Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
DA DOAÇÃO
1- Conceito e caracteres
2- Requisitos
Para que a doação seja válida, além dos requisitos gerais reclamados por
qualquer negócio jurídico, será imprescindível o preenchimento de outros, especiais,
que lhe são peculiares, tais como:
a.3) o cônjuge adúltero não pode fazer doação a seu cúmplice, sob pena
de nulidade (C.C. arts. 550 e 1642, IV; STF, Súmula 382), a ser pleiteada
pelo outro consorte, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos
depois de dissolvida a sociedade conjugal;
b) Requisito objetivo – Para ter validade a doação precisará ter por objeto coisa
que seja in commercio: Bens móveis, imóveis, corpóreos ou incorpóreos, presentes ou
futuros, direitos reais, vantagens patrimoniais de qualquer espécie. Admissível é a
doação de órgãos humanos para fins científicos e terapêuticos (CC Art. 14, lei n.
9.434/97 e dec. n. 2.268/97, que a regulamenta, com alteração da lei 10.211/2001; lei
10.205/2001 e portaria n. 1.376/93 do Ministério da Saúde, sobre doação de sangue). É
importante sabermos as seguintes normas:
b.3) A doação inoficiosa está vedada por lei; portanto, nula será a
doação da parte excedente do que poderia dispor o doador em
testamento, no momento em que doa (CC, art.549), pois, se houver
herdeiros necessários (descendente, ascendente e cônjuge - CC, art.
1.845), o testador só poderá dispor de metade da herança (CC, arts. 1.789
e 1.846), preservando-se, assim, a legítima dos herdeiros; daí a nulidade
dessa doação inoficiosa apenas na porção excedente à legítima de seus
herdeiros; sofrerá, então, uma redução até o limite permitido por lei. O
reconhecimento da inoficiosidade poderá, segundo alguns, ser pedido em
vida do doador (RT, 547:77, 492:110). O herdeiro lesado com a doação
inoficiosa poderá ingressar em juízo imediatamente com a competente
ação pleiteando a nulidade ou redução da liberalidade na parte excedente.
Trata-se, porém, de questão controvertida, sustentando outros que só se
poderá ajuizar tal ação após a abertura da sucessão do doador, pois de
outro modo estar-se-ia a li!ig(ir sobre herança de pessoa viva;
b.4) A doação poderá apresentar-se sob a forma de subvenção
periódica ou sucessiva (CC, art. 545), extinguindo-se esta com a morte
do doador, salvo se o contrário estiver disposto, mas não poderá
ultrapassar a vida do donatário. Não há entrega imediata do bem ao
donatário, pois o doador assume o dever de prestar, periodicamente, um
auxílio monetário (dinheiro, autorização de débito em cartão de crédito
ou em conta corrente), com o escopo de ajudar o donatário. A subvenção
constitui um favor pessoal, que termina com o falecimento do doador,
não se transferindo a obrigação para seus herdeiros. Trata-se de uma
constituição de renda vitalícia, a título gratuito, que perdura enquanto
viver o donatário, por ser liberalidade intuitu personae;
b.7) O doador não será obrigado a pagar juros moratórios por ser
uma liberalidade, nem estará sujeito à evicção ou à responsabilidade pelo
vício redibitório (CC, art. 552), por não ser justo que de um ato benéfico
surjam obrigações ou deveres para quem o pratica. Já nas doações
remuneratórias e com encargo, haverá responsabilidade pela mora, pelo
vício redibitório (CC, art. 441, parágrafo único) e pela evicção, no que
concerne à parte correspondente ao serviço prestado e à incumbência
cometida. "Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa,
o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário" (CC,
art. 552);
3- Espécies
a) Doação pura e simples - feita por mera liberalidade, sem condição presente
ou futura, sem encargo, sem termo, enfim, sem quaisquer restrições ou modificações
para a sua constituição ou execução. Trata-se da doação em seu estado de perfeita e
plena liberalidade, sem que haja imposição de limitações ao donatário. A doação
meritória feita em contemplação do merecimento do donatário (CC, art. 540, 1ª parte)
vem a ser uma doação pura e simples, em que o doador manifesta claramente o porquê
de sua liberalidade; p. ex.: doação de um objeto a B porque é caridoso, um grande cien-
tista, estudioso etc., tendo, portanto, por escopo homenageá-lo pelos seus méritos no
campo social, científico ou cultural.
Invalidar-se-á a doação:
a) se ocorrerem casos de nulidade comuns aos contratos em geral (CC, art. 166),
como, p. ex., se não houver capacidade ativa ou passiva dos contraentes, se o objeto for
ilícito ou impossível ou se não houver observância da forma prescrita em lei (CC, art.
541, parágrafo único);
5- Revogação
A doação é um ato de liberalidade por parte do doador, que não poderá revogá-
lo unilateralmente, no todo ou em parte, se já houve sua aceitação pelo donatário, salvo:
a) Por ingratidão do donatário se a doação for pura e simples (CC, art. 555,
1 ª alínea), por ter este obrigação moral de ser grato ao doador, devendo abster-se de
atos que constituam prova de ingratidão, como os arrolados no Código Civil, art. 557, I
a IV. Ver também C.C. arts.561, 558, 564, I a IV, 546, 1.639, 563, 1.360, 556, 560, 1 ª
alínea, 559.
Referências Bibliográficas
DINIS, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume III: teoria das
obrigações contratuais e extracontratuais. 25. ed. reformulada. São Paulo: Saraiva,
2009.
GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil, volume IV: contratos, tomo 1:
teoria geral / Pablo Stolze Gagliano, Rodolfo Panplona Filho. 5 .ed. rev. e atual. São
Paulo: Saraiva, 2009.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume III: contratos e atos
unilaterais. 6. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009.
MATIELLO, Fabrício Zamprogna, Curso de direito civil, volume III: dos contratos e
dos atos unilaterais. São Paulo: LTR, 2008.
VENOZA, Sílvio de Salvo. Direito Civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos
contratos. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008. (Coleção direito civil; v.2).