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FUNDAMENTAL*.
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Universidade Federal de Juiz de Fora, Campus Universitário. Bairro Martelos, Cep: 36036-330. Juiz
de Fora - MG. Instituto de Ciências Humanas/ Departamento de Geociências. Tel. 32 - 2102-3108.
1
Graduada em Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
nataliaufjf@yahoo.com.br
2
Professora Mestre do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora.
perlatto@oi.com.br
*
Esse trabalho é uma apresentação sucinta do Trabalho de Conclusão de Curso para a obtenção do
título de licenciada em Geografia, defendido na Universidade Federal de Juiz de Fora em novembro de
2007.
INTRODUÇÃO
A Geografia é uma ciência de extrema importância para o homem, uma vez que estuda
as relações estabelecidas entre a sociedade e a natureza, por meio do espaço geográfico. Esse
caracteriza-se por ser o local onde as relações sociais são produzidas e reproduzidas, ou seja,
local de reprodução da sociedade (CORRÊA, 1995). Nesse âmbito, o homem é o sujeito
construtor do seu espaço geográfico.
Ao ter como objeto de estudo a analogia sociedade-natureza, a ciência geográfica
aborda uma multiplicidade de espaços cada qual com suas especificidades. Sendo assim, vê-se
na obrigação de trabalhar com recortes do espaço. Para tanto, utiliza um instrumento muito
valioso que permite a representação do espaço geográfico ao qual ora se estuda: os mapas.
Os mapas são representações bidimensionais e reduzidas de parte ou de toda a
superfície da Terra, possuindo a função comunicativa através de formas simbólicas. O mapa
não é uma mera obra de arte que procura ilustrar um fato geográfico; ele é uma ferramenta
que permite visualizar uma gama de informações que não se restringe ao estabelecimento de
distâncias entre cidades, altitudes, trajeto de um rio, etc. Há uma infinidade de informações
que podem ser apreendidas nos mapas. No entanto, para que o leitor consiga obter as
informações e se aproprie da função comunicativa que o mesmo possui, ele necessita ter um
conjunto de habilidades e competências considerados básicos para a leitura desse instrumento
geográfico. Trata-se dos argumentos da alfabetização cartográfica, abordada, teoricamente, na
Geografia escolar desde os primeiros anos do Ensino Fundamental.
A alfabetização cartográfica é uma proposta metodológica cujo objetivo é o
desenvolvimento de habilidades e competências para que o aluno torne-se um leitor de mapas.
Assim como o aluno é alfabetizado para a leitura da escrita o discente também deverá
ser alfabetizado para a leitura dos mapas que utiliza uma linguagem semiótica cuja
decodificação torna-se essencial para alcançar a compreensão desse meio comunicativo. Ou
seja, será necessário que haja um processo de decodificação dos signos presentes nos mapas
para que se chegue ao significado dos mesmos. Para que um indivíduo consiga ler um mapa,
ele deve ter a capacidade de decodificar os signos que aparecem nas representações
cartográficas. É esta decodificação que permitirá que o discente aproprie-se da linguagem
gráfica para posteriormente desenvolver a linguagem cartográfica.
PASSINI (1994) afirma que o processo de leitura do mapa consiste na tradução da
imagem representada para o conteúdo do espaço de maneira significativa. Essa leitura
possibilita ao individuo a compreensão do espaço, o reconhecimento, a estruturação e a
organização desse, demonstrando assim a importância que o mesmo possui para com a ciência
geográfica.
De acordo com a proposta metodológica de SIMIELLI (2001) e das diretrizes
estabelecidas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), o ensino de Geografia, nos
primeiros anos da educação básica, deve enfatizar a alfabetização cartográfica de modo a
possibilitar aos alunos a construção paulatina da leitura e interpretação dos mapas. As
aquisições são diferenciadas em cada etapa escolar cabendo aos primeiros anos do Ensino
Fundamental desenvolver nos discentes os elementos cartográficos essenciais como:
• visão oblíqua e visão vertical;
• imagem tridimensional e bidimensional;
• alfabeto cartográfico;
• construção da noção de legenda;
• proporção e escala;
• lateralidade/ referência e orientação.
Para que o processo da alfabetização cartográfica obtenha êxito, vários fatores devem
ser observados, dentre eles o modo como comumente o trabalho com mapas é abordado nas
escolas. De acordo com a bibliografia pertinente, o trabalho docente com mapas consiste na
atividade mecanicista e de memorização dos fenômenos representados. Isso prejudica a
efetiva função das representações cartográficas, que são antes de qualquer coisa um
instrumento comunicativo. Usar os mapas para simples localizações contribui para uma
desvalorização do potencial que esse instrumento representa para a Geografia. A
representação cartográfica permite que o aluno obtenha maior compreensão e apreensão do
espaço geográfico contribuindo para que o mesmo realize análises, correlações e sínteses do
referido espaço.
Outro aspecto relevante para o bom desenvolvimento da alfabetização cartográfica,
consiste em incentivar a criança a mapear um espaço próximo. Ao realizar essa atividade, ela
deverá adaptar-se as condições de mapeador e aplicar obrigatoriamente os conceitos
fundamentais do processo de elaboração de mapas. É claro que esses serão mapas que não
apresentam caráter científico; porém, ao adotar essa condição a criança observará uma série
de exigências pertinentes como reduzir proporcionalmente para a representação gráfica se
adaptar ao espaço destinado, dando início a concepção de escala; a necessidade de expressar o
significado dos signos que a mesma utilizou em sua representação, construindo assim a noção
de legenda; a importância da diferenciação entre visão oblíqua e visão vertical, etc.
Além desses fatores, temos também o aspecto cognitivo dos alunos dos primeiros anos
do Ensino Fundamental que devem ser respeitados para que a atividade de introdução à leitura
de mapas possa realmente ocorrer. As relações espaciais (topológicas elementares, projetivas
e euclidianas) propostas por Piaget (apud ALMEIDA & PASSINI, 1991) relacionam-se à
capacidade de apreensão do espaço pela criança. Segundo essa proposta, a criança concebe as
noções básicas referentes ao espaço a partir do próprio corpo e esta concepção vai ampliando-
se gradativamente ao longo do desenvolvimento cognitivo infantil.
As relações topológicas elementares são as primeiras relações espaciais estabelecidas
pelas crianças. Nessa relação a orientação dos objetos no espaço estabelece-se no espaço
próximo partindo sempre do próprio corpo da criança. Nessa fase os referenciais adotados são
bem elementares destacando as concepções de dentro, fora, ao lado, em frente, perto, longe,
não havendo, ainda, a consideração de distâncias, medidas e ângulos. Portanto, nesse estágio
cognitivo, a criança ainda não apresenta condições de realizar uma análise espacial. O que
observa-se são percepções simples como vizinhança, separação, sucessão e envolvimento
(ALMEIDA & PASSINI, 1991).
As relações projetivas tendem a surgir quando a criança adquire a consciência da
perspectiva. Essa relação espacial está diretamente relacionada com a representatividade,
descentração e reversibilidade do pensamento. O aluno adquire a consciência da perspectiva
percebendo que os lugares são fixos e que a posição do observador é que muda. Essa relação
envolve basicamente as noções de direita, esquerda, em cima, em baixo, na frente, atrás.
Nessa etapa do desenvolvimento cognitivo da criança, “ela estará apta a entender as direções
cardeais: norte, sul, leste e oeste. Na realidade, a criança está transpondo a orientação corporal
para a orientação geográfica” (BOM JARDIM, 2002, p. 49).
As relações euclidianas só podem ser trabalhadas quando as crianças atingem o
desenvolvimento das noções de distância, comprimento, medidas, horizontalidade,
verticalidade, etc. As relações métricas, no entanto, devem partir do corpo da criança,
utilizando para tanto, palmos, pés, passos, para posteriormente alcançar unidades científicas.
Diante da importância que o conhecimento cartográfico possui na ciência geográfica, o
presente trabalho procurou diagnosticar a alfabetização cartográfica nos primeiros anos do
Ensino Fundamental, visto a necessidade que a mesma apresenta para que os discentes
tenham condições cognitivas de ler e compreender os mapas, instrumentos específicos dentro
do conhecimento geográfico.
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
25
20
Objeto correto na visão oblíqua
15
Objeto incorreto na visão oblíqua
10
Objeto correto na visão vertical
Objeto incorreto na visão vertical 5
0
EMARA LÁPIS DE COR JOÃO XXIII
Representação fracassada 30
Representação intelectual 25
Desenho topológico 20
15
Proporcionalidade
10
Desproporcionalidade
5
Presença de legenda
0
Ausência de legenda EMARA LÁPIS DE COR JOÃO XXIII
25
20
Acertos com êxito
15
Acertos com dificuldade
10
Erradas
5
0
EMARA LÁPIS DE COR JOÃO XXIII
Representação fracassada
25
Representação intelectual
20
Não desenhou
15
Proporção
10
Desproporção
5
Legenda
0
Ausência de legenda EMARA LÁPIS DE COR JOÃO XXIII
30
20
10
0
EMARA LÁPIS DE COR JOÃO XXIII
30
20
10
0
EMARA LÁPIS DE COR JOÃO XXIII
Re pre se ntação parcialme nte ve rtical Re pre se ntação ve rtical
Proporcionalidade De sproporcionalidade
Le ge nda Ausê ncia de le ge nda
Localização correta
30
25
Localização incorreta
20
15
Organização correta dos pontos cardeais
10
Organização incorreta dos pontos 5
cardeais 0
EMARA LÁPIS DE COR JOÃO XXIII
Direções determinadas 20
corretamente
15
Direções determinadas
incorretamente 10
Identificação do oeste 5
0
EMARA LÁPIS DE COR JOÃO XXIII
CONCLUSÃO
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ALMEIDA, Rosângela Doin & PASSINI, Elza Yasuko. O espaço geográfico: ensino e
representação. São Paulo: Contexto, 1991.
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ANTUNES, Aracy do Rego [et. al]. O município de Belo Horizonte: os grupos, os espaços,
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