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EXÉRCITO BRASILEIRO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES
Rio de Janeiro
2010
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Rio de Janeiro
2010
© 2010
CDD 627.3
2
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Rio de Janeiro
2010
3
Dedico este trabalho à minha esposa Thais e
meus filhos João Pedro e Gustavo.
4
AGRADECIMENTOS
5
“Só sei que nada sei.”
Sócrates
6
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES.......................................................................11
LISTA DE TABELAS................................................................................14
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS.............................................16
LISTA DE SIGLAS................................................................................... 19
1INTRODUÇÃO........................................................................................ 22
1.1CONSIDERAÇÕES INICIAIS...............................................................22
1.2OBJETIVO........................................................................................... 23
1.3JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA........................................................23
1.4ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO......................................................24
2O JET GROUTING E AS TÉCNICAS PARA MELHORAMENTO DE
SOLOS POR GRAUTEAMENTO..............................................25
2.1CONSIDERAÇÕES INICIAIS...............................................................25
2.2GRAUTEAMENTO DE SOLOS...........................................................25
2.2.1GRAUTEAMENTO POR COMPACTAÇÃO......................................27
2.2.2GRAUTEAMENTO POR FRATURA.................................................27
2.2.3GRAUTEAMENTO POR PERMEAÇÃO...........................................28
2.2.4GRAUTEAMENTO POR SUBSTITUIÇÃO E MISTURA...................29
2.3A TÉCNICA DE JET GROUTING........................................................30
2.3.1LIMITES PARA UTILIZAÇÃO DO MÉTODO....................................32
2.3.2PROCESSO EXECUTIVO DO JET GROUTING..............................33
2.3.2.1SISTEMA DE JATO SIMPLES.......................................................35
2.3.2.2SISTEMA DE JATO DUPLO..........................................................35
2.3.2.3SISTEMA DE JATO TRIPLO.........................................................36
2.3.3EQUIPAMENTOS.............................................................................37
2.3.4APLICAÇÕES................................................................................... 39
2.3.5VARIÁVEIS DO PROCESSO EXECUTIVO......................................41
2.3.6LIÇÕES DE CASOS REAIS DE APLICAÇÕES DE JET GROUTING
.................................................................................................44
2.4CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE GRAUTEAMENTO DE SOLOS. 46
3DESCRIÇÃO DO PROBLEMA PORTUÁRIO........................................48
7
3.1CONSIDERAÇÕES INICIAIS...............................................................48
49
3.2TIPOS DE PORTOS............................................................................49
3.3CENÁRIO GEOTÉCNICO TÍPICO EM REGIÕES PORTUÁRIAS
BRASILEIRAS..........................................................................50
3.3.1FORMAÇÃO DOS DEPÓSITOS DE SEDIMENTOS........................51
3.3.2CARACTERÍSTICAS GEOTÉCNICAS DAS ARGILAS LITORÂNEAS
BRASILEIRAS..........................................................................52
3.3.3O CENÁRIO GEOTÉCNICO DO PORTO DE NAVEGANTES.........54
3.4TIPOS DE ESTRUTURAS DAS OBRAS DE ACOSTAGEM...............61
3.4.1ESTRUTURAS DE ACOSTAGEM COM PARAMENTO ABERTO.. .63
3.4.2CAIS DE PESO OU DE GRAVIDADE..............................................64
3.4.3CAIS EM CORTINA DE ESTACAS-PRANCHAS.............................65
3.5FATORES CONDICIONANTES...........................................................67
3.5.1TIPO DE CARREGAMENTO............................................................67
3.5.2CARACTERÍSTICAS TOPOBATIMÉTRICAS...................................69
3.5.3CARACTERÍSTICAS DO SOLO.......................................................69
3.5.4DRAGAGENS E DERROCAMENTOS..............................................69
3.5.5CONDIÇÕES AMBIENTAIS..............................................................70
3.5.6ESPECIALIZAÇÃO DO PORTO E EMBARCAÇÃO TIPO................71
3.5.7LICENCIAMENTOS AMBIENTAIS...................................................72
3.6PROBLEMA DE INSTABILIDADE DE RETROÁREAS PORTUÁRIAS
.................................................................................................72
3.7CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O PROBLEMA PORTUÁRIO.....74
4METODOLOGIA PARA MODELAGEM DO PROBLEMA PORTUÁRIO
................................................................................................... 75
4.1CONSIDERAÇÕES INICIAIS...............................................................75
4.2CORRELAÇÕES DE PARÂMETROS DO SOLO................................75
4.2.1ÂNGULO DE ATRITO DE SOLOS GRANULARES..........................76
4.2.2ÂNGULO DE ATRITO DE SOLOS ARGILOSOS.............................78
4.2.3RESISTÊNCIA NÃO DRENADA (Su) DE SOLOS ARGILOSOS .....79
4.2.4MÓDULO DE YOUNG DE SOLOS GRANULARES.........................82
4.2.5MÓDULO DE YOUNG DE SOLOS ARGILOSOS.............................82
4.2.6MÓDULO DE YOUNG DE SOLOS RESIDUAIS...............................84
8
4.2.7COEFICIENTE DE POISSON DRENADO........................................85
4.2.8COEFICIENTE DE POISSON NÃO DRENADO...............................85
4.3PROPRIEDADES DOS ELEMENTOS TRATADOS............................86
4.3.1DIÂMETRO EFETIVO.......................................................................86
4.3.2RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO....................................................90
4.3.3MÓDULO DE YOUNG......................................................................92
4.3.4COEFICIENTE DE POISSON...........................................................93
4.3.5PESO ESPECÍFICO.........................................................................93
4.3.6CORRELAÇÕES COM PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA DO
SOLO ......................................................................................94
4.3.7PERMEABILIDADE...........................................................................96
4.4ANÁLISE PELO MÉTODO DE EQUILÍBRIO LIMITE...........................97
4.5ANÁLISE PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS (MEF).......100
4.5.1O PROGRAMA PLAXIS 2D............................................................101
4.6CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A METODOLOGIA..................103
5MODELAGEM DE REFORÇO DE UM CAIS COM JET GROUTING. .104
5.1CONSIDERAÇÕES INICIAIS.............................................................104
5.2MODELAGEM DO PROBLEMA........................................................105
5.2.1SITUAÇÃO INICIAL........................................................................105
5.2.2CENÁRIOS ANALISADOS PARA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO
DA SOLUÇÃO EM JET GROUTING......................................107
5.2.3PARÂMETROS DO SOLO NO MODELO.......................................109
5.3ANÁLISE PELO MÉTODO DO EQUILÍBRIO LIMITE........................111
5.3.1AVALIAÇÃO PELO MÉTODO DE EQUILÍBRIO LIMITE................117
5.4ANÁLISES PELO MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS...............118
5.4.1ANÁLISE DAS DEFORMAÇÕES NA MASSA DE SOLO...............119
5.4.2ANÁLISE DAS TENSÕES NA MASSA DE SOLO..........................121
5.4.3ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DA CORTINA DE ESTACAS. 127
5.4.3.1DESLOCAMENTOS NA CORTINA DE ESTACAS PRANCHAS. 128
5.4.3.2ESFORÇOS NA CORTINA DE ESTACAS PRANCHAS.............132
5.5CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A MODELAGEM......................137
6CONCLUSÕES E SUGESTÕES..........................................................138
7REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ......................................................139
8APÊNDICES......................................................................................... 146
9
8.1APÊNDICE 1: ARQUIVOS DIGITAIS DO SLOPE-W E DO PLAXIS 2D
...............................................................................................146
146
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
11
(MARQUES E LACERDA, 2002).............................................................60
FIG. 3.8 - Tipos de estruturas de acostagem (AGERSCHOU et al.,
1983).......................................................................................... 62
FIG. 3.9 - Seção transversal típica de uma obra de acostagem com
paramento aberto (ALFREDINI E ARASAKI, 2009)................63
FIG. 3.10 - Seção transversal típica de cais de gravidade em muralha
de blocos (ALFREDINI E ARASAKI, 2009).............................65
FIG. 3.11 - Cais com cortina de estacas-pranchas com plataforma de
alívio (AGERSCHOU et al., 1983)............................................66
FIG. 3.12 – Cais com cortina de estacas-pranchas com tirantes
ancorados no solo e em cavaletes (AGERSCHOU et al.,
1983).......................................................................................... 66
FIG. 3.13 – Problema típico de instabilização de estrutura portuária
decorrente de aprofundamento de calado.............................73
FIG. 4.1 – Correlação entre o ângulo de atrito, a tensão efetiva
geostática vertical e o NSPT (DE MELLO, 1971)...................77
FIG. 4.2 – Correlação entre ângulo de atrito de areias, resistência de
ponta do cone e tensão efetiva vertical (ROBERTSON E
CAMPANELLA, 1983)...............................................................78
FIG. 4.3 – Correlação entre módulo de Young secante de solos
residuais de gnaisse e NSPT (SANDRONI, 1991)..................84
FIG. 4.4 – Diâmetros efetivos em solos granulares (CARRETO, 2000).
................................................................................................... 87
FIG. 4.5 – Diâmetros efetivos em solos argilosos (CARRETO, 2000).
................................................................................................... 88
FIG. 4.6 – Superfície de ruptura global.................................................98
FIG. 4.7 – Superfície de ruptura local....................................................99
FIG. 5.1 – Cenário inicial do cais em estacas pranchas....................105
FIG. 5.2 – Cenário de ganho de calado e incremento de sobrecarga.
................................................................................................. 108
FIG. 5.3 – Análise global do cenário 6 sem o reforço........................114
FIG. 5.4 – Análise global do cenário 6 com o reforço........................114
FIG. 5.5 – Análise local do cenário 6...................................................115
FIG. 5.6 – Fatores de segurança globais e locais..............................116
12
FIG. 5.7 – Situação inicial deformada (máx= 54mm)........................119
FIG. 5.8 – Deformada do cenário 6 sem tratamento (máx=136mm).
................................................................................................. 120
FIG. 5.9 – Deformada do cenário 6 com tratamento (máx=98mm). 120
FIG. 5.10 – Tensões totais para a situação inicial..............................121
FIG. 5.14 – Tensão cisalhante ( / res) para o cenário 6 sem reforço.
................................................................................................. 124
FIG. 5.15 – Tensão cisalhante ( / res) para o cenário 6 com reforço.
................................................................................................. 124
FIG. 5.16 – Pontos de plastificação da situação inicial.....................125
FIG. 5.17 – Pontos de plastificação do cenário 6 sem tratamento.. .125
FIG. 5.18 – Pontos de plastificação do cenário 6 com tratamento.. .126
FIG. 5.19 – Deslocamentos horizontais para sobrecarga de 20 kPa.
................................................................................................. 128
FIG. 5.20 – Deslocamentos horizontais para sobrecarga de 40 kPa.
................................................................................................. 129
FIG. 5.21 – Deslocamentos horizontais para sobrecarga de 60 kPa.
................................................................................................. 129
FIG. 5.22 – Deslocamentos horizontais para sobrecarga de 80 kPa.
................................................................................................. 130
FIG. 5.23 – Deslocamentos máximos na cortina de estacas.............131
FIG. 5.24 – Momentos fletores para sobrecarga de 20 kPa...............132
FIG. 5.25 – Momentos fletores para sobrecarga de 40 kPa...............133
FIG. 5.26 – Momentos fletores para sobrecarga de 60 kPa...............133
FIG. 5.27 – Momentos fletores para sobrecarga de 80 kPa...............134
FIG. 5.28 – Esforços cortantes para sobrecarga de 20 kPa..............135
FIG. 5.29 – Esforços cortantes para sobrecarga de 40 kPa..............135
FIG. 5.30 – Esforços cortantes para sobrecarga de 60 kPa..............136
FIG. 5.31 – Esforços cortantes para sobrecarga de 80 kPa..............136
13
LISTA DE TABELAS
14
TAB. 4.13 – Valores típicos de coesão após tratamento com jet
grouting.....................................................................................95
TAB. 5.1 – Características das estacas pranchas metálicas............106
TAB. 5.2 – Projeto de análises para avaliação do desempenho da
solução....................................................................................107
TAB. 5.3 – Parâmetros de entrada do modelo para o solo natural...110
TAB. 5.4 – Parâmetros de entrada após tratamento com jet grouting.
................................................................................................. 110
TAB. 5.5 – Situação inicial pela análise por equilíbrio limite............112
TAB. 5.6 – Fatores de segurança globais obtidos nas análises.......112
TAB. 5.7 – Empuxos disponíveis e necessários das análises locais.
................................................................................................. 113
TAB. 5.8 – Relações entre os empuxos disponíveis (Edisp) e
necessários (En) pelas análises locais...............................113
15
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ABREVIATURAS
EQ - Equação
F.S. - Fator de segurança
FIG - Figura
NA - Nível d’água
TAB - Tabela
SÍMBOLOS
16
EP - Empuxo passivo
Es - Módulo de Young secante
Et - Módulo de Young tangente
Eu - Módulo de Young não drenado
G - Densidade real dos grãos
H - Espessura da camada
I - Momento de inércia da seção transversal
ID - Impacto dinâmico do jato
IP - Índice de plasticidade
IR - Índice de rigidez
ISC Incremento de sobrecarga
JET 1 Jato simples
JET 2 Jato duplo
JET 3 Jato triplo
K0 - Coeficiente de empuxo no repouso
Ks - Coeficiente de reação do solo tratado com jet grouting
kx - Permeabilidade na direção x
ky - Permeabilidade na direção y
LL - Limite de liquidez
LP - Limite de plasticidade
M - Momento fletor
Nk - Fator de capacidade do cone
Nkt Fator de capacidade do cone corrigido
NSPT Número de golpes no ensaio Standard Penetration Test
P - Pressão de injeção
pa - Pressão atmosférica
q - Carregamento de sobrecarga
Q - Esforço cortante
qc - Resistência de ponta do ensaio de cone
Qi - Vazão de injeção
qT - Resistência de ponta corrigida
SC Sobrecarga
ST - Sensibilidade das argilas
Su - Resistência não drenada
17
u - poro pressão
u2 - poro pressão medida na base do cone
VR - Velocidade de rotação da haste de injeção
VS - Velocidade de subida da haste de injeção
W - Umidade
wL - Umidade limite de liquidez
wn - Umidade natural inicial
wp - Umidade limite de plasticidade
h - Deslocamento horizontal
máx Deslocamento horizontal máximo
- Ângulo de atrito do solo
’ - Ângulo de atrito do solo drenado
b - Diâmetro do bico de injeção
calda Peso específico da calda de cimento
d - Peso específico seco
jet Peso específico do material tratado
nat Peso específico natural do solo
sat Peso específico saturado
- Coeficiente de Poisson
' - Coeficiente de Poisson drenado
jet Coeficiente de Poisson do material tratado
u - Coeficiente de Poisson não drenado
c - Resistência à compressão simples
'v0 Tensão efetiva vertical inicial
'vm Tensão vertical efetiva de sobreadensamento
- Tensão cisalhante
res Tensão cisalhante resistente
18
LISTA DE SIGLAS
19
RESUMO
20
ABSTRACT
Due to low quality of the national ports infrastructure, the technique of soil
grouting known as jet grouting is presented as an alternative to the
strengthening and improvement of the existing port facilities.
The studies carried out were based on the geotechnical characteristics of
the area of the port of Navegantes-SC, a pile sheet pier with two cutting boards
was modeled, allowing dredging up to 8m depth. The simulated port structure
and stratigraphy of the soil of this region are found in many ports of the country,
where there are thick layers of very soft fluvial-marine clay deposits.
In order to assess the performance of the jet grouting technique, the pier
was submitted to the dredging up to 6m depth and increments of load up to
60kPa. In order to simulate the soil behavior and stability of the structure with
and without reinforcement, the geotechnical models were analyzed by
computational methods the finite element and limit equilibrium.
In order to estimate the parameters for modeling the natural soil and the
treated material with jet grouting correlations from the literature was used.
Starting from the initial situation of the pier, twelve different cases were
modeled. For each scenario it was stipulated an increase in workload and an
increase in the dredging depths.
The analysis were carried out considering or not the reinforcement with jet
grouting. It was carried out 63 analysis by finite element method and limit
equilibrium method. From these analyses, it was observed that the jet grouting
technique is adequate to the port infrastructure.
21
1 INTRODUÇÃO
22
1.2 OBJETIVO
23
1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
24
2 O JET GROUTING E AS TÉCNICAS PARA MELHORAMENTO DE
SOLOS POR GRAUTEAMENTO
25
aplicações mais relevantes após o desenvolvimento das modernas bombas
hidráulicas com controle de pressão e vazão, ocorrido após a segunda Guerra
Mundial.
Os fundamentos básicos do grauteamento já eram conhecidos desde o
início da Primeira Guerra Mundial. Segundo KUTZNER (1996), a necessidade
de conhecimento e controle da pressão de bombeamento, do excesso de água,
das formas de preenchimento dos vazios, da granulometria do material
empregado e da permeabilidade do meio que se pretende tratar eram e são,
até os dias de hoje, considerados aspectos essenciais na execução de
grauteamentos de solos e rochas.
Segundo WELSH (1986), os métodos de grauteamento de solos, em função
do mecanismo pelo qual o solo é melhorado, podem ser classificados de quatro
formas distintas. São elas: o grauteamento de solos por compactação
(deslocamento), fratura (intrusão), permeação (químico) ou substituição e
mistura (jet grouting). A FIG. 2.1 apresenta os métodos e os respectivos
resultados no solo tratado, indicando de forma comparativa a diminuição da
permeabilidade do solo tratado em função do método de grauteamento.
26
2.2.1 GRAUTEAMENTO POR COMPACTAÇÃO
27
subsequentemente as fendas criadas com a ruptura da estrutura do solo
tratado são preenchidas (KUTZNER, 1996).
O fraturamento intencional do solo deve ser realizado de forma controlada,
de modo que a pressão de bombeamento do graute seja suficiente para que
ocorram as fraturas hidráulicas no solo. Entretanto, como a direção e a
configuração das fraturas não podem ser controladas, este tipo de
grauteamento fica limitado a uma localização específica de tratamento. Esta
limitação devido à dificuldade de controle das fraturas faz com que este método
fique mais restrito aos solos em que os demais métodos de grauteamento não
podem ser empregados, tais como as argilas.
28
Justamente por apresentar um comportamento fluído quando injetado no
terreno, o grauteamento por permeação apresenta um alto risco de falhas no
controle de injeção, podendo inclusive ocorrer fugas de material e fraturas
hidráulicas no solo tratado. O custo por metro cúbico de solo tratado utilizando-
se grauteamento por permeação pode ser considerado relativamente oneroso
quando comparado com os demais (WARNER, 2004).
29
FIG. 2.2 – Limites de aplicação de grauteamentos (BERGER, 2010).
O jet grouting é uma técnica para melhoramento de solos que pode ser
executada sem necessidade de escavação prévia. Esta técnica consiste em
bombear a alta pressão jatos horizontais de calda de cimento, água e/ou ar no
30
subsolo, ao longo de uma vertical correspondente ao eixo da haste de injeção.
A elevada energia cinética do jato, que é injetado no subsolo a velocidades da
ordem de 250 m/s, promovem a desagregação da estrutura do solo. O solo
desagregado se mistura com a calda de cimento jateada, formando um material
de melhores características, ou seja, com maior resistência e menores
compressibilidade e permeabilidade.
A FIG. 2.4 ilustra a diferença de resultados obtidos entre o método
convencional de injeção e o jet grouting. A FIG. 2.4a mostra uma coluna de
“solocreto” formada pelo método de jet grouting, comparando-a com o
resultado da FIG. 2.4b, referente a uma aplicação de grauteamento pelo
método convencional, com permeação por injeção a baixa pressão.
(a) (b)
FIG. 2.4 – Comparação entre diferentes tipos de grauteamento de solos.
a) Colunas de “solocreto” formadas pelo método de jet grouting; b)
Massa de solo tratada pelo método convencional de grauteamento por
injeção a baixa pressão (BERGER, 2010).
31
2.3.1 LIMITES PARA UTILIZAÇÃO DO MÉTODO
32
2.3.2 PROCESSO EXECUTIVO DO JET GROUTING
33
Durante o processo de injeção, no caso de se pretender obter uma coluna
de jet grouting (geometria cilíndrica) se impõe à haste de injeção um
movimento rotacional. No caso dos painéis de jet grouting não há rotação
durante a subida da haste de injeção.
Iniciado o jateamento horizontal da calda de cimento, procede-se ao mesmo
tempo a subida da haste de injeção no interior do furo, com uma velocidade
constante, de modo que o período de tempo correspondente à ascensão da
haste para um determinado comprimento fixo estipulado, designado por passo
vertical, seja constante. Concluída a execução da coluna ou painel retira-se a
haste do furo, preenchendo por gravidade a área previamente ocupada pela
haste, com calda de cimento até o topo.
Conforme dito anteriormente, neste processo executivo o sistema de
jateamento empregado para corte e mistura do material injetado pode ser feito
com calda de cimento, água e/ou ar. Dependendo da forma como é feito este
jateamento o processo é denominado como jato simples, duplo ou triplo,
conforme mostrado na FIG. 2.6.
34
2.3.2.1 SISTEMA DE JATO SIMPLES
35
O único cuidado adicional que deve existir além dos procedimentos
adotados no jateamento simples se refere à fase inicial de perfuração. Além da
injeção de água para perfuração pela haste interna, no espaço anelar entre as
hastes coaxiais deve sempre haver fluxo de ar comprimido em vazão suficiente
para que não ocorram obstruções.
Por se tratar de um sistema de jateamento com maior poder de
desagregação em relação ao jato simples, sua utilização não tem restrições,
podendo ser utilizado em praticamente todos os tipos de solos. Entretanto,
segundo CARRETO (2000), a aplicação deste sistema de jateamento não é
comumente usada em solos coesivos com valores de NSPT superiores a 10
golpes.
36
adotada em solos com valores de NSPT inferiores a 15 golpes (CARRETO,
2000).
2.3.3 EQUIPAMENTOS
37
Tendo em vista que o raio efetivo da coluna ou painel de jet grouting
depende do tipo de solo tratado e também da forma como se desenvolvem os
trabalhos de perfuração e injeção, é de vital importância que o equipamento de
perfuração e injeção possua um monitoramento e controle automático das
velocidades de rotação e translação da haste de injeção. Na prática não há um
controle independente de pressão e vazão do material injetado, ficando por
conta apenas do controle de velocidade de rotação e translação da haste de
injeção a definição do raio efetivo do elemento tratado.
O equipamento de injeção utilizado neste método é muito versátil, podendo
se deslocar no interior da obra e se posicionar próximo às estruturas
existentes, o que o torna muito vantajoso quando utilizado, por exemplo, para
reforços de fundações de construções existentes. A FIG. 2.8b mostra um
equipamento de injeção posicionado junto a uma construção existente,
enquanto na FIG. 2.8a pode se observar o equipamento realizando um
jateamento horizontal, característico deste método.
(a) (b)
FIG. 2.8 – Equipamento utilizado na execução de colunas de jet grouting.
a) Jato horizontal de água a alta pressão; b) Versatilidade para execução
de reforços próximos às estruturas existentes (BERGER, 2010).
38
Um aspecto negativo da técnica é a grande quantidade de resíduos
gerada, o que exige um rigoroso e permanente acompanhamento dos serviços
para que a limpeza e arrumação do canteiro da obra não fiquem prejudicadas.
2.3.4 APLICAÇÕES
39
A versatilidade do método, associada à possibilidade de utilização em
qualquer tipo de solo, acarreta em um leque de aplicações nos mais variados
tipos de obras. A FIG. 2.10 mostra seis exemplos de obras nas quais o método
de jet grouting pode ser aplicado.
40
FIG. 2.11 – Aplicação de jet grouting para estabilização de obra portuária.
41
A TAB. 2.1 apresenta valores médios de variáveis do método de jet
grouting. Nesta tabela fica clara a influência do sistema de jateamento na
definição dos mesmos. No sistema de jato simples as variáveis que se referem
à injeção de ar e água não precisam ser definidas. Isto ocorre porque neste
sistema de jateamento o processo de corte e mistura é realizado pelo próprio
jato de calda de cimento. No sistema de jateamento duplo, no qual o jato de
calda de cimento é envolto por uma camada de ar para amplificar o poder de
corte e mistura do jato, é necessário definir também as variáveis que se
referem à injeção de ar. No jateamento triplo todas as variáveis do processo
de injeção, referentes à calda de cimento, ao ar e à água, devem ser definidas,
pois o processo de corte é feito separadamente pelo jato de água e ar,
enquanto o jato de calda de cimento é injetado por meio de outro bico de
injeção.
Velocidade de subida da haste de injeção (m/min) 0,1 a 0,8 0,07 a 0,3 0,04 a 0,50
42
efetuar um jateamento de água de alta pressão em movimento ascendente e
rotacional antes de se iniciar o processo de jet grouting. Em seguida realiza-se
o tratamento propriamente dito. Nestes casos devem ser definidas também as
variáveis referentes a este jateamento de água da pré-furação.
Conforme se pode observar, os valores apresentados na TAB. 2.1 são
bastante diversos. Estas diferenças são explicadas pela diversidade de
metodologias e equipamentos disponíveis, que podem variar de um país para
outro ou até mesmo de uma empresa para outra, que sempre estão em busca
de uma otimização do método.
As variáveis e as faixas de valores do procedimento são dependentes entre
si. A vazão está diretamente relacionada à pressão de injeção, à quantidade de
bicos e seus respectivos diâmetros. A velocidade de rotação (VR) da haste
depende da velocidade de subida (VS) da mesma e do passo empregado. O
passo corresponde a quanto a haste sobe em um determinado período de
tempo. Em geral, no caso de um só bico de injeção, adotam-se duas rotações
completas da haste por passo. Assim, para se obter a velocidade de rotação
para essas especificações tem-se:
2 rotações VS
VR (EQ. 2.1)
passo
43
O impacto dinâmico do jato é que definirá um maior ou menor poder de
corte do jato e pode ser obtido a partir do diâmetro do bico de injeção ( b ) e
da pressão de injeção (P), conforme mostrado na fórmula abaixo:
P b
2
ID (EQ. 2.3)
2
Qi calda
C (EQ. 2.4)
VS 1 a / c
44
tanques de uma estação de tratamento de esgoto. Nesta experiência foi
relatada a dificuldade de obtenção de resistência em colunas de jet grouting
executadas nos quatro metros iniciais de uma camada de argila marinha do
Guarujá-SP.
Neste tipo de solo se verificou uma espécie de retardo ou redução no ganho
de resistência da mistura de solo-cimento, que em virtude de especificações de
projeto poderia até mesmo inviabilizar a solução. Este fenômeno, segundo
ABRAMENTO et al. (1998), está associado à presença de solos turfosos
orgânicos, de alto teor de umidade, pH ácido e de agressividade elevada.
A solução encontrada para o problema foi a reinjeção de calda de cimento
nas colunas problemáticas. Os resultados obtidos foram considerados
satisfatórios, pois as mesmas apresentaram o ganho de resistência desejado.
Neste trabalho foi sugerido um roteiro de procedimento para uso de jet
grouting em solos problemáticos, no qual são recomendadas ações antes,
durante e depois da execução das colunas, conforme descrito a seguir:
- Na fase de diagnóstico, antes do início das obras, se recomenda uma
investigação adequada do subsolo, que, no caso de solos problemáticos como
os turfosos, deve ser objeto de caracterização física e química, além de
ensaios de dosagem em laboratório;
- Na fase de implantação e controle, durante a execução do jet grouting, é
sugerida a execução de colunas testes, com controle tecnológico do solo-
cimento obtido a partir do material do refluxo, para que posteriormente seja
possível confirmar os valores obtidos com corpos de provas intactos retirados
diretamente das colunas executadas; e
- Na fase final de execução da obra propriamente dita, durante as
escavações, sugere-se uma calibração dos parâmetros de execução das
colunas para uma retroanálise, além da retirada de amostras para
acompanhamento e verificação do atendimento das necessidades de projeto.
Outro trabalho relevante sobre a técnica é o de JARITNGAM (2001), no
qual foi apresentado um caso de aplicação de jet grouting como parede de
contenção temporária em uma escavação profunda para construção de um
edifício residencial de oito pavimentos situado no centro de Bangkok, Tailândia.
Tratava-se de um terreno com uma camada de 15m de argila mole (Su =
45
20kPa), seguida de uma camada de argila média a rija de 25m de espessura e
de uma camada de areia compacta até o impenetrável à percussão.
No dimensionamento da solução foi adotado método dos elementos finitos
e equilíbrio limite para avaliação do desempenho do jet grouting. A definição
dos parâmetros do solo tratado foi apresentada em termos de resistência ao
cisalhamento e módulo de elasticidade. Foram adotados valores constantes de
módulo de Young do material tratado (Ejet=150 MPa) e resistência ao
cisalhamento do material tratado (cjet= 300 kPa) ao longo dos 8,0m de parede
executados na camada de argila mole.
Os resultados obtidos nas análises considerando as soluções com e sem
jet grouting foram apresentados em termos de deslocamento máximo da
parede. Obteve-se nos cálculos por MEF um deslocamento máximo de 203mm
para a situação sem jet grouting, enquanto para a situação com jet grouting se
chegou a um deslocamento de 112mm.
Nas análises de estabilidade se verificou uma melhoria no fator de
segurança. Na situação sem jet grouting o fator de segurança era inferior a 1,2.
Na análise considerando o reforço o fator de segurança passou para valores
sempre maiores.
Nesta obra os deslocamentos da parede foram medidos e o que se
verificou foram valores no campo muito inferiores aos obtidos na modelagem.
Esta diferença foi atribuída a uma elevada resistência à compressão do
material tratado, que não foi adotada nas modelagens.
A avaliação final da experiência relatou como satisfatória a adoção de jet
grouting para este tipo de obra. O método se mostrou eficiente na função de
contenção do solo. Foi ressaltada também a adequabilidade do método para
execução em áreas de difícil acesso, com o mínimo de interferência possível.
Quanto à utilização do método como solução temporária para escavação,
ressaltou-se que o mesmo propicia uma superfície em ótimas condições para
implantação de uma solução definitiva, podendo a mesma inclusive considerar
a contribuição do jet grouting.
46
Neste capítulo procurou-se elucidar conceitos básicos das técnicas de
grauteamento de solos. O amplo conhecimento destas técnicas e o domínio de
suas aplicações permitem que as mesmas sejam utilizadas com a maior
eficiência, proporcionando ganhos técnicos e financeiros.
Pode-se observar que, antes de decidir por qualquer solução de
grauteamento de solos, deve-se ter o cuidado de avaliar criteriosamente as
condições locais em que se pretende aplicar o tratamento. O conhecimento das
características geotécnicas do terreno e a escolha adequada do método de
grauteamento são vitais para que não sejam adotadas técnicas impróprias para
o problema que se pretende resolver.
47
3 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA PORTUÁRIO
48
contenedores, áreas para prestadores de serviços, lojas, depósito de água
potável, instalações de tratamento de esgoto e lixo, subestação de
abaixamento de energia, polícia portuária e edificações administrativas. Deve
estar preferencialmente localizada próxima aos berços de atracação e
normalmente se situam na própria retroárea do cais ou atracadouro, que é a
área terrestre imediatamente à ré da estrutura de acostagem.
Os impactos ambientais provocados por implantações de portos ficaram
mais em evidência nas últimas décadas. A Lei N o 8.630 (Lei dos Portos), por
exemplo, prevê que qualquer implantação portuária deve ser precedida de
aprovação de um Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente (RIMA), uma
vez que a inadequada implantação de um porto pode trazer severas
implicações ao meio físico e biológico adjacente.
49
especificamente em um determinado setor: granéis sólidos ou líquidos,
contêineres, pesqueiros, embarcações de lazer (marinas), embarcações de fins
bélicos (bases navais), etc.
A FIG. 3.1 mostra uma foto do porto de Navegantes, exemplo de Porto
interior localizado na margem do Rio Itajaí-açu, naturalmente abrigado em uma
região estuarina e especializado em operações com contêineres.
Rio Itajaí
-Açu
50
sua gênese de formação são constituídas de terrenos moles argilosos, com
baixa capacidade de suporte. São áreas de depósitos de sedimentos, com
espessas camadas de solo compressível. Por se tratarem justamente de solos
de menor resistência abundantes nestas áreas portuárias, é este tipo de solo
que concentra a maior parte dos estudos desta dissertação.
51
3.3.2 CARACTERÍSTICAS GEOTÉCNICAS DAS ARGILAS LITORÂNEAS
BRASILEIRAS
52
TAB. 3.1 - Características geotécnicas de argilas brasileiras.
Argilo-
Local / W LL LP Argila Ativi- Minerais Mat. S u
G ST
Referência (%) (%) (%) (%) dade Org. (kPa)
Princ. Sec.
47 80 30 37 0,9 2,54 0,4 10
Porto Alegre - RS
a a a a a C E, I a a a 2a7
SOARES (1997)
140 130 57 70 1,7 2,59 6,3 32
Sarapuí - RJ
110 110 75 55 1,4 2,60 4,0 5
DUARTE (1977),
a a a a a C I, M a a a 2a4
COSTA FILHO et al. (1985),
160 140 110 80 2,0 2,67 6,5 15
SAYÃO (1980)
Santos - SP
100 80 30 30 1,0 2,60 4,0 10
SAMARA et al. (1982)
a a a a a C - a a a 4a5
ARABE (1995)
140 150 90 80 2,2 2,69 6,0 60
MASSAD (1986)
57 58 24 1,0 2,5 8
Aracajú - SE
a a a - a C - 2,69 a a 2a7
RIBEIRO (2001)
72 85 35 1,4 6,5 20
38 41 20 34 0,4 2,48
Rio Grande - RS
a a a a a C - a - - -
DIAS E BASTOS (1994)
64 90 38 96 1,1 2,66
53
LOCAL c V (10-8 m2/s) ENSAIOS
Ceasa, Porto Alegre - RS
SOARES et al. (1997) 0,70 a 5,10 Edométrico vertical (NA)
1,20 a 6,60 Edométrico radial (NA)
SCHNAID et al. (1997)
3,20 a 4,27 Piezocone (NA)
Ceasa, Porto Alegre - RS
SOARES et al. (1997) 0,67 a 2,12 Edométrico vertical (NA)
0,84 a 3,27 Piezocone (NA)
SCHNAID et al. (1997)
19,4 a 49,8 Piezocone (SA)
Rio Grande - RS
1,00 a 5,00 Edométrico vertical (NA)
DIAS E BASTOS (1994)
Vale do Rio Quilombo - SP
4,00 a 8,90 Piezocone (NA)
ARABE (1995)
Vale do Rio Mogi / Quilombo - SP
4,00 a 8,90 Edométrico vertical (NA)
MASSAD (1985)
Baixada Santista - SP
0,001 a 0,10 Edométrico vertical (NA)
SOUZA PINTO E MASSAD (1978)
Sarapuí - RJ
DANZIGER (1990) 1,40 a 4,40 Piezocone (NA)
COUTINHO E LACERDA (1976)
1,0 a 10,0 Edométrico vertical (NA)
ROCHA FILHO (1989)
Recife - PE
3,0 a 20,0 Edométrico vertical (NA)
COUTINHO et al. (1993)
Salvador - BA 1,9 a 2,1 Edométrico vertical (NA)
BAPTISTA E SAYÃO (1998) 5,0 a 15,0 Piezocone (SA)
54
por MARQUES E LACERDA, 2002, o depósito de Navegantes é formado
tipicamente por três camadas distintas de argila, intercaladas por areias finas e
grossas. Uma camada superficial de areia ocorre em poucos locais e pode ser
material de dragagem lançado ou remanescente de mangues. O lençol freático
é superficial ou no topo da camada de argila mole, em quase toda a área.
A camada superficial de argila, camada 1, apresenta NSPT < 1, e espessura
variando até 7m. Subjacente à camada 1 há, em geral, uma camada de areia,
seguida de outra camada de argila muito mole a mole, camada 2, com
espessura até 10m. Há interdigitações de lentes de areia nas camadas de
argila ou lentes de argila nas camadas arenosas, que podem ser originárias de
variações no curso do rio.
A camada de argila mais profunda, camada 3, de consistência média à
dura, apresenta por vezes consistência mole, nos primeiros 2 a 12m. Sua
espessura total varia de 13m a 32m com topo de 16.5m a 38m de
profundidade. No levantamento geológico-geotécnico da área há indicações de
ocorrência de matéria orgânica na camada 3.
S P 7 = 1 .1 5 4 m
N A = 0 .5 0 7 m
S P 2 7 = 1 .2 1 8 m
N A = 0 .5 0 7 m
S P 3 8 = 1 .3 9 4 m
N A = 0 .5 0 7 m SE Ç Ã O 07 S P 5 4 = 1 .3 6 6 m
S P 7 0 = 1 .2 6 3 m
N A = 0 .5 0 7 m
N A = 0 .5 0 7 m
0
A R G I L A O R G Â N IC A
CAM ADA 1
A R E IA S IL T O S A
A R G IL A O R G Â N IC A S IL T O -A R E N O S A CAM ADA 2
-1 0
N SPT
A R E IA S IL T O - A R G IL O S A
-2 0
p r o fu n d id a d e ( m )
-3 0
CAM ADA 3
A R G IL A O R G Â N IC A S IL T O S A
-4 0
-5 0
6 0 .0 m 6 0 .0 m
1 8 .0 m 6 0 .0 m A R E IA S I L T O - A R G I L O S A
0 20 40 60 0 20 40 60 0 20 40 60 0 20 40 60 0 20 40 60
N SPT (S P 0 7 ) N SPT (S P 2 7 ) N SP T (S P 3 8 ) N SP T(S P 5 4 ) N SPT (S P 7 0 )
55
A TAB. 3.4 apresenta a caracterização geotécnica das 3 camadas de argila
do porto de Navegantes, comparando-a com alguns valores obtidos para
argilas da Baixada Santista e Iguape (MASSAD, 1994).
56
G R A N U L O M E T R IA (% )
0 20 40 60 80 100
0 70
L IN H A A
60 C a s a g ra n d e
C am ada 1
50 C am ada 2
C am ada 3
P r o f u n d id a d e ( m )
10 40
A r g ila
IP ( % )
S ilt e
30
A r e ia
20
20
10
b)
0
20 40 60 80 100
a)
30 w L(% )
e0 Cs , Cc C c /(1 + e 0 ) n(k N /m 3 ) w n (% )
1 .0 2 .0 0 .0 0 .5 0 .0 0 .1 0 .2 0 .3 1 4 16 18 0 50 100
0
10
P ro fu n d id a d e (m )
20
30
Cs
40 Cc
50
FIG. 3.4 - Parâmetros geotécnicos das argilas de Navegantes com a
profundidade (MARQUES E LACERDA, 2002).
57
Na FIG. 3.5 são apresentados valores de Su deduzidos a partir dos valores
de OCR (razão de sobreadensamento), segundo a EQ. 3.1, onde o OCR foi
considerado 1, para efeito de projeto.
'v0 (k P a ), 'v m (k P a ) R e s is t ê n c ia a o c is a lh a m e n t o n ã o d r e n a d a ( k P a )
SP32
0 100 200 300 400 500 0 20 40 60 80 100 120
0 0
a r g il a o r g â n i c a
p o u c o s ilt o s a
m u ito m o le
10 a r e ia
10
S ua d o ta d o
p a r a p r o je to
a r g il a m o l e
a m é d ia c o m
a r e i a f in a
P r o f u n d id a d e ( m )
P r o f u n d id a d e ( m )
20 20
a r e ia
a r g ila
o rg â n ic a
pouco
30 s ilt o s a , m o le 30
a r i ja , c in z a
e s c u ra
A r e ia p a lh e ta
40 'v 0 40
a r g il a s i l to s a , S u = 'v0 0 .3 5 O C R 0 .9
c o m a r e i a f in a
'v m (e d o m é t ri c o ) m é d ia à r i ja S u (e n s a io s tr ia x ia is )
'v m (p ie z o c o n e ) S u (p ie z o c o n e ) - N k t= 15
50 50
FIG. 3.5 - Perfis de tensões e de resistência não drenada nas
proximidades da sondagem SP32 (MARQUES E LACERDA, 2002).
58
SPT32 w n (% ) S u (k P a ) q , u (k P a ) E N S A IO D E A D E N S A M E N T O
T
1 .7 7 9 m 0 50 100 150 40 80 0 5000 e0
0 .0 m 'vm (k P a ) C c C v (m 2 /s )
0 .8 0 m
1 /4 5
P /5 5 28 D is s i p a ç ã o - 3 .4 0 m
a r g ila o r g â n ic a C h = 2 .4 x 1 0 -6 m 2 /s 1 .5 6 2 2 1 .3 0 .3 9 8 .1 E -7
P /4 8 p o u c o s ilto s a
m u ito m o le
P /7 0 a rg ila s ilto s a
P /6 0
P /5 0 a r e ia fin a
fo fa a r e ia s ilto s a
a r g ila
3
a r e ia f i n a
4 s ilto s a f o fa
a pouco 10m
5 a r e ia s ilto s a
c o m p a c ta
5
a r e ia fin a a g r o s s a , a r e ia
4 fo f a a m e d .
c o m p a c ta
12
a re i a m é d i a a g ro s s a
7 f ra g m e n to s a r e ia s i lt o s a
d e co n ch as
14 a r e ia
10 a r g i l a m o le
a m é d ia D is s ip a ç ã o - 1 7 .2 0 m
6
c o m a r e ia
8 fin a C h = 2 .3 4 x 1 0 -5m 2 /s
5 NP 0 .8 2 5 90 0 .0 8 6 .9 E - 7
20m a r g ila s ilto s a
5
a r e ia fin a
5 a r g ila m é d ia a m o s tra d e
c o m a r e ia fin a a r e ia s ilt o s a , c o r c in z a c l a r o
6 a r e ia fin a
4 f o fa
5
a r g ila c o m
6 a r e ia f in a a r e ia s il t o s a
7
5 37
6 1 .7 6 3 92 0 .6 9 3 .5 E -8
8 a r g ila
6 30m
10 D i s s ip a ç ã o - 3 1 .2 0 m
C h = 6 .1 3 x 1 0 -7 m 2 /s
8 a r g ila
8 o r g â n ic a
pouco
9 s ilto s a , m o le
8 a r ija , c in z a
e s c u ra
11
9
9
10 a r e ia m é d ia
9 40m
a r g ila o r g â n ic a
10 p o u c o s ilt o s a ,
m é d ia
8 'v0
a r g ila s ilto s a ,
10 c o m a r e ia f i n a
11 m é d ia à r ija
8 Nkt = 15
7 a r e ia f in a
14 c o m p a c ta UU P ie z o c o n e
4 0 /1 3 IP P a lh e ta q T
Im p e n e tr á v e l w P w L
S u (p ie z o c o n e )
4 7 .8 2 m w n
u
50m
50 m 0 100 200 300
'v 0 (k P a )
59
Na FIG. 3.7 estão apresentados os valores de Su de todos os ensaios
realizados na área. Nos três primeiros metros da camada 1, os valores de Su
obtidos são bem semelhantes aos de mangue, e a seguir há um aumento de Su
com a profundidade e os maiores valores de resistência são das amostras mais
arenosas.
S u (k P a )
0 20 40 60 80 100 120
0
10
P r o f u n d id a d e ( m )
20
30
40
P ie z o c o n e
UU
P a lh e ta
50
60
avaliação do desempenho de jet grouting para reforço de estruturas portuárias
se mostram fiéis à realidade, uma vez que foram obtidos a partir de uma
situação real, em uma área portuária onde foram realizados diversos ensaios
de campo e laboratório.
61
Tipo de Estrutura Materiais de Construção Observações
Estrutura estaqueada
aberta com plataforma
de alívio
62
3.4.1 ESTRUTURAS DE ACOSTAGEM COM PARAMENTO ABERTO
63
Estruturas de acostagem com paramento aberto são consideradas leves e
tem sido utilizadas em larga escala nos portos do país. A possibilidade de se
obter calados mais profundos nos berços de atracação por meio de avanço da
plataforma principal para água consiste em uma grande vantagem deste tipo de
solução, uma vez que não há o avanço do aterro da retroárea por debaixo do
cais. Isto acaba demandando menor volume de dragagem e aterro e minimiza
os impactos ambientais decorrentes da implantação da obra sobre a água.
Visando a melhor absorção dos esforços horizontais, este tipo de estrutura
pode ser executada com plataforma de alívio. Trata-se do avanço da própria
plataforma principal sobre a retroárea, proporcionando um alívio das cargas
horizontais nas estacas, uma vez que as cargas passam a ser transmitidas
também para o terrapleno.
64
FIG. 3.10 - Seção transversal típica de cais de gravidade em muralha de
blocos (ALFREDINI E ARASAKI, 2009).
65
FIG. 3.11 - Cais com cortina de estacas-pranchas com plataforma de alívio
(AGERSCHOU et al., 1983).
66
3.4.4 ESTRUTURAS TRANSVERSAIS À COSTA OU À MARGEM
67
estão sujeitas a cargas horizontais importantes devidas ao empuxo da
retroárea, aos esforços de atracação e aos esforços de amarração.
Por outro lado, as cargas verticais podem ocorrer distribuídas ou
concentradas, sendo comuns valores de cargas concentradas elevados. Isto se
deve aos robustos equipamentos de movimentação de cargas instalados nas
plataformas, como os portêineres.
Em função da representatividade dos carregamentos para o conjunto, a
solução ideal em alguns casos pode não ser a adequada em outros, de modo
que a definição prévia do tipo de carregamento é um importante fator na
definição do partido estrutural a ser adotado para as obras de acostagem.
Os carregamentos atuantes em uma estrutura podem ser estáticos ou
dinâmicos, fixos ou móveis e são classificadas em função de sua variação no
tempo (permanentes, variáveis e excepcionais).
Os carregamentos permanentes são essencialmente os decorrentes da
ação da gravidade (peso próprio) e estão sempre presentes ao longo de toda a
vida da obra. Possuem posição e magnitude constantes ou com variações
teóricas ao longo do tempo que podem ser desprezadas.
Os carregamentos variáveis se referem às cargas externas cujas
magnitudes e posicionamentos são variáveis ao longo do tempo e possuem
uma forma ou freqüência contínua. Podem ser cargas hidráulicas, empuxos de
terra, ações ambientais (correntes, ventos e ondas), esforços de amarração e
atracação e sobrecargas em geral.
Os carregamentos excepcionais são oriundos de cargas de caráter fortuito
ou anormal, resultantes de acidentes, uso indevido ou condições ambientais e
de serviço excepcionais. São ações com baixa probabilidade de ocorrência, ou
com curto período de duração. Entretanto, quando ocorrem podem afetar
significativamente a segurança da estrutura. A execução de dragagens em
profundidades superiores as de projeto é um exemplo de carregamento
excepcional. Em situações onde ações inicialmente imaginadas como
excepcionais se tornam permanentes ou de longa duração devem ser previstas
obras de reforço.
Maiores informações a respeito de ações em estruturas portuárias podem
ser obtidas na NBR 9782 (ABNT, 1984) e em MASON (1982).
68
3.5.2 CARACTERÍSTICAS TOPOBATIMÉTRICAS
69
Dependendo do custo e da metodologia disponíveis para dragagem em um
determinado porto, a opção por soluções de acostagem menos sujeitas a
assoreamentos e implantações mais salientes à costa podem se mostrar mais
vantajosas. Muitas vezes os serviços de dragagens se tornam muito relevantes
na escolha, não somente pelo aspecto financeiro, mas também pelo aspecto
ambiental devido à necessidade de disposição do material dragado.
70
amarração. Deste modo, o tipo de solução escolhida e seu posicionamento
deve ser tal que minimize ao máximo estes esforços.
A implantação de obras de acostagem em meios agressivos deve ser
cuidadosamente avaliada, uma vez que a possibilidade de corrosividade pelo
solo, água do mar e/ou ataque ácido de micro-organismos sobre os materiais
de construção deve ser descartada ou pelo menos minimizada por ocasião da
escolha da solução. Uma alternativa comum para minimizar tais efeitos é
prever manutenções periódicas planejadas.
71
3.5.7 LICENCIAMENTOS AMBIENTAIS
72
Plataforma do cais danificada
Estrutura existente
73
3.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O PROBLEMA PORTUÁRIO
74
4 METODOLOGIA PARA MODELAGEM DO PROBLEMA PORTUÁRIO
75
trabalho. Estas correlações foram retiradas principalmente dos trabalhos de
VELLOSO E LOPES (2004) e DO VALE (2002).
Fofo Compacto
Pedregulho-areia 35 50
Areia siltosa 27 a 33 30 a 34
Silte arenoso 27 a 30 30 a 35
76
TAB. 4.2 – Correlação entre ângulo de atrito de solos granulares e NSPT.
Ângulo de atrito ( o )
N SPT Compacidade
PECK et al. (1974) MEYERHOF (1956)
4 a 10 Fofa 28 a 30 30 a 35
10 a 30 Medianamente compacta 30 a 36 35 a 40
30 a 50 Compacta 36 a 41 40 a 45
NSPT
’v0 (kPa)
77
TAB. 4.3 – Correlação entre ângulo de atrito de solos granulares e o CPT
(MEYERHOF, 1956).
20 a 40 Fofa 30 a 35
78
No caso de argilas normalmente adensadas o ângulo de atrito efetivo é
muito variável, não existindo boas correlações, mas verifica-se que o ângulo de
atrito tende a ser menor quanto mais plástico é o solo. A TAB. 4.4 apresenta
valores do ângulo de atrito em função do índice de plasticidade.
10 30 a 38 30 a 35
20 26 a 34 27 a 32
40 20 a 29 20 a 25
60 18 a 25 15 a 17
Su
(0,23 0,04) OCR 0,8 (EQ. 4.1)
vo
'
79
Considerando a equação acima apresentada, tem-se que para solos
normalmente adensados:
0, 72
S u 290 N SPT (kPa) (EQ. 4.3)
N Consistência S u (kPa)
4a8 média 25 a 50
8 a 15 rija 50 a 100
80
O fator de capacidade de carga do cone (Nk) deve ser idealmente estimado
a partir de um valor de resistência não drenada (Su) obtido em um ensaio de
referência. Usualmente adota-se como referência os valores obtidos nos
ensaios de palheta ou nos ensaios triaxiais UU.
No caso de não existirem valores de referência, podem ser adotadas
algumas correlações para obtenção de Nk. Considerando-se a teoria de
expansão de cavidade, Nk apresentará valores até 18, sendo a maior parte dos
valores concentrados na faixa de 7 a 13 para valores crescentes do índice de
rigidez (IR). VESIC (1977) propõe a seguinte correlação:
5,5
N k 13 IP 2 (EQ. 4.6)
50
qt = qc + u2 (1 – a) (EQ. 4.7)
81
O mais usual entretanto no caso de ensaios de piezocone é utilizar a EQ.
4.8 em termos de Nkt, dada por:
Fofa 10 a 20 27,5 a 55
Média 20 a 50 55 a 70
82
Entretanto, em análises de estabilidades como a estudada neste trabalho, o
módulo de Young da argila deve corresponder à situação não drenada, pois a
condição real de ruptura no campo ocorrerá sem que haja tempo para
dissipação das poro-pressões.
A TAB. 4.7 apresenta alguns valores típicos de módulo de Young secante
não drenado (Eu) para argilas.
83
4.2.6 MÓDULO DE YOUNG DE SOLOS RESIDUAIS
E
(MPa)
NSPT
84
4.2.7 COEFICIENTE DE POISSON DRENADO
'25 o
' 0,1 0,3 (EQ. 4.11)
45 25
o o
85
4.3 PROPRIEDADES DOS ELEMENTOS TRATADOS
86
das interferências existentes, da quantificação do serviço e da definição dos
parâmetros de execução das colunas, condicionado ao tempo de execução e
ao consumo de cimento.
Os diâmetros efetivos dos tratamentos são de difícil previsão teórica, uma
vez que são diversos os fatores que os influenciam. O resultado final, além de
depender das características do solo original, dependem do tipo de jateamento
empregado (simples, duplo ou triplo) e de todos os seus parâmetros
intervenientes. Dentre estes parâmetros o que mais influencia o diâmetro é a
pressão de injeção (KUTZNER, 1996), seguido da velocidade de subida da
haste e da vazão de injeção.
CARRETO (2000) consolidou nos gráficos das FIG. 4.4 e FIG. 4.5
resultados de diâmetros efetivos obtidos na literatura em diversas obras.
Nestes gráficos, os diâmetros são apresentados apenas em função do sistema
de jateamento empregado e NSPT, para solos granulares e argilosos.
Jato simples
Jato duplo
Jato triplo
Diâmetro (m)
NNSPT
SPT
87
Jato simples
Jato duplo
Jato triplo
Experiência brasileira
(Jato simples)
Diâmetro (m)
NSPT
FIG. 4.5 – Diâmetros efetivos em solos argilosos (CARRETO, 2000).
88
Os valores apresentados não são absolutos e podem sofrer consideráveis
variações. Atualmente a estimativa dos diâmetros efetivos é realizada a partir
da experiência da empresa executora do serviço. Esta estimativa inicial pode
ser imprecisa e deve ser validada em fase mais adiantada do projeto, ou no
início da obra, por meio de colunas-teste ou campo de prova experimental.
Entretanto essas estimativas devem sempre ser coerentes com determinadas
correlações. A TAB. 4.10 apresenta de forma sucinta como os diâmetros
efetivos dos tratamentos se correlacionam com os principais fatores que os
influenciam.
89
4.3.2 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO
90
compressão simples, sem levar em consideração o sistema de jateamento
empregado.
WELSH E BURKE
- - 1a5 1a5 5 a 11 5 a 11
(1991)
BAUMANN et al. 0,67 6 a 10 10 a 14 12 a 18
- -
(1984) 1,00 3a5 5a7 6 a 10
GUATTERI et al.
- - 0,5 a 4 1,5 a 5 3a8 -
(1994)
GUATTERI et al.
0,14 - - - -
(2004)
91
1/3 do valor da coesão independente do tipo de solo (JJGA, 1995). Todos
valores são sugeridos sem distinguir o sistema de jateamento empregado. As
estimativas de valores de coesão de solos tratados com jet grouting são
mostradas no item 4.3.6.
Argila siltosa
NOVATECNA (1994) 700
(massapê)
92
Segundo ABRAMENTO et al. (1998), a correlação proposta pela JJGA
(1995) é muito conservadora se comparada com os valores obtidos na prática e
deve ser encarada como um limite inferior. Considerando a experiência
brasileira, sugere-se um valor de correlação ainda conservador, entretanto um
pouco superior, conforme apresentado abaixo:
O coeficiente de reação do solo tratado com jet grouting pode ser obtido
diretamente do Módulo de Young. A JJGA (1995) sugere a seguinte correlação:
A JJGA (1995) sugere que seja adotado para o peso específico do material
tratado o mesmo valor do peso específico natural do solo original.
KUTZNER (1996) salienta que o fator água / cimento utilizado na calda
injetada e o índice de vazios do solo original influem diretamente o valor final,
sendo comum a obtenção de valores na faixa de 18 kN/m³ a 21 kN/m³.
JARITINGAM (2001) utilizou em suas modelagens o valor de 22 kN/m³, o
mesmo valor admitido neste trabalho. A adoção deste valor leva em
93
consideração que de alguma forma haverá um preenchimento dos vazios do
solo original, resultando necessariamente em um material de maior peso
específico, assim como ocorre no concreto. Na prática este valor de 22 kN/m 3 é
muito elevado e acaba sendo usualmente empregado nas análises por se tratar
justamente do peso específico que se acostumou utilizar em modelagens com
concreto convencional. Isto se deve ao fato de que em muitas situações este
peso específico reflete uma ação de carregamento de peso próprio, sendo mais
conservador a adoção de valores maiores. Em modelagens computacionais
como as realizadas nesta dissertação, considerando uma faixa de variação
possível para o peso específico do solo tratado, pode-se afirmar que este
parâmetro pouco influencia os resultados finais.
94
A JJGA (1995) sugere de forma bastante conservadora que a resistência do
concreto com idade de 7 dias é da ordem de 30% a 40% do valor obtido com
28 dias.
A partir do Círculo de Mohr, que representa o estado de tensões de um
ensaio de resistência à compressão, e adotando 1 = c e 3 = 0, o valor da
coesão é dado pela seguinte equação:
c 1 sen
c (EQ. 4.14)
2 cos
TAB. 4.13 – Valores típicos de coesão após tratamento com jet grouting.
c / c
Fator
Referência Argila
a/c Argila Silte Areia
Orgânica
95
Para os solos argilosos, a modelagem computacional foi realizada diretamente
com o valor estimado para a resistência ao cisalhamento do material tratado,
ou seja, considerou-se ângulo de atrito nulo e o valor da coesão como metade
da resistência à compressão.
Cabe salientar que todos os parâmetros estimados para o solo tratado
devem ser encarados como especificações de projeto. Ou seja, ao realizar o
tratamento, o sistema escolhido e todos seus parâmetros específicos deverão
procurar atender a estas especificações. A obrigação do projetista em um
primeiro momento, onde ainda não foram realizados ensaios no material
tratado, é elaborar um projeto estimando parâmetros compatíveis com a
realidade local, de modo que seja possível atingí-los por meio de ajustes nos
parâmetros do sistema de tratamento. Entretanto, o projeto deverá ser validado
com os resultados dos ensaios no solo tratado. Isto é diferente do que ocorre
com o solo natural, onde os parâmetros são estimados anteriormente à
elaboração do projeto e são premissas que não tem como ser manipuladas no
campo.
4.3.7 PERMEABILIDADE
96
KUTZNER (1996) constata ainda que, além da baixa permeabilidade, o jet
grouting se apresenta como um material pouco erodível, uma vez que em
testes com gradientes elevados, mesmo após um período de 75 dias, o
material tratado não apresentou aumento no valor da permeabilidade.
Para efeito das modelagens realizadas neste trabalho, o jet grouting pode
ser considerado como um material não poroso, ou seja, impermeável. A
consideração do jet grouting como um material não poroso significa que o
mesmo não apresentará poro-pressões e consequentemente não fará sentido
falar em tensões efetivas e tensões totais, pois ambas serão sempre iguais. É
importante ressaltar que a validade desta consideração está condicionada à
efetiva pega no tratamento com jet grouting, pois não haverá poro pressão nos
elementos tratados com jet grouting somente após os mesmos atingirem o
estado sólido. Em solos orgânicos é comum o retardo na pega do tratamento,
entretanto, para efeito de análise, considera-se somente a hipótese após o
tratamento bem sucedido.
97
Para o caso de análise de estabilidade de cortinas de estacas pranchas
utilizando o SLOPE-W, um informe técnico do GEO-SLOPE (2010) propõe que
sejam analisadas duas superfícies de ruptura. A primeira se refere à
estabilidade global e a segunda superfície se refere a um possível
arrancamento dos tirantes, denominada superfície de ruptura local. As FIG. 4.6
e FIG. 4.7 mostram as superfícies de ruptura que devem ser estudadas em
análises de estabilidade de cortinas de estacas pranchas atirantadas. As
superfícies críticas com menores fatores de segurança são obtidas pelo
programa, a partir da definição de uma região de entrada e saída para as
mesmas, indicadas nas figuras por uma linha vermelha.
A superfície de ruptura da FIG. 4.6 é uma superfície circular que
obrigatoriamente deve passar abaixo da cortina de estacas pranchas. A
superfície de ruptura da FIG. 4.7 é propositalmente indicada a passar pelo pé
do talude. No caso desta superfície de ruptura local, para simular a contribuição
do empuxo passivo decorrente da ficha da cortina de estacas pranchas, deve-
se inserir manualmente uma linha de carregamento correspondente à
estimativa do valor de empuxo passivo. A proposta de GEO-SLOPE (2010)
prevê que a estimativa do empuxo passivo (EP) neste caso seja feita pelas
equações de Mohr-Coulomb para cálculo de empuxos de terra, considerando
todo comprimento da ficha enterrada para cálculo do empuxo passivo.
98
FIG. 4.7 – Superfície de ruptura local.
99
cálculo deste valor de EP pelas equações de Mohr-Coulomb pode levar a
valores de empuxo muito altos, que na prática não podem ocorrer pois
obrigariam a deformações extremamente elevadas.
O método de equilíbrio limite se mostra útil para uma simulação inicial,
entretanto, a análise mais indicada para este tipo de obra é através de método
numérico como o MEF, conforme discutido a seguir.
100
- Divisão do domínio do problema em elementos finitos conectados por
pontos nodais;
- Distribuição da variável procurada no elemento por meio de uma função
de interpolação;
- Montagem da matriz de comportamento dos elementos;
- Montagem do sistema global de equações para o problema;
- Introdução das condições de contorno;
- Solução do sistema de equações, obtendo-se os valores das variáveis do
problema nos pontos nodais; e
- Obtenção das variáveis secundárias por correlações a partir das variáveis
do problema.
101
elementos de 6 ou 15 nós, podendo ser refinada globalmente ou em locais
específicos.
As características de todos os materiais que serão utilizados para
representar o cenário real modelado na geometria devem ser definidas. Ou
seja, cada camada de solo, tirante ou estaca da geometria deverá estar
associada a algum tipo de material. É nesta fase que devem ser
criteriosamente escolhidas as definições do modelo constitutivo do solo, o tipo
de material que o compõe (drenado ou não drenado) e a análise que se deseja
realizar. Os elementos estruturais, assim como o solo, também devem ter seu
modelo de comportamento definido. Somente com todas essas definições é
que devem ser preenchidas efetivamente as propriedades dos materiais (solos,
estacas e tirantes).
O programa PLAXIS 2D possui 6 modelos constitutivos que governam o
comportamento dos materiais que podem ser associados às camadas de solo
– Mohr-Coulomb, Jointed Rock, Hardening Soil, Soft Soil Creep, Soft Soil e
Linear-Elástico. Os modelos constitutivos necessitam de diferentes parâmetros
e dados de entrada e devem ser definidos em função do problema estudado e
do tipo de solo. Neste trabalho, onde se pretende avaliar o desempenho do jet
grouting para reforço de um cais em estaca prancha, optou-se pelo modelo
constitutivo de solo Mohr-Coulomb.
O modelo constitutivo Mohr-Coulomb é um modelo de comportamento
elástico perfeitamente plástico, empregado para representar a ruptura por
cisalhamento de solos e rochas. O modelo Mohr-Coulomb é assim classificado
devido à hipótese de que o material comporta-se como linear elástico até
atingir a ruptura, não havendo endurecimento devido ao fluxo plástico, ou seja,
a superfície de plastificação é fixa. Portanto, o material apresenta um
comportamento linear elástico até atingir uma determinada tensão de
escoamento, que se mantém constante com o acréscimo de deformações
plásticas.
Os principais parâmetros geotécnicos necessários como dados de entrada
para este modelo são: ´, c´, E, , sat, d, K0, kx e ky.
Este modelo constitutivo de solo permitirá avaliar de forma satisfatória o
desempenho da solução com jet grouting. Cabe salientar que neste trabalho
102
será estudada a resposta para uma condição rápida de carregamento, ou seja,
não serão estudados os problemas de adensamento das camadas de solo,
uma vez que o foco do estudo é avaliar o desempenho do jet grouting para
reforço da estrutura portuária e não no combate aos recalques por
adensamento.
As camadas de areia serão classificadas como materiais drenados e as
camadas de argila como não drenadas. Este é um ponto importante da
modelagem, pois ao ser considerado o comportamento não drenado das
argilas, as definições dos parâmetros devem ser coerentes com este tipo de
comportamento. Tendo em vista que se está estudando a estabilidade da
estrutura portuária, é um equívoco, por exemplo, retirar parâmetros de
deformabilidade do solo a partir de curvas de ensaios de adensamento, que se
referem a um comportamento drenado e a longo prazo.
As colunas de jet grouting não serão modeladas como elementos
estruturais e sim como uma faixa de solo de material não poroso, com modelo
constitutivo de solo de Mohr-Coulomb. Ou seja, para efeito de análise, o jet
grouting será considerado como semelhante a camadas de solo.
A descrição do programa PLAXIS 2D ora apresentada foi retirada de LIMA
(2007). Maiores informações quanto aos modelos constitutivos podem ser
obtidos em BRINKGREVE (2002).
103
5 MODELAGEM DE REFORÇO DE UM CAIS COM JET GROUTING
104
5.2 MODELAGEM DO PROBLEMA
A situação inicial que servirá como cenário para o estudo foi um cais de
paramento fechado com cortina de estacas pranchas metálicas, conforme
mostrado na FIG. 5.1. Foi considerada a existência de duas linhas de tirantes
com carga de 250 kN/m cada, que equivale, por exemplo, a tirantes de 750kN a
cada 3m. Tendo em vista que o foco do estudo é a utilização de jet grouting, os
carregamentos simulados foram basicamente a sobrecarga e o empuxo de
terra da retroárea, que ocorre naturalmente devido às diferenças de níveis.
105
Outros esforços tais como os esforços de atracação e amarração não
entram nas modelagens, pois o estudo do desempenho da solução em jet
grouting é realizado sob o ponto de vista geotécnico. A cortina de estacas
pranchas e eventual reforço destinam-se à contenção do empuxo de terra e
conseqüente garantia de calado e capacidade de carga da retroárea. Neste tipo
de cais, os esforços de amarração são transmitidos a cabeços chumbados em
blocos de estacas desvinculados da cortina de estacas pranchas do cais. Já os
esforços de atracação, se fossem transmitidos para o cais, seriam favoráveis
sob o ponto de vista geotécnico, uma vez que aliviariam as cargas de empuxo
da retroárea.
Para efeito de modelagem, o tipo de estaca prancha de aço escolhido foi o
modelo AU-20 da ARCELOR MITAL, cujas características estão apresentadas
na TAB. 5.1. O comprimento total das estacas é de 24m, com ficha de 14m
totalmente embutida em solo. Esta configuração inicial do cais garante
segurança para um calado de 8m e uma sobrecarga de 20kN/m2.
Os tirantes na modelagem foram considerados materiais elastoplásticos,
com carga de plastificação igual à carga de protensão de 250 kN/m. O produto
do módulo de Young pela área do tirante adotado foi de EA = 125000 kN. O
bulbo de ancoragem do tirante também foi modelado como um material
elastoplástico com limite de 250 kN/m e EA = 170000 kN. O comprimento do
tirante foi de 44m e do bulbo de ancoragem de 4,6m. Tendo em vista que foi
considerada uma carga de protensão equivalente ao limite de plastificação
estabelecido, a simulação dos tirantes equivaleu à aplicação de uma linha de
carregamento de 250 kN/m.
PESO LINEAR
TIPO E (MPa) A (m2/m) I (m4/m)
(kN/m/m)
AU-20 ARCELOR
2.10E+05 0.0165 0.0004444 1.29
MITAL
106
5.2.2 CENÁRIOS ANALISADOS PARA AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA
SOLUÇÃO EM JET GROUTING
107
Os incrementos de sobrecargas sugeridos correspondem à necessidade de
aumento da capacidade de armazenamento de um pátio de contêineres. Um
contêiner padrão de 20 pés, por exemplo, transmite uma pressão de cerca de
15kPa, sendo comum o empilhamento de até seis fileiras de contêineres.
q = 20kPa + ISC
q = 20kPa + q
AREIA GC
AREIA
ARGILA SILTOSA COM AREIA
FINA MÉDIA À RIJA
108
ganho de rigidez e conseqüente redução de deformações. Neste trabalho
optou-se pela configuração à ré por se tratar de uma avaliação do desempenho
do método propriamente dito, sendo interessante que as colunas atravessem o
maior número de camadas de solo possível.
A profundidade final das colunas foi de 35m e o diâmetro das mesmas foi
considerado constante através das camadas de solo. O diâmetro está
representado na modelagem por uma faixa contínua de 1,50m de espessura de
solo tratado, que corresponde à área por metro linear de coluna. Este diâmetro
foi estimado com base nas faixas de valores das FIG. 4.4 e FIG. 4.5,
apresentadas no Capítulo 4. Este diâmetro, assim como as tensões de
compressão do material tratado, são especificações mínimas de projeto e, no
caso de um projeto real, devem ser confirmadas no campo no início das obras.
109
TAB. 5.3 – Parâmetros de entrada do modelo para o solo natural.
110
O coeficiente de empuxo de repouso (K 0) foi estimado para as camadas de
areia e argila pela equação EQ. 5.1. Para efeito de cálculo de K 0 considerou-se
para as argilas um ângulo de atrito efetivo de 25º (K 0 = 0,577).
111
TAB. 5.5 – Situação inicial pela análise por equilíbrio limite
Situação inicial
(Calado de 8,0m e sobrecarga de 20 kPa)
2 20 40 1.228 2.129
2
3 40 60 1.165 1.981
4 60 80 1.103 1.853
5 0 20 1.089 1.983
6 20 40 1.043 1.866
4
7 40 60 1.004 1.76
8 60 80 0.97 1.659
9 0 20 0.637 1.495
10 20 40 0.595 1.414
6
11 40 60 0.549 1.331
12 60 80 0.48 1.257
112
demais cenários estão disponíveis nos arquivos digitais de entrada do
programa, anexos a este trabalho (APÊNDICE 1).
2 20 40 601.6
2 1495 238 3980 930
3 40 60 677
4 60 80 752.5
5 0 20 757.3
6 20 40 833.8
4 1199 155 3530 755
7 40 60 910
8 60 80 986.5
9 0 20 957.5
10 20 40 1056
6 881 97 3086 623
11 40 60 1154.5
12 60 80 1256.2
113
ATERRO ARENOSO
q = 20 + 20 = 40kN/m
1.043
T = 250 kN/m
ARGILA ORGÂNICA POUCO
T = 250 kN/m
SILTOSA MUITO MOLE
8m
AREIA
GC = 4m
AREIA
ARGILA SILTOSA COM AREIA
FINA MÉDIA À RIJA
ATERRO ARENOSO
q = 20 + 20 = 40 kN/m
1.866
T = 250 kN/m
ARGILA ORGÂNICA POUCO
T = 250 kN/m
SILTOSA MUITO MOLE
8m
AREIA
GC = 4m
AREIA
ARGILA SILTOSA COM AREIA
FINA MÉDIA À RIJA
114
ATERRO ARENOSO
q = 20 + 20 = 40 kN/m
1.000
T = 250 kN/m
AREIA
E833,8
n = 833,8
kN/mkN/m GC = 4m
AREIA
ARGILA SILTOSA COM AREIA
FINA MÉDIA À RIJA
115
2.5 (a)
1.5
FS inicial = 1,69
FSglobal
0.5
0
0 2 4 6
GC (m)
ISC = 0 kPa sem ref orço ISC = 20kPa sem reforço
ISC = 40 kPa sem reforço ISC = 60kPa sem reforço
ISC = 0kPa com reforço ISC = 20kPa com reforço
ISC = 40kPa com reforço ISC = 60kPa com reforço
8.000
(b)
7.000
6.000
5.000 2.5
FSlocal, Eo, Ep
Empuxo passivo
4.000 FS inicial = 5,34
2
2.000
1
Empuxo repouso
1.000
FSinicial = 0,96
0.5
0.000
0 2 GC (m) 4 6
0
0 2 4 6
LEGENDA: GC (m)
ISC = 0 kPa sem ref orço ISC = 20kPa sem reforço
ISC = 40 kPa sem ref orço ISC = 60kPa sem reforço
ISC = 0kPa com ref orço ISC = 20kPa com reforço
ISC = 40kPa com reforço ISC = 60kPa com reforço
116
5.3.1 AVALIAÇÃO PELO MÉTODO DE EQUILÍBRIO LIMITE
117
entre o empuxo no repouso e o empuxo passivo. Analisando-se os
deslocamentos obtidos pelo MEF esta questão será melhor esclarecida.
Dado o exposto, verifica-se que da análise local de estabilidade por
equilíbrio limite são retiradas tendências importantes de ruptura, na qual,
independente de considerações possivelmente equivocadas na análise, se
verifica que o jet grouting proporciona um ganho de segurança diretamente
proporcional ao comprimento adicional de ficha que se obtém pela execução do
tratamento, uma vez que quanto mais profundo o tratamento maior o empuxo
resistente.
118
deste cenário inicial é que todos os demais casos foram modelados. O
contorno da coluna de jet grouting à ré da cortina de estacas pranchas se
refere a uma região previamente demarcada, já visando a modelagem da
substituição do material inicial pelo material tratado. As subdivisões das regiões
dentro da mesma camada de solo demarcadas à frente da cortina se referem
às camadas de solo que serão suprimidas, simulando um aprofundamento de
calado. O programa Plaxis 2D permite que seja simulada uma condição
evolutiva de uma obra a partir de um cenário inicial, sendo possível suprimir
e/ou alterar as propriedades das regiões previamente estabelecidas para as
camadas de solo ou de tratamento, além de poder alterar os valores de
sobrecarga.
119
FIG. 5.8 – Deformada do cenário 6 sem tratamento ( máx=136mm).
120
5.4.2 ANÁLISE DAS TENSÕES NA MASSA DE SOLO
121
FIG. 5.11 – Tensões totais para o cenário 6 sem tratamento.
122
As FIG. 5.13, FIG.5.14 e FIG.5.15 apresentam as distribuições das razões
entre as tensões cisalhantes calculadas e as resistentes, para a situação inicial
e para o cenário 6 com e sem o reforço. Analisando as figuras de forma
comparativa verifica-se que a implantação do reforço altera muito pouco a
distribuição das tensões cisalhantes na massa de solo, proporcionando uma
considerável redução nas razões de tensões apenas na região tratada com jet
grouting.
123
FIG. 5.14 – Tensão cisalhante ( / res) para o cenário 6 sem reforço.
124
FIG. 5.16 – Pontos de plastificação da situação inicial.
125
FIG. 5.18 – Pontos de plastificação do cenário 6 com tratamento.
É curioso observar que na faixa de solo tratado com jet grouting da FIG.
5.18 não ocorre em nenhuma situação a plastificação do material. Deste modo,
a simulação da resistência do jet grouting perde em importância, passando a
sua rigidez a ser o principal dado para a análise. Isto equivale a dizer que uma
nova cortina de estacas foi inserida. Ao se simular a cortina de estacas
pranchas informa-se ao programa que a mesma apresenta comportamento
elástico e fornecem-se apenas parâmetros para cálculo da rigidez da mesma.
No caso do jet grouting, como dificilmente ocorrerá plastificação do material
tratado, o mesmo poderia teoricamente ser feito. Entretanto, a simulação do
material tratado como camadas de solo permite uma variação de parâmetros
que não seria possível simulando-se o reforço como uma cortina de estacas
pranchas de rigidez equivalente.
Em solos de baixa resistência, o material tratado também apresentará
menor resistência e o colapso do sistema de contenção também tende a
ocorrer sempre com plastificação no solo original, uma vez que o tratamento
apresenta sempre uma resistência comparativa muito superior. Deste modo, a
preocupação de se obter tratamentos com um elevado valor de resistência se
mostra menos relevante. Este é um fator importante para o caso de regiões
portuárias que normalmente apresentam solos de baixa resistência e que a
solução com jet grouting é colocada em dúvida por este motivo. É sabido que a
rigidez está diretamente relacionada com a resistência, entretanto o fator
126
preponderante passa a ser principalmente a rigidez do material tratado e não
diretamente a sua resistência.
Dada a importância dos parâmetros de rigidez do material tratado, percebe-
se que em obras deste tipo é mais importante se preocupar com investigações
de campo e ensaios para determinação de parâmetros de deformabilidade do
material tratado, tais como E e , do que com ensaios de resistência à
compressão simples nos solos que receberam tratamento, como se observa
usualmente.
As análises das tensões na massa de solo são de grande importância para
elaboração de um projeto de contenção, entretanto, o desempenho da solução
com jet grouting pode ser melhor avaliado estudando-se primordialmente os
deslocamentos e os esforços ao longo da cortina de estacas, conforme
realizado a seguir para todos os 12 cenários modelados.
127
Alguns cenários, apesar de terem o processamento finalizado, resultaram em
deslocamentos finais excessivos, que na prática podem ser considerados como
colapso. Este é o caso para todos cenários com sobrecarga de 80kPa, mesmo
com reforço, e para os cenários com sobrecarga de 60kPa, que apresentaram
deslocamentos excessivos apenas nos casos sem reforço. A escolha de
cenários até a ruptura foi feita estrategicamente para que fosse possível uma
melhor avaliação do desempenho da solução.
-5 -5 -5
z (m)
z (m)
__________ __________
- - - - - - - - - situação inicial sem reforço com reforço
128
Cenário 2 Cenário 6 Cenário 10
GC=2m ; SC=40kPa GC=4m ; SC=40kPa GC=6m ; SC=40kPa
h (mm) h (mm) h (mm)
-50 50 150 250 -50 50 150 250 -50 50 150 250
0 0 0
-5 -5 -5
z (m)
z (m)
-15 -15 -15
__________ __________
- - - - - - - - - situação inicial sem reforço com reforço
-5 -5 -5
z (m)
z (m)
__________ __________
- - - - - - - - - situação inicial sem reforço com reforço
129
Cenário 4 Cenário 8 Cenário 12
GC=2m ; SC=80kPa GC=4m ; SC=80kPa GC=6m ; SC=80kPa
-5 -5 -5
z (m)
z (m)
z (m)
__________ __________
- - - - - - - - - situação inicial sem reforço com reforço
130
aumento do empuxo ativo na parte superior da cortina, enquanto o empuxo
passivo resistente só é aumentado pelo reforço com jet grouting na parte
abaixo do leito marinho.
Caso o mecanismo de ruptura mais crítico fosse o global, verificar-se-ia o
inverso. Como na ruptura global os deslocamentos finais máximos ocorrem na
parte de baixo da cortina, o reforço se mostraria mais eficiente nos casos de
incremento de sobrecarga do que nos aprofundamentos de calado. Analisando
a variação de fator de segurança global e local em função dos
aprofundamentos de calado e incrementos de sobrecarga também é possível
perceber esta diferença de desempenho.
A FIG. 5.23 compila em um único gráfico os deslocamentos máximos (máx)
observados na cortina de estacas pranchas, mostrando a evolução dos
mesmos com os aprofundamentos do calado (GC), em função dos incrementos
de sobrecarga (ISC) atribuídos. Nesta figura fica clara a diferença entre a
evolução dos cenários com deslocamentos excessivos e os que não
apresentaram colapso.
350
300
Cenários com
deslocamentos
250
excessivos
máx (mm)
200
150
100
50
0
0 2 4 6
GC (m)
ISC = 0 kPa sem reforço ISC = 20kPa sem reforço
ISC = 40 kPa sem reforço ISC = 60kPa sem reforço
ISC = 0kPa com reforço ISC = 20kPa com reforço
ISC = 40kPa com ref orço ISC = 60kPa com reforço
131
5.4.3.2 ESFORÇOS NA CORTINA DE ESTACAS PRANCHAS
-5 -5 -5
z (m)
z (m)
__________ __________
- - - - - - - - - situação inicial sem reforço com reforço
132
Cenário 2 Cenário 6 Cenário 10
GC=2m ; SC=40kPa GC=4m ; SC=40kPa GC=6m ; SC=40kPa
M (kN.m / m) M (kN.m / m) M (kN.m / m)
-5 -5 -5
z (m)
z (m)
z (m)
__________ __________
- - - - - - - - - situação inicial sem reforço com reforço
-700 -200 300 800 -1100 -100 900 -2000 -1000 0 1000
0 0 0
-5 -5 -5
__________ __________
- - - - - - - - - situação inicial sem reforço com reforço
133
Cenário 4 Cenário 8 Cenário 12
GC=2m ; SC=80kPa GC=4m ; SC=80kPa GC=6m ; SC=80kPa
M (kN.m / m) M (kN.m / m) M (kN.m / m)
-4000 -2000 0 2000 -3000 -2000 -1000 0 1000 -2000 -1000 0 1000
0 0 0
-5 -5 -5
z (m)
z (m)
z (m)
__________ __________
- - - - - - - - - situação inicial sem reforço com reforço
134
Cenário 1 Cenário 5 Cenário 9
GC=2m ; SC=20kPa GC=4m ; SC=20kPa GC=6m ; SC=20kPa
Q (kN / m) Q (kN / m) Q (kN / m)
-5 -5 -5
z (m)
z (m)
-15 -15 -15
__________ __________
- - - - - - - - - situação inicial sem reforço com reforço
-5 -5 -5
z (m)
z (m)
__________ __________
- - - - - - - - - situação inicial sem reforço com reforço
135
Cenário 3 Cenário 7 Cenário 11
GC=2m ; SC=60kPa GC=4m ; SC=60kPa GC=6m ; SC=60kPa
Q (kN / m) Q (kN / m) Q (kN / m)
-5 -5 -5
z (m)
z (m)
z (m)
__________ __________
- - - - - - - - - situação inicial sem reforço com reforço
-5 -5 -5
z (m)
z (m)
__________ __________
- - - - - - - - - situação inicial sem reforço com reforço
136
Analisando o diagrama de esforço cortante do cenário 4 na FIG. 5.31
verifica-se que o ponto de giro neste caso situa-se a 17,5m, tornando ainda
mais desfavorável a consideração utilizada no método de equilíbrio limite. Esta
constatação deixa claro, por exemplo, o porque da análise por equilíbrio limite
não acusar a ruptura no caso do cenário 12 com reforço, no qual a análise do
programa Plaxis 2D foi interrompida por colapso da massa de solo ao ser
simulado um aprofundamento de calado de 6m e um incremento de sobrecarga
de 60kPa.
Analisando todos os resultados verifica-se que a consideração utilizada na
análise por equilíbrio limite se aproxima da realidade em situações sem
sobrecarga, em solo homogêneo e com ficha da cortina de estacas da ordem
de 1/3 do comprimento total. Diante de cenários tão variados como os
estudados neste trabalho, a consideração de cálculo sugerida por GEO-SLOPE
(2010) não se mostrou confiável, sendo portanto recomendável nessas
situações que os projetos se baseiem em análises numéricas pelo MEF.
137
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
138
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8 APÊNDICES
146