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RESUMO IX

DA DOAÇÃO

1- Conceito e caracteres

Doação é o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu


patrimônio bens ou vantagens para o de outra (C.C., art. 538).
Do conceito legal extrai-se quatro elementos fundamentais, que caracterizam a
doação:

a) Contratualidade: o Código Civil considerou expressamente a doação


como um contrato, requerendo para a sua formação a intervenção de duas
partes contratantes, o doador e o donatário, cujas vontades se entrosam
para que se perfaça a liberalidade por ato inter vivos, distinguindo-se
dessa maneira do testamento, que é a liberalidade causa mortis. A doação
acarreta unicamente a obrigação do doador de entregar, gratuitamente, a
coisa doada ao donatário. Trata-se de um contrato, em regra, gratuito,
unilateral, consensual e solene. Gratuito, porque constitui uma liberali-
dade, não sendo imposto qualquer ônus ou encargo ao beneficiário. Será,
no entanto, oneroso, se houver tal imposição. Unilateral, porque cria
obrigação para somente uma das partes. Contudo, será bilateral, quando
modal ou com encargo. Consensual, porque se aperfeiçoa com o acordo
de vontades entre doador e donatário, independentemente da entrega da
coisa. Mas a doação manual (de bens móveis de pequeno valor) é de
natureza real, porque o seu aperfeiçoamento depende da incontinenti
tradição destes (CC, art. 541, parágrafo único). Em geral solene, porque a
lei impõe a forma escrita (art. 541, caput), salvo a de bens móveis de
pequeno valor, que pode ser verbal (parágrafo único). O doador não é
obrigado a pagar juros moratórios, nem é sujeito às conseqüências da
evicção ou do vício redibitório (CC, art. 552, 1ª parte), pois não seria
justo que surgissem obrigações para quem praticou uma liberalidade.
Mas a responsabilidade subsiste nas doações remuneratórias e com
encargo, até o limite do serviço prestado e do ônus imposto. Nas doações
para casamento com certa e determinada pessoa, o doador ficará sujeito à
evicção, salvo convenção em contrário (art. 552, 2ª parte).

b) Ânimo do doador de fazer uma liberalidade (“animus donandi”) –


proporcionando ao donatário certa vantagem à custa do seu patrimônio.
O ato do doador deverá revestir-se de espontaneidade. Não terá
animus danandi na desistências de herança que ainda não se aceitou, na
inércia do proprietário ou do credor que deixa consumar-se a usucapião
ou a prescrição, pois, p. ex., se o credor tivesse a intenção de fazer uma
liberalidade, poderia lançar mão da remissão de dívidas, e se alguém
abandonasse propriedade própria que viesse a ser ocupada por outrem,
não estaria doando, porque falta o elemento subjetivo, isto é, o animus
donandi. Não haverá doação na venda por baixo preço, para conquistar
mercado, p. ex., por constituir mera propaganda; em certos casos, porém,
poderá haver vontade de beneficiar, configurando-se um negócio misto,
em que se terá doação na parte em que o bem for superior ao preço.
Igualmente, não se terá doação na emancipação, uma vez que o
enriquecimento do filho, pela perda do usufruto do pai, é conseqüência e
não objeto direto do ato.

c) Transferência de bens ou de direitos do patrimônio do doador para o


do donatário, ainda que de valor insignificante, uma vez que o donatário
deverá enriquecer na medida em que o doador empobrece. Se inexistir
translação de valor econômico de um patrimônio a outro não se terá
doação, visto que é um contrato que envolve um ato de alienação. É
preciso deixar claro que o enriquecimento do donatário poderá consistir
em qualquer atribuição patrimonial, como a aquisição de propriedade ou
de direito real limitado, a cessão de créditos ou de qualquer vantagem
patrimonial, desde que obtida à custa do patrimônio do doador. Assim, o
empobrecimento do doador deverá constituir o elemento de
caracterização que permita distinguir a doação de qualquer outro negócio
jurídico.

d) Aceitação do donatário – pois o contrato não se aperfeiçoará enquanto o


beneficiário não manifestar sua intenção de aceitar a doação, por
desconhecer nosso Código doação não aceita (C.C art. 539). Por se tratar
de contrato benéfico, o donatário não precisará ter capacidade de fato
para aceitar a doação pura e simples, embora se suponha necessário o
consentimento de seu representante legal. Mesmo o nascituro (infans
conceptus) poderá receber doação, mas a aceitação deverá ser
manifestada pelo seu representante legal, ou seja, por aquele a quem
incumbe cuidar de seus interesses (C.C., art. 542): pai, mãe ou curador.
Se nascer, embora aceita a liberalidade, esta caducará, por ser o nascituro
titular de direito sob condição suspensiva. Se tiver um instante de vida,
receberá o benefício, transmitindo-o aos seus sucessores (C.C., art. 2º, 2ª
parte). A aceitação pode ser: tácit
a................................................................................................ acescentar

2- Requisitos

Para que a doação seja válida, além dos requisitos gerais reclamados por
qualquer negócio jurídico, será imprescindível o preenchimento de outros, especiais,
que lhe são peculiares, tais como:

a) Requisito subjetivo – isto é, capacidade ativa e passiva dos contraentes. A


capacidade ativa ou capacidade para doar pode faltar em razão de uma situação especial
do doador ou em decorrência do direito de família. A capacidade para doar está sujeita a
certas limitações:
a.1) os absolutamente ou relativamente incapazes não poderão, em regra,
doar, nem mesmo por meio de representantes legais, visto que as
liberalidades não são tidas como feitas no interesse do representado. O
representante não poderá efetivar negócios aleatórios, nem a título
gratuito;

a.2) os cônjuges, sem a devida autorização, exceto no regime de


separação absoluta, estão impedidos de fazer doação, não sendo
remuneratória, com bens e rendimentos comuns, ou dos que possam
integrar futura meação (C.C., art. 1.647, IV). Logo, não se proíbe que um
consorte faça,sem anuência do outro: doações remuneratórias de bens
móveis, desde que objetivem pagar um serviço recebido, não
constituindo propriamente liberdades;

a.3) o cônjuge adúltero não pode fazer doação a seu cúmplice, sob pena
de nulidade (C.C. arts. 550 e 1642, IV; STF, Súmula 382), a ser pleiteada
pelo outro consorte, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos
depois de dissolvida a sociedade conjugal;

a.4) os consortes não poderão efetivar doação entre si se o regime


matrimonial for o da comunhão universal, visto ser o acervo patrimonial
comum a ambos; se outro for o regime, não havendo disposição em
contrário, nada obsta a doação, importando adiantamento do que lhes
cabe por herança, já que são herdeiros necessários (C.C., arts. 544, 2ª
parte, 1829, I a III, 1830, 1831, 1832, 1837 e 1838). Poderá haver doação
de um cônjuge a outro, sendo o regime de separação convencional de
bens, de comunhão parcial, havendo patrimônio particular, ou de
participação final nos aquestos, no que se refere aos bens particulares;

a.5) o mandatário do doador não poderá nomear donatário ad libitum,


pois só lhe será lícito efetivar doação desde que o doador nomeie, no
instrumento, o donatário, ou dê ao procurador a liberdade de escolher um
entre os que designar;

a.6) as entidades (órgãos públicos sem personalidade, p. ex. PROCON),


sociedades não personificadas (C.C., arts. 986 e 996), grupos
despersonalizados, como condomínio edilício, espólio, massa falida etc.,
pessoas jurídicas (C.C. art. 41 e 44) podem doar e receber doações, só
que as de direito público (C.C. art 41) se sujeitarão às restrições de
ordem administrativa, e as de direito privado sofrerão as limitações
impostas pela sua índole, pelos seus estatutos e atos constitutivos;

a.7) o falido ou insolvente não poderá fazer, porque não está na


administração de seus bens e porque esta doação lesaria seus credores;
daí ser anulável por meio de ação pauliana (C.C., art. 158);

a.8) os ascendentes poderão fazer doações a seus filhos, que importarão


em adiantamento da legítima (C.C., art.544, 1ª. Parte), devendo ser por
isso conferidas no inventário do doador, por meio de colação (C.C., art.
2002; CPC, art.1014), embora o doador possa dispensar a conferência,
determinando, em tal hipótese, que saiam de sua metade disponível,
calculada conforme o Código Civil, art. 1847, contanto que não se
excedam (C.C. arts. 2005 e 2006), porque o excesso será considerado
inoficioso (C.C. arts. 2007 e 2008) e, portanto, nulo.

Quanto à capacidade passiva ou capacidade para receber doação, não há


qualquer empecilho se se tratar de doação pura e simples, ante o caráter benéfico do ato.
Os absolutamente incapazes poderão receber doação. Ver art. 543 do CC. Até mesmo os
nascituros (CC arts. 542, 2º e 1779) e pessoa jurídicas poderão receber doações, sendo,
porém, necessária a intervenção dos seus representantes legais.

b) Requisito objetivo – Para ter validade a doação precisará ter por objeto coisa
que seja in commercio: Bens móveis, imóveis, corpóreos ou incorpóreos, presentes ou
futuros, direitos reais, vantagens patrimoniais de qualquer espécie. Admissível é a
doação de órgãos humanos para fins científicos e terapêuticos (CC Art. 14, lei n.
9.434/97 e dec. n. 2.268/97, que a regulamenta, com alteração da lei 10.211/2001; lei
10.205/2001 e portaria n. 1.376/93 do Ministério da Saúde, sobre doação de sangue). É
importante sabermos as seguintes normas:

b.1) Não valerá a doação de todos os bens (doação universal), sem


reserva de parte do patrimônio, que possa ser transformada em renda
pecuniária ou de outra renda advinda de pensão, salário, direito autoral,
aplicação financeira suficiente para subsistência do doador (CC art. 548),
afim de se evitar excessiva liberalidade que coloque o doador na penúria.
Pela teoria do Estatuto Jurídico do Patrimônio Mínimo, a norma deve
garantir ao doador um mínimo de bens para assegurar-lhe uma vida
digna. Nula será tal doação mesmo que haja para o donatário o encargo
de prover a subsistência do doador, enquanto este viver.

b.2) Se com a doação o doador ficar insolvente, os credores


prejudicados poderão anulá-la, a não ser que o donatário, com o
consentimento dos credores, assuma o passivo do doador, dando-se,
então, uma novação subjetiva (CC, art. 360, lI);

b.3) A doação inoficiosa está vedada por lei; portanto, nula será a
doação da parte excedente do que poderia dispor o doador em
testamento, no momento em que doa (CC, art.549), pois, se houver
herdeiros necessários (descendente, ascendente e cônjuge - CC, art.
1.845), o testador só poderá dispor de metade da herança (CC, arts. 1.789
e 1.846), preservando-se, assim, a legítima dos herdeiros; daí a nulidade
dessa doação inoficiosa apenas na porção excedente à legítima de seus
herdeiros; sofrerá, então, uma redução até o limite permitido por lei. O
reconhecimento da inoficiosidade poderá, segundo alguns, ser pedido em
vida do doador (RT, 547:77, 492:110). O herdeiro lesado com a doação
inoficiosa poderá ingressar em juízo imediatamente com a competente
ação pleiteando a nulidade ou redução da liberalidade na parte excedente.
Trata-se, porém, de questão controvertida, sustentando outros que só se
poderá ajuizar tal ação após a abertura da sucessão do doador, pois de
outro modo estar-se-ia a li!ig(ir sobre herança de pessoa viva;
b.4) A doação poderá apresentar-se sob a forma de subvenção
periódica ou sucessiva (CC, art. 545), extinguindo-se esta com a morte
do doador, salvo se o contrário estiver disposto, mas não poderá
ultrapassar a vida do donatário. Não há entrega imediata do bem ao
donatário, pois o doador assume o dever de prestar, periodicamente, um
auxílio monetário (dinheiro, autorização de débito em cartão de crédito
ou em conta corrente), com o escopo de ajudar o donatário. A subvenção
constitui um favor pessoal, que termina com o falecimento do doador,
não se transferindo a obrigação para seus herdeiros. Trata-se de uma
constituição de renda vitalícia, a título gratuito, que perdura enquanto
viver o donatário, por ser liberalidade intuitu personae;

b.5) A doação poderá ser feita em comum a várias pessoas,


distribuída por igual entre elas, sendo uma obrigação divisível (CC, art.
551), porém, o doador poderá, se quiser, estipular divisão desigual. Se
indivisível o bem doado, os co-donatários serão condôminos em quotas
ideais iguais. Poderá o doador dispor ao contrário, estabelecendo que a
parte do co-donatário que faltar acresça à do que venha a sobreviver;

b.6) A doação do cônjuge adúltero ao seu cúmplice poderá ser


anulada pelo outro consorte, que foi enganado, na constância do
matrimônio, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos após a
dissolução da sociedade conjugal (CC, arts. 550 e 1.642, IV). Tal prazo é
decadencial. Todavia, essa anulabilidade só atingirá o objeto doado e não
outro em que o primeiro foi aplicado. P. ex.: se a doação feita pelo
adúltero à concubina consistiu em dinheiro, com o qual ela adquiriu um
imóvel, não será nula a aquisição da propriedade, mas apenas a versão do
dinheiro;

b.7) O doador não será obrigado a pagar juros moratórios por ser
uma liberalidade, nem estará sujeito à evicção ou à responsabilidade pelo
vício redibitório (CC, art. 552), por não ser justo que de um ato benéfico
surjam obrigações ou deveres para quem o pratica. Já nas doações
remuneratórias e com encargo, haverá responsabilidade pela mora, pelo
vício redibitório (CC, art. 441, parágrafo único) e pela evicção, no que
concerne à parte correspondente ao serviço prestado e à incumbência
cometida. "Nas doações para casamento com certa e determinada pessoa,
o doador ficará sujeito à evicção, salvo convenção em contrário" (CC,
art. 552);

b.8) o doador poderá estipular que os bens doados voltem ao seu


patrimônio, se sobreviver ao donatário (CC, art. 547); essa cláusula de
reversão deverá resultar de disposição expressa, operando, então, como
uma condição resolutiva, de cujo implemento resultará a restituição do
bem doado;

b.9) a doação de bens alheios é inadmissível, por ter ela por


objeto coisas não pertencentes ao doador; no entanto, será suscetível de
ratificação se o próprio doador vier a adquirir posteriormente o domínio
do bem doado (RT, 547:129)261.

c) Requisito formal – visto ser a doação um contrato solene, pois o Código


Civil, no art. 541, lhe impõe uma forma que deverá ser observada, sob pena de não valer
o contrato. Realmente, esse dispositivo legal estabelece obrigatoriamente a forma
escrita, ao exigir que a doação se faça por instrumento público ou particular, e, apenas
excepcionalmente, admite, em seu parágrafo único, sua celebração por via verbal, em
certos casos especiais. Dessa maneira, a doação, em nosso direito, poderá celebrar-se:

c.1) por escrito particular; p. ex.: por carta de declaração, se os


móveis doados forem de valor considerável ou se se tratar de imóveis
(CC, art. 108);

c.2) por escritura pública, se se tratar de imóvel (CC, arts. 108 e


215; Lei n. 6.015/73, art. 167, I, n. 33) sujeito a assento no Registro
Imobiliário, e, se o doador for casado, exceto no regime de separação
absoluta, deverá obter o consentimento do outro cônjuge (CC, art. 1.647,
IV);

c.3) verbalmente, seguida de tradição (doação manual), se seu


objeto for bem móvel e de pequeno valor (CC, art. 541, parágrafo único)
relativamente à fortuna do doador, isto é, de acordo com a situação
financeira do doador ante o valor da coisa doada. Desse modo, seria de
bom alvitre que se apreciasse caso por caso, pois o juiz deverá ter em
vista não só a fortuna de quem fez a liberalidade, o seu grau de
discernimento, mas também o critério objetivo, ou melhor, o valor da
coisa doada. É a hipótese da doação manual ou de presentes, que se faz
por ocasião de aniversários, de casamentos, como prova de estima ou
homenagem.

3- Espécies

a) Doação pura e simples - feita por mera liberalidade, sem condição presente
ou futura, sem encargo, sem termo, enfim, sem quaisquer restrições ou modificações
para a sua constituição ou execução. Trata-se da doação em seu estado de perfeita e
plena liberalidade, sem que haja imposição de limitações ao donatário. A doação
meritória feita em contemplação do merecimento do donatário (CC, art. 540, 1ª parte)
vem a ser uma doação pura e simples, em que o doador manifesta claramente o porquê
de sua liberalidade; p. ex.: doação de um objeto a B porque é caridoso, um grande cien-
tista, estudioso etc., tendo, portanto, por escopo homenageá-lo pelos seus méritos no
campo social, científico ou cultural.

b) Doação modal ou com encargo ou onerosa - ou seja, aquela em que o


doador impõe ao donatário uma incumbência em seu benefício, em proveito de terceiro
ou do interesse geral (CC, arts. 553, parágrafo único, 562 e 1.938; Dec. n. 98.325/89). P.
ex.: doação de um terreno, impondo-se ao donatário a obrigação de nele construir uma
escola; doação de um imóvel pela Prefeitura a uma sociedade esportiva beneficente,
para que esta ali construa sua sede social. A doação gravada não perderá o caráter de
liberalidade no excedente ao encargo imposto (CC, art. 540, in fine). Em regra, o doador
estabelece certo prazo razoável para que o encargo se efetive. Se não o estipular, será
necessário que o donatário seja constituído em mora, antes de proceder à sua revogação
por inadimplemento, salvo se o encargo se deu em seu próprio benefício (CC, art. 553).

c) Doação remuneratória - é aquela em que, sob a aparência de mera


liberalidade, há firme propósito do doador de pagar serviços prestados pelo donatário ou
alguma outra vantagem que haja recebido dele. São feitas pelo doador não tanto pelo
espírito de liberalidade, mas pela necessidade moral de compensar serviços que,
gratuitamente, lhe foram prestados. É o caso, p. ex., da doação de um objeto valioso, ou
seja, de uma obra de arte, a um médico, que tratou do doador sem cobrar nada. A
doação remuneratória não perderá o caráter de liberalidade no excedente ao valor dos
serviços remunerados; logo, a parte que corresponde à retribuição do serviço prestado é
pagamento e só será doação quanto à parte que exceder o valor desse serviço (CC, art.
540, 2ª alínea).

d) Doação condicional - a que surte efeitos somente a partir de determinado


momento, ou seja, depende de acontecimento futuro e incerto. É o caso, p. ex., da
doação de imóvel feita em contemplação de casamento futuro (CC, art. 546), que está
subordinada à realização do matrimônio, isto é, a uma condição suspensiva, pois o
contrato de doação só produzirá efeito se o ato nupcial se realizar. Percebe-se que na
doação condicional o donatário só adquirirá ou perderá o direito à coisa doada, se se
verificar a condição. Ver também arts. 545 e 547 parágrafo único.

e) Doação a termo, se tiver termo final ou inicial; p. ex.: doação de imóvel a


duas pessoas, dando a uma delas o direito de usá-lo durante dez anos e à outra a partir
dessa época.

f) Doação de pais a filhos ou de um cônjuge a outro, sendo, p. ex., o regime de


comunhão parcial (CC, arts. 544 e 1.829, I), que é aquela que importa em adiantamento
da legítima, ou seja, daquilo que por morte do doador o donatário receberia. Essa
doação deverá ser conferida, no inventário do doador, por meio da colação (CC, art.
2.002). Mas o doador poderá dispensar a conferência, determinando, em tal hipótese,
que saiam de sua metade disponível, calculada de acordo com o Código Civil, art.
1.847, contanto que não a excedam (CC, arts. 2.005 e 2.006). Se nada prescrever,
impor-se-á a colação.

g) Doação conjuntiva - feita em comum a mais de uma pessoa, sendo


distribuída por igual entre os diversos donatários, exceto se o contrato estipulou o
contrário (CC, art. 551). E, se os donatários, em tal caso, forem marido e mulher, como
vimos, subsistirá na totalidade a doação para o cônjuge sobrevivo (CC, art. 551,
parágrafo único), não passando, portanto, aos herdeiros.
4- Invalidade

Invalidar-se-á a doação:

a) se ocorrerem casos de nulidade comuns aos contratos em geral (CC, art. 166),
como, p. ex., se não houver capacidade ativa ou passiva dos contraentes, se o objeto for
ilícito ou impossível ou se não houver observância da forma prescrita em lei (CC, art.
541, parágrafo único);

b) se se apresentarem os vícios que lhe são peculiares, como, p. ex., doação


universal, compreensiva de todos os bens do doador (CC, art. 548); doação inoficiosa na
parte excedente à quota disponível, por não resguardar a legítima dos herdeiros
necessários; nesse caso, a nulidade só atingirá o excesso da legítima (CC, art. 549).
Como não há prazo prescricional especial, tal pretensão poderá ser alegada em dez anos
(CC, art. 205), mas esse prazo não corre entre cônjuges, na constância da sociedade
conjugal, nem entre ascendentes e descendentes durante o poder familiar (art. 197, I e
lI); doação entre cônjuges, quando, por exemplo, o regime matrimonial for o da
obrigatória separação de bens (CC, art. 1.641, c/c o art. 1.647, IV) ou o da comunhão
universal, por ser impossível o seu objeto (CC, art. 1.829, I; RT, 167:689, 190:195,
168:252). Em todas essas hipóteses, nula será a doação, enquanto a doação do cônjuge
adúltero ao seu cúmplice será anulável (CC, art. 550);

c) se houver a presença de vícios de consentimento, como o erro, o dolo, a


coação, o estado de perigo e a lesão (RT, 100:528), e de vícios sociais, como a
simulação e a fraude contra credores (CC, art. 106), que a invalidam (CC, arts. 167 e
171, II).

5- Revogação

A doação é um ato de liberalidade por parte do doador, que não poderá revogá-
lo unilateralmente, no todo ou em parte, se já houve sua aceitação pelo donatário, salvo:

a) Por ingratidão do donatário se a doação for pura e simples (CC, art. 555,
1 ª alínea), por ter este obrigação moral de ser grato ao doador, devendo abster-se de
atos que constituam prova de ingratidão, como os arrolados no Código Civil, art. 557, I
a IV. Ver também C.C. arts.561, 558, 564, I a IV, 546, 1.639, 563, 1.360, 556, 560, 1 ª
alínea, 559.

b) Por descumprimento do encargo, pois o Código Civil, art. 562, prescreve


que a doação onerosa poderá ser revogada por inexecução do encargo, desde que o
donatário incorra em mora; não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá
notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a
obrigação assumida, e havendo escoamento do referido prazo, sem que a obrigação se
efetive, o donatário incidirá em mora, dando ensejo ao doador para revogar a
liberalidade. Mas se tal prazo for exíguo, impossibilitando a execução do encargo, o
donatário poderá, na contestação, alegar que a ação de revogação proposta contra ele
não procede, visto que não incorreu em mora. A mora resultará da extinção do prazo,
ou, não havendo prazo, da notificação judicial. Mas a caracterização da mora não
dependerá de tal interpelação, se o donatário manifestar, inequivocamente, seu intuito
de não cumprir o modo ou o encargo. Se o donatário estiver em mora, não cumprindo o
encargo que lhe foi imposto, o doador poderá reclamar a restituição da coisa doada,
porém o donatário não será responsabilizado por perdas e danos.

Referências Bibliográficas

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