usuário ajuda a ampli- poderia auditar, facilmente, as receitas e fórmu-
ar a base de apoio e de usuários desse produto, las dos fabricantes de alimentos.
gerando uma demanda por subprodutos deriva- O movimento do software livre e o desen-
dos dele, perpetuando assim, a influência desse volvimento colaborativo, ambos baseados na di-
produto na sociedade. Mesmo que um produto fusão do conhecimento, têm mostrado, ao longo
não tenha a hegemonia de seu mercado, ele é dos últimos trinta anos, que podem tornar-se a
subproduto de algum outro produto que, na ca- base de transformações na nossa sociedade.
deia produtiva, inexoravelmente terminará ou te- Mas, a próxima pergunta, com certeza, seria:
rá forte influência de algum produto mas como alguém sobreviveria se simplesmen-
hegemônico. Raríssimos são os casos de produ- te divulgasse sua ideia ao mundo, sem a menor
tos que não têm a influência de algum tipo de perspectiva de retorno do seu esforço intelectu-
produto proprietário em sua cadeia de produção. al? A resposta não é tão complexa como pare-
Por outro lado, quando se utiliza um produ- ce. A que é, normalmente, dada pelas empresas
to cujo conceito foi desenvolvido sob a égide da de software livre é que eles não lucram com o
produto, em si, mas com os servi-
ços agregados a esse produto.
Do ponto de vista de um softwa-
re, isso parece aceitável, mas, e
Deixemos que nossos filhos do ponto de vista de um fabrican-
te de veículos, por exemplo?
e netos resolvam esse "salseiro" Que vantagens ele teria em abrir
suas tecnologias? A primeira
que nós criamos? vantagem seria que ele não teria
mais a responsabilidade total na
Paulo de Souza Lima gestão de pós-venda. Uma vez

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FORUM · Por que o cidadão consciente deveria optar pelo software livre?

que a tecnologia disponível poderia ser utilizada e, ao contrário, deve ser potencializado. A abran-
por qualquer um, então, qualquer um poderia pro- gência do conceito vai além do software, e mui-
duzir as peças de seus veículos, qualquer um po- to além das consequências que podemos
deria se tornar um especialista nessa tecnologia imaginar. O movimento do software livre é ape-
e qualquer um poderia oferecer serviços de su- nas a ponta de um imenso iceberg, que poderá
porte. A questão da garantia deveria, então ser transformar toda a nossa sociedade. Cada um
totalmente revista. Os preços tenderiam a baixar de nós pode ajudar nessa mudança, na sua me-
e o conhecimento da manutenção e da constru- dida, “internalizando” o conhecimento que nos
ção dos veículos seria pulverizada a milhões de está disponível. Nossa atitude mostrará o quan-
técnicos ao redor do mundo, pequenas montado- to aceitamos e aplicamos esse conhecimento.
ras surgiriam, mas os interesses das grandes Atitudes com foco no bem comum fatalmente
montadoras poderiam ser resguardados pela ca- nos levarão à utilização e disseminação do
pacidade de investimento em plantas maiores e software livre e suas ideias. Atitudes com foco
com mais recursos tecnológicos, devido à capaci- no nosso próprio umbigo, nos levarão a utilizar o
dade de investimento. As vendas seriam regiona- que nos for mais conveniente. Não estou pre-
lizadas, mas a empresa perderia mercado? gando a morte dos produtos proprietários ou o
Pouco provável. A estrutura para se construir fechamento das empresas capitalistas. Estou
uma linha de produção automobilística é extrema- propondo apenas uma pequena mudança de ati-
mente cara e os prazos de retorno do investimen- tude de cada cidadão, com relação ao que julga
to são bastante grandes. A qualidade dos ser melhor para si, para seus familiares e para
produtos não fabricados pelas montadoras seri- sua sociedade. Estou sugerindo uma pequena
am de responsabilidade dos próprios montado- reflexão que não tem custo, mas, cujo resultado
res menores, auditados pela sociedade através pode mudar muita coisa. Estou procurando de-
de órgãos reguladores. As melhorias tecnológi- monstrar como nós, pessoas comuns, podemos
cas seriam difundidas para todos os outros mon- fazer alguma coisa para melhorar nosso mundo,
tadores, fazendo com que carros melhores contribuindo para resolver os graves problemas
surgissem através da discussão das ideias dos que o afetam hoje, cuja conta será paga por nos-
projetistas com toda a sociedade. Os próprios sos filhos e netos.
veículos poderiam ser construídos com materi-
ais mais duráveis e “atualizados” com as novas
tecnologias que fossem surgindo da rede de cola-
boradores. Os materiais substituídos poderiam Para mais informações:
ser projetados para serem reciclados. Uma enor- Artigo na Wikipedia sobre Software Livre
me rede de pequenas empresas surgiria em tor- http://pt.wikipedia.org/wiki/Software_Livre
no dessa tecnologia, gerando empregos e
dividindo responsabilidades. Os enormes custos Artigo na Wikipedia sobre Pirataria
com advogados seriam consideravelmente dimi- http://pt.wikipedia.org/wiki/Pirataria_moderna
nuídos, isso só para dizer algumas poucas vanta-
gens. A estrutura criada para a proteção dos
direitos autorais é extremamente cara e ineficien- PAULO DE SOUZA LIMA é técnico em
eletrônica formado pelo CEFET/MG,
te. Enfim, as possibilidades são limitadas ape- bacharel em administração pela UFPR e
nas à nossa imaginação. estudante de história e filosofia autodidata.
Autor do blog Alma Livre onde discute
Neste artigo, procurei mostrar porque o con- sobre software livre, cidadania, ética,
ceito ideológico e político que o software livre e filosofia e sociedade. Utiliza software livre
desde 1998 e, desde 2004, divulga e
do “produto livre” tem não deve ser abandonado incentiva o uso dele por empresas,
governo e sociedade.

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FORUM · TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E AS ESCOLHAS POLÍTICAS

Tecnologia da
informação e as
escolhas críticas
Por Fernando Leme

As mais recentes denúnci- mons, entendendo-se a


as envolvendo o governo de Jo- expressão como o repositório
sé Roberto Arruda (DEM) no de cultura (arte em geral, técni-
DF trouxeram à tona uma ques- ca, informática, etc) natural-
tão fundamental àqueles preo- mente apropriado por
cupados com o interesse gerações seguintes e tranfor-
público, qualidade da educa- mado por elas.
ção e com a destinação apropri- Conclui-se assim que é
ada do dinheiro público, possível e positivo que exista
especialmente na área de tec- um núcleo fundamental de pro-
“A cidade é tanto do nologia da informação. Vamos dução humana que esteja dis-
mendigo quanto do policial por partes. ponível à todos e que sirva de
Todo mundo tem direito à alicerce e horizonte à educa-
vida, todo mundo tem direito O conceito de commons ção e ao desenvolvimento. O
no conceito de público software livre conforma-se de
igual
O conceito de commons, maneira especial com esse
Travesti, trabalhador, turista ideário. Suas liberdades funda-
de acordo com o WordNet, é
Solitário, família, casal mentais permitem que aprendi-
“espaço público destinado ao
Todo mundo tem direito à uso coletivo”. Esta acepção foi zes “subam no ombro de
vida, todo mundo tem direito tomada de empréstimo pelo Di- gigantes” ao iniciar seu traba-
reito ganhando contorno especí- lho, impulsionando a qualidade
igual” dos produtos e a evolução hu-
fico e relacionando-se
diretamente às decisões reitera- mana como um todo.
Rua da passagem (trânsito) das das Cortes e aos usos e O Estado Democrático e
Lenine costumes ingleses e, mais re- Social de Direito em que vive-
centemente, no Creative Com- mos tem como pressuposto a

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FORUM · TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E AS ESCOLHAS POLÍTICAS

criação de uma sociedade li- denúncia e das gravações en- padrão ISO e não está atento
vre, justa e fraterna. Ideal que, volvendo o governo do DEM quando uma grande empresa
longe de ser poesia, é um obje- no DF, acabou por citar uma sé- de informática financia partidos
tivo a ser perseguido por todos rie de empresas, dentre as políticos em troca de favores
aqueles que lutam pela criação quais a responsável pelos pro- na compra e contratação de
de um mundo mais justo. Este dutos Microsoft no Brasil, que seus serviços.
Estado traz consigo a necessi- teriam financiado campanhas Deve-se reconhecer dois
dade de tornar público tudo e possivelmente esquemas de grupos aqui. A comunidade em
aquilo que tem potencial para corrupção em troca de “benefíci- torno do Software Livre é apar-
nos fazer atingir este objetivo; os futuros”. A imaginação se en- tidária, apolítica. Está preocu-
não é por outro motivo que to- carrega de entender. pada com o desenvolvimento e
dos os processos são públicos A iniciativa privada tem to- a divulgação do produto que
(em regra), que exigimos licita- do o direito de competir em usam e em que acreditam. O
ções, que a Legislação e a pres- quaisquer áreas que o Estado cidadão, por outro lado, deve
tação de contas dos diversos lhe outorga esta possibilidade. reconhecer quais pessoas e
entes estatais (governo fede- Mas há outras em que a compe- partidos estão envolvidos com
ral, estados e municípios) de- tência para atuar deve ser de a busca da liberdade e autono-
vem ser e estar disponíveis ao ambos. Do empresário priva- mia em informática. Quais os
acesso de todos. do, em busca da maximização responsáveis pelas políticas
Enquanto amplia-se a pre- do lucro, e do gestor público, públicas que permitirão que ha-
ponderância de relações media- em busca da máxima racionali- ja descentralização dos forne-
das pela informática, amplia-se dade no uso dos recursos e no cedores de produtos e
porporcionalmente a necessida- maior benefício social possí- serviços de TI e consequente
de da busca de soluções li- vel. É óbvio que existem e exis- distribuição da renda, aumento
vres, públicas, que sejam o tirão soluções tecnológicas da competitividade e desenvol-
alicerce das políticas de Esta- específicas, possivelmente pri- vimento.
do. Aí é que está o problema. vadas, competindo em regras Ou, parafraseando Leni-
comuns de mercado, devida- ne: Todo mundo tem direito ao
mente reguladas e pagando im- software e todo mundo tem di-
A influência do poder postos, mas existem e
econômico sobre as es- reito igual.
existirão também áreas em
colhas políticas que uma alternativa livre esta-
Do ponto de vista teórico rá disponível ao cidadão, tra-
ninguém nunca dirá que prefe- zendo consigo todos os
re pagar por alguma coisa se é benefícios da liberdade.
possível obter outra melhor de
FERNANDO LEME é
graça. Esta, que é uma das escritor, músico e
grandes vantagens do softwa- O software apartidário professor.
re livre, é também a origem de O público, o cidadão mé- Particularmente
influenciado por
sua fraqueza quando o conside- dio, não está atento a uma bata- questões relativas ao
ramos diante de relações políti- lha de bastidores, em que sua software e cultura
livres, sociologia e
cas nem sempre pautadas educação, sua liberdade e seu filosofia do direito.
pelo mais puro interesse públi- dinheiro são postos em jogo. Escreve
regularmente para o
co. Não estava atento quanto à ba- blog “Universo Fer”,
Durval Barbosa, autor da talha inglória que acabou por re- http://fernandohleme.
wordpress.com.
conhecer o OOXML como um

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GRÁFICOS · CRIANDO TECIDOS NO INKSCAPE

Criando tecidos
no Inkscape
Por Carlos Eduardo Mattos da Cruz

Neste tutorial vou demonstrar como é sim- drão, e escolha a opção Cloth (bitmap).
ples criar o ilusão de tecido utilizando a ferramen-
ta editar cores do nosso software de desenho
vetorial favorito o Inkscape.
Primeiro vá na caixa de ferramentas e sele-
cione a ferramenta Criar retângulo ou quadrado
ou digite F4. Crie um quadrado de 10 cm x
10 cm, pinte da cor que desejar, no meu caso es-
colhi azul escuro.

O resultado será este.

Agora duplique o quadrado, indo ao menu


editar/duplicar ou simplesmente apertando as te-
clas CTRL + D. Na ferramenta editar cores
na aba de preenchimento clique no botão pa-

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GRÁFICOS · CRIANDO TECIDOS NO INKSCAPE

Para podermos dar a ilusão de tecido dimi-


nuímos a opacidade do padrão para 20% na fer-
ramenta editar cores.

Veja o resultado final.

Veja o como fica o efeito.

Para dar mais realismo, duplicamos mais


uma vez o quadrado e agora o pintamos de pre- Para mais informações:
to e o deslocamos um pouco para a direita e pa- Site oficial Inkscape
ra baixo e com a tecla end o jogamos para traz http://www.inkscape.org/
de nosso tecido.

CARLOS EDUARDO MATTOS DA CRUZ -


CADUNICO - atua a 18 anos como designer
e a dois anos utilizo somente software livre
em suas criações. É membro dos grupos
LINUERJ, Debian RJ e SLRJ. Idealizador do
E com a ferramenta borrar do editor de co- GNUGRAF [http://gnugraf.org].
res damos profundidade ao tecido com um som-
bra.

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GRÁFICOS · SVG: GRÁFICOS PARA TODOS

SVG:
GRÁFICOS PARA TODOS
Por Luiz Eduardo Borges

Na primeira parte do artigo “Computação to pode referenciar arquivos fontes externos,


Gráfica e Software Livre” (edição nº 5) vimos mas para amenizar o problema do texto não
que as imagens bidimensionais normalmente aparecer corretamente em sistemas aonde a
são representadas seguindo duas formas: mapa fonte externa não exista, existe uma fonte inter-
de bits (também conhecido como raster) ou veto- na, que está sempre disponível.
rial e que existem vários formatos abertos de ar- As figuras geométricas, caminhos e texto
quivo para armazenamento, entre eles, o SVG. podem ser usados como contornos, internos ou
SVG (Scalable Vector Graphics) é um for- externos, que pode ser pintados com três tipos
mato aberto, baseado no XML, que descreve de preenchimento: cores sólidas, que podem
imagens vetoriais, na forma de estruturas com- ser opacas ou com transparência, gradientes,
postas por instruções de alto nível que represen- que podem ser lineares ou radiais ou padrões,
tam primitivas geométricas. O formato foi que imagens raster ou vetoriais que repetem ao
proposto pelo W3C (World Wide Web Consor- longo do objeto. Tantos os gradientes quantos
tium), a entidade que define os padrões vigen- os padrões podem ser animados.
tes na Internet, como o HTML e o próprio XML. O SVG também permite que o autor inclua
metadados com informações a respeito da ima-
Recursos gem, tais como título, descrição e outros, com o
Arquivos SVG pode armazenar vários tipos objetivo de facilitar a catalogação, indexação e
de informações vetoriais, incluindo polígonos bá- recuperação dos arquivos.
sicos, que são representados linhas que delimi-
tam uma área fechada, tais como retângulos, Automação
elipses e outras formas simples. Além disso, ele Todos os componentes de um arquivo
também suporta caminhos (paths), que são figu- SVG pode ser lidos e alterados usando scripts
ras, com preenchimento ou não, compostas por da mesma forma que o HTML, tendo como pa-
linhas e/ou curvas definidas por pontos, que são drão a linguagem ECMAScript e pode tratar
codificados através de comandos de um caracte- eventos de mouse e teclado, o que, junto com
re (“L” significa “Line To”, por exemplo) e um par hyperlinks, permite adicionar interatividade aos
de coordenadas X e Y, o que gera um código gráficos.
muito compacto.
O formato também suporta animação atra-
Texto unicode pode ser incluído em um ar- vés do ECMAScript, que pode transformar os
quivo SVG como XML, com efeitos visuais, e a elementos da imagem e temporizar pela lingua-
especificação inclui tratamento de texto bidirecio- gem ou de recursos próprios do SVG para isso,
nal, vertical e seguindo caminhos curvos. O tex-

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GRÁFICOS · SVG: GRÁFICOS PARA TODOS

Figura 1: SVG não perde a resolução com zoom, pois são imagens Figura 2: O Inkscape adota o SVG como formato nativo
vetoriais

usando tags, embora a recomendação do W3C de importar e exportar para o formato.


seja usar o SMIL (Synchronized Multimedia Inte-
No Blender, arquivos SVG podem ser usa-
gration Language), linguagem baseada também
dos como caminhos e através de extrusão gerar
no XML que tem como meta descrever apresen-
objetos tridimensionais. O browser Mozilla Fire-
tações multimídia, incluindo temporização, leiau-
fox oferece suporte limitado ao formato para vi-
te, transições, animações e outros recursos.
sualização. Já o BrOffice.org Draw precisa
usar extensões para suportar o formato.
Filtros As interfaces gráficas GNOME (através da
Para o SVG, filtros são conjuntos de opera- biblioteca Cairo) e KDE aceitam SVG para ele-
ções gráficas que são aplicadas a um determina- mentos como ícones. A grande vantagem ofere-
do gráfico vetorial, para produzir uma imagem cida pela imagem vetorial neste contexto é
raster com o resultado. capacidade de adaptar a diversas resoluções de
Tais operações gráficas são primitivas de fil- monitor.
tro, geralmente realizam uma forma de processa-
mento de imagem, como por exemplo o efeito
Gaussian Blur, e por isso, geram um bitmap Para mais informações:
com transparência (padrão RGBA) como saída, Site do SVG no W3
que é regerado se necessário (e uma mudança http://www.w3.org/Graphics/SVG/
de resolução, por exemplo). O resultado de uma
primitiva pode ser usado como entrada para ou- Site oficial Inkscape
tra primitiva, permitindo a concatenação de vári- http://www.inkscape.org/
as para gerar o efeito desejado.

LUIZ EDUARDO BORGES é autor do livro


Softwares livres que suportam SVG Python para Desenvolvedores, analista de
sistemas na Petrobras, com pós graduação
O editor de gráficos vetoriais Inkscape ado- em Ciência da Computação pela
ta o SVG como formato nativo. O aplicativo forne- Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ) e criou o blog Ark4n
ce muitos recursos para lidar com imagens [http://ark4n.wordpress.com/].
vetoriais. Já o editor de imagens raster GIMP po-

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COLABORAÇÃO · O MAIS LINDO E COLABORATIVO DOS PROJETOS

O mais lindo e
colaborativo dos projetos
Por Clayton Lobato

lissalou66 - flickr.com

Bom pessoal, 2h da ma- Por conta de um acidente


druga e eu não poderia deixar na oficina de seu pai, Luis per-
passar em branco um dos deu a visão quando ainda cri-
mais incríveis projetos colabora- ança pela infecção que se
tivos do mundo, o BRAILLE. espalhou do olho esquerdo pa-
Não é novidade que te- ra o direito. Aí iniciou o que
nho uma relação íntima com o acredito ser o mais lindo e in-
processo de inclusão de pesso- crível projeto colaborativo do
as e que tenho uma realidade mundo e que realmente fez,
de convivência com o Braile
por conta de minha filha, que é
deficiente visual, e hoje farei
uma relação do Sistema Braile
com todo o processo evolutivo
de pessoas com deficiência vi-
sual e a história do colaborati-
vismo no mundo.
Em 4 de janeiro de 1809,
nasceu no interior da França,
uma das pessoas que ajudaria
a tornar o mundo melhor,
Louis Braille, (foto ao lado). Figura 1: Luis Braille

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COLABORAÇÃO · O MAIS LINDO E COLABORATIVO DOS PROJETOS

Estamos vivendo onde? no


mundo do retrocesso?
...dói muito, Voltando ao Louis... Aos
quando as pessoas que se dizem 10 anos, Louis foi convidado
para ingressar no Instituto Re-
entendidas no assunto têm o al de Jovens Cegos, fundado
por Valentin Haüy, uma das pri-
discurso político infame e meiras pessoas a se interessar
pelos cegos, promovendo uma
irresponsável... intensa campanha de sensibili-
zação pública, para as suas ne-
Clayton Lobato cessidades e dedicando-se à
investigação de técnicas que
permitissem a sua educação e
faz e fará a diferença na vida car algum instrumento, cantar,
integração sócio-profissional.
de um número muito maior de brincar ou mesmo aprender,
pessoas no mundo que possa- sendo que no mundo, TODOS, Em 1771, assistiu a uma
mos imaginar, inclusive a mi- absolutamente TODOS temos representação teatral feita por
nha e a sua ‘O SISTEMA algum tipo de limitação, seja jovens cegos. Ficou chocado
BRAILE DE ESCRITA E LEITU- de entendimento, motor, auditi- com a forma desrespeitosa e
RA em relevo, para pessoas vo, visual ou de caráter. E dói chocarreira como foram recebi-
com limitações visuais”. muito mais quando as pessoas dos. Decidiu, à exemplo do
que se dizem entendidas no as- que tinha feito Charles-Michel
O primeiro ato de incrível
sunto têm o discurso político in- de l'Epée (1712-1789) para os
coragem foi por parte do pai
fame e irresponsável, tratando surdos-mudos, fundar uma ins-
de Luis Braille, Simon-René
pessoas que consideram o tituição que promovesse a dig-
Braille e do Padre Jacques Pal-
sub-produto da sociedade co- nificação e a educação
luy que acreditaram em sua ca-
mo lixo, colocando-os de for- daqueles jovens.
pacidade e o matricularam em
uma escola regular. Estamos fa- ma irresponsável em prédios Com aquele objetivo, fun-
lando de 1800 e alguma coisa, velhos, condenados pela Defe- dou em Paris a primeira escola
algo em torno de 200 anos sa Civil, Corpo de Bombeiros e francesa para cegos, e uma
atrás. Luis se destacou tanto achando que devem ser trata- das primeiras da Europa, que
com o aprendizado das coisas dos como Deuses por ocupa- se tornaria mais tarde o Institut
que ouvia que na escola foi es- rem cargos públicos. Acordem! National des Jeunes Aveugles,
colhido, em alguns momentos, Vocês não são nada diante da ainda existente. Preparou ma-
como líder da turma. Ele tinha capacidade de superação que teriais de leitura para cegos e
menos de 10 anos de idade. pessoas que têm algum tipo promoveu a adaptação de téc-
de limitação possuem. Outra si- nicas que permitissem o traba-
Abro aqui uma janela pa- tuação... Quando chegamos a lho dos mesmos numa
ra o desabafo de um pai que lu- alguma escola para matricular diversidade de tarefas.
ta pela educação de sua filha... nossos filhos e a resposta é
Dói muito, na alma, quando al- “PAI, não estamos preparados Observem a evolução de
guém olha para minha filha e fa- para atender seu filho, mas uma sociedade por conta do
la como se ela fosse incapaz existe algum lugar que pos- colaborativismo, da capacida-
de desenvolver certas ativida- sa..“Caraca, em 1800 pude- de de interagir entre os seres.
des como: andar de bicicleta, to- ram, quiseram e fizeram. Por isso acredito que o Braile

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COLABORAÇÃO · O MAIS LINDO E COLABORATIVO DOS PROJETOS

é o mais incrível de todos os


projetos colaborativos que exis-
tem. Ainda hoje as
A primeira tentativa de lei-
tura eram letras grandes em al- pessoas tratam aqueles que
to relevo, mas tínhamos o
problema da escrita. Louis
possuem algum tipo de limitação
aprendeu o método nos livros
da biblioteca de Haüy e perce-
como coitados...
beu que o método era lento e Clayton Lobato
pouco prático e escreveu na
ocasião "Se os meus olhos
não me deixam obter informa- ao Capitão Charles Barbier e a
ções sobre homens e eventos, de que poucos tem em
todos que colaborativamente
sobre idéias e doutrinas, terei interagir, evoluir, construir e
possibilitaram o desenvolvimen-
de encontrar uma outra forma." mudar a realidade a sua volta,
to de um método de comunica-
“o verdadeiro colaborativismo”.
Com 12 anos, conheceu ção mundial, nascido no
a escrita noturna ou Serre, apre- interior da França e que muda Aí me perguntam o que
sentada pelo Capitão Reforma- a vida de um grupo de pesso- estou fazendo neste sentido,
do da artilharia francesa as tão capazes e em alguns mo- na próxima edição veremos o
Charles Barbier. Este método mentos até mais capazes que Projeto Alice.
era baseado em método de co- muita gente que se acha “nor- Agradeço aqui a todos
municação tátil que usava pon- mal”. que colaboraram para esta ma-
tos em relevo dispostos em um Ainda hoje as pessoas tra- téria. Aos meus filhos que me
retângulo. Com isso, Braille es- tam aqueles que possuem al- ensinam a superar todos os di-
forçou-se para simplificar o códi- gum tipo de limitação como as as barreiras e acreditar em
go nos dois anos seguintes e coitados, que não podem so- um mundo melhor, em especi-
desenvolveu um método basea- nhar, crescer, construir. Acredi- al a Alice. Adriana e Silmara
do em uma célula com três pon- tem, com as ferramentas pela ajuda com o texto, ao site
tos de altura por dois de corretas e aplicados os méto- http://pt.wikipedia.org/wiki/
largura. Aos 15 anos Braille ter- dos adequados, respeitando su- Louis_Braille de onde busquei
minou o desenvolvimento do as necessidades, eles farão informações sobre o Braille e
método e pouco depois pas- bem mais que nós mesmos, pe- todos que ajudam a construir
sou a ensinar no Instituto e em la sua determinação e vontade um mundo melhor.
1829 publicou o método que de viver. Algo que nos falta em
até hoje permanece praticamen- alguns momentos.
te o mesmo.
Existem milhares de
CLAYTON LOBATO
Observando o processo Louis Braille, Charles Barbier, é Membro da
de criação do Braile, só posso de Jacques, de Marias, Josés, comunidade do SL
há mais de 10 anos,
agradecer ao seu Pai Simon- Carlos que estão desenvolven- atuou por anos com
René Braille, ao Padre Jac- do coisas legais e que realmen- administração do
ques Palluy, ao Fundador do tecnologias livres e
te estão fazendo a diferença consultor de
Institut Royal des Jeunes Aveu- na vida das pessoas, simples- segurança. Hoje
gles de Paris Valentin Haüy, mente pelo amor e a capacida- dedica-se ao Projeto
Alice.

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COMUNIDADE · OSUM

OSUM - Open Source University Meeting

Por Otávio Gonçalves de Santana

A Sun Microsystems é uma empresa recentes tecnologias de código aberto de uma


reconhecida graças a seus casos sucesso com maneira divertida e atraente.
projetos open source, tais como as tecnologias O OSUM possui seu site divido por grupos
Java, OpenSolaris, MySQL, OpenOffice.org, com interesses em comum, como por exemplo
Netbeans, Glassfish, VirtualBox, entre outros mesma tecnologia a ser estudada, mesmo país,
em todo o mundo. mesma instituição de ensino (incluindo dezenas
Com o intuito da comunicação entre de universidades brasileiras), etc., sendo
estudantes do mundo todo, a Sun Microsystems possível visualizar o perfil de cada grupo. O site
criou o OSUM, Open Source University Meetup, conta com ferramentas como fóruns de
que é uma comunidade para universitários e discussões nas páginas web de cada grupo,
desenvolvedores. Voltada para projetos de sistema de mensagens internas e um grande
Software Livre e Open Source da Sun, seus chat com todos os usuários online. É possível
membros podem aprender sobre as mais entrar em contato com usuários avançados em

Figura 1 - Portal do OSUM Figura 2 - Portal do OSUM

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COMUNIDADE · OSUM

com ideias, participando de eventos e até


mesmo desenvolver softwares de forma
colaborativa ou liderando um projeto inédito.

Para mais informações:


Site OSUM
http://osum.sun.com

Site Projeto Kenai


http://kenai.com

Figura 3 - Projeto Kenai

tecnologias como Java e tirar dúvidas sobre


problemas de difícil solução. Também é
possível organizar e ficar sabendo de alguns
eventos relacionados a Sun ou ao software livre
na sua região, ou então na Internet com a
Webinars.
Outro projeto da Sun muito interessante é
o Projeto Kenai, que é um site para a
hospedagem gratuita de projetos de código
aberto. No site, os sistemas de controle
Mercurial e Subversion são habilitados,
permitindo o rastreamento de temas e fóruns,
além de outros recursos. A intenção é a criação
de um local para promover e aumentar as OTÁVIO GONÇALVES DE SANTANA é
comunidades de código aberto em que todos Graduando em Engenharia de Computação
e Líder da célula de Desenvolvimento da
possam controlar. Faculdade Area1, Desenvolvedor em
solução Open Source, membro da equipe
Se você é um estudante ou entusiasta por Ekaaty Linux. Profile no OSUM:
tecnologias open source, o OSUM e o Kenai http://osum.sun.com/profile/OtavioGoncalves
deSantana
são duas ótimas opções para estar interagindo

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COMUNIDADE · COMUNIDADE SOL SOFTWARE LIVRE

Por Tiago Eugênio de Melo

No ano de 2003, fui ao Fó- vemos que desbravar um ção é classificada como uma
rum Internacional de Software caminho talvez ainda não per- organização não-governamen-
Livre (FISL), em Porto Alegre, corrido por outros grupos. tal (ONG) e, pelo seu estatuto,
juntamente com dois amigos, Juntamente com mais qua- nenhum dos seus dirigentes
Marcelo e Jansen, para conhe- tro pessoas, Amanda, Aman- pode receber pelo exercício
cer um pouco mais do movimen- dia, Rommel e Rômulo, das funções de direção. Portan-
to de software livre. O evento fundamos, no dia 04 de janeiro to, o funcionamento das suas
foi fundamental para nos moti- de 2004, a Associação Comuni- atividades é baseado no volun-
var e entender que o software li- dade Sol Software Livre. Ape- tariado. A seguir, será apresen-
vre não está relacionado sar de não ter os dados tado um breve histórico da
apenas com questões tecnológi- necessários para afirmar, é bas- Comunidade e algumas das su-
cas, mas também com outros tante provável que a Comunida- as principais atividades.
ideais de liberdade e de com- de Sol tenha sido a segunda Dentre as suas diversas
partilhamento do conhecimen- associação criada com o objeti- atividades realizadas, pode-se
to. vo de difundir os ideais do movi- afirmar que as principais foram
Na volta para a nossa ci- mento de software livre no a divulgação dos ideais do mo-
dade, Manaus, estávamos dis- País. A primeira foi a Associa- vimento de software livre na
postos a falar com outras ção Software Livre (ASL), funda- Região Norte e o convencimen-
pessoas sobre o que vimos no da no dia 11 de setembro de to de que os programas livres
evento e trazer essa discussão 2003. A Comunidade Sol é ape- já alcançaram um estágio de
para a nossa realidade local. nas alguns meses mais nova amadurecimento que podem
Assim, após inúmeras discus- que a ASL. ser considerados como a solu-
sões de como conseguir alcan- A Comunidade Sol Softwa- ção mais adequada para em-
çar um número maior de re Livre é uma associação com presas e órgãos públicos. Isso
pessoas, chegamos à conclu- sede da cidade de Manaus, es- foi importante porque muitas
são de que um dos passos inici- tado do Amazonas, e que, en- pessoas se identificaram com
ais seria criar uma associação. tre outros objetivos, busca os ideais de liberdade do movi-
Na época, não tínhamos refe- difundir os ideais do movimen- mento e acabaram se tornando
rências de como fazer isso e ti- to de software livre. A associa- vetores de propagação. Além

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COMUNIDADE · COMUNIDADE SOL SOFTWARE LIVRE

das pessoas que foram conven- locais de trabalho e estudo. In- criar um projeto para escrever
cidas pelos ideais, muitos gesto- clusive, várias entidades toma- um livro sobre software livre. O
res começaram a perceber ram a Comunidade Sol como livro não deveria abordar ape-
que o software livre seria uma referência e também resolve- nas questões técnicas, pois já
alternativa válida para um mer- ram formalizar a criação de enti- existem inúmeras obras sobre
cado tão competitivo. dades locais. isso, mas que tentasse abor-
A principal forma de divul- Além do público de estu- dar o software livre sobre diver-
gação do movimento de softwa- dantes e professores, muitos sos aspectos, como o aspecto
re livre encontrada pela gestores, incluindo os de ór- social, o seu modelo de negóci-
Comunidade Sol foi a realiza- gão público, ao comparecem a os, as questões legais e mo-
ção do Encontro de Software Li- esse tipo de evento, começam rais no uso do software livre,
vre do Amazonas (ESLAM). O a se questionar sobre a impor- além do próprio aspecto tecno-
evento teve quatro edições e tância da adoção do software li- lógico. Assim, em julho de
se tornou um dos principais en- vre. Muitos começam a 2008, escrevi um projeto e sub-
contros do gênero no País. Na pesquisar e tentar entender es- meti para aprovação em as-
última edição, por exemplo, rea- se novo modelo, seja de negóci- sembléia na Comunidade Sol.
lizada no ano de 2007, o even- os, seja de desenvolvimento, O projeto foi aprovado por una-
to teve mais de 1.700 pessoas que é o software livre. Esse ti- nimidade e a própria associa-
inscritas e contou com a apre- po de questionamento acaba ção iria patrocinar os seus
sentação de palestrantes de di- por tornar o movimento mais po- custos.
versos lugares. pular. Para escrever um livro
O ESLAM tem uma reper- Ao participar de eventos com o objetivo de ser uma refe-
cussão em toda a região Norte sobre software livre, percebi rência no assunto, havia a ne-
e vale mencionar a forma co- que sempre surgiam as mes- cessidade da colaboração de
mo muitos dos participantes mas dúvidas. Qual é a diferen- pessoas com experiência no te-
chegam ao evento. Por exem- ça entre software livre e ma e com diversas formações.
plo, devido à peculiaridade geo- software gratuito? Como é pos- Assim, foi criado o livro “A Re-
gráfica do nosso Estado, sível ganhar dinheiro usando volução do Software Livre”, e
talvez seja o único evento do software livre? É possível utili- escrito por dez autores: Alexan-
gênero em que as pessoas zar apenas software livre? En- dre Oliva, Christiano Ander-
vão de barco. É o caso das pes- tre tantas outras perguntas. son, Cezar Taurion, Jansen
soas de Santarém, do Estado Inclusive, vale mencionar que Sena, Marcelo Ferreira, Pauli-
do Pará, que precisam pegar alguns palestrantes, também no Michellazo, Pedro Mizuka-
um barco, durante várias ho- acostumados a escutar esse ti- mi, Pedro Rezende, Rubens
ras, para chegar em Manaus. po de questionamento, prepa- Queiroz e Tiago de Melo. Além
ram palestras específicas para desses autores, o livro ainda
A importância desse tipo conta com o prefácio de Jon
de encontro é que muitos dos tirar essas dúvidas, como é o
caso da palestra do Rubens “maddog” Hall, presidente da
participantes retornam às suas Linux Internacional e um dos
cidades e fazem a coisa aconte- Queiroz, com o título “Tudo o
que você sempre quis saber principais divulgadores dos ide-
cer por lá, através da realiza- ais de software livre pelo mun-
ção de eventos, criação de GNU/Linux mas tinha vergo-
nha de perguntar.” [1] do.
grupos de usuários, além de im-
pulsionar a adoção do softwa- Isso serviu de motivação O projeto do livro incluía
re livre em seus respectivos para que eu tivesse a idéia de ainda a distribuição de exemp-
lares para diversas instituições

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COMUNIDADE · COMUNIDADE SOL SOFTWARE LIVRE

de ensino e pesquisa, bibliote- vre. A razão para afirmar isso dos ideais desse movimento
cas, universidades, escolas, ór- é que tenho percebido que a social.
gãos públicos, entre outros. maioria dos projetos de softwa- Infelizmente, não tenho
Isso foi realizado e a relação re livre ainda são tocados pe- uma resposta pronta para esse
completa pode ser encontrada las mesmas pessoas de problema que identifiquei, qual
nos endereços [2] e [3]. O livro antigamente e que houve pou- seja, a falta de renovação de lí-
foi lançado no Latinoware, em ca renovação. Por exemplo, deres no movimento de softwa-
outubro de 2009, na cidade de apesar de ter citado apenas al- re livre, mas quero aproveitar
Foz do Iguaçu. Portanto, te- guns dos vários projetos que a esse espaço para tentar abrir
mos aí a realização de mais Comunidade Sol realizou, as uma discussão com os leitores
um projeto, vindo do Norte do pessoas que participam ativa- dessa revista. Agradeço aqui a
País, idealizado e patrocinado mente são as mesmas da sua oportunidade e saudações li-
pela Comunidade Sol, seus origem. E, pelo que eu tenho vres a todos.
membros e pelas pessoas que acompanhado, isso vem ocor-
sempre acreditaram na serieda- rendo em todo o cenário nacio-
de do nosso trabalho. nal.
A Comunidade Sol foi res- Tanto é verdade, que bas-
ponsável por realizar parcerias ta observar, por exemplo,
com outras entidades em proje- quem são as pessoas que lide-
tos de inclusão digital e tam- ram os principais projetos de
bém criou cursos de software livre. Ou mesmo,
pós-graduação em desenvolvi- quem são as pessoas que es-
mento em software livre na Uni- tão na organização dos gran-
versidade Federal do des eventos. Na grande
Amazonas (UFAM) e na Univer- maioria das vezes, as pessoas
sidade Estadual do Amazonas envolvidas são aquelas que já
(UEA). Além desses cursos de militam no movimento há mui- Para mais informações:
pós-graduação, vários outros tos anos e raramente se vê ca- [1] Site Rubens Queiroz
surgiram, como o curso de De- ras novas nesses eventos. http://www.dicas-l.com.br/cursos
senvolvimento de Software, do Estou concluindo esse
Centro Universitário do Norte ano a minha participação co- [2] Site Comunidade Sol Software
(UNINORTE), que mudou a mo diretor-geral da Comunida- Livre
sua grade curricular, incluindo de Sol, em que estive à frente http://www.comunidadesol.org
diversas disciplinas sobre desde 2006, e, apesar de ter re-
software livre. Por exemplo, já alizado vários projetos, chego [3] Site pessoal Tiago Eugenio de
no primeiro período, o aluno es- à conclusão de que devemos Melo
tuda uma disciplina chamada repensar como conseguir no- http://www.tiagodemelo.info
de Introdução ao Software Li- vas pessoas que participem ati-
vre e GNU/Linux. vamente. Sim, porque o TIAGO EUGÊNIO
Diante desses projetos re- número de pessoas que usam DE MELO é Diretor-
alizados, surge a seguinte ques- software livre aumenta a cada Geral da ONG
Comunidade Sol
tão: quais são os próximos ano, mas isso não é suficiente, Software Livre.
passos? A meu ver, o próximo pois é importante que tenha-
passo é renovar os participan- mos pessoas que sempre lem-
tes do movimento de software li- brem a todos a importância

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EMPREGABILIDADE · OS BICHOS DA TERCEIRA IDADE

Os "bichos" da terceira idade


Por Jorge Augusto Monteiro Carriça

Nos dias de hoje em que mento indiscriminado das


vivemos em meio a uma “ginca- faculdades (principalmente par-
na” de tarefas diárias, é cada ticulares) que tem explodido
vez mais difícil adaptar-se ao no cenário nacional. Os cursos
mercado de trabalho, porém de praxe que são abertos são:
uma pergunta vem chamando Administração de Empresas,
a atenção dos doutrinadores Pedagogia, Ciências contá-
de Administração de Empre- beis, Ciências econômicas, po-
sas; “E o mercado de trabalho, rém o mercado não está
está pronto para você?”, será pronto para absorver tantos
que o mercado está pronto pa- profissionais, que geralmente
ra absorver essa avalanche de são lançados no mercado mui-
profissionais que as faculda- to jovens, sem experiência, e
des despejam anualmente no costumam aceitar ofertas de
mercado?, a resposta é NÃO, emprego com salários muito
por mais que o sol nasça para abaixo do piso, prejudicando
todos, o mercado não está pron- assim a profissão em geral, e
to para absorver tantos profissi- fazendo sujeitar profissionais
onais lançados no mercado já com anos de mercado a re-
igual tem acontecido, e isso é ceberem salários cada vez me-
devido ao baixo crescimento fi- nores para que não fiquem
nanceiro do país, e ao cresci- desempregados.

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EMPREGABILIDADE · OS BICHOS DA TERCEIRA IDADE

vem obrigando os profissionais


a tomarem novos rumos, e ge-
E o mercado de tra- ralmente não conseguem rece-
ber um salário que seja de
balho, está pronto para você? Se- acordo com o seu tempo de ex-
periência.
rá que o mercado está pronto Muitas vezes um profissio-
nal formado em duas ou três fa-
para absorver essa avalanche de culdades diferentes, com
profissionais que as faculdades experiência internacional, dois
idiomas fluentes, ganha o mes-
despejam anualmente no merca- mo (ou até menos) do que um
profissional que está recém saí-
do? A resposta é NÃO... do da universidade, por isso o
mercado já não está mais ab-
sorvendo tantos profissionais,
Jorge Augusto Monteiro Carriça infelizmente os empresários
tendem a pagar cada vez me-
nos e exigir cada vez mais.
Você já imaginou se você bém não. A moda do momento são
fosse ser operado do coração, os cursos técnicos que o gover-
Porém é isso que aconte-
e quando entrasse na sala de no teima que é a melhor “saí-
ce no ramo da Administração,
cirurgia uma enfermeira lhe dis- da” para a educação, dizem
qualquer pessoa administra o
sesse: Fique tranqüilo, que a que é a melhor e mais rápida
que quiser da forma que qui-
pessoa que irá lhe operar não forma de entrar para o merca-
ser, pois não existe fiscaliza-
é medico, mas é um Administra- do de trabalho, é verdade, po-
ção, nem leis sobre o assunto,
dor de Empresas muito concei- rém nada se comenta que um
além de não existir um conse-
tuado e tem uma ótima profissional técnico dificilmente
lho forte que cobre a exigência
experiência de mercado. Você ganha mais do que 2 ou 3 salá-
de um profissional formado e re-
aceitaria ser operado assim rios mínimos, e que a exigên-
gistrado que possa exercer a
mesmo? Com certeza não. cia de um profissional técnico
profissão da forma correta.
Mas e se você fosse fazer um é muitas vezes mais braçal do
projeto de um prédio de 20 an- Assim o mercado vem es- que intelectual, e que um pro-
dares para alojar toda a sua fa- tagnando cada vez mais, e pro- fissional técnico muitas vezes
mília, e quando fossem lhe fissionais muitas vezes se forma ainda sendo menor
entregar a planta pronta viesse formados a muito tempo estão de idade, já que a exigência pa-
um pedagogo e lhe dissesse: tendo que recorrer a uma se- ra o curso na maioria dos ca-
Sou pedagogo mas adoro á gunda, terceira, ou até quarta sos é ter apenas terminado o
área da construção civil por is- faculdade, para que possa ga- ensino médio, causando assim
so fiz essa planta, mas fique rantir uma vaga no mercado. um desconforto financeiro para
tranqüilo pois tenho muita expe- Até os anos 80 ter concluído o os profissionais que atuam no
riência na área de educação. ensino médio (antigo segundo mercado na mesma profissão,
Você construiria o prédio as- grau), era o bastante para se porém a mais tempo e tem
sim mesmo? Com certeza tam- garantir no mercado, mas essa mais idade. Infelizmente em
banalização do ensino superior grande maioria os empresários

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EMPREGABILIDADE · OS BICHOS DA TERCEIRA IDADE

por todo o planeta. As áreas


da saúde, cuidados pessoais,
...o mercado não encara terceira idade, logística, meio
ambiente, lazer, e educação
da mesma forma um profissional tendem a crescer muito nos
próximos anos, e com novas
recém formado de 45 anos de profissões surgindo no merca-
do como: administrador de da-
idade por exemplo, os chamados dos, webmaster, gerontolo-
gista, pedagogo andragogista,
"bichos da terceira idade", que técnico ambiental, entre ou-
tras, o importante mesmo é es-
estão povoando cada vez mais as colher bem a profissão e
faculdades sendo que o mercado visualizar o futuro que cada
uma oferece de acordo com o
não os absorve... mercado. Não adianta ser as-
tronauta se não tiver uma lua
Jorge Augusto Monteiro Carriça pra ir.

contratantes tem a tendência que são profissões tradicionais


de escolher a mão de obra e que nunca saem de moda. Es-
mais barata e não a mais espe- sa busca profissional até é inte-
cializada. ressante para crescimento
Fazer um bom curso supe- profissional, porém o mercado
rior ou técnico é muito importan- não encara da mesma forma
te, mas também é importante um profissional recém formado
fugir das “armadilhas” ofereci- de 45 anos de idade por exem-
das pelo mercado educacional, plo, os chamados “bichos da
e evitar ser apenas mais um terceira idade”, que estão povo-
“formado” e desempregado no ando cada vez mais as faculda-
mercado, já que a tendência des sendo que o mercado não
os absorve ou dá preferência JORGE AUGUSTO
mundial é o “enxugamento” MONTEIRO CARRI-
profissional nas empresas, e a para profissionais mais jovens, ÇA é Administrador
carga salarial tende a cair ca- que ganham menos. de Empresas e Pe-
rito Judicial - CRA:
da vez mais. Infelizmente essa é a reali- 23.237, Pós Gradu-
Hoje é comum vermos dade, mas ainda existem áre- ado em Pericia Ju-
as de trabalho que tendem a dicial e
pessoas na faixa dos 30 ou 40 Administração Judi-
anos de idade entrando para a crescer e remunerar cada vez cial, Pós Graduado
faculdade para cursar medici- melhor, principalmente a área em Recursos Hu-
da tecnologia de informação, e manos. 30 anos,
na, engenharia, ou direito (anti- Santo Antônio da
gamente conhecido como desenvolvimento de sistemas, Platina - PR. conta-
Triângulo do Trabalho”), por- pois o mercado da tecnologia to: jamc.adm@hot-
expande-se grandiosamente mail.com.

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EDUCAÇÃO · Uso dos Programas de Simulação em Educação e Treinamento

Uso dos Programas de Simulação


em Educação e Treinamento
Por Nilton Pessanha

Ante Vekic - sxc.hu

Sou um designer gráfico, que surgiram com a informáti- e as dimensões do manche


formado pela UFRJ e com 26 ca, não só criando sua página dos caças F-18.
anos de experiência profissio- na rede mundial e mantendo su- Mas o que isso pode aju-
nal. Formei-me quando a edito- as publicações tradicionais, dar na segurança do trânsito e
ração eletrônica ainda era uma mas também desenvolvendo vi- do motorista, na educação dos
completa novidade entre os pró- deogames de combate que fo- alunos desde o primeiro grau
prios americanos. E sempre ram considerados os melhores até a universidade? Além de
achei videogames como um gráficos da categoria na época. designer, anos atrás lecionei
brinquedo ou coisa de adoles- Conheci o conceito de si- editoração eletrônica na Funda-
centes que não tinham o que fa- muladores de voo para PC´s nu- ção Softville, uma incubadora
zer. Porém, no auge da guerra ma reportagem do jornal Folha de empresas na área de infor-
fria, instituições como a Jane’s de São Paulo há alguns anos mática, em Joinville, SC. Ao
Defense (www.janes.com e atrás. A matéria falava de um jo- instalar o programa European
www.janes.ea.com) eram refe- vem americano de 17 anos Air War (EAW), um simulador
rência mundial sobre pesquisa que treinara em seu PC todas de voo da 2ª Guerra Mundial
e análise em questões de defe- as manobras e técnicas de voo concebido em parceria pelas
sa e geopolítica. Com o fim da de um caça americano. Con- empresas Microprose e Has-
guerra fria, a Jane’s Defense frontado num teste com pilotos bro Interactive, para mostrar
enfrentou o dilema tão bem ex- de verdade da USAF, este jo- aos alunos conceitos de textu-
presso no ditado: “E Deus dis- vem bateu a todos em comba- ras, 3D e roteiros, percebi que
se ao dinossauro: Adapta-te ou tes no simulador, o que levou a muito mais que um jogo para
morre!”. Ela diversificou suas USAF a considerar seriamente PC, estava ali embutido todo
atividades. Uma seriíssima insti- o uso destes “videogames” pa- um novo conceito de interface
tuição com relatórios lidos des- ra treinamento. E a Microsoft cri- demonstrando o potencial ain-
de o Pentágono até o Kremlin ou seu joystick com o formato da inexplorado da ideia de si-
voltou-se para os novos meios

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muladores para computadores um carro dentre os vários mode- do conhecimento não está dis-
e de simulação em geral, com los fabricados pela indústria na- seminada e não foi percebida
o uso da inteligência artificial cional e rodaria com ele pelas e compreendida de todo ainda.
para criar, desenvolver e adap- principais ruas e avenidas da Acrescentemos o mapa
tar situações novas e inespera- capital paulista. Ou de Belo Ho- da cidade e teremos um pro-
das ao usuário. Neste rizonte, Rio de Janeiro, Curiti- grama extremamente útil (E
programa em particular, ao con- ba, Brasília, etc. Não estou SEM SIMILAR NO MERCADO
trário dos demais simuladores falando de GPS. O simulador MUNDIAL) para cada motoris-
no mercado, não existe uma in- não só mostraria o interior de ta.
terface com botões e barras de um Corsa, Uno ou Kombi, mas
rolamento. Em vez disso, te- veríamos através do para-brisa Se restringirmos as op-
mos os formulários, cartas e pla- o trânsito e os prédios que exis- ções de escolha para determi-
nilhas com a diagramação tem na Av. Paulista ou Viaduto nada marca de veículo, a
típica dos anos 30 e 40. A simu- do Chá, mesmo que de forma montadora poderia financiar o
lação começa com o comandan- geometrizada e simplificada. O desenvolvimento e distribuição
te dando as instruções aos programa exigiria que o motoris- deste simulador. Acredito que
pilotos antes de cada missão. ta seguisse pelas ruas e aveni- se uma montadora fizesse is-
Vem a decolagem, o encontro das de acordo com todas as so, oferecendo o simulador pa-
com o objetivo, o retorno e, por normas e procedimentos do Có- ra o motorista na compra de
fim, o debriefing da missão, on- digo Nacional de Trânsito e um carro de sua marca, as de-
de se analisam os resultados al- dos conceitos e diretrizes da Di- mais montadoras teriam que
cançados. A seguir, nova reção Defensiva, mostrando er- correr atrás e lançar os simula-
missão ou a saída do jogo: ros e acertos na sua maneira dores de seus veículos.
uma licença concedida pelo co- de condução do veículo, bem Encartado numa edição
mandante, com o passe para a como a manutenção do mes- domingueira em jornais com a
saída da base e a foto da namo- mo, isto é, calibração adequa- Folha de São Paulo e O Esta-
rada com quem o piloto irá se da dos pneus, peso da do de São Paulo, num final de
encontrar. Se o piloto é um 2° bagagem, uso do cinto de segu- semana a distribuição deste
tenente, seu alojamento é o co- rança, etc. CD atingiria um universo com
mum com vários beliches e um O simulador deverá tam- mais de 500.000 leitores, um
aquecedor central; se é um ofi- bém mostrar a inércia, atrito e recorde entre programas de si-
cial superior, seu alojamento é derrapagens próprias do modo mulação e treinamento. E o
uma suíte com lareira. de dirigir cada veículo em parti- mesmo ainda pode ser adota-
cular, carro ou caminhão, por do pelas auto-escolas e esco-
exemplo, de acordo com as las de 2° grau que tem aulas
A ideia de segurança no trânsito. “A in-
E se ampliássemos esse condições da pista e do tempo,
velocidade e estado dos formática pode revolucionar a
conceito de interface com máxi- educação” - campanha da Re-
ma similitude com a realidade, pneus, etc. Esta tecnologia já
existe em qualquer videogame de Globo na TV.
desde a abertura do programa,
para os mais diversos treina- de corridas disponível no mer- Videogame de corrida:
mentos, como a Direção Defen- cado. Mas o conceito de que es- Need For Speed Underground.
siva? Imaginem a distribuição ta surpreendente tecnologia Texturas, luzes, reflexos, sons
de um programa com a simula- seja profundamente considera- e efeitos especiais contribuem
ção do trânsito de São Paulo, da para uso em treinamento e para garantir a atenção e total
capital. O usuário escolheria educação em diversas áreas envolvimento do jogador. Ao in-

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vés de batidas e “pegas”, por-


que não lições de Direção De-
fensiva? Situações do Interfaces pobres e sem
dia-a-dia do motorista poderi-
am ser fielmente reproduzidas atrativos, simplificadas para bara-
no programa com o uso da IA,
apresentando as melhores solu- tear o desenvolvimento do progra-
ções de segurança no trânsito.
ma não criam interesse por parte
Ampliando a ideia do principal interessado...
No ensino de 1° e 2°
graus, os programas educacio- Nilton Pessanha

nais são em geral desinteres-


santes alguns ou projetados escolhida e encontra um labora-
para mongoloides. Ou são mui- tório completamente equipado as escolas precisarão ter com-
to esquemáticos ou são por de- com os mais avançados recur- putadores para isso, mas o
mais infantis. sos de que irá se utilizar para custo de equipar uma escola
Interfaces pobres e sem o seu aprendizado. Pode reali- com computadores é bem me-
atrativos, simplificadas para ba- zar suas pesquisas de química nor do que construir, equipar e
ratear o desenvolvimento do inorgânica explodindo ou enve- manter laboratórios de quími-
programa não criam interesse nenando o ar de seu laborató- ca, física, fotografia, biologia,
por parte do principal interessa- rio virtual, mas sem perigo idiomas, etc. A maior resistên-
do, o estudante. Livros e manu- real. Ou pode dissecar uma rã cia a uma ideia nova assim tal-
ais multimídia: iguais aos livros exatamente como faria com vez venha não dos setores
impressos, mas com som e íco- um animal verdadeiro, no entan- responsáveis pelo orçamento
nes. Qual a diferença em estu- to, nestes tempos de ecologica- escolar, mas dos próprios do-
dar num livro comum? Que mente correto, dissecaria um centes obrigados a se confron-
interesse despertam no estu- ser vivo virtual. O mesmo para tar com uma tecnologia e
dante? Penso não num sim- o ensino superior nas escolas didática que lhes possibilitaria
ples programa educativo, mas de medicina, onde a falta de ca- ter todos os apetrechos neces-
num simulador com o uso ex- dáveres é uma constante. No fi- sários e muito além do que so-
tensivo da Inteligência Artificial nal da aula, a avaliação do nharam, mesmo que de forma
(IA) e o conceito de máxima si- professor virtual mostraria os er- virtual.
militude com a experiência real ros e acertos.
em sua interface. O programa Creio que o mercado pa- Ainda os simuladores de
começa, por exemplo, com a ra tais simuladores seja alta- vôo
planilha das aulas que o aluno mente promissor. Com Voltemos aos simulado-
terá na semana e depois a es- programas assim, qualquer es- res de aeronaves (e de carros,
colha da sala de aula num cor- cola, seja de São Paulo capi- motos, trens, tanques, navios,
redor com varis portas, cada tal, seja da periferia do Recife submarinos, condomínios, cida-
uma com uma placa: Laborató- ou João Pessoa, poderá ter to- des*, aeroportos, etc). Eles ain-
rio de Química, Laboratório de dos os laboratórios de que ne- da podem crescer muito mais
Cinemática, Biologia, Fotogra- cessita equipados no mercado. As Lan Houses
fia, etc. O aluno entra na sala completamente. Naturalmente são o exemplo prático mais re-

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cente disso. Pesquisando na in-


ternet, descobri que nos EUA
existem cockpits para simulado- Creio que o mercado
res de voo. Pode-se adquirir
uma cabine de um caça com o para tais simuladores seja
nome do “piloto” pintado nela;
no lugar do painel fica a tela altamente promissor...
do computador. Um brinquedo
deste é dirigido não somente Nilton Pessanha
ao público juvenil, mas principal-
mente ao adulto. E seu F-18 ca-
be em qualquer garagem... leiros. Vide os sites: Grand Prix 3: o programa
Também existem cockpits para http://www.thunder-works.com/ permite a calibração dos
simuladores de voo com meca- port/noticias.htm. pneus, a escolha do ângulo
nismos hidráulicos para simu- E é preciso ser muito ingê- do aerofólio, a quantidade de
lar os movimentos do avião. O nuo para não perceber a ideolo- combustível, a tática da corri-
preço varia de acordo com o gia por trás de games com da, com o carro se comportan-
modelo, chegando os mais so- American Army, desenvolvido do de maneira diferente com a
fisticados, para utilização em e patrocinado pelo Pentágono. pista molhada ou seca, no as-
aeroclubes e escolas de pilota- Os militares americanos já per- falto ou na brita. Porque não
gem, a custar até U$ ceberam o poder do conceito utilizar a mesma tecnologia
32.000,00. Mas para veículos treinamento com diversão. num programa de segurança
e segurança no trânsito nada no trânsito junto aos futuros
*A Microsoft produz o ga-
encontrei. motoristas?
me SimTower, onde o jogador
Basta navegar pelas pági- tem de administrar um condomí-
nas da internet, nas salas de jo- nio, com reuniões de condômi- Tornando realidade
gos on-line do EAW, CFS3, nos, vazamento de água, Sei que todas estas idei-
IL2 Sturmovik, War Birds, etc, problemas de barulho, etc. E as dependem de pesquisas pe-
para ver o entusiasmo e disposi- produz também o game Sim- dagógicas e de mercado e o
ção desta turma em participar City, onde o jogador é o prefei- desenvolvimento dos progra-
de disputas aéreas, criando to de uma cidade, tendo de mas, mas no caso dos simula-
até esquadrões virtuais com administrá-la por completo, in- dores os programas já
membros cadastrados e chat. cluindo greves dos serviços pú- existem. Falta somente alguém
O entusiasmo é tão grande blicos, corrupção dos juntar tudo, pensando numa fi-
que em vários sites podemos sindicatos, leis de zoneamen- nalidade educativa e de treina-
encontrar novos aviões, novas to, etc. Tais programas, antes mento, investir em Inteligência
missões, novas insígnias para de serem vistos apenas como Artificial como auxílio ao ensi-
estes simuladores, feitos por videogames, deveriam ser utili- no de uma forma nova e diverti-
programadores amantes des- zados pelas escolas de adminis- da dentro da indústria do
tes jogos por livre e espontâ- tração, tas como a Fundação entretenimento e educacional,
nea vontade, sem outra Getúlio Vargas, para treinamen- deixando espaço para franqui-
remuneração além de voar e to dos futuros gerentes adminis- as e para o investimento via pa-
compartilhar este prazer com trativos e até pelos candidatos trocínio. A criação dos
os demais pilotos. E até progra- a cargos eletivos nas adminis- programas pode ser feita atra-
mas completos feitos por brasi- trações municipais! vés de etapas para a aquisição

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de experiência e formação da de Hollywood, com a certeza logias juntas podem fazer pela
equipe de desenvolvimento mo- de que as vendas cobrirão os melhoria do ensino.
delando o simulador com as ca- custos e ainda sobrará muito Com esforço e dedicação
racterísticas desejadas, com para lucrar, quanto lucrará to- podemos ter a chance de inici-
ajuda de pedagogos, psicólo- da uma sociedade ao fazer ar uma revolução conceitual
gos, engenheiros de seguran- uso de programas educacio- no uso e desenvolvimento de
ça, pilotos, etc. nais assim? É possível mensu- programas de educação e trei-
Num país tão grande, rar? namento, criando um enorme
180 milhões de brasileiros po- Apresentando estes con- mercado para uso em todas as
dem ser beneficiados por simu- ceitos numa reunião com o De- áreas do conhecimento huma-
ladores assim, já que partamento de Processamento no, em particular no tocante à
educação é condição sine qua de Dados da Universidade do segurança e temas afins, pois
non em um mundo globaliza- Estado de Santa Catarina erros e acidentes que ocorram
do. Pessoalmente acho que es- (UDESC), um dos professores serão sempre de forma virtual,
tamos apenas esboçando a presentes lembrou que um si- sem vítimas, podem ser anali-
ponta do iceberg no contexto mulador assim para o ensino sados posteriormente para que
do treinamento e educação. de eletrônica seria extremamen- não venham a acontecer na re-
Tornar possível que alu- te útil, pois economizaria no or- alidade.
nos de história participem da çamento do Departamento de
Revolução Francesa, fazendo Engenharia Eletrônica, termi-
nando com o gasto decorrente Contato
com que perambulem pelos Nilton Pessanha Saraiva
mesmos palácios, ruas e be- da queima constante de placas
e transistores nas aulas do labo- Rua Alberto Kroehne 146,
cos por onde andaram Napo- Atiradores
leão e Danton, traz uma ratório, pois os alunos montari-
am circuitos virtuais. CEP 89203-115 Joinville, SC
sinergia com o educando que niltonpess@hotmail.com
nenhum livro, mesmo multimí-
dia, permite. Neste exemplo, o Resumindo
potencial de temas é 6.000 Estou propondo que a co-
anos de história humana! E o munidade do software livre dê
que esperar em termos de mer- o primeiro passo nesta dire-
cado para simuladores para trei- ção, discutindo e produzindo
namento de equipes de programas de simulação com
vendas, administração de em- este conceito para a área de
presas, primeiros socorros, téc- educação, utilizando todos os ti-
nicas de manutenção, etc. É pos de textura, Inteligência Arti-
só pararmos de brincar de Sim NILTON PESSA-
ficial, modelagem de objetos NHA SARAIVA é De-
City e usarmos esta mesma tec- que os videogames da atualida- signer Gráfico
nologia para o ensino, não dei- de já utilizam, acrescidos de
formado pela UFRJ,
atuou como repórter
xando de lado a preocupação uma pesquisa pedagógica do fotográfico e caricatu-
com o visual e a diversão. uso deste conceito de simula-
rista de jornais do
Rio de Janeiro, lecio-
Se um novo game pode ção para treinamento e de nou editoração eletrô-
nica no SENAC e na
custar até U$100.000.000,00 uma séria preocupação em tor- Fundação Softville,
para seus produtores, o mes- nar este tipo de programa um atualmente trabalha
mo que uma superprodução exemplo do que as novas tecno- em propaganda em
Joinville, SC.

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EDUCAÇÃO · O PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

O Profissional
da Informação
na Educação
Superior
Coletando informações para a abertura de novos cursos

Por Wesley A. Goncalves Sanja Gjenero - sxc.hu

O sistema educacional como um todo e, Moroz (2001), ao fazer um acompanha-


nesse contexto, a educação superior é considera- mento sucinto da origem das faculdades e uni-
da um componente essencial tendo em vista os versidades do Brasil e de sua evolução,
novos desafios com os quais passa a ser vital a afirmando:
qualquer ser humano.
A importância do papel que a educação su- a universidade originou-se de faculdades indi-
perior desempenha na sociedade é reconhecida vidualizadas, cuja principal função era a de
em escala mundial. Na Conferência Mundial de formar profissionais; desenvolveu-se sem
questionar que tipo de profissional deveria for-
Educação Superior, realizada pela UNESCO, mar e, nesse caminhar, tomou a direção da
em Paris, no ano de 1998, quando esta Organiza- ênfase à veiculação do conhecimento, em
ção buscou identificar as dificuldades e os objeti- sua forma fragmentada e parcializada. (MO-
ROZ, 2001, p. 76)
vos de cada continente em matéria de educação
superior, no preâmbulo da Declaração emitida
pela Conferência. As Faculdades e Universidade brasileira
No limiar de um novo século, há uma deman- vêem-se, mais uma vez, na iminência de sofri-
da sem precedentes e uma grande diversifica-
ção na educação superior, bem como maior
mento de modificações. A regulamentação de
consciência sobre a sua importância vital tan- uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-
to para o desenvolvimento sociocultural e cional – LDB estabeleceu profundas mudanças
econômico, como para construção do futuro, nas estruturas curriculares das faculdades e uni-
diante do qual as novas gerações deverão es-
tar preparadas com novas habilitações, conhe- versidades, pois revogou toda a legislação em
cimentos e ideais. (UNESCO, 1999, p. 17) que se baseou a formulação dos atuais currícu-
los dos cursos superiores.

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EDUCAÇÃO · O PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

a surgimento de novos profissionais a serem for-


mados

A impor- Profissional da Informação na Educação


tância do papel que a O cenário anteriormente desenhado deixa
claro que nos tempos atuais a competência pro-
educação superior fissional transcende os limites da mera aptidão
técnico-científica e adentra o campo do político-
desempenha na socieda- social..
Contudo, quando nos referimos ao profissi-
de é reconhecida em onal da informação, a imagem que emerge é a
escala mundial. de um profissional eminentemente técnico, pois
“apesar [da] formação estar apoiada no paradig-
ma da informação, a maioria dos cursos ainda
Wesley A. Gonçalves
evidencia mais a formação técnica do que a for-
mação humanística” (VALENTIM, 2000, p. 8).
Entre os profissionais da Informação Jussa-
ra Santos (1996) inclui os:
Na tentativa de contemplar as recentes exi-
gências que a sociedade coloca para os profissio- - Bibliotecários
nais, como: capacidade de coletar informações - Arquivistas
processá-las e de disseminá-las, a ponto de to- - Administradores
mar decisões de autonomia, de produção com ini- - Analistas de sistemas
ciativa própria, de saber trabalhar em grupo, de - Jornalistas
partilhar suas conquistas e de constante forma- - Museólogos
ção, a LDB apresenta características bastante - Comunicadores
novas para a estrutura e funcionamento do ensi- - Informantes
no e cursos universitário. e outros.

Atividade do Profissional da informação


A Faculdade é uma Instituição de ensino As atividades relevantes estão ligadas ao
A Faculdade é uma Instituição, uma entida- processo de geração, disseminação, recupera-
de persistente, acoplada a um certo número de ção, gerenciamento, correção e utilização da in-
pessoas, reguladas por um conjunto de normas formação.
formais e informais. Uma das características
Desta forma alguns autores e especialistas
mais importantes de uma instituição é sua persis-
afirmam que o profissional da informação é
tência por longos períodos de tempo, muitas ve-
aquele profissional que:
zes centenas de anos, e a resistência a
mudanças que possam ser efetuadas nas mes- - Coletam informações
mas. Contudo, estão inseridas numa sociedade - Processa Informações
que continuamente se transforma, e, devido a is- - Distribui informações
so, não podem simplesmente ignorar a abertura
de novos cursos superiores. O resultado disto tu- O desafio na identificação e o papel de atua-
do é a renegociação da Instituição que deve de ção
alguma maneira adequar-se a nova realidade e - Qual formação é indicada para os profissionais

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EDUCAÇÃO · O PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

da informação da educação?
- Como pensar e construir o profissional da infor-
mação na educação?
- Como esses profissionais da informação, que
atuam na educação, pensam e como eles preci-
...quando nos
sam pensar no surgimento de novos cursos supe- referimos ao profissional
riores em uma região que está em constante e
rápida mudança? da informação, a imagem
- Como será o trabalho do profissional da infor-
mação na descoberta pela abertura de novos cur- que emerge é a de um
sos superiores?
profissional eminentemen-
Habilidades do Profissional da informação te técnico...
Barreto (2002) afirma que o profissional da
informação
Wesley A. Gonçalves
(...) se encontra, nesta atualidade, em um pon-
to entre o passado e o futuro. Convive com ta-
refas e técnicas tradicionais de sua profissão,
mas precisa atravessar para uma outra reali-
dade, onde estão indo seus clientes e apren-
der a conviver com o novo e o inusitado,
11ª - ter flexibilidade e polivalência;
numa constante renovação da novidade. 12ª - atualização profissional constante;
(BARRETO, 2002, p. 21) 13ª - capacidade de entender e gerenciar episó-
Conforme citado pela autora Danielle Thia- dios de diferentes naturezas e aplicações;
go Ferreira em seu artigo, (2003), o Profissional 14ª - habilidade na identificação de clientes e for-
da informação possui um ranking de habilidades necedores;
exigido pelo mercado de trabalho sendo: 15ª - habilidade na identificação de parceiro

Julgando, se então, a necessidade balan-


1ª - conhecimento do ambiente de negócios da ceada de conhecimentos técnico-profissionais e
informação; conhecimentos pessoais.
2ª - capacidade de trabalhar em grupo;
3ª - distinção e localização de informações rele- Este profissional é o intermediário das de-
vantes e relevância nas informações; mandas de informação de uma instituição. Cita-
4ª - o domínio na utilização de equipamentos ele- do e adaptado do artigo (Danielle T. Ferreira,
trônicos e na operação de sistemas ou softwa- 2003).
res específicos;
5ª - conhecimento de bases de dados;
A Análise de campo do profissional da infor-
6ª - familiaridade na administração;
mação na educação
7ª - embasamento teórico e pratico sobre o funci-
A análise de campo foi feita na cidade de
onamento das organizações virtuais de informa-
Paracatu, interior do Estado de Minas Gerais,
ções;
deste país. Alguns pontos que são considera-
8ª - domínio da lógica dos sistemas de indexa-
dos, devem fazer parte da nova realidade do
ção de informação;
profissional da informação da educação na bus-
9ª - excelência na comunicação;
ca por informações para abertura de novos cur-
10ª - conhecimento da infra-estrutura e serviços
sos superiores.
de informação;

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EDUCAÇÃO · O PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

pretende implantar. Para a definição dos cursos


é realizada uma pesquisa de campo, onde as
pessoas que são entrevistadas respondem um
questionário.
É trazido
Após a tabulação e análise dos dados, o
para dentro da instituição corpo diretivo da instituição, define quais os cur-
sos que constarão no PDI da instituição e que
às aspirações e anseios serão implantados. Além dos resultados dos
questionários, são consideradas também, as via-
da sociedade no que bilidades econômicas da implantação do curso.
São analisados os custos e benefícios que o no-
se refere ao ensino vo curso trará para a instituição e para comuni-
superior... dade regional. São avaliados os impactos
sócio-econômicos do novo curso.

Wesley A. Gonçalves
A partir das informações obtidas no item
anterior e a partir do momento que o novo curso
atendeu a todas as questões colocadas anterior-
mente, ele é incluído no PDI da instituição e defi-
Deve-se considerar a enorme diferença pe- ne-se um ano para sua implantação.
la busca da informação para abertura de novos
cursos superiores, que há entre o ensino público
Outros processos de informação utilizados
e privado.
pelo profissional da informação da Faculdade
Entre ambos, as informações neste artigo Por se tratar de uma instituição de ensino
se referem ao ensino privado, desta forma não superior, pode-se afirmar que o fluxo de informa-
analisamos o profissional da informação da insti- ções é satisfatório. Os canais de comunicação
tuição pública. funcionam perfeitamente, tanto internamente
quanto externamente.
Coleta, Processamento, Disseminação da in- Existe na instituição um profissional de Re-
formação lações Públicas, cuja responsabilidade é realizar
Toda instituição de ensino superior do país o intercâmbio entre a Faculdade e a comunida-
é obrigada, por força de lei, a protocolar no Minis- de. É trazido para dentro da instituição às aspira-
tério da Educação (MEC) o seu plano de Desen- ções e anseios da sociedade no que se refere
volvimento Institucional (PDI) para um período ao ensino superior.
de 05 (cinco) anos. A cada 05 (cinco) anos a ins- Internamente as informações passam pe-
tituição tem que renovar o seu PDI. los respectivos setores até a sua hierarquia mai-
O PDI protocolado no MEC poderá ser apro- or, sendo então definidos as ações que
vado ou não. Sendo aprovado, a instituição deve- deverão ser seguidas a partir das informações
rá implementá-lo dentro do período citado prestadas.
anteriormente.
No PDI a instituição descreve suas metas Conclusão
e sua atuação dentro dos próximos 05 (cinco) O Profissional da informação que tanto es-
anos, relando inclusive, quais os novos cursos tudamos e vivenciamos, tem o seu papel vital e

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EDUCAÇÃO · O PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

essencial a quaisquer instituições e organiza- BARBOSA, Ricardo Rodrigues. Perspectivas


ções, sendo um profissional multifacetado, que profissionais e educacionais em biblioteconomia e
ciência da informação. Ci. Inf., 1998, vol.27, no.1, p.0-0.
além de dessa primeira função citada, passa a
ISSN 0100-1965
ser o responsável pela preservação da memória
humana sem perder de vista o objetivo primordi- BORGES, Maria Alice Guimarães. The understanding of
al que é a disseminação do conhecimento e da information and knowledge society (IKS). Ci. Inf.,
informação. set./dic. 2000, vol.29, no.3, p.25-32. ISSN 0100-1965.

Suas habilidades são essenciais para o de- GONDIM, Sônia Maria Guedes. Perfil profissional e
senvolvimento, implantação e a operação de dis- mercado de trabalho: relação com formação
positivos para “filtrar, analisar, sintetizar e acadêmica pela perspectiva de estudantes
universitários. Estud. psicol. (Natal), jul.dez. 2002, vol.7,
disseminar” as informações. no.2, p.299-309. ISSN 1413-294X.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Referências Bibliográficas: Nacional, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as
GONDIM, Sônia Maria Guedes. Perfil profissional e diretrizes e bases da educação nacional.
mercado de trabalho: relação com formação acadêmica
pela perspectiva de estudantes universitários. Estud. MÜELLER, Suzana P. "Reflexões sobre a formação
psicol. (Natal)., Natal, v. 7, n. 2, 2002. Disponível em: profissional para biblioteconomia e sua relação com
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1 as demais profissões da informação".
413-294X2002000200011&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: Transinformação, Campinas, v. 1, n. 2, p. 175-185,
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<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0
101-73302003000300005&lng=es&nrm=iso>. Aceso el:
21 Nov 2006. doi: 10.1590/S0101-73302003000300005

ARRUDA, Maria da Conceição Calmon, MARTELETO,


Regina Maria y SOUZA, Donaldo Bello de. Education,
work and job skills: the librarian on focus. Ci. Inf.,
set./dic. 2000, vol.29, no.3, p.14-24. ISSN 0100-1965.

FERREIRA, Danielle Thiago. Information professional:


profile of abilities disputed by companies of human
WESLEY A. GONÇALVES é Analista de
resources recruitment and selection. Ci. Inf., ene./abr. Sistemas com experiência em automação,
2003, vol.32, no.1, p.42-49. ISSN 0100-1965 professor universitário, coordenador de
curso de Sistemas de Informação,
BARBOSA, Ricardo Rodrigues. Perspectivas pesquisador dos temas relacionados a
profissionais e educacionais em biblioteconomia e Gestão de T.I e regulamentação da
profissão. E-mail:
ciência da informação. Ci. Inf., 1998, vol.27, no.1, p.0-0. professorwesley@gmail.com.
ISSN 0100-1965

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EVENTO · RELATO DO EVENTO JAVA ENTERPRISE DAY - GOIÂNIA/GO

Relato do evento
Por Flávia Suares

Nos dias 04 e 05 de dezembro realizamos


o Java Enterprise Day (Javaeeday), na Faculda-
de de Tecnologia do Senac. Com a realização
deste, Goiânia participa do Tech Days JUG’s Edi-
tion, um evento que acontece paralelamente em
várias cidades do Brasil, antes do Sun Tech
Days.
No primeiro dia, fizemos uma reunião com
coffee break entre os gestores e professores da
área de tecnologia da informação.
Já no dia 05, tivemos palestras durante o
dia todo e mais de 200 pessoas presenciando
nosso evento.
Figura 2: Grupos de usuários presentes no Java Enterprise Day
Contamos com palestrantes brasileiros re-
nomados: Paulo Jerônimo, Paulo Silveira, Ale- cidade: Francisco Calaça, McGill, João Felipe
xandre Gomes, Antônio Passos, Felipe D'Assenção Faria, Anildo Junior, Marcos Carva-
Leonhardt, Dairton Bassi e a palestrante interna- lho.
cional Angela Caicedo, da Sun Microsystem, Aus- O GOJava convidou alguns grupos de
trália. E também grandes palestrantes da nossa usuários para divulgar seu trabalho durante o
evento, são eles: /MNT (Mulheres na Tecnolo-
gia), Ubuntu-Goiás, GOPHP e Goiaba Digital.

Para mais informações:


Site do Javaeeday:
http://www.javaeeday.com.br/

FLÁVIA SUARES é JugLeader do GOJAVA


desde Janeiro de 2008.

Figura 1: Credenciamento do evento

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EVENTO: RELATO DO EMSL'09 - ITAJUBÁ/MG

Por Djavan Fagundes e Júlio César Eiras Melanda

Acontece anualmente, desde 2004, em Iniciantes - com apresentações de


Minas Gerais o Encontro Mineiro de Software introdução ao SL, tais como: motivos para usar
Livre (EMSL), criado com o objetivo de fomentar e contribuir com software livre, introdução a
o intercâmbio entre os vários grupos que licenças, por onde começar e onde pedir ajuda,
utilizam software livre no estado, além de softwares para iniciantes.
incentivar sua adoção por novos grupos. Negócios e Governo – estudos de casos
Este ano o evento aconteceu na cidade de sobre o desenvolvimento de Software Livre em
Itajubá, no sul do estado. Foram cinco dias de órgãos do governo ou empresas, apresentação
muito agito e correria no campus da Universidade de ferramentas livres para gestão, padrões
Federal de Itajubá (UNIFEI), com palestras e mini- adotados pelo governo além de palestras que
cursos em todos os dias de evento. As atividades possam ajudar o empresariado a se beneficiar e
aconteceram no período da tarde e noite, no contribuir com plataformas abertas.
campus da UNIFEI. O horário foi escolhido para Sessão Técnica - oferece palestras e mini-
que fosse possível desfrutar melhor da agradável cursos voltados ao público com experiência
cidade de Itajubá e também possibilitar melhor técnica em software livre.
interação entre os participantes. Na solenidade de
abertura do evento, na quarta feira à noite, a mesa
foi formada por Marcos Siríaco e Paulo Roberto
Falcão de Itaipu, o secretário de informática do
minicípio, Antônio Thomás Machado Koenigkan de
Oliveira representando o prefeito de Itajubá,
Doutor Jorge, o Reitor da UNIFEI, professor
Renato Nunes, o representante da Associação
Comercial, Industrial e Empresarial de Itajubá,
Heleno de Oliveira e Silva, e Júlio Cézar Cardoso,
membro do PSL-MG. Durante a cerimônia foi
possível apreciar o canto do coral da UNIFEI, um
dos muitos corais da cidade.
Como habitual os temas dos trabalhos foram
divididos em 5 categorias/trilhas: Figura 1: Participantes concentrados

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EVENTO: RELATO DO EMSL'09 - ITAJUBÁ/MG

Acadêmico - trilha voltada para a casamento simbólica, que aconteceu entre o


apresentação de trabalhos acadêmicos sobre Casal GIMP (Guilherme RazGriz e Camila
desenvolvimento, qualidade de software, Magri).
trabalhos que resultaram em produção de O EMSL 2009 foi organizado pelo Projeto
software livre, protocolos ou padrões abertos. Software Livre Minas Gerais (PSL-MG), Minas
Filosofia e Cultura – questões sobre Livre, membros da comunidade de software
direito intelectual, modelo de desenvolvimento, livre, muitos voluntários de Itajubá. Teve apoio
cultura hacker, interação com a comunidade, da UNIFEI, Prefeitura de Itajubá, Associação
uso de licenças, entre outros. Comercial, Industrial e Empresarial de Itajubá,
empresas locais, Revista Espírito Livre e de
Itaipu. Contou também com os patrocinadores:
Durante os dias de encontro, recebemos SERPRO, COMPEX, Balteau Produtos
palestrantes de peso, como o Júlio Neves que Elétricos, além de outros cujo nome não foi
apresentou o mini-curso de Zenity, o professor citado.
Cláudio Kirner, que falou sobre Uso de Software
Livre em Aplicações de Realidade Aumentada, Ficam nossos agradecimentos a todos os
Marco Siríaco Martins que explicou sobre: envolvidos e que venha o EMSL 2010!
Software Livre na Maior Usina Hidrelétrica do *catch the flag – Modo de jogo “Pega bandeira”,
Mundo - Itaipu Binacional, Marco Lima com mini- onde dois times disputam pela bandeira do time
cursos e palestras sobre perl, além de muitos adversário.
outros. Aconteceram também diversas
apresentações ministradas por alunos da
UNIFEI e por conhecidos membros da
comunidade brasileira de software livre, todos
em um clima de intensa troca de conhecimento. Para mais informações:
A comunidade local, formada em grande parte Site oficial EMSL
de estudantes de faculdades da cidade, http://emsl.minaslivre.org/
estiveram sempre presentes e atentos, lotando
as salas das apresentações.
Entre os muitos mini-cursos tivemos “O
GIMP para mentes criativas”, “Curso básico de
Java 3D” e “Zenity”. Aconteceram também DJAVAN FAGUNTES é analista de teste de
várias palestras e estudos de casos dentro das software na Squadra Tecnologia. É usuário
categorias citadas, além de um competição de de GNU/Linux desde 2004. Contribui com o
GNOME realizando traduções, além de
OpenArena muito divertida, que agitou a tarde incentivar o uso de GNU/Linux.
de quinta-feira com direito a virada épica no
*catch the flag.
O time da organização da cidade de
Itajubá prestou atenção especial na recepção e JÚLIO CÉSAR EIRAS MELANDA é
organização do evento, não poupando esforços estudante de Ciência da Computação na
Unifei. É usuário de GNU/Linux desde 2007.
para torná-lo um grande encontro, onde todos Desenvolve o projeto MathShooter, um
aprenderam, estreitaram relações e se software livre para ensino de matemática.
divertiram. A confraternização de encerramento
do evento teve direto até a uma cerimônia de

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EVENTO: RELATO DO I FORUM SOFTWARE LIVRE - DUQUE DE CAXIAS/RJ

RELATO DO EVENTO
Por Filipo Tardim

No dia 20 de Outubro foi realizado o 1º Fó- dores” é manter os usuários presos aos “an-
rum de Software Livre de Duque de Caxias – zóis”, e das artimanhas contidas na grande rede
Tecnologia e Cultura Livre. (Internet). Mencionou o caso da Amazon, que
O fórum contou com presença do ilustre di- deletou e-books de seus clientes, e da Nvidia,
retor executivo da Linux Internacional, John 'Mad- que lançou um upgrade de bios que desativava
dog' Hall, e de colunistas assíduos da Revista uma função nas placas. “São poderes demais
Espírito Livre: Alexandre Oliva e Jomar dos San- para uma empresa”, enfatizou, e como não po-
tos Silva, além do próprio criador e editor, João dia deixar de ser, falou da Microsoft, que possui
Fernando Costa Júnior. o domínio sobre o sistema Windows, onde ela
decide o que será instalado no computador do
Maddog fez a fala de abertura e assistiu a cliente, e não o próprio.
todas as demais palestras da plateia.
A palestra surpreendeu a plateia, que em
Alexandre Oliva foi o primeiro palestrante. determinados momentos disse falas do tipo “es-
Com o tema A isca, o anzol e a grande rede (Es- tou totalmente fisgado”, “a todo momento caio
pírito Livre nº 2), explicou, através de uma analo- nas armadilhas”, entre outras.
gia muito interessante, os perigos das “iscas”
contidas nos softwares, cujo objetivo dos “pesca- A segunda palestra foi a de João Fernando

Figura 1: Palestra de Alexandre Oliva Figura 2: Palestra de João Fernando

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EVENTO: RELATO DO I FORUM SOFTWARE LIVRE - DUQUE DE CAXIAS/RJ

Costa Júnior, que de forma muito bem humora- .odt para .zip. Com isso mostrou que as informa-
da apresentou o processo de criação da Revista ções contidas no texto estariam totalmente legí-
Espírito Livre, feita 100% com ferramentas de có- veis no arquivo content.xml, presente no interior
digo aberto, como por exemplo o Scribus (na do formato odt.
apresentação foi mostrada uma página da revis- Jomar chamou a atenção ainda para a ven-
ta aberta para edição), Gimp e Inkscape, usan- da casada: o formato fechado (doc) exige um
do como Sistema Operacional o Ubuntu. Tudo software proprietário (Microsoft Office) , que por
isso rodando num modesto PC com apenas 512 sua vez exige um sistema operacional (Win-
MB de RAM, o que portanto seria uma tarefa im- dows), que só roda em uma determinada arqui-
possível de se realizar caso optasse pelo softwa- tetura (PC). Esses dados trouxeram à memoria
re proprietário. da plateia o novo formato docx, padrão do Offi-
“Na Revista, você conversa com o criador ce 2007, que é incompatível com versões anteri-
do programa”, disse João ao se referir às entre- ores do próprio pacote Office, e que é inútil
vistas que sempre estão presentes, em especial renomear a extensão, tirando o x do final.
as da 7ª edição, que trouxe uma entrevista com A palestra foi um sucesso no sentido que
Bruno Coudoin, criador do Gcompris, e Bill Ken- muitos perceberam a importância da adoção do
drick, criador do Tux Paint. padrão aberto.
A primeira palestra da tarde foi a de Jomar Em seguida, Henrique Rabelo de Andrade
dos Santos Silva, que falou sobre “ODF: Passa- falou sobre o e-UNI – Educação à distância nas
do, Presente e Futuro”. Partindo do exemplo universidades. Contou como a UNIRIO desen-
dos hieróglifos egípcios, que só foram decifra- volveu o programa, a partir do Moodle, das suas
dos em 1822, a partir da descoberta da Pedra características, implantação e da importância da
de Rosetta, disse que também estaríamos escre- EaD.
vendo hieróglifos ao adotar o formato proprietá-
rio, onde só o criador do programa de edição Logo após, foi montada a mesa 4CMBr –
saberia decifrar o código caso, no futuro, o pro- Casos de sucesso municipais. Luís Felipe Cos-
grama não existisse mais. Ao contrário, o ODF, ta apresentou o projeto 4CMBr, que significa
utilizando-se de um formato xml aberto, pode Comunidade, Conhecimento, Colaboração e
ser facilmente “decifrado”, e pediu para a plateia Compartilhamento dos Municípios Brasileiros.
realizar a experiência de renomear um arquivo Voltado para a gestão pública, procura apresen-
tar soluções baseadas em Software Livre, como
por exemplo o i-Educar (Espírito Livre nº 7).
Martin Simas explicou como a prefeitura
de Arraial do Cabo utiliza o software livre em
sua gestão e como os moradores têm acesso
aos serviços em qualquer lugar do mundo, utili-
zando inclusive a tecnologia mobile.
Marcelo Massao falou um pouco das bele-
zas naturais de Silva Jardim e do projeto de in-
clusão digital de crianças carentes, utilizando o
software educativo Gcompris.
Na mesma linha, Ana Cristina do Amaral
relatou a experiência na utilização de Software
Figura 3: Palestra do Jomar Silva
Livre nas escolas do município de Mesquita.

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EVENTO: RELATO DO I FORUM SOFTWARE LIVRE - DUQUE DE CAXIAS/RJ

patrocinados pela FUNDEC (Fundação para o


Desenvolvimento Tecnológico e Políticas Soci-
ais de Duque de Caxias).
Chegou, então, a vez de John 'Maddog'
Hall apresentar seu Projeto Cauã, um projeto
não governamental e auto-sustentável, que visa
a criação de uma grande rede de computadores
de baixo custo, baixo consumo de energia, que
ficariam conectados 24 horas por dia à Internet.
Comparando as favelas do Rio às savanas
da África, afirmou que o projeto levaria a tecnolo-
gia àqueles que não possuem acesso, através
da reutilização de hardwares que consumiriam
Figura 4: Mesa 4CMBr - Casos de sucesso municipais
pouca energia, enfatizando que a economia de
Eustáquio Cauper apresentou o LINEDUC energia no planeta é essencial. Com a populari-
– Linux Educacional Duque de Caxias, uma distri- zação, o projeto pretende gerar 2 milhões de no-
buição desenvolvida pela Secretaria de Educa- vos empregos.
ção do município, com o objetivo inicial de
atender as demandas dos alunos e professores
das Salas de Informática Educativa. Ao invés de
utilizar slides, enquanto Eustáquio falava, os pro-
gramas e funções do Lineduc eram apresenta-
dos no telão. Um destaque ficou para o software
Jclic, que teve uma atividade montada ao vivo,
surpreendendo a plateia.
Por fim, Alessandro Silva, membro da co-
missão organizadora do evento, apresentou o K-
Eduque (Espírito Livre nº 7) e sua utilização nos
cursos de iniciação profissional em Informática,

Figura 6: John 'Maddog' Hall

Mostrou também algumas fotos de pesso-


as que mudaram de vida através do Software Li-
vre, e terminou solicitando que todos os que
tiraram fotos com ele, as enviassem para seu e-
mail (e não foram poucas). Eu mesmo enviei as
que tirei e recebi a seguinte resposta:
“Thanks Filipo,
It is nice to get some additional pictures of people.
Even with all the pictures taken of me, and even though I
ask at every talk, few people send them.
Warmest regards,”
Figura 5: Apresentação do Lineduc

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EVENTO: RELATO DO I FORUM SOFTWARE LIVRE - DUQUE DE CAXIAS/RJ

Maddog de fato foi a grande atração do torial com Inkscape e Segurança em servidores
evento, ora requisitado em inúmeras fotos, ora GNU/Linux, e no final foram sorteados brindes,
elogiado pelos organizadores. No entanto é im- entre eles camisetas, tux de pelúcia e produtos
portante dizer que a plateia não estava lá ape- da Linux Small.
nas para ouvi-lo. Prova disso é que um grande Sem dúvidas o Fórum foi um sucesso! Fi-
número de pessoas ficaram para assistir a últi- cou com gostinho de quero mais ao ser realiza-
ma palesta do dia, feita por Paulino Michelazzo, do em apenas um dia, mas que, a exemplo de
apesar do avançar da hora. E quem ficou não Porto Alegre, sinalizou não ficar apenas no I,
se arrependeu. De forma totalmente cômica, Pau- mas que nos próximos anos virão o II, III, etc, e
lino arrancou risos e admirações ao explicitar co- quem sabe não terá sua agenda ampliada.
mo criar e administrar uma empresa livre. Falou
de seu trabalho na Fábrica Livre e foi categórico Parabéns aos organizadores, aos pales-
ao afirmar que para se ingressar no ramo é preci- trantes e, principalmente, aos participantes pelo
so acreditar no Software Livre, mesmo que no co- interesse no SL.
meço você quebre, o que é natural (ele quebrou
quatro vezes, disse). Falou ainda que não dá im-
portância a diplomas, valorizando apenas a com- Para mais informações:
Site oficial do evento:
petência, o que fez alguns arregalarem os
http://www.forumsoftwarelivre.com.br/
olhos. Muitos quiseram entregar-lhe um currícu-
lo, quando disse que deixa os funcionários joga- FILIPO TARDIM é graduando em Letras
rem X-Box quando estão estressados. Mas pela UFRJ, professor da rede municipal de
Duque de Caxias, ajuda a implementar o
deixou bem claro que, para ser bem sucedido, é Linux nas escolas públicas do município e
preciso “ralar”, e é o que todos os seus funcioná- participa do desenvolvimento do Lineduc –
rios fazem. Linux Educacional Duque de Caxias.

Paralelo ao Fórum, foram ministrados 3 mi-


nicursos: Introdução ao GNU/Linux, Ilustração ve-

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EVENTO: RELATO DO EVENTO PHP-PB - JOÃO PESSOA/PB

Por Aécio Pires

O dia 31 de outubro de 2009, foi um sába- A novidade desta edição ficou por conta da
do especial para mais de 200 pessoas da Paraí- realização do desafio PHP. Os competidores, di-
ba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. vididos em duplas, tiveram que resolver aos se-
Nesse dia foi realizado o III Encontro PHP-PB guintes desafios http://tinyurl.com/yl3km89.
(http://www.php-pb.net), no auditório do Shop- Foram premiadas as duas duplas que resolve-
ping Sebrae em João Pessoa-PB. ram os desafios em menos tempo.
Entre os participantes estavam desenvolve- E por falar em prêmios, vários brindes fo-
dores com larga experiência em desenvolvimen- ram doados pelos parceiros/patrocinadores e
to de sistemas WEB, empresários, professores, sorteados entre os participantes. O evento con-
estudantes e iniciantes. Eles tiveram a oportuni- tou ainda com transmissão ao vivo para a WEB,
dade de assistir a apresentações de palestras para aqueles que não puderam estar presentes
que abordaram as novidades do PHP 5.3, PHP ao local do evento.
nas Nuvens, Wordpress, casos de sucesso de Para participar de tudo isso, cada partici-
CMS em PHP, redirecionameno de URLs com pante teve que levar apenas um kilo de alimento
Apache, PHP anti-patterns, a arquitetura MVC não perecível para ser doado a APAE-JP. No to-
do Zend Framework e PHP no mundo mobile. tal foram arrecadados 179 Kg.

Figura 1: Auditório Figura 2: Ganhadores de sorteio

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EVENTO: RELATO DO EVENTO PHP-PB - JOÃO PESSOA/PB

Os slides e as fotos do evento estão dispo-


níveis em http://ur1.ca/g79d.
O próximo encontro PHP-PB já está agen-
dado para março de 2010, com novidades e pa-
lestras de altíssimo nível. Acompanhe as
novidades em http://twitter.com/phppb.

Figura 4: Arte do evento

Para mais informações:


Site oficial PHP-PB
http://www.php-pb.net

Slides e fotos do evento


http://ur1.ca/g79d

AÉCIO PIRES é Ad m in is t ra d o r d e
s is t e m a s d a Dyn a vid e o , p ó s -g ra d u a n d o
e m Se g u ra n ç a d a In fo rm a ç ã o (iDEZ),
g ra d u a d o e m Re d e s d e Co m p u t a d o re s
(IFPB) e t ra d u t o r d o TCOS (Th in Clie n t
Figura 3: Alimentos arrecadados Op e ra t in g Sys t e m ).

Participe!
www.campus-party.com.br

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QUADRINHOS

QUADRINHOS
Por Wesley Samp, Wallisson Narciso e José James Figueira Teixeira

OS LEVADOS DA BRECA

http://www.OSLEVADOSDABRECA.com

NANQUIM2

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QUADRINHOS

NATAL

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AGENDA · O QUE TÁ ROLANDO NO MUNDO DE TI

AGENDA
DEZEMBRO / 2009 Data: 15/12/2009 JANEIRO / 2010
Local: Campinas/SP
Evento: Minicurso gratuito – In- Evento: Campus Party Brasil
trodução a Google Go Evento: 2º TI Verde 2010
Data: 15/12/2009 Data: 16/12/2009 Data: 25 a 31/01/2010
Local: São Paulo/SP Local: São Paulo/SP Local: São Paulo/SP

Evento: Seminário sobre merca- Evento: Natal Livre 2009


do de trabalho com tecnologias Data: 18/12/2009
open source Local: Fortaleza/CE

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