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Irati, PR
2008
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Anais da IV Semana de Geografia de Irati – 1º a 06 de setembro de 2008 ISSN 1983-4667
Irati, PR
2008
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Anais da IV Semana de Geografia de Irati – 1º a 06 de setembro de 2008 ISSN 1983-4667
CAMPUS DE IRATI
CAMPUS DE IRATI
1º A 06 de setembro de 2008
TIRAGEM
Organizadores
A exatidão das informações, os conceitos e opiniões emitidos nos resumos são de exclusiva responsabilidade dos
autores. É permitida a reprodução parcial ou total dessa obra, desde que citada à fonte.
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Coordenação
Prof. Aparecido Ribeiro de Andrade
Prof. Roberto França Silva Jr
Comissão Científica
Prof. Almir Nabozny
Profª. Karla Rosário Brumes
Prof. Wilson Flávio Feltrim Roseghini
Prof. Sergio Gonçalves
Prof. Valdemir Antoneli
Profª Wanda Terezinha Pacheco dos Santos
Comissão Organizadora
Prof. Almir Nabozny
Profª. Karla Rosário Brumes
Prof. Luiz Carlos Basso
Prof. Wilson Flávio Feltrim Roseghini
Marlon Fabio A. Carvalho (acadêmico de Geografia)
Maycon Luiz Tchmolo (estagiário)
Equipe de Apoio
Cassiano Lara de Lima (acadêmico de Geografia)
Dalton Renan Fleischer (acadêmico de Geografia)
Elizeu Eduardo Czekalski (acadêmico de Geografia)
Giovanna de Souza (acadêmica de Geografia)
João Anesio Bednarz (acadêmico de Geografia)
Katya Elise Cicorum (acadêmico de Geografia)
Luciano Almeida de Souza (acadêmico de Geografia)
Miguel Lubaczeuski (acadêmico de Geografia)
Patrick Fernando de Oliveira (acadêmico de Geografia)
Regiane Barteko (acadêmica de Geografia)
Viviane Regina Caliskevstz (acadêmica de Geografia)
Vinicius João Vienc (acadêmico de Geografia)
Zaqueu Luiz Bobato (acadêmico de Geografia)
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DO EVENTO..................................................................................................8
PROGRAMAÇÃO DO EVENTO ..................................................................................................10
MESA REDONDA 1: O Método e a Ideologia na Análise do Espaço Geográfico ...................11
MESA REDONDA 2: A evolução da ciência geográfica a partir de semanas acadêmicas”:
Avaliação das atividades da Semana e debate científico ...........................................................21
MINI-CURSO 1: A Geotecnologia como Ferramenta para Representação do Espaço
Geográfico ......................................................................................................................................23
MINI-CURSO 2: Processos Hidrodinâmmicos em Bacias Hidrográficas: Uso da
Modelagem para Análise do Espaço............................................................................................24
PALESTRA FINAL
PARTE 1: Diversidade e Conflitos Ambientais no Brasil ..............................................35
PARTE 2: Os Geófrafos Frente às Dinâmicas Sócio-ambientais no Brasil ..................42
TRABALHO DE CAMPO: A contribuição da Geografia nas Pesquisas Sócio-Ambientais ...48
RESUMOS EXPANDIDOS - COMUNICAÇÕES ORAIS: ..........................................................50
AQUECIMENTO GLOBAL E POSSIVEIS MUDANÇAS CLIMÁTICAS LOCAIS: O
CASO DE IRATI ............................................................................................................................ 51
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE AQUECIMENTO GLOBAL ...................................... 53
MUDANÇAS NO SISTEMA VIÁRIO DA CIDADE DE IRATI-PR: PROLEGÔMENOS À
CIRCULAÇÃO (URBANA) E À VELOCIDADE......................................................................... 55
ALGUMAS IMPRESSÕES A RESPEITO DA FRONTEIRA E DO TERRITÓRIO A
PARTIR DE TRABALHO DE CAMPO REALIZADO EM FOZ DO IGUAÇU (BRASIL),
PUERTO IGUAZÚ (ARGENTINA) E CIUDAD DEL LESTE (PARAGUAI) ............................ 57
A MUSICIDADE E A GEOGRAFIA: O ESPAÇO GEOGRÁFICO POR MEIO DE SONS &
LETRAS .......................................................................................................................................... 59
REPERCUSSÃO DO AQUECIMENTO GLOBAL EM MEIO À SOCIEDADE, UM
PARALELO ENTRE A VOZ DA MÍDIA E DA CIÊNCIA .......................................................... 61
ENTRE AS PRÁTICAS AGRÍCOLAS AGROECOLÓGICAS E AS CONVENCIONAIS NO
MUNICÍPIO DE SÃO MATEUS DO SUL-PR: DA PRODUÇÃO A PROMOÇÃO DA VIDA.. 63
RECICLANDO MATERIAIS E IDÉIAS: UMA PROXIMAÇÃO POSSÍVEL NO ENSINO
DE GEOGRAFIA............................................................................................................................ 65
O ESTUDO DO CLIMA URBANO NO BRASIL ......................................................................... 67
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA CLIMATOLOGIA NO ENSINO FUNDAMENTAL ........... 69
CIDADES MÉDIAS: ANÁLISE DA ESTRUTURA ECONÔMICA E SÓCIO-ESPACIAL
DE MARINGÁ-PR ......................................................................................................................... 71
CAPITALISMO E A DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO....................................... 73
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PROGRAMAÇÃO DO EVENTO
Horário
Data Atividade
Início Término
Credenciamento
01/09 18:50h 19:30h
Solenidade de Abertura
Prof. Msc. Vitor Hugo Zanette – Magnífico Reitor
Prof. Msc. Aldo Nelson Bona – Ilmo. Vice-Reitor
01/09 Prof. Dr. Mario Humberto Menon – Ilmo. Diretor do Campus de Irati
19:30h 20h
Prof. Dr. Mario Takao Inoue – Ilmo. Diretor Setor de Ciências Agrárias e Ambientais
Prof. Msc. Luiz Carlos Basso – Chefe do Departamento de Geografia
A apresentação de trabalhos foi realizada no período da tarde, das 18:00h às 19:00h nos dias 04 e 05/09.
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dominante transcendido para toda a sociedade. Um tempo depois outros pensadores, inclusive marxistas
como Lênin, passaram a compreender a ideologia como sendo “visão de mundo”, todavia estratificado em
classes. Hoje, por meio de todo o pensamento ocidental que perpassou todo o século XX, vemos uma
gama de ideologias científicas e não-científicas, filosóficas e não-filosóficas.
Apresentadas as concepções centrais do tema proposto, a questão mais intricada é: qual é a
relação do método com a ideologia?
A ciência é própria das classes hegemônicas da civilização, portanto, visto na concepção
marxiana, os métodos que servem (ou serviram) para aperfeiçoar a ciência, contém em si, a ideologia
dominante. Visões de mundo e de ciência, contrárias à dominação de classe, como foi o caso da proposta
do próprio Marx, também surgiram da ideologia. É a contradição, a dialética. Esse é o caso do contexto
do iluminismo, a partir da fé na ciência para “libertar o homem da opressão”, revelou pensadores como
Rousseau que criou a teoria do “bom selvagem”. As próprias obras de Marx também serviram para
“aperfeiçoar o capitalismo”.
Por muito tempo, o marxismo foi a única referência metodológica frente ao mundo do
“desenvolvimento desigual e combinado”, levando mesmo àqueles que nunca leram sequer uma vírgula
na obra de qualquer autor marxista clássico, a se intitularem marxistas. Surgiram partidos, movimentos
sindicais e outras formas de organização, que levantaram (e ainda existem aqueles que levantam) a
bandeira de oposição à “opressão dos trabalhadores”, “das minorias”, “dos estudantes pobres” etc. Nas
ciências humanas, o problema foi ainda mais grave, pois fórmulas de preparação de monografias,
dissertações e teses já estavam prontas diante do ortodoxismo do materialismo dialético, como único
método verdadeiro. Nesse contexto, a ortodoxia marxista levou à construção de um sistema metodológico
mecanicista, beirando ao positivismo lógico, que passou a não contribuir mais para as explicações
geográficas recentes.
No Brasil, essa contradição se colocava primeiramente como uma forma de responder à ideologia
dominante das forças armadas no governo, “representando os interesses estadunidenses”, depois, como
tentativa de demonstrar que o “sonho de uma construção de uma sociedade mais justa”, ainda não tinha
acabado, acentuada pela provocação do ideólogo Francis Fukuyama, com a sua proposta de “Fim da
História”. Para o autor, este momento é o do fim das ideologias. No entanto, a título de crítica,
parafraseando Bobbio “(...) não há nada mais ideológico do que a afirmação de que as ideologias estão
em crise. E depois, esquerda e direita não indicam apenas ideologias” (2001, p.51) 1.
Cabe estabelecer também, uma diferenciação importante, ou seja, entendemos que existe uma
ideologia própria de cada um, por meio da visão de mundo constituída ao longo das existências, pari
passu à produção de ideologia. Cabe também, um esforço de método para não se produzir ideologia, pois,
ideologia não é ciência, embora toda ciência porte uma ideologia. Isto é, não existe neutralidade
científica.
O desenvolvimento das forças produtivas com o “aperfeiçoamento” (permanente) das formas de
reprodução do capital e o fim da União Soviética levaram muitos a pensarem no “fim da história”. A
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BOBBIO, Norberto. Direita e Esquerda. São Paulo: Unesp, 2001.
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globalização emergiu definitivamente com mais força, tanto no plano “concreto” (formas de produção,
TIC etc.), quanto no plano da ideologia. Como diria Galbraith, “Globalização não é um conceito sério.
Nós, americanos, o inventamos para dissimular nossa política de entrada nos outros países.” 2
Novas teorias e conceitos foram forjados para explicar “a novidade” (A novidade veio dar à praia;
Na qualidade rara de sereia; Metade, o busto de uma deusa maia; Metade, um grande rabo de baleia) 3.
Globalização e Neoliberalismo, nas mais diversas vertentes, foram os mais aventados. Um pela a
“esquerda” e outro pela “direita”. O “desenvolvimento” era explicado pela globalização e os “problemas
sociais” pelo neoliberalismo.
Para a “esquerda”, a culpa pela miséria passou a ser do “neoliberalismo globalizado”. Na
América Latina seus representantes seriam Fujimori, Menem e “FHC”. A “esquerda” entoava os gritos
“Fora já, fora já daqui, o FHC e o FMI”. Antes a culpa era apenas do capitalismo, que passou a ter
“sobrenomes”.
Com o governo Lula, não se fala em Neoliberalismo, embora mantenha a política privatista do
antecessor, com certo “sucateamento novo estilo” do ensino de todos os níveis. A dívida externa foi paga,
permanecendo uma grande política interna, mas foi paga. A professora Benedita4 se espantaria se ainda
estivesse viva. Os partidos que eram de esquerda nos anos 1980, bem como os que se ramificaram destes,
ou se tornaram ainda mais idealistas ou se “endireitaram” 5. Atualmente, alguém que se auto-intitule de
esquerda, é considerado pueril, infelizmente.
Daí o momento em que vivemos ser cada vez mais gadocéfalo. As pessoas cada vez estão se
retirando do embate político, seja ele acadêmico ou não. O individualismo está se exacerbando e a coisa
pública está cada vez mais desvalorizada e/ou privatizada. A sensação é a de que não existem alternativas
ao atual status quo, possibilitando a existência de novas formas de alienação e fetichização. Existe o
predomínio do imediatismo: trabalhar, ganhar bastante dinheiro, se aperfeiçoar “a toque de caixa”,
construir casa, comprar carro, casar, ter filhos (dois), netos, bisnetos, tataranetos e morrer 6. A construção
2
Economista norte-americano, em entrevista a Enio Carreto, no Il Corrieri della Sera. Reproduzido na Folha de S.
Paulo de 2 de novembro de 1997, p.13, Caderno “Dinheiro”.
3
“A novidade era o máximo/ Do paradoxo estendido na areia/ Alguns a desejar seus beijos de deusa/ Outros a
desejar seu rabo pra ceia/ Ó, mundo tão desigual/ Tudo é tão desigual/ Ó, de um lado este carnaval/ Do outro a
fome total/ E a novidade que seria um sonho/ O milagre risonho da sereia/ Virava um pesadelo tão medonho/ Ali
naquela praia, ali na areia/ A novidade era a guerra/ Entre o feliz poeta e o esfomeado/ Estraçalhando uma sereia
bonita/ Despedaçando o sonho pra cada lado/ Ó, mundo tão desigual/ Tudo é tão desigual/ Ó, de um lado este
carnaval/ Do outro a fome total”. “A novidade”, letra de Gilberto Gil e música de Bi Ribeiro, Herbert Vianna, João
Barone (1986). © Gege Edições Musicais ltda (Brasil e América do Sul) / Preta Music (Resto do mundo) / Edições
Musicais Tapajós LTDA.
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A professora Benedita foi minha professora na quinta série do antigo primeiro grau. Era uma excelente professora,
muito séria e tradicional. Todos os professores de Geografia que vieram depois eu nomeio de Benedita, para
referenciar a visão e o período em questão, a década de 1980, quando os alunos dentro e apesar de um modo
tradicional, aprendiam muito mais a ser cidadãos e compreender o espaço. A culpa não é da Geografia nem dos
geógrafos, mas das políticas educacionais.
5
As denominações “esquerda” e “direita” não explicam mais as ideologias políticas de nosso tempo, todavia, é uma
forma ilustrativa do problema em que se apresenta.
6
Isto lembra a música Panis et Circenses de Os Mutantes, composta por Caetano Veloso e Gilberto Gil. A letra diz o
seguinte: Eu quis cantar/ Minha canção iluminada de sol/ Soltei os panos sobre os mastros no ar/ Soltei os tigres e
os leões nos quintais/ Mas as pessoas na sala de jantar/ São ocupadas em nascer e morrer/ Mandei fazer/ De
puro aço luminoso um punhal/ Para matar o meu amor e matei/ Às cinco horas na avenida central/ Mas as pessoas
na sala de jantar/ São ocupadas em nascer e morrer/ Mandei plantar/ Folhas de sonho no jardim do solar/ As folhas
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da “grande obra” é mais uma reprodução do sistema. Comprar uma bicicleta nem pensar: É coisa de
“gente doida”.
O discurso da esquerda esvaziou-se com o método. Nesse sentido, parte da culpa é a subversão
dos métodos oficiais, principalmente o marxismo. Usaram tão vulgarmente a dialética, que ela se tornou
mais um positivismo, com quase todos os princípios filosóficos.
O discurso da direita se tornou cada vez mais ideológico, mais a cara da revista Veja, mais a
acrítico como o Fantástico, o Jornal Hoje e o Jornal Nacional juntos. O pragmatismo se tornou a meta,
onde não cabe ingenuidade tampouco questionamentos. O pragmatismo também se tornou justificativa
para a corrupção e outros males.
No Brasil, no atual governo, direita e esquerda se fundiram para criar um monstro ainda pior. Um
monstro capaz de solapar a crítica e torná-la lugar comum. Qualquer crítica tem sido em vão diante dos
“resultados” (números) da economia. A esmola institucionalizada se diferiu de um verdadeiro programa
de transferência de renda, tornando-se uma peita de votos “novo estilo”. Os falsos resultados da educação
serviram como um “cala a boca”. Enquanto isso, os bancos ampliam seus lucros e os impostos
extravasam para patamares jamais atingidos no país, mesmo com o fim da CPMF.
No plano social, isso representou o aumento do peleguismo sindical e o arrocho salarial na escala
nacional, mas, como a inflação, por enquanto, está sob controle, a população se cala. As prioridades
mudaram e a própria diversificação da economia contribuiu para a elevação do que chamamos de
“hedonismo às avessas”, aquela falsa busca pelo prazer, diante do cotidiano cada vez mais claustrofóbico
das cidades. O lazer associado ao prazer é cada vez mais mercantilizado e cada vez mais inatingível.
No plano sexual, ocorreram mudanças significativas, porém enganosas. Na realidade o
conservadorismo mudou de cara, pois mercantilizou ainda mais o sexo e o prazer, tornando as pessoas
cada vez mais alienadas. Isso favoreceu novas formas de repressão sexual, mas principalmente
ideológicas, no sentido do discurso único.
Voltando um pouco, até a década anterior, na Geografia, quem não utilizasse o método marxista
era tachado de “direitoso”. Mas ainda existem focos de resistência desse mecanicismo metodológico. Por
outro lado, muitos geógrafos partiram para a Geografia Física para fugir do debate político, como se
estivessem negando a Geografia como ciência social. Isso empobreceu demais o debate em torno do
pensamento geográfico, que virou coisa de “gente maluca, que viaja na maionese”.
Outra pergunta que fazemos é: qual é o propósito da ciência e da geografia?
A ciência tem o propósito “ontológico” de melhorar a vida da humanidade, ou mesmo de
melhorar a humanidade. Contudo, essa ontologia sempre foi subvertida e, em muitos casos, para fins
escusos. Na Geografia não foi diferente, como foi o caso do emblemático “período” do imperialismo.
Outro propósito “ontológico” da ciência é a busca da verdade. Mas o que é verdade? Você fala a verdade
na medida em que esta é a sua verdade.
sabem procurar pelo sol/ E as raízes procurar, procurar/ Mas as pessoas na sala de jantar/ Essas pessoas na
sala de jantar/ São as pessoas da sala de jantar/ Mas as pessoas na sala de jantar/ São ocupadas em nascer
e morrer (grifos nossos).
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Essas “prerrogativas” fazem, no caso da ciência geográfica, uma apropriadora dos dados da
realidade com o intuito de construir um discurso próprio, para adquirir status científico. Isso não é
negativo, mas pode fazer desta ciência, mais uma produtora de ideologia, se as coisas não forem dosadas.
Vejamos o exemplo de Michel Foucault. No livro Microfísica do poder ele reproduziu uma entrevista
intitulada Sobre a Geografia concedida à revista Herodote. Nesta entrevista o entrevistador perguntou por
que o Foucault não tinha tratado da Geografia em sua Arqueologia do Saber. A todo o momento, Foucault
respondia pensando que o entrevistador reivindicava um espaço para a Geografia entre as ciências sociais,
mas com uma argumentação, o entrevistador disse que muito do discurso de Foucault era “geográfico”,
mas ele nem sabia disso. Espantado o autor entrevistado respondeu:
Cada vez mais me parece que a formação dos discursos e a genealogia do saber devem
ser analisadas a partir não dos tipos de consciência, das modalidades de percepção ou
das formas de ideologia, mas das táticas e estratégias de poder. Táticas e estratégias
que se desdobram através das implantações, das distribuições, dos recortes, dos
controles de territórios, das organizações de domínios que poderiam constituir uma
espécie de geopolítica, por onde minhas preocupações encontrariam os métodos de
vocês. Há um tema que gostaria de estudar nos próximos anos: o exército como matriz
de organização e de saber − a necessidade de estudar a fortaleza, a "campanha", o
"movimento", a colônia, o território. A geografia deve estar bem no centro das coisas
de que me ocupo.7
Quando estávamos na graduação, tivemos uma palestra com Dermeval Saviani, um dos principais
“pensadores” da educação brasileira. Em 1999, fazia um ano que a SEESP (Secretaria de Estado da
Educação de São Paulo) tinha diminuído a carga horária da disciplina Geografia nas escolas de ensino
fundamental e médio. Na ocasião questionamos Saviani a respeito com a seguinte pergunta: Qual foi o
objetivo da diminuição das disciplinas de História e Geografia, além da extinção da Sociologia e Filosofia
em função do aumento da carga horária da Matemática, Português e demais ciências? Tinha a finalidade
de esgotar a criticidade dos estudantes? Sua resposta foi lacônica: “A Geografia nunca foi uma disciplina
crítica...”.
Para não concluir, pois o tempo se esgotou, entendemos que uma das grandes dificuldades em
desenvolver o método em ciências humanas reside nas alterações de base política do mundo, que
colocaram a sociedade em uma dimensão vazia de sentido político e ideológico. Daí reside o problema do
método em seu aspecto pedagógico...
7
FOUCAULT, Michel. Sobre a Geografia. Em: Microfísica do Poder. pp. 86-95. Graal.
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O significado de ideologia
Em um sentido comum a definição de ideologia aponta para um conjunto ou sistema de idéias de
um indivíduo ou grupo. A partir dessa consideração resta saber como esse conjunto de idéias funcionaria
ao efetivar uma espécie assimilação de princípios que podem ser compreendidos como consciência ou
falsa consciência.
Karl Mannhein (1972) coloca que apesar do marxismo ter contribuído em muito para a discussão do
problema ideologia, o termo surgiu e emergiu muito antes e independente do mesmo. Para o referido
autor a ideologia tem dois significados distintos: 1-particular; 2- total.
No Sentido particular, o termo denotaria o ceticismo relativo às idéias e representações
apresentadas pelo nosso opositor: estas são encaradas como “disfarces mais ou menos conscientes da real
natureza de uma situação, cujo reconhecimento não estaria de acordo com seus interesses”. As distorções
vão desde as mentiras conscientes até disfarces semiconscientes e dissimulados.
Por sua vez, o sentido total é mais inclusivo, abrange ideologia de uma época, de um grupo
histórico-social concreto, por exemplo, de uma classe. Em suma, significa a estrutura total da mente ou
mentalidade de uma época ou de um grupo.
Um elemento comum dos dois sentidos é que ambos se voltam ao sujeito (indivíduo ou grupo) – idéias
expressadas pelo indivíduo ou grupo são encaradas como funções da sua existência;
(FUNCIONALIDADE DAS IDÉIAS). Opiniões, declarações, proposições não são tomados por seu valor
aparente, mas à luz da situação de vida de quem os expressa. (PESSOALIDADE DAS IDÉIAS).
Enquanto a concepção particular designa ideologias apenas uma parte do enunciado do opositor e
referente ao seu conteúdo, a concepção total põe em questão a visão total do opositor e todo seu aparato
conceitual. A concepção particular realiza análises ao nível puramente psicológico e a concepção total
opera ao nível teórico. Por exemplo, se acusamos o outro de mentir, admitimos que há critérios comuns
em relação ao que é a verdade. E por outro lado, se atribuímos o ponto de vista do outro a submissão do
mesmo a períodos históricos ou estratos sociais de um outro “mundo intelectual”, o que descarta a
existência do “caso isolado”, estamos lidando com modos de experiência e interpretação totalmente
distintos, sistemas de pensamento opostos (Mannhein, 1972). Na ciência isso se realizaria
epistemologicamente na formulação de métodos de abordagem que tem como fundamento correntes de
pensamento.
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posso tudo a que o coração humano aspira, não possuo todas as capacidades humanas?
Não transforma meu dinheiro, então, todas as minhas incapacidades em seu contrário?
(MARX, 1987, p. 196)
Jon Elster (2007) chama de “força civilizadora da hipocrisia” a suposta “boa vontade” em
comportamentos ou atitudes políticas mediante o constrangimento da exposição pública. Nesse sentido,
um determinado indivíduo, que poderia ser um político ou empresário (ou qualquer outra pessoa pública
que não traga reais preocupações coletivistas, públicas e éticas), a fim de atender seus interesses pessoais,
que são ideológicos, empregam iniciativas positivas. Podemos imaginar o caso hipotético, por exemplo,
de um empresário que demonstre publicamente uma preocupação ambiental sem realmente se preocupar
com isso, mas essa atitude traz benefícios a sua imagem, do mesmo modo um político que também não
tenha a verdadeira preocupação com alguma causa social, mas por ter sua imagem em jogo toma
iniciativas positivas. Esta seria a hipocrisia civilizadora apontada por Elster. “Mesmo se as pessoas estão
motivadas apenas pelos seus interesses individuais, as regras e mecanismos do debate público vão forçá-
las a justificar suas posições em termos de interesse público. Isso limita o interesse particular, em alguma
medida” (ELSTER, 2008). Aqui a visão de Maquiavel parece nítida. Esse conteúdo ideológico, porém,
está mais relacionado ainda a uma ideologia de caráter particular. Por essa razão, obviamente, a hipocrisia
ideológica não deve ser tomada, de modo algum, como regra, por constituir situações isoladas, exceções.
A passagem dessa concepção particular para a concepção total de ideologia se realiza quando a
consciência em si é substituída por uma consciência de classe. Enquanto na ideologia particular um
adversário pode ser acusado de falsificação, tanto consciente como inconsciente, numa concepção mais
geral toda sua estrutura de sua consciência está comprometida, ela não pode mais “pensar corretamente”.
No passado a base da ideologia poderia ser definida por critérios religiosos (como por meio das doutrinas
e dogmas), Mas o próprio pensamento evolui com o aprimoramento do conhecimento humano, evolui
também a ideologia. As escalas de valores que definem o que é verdade ou falsidade, real ou irreal.
A ciência como busca de aproximação da realidade, faz uso de métodos. Os métodos não podem
caracterizar uma ciência, pois são comuns a várias ciências (FERREIRA; SIMÕES, 1992). Esses
métodos, por sua vez podem estar carregados de elementos ideológicos derivados da corrente de
pensamento que orientam os mesmos.
A ideologia pode ser tida como “falsa consciência”. Essa falsa consciência antes era derivada da
constatação de fatos (das observações mais corriqueiras, do senso comum, dos preconceitos), depois
passou a trabalhar com métodos analíticos claramente definidos (procedimentos metódicos baseados em
demonstração científica).
A palavra ideologia tem uso histórico segundo Mannhein (1972, p. 97-98), ideólogos eram “[...]
os membros de um grupo filosófico na França que, seguindo a tradição de Condillac, rejeitavam a
metafísica e buscavam basear as Ciências Culturais em fundamentos antropológicos e psicológicos. [...] A
concepção moderna de ideologia nasceu quando Napoleão achando que este grupo de filósofos se opunha
a suas ambições imperialistas, os rotulou desdenhosamente de ‘ideólogos’. A partir daí a palavra tomou
um sentido pejorativo, que assim como a palavra ‘doutrinário’ reteve até o dia de hoje”. Esse sentido do
termo, passa a ser aceito a partir do século XIX).
Na ideologia, o que se deprecia é a validade do pensamento do adversário, considerado irreal.
Mas o que seria verdadeiramente real? Eis um problema implícito da ideologia. Não é possível taxar o
pensamento de alguém de ser ideológico sem sofrer a mesma acusação.
O primeiro problema para se conceituar ideologia é que a própria conceituação/definição de
Ideologia pode estar impregnada de ideologia. É possível se abster de uma literatura ideológica ao definir
ideologia? Muitos pensadores definiram Ideologia orientando-se em ideologias diversas, desde
filosóficas, jurídicas, históricas, econômicas, políticas...
Guhur (1993) usa o exemplo de Marx e Engels que empreenderam uma luta ideológica contra a
ideologia dominante.). No prefácio do livro “A ideologia alemã”, que constitui uma crítica aos
hegelianos, e ao idealismo alemão de modo geral, a ingenuidade nas representações humanas, os sonhos
inocentes e pueris, típicos dos “jovens hegelianos” são desmascarados, assim como as “ovelhas que se
julgam lobos”, expressão utilizada pelos autores (MARX; ENGELS, 2001).
A teoria marxista fundiu as duas noções de ideologia (particular e total) enfatizando o papel da
posição e dos interesses de classe no pensamento (MANNHEIN, 1970). Considerando que “Ideologia é
um sistema teórico-prático de justificação política das posições sociais” (DEMO, 1987, p.67), poderia se
cogitar que a ideologia advém do poder (?). Entretanto, como o fenômeno do poder é estrutural na
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sociedade: se sempre haverá poder como traço invariante na sociedade, sempre haverá ideologia
dominante.
Seria a ideologia é justificadora ou argumentativa? Simpson (1993) aponta para a linguagem
como principal elemento da ideologia. Mas ideologia seria apenas representação (literária) de um ponto
de vista?
Pedro Demo (1987, p. 68-69) apresenta a ideologia como tendo várias faces, segundo os vários pontos de
vista:
• Ponto de vista do conhecimento objetivado:
Ideologia seria deturpação da realidade em nível excessivo. No conhecimento ideológico
predomina a parte justificadora sobre a argumentativa. No caso extremo pode-se chegar à mentira
e à falsificação consciente e premeditada da realidade.
• Ponto de vista da prática:
Ideologia seria uma falsa consciência no sentido de escamotear os reais conflitos, o caráter
impositivo do grupo dominante e sua exploração dos dominados, as mudanças históricas
necessárias, etc.
• Ponto de vista dos movimentos sociais:
Ideologia constitui um instrumento de coesão dos grupos e das classes, à medida que elabora
idéias-força” que fundamentem uma crença comum, um compromisso mútuo e o entusiasmo do
movimento.
• Ponto de vista dos desiguais:
Ideologia vista em duas direções: vinda de cima aparece como convencimento da legitimidade
das atuais estruturas do poder. Vinda de baixo pode ser a formulação teórica e prática da contra-
ideologia, com vistas a subverter as relações de poder.
Ainda segundo Demo (1985; 1987), os objetivos da ideologia justificadora seriam: -Institucionalizar
posições sociais vantajosas (esse um pressuposto para as afirmações ideológicas que buscam atender
interesses do indivíduo ou grupo). - Justificação busca caracterizar a legitimidade da situação vigente
recorrendo a disfarces de supostas imposições, evitando contestações. Um exemplo desse fato seria o
apelo a pretensa ordem natural com raças superiores.
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virtude do intelectual não é a de fazer ciência, mas de se justificar, na perspectiva de defesa de seus
interesses sócio-econômicos (prestígio, salário, poder etc).” Esse seria o equívoco ou erro da separação
entre teoria e prática.
Pode ser muito útil ao cientista social apresentar uma imagem de revolucionário, de
contestador, de avançado, porquanto isto lhe dá aplausos, lhe confere o atestado de
atualização, lhe oferece maior mercado de venda de livros etc., desde que não lhe seja
exigida a prática correspondente. Se isso for feito, a maioria desiste da teoria, porque
não se dispõe a arriscar seus privilégios (DEMO, 1987, p. 84).
Na Geografia, Método e Ideologia podem se comportar de modo diverso, de acordo com a área, o
campo e especialidade. Para Spósito (2004) o método serve como “porta de entrada” para a leitura da
realidade. Mas essa leitura, justamente devido ao fundamento de cada método, que se constitui também
um olhar específico, é carregada de doutrina e ideologia, segundo a corrente adotada.
O espaço geográfico como produto social, teria uma visão ideologizada? Se afirmarmos que o
espaço equivale à sociedade, expomos uma controvérsia em relação ao objeto principal da Geografia.
Controvérsia essa presente na dicotomia Geografia Física x Humana (MENDONÇA, 1998). A Geografia
Crítica assumiu a postura política militante, contestadora, com base, sobretudo, marxista, as noções de
espaço geográfico atribuídas a essa corrente resultaram ideológicas.
Como a orientação dos geógrafos físicos não adota, em geral, o materialismo histórico como
método explicativo o entendimento do que seria espaço geográfico por estes, vai ser direcionado segundo
a acepção de seus respectivos métodos. Essa observação é interessante quando considerados os métodos
mais utilizados na Geografia (SPOSITO, 2004).
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Resta pensar se é inevitável no fazer científico em geral, e em especial nas análises geográficas,
haverá sempre um uso ideológico. A ideologia existirá como componente consciente das fundamentações,
argumentações, posicionamentos dentro do pensamento geográfico? Não temos a resposta, mas podemos
sinalizar a partir da produção geográfica brasileira recente (CARLOS, 2002), que a ideologização da
Geografia parece distante de terminar. A principal dúvida que se apresenta é que, apesar de inegável que
o conteúdo geográfico (social, político, econômico, cultural e ambiental) possua uma carga ideológica,
será que as análises científicas também, necessariamente, devem possuir ideologia?
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18, v. 1, nº 18, jan./jun. 2002.
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Em 2007 foi realizada a III Semana de Geografia de Irati, onde vários palestrantes e ministrantes
de mini-cursos foram convidados pelo corpo docente do Degeo/i para colaborarem com as atividades do
evento. Naquela oportunidade, os organizadores do evento fizeram uma avaliação bastante positiva e
ressaltaram que a contribuição dos convidados e o empenho da equipe organizadora, principalmente a
equipe de apoio composta por vários discentes, propiciou um salto qualitativo sem precedentes no curso
de Geografia de Irati.
Em 2008 praticamente a mesma equipe organizadora, com a adesão de novos voluntários, tanto
discentes como docentes, se propôs a realizar um evento da mesma magnitude, senão mais relevante
ainda. Neste sentido, vários professores de outras instituições foram convidados a participar como
palestrantes e ministrantes de mini-cursos, e aceitaram o convite. A semana de estudos se realizou com
enorme êxito e no último dia de debates e palestras foi realizada uma mesa redonda, onde os
coordenadores do evento e mais a Profª Ms. Karla Rosário Brumes (docente do Degeo/i), fizeram uma
avaliação de eventos dessa magnitude em suas experiências.
A plenária final da IV Semana de Geografia de Irati contou com uma expressiva participação dos
discentes, os quais fizeram elogios e teceram críticas ao evento, que foram plenamente aceitas pela
organização do evento. Deve se ressaltar que algumas justificativas de encaminhamentos foram feitas,
pois alguns participantes questionaram a forma com que foram distribuídas as atividades da semana.
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O curso de Geografia de Irati é relativamente novo (8 anos), mas se encontra em plena condições
de se igualar a cursos mais antigos, tanto quantitativamente quanto qualitativamente, e a organização de
eventos deste porte com a participação conjunta de alunos e professores, só vem a contribuir para o
sucesso e crescimento do conhecimento geográfico universitário, buscando aprimorar as técnicas,
conhecer teorias e formar profissionais competentes para atuarem no mercado de trabalho.
Também foi debatida a importância em se qualificar cada vez mais o evento, fazendo
investimentos tanto nas palestras e mesas redondas compostas por estudiosos da Geografia, que tragam
contribuições significativas, para os debates que se pretendem realizar durante a semana científica.
Com relação a participação discente, está foi destacada, pois auxiliou em várias etapas do evento.
Os discentes na oportunidade foram cobrados a participar cada vez mais tanto como participantes, como
organizadores, que nos parece que será atendido de forma bastante própria.
Por fim, a plenária serviu para que tanto docentes como discentes pudessem expor seus anseios
quando a organizações de semanas científicas que tenham como elemento principal a inserção a temas
relevantes que possam trazer à tona a discussão em alto nível da ciência geográfica.
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Resumo: O presente nini-curso pautou-se na proposta de apresentar de forma sucinta, por meio do
emprego da geotecnologia como ferramenta para espacialização de todo e qualquer tipo de informação
geográfica. Dessa forma, a utilização de microcomputadores tem sido um fator modificador da forma de
condução dos trabalhos científicos, principalmente na área de Geografia, aonde o uso intensivo dessas
ferramentas que, pelo seu potencial de integração, facilidade de manuseio e velocidade de operação, vem
revolucionado métodos e técnicas de abordagem de problemas específicos, proporcionando, na maioria
das vezes, avanços significativos na qualidade e precisão dos resultados para representação espacial. Na
contemporaneidade constata-se um avanço expressivo no que se refere ao desenvolvimento de softwares
específicos para o tratamento de informação, baseado no uso de microcomputadores. Tais sistemas,
denominados de “informação geográfica” ou mais simplesmente SIG’s que vêm se aprimorando cada vez
mais procurando incorporar conceitos clássicos e contemporâneos, nomeadamente na relação sociedade
natureza, ganhando cada vez mais espaço no meio científico, principalmente por focalizar o
relacionamento de determinado fenômeno da realidade com a sua localização espacial. Assim, a
geotecnologia como ferramenta na elaboração de mapas temáticos tem ocorrido de forma gradual e
crescente nos últimos anos, destacando-se os Sistemas de Informação Geográfica que procuram
automatizar os procedimentos e rotinas de coleta, armazenamento, tratamento e recuperação de dados,
agilizando e aprimorando os estudos referentes à representação do espaço geográfico. É nesses sistemas
de interações complexas que compreendem os diversos recortes espaciais, analisados isoladamente ou em
conjunto, de forma integrada, fornecem informações valiosas, no poder de decisão nos diversos estudos
de pesquisa científica. Outro ponto importante que mereceu ser mencionado foi quanto aos aspectos da
geotecnologia na Web, interatividade e visualização científica e suas aplicações face aos processos e
métodos da comunicação. Nesse contexto tem-se como objetivo principal analisar como se configura essa
representação espacial buscando suas especificidades em relação ao seu processo de estruturação.
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Professor Adjunto do Departamento de Geografia/UNICENTRO. Pesquisador do Núcleo de
Pesquisas Ambientais. E-Mail: bertotti@unicentro.br
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Introdução
A água é um dos principais elementos do sistema ambiental, essencial à existência humana e
grande modeladora das paisagens tropicais e subtropicais. Os processos de desagregação das rochas e o
transporte de materiais pela água são influenciados por atividades bióticas e antrópicas, que podem
aumentar ou diminuir a quantidade desses processos e os materiais na água, bem como o regime do fluxo
de água que afeta diversos habitats. A água pode ser considerada o elemento mais dinâmico da paisagem
e que permeia os demais elementos do meio natural, de modo que regula o ritmo dos processos no sistema
ambiental.
A intervenção humana, através da agricultura em áreas com grande declividade e o
desmatamento de encostas e margens de rios, propicia a redução da infiltração de água no solo e, por
conseguinte, o aumento do fluxo superficial, desencadeando fluxo torrencial sob fortes chuvas. Esses
fatores acabam favorecendo a instalação de processos de erosão do solo, que desestabilizam encostas e
confere uma maior carga sedimentar ao fluxo de água no canal.
A água escoada acaba tornando-se um dos principais agentes responsáveis pelos processos de
erosão do solo (erosão hídrica); de transporte, por trazer consigo substâncias e organismos de onde
passou; e de deposição dos materiais transportados.
O homem a partir da complexidade dos sistemas ambientais acaba por abstraír um quadro
simplificado e inteligível dos mesmos. As afirmações simplificadas desta interdependência estrutural
foram denominadas ‘modelos’. Um modelo é, assim, uma estruturação simplificada da realidade, uma
aproximação, que apresenta supostamente características ou relações sob forma generalizada. Um modelo
pode ser uma teoria, uma lei, uma hipótese ou uma idéia estruturada. Pode ser uma função, uma relação
ou uma equação. Pode ser uma síntese de dados (SKILLING, 1964). Modelo é uma combinação de
expressões lógicas, procedimentos analíticos e critérios que são aplicados a um conjunto de dados, com o
propósito de simular um processo, predizir um evento ou caracterizar um fenômeno.
Os modelos, ao passo que se constituem em ponte entre os níveis de observação e os conceitos
teóricos, possibilitam precisamente o processo de se usar a experiência anterior como base para a previsão
e compreensão do sistema ambiental. Apesar de todos os modelos necessitarem de alguma forma de
ajuste nos parâmetros, mesmo medidos no campo, a modelagem torna-se uma ferramenta fundamental e
de extrema importância. Ela permite avaliar de forma mais precisa os efeitos das alterações antrópicas nos
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processos e, conseqüentemente, seus reflexos nos demais elementos físicos e nos bióticos, além de
possibilitar a predição de impactos diante de possíveis ações no ambiente.
A partir do exposto, o presente trabalho destaca de forma resumida os principais processos
hidrológicos e apresenta os conceitos básicos da modelagem, modelos e suas características, assim como
mostra estudos aplicados do uso da modelagem na análise do espaço.
Processos hidrológicos
Os processos hidrológicos referem-se ao movimento da água sobre a superfície da Terra e
abaixo dela. Eles são mantidos pela energia radiante de origem solar e pela atração da força da gravidade.
O ciclo hidrológico pode ser definido como a seqüência fechada de fenômeno global pelos qual a água
circula entre a superfície terrestre e a atmosfera, impulsionada essencialmente pela energia solar
associada à gravidade e à rotação terrestre.
A bacia hidrográfica, além de ser a unidade territorial básica para o planejamento e o
gerenciamento dos recursos hídricos, definida pela Lei Federal N.º 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que
instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (BRASIL, 1997), é uma unidade
hidrossedimentológica. Isto é, um sistema aberto onde ocorrem os processos hidrodinâmicos, tornando-se
o recorte espacial ideal para estudos ambientais, evidenciam entre outros, Silveira (2000), e Coelho Netto
(1995).
A bacia hidrográfica é definida como uma região sobre a Terra na qual o escoamento superficial
converge para um único ponto fixo chamado exutória. O fluxo de matéria (nutrientes e poluentes) e
energia, na unidade bacia hidrográfica, são coordenados principalmente pela dinâmica da água. Esta
dinâmica depende da combinação, no tempo e no espaço, de vários fatores que interagem no sistema
bacia hidrográfica, como rochas, solos, relevo, clima, flora, fauna, uso do solo, entre outros.
Os principais processos hidrológicos em uma bacia hidrográfica são: precipitação,
evapotranspiração (evaporação + transpiração), interceptação, infiltração, deflúvio, percolação e o
armazenamento de água no solo e subsolo (Figura 1).
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água que passa da atmosfera para o globo terrestre por condensação do vapor de água (orvalho) ou por
congelação daquele vapor (geada) e por intercepção das gotas de água dos nevoeiros (nuvens que tocam
no solo ou mar) (AYOADE, 1991).
De acordo com Bertoni e Tucci (2000) a precipitação na hidrologia é entendida como toda a
água proveniente do meio atmosférico que atinge a superfície terrestre, sendo a mais comum a chuva. Ela
varia localmente e temporalmente e suas características são: quantidade, intensidade, duração, e
distribuição espacial e temporal.
Ward e Trimble (1995) destacam que existem três principais tipos de chuvas: 1) convectivas
(ascensão vertical do ar); 2) ciclônicas ou frontais (encontro de uma massa de ar frio com uma de ar
quente); e 3) orográficas ou de relevo (deslocamento horizontal do ar, que, ao entrar em contato com
regiões elevadas, serras e montanhas, sofre condensação e conseqüente precipitação).
A cobertura vegetal intercepta parte da precipitação pelo armazenamento de água nas copas
arbóreas e/ou arbustivas, de onde é perdida para a atmosfera por evaporação durante e após as chuvas.
Excedendo a capacidade de armazenar água na superfície dos vegetais, ou por ação dos ventos, a água
interceptada pode precipitar sobre o solo (SILVEIRA, 2000; COELHO NETTO, 1995).
“A natureza da cobertura vegetal (tipo, forma, densidade e declividade da superfície), assim
como as características físicas das chuvas, constitui importante variável-controle do processo de
intercepção” salienta Coelho Netto (1995).
A infiltração “é a passagem de água da superfície para o interior do solo. Portanto, é um
processo que depende fundamentalmente da água disponível para infiltrar, da natureza do solo, do estado
da sua superfície e das quantidades de água e ar, inicialmente presentes no seu interior” (SILVEIRA,
2000).
Segundo Hornberger et al. (1998), o escoamento de uma bacia hidrográfica pode resultar de
quatro caminhos de fluxos diferentes: 1) precipitação direta sobre canais de escoamento; 2) escoamento
superficial; 3) escoamento subsuperficial; e 4) escoamento subterrâneo.
O escoamento superficial definido como a água excedente do processo de infiltração, foi
introduzido por Horton (1933). Este mecanismo de geração de escoamento superficial ocorre em todas as
partes da bacia hidrográfica e é atualmente denominado de escoamento hortoniano. Porém, novos estudos
observaram que em regiões florestadas e de clima úmido, principalmente, o escoamento superficial está
relacionado ao acumulo de água, pela saturação do solo até a superfície. O escoamento por saturação do
solo é designado também de escoamento dunniano (HEWLETT e HIBBERT, 1967; DUNNE, 1978;
1983).
Hornberger et al. (1998) afirmam que o escoamento hortoniano predomina em sistemas onde o
perfil do solo ou a superfície da terra foram radicalmente alterados. Este é o caso de regiões áridas ou
semi-áridas, onde a densidade de vegetação é baixa, e em áreas urbanas onde a superfície do solo é pouco
permeável. Enquanto, o escoamento por saturação é mais significativo em áreas úmidas com vegetação
densa, em determinadas condições topográficas que favorecem o posicionamento do lençol freático
relativamente próximo da superfície.
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O escoamento por saturação do solo, de acordo Hewlett e Hibbert (1967), não é produzido ao
longo de toda a superfície da bacia hidrográfica, mas sim sob a influência de uma área de origem
dinâmica, uma vez que sofre expansões e contrações de saturação.
Nas vertentes os processos de escoamento são diversos e dependem da natureza multivariada
dos fenômenos físicos, químicos, biológicos e antrópicos. De acordo com Mendiondo e Tucci (1997), os
processos de escoamento numa bacia vertente são: 1) Escoamento superficial excedente da infiltração; 2)
escoamentos internos; 3) escoamento superficial por saturação do solo; e 4) escoamento pela integração
de processos.
Kobiyama et al. (1998) referenciam aprofundamentos na localização das áreas saturadas e nos
mecanismos ‘internos’ das vertentes, evidenciando os seguintes mecanismos internos: 1) fluxo através de
macroporos; 2) macroporos longitudinais interligados ou ‘piping’; 3) escoamento de retorno ou ‘efeito
pistão’; e 4) intumescência da camada saturada. Um esquema geral desses fluxos é esboçado por
Atkinson (1978).
O movimento vertical da água sob a superfície terrestre, após a mesma se infiltrar está
condicionada à condutividade hidráulica e ao gradiente de potencial formado pela gravidade e pela tensão
de umidade, e este movimento é denominado de percolação.
De acordo com Heath (1983) toda a água sob a superfície da terra é referida como água do
subsolo (ou água subsuperficial) e ocorre em duas zonas diferentes: a zona insaturada ou de aeração e a
saturada. zona insaturada ocorre na maioria das áreas imediatamente sob a superfície terrestre e contém
água e ar (ou vapor de água). Esta zona é dividida em três partes: a zona do solo, a zona intermediária e a
parte superior da franja capilar. Na zona saturada todos os espaços vazios encontram-se completamente
ocupados pela água. As fontes, os poços e as correntes efluentes têm origem na zona saturada. A água
presente na zona saturada é designada de água subterrânea. A recarga da zona saturada ocorre por
percolação da água de superfície através da zona insaturada.
Desta forma, o ciclo hidrológico "embora possa parecer um mecanismo contínuo, com a água se
movendo de uma forma permanente e com uma taxa constante, é na realidade bastante diferente, pois o
movimento da água em cada uma das fases do ciclo é feito de um modo bastante aleatório, variando tanto
no espaço como no tempo" (VILLELA e MATTOS, 1975). É um agente modelador da crosta terrestre,
condiciona a cobertura vegetal e, de modo mais genérico, a vida na Terra por meio da erosão, transporte e
deposição de sedimentos por via hidráulica.
Os aspectos evidenciados restringiram-se aos principais processos hidrológicos. Destaca-se que
os mesmos são dinâmicos e complexos e que maiores detalhes podem ser obtidos principalmente nos
trabalhos de Chorley (1978), Hewlett (1982), Ward e Trimble (1995), Mendiondo e Tucci (1997), Silveira
(2000), e Anderson e Burt (1990).
Modelos e a modelagem hidrodinâmica
Um modelo pode ser definido como “uma estruturação simplificada da realidade que
supostamente apresenta, de forma generalizada, características ou relações importantes” (HAGGETT e
CHORLEY, 1975).
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Tabela 1 – Classificação de alguns modelos hidrológicos
Exigência dos
Modelo Escala Principais dados de saída Referência(s)
dados de entrada
ANSWERS Distribuído – pequenas bacias Alto Escoamento, sedimentos e nutrientes. BEASLEY et al. (1980)
Semi-distribuído – pequenas
TOPMODEL Médio Escoamento e áreas saturadas BEVEN & KIRKBY (1979)
bacias
SUGAWARA (1961);
MODELO DE TANQUE Concentrado Baixo Escoamento
SUGAWARA et al. (1983)
HIDROGRAMA
Concentrado Baixo Vazão total do rio SHERMAN (1932)
UNITÁRIO
FUKUSHIMA & SUZUKI (1986);
HYCYMODEL Concentrado – pequenas bacias Baixo Escoamento
FUKUSHIMA (1988)
MÉTODO RACIONAL Concentrado - pequenas bacias Baixo Vazão máxima de uma bacia VILLELA & MATTOS (1975)
Erosão, escoamento, vazão de pico, concentrações
Distribuído – bacias de até 20 mil
AGNPS Alta de sólidos suspensos, fósforo, nitrogênio, demanda YOUNG et al. (1987)
hectares
química de oxigênio.
JAKEMAN et al. (1990) (1994a)
IHACRES Bacia Baixa Escoamento, sedimento e nutrientes.
(1994b)
Distribuído – parcela Escoamento, transporte de sedimentos e
CHDM Alta LOPES (1995)
experimental a bacia contaminastes.
USLE Distribuído – encosta Baixa Erosão hídrica WISCHMEIER & SNITH (1978)
FLANAGAN & NEARING
Distribuído – encosta (vertente), Erosão, escoamento e as características dos (1995);
WEPP Alta
malha (célula) ou bacia sedimentos. SRINIVASAN & GALVÃO
(1995)
CREAMS Bacias entre 40 e 400 hectares Alta Erosão e deposição. KNISEL (1991)
Distribuído - bacias entre 10 e
LISEN Alta Escoamento, produção de sedimentos. JETTEN & DE ROO (2001)
300 hectares
EUROSEM Distribuído – ‘plots’ de solo Alta Erosão hídrica e transporte de sedimentos MORGAN et al. (1998a) (1998b)
ARNOLD et al. (1993)
Distribuído – bacias médias e Escoamento, produção de sedimentos e qualidade
SWAT Alta SRINIVASAN & ARNOLD
grandes da água.
(1994)
FONTE: VESTENA (2008a).
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Para explicitar apresentam-se resultados que pode ser obtido a partir da modelagem dos processos
hidrológicos. A Figura 2 mostra a dinâmica (expansão e retração), em intervalos horários das áreas saturadas
num ciclo do deflúvio na bacia hidrográfica do Caeté, região serrana de Santa Catarina, estimada utilizando-
se do modelo TOPMODEL (TOPography-based hydrological MODEL).
Figura 2 – Áreas saturadas mínina e máxima na bacia do Rio Caeté, estimadas pelo TOPMODEL durante o
período de 14/10/2007 – 20:00 horas a 21/10/2007 – 13:00 horas (VESTENA, 2008b)
A Figura 3 apresenta a pluviosidade, a vazão observada e a vazão calculada com o modelo Tank
Model para a bacia hidrográfica do Rio do Peixe, localizada no meio-oeste catarinense. Nesta verifica-se o
elevado grau de ajuste entre a vazão observada em campo e a calculada/simulada pelo modelo, ou seja, o
modelo calibrado apresentou bom índice de eficiência.
40 0
35 10
30 20
Qobs, Qcal (mm.d-1)
25 30
P (mm.d-1)
20 P Qobs Qcal 40
15 50
10 60
5 70
0 80
1/1/87 1/2/87 1/3/87 1/4/87 1/5/87 1/6/87 1/7/87 1/8/87 1/9/87 1/10/87 1/11/87 1/12/87
Figura 3 – Hidrograma e hietograma, ano de 1987, bacia Rio do Peixe (LINDNER, 2007)
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O uso da modelagem hidrodinâmica subsidia ações de gestão, nos casos apresentados destaca-se: 1)
a delimitação espacial da área máxima de saturação fundamenta ações de manejo que busquem a preservação
destas áreas de qualquer tipo de ocupação e/ou uso. As áreas saturadas em determinadas áreas da bacia
hidrográfica extrapolam as Áreas de Preservação Permanente prescritas na legislação ambiental brasileira, e
2) a estimativa da vazão que permite inferir a cota de inundação, e consequentemente as áreas inundáveis,
diante de um determinado volume pluviométrico. A previsão das áreas possíveis de inundações pode compor
sistemas de alertas a população ribeirinha ou possivelmente afetada, que podem reduzir os danos e/ou
prevenir dos riscos.
Considerações finais
No Brasil o entendimento da dinâmica dos processos hidrológico em seus diferentes sistemas
ambientais está longe de ser satisfatório, apesar de sua importância, devido à extensão e heterogeneidade dos
ambientes.
Apesar da diversidade de modelos hidrológicos, estes apresentam especificidades, que devem ser
levadas em conta na hora da escolha do modelo a ser empregado.
A modelagem hidrológica assume vital importância no planejamento ambiental, à medida que
fornece subsídios à tomada de decisão, para um manejo mais racional dos recursos naturais.
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475 p.
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Roberto Verdum9
Introdução
A localização do território do Brasil, que tem uma superfície de 8.511.965 km2 e onde 93% desta
superfície está em zona tropical, pode ser considerada como fundamental para caracterizar o papel do
tropicalismo na formação sócio-territorial do país. No entanto, no que se refere a essa formação deve-se levar
em consideração as características da expansão do capitalismo colonial europeu do século XVI, com o
enquadramento desse território de dominação portuguesa num modelo capitalista mercantil.
Assim, para referenciar a questão ambiental no Brasil é necessário resgatar as grandes estratégias
econômicas adotadas historicamente, desde o período colonial de dominação portuguesa, entre os séculos
XVI e XIX, até os dias de hoje. Inicialmente, deve-se referenciar a extração do pau-brasil na face leste da
antiga colônia, especificamente na floresta Atlântica. Neste mesmo ecossistema florestal, na sua porção
nordeste, desenvolvem-se as plantations de cana-de-açúcar, no século XVI, e que estão presentes até hoje,
como a segunda área produtiva do país. As plantations de café caracterizariam o próximo ciclo de produção
agrícola que atenderiam as demandas do mercado mundial. Foram, desenvolvidas, essencialmente, nos
ecossistemas da floresta Atlântica e das Araucárias, assim como nos ecossistemas dos campos meridionais,
na porção sudeste da antiga colônia.
Já não pertencendo mais, do ponto de vista administrativo, ao domínio de Portugal, é a partir dos
anos de 1930 que se vislumbra no país um modelo de desenvolvimento que buscará romper esses ciclos
econômicos baseados na exportação de produtos agrícolas, conforme as demandas dos impérios coloniais. As
elites brasileiras adotam a política de industrialização e da abertura aos investimentos internacionais, como
sendo a possibilidade do país ingressar num modelo desenvolvimentista. A concentração dos recursos
financeiros no Estado caracteriza-o como o grande empreendedor, sobretudo no que se refere à construção de
infra-estrutura para impulsionar o processo produtivo industrial, assim como reforçar o papel agro-
exportador, reconhecido desde o período colonial português. Identifica-se a construção das rodovias que
ligam as regiões sul, sudeste e nordeste, assim como, o sistema de produção de energia por hidroelétricas.
Dinâmica sócio-espacial no Brasil e a questão ambiental brasileira
Salienta-se, freqüentemente, que é a partir dos anos de 1970 que emerge no país a discussão sobre a
problemática ambiental, sendo esta o resultado da mobilização social, especificamente, do movimento
ambientalista brasileiro, que elabora os primeiros paradigmas frente às degradações ambientais que afetam a
sociedade e os ecossistemas do país. No entanto, pode-se considerar que a questão ambiental brasileira tem
suas raízes profundas, a partir dos anos de 1930. Neste período estabelece-se uma abertura crescente aos
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Geociências, verdum@ufrgs.br
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investimentos internacionais que buscam consolidar uma política para tornar o país num grande exportador
de produtos agrícolas de interesse ao mercado consumidor externo. Associado a esta perspectiva aplica-se
uma política de investimentos industriais que incorpora o ideal da modernidade, este forjado nos referenciais
dos denominados “países desenvolvidos”.
Como estratégica para desenvolver este modelo de desenvolvimento no país, nota-se a concentração
dos recursos financeiros na estrutura de Estado, principalmente na esfera do governo federal, em detrimento
dos estados e municípios. Neste sentido, o grande empreendedor e financiador para o estabelecimento das
obras de infra-estrutura é o governo federal. Como exemplo desta estratégia de elaboração de um modelo de
desenvolvimento para o país, cita-se a política de ampliação da rede rodoviária, essencialmente, a construção
das rodovias Rio-Bahia e as redes sudoeste e sul; ampliação da matriz energética, a partir da construção de
usinas hidroelétricas nestas mesmas regiões do país.
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No que se refere à produção agrícola e os principais conflitos ambientais no país, pode-se propor
uma associação entre os diferentes ecossistemas e os sistemas extrativos e agro-industriais desenvolvidos.
Essencialmente, existem os seguintes sistemas produtivos:
• Extrativo Amazônico (látex, mineral e da madeira);
• Pastoril do Nordeste, Sudeste, Sul, e Centro-oeste;
• Agro-industrial da Zona da Mata no Nordeste (cana-de-açúcar, algodão e cacau);
• Agro-industrial do Sudeste (café e cana-de-açúcar);
• Agro-industrial do Sul, Centro-oeste e Norte (arroz e soja);
• Florestal do Nordeste, Sudeste e Sul (madeira exótica: pinos, eucalipto e acácia).
Na Amazônia, que representa 47% do território nacional, em torno de quatro milhões de km², o
processo de degradação da floresta já vem sendo identificado desde a década de 1970, com os estudos de
geógrafos como: Aziz Ab’Saber e Orlando Valverde. Estes identificam, já naquele período, o processo de
savanização, que significa a substituição da floresta por pastagens que, posteriormente, podem ou não ser
abandonadas pela inviabilidade de sustentação de um sistema de exploração pastoril em solo florestal.
Atualmente, o desmatamento da área coberta por florestas representa uma superfície em torno de 400.000
km², Becker & outros, (2002). Identificam-se como os principais problemas ambientais no ecossistema
amazônico, a exposição das terras aos processos erosivos devido aos desmatamentos contínuos e, como
conseqüência o assoreamento dos cursos de água; o processo de formação de áreas arenosas (arenização)
improdutivas e propícias à ação dos agentes erosivos; a degradação da fauna e da flora e as mudanças nas
relações sociais, principalmente em relação às comunidades indígenas da região.
O Nordeste que representa 1,5 milhões de km², em torno de 18% do território nacional, é onde se
localizam essencialmente os ecossistemas da Caatinga, do Agreste e da Zona da Mata, identifica-se com a
presença histórica das plantations, como já salientado anteriormente. Dá-se destaque ao cultivo da cana-de-
açúcar, historicamente desenvolvido, sendo atualmente produzido numa área de aproximadamente de
4.000.000 ha. de solos que, anteriormente, sustentavam a Floresta Tropical Atlântica. Em termos geográficos
esse cultivo se distribui na proporção de 25% na região Nordeste e 60% na região Sudeste (sendo 49%
produzido no Estado de São Paulo), com rendimento médio em torno de 63 ton/ha. Mesmo com a presença
de uma quantidade expressiva de grandes e pequenas propriedades rurais improdutivas, ocorre uma pressão
agrícola, tanto pela criação extensiva de ovinos e de caprinos como pela intensificação do agrobusiness,
sendo uma alternativa de competitividade no mercado externo com a implantação de sistemas de irrigação
para a produção da soja e frutas. Esta região apresenta como sérios problemas ambientais o processo de
desertificação, caracterizado pelos períodos de seca na porção do semi-árido nordestino, degradação das
terras e desestruturação social que provoca, ainda, um fluxo migratório histórico pelo êxodo rural. Identifica-
se, também nesta região do país uma constante degradação da fauna e flora locais.
A região Sul, que representa 580.000 km², 6,8% do território brasileiro, é essencialmente
caracterizada pela presença de ecossistemas florestais subtropicais e campos, onde o agrobusiness está
consolidado desde os anos de 1960, com os cultivos de arroz, trigo, soja, milho e aveia, assim como pela
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criação de bovinos, ovinos e eqüinos. Identifica-se um desmatamento histórico dessas florestas subtropicais,
restando atualmente 4% da floresta original, o que induz a uma pressão social na preservação desses
remanescentes florestais. Por ser uma região caracterizada pela intensificação dos sistemas agrícolas,
identifica-se além dos problemas relativos à degradação das terras, ao assoreamento dos cursos d’água e a
contaminação pelos produtos agro-químicos, um processo de desestruturação das pequenas (abaixo de 25
ha.) e médias (entre 100 e 300 ha.) propriedades familiares. Especificamente, em relação à porção campestre,
no Pampa, identifica-se o processo de formação de manchas arenosas (areais), oriundas da intensificação de
processos naturais de ravinamento e voçorocamento em solos arenosos, pela introdução de sistemas agrícolas
intensivos em áreas de pastoreio, essencialmente, os cultivos de trigo, soja e milho.
A região Centro-oeste, com uma superfície em torno de 1,6 milhões de km², que representa 19% do
território nacional, contém como principal ecossistema o Cerrado. Este é considerado como sendo o segundo
bioma brasileiro em termos de diversidade depois da Amazônia, tendo sido catalogados em torno de 700
espécies vegetais, 935 pássaros, 298 mamíferos e 268 répteis. Após a integração dessa região o processo
produtivo agro-industrial, vários são os cultivos que se expandem e se intensificam: soja (36% da produção
nacional), arroz (21% da produção nacional), milho, feijão, café e mandioca. Dentre os problemas ambientais
que são identificados nessa região destacam-se a degradação da fauna e da flora, inclusive com algumas
espécies ameaçadas de extinção; a degradação dos solos e da água, tanto por ravinamento, voçorocamento e
conseqüente assoreamento dos cursos d’água como, também, no que se refere a contaminação por pesticidas.
Nessa região, receptora de grande fluxo migratório, desde os anos de 1970, caracteriza-se, também, como
outras regiões brasileiras, por mudanças das relações sociais entre os produtores e a apropriação da natureza,
no que se refere e concentração das terras, das técnicas adotadas e dos modos de vida.
A região Sudeste, com uma superfície em torno de 927. 000 km², que representa 11% do território
nacional possuía como principal ecossistema a floresta tropical Atlântica, sendo que hoje apenas 8% desta
floresta existe como remanescente. A introdução da cana-de-açúcar, ainda no período colonial, no século
XVI, e o café, no século XIX representam, ainda hoje, os principais cultivos desenvolvidos nessa região.
Atualmente, a região sudeste produz 60% da cana-de-açúcar da produção brasileira, ultrapassando assim, a
produção histórica da região nordeste, que representa em torno de 25%. Para este cultivo foram ocupados,
aproximadamente 4.000.000 ha. de solos da floresta tropical, com um rendimento atual de 63 ton/ha.
Para a produção do café, foram ocupados, aproximadamente, 3.000.000 ha. de solos de florestas
tropicais, sendo a região sudeste responsável por 79% da produção brasileira, com um rendimento médio de
1,2 ton/ha.
Como problemas ambientais relacionados ao desenvolvimento histórico destes dois sistemas de
cultivos, destacam-se principalmente a fragmentação dos ecossistemas florestais. Neste sentido, são
identificadas a redução da complexidade florestal, a redução do número de espécies, a erosão da diversidade
genética, a penetração de espécies oportunistas e o aumento do acesso à exploração humana, sobretudo em
função da proximidade, também, dos grandes centros urbanos nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
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Considerações finais
Analisando-se a formação do território brasileiro e os conflitos ambientais, conclui-se que são
fundamentais nesta relação as dinâmicas de uma natureza tropical e a incorporação do país à expansão do
capitalismo, desde o período colonial europeu do século XVI até os dias de hoje. O resgate histórico-
geográfico desta incorporação revela que os conflitos ambientais não se limitam ao que se observa
atualmente. Esses conflitos são o produto da seqüência de modelos exploratórios adotados nos diversos
ecossistemas brasileiros, das demandas do mercado interno e mundial, dos planos de desenvolvimento
elaborados na perspectiva da concentração industrial e da reestruturação das atividades agro-pecuárias na
primeira metade do século XX.
Mesmo com a mobilização social, que questiona e se opõe às degradações ambientais identificadas
em todo o território brasileiro a partir dos anos de 1970, e da implantação da Política Nacional do Meio
Ambiente a partir dos anos de 1980, essas degradações ainda se revelam graves. Esta gravidade é acrescida
pela precariedade do poder civil e do estado em interferir no seu controle e na aplicação das políticas
ambientais. Cada vez mais, revela-se concretamente a relação existente entre as disparidades
socioeconômicas dos brasileiros e as diferenciações espaciais do país em termos de degradações ambientais.
Além do crescimento dos conflitos sociais no país, verifica-se uma tendência que aponta para um acréscimo
deste acirramento frente às diferenciações espaciais no território, entre aquelas já degradadas e outras
reservadas à conservação.
Assim, associados a esta precarização das condições ambientais esta a precarização de uma parcela
importante de população brasileira, tanto no meio urbano como rural. Entre os grupos de brasileiros que
possuem maior e menor renda, avalia-se preliminarmente que, na relação entre a distribuição da renda e a
degradação ambiental, os 10% de maior renda têm uma tendência, no seu conjunto, de degradar mais em
relação aos 50% de menor renda. No que se refere ao consumo em geral, este é fracamente controlado,
principalmente daqueles com maior poder aquisitivo, no entanto os brasileiros de menor renda estão mais
submetidos aos impactos das degradações ambientais.
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ROBERTO VERDUM10
RESUMO
Para identificar o olhar dos geógrafos frente às transformações no país e suas relações no que se
refere às implicações ambientais, inicialmente tratar-se-á da base conceitual utilizada por esses para abordar
a relação sociedade-natureza. Em seguida, expor como os geógrafos abordam esta relação e, finalmente, dos
destaques dados por eles na pesquisa frente às degradações ambientais, que são o resultado concreto das
opções adotadas no que se refere ao modelo de desenvolvimento no país.
RESUMÉ
Pour identifier le regard des géographes vis-à-vis les transformations dans le pays et ses rapports
avec les dégradations environnementaux, on propose récupérer la base conceptuelle élaborée pour analyser le
rapport société-nature. Ensuite, on expose comment les géographes développent des méthodes pour travailler
ce rapport et, finalement, les remarques de la dégradation environnementale faites pour les géographes
comme étant le résultat concret des options adoptées dans le modèle de développement du pays.
No entanto, nesta abordagem da Geografia, baseada nos pressupostos de Descartes, era fundamental
diferenciar o homem da natureza. A natureza era considerada como externa ao homem, analisada como
sendo o conjunto dos elementos formadores da Terra (água, solo, ar, ...). Por outro lado, o homem era visto
como um ser biológico na relação com a natureza, podendo-se considerar como sendo uma forma de
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professor Doutor do Departamento de Geografia-Instituto de
Geociências, verdum@ufrgs.br
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Essa aproximação com os referenciais construídos pelas ciências sociais criam a possibilidade dos
geógrafos alterarem suas bases metodológicas para compreender a relação entre os homens e a natureza. O
conceito de espaço geográfico é elaborado como sendo o resultado das formas de como os homens
organizam sua vida e suas formas de produção. Nesta perspectiva, a natureza passa a ser vista como recurso
à produção, o que aponta para uma limitação quanto a possibilidade analítica em relação às dinâmicas da
natureza.
Neste sentido, algumas rupturas epistemológicas podem ser destacadas como referências para o
desenvolvimento das práticas científicas dos geógrafos:
- romper com a compreensão que considera o homem, exclusivamente, como um ser natural;
- reconhecer que a cultura humana é cada vez mais vasta e diversificada, sendo carregada de
elementos técnicos que permitem a esse homem modificar e, até mesmo (re)criar a natureza.
A partir dessas rupturas pode-se reconhecer novas práticas do fazer geográfico que abordam as
intervenções humanas na natureza como referenciadas nas diversas formas de organização social, ROSS,
1990 e MENDONÇA, 2001. Aos geógrafos não seria mais suficiente abordar, por exemplo, os impactos
ambientais meramente como impactos antrópicos, situados numa esfera genérica de análise em relação aos
detentores do poder e dos modos de produção na(s) sociedade(s) humana(s). Para desenvolver seus estudos
na busca dessa relação sociedade-natureza são diversas as categorias de análise utilizadas pelos geógrafos,
entre elas pode-se citar: meio ambiente, paisagem, ecossistema e recurso natural.
- reconhecer que a degradação ambiental no meio rural e urbano traz a marca de nossas opções no
passado, tanto do desconhecimento que se tinha das dinâmicas da natureza e dos desdobramentos
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das intervenções sociais nessas dinâmicas, como no que se refere ao cinismo e a ganância
produtiva;
- reconhecer o grau de estabilidade e o potencial geo-ecológico dos ambientes, isto é, os limites
de tolerância que, quando ultrapassados alteram sua dinâmica, tornando a degradação gerada
irreversível, isto é, nos próximos 25 anos, considerando-se o período de surgimento de uma nova
geração;
- planejar o espaço de tal forma que, os ecossistemas artificiais produzidos pelas diversas formas
de modernizações da agricultura e, que fornecem os recursos para a sociedade, sejam capazes de
funcionar sem degradações ambientais e, assim, permitam a continuidade do desenvolvimento
dos processos produtivos.
Posteriormente a este período, geógrafos franceses como George Bertrand, Jean Tricart, André
Cailleux, Jean Dresch e Pierre Gourou passaram a reconhecer, a partir de uma abordagem sistêmica, as mais
variadas degradações, pela continuidade da adoção de modelos de produção agrícola incompatíveis com as
dinâmicas da natureza local. Dinâmicas estas em grande parte desconhecidas pelos planejadores, que
desconsideravam, tanto o grau de estabilidade e o potencial geo-ecológico dos ecossistemas como o limite de
resiliência (resistência à mudança) de um determinado ecossistema para suportar determinadas alterações,
TRICART, 1994.
No Brasil, geógrafos como Léo Waibel, Emanuel de Martonne, Orlando Valverde, Aziz Ab’Saber e
Manoel Correa de Andrade podem ser considerados os precursores em relação as transformações do espaço
geográfico pelas diferentes modernizações por que passou a agricultura. Através da abordagem considerada
como sendo a da paisagem cultural esses geógrafos são, na sua maioria, testemunhas vivas das opções de
desenvolvimento rural brasileiro e das degradações ambientais, do Rio Grande do Sul à Amazônia. Apontam,
até hoje, os malefícios das políticas agrícolas adotadas por nós brasileiros e as degradações que
marginalizam as áreas de potencial produtivo, assim como, aquelas que se caracterizam como de identidade
única no universo dos ecossistemas tropicais, PNMA, 1996 e BECKER & outros, 2002.
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Estas devem considerar a natureza e o patrimônio cultural, assim como na criação/adaptação de modelos de
produção agrícola no mundo tropical. Sendo que o patrimônio cultural se insere numa história de ocupação
e conformação do território brasileiro.
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estruturas e dinâmicas, atribuindo-o uma multiplicidade de funções e usos, englobando-o como importante
na dimensão histórica e cultural do lugar e da área de entorno, HEIDRICH e outros, 2005.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como propostas para o presente e o futuro é fundamental reafirmar o debate sobre o combate a fome
e as doenças associadas, a partir de um projeto de desenvolvimento que considere como essencial as
potencialidades produtivas e a preservação/conservação ambiental. É importante afirmar a necessidade de
sistematizar, na escala do território nacional e regional, o conhecimento do potencial produtivo e de seus
limites para, inclusive definir políticas públicas e privadas relativas ao desenvolvimento rural. Considera-se
relevante também, definir esses potenciais e os limites da produção referenciados na análise das capacidades
tecnológicas, técnicas e de métodos atuais, que se modificam ao longo do tempo.
Acredita-se que essa parcela de contribuição gerada pelos geógrafos deva servir como referencial nos
questionamentos e nas decisões em relação a adoção de modelos de modernização, tanto em relação ao meio
rural como urbano, principalmente aquelas que levam exclusivamente em consideração os mecanismos
econômicos e políticos, em detrimento das dinâmicas ambientais. Neste sentido, deve-se levar em conta que
ao desconhecer a importância dessas dinâmicas, não só estaremos gerando fontes de degradação da natureza,
mas certamente, dos fatores socioeconômicos que sustentam as relações humanas.
REFERÊNCIAS
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O trabalho de campo constitui-se como instrumento fundamental para uma "leitura", por meio da
qual se desvenda o entorno e se estabelece a mediação entre o registro, o conhecimento já sistematizado e
informado e o seu significado, auferido através de um processo dinâmico e dialético para o entendimento da
realidade. Daí decorre a necessidade de discernir-se sobre o real papel que o trabalho de campo desempenha
nos processos de construção do conhecimento e de aquisição de atitudes de comprometimento. Neste sentido
a proposta da atividade de campo acabou instigando os participantes do evento para interpretação das
variáveis que compõem uma unidade de paisagem, bem como sua inter relação.
Partindo deste principio, o trabalho de campo entre as cidades de Irati e Prudentópolis propiciou uma
investigação das características sociais e ambientais, bem como suas inter relações. Dentre as características
físicas, a área em estudo apresenta formação geológica, de depósitos sedimentares paleozóicos,
correspondentes à grande feição de sedimentação marinha e litorânea, conhecida como Bacia Sedimentar do
Paraná.
Nas áreas de estudo há uma predominância da Formação Terezina, a qual é composta por siltitos
acinzentados oriunda de planície de maré e plataforma epinerítica, além de afloramentos da Formação Serra
Alta, Formação Palermo e formação Rio do Rastro, sendo estes componentes do grupo Passa Dois. Em áreas
de topo, é possível encontrar camadas residuais de diabásio, oriundos de “diques ou sills” Juro-Cretácio da
Formação Serra Geral. Estas características, associadas aos processos de intemperismo, permitem o
surgimento de vertentes côncavas/convexas. Devido às características morfopedológicas, o uso do solo desta
região é predominantemente de agricultura familiar e em alguns casos pratica-se ainda sistema de roça que já
vinha sendo desenvolvida desde a colonização. A tração animal e o trabalho familiar são as bases para o
desenvolvimento desta atividade onde se cultiva milho, feijão, arroz e trigo. Entre as diversas
particularidades, do uso do solo, há de se levar em consideração o sistema de Faxinais, ou criadouro comum,
uma forma de organização camponesa que combina policultura com criatório animal e extrativismo vegetal.
Ao longo do itinerário, foram realizadas algumas paradas nas margens da BR 376. A primeira delas
foi realizada no limite entre os municípios de Irati e Prudentópolis, neste ponto as características físicas
apresentam algumas particularidades como um relevo com vertentes alongadas e suaves, e um solo bem
drenado devido a rica drenagem que compõe a região. A morfologia do relevo propicia a mecanização da
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agricultura desta área, ocorrendo um predomínio de solos podzólicos influenciados pela estrutura geológica
sedimentar da formação Serra Alta.
O segundo ponto, para a avaliação dos condicionantes da paisagem, ocorreu próximo a Escarpa da
Serra da Esperança (Serra Geral), neste local foi possível enfocar algumas particularidades. Como por
exemplo, a ocorrência de alguns diques de diabásio oriundos da formação Serra Geral. Estes diques
contribuem para a predominância de um relevo dissecado, com declividades >45%, impróprio, portanto para
a prática agrícola. Mas o que se observou, foi um grande número de áreas onde foi efetuada a prática da
queimada para fazer a limpeza do terreno e efetuar a agricultura de subsistência. Com relação aos tipos de
solos, há um predomínio de cambissolos e litossolos, sendo na maioria rasos e pouco desenvolvidos,
influenciados pela estrutura geológica cristalina e pelo predomínio de um regime climático subtropical,
fatores que propiciam um lento processo de intemperização e formação de solos.
O terceiro ponto para a investigação foi a Escarpa da Serra da Esperança, sendo possível evidenciar
algumas características peculiares da área, principalmente por esta marcar o limite entre o Segundo Planalto
e o Terceiro Planalto Paranaense. Ao longo da Escarpa foram identificadas as deposições da formação
Botucatu sobreposta à formação Pirambóia, sendo estas recobertas pelos derrames basálticos da Formação
Serra Geral. Ocorrem também algumas formações isoladas, constituídas por mesetas e morros testemunhos
das camadas Gondwanicas, como o Morro do Chapéu.
Foram colocados em pauta para discussão in loco alguns aspectos da APA (Área de Proteção
Ambiental) da Serra da Esperança que foi criada através da Lei Estadual nº 9.905, de 27 de janeiro de 1992.
Esta área abrange os municípios de Guarapuava, Prudentópolis. Inácio Martins, Cruz Machado. União da
Vitória, Mallet, Rio Azul, Paula Freitas, Paulo Frontin e Irati, possuindo uma área total de 206.555,82 ha.
Neste ponto também foram discutidas questões referentes à rede de drenagem que por apresentar um
declive acentuado seguem em direção a Noroeste, para desaguar na Bacia do Ivaí, formando vales que
cortam a paisagem com escarpas e cuestas em formas de “boqueirão” resultantes dos processos exógenos que
se verificam ao longo dos anos. Nesta região são encontradas inúmeras cachoeiras, o que propicia o turismo
de aventura.
As explanações também enfocaram alguns condicionantes do uso e ocupação do solo deste local,
como por exemplo, as atividades agrícolas são condicionadas pelas características morfopedológicas, o que
significa uma agricultura de subsistência com emprego de grande quantidade de mão-de-obra, justificando
assim um certo atraso econômico da região.
Para encerrar as atividades de campo, fez-se uma visita ao Salto Barão do Rio Branco no Rio dos
Patos, sendo discutido o potencial turístico e a beleza cênica do local.
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COMUNICAÇÕES ORAIS
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Andréia Tisato11
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BIBLIOGRAFIA
IBGE; Instituto Brasileiro de Geografia Estatística; (2007) disponível em:
http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php; acessado dia 27/07/2008;
MONTEIRO; Carlos Augusto de Figueiredo. MENDONÇA; FRANCISCO; Clima urbano.
Ed. Contexto São paulo, 2003.
DOW, Kirstin; DOWNING, Thomas E.; O Atlas da Mudança Climática; O Mapeamento
Completo do maior Desafio do Planeta; ed Publifolha, São paulo, 2007.
SEGRÉ, Gino; Uma Questão de Graus: o que a temperatura revela sobre o passado e o
futuro de nossa espécie, nosso planeta e nosso universo, tradução de Vera Ribeiro – ed;
Rocco LTDA; Rio de Janeiro, 2005.
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Emerson Rigoni14
Resumo: Esse trabalho faz parte de um projeto da disciplina de Geografia onde se busca
trazer à tona uma breve discussão sobre o aquecimento global e suas conseqüências
para a humanidade, esse desenvolvimento pretende colaborar com a formação dos
alunos, pois esse debate é recente e de interesse universal. “O fenômeno que hoje tanto
desperta preocupação da sociedade é a intensificação do aquecimento da baixa
atmosfera, particularmente da troposfera, a camada sobre a qual se voltam os estudos da
climatologia” (MENDONÇA, 2003, P. 207). O aquecimento global é um fenômeno real e
danoso para o desenvolvimento da vida no planeta. Os inúmeros indícios colaboram com
o que diz os cientistas, apesar disso, mesmo com várias informações a respeito ainda
existe muito a ser comentado e analisado. Mas, quando se estuda as mudanças
climáticas e suas conseqüências, nossa percepção se aprofunda sobre as causas e
efeitos pelos quais nós humanos somos responsáveis. Dessa forma cabe explorar
também qual é a parcela de culpa do homem para o avanço do aquecimento global e por
isso especula-se que uma das causas desse evento é a poluição descontrolada, ou seja,
devido à expansão industrial, dos transportes modernos que usam combustíveis fósseis,
da devastação das florestas pela grande exploração madeireira, do uso inadequado dos
solos agricultáveis que leva à erosão ou a esterilização de extensas áreas, do aumento
populacional em proporções gigantescas, das montanhas de lixo, (resultado em grande
parte do desperdício imposto por nossa cultura consumista) poluindo os rios e mares do
planeta, o lençol freático e o próprio solo e do crescimento exagerado e desordenado das
áreas urbanas (explosão demográfica), principalmente nas grandes cidades dos países
em desenvolvimento, é que o meio natural vem se modificando gradativamente. Um
exemplo que colabora com essas afirmações é “o desmatamento de grandes áreas
florestadas que também é um dos grandes problemas que afetam enormemente o
aquecimento global” (ANTONIO FILHO, 2007, p. 11). Só no Brasil, entre 2002 e 2003,
cerca de 20 mil quilômetros quadrados de florestas foram queimados. A elevação das
temperaturas do planeta Terra nos traz muitas questões quanto às suas causas e
conseqüências. Dessa forma, o aquecimento global constitui-se numa das principais
problemas da sociedade atual tanto pelo desafio de se entender melhor esse
desenvolvimento quanto pelo de conhecer quais serão as suas causas. Pelo fato de
tratar-se de uma problemática que envolve ao mesmo tempo a estrutura natural do
planeta e a sociedade humana, a abordagem do aquecimento global demanda uma busca
para sua melhor compreensão. Assim sendo, é que a ciência geográfica revela amplas
possibilidades para um tratamento abrangente desta questão, pois permite aproximar a
dinâmica natural da dinâmica social nessa problemática. Dessa forma o objetivo desse
estudo é buscar algumas reflexões sobre algumas repercussões que as mudanças
climáticas globais podem desencadear sobre o meio natural e a sociedade. Esta e várias
outras questões colocam-se como desafios aos cientistas do clima e da sociedade atual.
Por se tratar de uma análise sobre uma situação futura, a busca aqui desenvolvida
avança para uma discussão acerca dos possíveis problemas de um aquecimento global,
ou seja, aquela segundo a qual o clima, enquanto elemento do meio exerce considerável
influência sobre a sociedade, dessa forma, a questão das mudanças climáticas precisa,
13
Aluno da 8ª série do Colégio João Negrão Júnior. E-mail: brunogoncalves-16@hotmail.com
14
Professor orientador . E-mail: emerigoni@gmail.com
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portanto, passar por uma apreciação mais refinada a fim de que se possa determinar,
com maior consistência, o papel da natureza e o da ação humana no processo, mesmo
porque as duas esferas podem atuar de forma solidária e simbiótica. Os cenários de
catástrofes, freqüentemente apresentados na mídia de forma simplista, sem o necessário
questionamento, devem ser descartados, pois, seguramente, o planeta não está
caminhando para o colapso, em curto prazo, mas sim em longo prazo e ainda não
dispomos de informações seguras para previsões futuras.
Referências Bibliográficas
ANTONIO FILHO, Fadel David. O aquecimento global e a teoria de Gaia: subsídios para
um debate sobre as causas e conseqüências. In Climatologia e Estudos da Paisagem. Rio
Claro - Vol.2 - n.1 - janeiro/junho/2007. Disponível em
<http://cecemca.rc.unesp.br/ojs/index.php/climatologia/article/viewFile/720/633>.
Acesso em 20/07/2008
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Professor Assistente Mestre do Departamento de Geografia de Irati - Unicentro
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Acadêmico do 4º ano do curso de Geografia de Irati - Unicentro
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que por sua vez, cria novos estratagemas. Na aceleração mais contundente da história
não há mobilidade em todos. A “socialização” da mobilidade fica no plano da ideologia. Já
a cidade de Irati é uma cidade relativamente pequena, cerca de 40 mil habitantes e não
possui congestionamentos. Todavia, nos últimos dois anos a atual gestão municipal
(Sérgio Stocklos) fez mudanças consideráveis nas vias da cidade, sobretudo na área
central, onde foram construídas rotatórias, postos novos semáforos, pavimentando ruas e
avenidas (as esburacadas e as com paralelepípedos), alterando o sentido de vias
(tornando-as de mão única, para obtenção de “mais espaço”), enfim, mudanças
estruturais. É público e é notório, que entre as prioridades do poder executivo, é a
importância dispensada ao sistema viário da cidade. Tendo em vista esta situação, o
objetivo deste trabalho é fazer uma discussão teórica, face às mudanças realizadas no
sistema viário de Irati, com o intuito de entender o porquê das mudanças do ponto de
vista apontado na problematização supra. A título de informação, também realizamos uma
entrevista junto ao responsável pelas mudanças ocorridas no período, que explica a
necessidade de um planejamento (a longo prazo).
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Aluna do 3º ano do curso de Geografia. Iniciação científica voluntária sob a orientação do Prof. Ms.
Roberto França da Silva Junior. Bolsista extensão. E-mail: rosileia19@yahoo.com.br
18
Aluna do 3º ano do curso de Geografia. E-mail: silneawaal@yahoo.com.br
19
Professor do Departamento de Geografia campus de Irati. Doutorando em Geografia pela Unesp campus
de Presidente Prudente. E-mail: rofranssa@gmail.com
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Resumo: A música se torna fruto do saber e fazer humano para o ensino ao trazer em
seu contexto mensagens, específicas como, por exemplo, aquelas que envolvem o saber
geográfico, por isto, ela pode fazer de um artista assim, testemunha da realidade social ao
fazê-lo relatar em suas poesias musicais o espaço que se pressente. Logo a música na
sala de aula invoca outros aspectos que fogem às práticas pedagógicas tradicionais,
como a ludicidade, a alegria e o prazer, verificando, por fim, que o uso da música em
aulas de Geografia pode fazer com que o aluno seja remetido a uma postura crítica, que
culmina com a formação plena do cidadão. Porém, para que isto alcance os melhores
desempenhos se faz necessário trabalhar o conhecimento de vários modelos, onde o
educador deve estar munido de muita clareza, com relação ao método, objetivo, temas e
seus conteúdos, aonde para cada conteúdo abordado, os recursos e métodos a serem
utilizados devem ser diferenciados. Acreditamos que os recursos que permitem melhores
níveis de conhecimentos, são aqueles que despertam maior interesse e curiosidade dos
alunos, sem sombra de dúvidas estes são os melhores. Diante desta explanação o
presente trabalho tem por objetivo fazer uma análise sobre o ensino da Geografia por
meio do uso da música, caracterizando-a como um recurso metodológico eficaz no
processo de ensino/aprendizagem, uma vez que é um meio disponível e acessível a
todos, independendo de lugar que se possa estar e uma vez que também podemos crer
que adolescentes e jovens, sejam as pessoas que mais ouvem músicas nos dias atuais,
pois não é raro encontrarmos vários em posses dos chamados MP3 e demais aparelhos
portáteis de som, mesmo em sala de aula, portanto, nada mais sábio que nos
apoderarmos do gosto que os estudantes têm pela música e trabalharmos com seus
diversos gêneros nas aulas de Geografia. De início busca-se fazer um resgate histórico
do ensino de Geografia como disciplina escolar no Brasil para se entender ao que se
propunha este ensino no início, ou seja, busca-se, entender se de fato eram dadas
ênfases no real sentido de sua relação com o mundo e de que maneira os mesmos eram
repassados aos alunos a fim de que apreendessem os conceitos geográficos, ou se
somente se ensinava àquilo que os governantes da época queriam que fossem
repassados para os alunos, por exemplo. Posteriormente busca-se também abordar quais
as inovações tecnológicas de comunicação podem ser usadas como auxílio metodológico,
no caso em especial, a música. A idéia é mostrar que ao explorar um recurso como a
música que apresenta texto, som e contexto, pode-se fazer a articulação com os
conceitos de lugar, região, território e uma enormidade de conteúdos geográficos.
Juntamente a isto, a pesquisa pretende fazer uma abordagem sobre o ensino de
Geografia na atualidade, buscando para tanto entender seus objetivos, lembrando que a
Geografia escolar de hoje, não pode repetir o seu passado, aonde se preocupava apenas
com um estudo regional, em que suas respostas sempre eram objetivas, somente se
pretendia que os alunos aprendessem a decorar as cidades, capitais, rios, afluentes,
clima e relevo, mas na atualidade a visão geográfica esta diferente, pois se ensina, ou
pretende-se ensinar uma Geografia Crítica que leve os alunos a questionarem o que
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Discente da Universidade Estadual do Centro-Oeste - Unicentro - emersantos1@yahoo.com.br
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Docente da Universidade Estadual do Centro-Oeste - Unicentro - kbrumes@hotmail.com
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Acadêmico do curso de Geografia – Unicentro/Irati – patrickfoliveira@hotmail.com
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Mestre em Geografia, Professor Colaborador DEGEO – Unicentro/Irati – feltrim@hotmail.com
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Outra resposta surpreendente foi a respeito do maior emissor de gás carbônico no Brasil,
ou seja, desmatamento, queimadas e mudanças no uso do solo, seguido da queima de
combustíveis fósseis, produção industrial e extração de carvão, petróleo e gás natural.
Nessa questão, os 30 entrevistados nas ruas - dentre eles nenhum com 3º grau completo
- superaram com 47% de acerto os universitários e os alunos do ensino médio,
respectivamente com 30% e 27%. Dos mesmos entrevistados 56% vêem a mídia como
sensacionalista, 37% como realista e 7% não tem opinião formada a respeito. A
sociedade vê a mídia como um meio que usa de sensacionalismo ao apresentar os fatos,
mas que isso se faz necessário para conscientização humana. O número de 33% dos
entrevistados afirma estar fazendo algo para desacelerar o Aquecimento Global, enquanto
o restante nada faz ou não sabe o que fazer. Por fim, conclui-se que se a mídia usasse
uma apresentação mais próxima daquilo que a ciência coloca, e ambas investissem com
maior empenho no combate as causas do Aquecimento Global, provocariam grandes
mudanças de conscientização e hábitos em meio à sociedade.
REFERÊNCIAS:
SANT’ANNA NETO, J. L; ZAVATINI, J. A. Variabilidade e Mudanças Climáticas:
Implicações Ambientais e Sócio Econômicas. Ed. EDUEM, Maringá, 2000.
PEARCE, F. O Aquecimento Global: Causas e efeitos de um mundo mais quente. 2ª
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BERNA, V. Como fazer Educação Ambiental. São Paulo: Paulus, 2001.
FRANCO, E., "Aquecimento Global", Galileu, Ed. 179, pg. 30-41, 2006.
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http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/meio_ambiente_brasil/clima/mudancas_climatic
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http://www.ecolatina.com.br/pdf/relatorio-IPCC-3.pdf, acessado no dia 21 de julho de
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http://www.redesergipe.se.gov.br/reserv/noticias.php?cd_noticias=0e654kTM705,
acessado no dia 21 de julho de 2008, às 19,40 horas.
http://www.conpet.gov.br/quioto/noticia.php?segmento=corporativo&id_noticia=244,
acessado no dia 21 de julho de 2008, às 19,37 horas.
http://www.unb.br/temas/desenvolvimento_sust/eco_92.php , acessado no dia 19 de julho
de 2008, às 21,39 horas.
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Almir Nabozny25
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Discente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro. geo_ravel@yahoo.com.br
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Docente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro. almirnabozny@yahoo.com.br
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Valter Klosowski26
Almir Nabozny27
Resumo: Esse trabalho tem por objetivo refletir sobre a educação sócio-ambiental
referendado na coleta seletiva de resíduos sólidos e reciclagem de materiais.
Evidenciando-o como uma possibilidade para a práxis do docente de Geografia na escola.
O interesse pela temática em tela esta pautado no entendimento da ciência geográfica
como um campo do saber que operacionaliza-se numa interface entre sociedade e
natureza, compondo a produção do espaço geográfico em sua totalidade. Nessa conexão
sócio-ambiental aludimos que um dos graves problemas atuais tem sido a questão da
gestão dos resíduos sólidos, em especial no espaço urbano das cidades, em que a
produção desses materiais cada vez mais se intensifica e se diversifica no advento da
chamada “sociedade de consumo”. Onde as interações sociedade-natureza
ultrapassaram a questão da simples sobrevivência, neste contexto o homem explora e
destrói mais do que necessita para a sua sobrevivência, produzindo com isto uma grande
quantidade de resíduos. Vale ressaltar que, embora a elevação da produção desses
resíduos de maneira geral seja um fenômeno da sociedade pós-revolução industrial, a
quantidade de geração desses resíduos não pode ser generalizada assimetricamente ao
contingente populacional de uma determinada espacialidade social. Já que muitas vezes
a produção desses resíduos inscreve-se numa composição geográfica que envolve
padrões econômicos, sociais, legislação, hábitos alimentares, cultura e questões
educacionais, além de outros fatores. Buscamos trabalhar com questões relativas à
Educação Ambiental e a reciclagem na escola, pois é neste espaço que o ensino se
operacionaliza em uma interface com o ensino de Geografia. Pensando nisso que
escolhemos trabalhar com a educação sócio-ambiental na escola, com enfoque voltado a
fomentação da coleta seletiva de lixo e a reciclagem de materiais. A pesquisa-ação se
desenvolve no Colégio Estadual Trajano Grácia ensino fundamental e médio, situado no
bairro de Engenheiro Gutierrez, localizado no espaço urbano de IRATI-PR. Primeiramente
analisados o Projeto Político Pedagógico da escola (PPP), afim e desenvolvermos a
prática arraigada na escala e na problemática da comunidade envolvida, além disso,
observamos como o livro didático vem trabalhando a questão dos resíduos sólidos e a
coleta seletiva na escola. Em um segundo momento, realizamos intervenções, em duas
turmas distintas, buscando partir do conhecimento dos alunos, referendando a realidade
dos mesmos. Também realizamos intervenções com filmes, “TV Pen-drive”, saída de
campo à Cooperativa de Coleta de Recicláveis, além do desenvolvimento de materiais
didáticos com a utilização de lixo reciclável. Dos resultados que temos aferido
destacamos uma maior sensibilização dos alunos com relação às questões sócio-
ambientais de suas comunidades, e promoção de uma aprendizagem significativa.
Ressaltamos que há um grande interesse dos alunos quando se trata da questão de se
confeccionar artesanatos com materiais recicláveis, materiais estes provindos da própria
realidade dos alunos. Podemos citar como exemplo, a confecção de um painel solar,
confeccionado a partir de materiais recicláveis como garrafas de refrigerante, caixas de
leite longa vida, e restos de cano de PVC. Aferimos que o trabalho prático na escola
propicia aos alunos uma melhor assimilação dos conteúdos abordados. Ainda
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Acadêmico de Geografia – Unicentro campus Irati. valeterirati@hotmail.com
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Prof. Msc. do DEGEO - Unicentro campus Irati. almirnabozny@yahoo.com
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Fernando Fernandes 28
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cidades diferentes, porém estas devem apresentar aspectos físicos muito parecidos para
que a análise tenha confiabilidade. Atualmente, devido a evolução tecnológica e também
do aperfeiçoamento das técnicas é possível realizar análises mais detalhadas do Clima
Urbano, observando a atmosfera urbana de forma mais completa e comparando alguns
fenômenos ocorrentes na cidade com os que já acontecem na natureza dentro do aspecto
climático, como por exemplo, os chamados Canyons Urbanos, que são formados por
corredores edificados apresentando um micro-clima, com correntes de ar, efeitos de
incidência de luz parecidos com os canyons naturais. Atualmente o estudo de Clima
Urbano já possui várias outras ferramentas como a tecnologia, a troca de informações
sobre o tema, uma base teórica bem estruturada e até mesmo o interesse maior de
órgãos governamentais nesses estudos, sendo que estes, estão diretamente relacionados
com o planejamento urbano das cidades, o que motiva cada vez mais o crescimento
desse campo de estudo. Portanto foi através dos estudos realizados por MONTEIRO que
se forneceu a primeira base para a análise climática urbana brasileira, além de outros
autores que se destacam também com suas pesquisas como Magda Lombardo,
Francisco Mendonça, Margarete Amorim, que além das análises dos métodos adotados e
das pesquisas realizadas, já transpõem e inter-relacionam os estudos de Clima Urbano
com vários outros fatores importantes, como os problemas ambientais, qualidade de vida,
crescimento urbano, o que tornam as análises mais amplas e complexas, porém em
espaços cada vez mais restritos, pois abordam muitos temas que estão inter-relacionados
e que funcionam em um dinamismo espantoso. Palavras-chave: clima urbano, Geografia,
Brasil.
REFERÊNCIAS:
Monteiro, C. A. F., Por UM Suporte Teórico e Prático para Estimular Estudos Geográficos
do Clima Urbano do Brasil, Geosul, Revista do Departamento de Geociências-cch, n° 9,
ano V, Primeiro Semestre de 1990.
Monteiro, C. A. F., Adentrar a Cidade Para Tomar-lhe a Temperatura, Geosul, Revista do
Departamento de Geociências-cch, n° 9, ano V, Primeiro Semestre de 1990.
Monteiro, C. A. F., A Cidade Como Processo Derivador ambiental e Estrutura Geradora
de um “Clima Urbano”, Geosul, Revista do Departamento de Geociências-cch, n° 9, ano
V, Primeiro Semestre de 1990.
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quatro grupos. No outro dia, antes do início da aula foi instalado um termômetro em uma
propriedade rural localizada a cerca de 5 Km de distância da Escola. O termômetro foi
colocado há mais ou menos 2 metros de altura, fixado numa Araucaria angustifolia
(pinheiro do Paraná). A sua volta havia poucas árvores de grande porte, porém o chão era
recoberto com grama. O segundo termômetro foi colocado num espaço não coberto,
dentro do pátio da Escola. Este ficou há mais ou menos 2,5 metros do chão, preso com
um barbante. Ao iniciarmos a aula, desligamos os ventiladores do teto e fechamos a porta
propositalmente e logo os alunos perceberam a diferença no conforto térmico no local,
utilizamos esse fator de exemplo para iniciarmos as explicações sobre microclimas. Em
seguida, saímos a campo e com a turma reunida na área rural, diante do termômetro
visualizamos a temperatura de 210 C. Nossas explanações foram no sentido de justificar
aquela situação, considerando todos os fatores que imaginamos presentes, como a
sombra das árvores que dava uma sensação agradável, a umidade do ar era aumentada
pela evaporação da água do tanque de água próximo ao local e do orvalho que ainda
havia na grama. Próximo às 10h quando chegamos de volta na Escola e observamos a
temperatura do segundo termômetro (que estava na escola), que marcava 230 C. Em
seguida, encerramos o projeto enfatizando os motivos dessas diferenças microclimáticas
e pedimos aos alunos a elaboração de um relatório, com a proposta de avaliar o
entendimento deles sobre todos os assuntos trabalhados. Ao analisarmos os relatórios e
a participação dos alunos durante o projeto, foi possível perceber que os objetivos foram
alcançados, pois eles obtiveram uma breve noção de como ocorre uma análise
climatológica, seguindo de análise de dados meteorológicos, percepção ambiental e a
associação desses fatores com a influência da sociedade.
REFERÊNCIAS:
MONTEIRO, C. A. F. Por um suporte teórico e prático para estimular estudos geográficos
do clima urbano do Brasil. Geosul - Revista do Departamento de Geociências-CCH.
UFSC, Florianópolis. n. 9. ano V. 1990
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Marisa Emmer36
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Docente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro - marisageo@gmail.com
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Docente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro - kbrumes@hotmail.com
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Claudinei de Souza39
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Aluna do Ensino Médio do Colégio Estadual João Negrão Júnior
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Professor orientador, Claudinei de Souza. crodi@bol.com.br
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parcela da população. A mais rigorosa crítica ao capitalismo foi feita por Karl Marx,
ideólogo alemão que propôs a alternativa socialista para substituir o Capitalismo.
Segundo o marxismo, o capitalismo encerra uma contradição fundamental entre o caráter
social da produção e o caráter privado da apropriação, que conduz a um antagonismo
irredutível entre as duas classes principais da sociedade capitalista: a burguesia e o
proletariado. Portanto, as desigualdades oriundas do capitalismo afetam diretamente a
vida econômica da população, prejudicando os menos favorecidos e gerando a divisão de
classes sociais. Diante do que prega o socialismo de Marx, vemos que quanto maior é o
acumulo de capital, maior é a distinção entre as classes sociais.
Referências
ADAS,Melhem.Geografia. O subdesenvolvimento e o desenvolvimento mundial e o
estudo da América.3. ed. São Paulo: Moderna,1994. p. 38-42.
http://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/capitalismo.htm
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Maristela Carneiro 40
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Prof. Dr. Edson Armando Silva
40
Especialização em História Cultural pela Universidade do Centro-Oeste, Campus de Irati (em curso).
Email: grifinoria15@hotmail.com .
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Docente vinculado ao Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa (orientador).
Email: edasilva@uepg.br .
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REFERÊNCIAS:
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Resumo: Podemos notar, nos dias atuais, um aumento considerável nas discussões
sobre os problemas ambientais e o rápido esgotamento dos recursos energéticos. Muito
se fala em aquecimento global e suas conseqüências, mas soluções concretas e
possíveis no sentido de evitar, ou pelo menos minimizar o agravamento dos problemas
ambientais, pouco se tem alcançado. Quando falamos sobre esses assuntos, temos uma
tendência a pensar em grandes empresas com suas enormes chaminés lançando
grandes quantidades de gases poluentes no ar, ou então, nos rios sendo sufocados pelo
esgoto nas grandes cidades. Dificilmente pensamos nos impactos que causam nos
indivíduos, a não ser quando chamados a isso através da leitura de textos de autores
especializados nessas questões. A mídia bombardeia-nos diariamente com imagens,
mensagens, apelos de todas as espécies, tentando convencer-nos da necessidade
urgente de adotarmos hábitos “ambientalmente corretos”. Entendemos que o sistema
educacional tem uma parcela significativa de responsabilidade na promoção da
“educação ambiental”. Apesar disso, vemos ainda muitos problemas de degradação e
poluição do meio ambiente. Isso nos levou a questionar se realmente o trabalho que vem
sendo realizado pela mídia tem apresentado resultados relevantes, e mais ainda, se a
escola vem realizando a obra que tem por responsabilidade. O trabalho foi dividido em
quatro capítulos, sendo que o primeiro trata da relação sociedade-natureza, elaborando
um breve histórico da produção de lixo, desde épocas pretéritas quando o homem ainda
era nômade, passando pela idade média quando surgiram os primeiros problemas com a
destinação dos resíduos, analisando o aumento do volume de lixo produzido com o
advento do modo de produção capitalista e aumento do consumo. Neste capítulo
apresentamos alguns dados sobre a produção de lixo em Irati e o destino dado a esse
lixo. No segundo capítulo, discutimos as questões urbanas relacionadas ao acesso
desigual aos bens e serviços coletivos. No caso específico deste trabalho, uma coleta de
lixo de qualidade. Lançamos mão do uso dos conceitos de segregação socioespacial e
exclusão social, estabelecendo relações com problemas encontrados em Irati. Fizemos a
análise com base nos seguintes autores Manuel Castells, Flavio Villaça, Eliseu Saverio
Sposito, Luciane de Oliveira Marisco entre outros. Juntamente a essa discussão
procuramos enfatizar o papel do Estado que estabelece normas e contribui bastante na
organização do espaço urbano, de modo que o aparato de leis tem contribuído e por que
não, provocado “mais” segregação e fragmentação. Observamos que Irati, apesar de não
ser grande, também sofre problemas semelhantes como a diferenciação social e a
dominação exercida pelas classes hegemônicas. Pelo fato de ser uma cidade
relativamente pequena se comparada a grandes centros como Curitiba, São Paulo entre
outras, os processos relativos à segregação socioespacial são menos evidenciados. No
terceiro capítulo, apresentamos os resultados obtidos através de um questionário com
perguntas fechadas, aplicado durante a pesquisa de campo realizada nos bairros Rio
Bonito, Fósforo, Canisianas, Alto da Glória, Jardim Califórnia e Centro, buscando
compreender o nível de satisfação da população iratiense com relação à coleta de lixo.
Apresentamos imagens de áreas utilizadas indevidamente para descarte de toda sorte de
42
Acadêmico do 4º ano do curso de Geografia da UNICENTRO/Irati. aldannjonas@gmail.com
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Prof. Msc. do curso de Geografia. Unicentro/Irati. rofranssa@gmail.com
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Almir Nabozny45
Resumo: Esse trabalho é fruto de uma pesquisa-ação que teve como fio condutor
caracterizar, juntamente com alunos do 1° ano do ensino médio, quais os principais
problemas causados pelo lixo doméstico no município de Fernandes Pinheiro - PR,
problematizando as deficiências e as possibilidades de mudanças positivas no cotidiano
dos educandos, com o intuito de promover uma educação significativa em que o aluno
posiciona-se enquanto um agente ativo em seu contexto sócio-espacial. As questões que
envolvem os problemas sócio-ambientais começaram a ter espaço na mídia e no meio
acadêmico na Primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano,
no ano de 1972, em Estocolmo, com a criação da chamada Agenda 21, na qual
constavam inúmeras leis e regras aos países participantes, os quais deveriam
comprometer-se em criar políticas nacionais para diminuir seus impactos contra a
natureza. Entretanto, pouco se avançou em termos de mudanças políticas nos países
membros, pois as transformações diziam respeito não só as questões comportamentais
da sociedade, mas principalmente da política, que implicava em diminuir a poluição do ar
por gases produzidos pelas grandes indústrias, as quais geravam imensa riqueza para
esses países, substituir o consumismo exacerbado da sociedade capitalista, por ações
sustentáveis, retirando da natureza somente o necessário para a sobrevivência,
conservando os recursos naturais para as gerações futuras. Todavia,a concepção da
relação da sociedade com a natureza enquanto externalidade remete-se a própria
expansão do cristianismo pelo mundo, em que o homem cristão branco rompe suas
ligações com tudo que lhe parecia sobrenatural e ameaçador, o que incluía a natureza e a
mulher. Já que para tradições antigas como a grega, Gaia era uma deusa em forma de
natureza. Assim, os homens religiosos levam para todos os campos a lei do
patriarcalismo, onde o masculino deve dominar. Infelizmente, essas ideologias invadiram
as ciências, perdurando até meados da década de 1960 do século XX, as quais viam o
homem como ser independente do meio que o envolvia. Esse pensamento advém do
racionalismo Cartesiano de Descartes, onde só os que pensam racionalmente, é que
existiam de fato. Essa concepção cartesiana da natureza foi, além disso, estendida aos
organismos vivos, considerados máquinas constituídas de peças separadas”. Portanto,
para a visão racionalista, o homem e a natureza são seres opostos, que travam uma luta
onde o mais forte, deve dominar, e a natureza deve servi-lo como mero recurso ou
instrumento de seu progresso. Inevitavelmente, a influência cartesiana e racionalista
invadiu as disciplinas das escolas, tornando o conhecimento fragmentado, pouco crítico, e
sem conexão com a realidade. É, portanto nesse modelo educacional tradicional e linear,
que a educação ambiental tenta caminhar e atingir resultados, embora restrita a dias
comemorativos e atividades utópicas, que além de trazerem poucos resultados, tornam a
visão dos alunos parcial, pois, os fazem acreditar, numa espécie de adestramento que,
fazendo desenhos de animais ou de árvores, geralmente excluindo o homem dessa
44
Acadêmica do Curso de Geografia – UNICENTRO/Campus de Irati. vcaliskevstz@hotmail.com
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Professor Msc. do DEGEO/I - UNICENTRO – Campus de Irati. almirnabozny@yahoo.com.br
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Anais da IV Semana de Geografia de Irati – 1º a 06 de setembro de 2008 ISSN 1983-4667
Emerson Rigoni47
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Aluna do 3º ano A do ensino médio - Colégio João Negrão Júnior. E-mail: emerigoni@gmail.com
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Professor Orientador. E-mail: emerigoni@gmail.com
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Referências:
SOUZA, Marcelo Lopes de. O território: sobre espaço e poder, autonomia e
desenvolvimento. In CASTRO, Iná. Elias de, GOMES, Paulo Cesar da Costa, CORRÊA,
Roberto Lobato (org). Geografia: conceitos e temas. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil, 2006.
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Aluno do 3º ano de Geografia. ICV (Iniciação Científica Voluntária). E-mail: zaqueudegeo@yahoo.com.br.
49
Professor do Departamento de Geografia da Unicentro campus de Irati, orientador de IC, doutorando em Geografia
pela Unesp (Universidade Estadual Paulista) campus de Presidente Prudente. E-mail: rofranssa@gmail.com. Líder do
Gester (Grupo de estudos e pesquisas para a gestão territorial).
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muitas empresas estão fechando o setor acaba sendo prejudicado. Isso porque, se o
número de empresas diminui, diminui a oferta. Diminuindo a oferta, os lojistas ficam sem
ter muita opção, pois as poucas empresas que restarem, ditarão os preços pela pouca
concorrência. A hipótese é que os lojistas de outros lugares poderão deixar de visitar a
cidade para adquirem malhas. Sintetizamos nossa discussão enfatizando a importância
de se trabalhar no sentido de estabelecer uma rede cooperativa no setor em questão,
pois, consideramos que existem formas de cooperação embrionárias. Nesse contexto de
cooperação, Matushima (2005), em uma perspectiva propositiva, considera que o papel
das instituições compreendidas como “organizações que coordenam as transformações” e
que mediam “relações sociais, econômicas e culturais” no desenvolvimento de um melhor
ambiente empresarial, explicaria o desenvolvimento econômico de “algumas regiões do
mundo”, enquanto outras “não conseguem se articular” e melhorar sua estrutura
produtiva. Nesse sentido enfatizamos o caso do ramo de confecções de Ibitinga-SP, que
apesar de possuir suas especificidades históricas, geográficas e culturais diferentes de
Imbituva, conseguiu conquistar escalas de comercialização além da local e um grande
desenvolvimento, devido ao trabalho cooperativo que desempenharam. Portanto, para
finalizar enfatizamos novamente que o ramo de malhas de Imbituva precisa trabalhar
nesse sentido.
Referências Bibliográficas
IPARDES. Identificação, caracterização, construção de tipologia e apoio na
formulação de políticas para arranjos produtivos locais (APLS) do Estado do
Paraná: Diretrizes para políticas de apoio aos arranjos produtivos locais / Instituto
Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social, Secretaria de Estado do
Planejamento e Coordenação Geral. - Curitiba: IPARDES, 2006.
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Resumo: A Cartografia tem suas origens antes da escrita, desde o período pré-histórico,
onde era utilizada através de sinais, demarcando territórios de caça e pesca, ou caminhos
utilizados. Foi a principal ferramenta usada pela humanidade para ampliar os espaços
territoriais e organizar sua ocupação. Portanto, hoje ela está presente no cotidiano da
sociedade, levando soluções para problemas urbanos, de segurança, saúde pública,
turismo e auxiliando as navegações. A cartografia é uma atividade que dá suporte a
diversas ciências e tecnologias e é através dela que se constroem os mapas, instrumento
capaz de representar em escala, com o grau de exatidão requerido, as informações
necessárias ao planejamento. Quando a temática estudada é voltada à Educação
Cartográfica é importante se atentar para a construção e interpretação de mapas usando
da linguagem visual, como cores e símbolos, sempre buscando a transmissão de
informações coerentes e precisas. É no ensino fundamental, desde as séries iniciais, que
esses conhecimentos devem ser desenvolvidos e aprofundados. A utilização dos recursos
cartográficos deve despertar os alunos para a compreensão da realidade geográfica, pois
a Cartografia busca essa interação com a Geografia como forma de aprimorar a
percepção visual através dos símbolos cartográficos. Educação Cartográfica é um
processo de construção de conhecimentos que favorecem a leitura e a interpretação de
mapas, sendo que na maioria das vezes, o que ocorre nas escolas é o simples repasse
de conteúdos desenvolvidos para serem trabalhados com adultos, e que são trabalhados
da mesma forma para crianças, sem adequação e transposição à etapa do
desenvolvimento infantil nas diversas faixas etárias, decorrendo essa dificuldade quanto à
concepção didática, e simplificação desses conceitos científicos, ensinadas geralmente
por meio de práticas repetitivas e pouco explicativas, não existindo uma preocupação em
habilitar seus alunos no processo de educação cartográfica. Observa-se que todo esse
processo pode gerar o analfabetismo cartográfico. Sabe-se então, que este entendimento
é transmitido erroneamente ou na maioria das vezes deixados sem importância (de lado),
pelos estabelecimentos de ensino, principalmente nas séries iniciais, onde a maioria dos
professores não tem uma formação específica e ainda colocam como prioridade o “ler e
escrever”, acaba se ensinando cartografia sem o uso de mapas, ficando mais por conta
do imaginário que do real. Outro ponto a ser destacado também são as turmas com
grande quantidade de alunos, o que dificulta um atendimento mais individualizado. Com
esse conjunto de fatores o resultado é um aprendizado deficitário e que vem se repetindo
nas séries posteriores. A linguagem gráfica é um fator indispensável no ensino dos
conteúdos cartográficos, sendo que o professor deve estar atento para trabalhar de forma
eficiente, métodos e momentos de utilização do mapa em sala de aula. Aprender a utilizar
mapas é um processo lento, que ao ser desenvolvido nas escolas, deve seguir várias
etapas do ensino. Esse trabalho pode ser feito pelo aluno, mesmo que de forma
rudimentar, através da representação dos espaços vividos por ele, até a interpretação de
50
Discente da Universidade Estadual do Centro-Oeste - Unicentro
E-mail: neinacio@hotmail.com
51
Docente da Universidade Estadual do Centro-Oeste - Unicentro
E-mail: arandrade@irati.unicentro.br
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mapas que representem espaços e realidades não vivenciadas pelo aluno, o que
demanda uma maior complexidade no processo, exigindo assim um maior esforço e
concentração. Seguindo esse referencial conceitual, pretende-se desenvolver um trabalho
de pesquisa no Colégio Estadual Parigot de Souza, na Cidade de Inácio Martins-PR,
tendo como primeira abordagem a verificação de como está sendo trabalhado o ensino de
cartografia, bem como, os recursos utilizados para o desenvolvimento do assunto,
especialmente com os alunos de 5ª série, já que estes provém de várias escolas
municipais, realidades diferentes e tendo estudado com várias professoras das séries
iniciais. A partir da escolha do objeto de pesquisa, no caso os alunos e a escola
mencionados, pretende-se levantar onde estão as principais deficiências e apontar
algumas metodologias utilizadas que possam contribuir para o desenvolvimento no ensino
da cartografia. A meta final do projeto é destacar que a Cartografia não deve ser ensinada
de forma isolada e é através da interdisciplinaridade que se obtém um resultado mais
gratificante, tanto para os alunos quanto para os professores. O que se espera deste
trabalho desenvolvido é que ao levantar os pontos em que estão as deficiências no ensino
da Cartografia, possamos desenvolver atividades através do uso de outros métodos e
metodologias, utilizadas por professores de outras escolas, conseguindo assim despertar
o interesse desses alunos pela cartografia, bem como a importância do uso dos recursos
cartográficos para o nosso dia a dia. Dessa forma, pretende-se estimular o estudo da
cartografia de forma mais atrativa e de fácil entendimento, contribuindo para que os
alunos sejam alfabetizados cartograficamente e tenham um melhor desempenho nas
aulas de geografia. Apesar da pesquisa ainda não estar concluídas, as observações
preliminares nos leva a acreditar que tal intervenção é necessária e que os resultados
provavelmente serão positivos para a melhoria na qualidade do ensino.
Referências:
PASSINI, Elza Yasuko Alfabetização Cartográfica e o Livro Didático: uma análise crítica.
Minas Gerais: ed. Lê, 1994.
ALMEIDA, Rosângela Doin de,(Organizadora), Cartografia Escolar, São Paulo: Contexto
2004.
FRANCISCHETT, M. N., A Cartografia no Ensino da Geografia Construindo os Caminhos
do Cotidiano Rio de Janeiro: Litteris, ed. Kro Art, 2002.
FRANCISCHETT, M. N., A Cartografia no Ensino da Geografia Aprendizagem Mediada –
Edunioeste – Cascavel – 2004.
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Claudinei de Souza53
Resumo: Este artigo tem como finalidade tratar sobre as divisões regionais ocorridas no
Brasil, assim como a definição mais apropriada, neste caso, para o termo regionalização,
suas finalidades e critérios utilizados para serem realizadas as divisões. Antigamente o
Brasil não era composto por 26 estados e um Distrito Federal, eram poucos estados e
mais territórios do Brasil, porém surgiu a necessidade da divisão do país em porções
menores, visando facilitar a administração e melhorar o planejamento governamental. Não
há como definir o tamanho de uma região, pois ele varia de acordo com a área que seus
elementos ocupam na superfície terrestre, por isso não existe extensão mínima ou
máxima de uma região. No início da década de 1940,o IBGE(Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), propôs a primeira divisão territorial nacional. A proposta era
comparar dados estatísticos relacionados a agrupamentos estáveis,que seriam as
regiões. Na época esta proposta foi criticada por estudiosos do assunto,pois, segundo
eles, considerava mais os critérios de localização do que as características econômicas,
físicas e sociais das áreas que agrupava. Onde este agrupamento, dividiu o território
brasileiro em 05 regiões: Norte, Centro, Este, Nordeste e Sul. Em 1945, o IBGE fez uma
nova proposta de divisão regional do Brasil, desta vez com base no quadro físico do
território .Na época, foram denominadas regiões naturais. Esta data é marcada pela
criação do território federal de Fernando de Noronha. Esta nova divisão,dividiu o Brasil em
07 regiões naturais:Norte, Nordeste Ocidental, Nordeste Oriental, Leste Setentrional,
Leste Meridional,Centro Oeste e Sul. Em 1968 uma nova divisão foi feita com base na
organização da produção , resultado do processo de transformação do espaço nacional
em fundação do desenvolvimento industrial nova regionalização baseou-se não apenas
nas semelhanças físicas das paisagens mas também nas características econômicas da
região. Nessa divisão, a região leste deixou de existir, os estados da Bahia e do Sergipe
foram agregados a região Nordeste,São Paulo passou a fazer parte da região Sudeste
juntamente com Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Esta data é marcada pela
elevação do território federal do Acre para a categoria de estado e a Mudança de
denominação do território federal do Rio Branco para o território federal de Roraima. Esta
divisão dividiu o Brasil em 05 regiões: Norte, Nordeste, Centro Oeste, Sudeste e Sul. A
última divisão regional do Brasil foi estabelecida pelo IBGE em 1988 com a criação do
estado de Tocantins, originalmente pertencente ao Norte do estado de Goiás. Os critérios
adotados nessa divisão baseiam-se nos limites dos estados brasileiros, fatores
econômicos, e histórico, que divide o país em cinco grandes regiões: Norte, Sudeste,
Centro-Oeste, Nordeste, e Sul. Atualmente temos uma outra regionalização, elaborada
pelo geógrafo Pedro Pinhais em 1960. Nesta divisão regional, ao contrário da proposta
oficial do IBGE, os limites das regiões não coincidem exatamente com o limite dos
estados, pois os aspectos econômicos e os naturais, nem sempre coincidem exatamente
com os limites político-administrativo. . Essa divisão regional expressa de maneira mais
adequada as disparidades socioeconômicas existentes no território,entre as áreas mais
industrializadas e modernizadas do Brasil,as áreas menos desenvolvidas econômica e
tecnológicamente. Dividindo o território em 03 regiões: Nordeste, Norte ou Amazônia.
Este artigo tem como conclusão, que as divisões ocorridas ao longo dos anos, foram de
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Aluna do Colégio Estadual João Negrão Júnior
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Professor Orientador.Col. Est. João Negrão Júnior crodi@bol.com.br
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Referências
MOREIRA, Igor Antonio Gomes. Construindo Espaço. São Paulo: Ática, 2005. pg. 67 -
69.
PIRES, Valquiria.BELLUCCI, Beluce. Construindo Consciencia: Geografia,1.ed. - São
Paulo: Scipione, 2006.
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TRABALHOS EM PAINÉIS
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Almir Nabozny55
Resumo: Esse trabalho tem por objetivo compreender como águas minerais sulfurosas
do município de Mallet-PR podem ser veiculadas nos processos de desenvolvimento
sócio-espacial. Apresentando um enfoque sobre as Fontes Hidrominerais Sulfurosas
localizadas no referido município. Grandes quantidades de água subterrânea podem
emergir a superfície terrestre extraída artificialmente mediante poços ou naturalmente, por
descarga natural sob a forma de mananciais. As características físico-químicas de
quaisquer águas subterrâneas estão associadas com a composição química das rochas,
ou sedimentos, ou solo pelos quais flui. A água subterrânea, ao percolar zonas profundas
na crosta, atingirá, inevitavelmente, zonas de temperaturas mais elevadas. Este tipo de
ambiente costuma envolver ciclos convectivos onde as águas subsuperficiais per colam
até determinadas profundidades, de temperaturas mais elevadas e voltam a ascender à
superfície. A água doce tem se tornado um bem mineral cada vez mais escasso em nosso
Planeta Consciente de sua importância para a sobrevivência das espécies e tendo em
vista que se torna cada vez mais comum o uso para o consumo humano. A utilização
crescente das águas subterrâneas é, sem dúvida, resultado dos esforços que tem sido
empreendido para o conhecimento de suas condições de ocorrência e o desenvolvimento
tecnológico em sua captação por meio de poços profundos. Essa crescente recorrência
esta ancorada substancialmente a poluição de mananciais de superfície. Todavia, faz
necessário proceder a um amplo estudo das águas subterrâneas, a fim de não
recorrermos a velhos erros que tangem a exploração das águas superficiais. Assim, é
interessante procurar conhecer, o trabalho das águas subterrâneas, embora imperceptível
na maioria dos casos, em que é exercido pelo seu movimento e ao longo de seu percurso
vai interagindo com as rochas que atravessa, dissolvendo determinadas substancia e
precipitando outras, são especialmente enriquecidas em sais retirados das rochas e
sedimentos por onde per colaram vagarosamente. As fontes hidrominerais de Mallet, são
classificadas como sulfurosas alcalinas, possuem em sua composição principalmente o
enxofre, o que dá à água sua característica principal que é o odor e sabor constituindo-se
em características que afetam a qualidade das águas, sejam elas superficiais ou
subterrâneas e influenciam na aceitabilidade e uso por seres humanos. Suas causas
podem ser de origem natural ou artificial. São quatro fontes artesianas conhecidas no
município: Dorizon, Iracema, Rio Claro, Lopacinski, destas quatro, apenas uma é
explorada de modo mais abrangente no processo de desenvolvimento sócio-espacial - a
de Dorizon, junto a qual está localizada a Estância Hidromineral Dorizon. Na
operacionalização do trabalho juntamente com o estudo bibliográfico realizamos pesquisa
de campo pautada no uso de GPS (Global Positioning System) para referendarmos as
posicionalidades de nossos objetos de estudo, os quais são explorados por meio de
fotografias e outros artifícios iconográficos, assim como análises laboratoriais das
propriedades físico-químicas das águas. Já a exploração qualitativa se desenvolve por
meio de entrevistas semi-estruturas dirigidas aos agentes envolvidos com as fontes
hidrominerais (proprietários, visitantes, vizinhos, “consumidores” etc). Dentro dos
resultados verificou-se que somente nas fontes Lopacinski e Dorizon são realizados
54
(Pq – UNICENTRO Campus de Irati). edicleiatrojan@yahoo.com.br
55
(Or – UNICENTRO Campus de Irati). almirnabozny@yahoo.com.br
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REFERÊNCIAS
GÓIS, José Roberto de; STASIAK, Luciano. Águas minerais Dorizon LTDA:
Levantamento geológico-hidrogeológico para delimitação da área de proteção da
fonte, Curitiba. 2000.
LOPES, Renato Souza. Águas minerais do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro, 1956.
SIEKLICKI, Mario Aleixo; GRENTESKI, Franciele Alessandra. Inventário Turístico de
Mallet. 2002.
VAITSMAN, Delmo Santiago; VAITSMAN Mauro Santiago. Água Mineral. Rio de
Janeiro: Interciência, 2005.
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Discente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro. elcimara_regina@yahoo.com.br
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Docente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro. kbrumes@hotmail.com
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Silmar Siona 58
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Wilson Flavio Feltrim Roseghini
58
Acadêmico do curso de Geografia – UNICENTRO/Irati. E-mail: silmarsiona@yahoo.com.br
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Prof. Msc. orientador do Departamento de Geografia – UNICENTRO/Irati. E-mail: feltrim@hotmail.com
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debatendo sobre a importância do tema. Houve grande preocupação dos mesmos com a
relação sociedade-natureza, relacionando o meio ambiente com o local onde vivem.
Observamos na intervenção uma preocupação dos alunos com a preservação ambiental
não só para o hoje, mas também para as gerações futuras. A Educação Ambiental é um
elemento estratégico na ampliação da consciência crítica e cria possibilidades de
atualização das potencialidades dos jovens em diferentes contextos sociais. Nessa
perspectiva, os pressupostos da Educação Ambiental, conhecimento, habilidade, atitudes,
sensibilização e ação vão de encontro a uma prática social construída e construtora que
poderá dar sentido à vivência do dos alunos.
REFERÊNCIAS:
CUNHA, Sandra Batista da. Geomorfologia Fluvial. 2ª Edição. Ed. Bertrand, Rio de
Janeiro – 2002.
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60
Discente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro. E-mail: elijcs@gmail.com
61
Docente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro. e-mail: rofranssa@gmail.com
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feita tendo como referência a articulação com as escalas nacional e estadual. A indústria
do tabaco mesmo com todas as campanhas em que se pese “contra” ela e mesmo com
os altos impostos incidentes sobre a cadeia produtiva, se mantém lucrativa. Até mesmo
por esses fatores, que vemos um aprofundamento da exploração da mão-de-obra familiar.
A contradição é ter que tratar da “importância econômica” da produção do fumo enquanto
matéria-prima. A renda pífia, ainda assim é renda, mas mal distribuída entre os agentes
envolvidos (indústria, atravessadores, transportadores, distribuidores, contrabandistas,
quadrilhas, famílias e Estado, que por sua vez, se apropria da renda do trabalho, na forma
de altos tributos). Essa forma de exploração e apropriação do trabalho, por parte dos
agentes corporativos, ligados em laços de cooperação produtiva e espacial,
contraditoriamente é o que permite a reprodução familiar. Os resultados da pesquisa
estão em fase de análise, mas acreditamos que além de contribuirmos para o
levantamento do perfil socioeconômico dos fumicultores dessa localidade, também servirá
para que, em consonância com futuros pesquisadores, sejam elaboradas políticas
públicas que venham ao encontro dos interesses de fumicultores de Água Quente dos
Luz, que vem sendo explorados pelas indústrias por falta de alternativas a curto e médio
prazos e por falta de apoio do Estado e do município.
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Referências
BRASIL. Ministério do Turismo. Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros
do Brasil – diretrizes operacionais. Brasília: Ministério do Turismo, 2004. 61 p.
CAMARGO, J.P. Turismo Rural e suas Aplicações no Ensino Médio e Fundamental.
In: O Turismo no Ensino Fundamental e Médio: Uma visão Multidisciplinar do Fenômeno
Turístico. Ponta Grossa: Ed.UEPG, 2002. p.86.
CASTROGIOVANNI, A. C. Por que geografia no turismo? In: Turismo: 9 propostas para
um saber-fazer. 3. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002. 150 p.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia – Saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Ed. Paz e Terra S/A, 2000. 165 p.
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Nathasha Michalak 65
Rarafale Tchmola 67
64
Aluna do 3º ano de Geografia. E-mail: ela.nani@yahoo.com.br
65
Aluna do 3º ano de Geografia. E-mail: nathasha_m@hotmail.com
66
Aluna do 3º ano de Geografia. E-mail: rafaelaramos83@ibest.com.br
67
Aluna do 3º ano de Geografia. E-mail: rafaelatchmola@yahoo.com.br
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Professor do Departamento de Geografia campus de Irati. Doutorando em Geografia pela Unesp campus
de Presidente Prudente. E-mail: rofranssa@gmail.com
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Resumo: Há algum tempo tem sido presente o uso do filme por parte de muitos
professores de Geografia, como uma possível ferramenta de ensino em suas aulas,
todavia, a forma como isto tem se apresentado é “errônea” uma vez que o filme é usado
como recurso de distração ou como forma de ocupação do tempo de aulas, tornando-se
recurso de distração e não de informação. Assim, é interessante procurar conhecer in
loco, os por quês destes usos e também propor como um filme pode ser mais bem
explorado, visto sua variabilidade de formas e formatos que em muito podem acrescentar
ao ensino da Geografia. O estudo da utilização da produção fílmica como recurso didático
importante para o processo de ensino-aprendizagem da disciplina de Geografia, tem
como objetivo o inovar, o entusiasmar e o auxiliar todo o panorama que envolve a prática
pedagógica do professor que leciona essa disciplina. Contudo, seu uso deve ser
acompanhado por uma boa preparação e a motivação do professor para trabalhar com
esse recurso, que aliado à teoria escrita contribuirá para analisar, comparar e observar
diferentes cenários, permitindo-se fazer uma relação entre a sociedade e a natureza
(espaço físico e ações). Muitas vezes tem-se a impressão de que o ensino, sobretudo, o
de Geografia, diante das transformações tecnológicas, tem se tornado defasado em
virtude de teorias de ensino “cansativas” não despertarem a atenção devida dos alunos.
Cremos ser necessário diante desta situação que profissionais de ensino renovem suas
metodologias de ensino buscando assim, meios auxiliares que tornem as aulas além de
atrativas, mais eficientes. Entendemos que o professor precisa do uso de uma linguagem-
código, que o auxilie na busca da atenção do aluno para um determinado assunto
proposto. Uma das alternativas assim, seria o de levar até o núcleo dos estudantes outros
elementos como o uso de produções fílmicas que inovam, entusiasma e auxiliar,
sobretudo, no ensino de Geografia. O principal enfoque que essa pesquisa pretende dar
está relacionado à utilização de um recurso didático que garanta uma eficácia
metodológica ao ensino de geografia; mais precisamente a utilização do filme para auxiliar
o ensino/aprendizagem da geografia. E se essa utilização ocorre de maneira adequada.
Este uso de filmes além de aumentar a atenção dos estudantes, despertando-nos
mesmos, senso crítico que podem ainda amenizar os obstáculos durante trabalhos e
avaliações, pois, ao relembrarem as cenas observadas, seguida dos debates a cerca dos
assuntos vistos em filmes, os alunos poderão associar quase que de imediato os
conteúdos propostos. A pesquisa configura-se por um levantamento bibliográfico para a
obtenção da base teórica em relação tanto ao uso do filme como umas das linguagens
que auxilia no ensino de Geografia, como também de como tem se caracterizado e
configurado o ensino de Geografia no Brasil, situando-se alguns momentos históricos
pontuais que pode vir a possibilitar observação importante com relação a uma
evidenciação do caráter tradicional do sistema educacional. Também tem - se trabalhado
com aplicação de um questionário, qualitativo e quantitativo, junto aos docentes do
Colégio Estadual Trajano Grácia em Irati-PR, e que atuam na disciplina de Geografia, que
visam coletar dados sobre as suas experiências com a utilização de filmes nas suas
aulas. Da mesma forma será feita com os alunos do ensino médio deste colégio, para
69
Discente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro e-mail lu.muki@bol.com.br
70
Docente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro e- mail kbrumes@hotmail.com
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saber suas opiniões e experiências com relação a esse ao uso deste recurso didático
durante sua vivência como estudante e ator principal no processo de ensino.
Posteriormente, será feito levantamento das condições técnicas, relacionados à
existência, acessibilidade e a qualidade dos equipamentos de audiovisuais no Colégio
Estadual Trajano Grácia. Por fim, esperasse-se mostrar com tudo isso a viabilidade em se
utilizar o filme como um importante recurso didático que possa auxiliar o professor da
disciplina de Geografia em suas aulas, fornecendo subsídios através de uma linguagem-
código, por meio da análise da realidade de uma escola de Irati-PR.
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Acadêmico do DEGEO/Irati – marciomullermartini@hotmail.com
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Professor Colaborador e Mestre em Geografia do DEGEO/Irati – feltrim@hotmail.com
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REFERÊNCIAS:
ROMANIW, ROZENILDA: Análise, importância e distribuição das áreas verdes no quadro
urbano urbano de Irati-PR – Monografia de Pós-Graduação, UNICENTRO. Irati, 1999
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Almir Nabozny74
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Acadêmica do curso de Geografia. UNICENTRO – Campus de Irati.
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Prof. Msc. de Geografia. UNICENTRO – Campus de Irati). almirnabozny@yahoo.com.br
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Leila Homiak75
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Discente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro. e-mail: leylahk@gmail.com
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Docente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro. e-mail: rofranssa@gmail.com
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AÇÃO SUSTENTÁVEL
Claudinei de Souza78
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo demonstrar o projeto Açaí Marajoara
desenvolvido pela empresa Muaná Alimentos, localizada no município de Muaná, na ilha
de Marajó, região amazônica. A pequena cidade de seis mil habitantes é um lugarejo
isolado no meio da floresta, que ficou famoso por ser sede de um projeto de extração de
açai e palmito. Ambos produtos utilizados na alimentação humana, um por ser, matéria-
prima para um famoso e suculento suco, o suco de açaí, e outro por ser um vegetal
bastante saudável, conservado em salmoura e consumido frio acompanhando saladas e
cozidos em diversas receitas. O palmito mais procurado, é o extraído da palmeira juçara,
(Enterpe endulis),devido a sua qualidade superior, mas, como para fazer a extração
desse alimento é necessário retirar as touceiras, que são partes do tronco dessas
árvores, de onde é retirado o seu miolo, que é nada mais nada menos, que o tão
conhecido palmito, isso acaba com o decorrer do tempo, provocando a morte da planta,
uma vez que seu meristema apical é eliminado o que ocasiona a entrada em extinção
dessa espécie vegetativa. Dessa forma, a extração desse produto dos açaizeiros, ganhou
força pois essa espécie ainda existia em abundância, mas na ânsia de aumentar a
produtividade, os coletores fizeram com que a planta também começasse a sofrer
ameaças de extinção. Em Muaná essa prática foi feita em grande quantidade, mas, sem
instrução era praticada de maneira incorreta. Ao perceber que os camponeses que faziam
esse trabalho estavam executando suas tarefas de modo errado, por se basearem em
ensinamentos de seus ancestrais, e por não terem oportunidades de estudos,
permaneciam sem instrução e apenas sua simplicidade, nada mais que isso, fazia com
que agissem dessa forma e suas atitudes, provocavam grandes transtornos ao meio
ambiente. Como o açaí cresce mais em locais ensolarados, os palmiteiros costumavam
derrubar sem nenhum critério qualquer árvore que fizesse sombra sobre a planta e
atrapalhasse seu desenvolvimento e sua produtividade, o resultado era o desmatamento
de quase toda a vegetação nativa das várzeas, (pois é um vegetal que precisa de solo
úmido para desenvolver-se melhor) além de contribuírem diretamente com a falta de
alimento para os animais que desses frutos alimentavam-se. A empresa de Muaná
implantou esse projeto ensinando a maneira correta de trabalhar, o que ajudou-os e
incentivou-os cada vez mais, nele consiste principalmente, que parte dessas matas que
são ao todo mais de 4000 hectares não devem ser tocadas pelo homem, é restrita à
alimentação dos animais silvestres. Na área onde a exploração é permitida deve-se
preservar pelo menos 10% das demais espécies de vegetação, além disso as coletores
aprenderam fazer a extração correta do palmito, retirando apenas as touçeiras adultas,
deixando as mais jovens para que produzam mais e em períodos alternados, gerando
renda e trabalho por todo o ano. O projeto teve tanto sucesso que essa empresa foi a
primeira do Brasil e a segunda do mundo a obter o selo FSC na sigla em inglês (Forest
Stewardship Council) que garante que o produto de origem florestal foi retirado de
maneira legal e não predatória, além de receber o Prêmio Super Ecologia 2002.O
compromisso ambiental garantiu à empresa uma injeção de 1,5 milhão de dólares do
fundo internacional Terra Capital, o primeiro no mundo destinado a capitalizar projetos
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Aluna do Colégio João Negrão Júnior de Teixeira Soares-PR
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Professor do ensino fundamental e médio de Teixeira Soares-PR
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Referências
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Paulo Gil79
Resumo: A escola é uma instituição que está organizada dentro de determinadas normas
que acabam dando forma específica às suas ações. Ela possui um cotidiano mesmo
diante das normativas em muitos casos bastante agitado e, às vezes até tumultuado, o
que traz dificuldade para que a “educação” das crianças seja plenamente desenvolvida.
Para se ter uma idéia do papel educador da escola, em tempos passados, a escola tinha
como principais objetivos apenas o repasse de conteúdo pedagógico e o cuidado das
crianças para que mães pudessem trabalhar fora. Nos dias atuais a escola já tem
assumido o papel de desenvolver plenamente o potencial das crianças e não mais
simplesmente guardá-las, conforme é colocado no Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil (1998, p. 28). Na escola os atributos como elementos constituintes de
várias ciências, são muitas vezes apresentados como verdade absoluta, uma vez que ao
apresentar uma série de resultados definitivos focados em determinados assuntos, acaba
por desconsiderar outras nuances que compõem a formação de uma sociedade e seus
constituintes. O conhecimento científico mesmo que possua grande importância social ao
possibilitar que por meio dele aconteça transformação da vida do homem, além de fazer
com ele possa melhor entender e desfrutar daquilo que tanto a natureza como a
sociedade podem lhe oferecer, não deve ser encarado como o ponto crucial do
desenvolvimento da estrutura do homem. Assim, ao se trabalhar, por exemplo, com
aspectos como os dos valores morais que servem para orientar as pessoas no momento
de escolhas adequadas, tem-se que este aspecto deve perpassar pelo papel que um
professor teria na ajuda da construção de melhores “cidadãos”, ao fazer da prática das
aulas um momento de reflexão e da construção da sociedade que se almeja. Por isso
como não pensar no repasse dos valores justamente neste momento? Os PCNs (1998)
vêm definindo que temas como os da ética sejam trabalhados como transversais, ou seja,
devem ser trabalhados em vários conteúdos. Todavia, na escola tem sido questionável
tanto a forma como este aspecto tem sido trabalhado e mesmo se este tem sido até
trabalhado. Diante disso somos instigados a questionar? Como prerrogativa do PCN, será
que professores de Geografia têm desenvolvido os temas transversais em suas aulas em
especial os que envolvem a ética e valores morais? Como têm sido tratados estes temas?
Isto é importante uma vez que a ética é um elemento vital na produção da realidade
social. Todo homem possui um senso ético, que pode ser chamado de “consciência
moral” que constantemente avalia e julga suas ações. Também pode ser colocado que a
ética está relacionada à opção, ao desejo de manter relações de convívio, por exemplo,
de formas mais justas e aceitáveis. A ética na educação é um tema que busca refletir os
benefícios que envolvem a sua utilização no processo de aprendizagem. Quando a
criança ingressa na escola é cercada por situações que envolvem estímulos e motivações
e os incentivos dos professores atuam como um grande auxiliar nesses processos. O
ensino de Geografia pode realizar diante disto, um trabalho que proporcione aos alunos
uma maior reflexão sobre ética e valores morais com idéias de bem e virtude.
79
Discente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO paulogil51@yahoo.com.br
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Docente da Universidade Estadual do Centro-Oeste - UNICENTRO kbrumes@hotmail.com
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Fernando Fernandes81
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Graduando em Geografia da UNICENTRO, IRATI – fernand_is@hotmail.com
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Mestre em Geografia, Prof. Colaborador do Degeo – Unicentro/Irati – feltrim@hotmail.com
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comparando ainda com dados da estação meteorológica de Ivaí, a mais próxima da área
de estudo. As áreas amostrais estão localizadas próximas uma da outra cerca de 50m,
dessa forma ambas possuem o mesmo tipo de topografia solo e formação geológica
diferenciando-se apenas na tipologia vegetal. Por vez, o índice pluviométrico precipitado é
considerado equivalente para as duas áreas. Entretanto o total precipitado varia devido a
diferenciação da vegetação, assim a quantidade de água que acaba por atingir o solo é
diferente nas parcelas, pois uma destas possuem vegetação exuberante e dossel bem
fechado enquanto na outra observa-se a presença de herbáceas, gramíneas esparsas
sobre o espaço analisado. Através de algumas analises e comparações de gráficos da
evolução erosiva e do histórico pluviométrico do local pode-se afirmar que o processo
erosivo ocorre nas duas parcelas tendo fases de deposição e erosão, entretanto na área
de pouca vegetação há um grande desvio padrão da média erosiva, apresentando
grandes extremos que coincidem com os eventos chuvosos; já na parcela vegetada o
desvio padrão da média erosiva foi baixo, tendo valores mais estáveis com menor
amplitude. Portanto, nota-se que a variável predominante na relação de erosão com a
precipitação ficou caracterizada como sendo a vegetação, onde sua intensidade e
tipologia fizeram surgir em cada parcela um índice erosivo único. Assim, nessa pesquisa a
topografia e o tipo de solo não foram variáveis significantes para caracterizar ainda mais
cada parcela.
REFERÊNCIAS:
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Discente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro, ggiisseellii@yahoo.com.br
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Docente da Universidade Estadual do Centro-Oeste – Unicentro, kbrumes@hotmail.com
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