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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL
ENGENHARIA CIVIL

MARIA VIVIANE AGOSTINHO DOS SANTOS

DESENVOLVIMENTO DE TIPOLOGIAS PARA HABITAÇÃO DE INTERESSE


SOCIAL

FORTALEZA
2011
ii

MARIA VIVIANE AGOSTINHO DOS SANTOS

DESENVOLVIMENTO DE TIPOLOGIAS PARA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

Monografia submetida à Coordenação do


Curso de Engenharia Civil da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial para
a obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. D.Sc.: Antônio Eduardo


Bezerra Cabral.

FORTALEZA
2011
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca de Ciências e Tecnologia

S236d Santos, Maria Viviane Agostinho dos.


Desenvolvimento de tipologias para habitação de interesse social / Maria Viviane Agostinho dos
Santos. – 2011.
146 f. : il. color., enc. ; 30 cm.

Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Departamento de


Engenharia Estrutural e Construção Civil, Curso de Engenharia Civil, Fortaleza, 2011.
Orientação: Prof. Dr. Antônio Eduardo Bezerra Cabral

1. Habitação popular. 2. Construção civil. 3. Habitações. 4. Custo. I. Título.

CDD 620
iii

MARIA VIVIANE AGOSTINHO DOS SANTOS

DESENVOLVIMENTO DE TIPOLOGIAS PARA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal


do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do título de Engenheiro Civil.

Aprovada em: 21/11/2011.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________
Prof. D. Sc.: Antônio Eduardo Bezerra Cabral
Universidade Federal do Ceará - UFC (Orientador)

________________________________________________
Prof. D. Sc.: Alexandre Araújo Bertini
Universidade Federal do Ceará - UFC

________________________________________________
Neliza Maria e Silva Romcy
Universidade Federal do Ceará - UFC
iv

Ao bom Deus, aos meus pais, Raimundo Iran dos


Santos e Bernadete Agostinho dos Santos, ao
meu avô Nonato e ao meu tio Renato,
por todo amor e dedicação.
v

AGRADECIMENTOS

À Deus, pelo dom da vida e por ter me guiado e me amparado em todos os


momentos, para que eu pudesse alcançar meus objetivos;
Aos meus pais, Raimundo Iran e Bernadete, que me amaram e acreditaram no
meu sonho e me deram suporte para alcançá-lo;
Aos meus irmãos, Deiviane, Iran Júnior e Ianderson, por serem meus maiores
incentivadores;
À minha irmã do coração, Ana Maria, que está comigo em todos os momentos da
minha caminhada, me apoiando e incentivando;
Ao meu avô, Nonato, que sempre me amou, educou, cuidou e acreditou em mim e
não pode presenciar o início desta caminhada por ter sido levado por Deus para sua morada
eterna, antes do resultado do vestibular, mas que eu tenho certeza que está muito orgulhoso;
Ao meu tio, Renato, que mesmo antes de me conhecer, já me amava e trabalhou
para que eu pudesse ter o alimento diário e o carinho necessário para não perceber a falta que
os bens materiais faziam;
À toda minha família, pelo apoio e as palavras de amizade;
Aos meus amigos inseparáveis, Luiz Gonzaga e Thiago Régis, com os quais pude
compartilhar desde o início da engenharia momentos de alegria e superação;
Aos demais amigos da faculdade: Anderson, Felipe Alisson, Kilvia, Lucas, Julien,
Vicente, Hélio, Luana, Adriano, Luís Felipe, Marcela, Everton, Nataniel, Mychayanny, Régis,
Aline, Priscila, Marcela, Cristiano, Costinha, Roberto e tantos outros não citados aqui, porém
não esquecidos.
À querida Sandra, que me recebeu sempre muito bem em sua casa, quando
varávamos noites estudando;
Ao Daniel, pelos anos de companheirismo e compreensão;
Aos meus professores, Maria Luisa e Fernando, que ainda na escola pública
plantaram em mim um sonho e me deram incentivo para buscá-lo;
Aos bolsistas do ETecS, que me ajudaram na elaboração deste trabalho, Felipe
Alisson, Juliana e Roberta;
Aos professores, Tereza Denyse e Eduardo Cabral, pela orientação e o incentivo
para elaboração deste trabalho;
Ao professor Bertini, pela amizade e por fazer parte da banca examinadora;
vi

Aos demais professores, que contribuíram para meu crescimento profissional,


direta ou indiretamente;
À amiga Neliza, integrante da banca e pessoa pela qual nutro grande admiração,
Aos amigos de trabalho, Andreazza, Ricardo, Gernylano, Reginaldo, Mauro,
Socorro, João Antônio, Aurélio, Silvana, Davi, Wagner, Marcelo, Jardel, Antônio José,
Guilherme, Dantas, Ângelo, Edízio, Fernando, e em especial minha coordenadora Ana Lúcia,
que tanto me apoiou e colaborou com meu crescimento profissional e pessoal, sempre
disponível e criando oportunidades para o melhor aproveitamento dentro da Universidade;
A todas as outras pessoas que contribuíram para a realização deste sonho, que
parecia tão distante, mas para Deus nada é impossível.
vii

"Para realizar grandes conquistas, devemos não


apenas agir, mas também sonhar; não apenas
planejar, mas também acreditar."
Anatole France.
viii

RESUMO

O crescimento da população e a movimentação entre área rural e urbana fizeram


crescer a demanda por habitação nos grandes centros das cidades. O maior desafio é a oferta
de moradia que atenda aos requisitos de habitabilidade dentro de um custo viável à população
de baixa renda, que ofereça uma boa divisão de ambientes, sem a perda da mobilidade, da
privacidade e do conforto, respeitando às legislações pertinentes a cada região. A política
pública voltada à Habitação de Interesse Social tem avançado bastante no país, trazendo
melhorias quanto a planejamento, projeto, técnicas e materiais, junto com um estudo de custo
e avaliação de pós-ocupação, visando à melhoria contínua do processo de construção. A
elaboração de tipologias, agiliza a implantação dessas habitações, desde que a área proposta
para a construção esteja dentro dos limites impostos em projeto. É com este intuito, que o
Escritório de Tecnologia, por meio do Centro de Tecnologia e da Universidade Federal do
Ceará, oferece serviços para a população com renda familiar de até três salários mínimos,
colaborando para a diminuição do déficit habitacional existente.

Palavras chaves: Habitação de Interesse Social, Tipologia e Custo.


ix

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 - Habitações precárias em área de risco. ................................................................... 1


Figura 1.2 - Casas construídas em área de risco, ao lado de um esgoto a céu aberto. .............. 2
Figura 1.3 - Habitações executadas sem nenhum planejamento, gerando um aglomerado de
casas, prejudicando o controle de epidemias e a estética da cidade. .......................................... 2
Figura 2.1 - Conflito de projeto - largura do banheiro não proporciona a abertura completa da
porta onde existe um lavatório.................................................................................................... 8
Figura 2.2 - Cortiço. ................................................................................................................... 9
Figura 2.3 - Cesta básica........................................................................................................... 15
Figura 2.4 - Referências para o desenho universal. .................................................................. 18
x

LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1- Faixa de renda dos beneficiários do PMCMV I e II. ........................................... 19


Quadro 2.2 - Comparação entre áreas e especificações do PMCMV I e PMCMV II .............. 19
Quadro 3.1 - Valores adotados para HIS. ................................................................................. 21
Quadro 4.1 - Resumo dos orçamentos e relação de custo/m2. ................................................. 26
Quadro 4.2 - Orientação de valores para HIS (1 a 3 salários mínimos) por estado. ................ 27
Quadro 4.3 - Comparação do custo/m2 das tipologias e o CUB utilizado no Ceará................ 27

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1- Valores dos índices praticados nos bairros onde as tipologias poderão ser
adotadas. ................................................................................................................................... 21
Tabela 3.2 - Relação das áreas com a influência dos índices. .................................................. 22
xi

LISTA DE SIGLAS

HIS Habitação de Interesse Social


CEF Caixa Econômica Federal
CUB Custo Unitário Básico
UFC Universidade Federal do Ceará
ETecS Escritório de Tecnologia Social
MCMV Minha Casa Minha Vida
COP Código de Obras e Posturas
LUOS Lei de Uso e Ocupação do Solo
FT Recuo Frontal
LT Recuo Lateral
FD Recuo de Fundo
xii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................... ix


LISTA DE QUADROS .............................................................................................................. x
LISTA DE TABELAS ............................................................................................................... x
LISTA DE SIGLAS .................................................................................................................. xi
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
1.1 Justificativa .................................................................................................................. 1
1.2 Objetivos ...................................................................................................................... 6
1.2.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 6
1.2.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 6
1.3 Estrutura do trabalho .................................................................................................... 7
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 8
2.1 A problemática da moradia .......................................................................................... 8
2.1.1 O Projeto ........................................................................................................... 11
2.2 Legislação para HIS ................................................................................................... 12
2.2.1 O Conceito de “renda disponível” .................................................................... 14
2.2.2 Lei 11.888/2008 ................................................................................................ 15
2.3 Legislação de Fortaleza ............................................................................................. 16
2.4 Desenho universal para HIS ...................................................................................... 17
2.5 Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) ........................................................... 18
3 METODOLOGIA............................................................................................................. 20
4 RESULTADOS ................................................................................................................ 25
4.1 Tipologia com frente de 3,00m .................................................................................. 25
4.2 Tipologia com frente de 4,00m .................................................................................. 25
4.3 Tipologia com frente de 5,00m .................................................................................. 25
5 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 30
GLOSSÁRIO ............................................................................................................................ 32
ANEXOS .................................................................................................................................. 35
ANEXO A – Kit com Tipologia de 3,00m ........................................................................... 36
ANEXO B – Kit com Tipologia de 4,00m ........................................................................... 66
ANEXO C – Kit com Tipologia de 5,00m ........................................................................... 96
ANEXO D – Memorial Descritivo ..................................................................................... 115
ANEXO E – Especificações MCMV ................................................................................. 128
ANEXO F – Tabela com Índices da LUOS ....................................................................... 131
ANEXO G – Tabela com Recuos da LUOS....................................................................... 134
1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Justificativa

Um dos direitos reservados ao ser humano pela Constituição Federal do Brasil é o


acesso à moradia. Com o crescimento desordenado dos grandes centros urbanos e a
movimentação constante entre área rural e urbana, fica difícil manter um controle sobre o
déficit habitacional gerado, obrigando muitas vezes a população a executar sua habitação por
conta própria, muitas vezes casas sem nenhuma condição de habitabilidade, com técnicas
precárias e de baixa qualidade.
As péssimas condições das moradias, mostradas abaixo pela Figura 1.1, Figura
1.2 e Figura 1.3, podem favorecer o aparecimento de epidemias que se alastram com muita
facilidade entre a população mais carente, ocasionando muitas vezes crise no sistema de
saúde.

Figura 1.1 - Habitações precárias em área de risco.


Fonte: http://www.ecodebate.com.br
2

Figura 1.2 - Casas construídas em área de risco, ao lado de um esgoto a céu aberto.
Fonte: http://comitecentralpopular.blogspot.com

Figura 1.3 - Habitações executadas sem nenhum planejamento, gerando um aglomerado de casas, prejudicando o
controle de epidemias e a estética da cidade.
Fonte: http://comitecentralpopular.blogspot.com
3

É procurando solucionar esses problemas que existe uma política voltada à


habitação de interesse social, que visa à melhoria das condições dessas moradias, onde em
muitos casos, nem habitação existe. Todo cidadão tem direito a morar num lugar, que lhe
ofereça: segurança, higiene e sem abrir mão de requisitos mínimos de conforto, que respeitem
a acessibilidade e que possam suprir os anseios de seus moradores, dentro das suas
necessidades.
A função primordial da habitação é a de abrigo. Com o desenvolvimento de suas
habilidades e tecnologias, o homem passou a utilizar novos materiais disponíveis em seu
meio, tornando o abrigo cada vez mais funcional. Mesmo com toda a evolução tecnológica,
sua função primordial tem permanecido a mesma, ou seja, proteger o ser humano das
intempéries e de intrusos (ABIKO, 1995).
Habitação é um bem durável, podendo permanecer com suas funções por mais de
50 anos após a sua construção. Uma edificação por mais simples que possa parecer, requer a
utilização de recursos, sejam eles: econômicos, temporais ou sociais. No aspecto econômico,
pode-se observar o custo para a execução de uma habitação, que tem seu valor atribuído à
compra do terreno, aos projetos, a compra de material de construção, a execução da obra e a
manutenção adequada.
O termo Habitação de Interesse Social (HIS) define uma série de soluções de
moradia voltada à população de baixa renda. O termo tem prevalecido nos estudos sobre
gestão habitacional e vem sendo utilizado por várias instituições e agências, ao lado de outros
equivalentes, como apresentado abaixo (ABIKO, 1995):

- Habitação de Baixo Custo (low-costhousing): termo utilizado para designar


habitação barata sem que isto signifique necessariamente habitação para população
de baixa renda;
- Habitação para População de Baixa Renda (housing for low-incomepeople): é um
termo mais adequado que o anterior, tendo a mesma conotação que habitação de
interesse social; estes termos trazem, no entanto a necessidade de se definir a renda
máxima das famílias e indivíduos situados nesta faixa de atendimento;
- Habitação Popular: termo genérico envolvendo todas as soluções destinadas ao
atendimento de necessidades habitacionais.

A HIS não deve ser vista apenas como uma construção para uma população que
possui baixa renda, mas como um projeto que deve utilizar a tecnologia para empregar
técnicas e processos, que diminuam o custo, sem a diminuição da qualidade da construção e
que possa suprir todas as funções como qualquer outra habitação.
4

Os projetos para HIS visam não só a baixa capacidade de compra dessas pessoas,
mas também as limitações do espaço físico, sendo então necessário não só representar os
ambientes em plantas, cortes e perspectivas, mas também representar o trânsito do homem em
seu interior.
Sendo o projeto da moradia com divisão de ambientes inadequados para a
realização das funções básicas domésticas, somada ao mobiliário, que muitas vezes não está
em condições nem em dimensões adequadas para atividades simples do dia-a-dia, acaba
incentivando o futuro morador a alterar o projeto após a sua construção, através do sistema de
autoconstrução ou mutirão, pois assim, ele é responsável pela concepção e planejamento do
ambiente construído, expandindo-o ou gerando multifuncionalidades, o que dá origem aos tão
famosos “puxadinhos”.
Os mobiliários devem não atender somente as atividades a serem desenvolvidas
no interior de cada ambiente, mas também atender a diversos outros requisitos, como altura e
largura adequada, considerando as tendências e as características regionais, procurando
racionalizar o uso do produto. É interessante ainda a observação das características de
modulação, normalização, divisibilidade e o mais importante, que é a flexibilização dos
ambientes para que a família possa ampliar a construção, dentro de um projeto
preestabelecido, adequando a sua realidade futura. Já no caso da modulação, há a
oportunidade de reformar e/ou ampliar os ambientes seguindo um padrão já pré-fixado, dando
ideia de todos os insumos necessários para tais serviços, evitando-se desperdícios e baixa
produtividade, facilitando a execução da obra em etapas, e reduzindo a perda de materiais e
conseguinte geração de resíduos.
Grande parte da desproporcionalidade das dimensões usuais para a HIS está aliada
ao descaso ou desconhecimento que os responsáveis pelos projetos desta natureza têm com os
futuros moradores. Considerando que na grande maioria das vezes, o financiamento para a
construção dessas moradias é feita pelo governo, através da Caixa Econômica Federal (CEF),
na busca pela redução do déficit habitacional no país, então essas empresas estão em contato
direto com um órgão financiador e não geram nenhum vínculo com os compradores dos
imóveis. Logo, para as construtoras a redução dos custos está diretamente ligada à redução de
área, utilizando um parâmetro para estimar custo, o chamado Custo Unitário Básico (CUB),
que se baseia em critérios de tamanho, padrão de acabamento e tipo de empreendimento.
5

Por não apresentarem grandes complexidades durante as fases de planejamento e


construção, há um engessamento de projetos, sem que haja a preocupação de um estudo mais
amplo acerca de observar se a habitação da forma como foi dividida, satisfaz o desejo, ou pelo
menos consegue atingir o objetivo da maioria da população de baixa-renda.
Como nessas moradias residem quase sempre mais pessoas do que a casa tem
capacidade de atender satisfatoriamente, é interessante uma abordagem onde os ambientes se
comuniquem, mas ao mesmo tempo guardem a privacidade de cada morador, observando a
utilização de móveis necessários em cada ambiente, para um possível aumento de área.
A criação de tipologias ligadas à HIS visa trazer novas e boas alternativas,
procurando-se: a melhor técnica e/ou a melhor interpretação das técnicas definidas no termo
de referência e regulamento; o melhor preço, considerando-se o perfil de renda da população
abrangida; as condições de repetição da unidade da melhor solução encontrada; melhor prazo
de execução; a melhor solução quanto à acessibilidade universal e sustentabilidade.
Em dezembro de 2008, foi sancionada a Lei nº 11.888, que assegura às famílias de
baixa renda assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de
interesse social e altera a Lei 11.124, de 16 de junho de 2005.
A UFC, através do Escritório de Tecnologia Social (ETecS), criado em 2005 e que
tem sua sede segundo os moldes de uma moradia popular, oferece assistência técnica nos
trabalhos de projeto, acompanhamento e execução de obras a cargo dos profissionais das
áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia em serviços de construção, reforma e ampliação
de habitações de famílias com renda mensal de até 3 (três) salários mínimos, residentes em
áreas urbanas ou rurais da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Um dos problemas vivenciados pelo ETecS é o tempo excessivo gasto entre a
solicitação feita pela população e a entrega da documentação, devido ao estudo caso a caso, o
que acaba desestimulando a procura pelos serviços ofertados. A criação de tipologias para a
HIS, a partir do estudo da legislação vigente, respeitando os índices de acordo com as zonas
da cidade, tornaria um projeto aplicável a determinados bairros de Fortaleza, unindo a
racionalização dos espaços, ainda que reduzidos, mas tornando-os funcionais, sem perder a
privacidade.
Com a elaboração dessas tipologias, cada caso continuará sendo avaliado
individualmente, e observando a receptibilidade do solicitante quanto à tipologia definida pelo
6

arquiteto, junto com a equipe do ETecS, pois cada caso é específico, devendo ser avaliada a
condição do terreno, a posição em relação à rua, a orientação dos ventos, entre outros.
Quando o solicitante perceber que seu processo foi estudado e que em um breve
espaço de tempo, obteve resposta significativa, visualizando inclusive sua moradia, já que
além dos projetos e orçamentos, deverão ser gerados modelos, como maquetes, ainda que
simples, mas que possam passar a ideia de como a edificação ficará depois de executada,
acabará divulgando o Escritório para a sua comunidade, que buscará em maior número o
auxílio para a elaboração de projetos e/ou para receber orientações sobre as construções que
desejam realizar. Com a repetição dos projetos, estes poderão ser aperfeiçoados e corrigidos,
se necessário.
Haverá um estudo preliminar quanto à localização do terreno, adequando-o à
legislação vigente, levando-se em consideração os índices e taxas impostas, para que não haja
empecilhos quanto à aprovação do projeto por meio dos órgãos responsáveis.
Todo o projeto das tipologias será pensado de forma a criar a interação do homem
com a habitação, visando à privacidade e a possibilidade de utilização dos móveis necessários
à execução das atividades domésticas.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho é a elaboração de tipologias térreas dentro dos


limites econômicos e físicos para famílias que possuam renda de até três salários mínimos.

1.2.2 Objetivos específicos

Diminuição do tempo gasto nas solicitações pelo ETecS e consequente aumento


do número de atendimentos, sem abrir mão da qualidade dos projetos.
Otimização das divisões internas das tipologias, para um aumento de privacidade
para os moradores e diminuição de perdas e geração de resíduos quando houver a necessidade
de ampliação;
Utilização das técnicas mais indicadas para a nossa região, tendo atenção especial
para os telhados, a ventilação, a acessibilidade, entre outros.
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1.3 Estrutura do trabalho

Este trabalho está divido em cinco capítulos. Sendo enumerados a seguir:


Capítulo 1: É apresentada a introdução do trabalho, tratando da contextualização e
visão geral do tema, com problematização, os objetivos a serem alcançados e a estruturação
do trabalho;
Capítulo 2: Apresenta a revisão bibliográfica sobre HIS, embasada em textos de
outros autores, em leis vigentes, tanto no âmbito federal como no municipal, já que o
município base para este estudo foi a cidade de Fortaleza;
Capítulo 3: Mostra a metodologia utilizada no desenvolvimento de toda a
pesquisa, descrevendo os métodos e as ferramentas utilizadas;
Capítulo 4: São apresentados e discutidos os resultados obtidos na pesquisa;
Capítulo 5: Contempla as conclusões do trabalho, verificando se os resultados
obtidos atendem as hipóteses e objetivos apresentados, seguindo das considerações finais e
propostas para estudos posteriores.
8

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A problemática da moradia

O desafio nacional de construir habitações populares em larga escala deve-se


potencialmente devido à migração para os centros urbanos. O conhecimento adquirido ao
longo dos anos por empresas ligadas a construção e estudiosos da área, permite a elaboração
de moradias de forma rápida e de qualidade, atendendo assim ao número deficitário que o
Brasil apresenta. Porém, de nada adianta a rapidez no processo, se as moradias não servem às
funções que os seus moradores procuram, gerando assim insatisfação, ampliada pela falta de
privacidade, já que nos projetos desenvolvidos para a HIS é comum a falta de divisões
internas.
Quando o projeto não é funcional, acaba gerando conflitos dentro da própria
moradia, sejam entre as pessoas, entre pessoas e objetos e/ou equipamentos, ocasionando um
desgaste constante, onde há a necessidade de adaptação a cada nova situação, a cada rearranjo
do ambiente. A Figura 2.1 apresenta um conflito que causa desgaste diário para os usuários.

Figura 2.1 - Conflito de projeto - largura do banheiro não proporciona a abertura completa da porta onde existe
um lavatório.
9

A tipologia quando proposta deve aliar as condições econômicas às condições


sociais, avaliando as necessidades de cada grupo de indivíduos, já que a habitação demonstra
de modo figurativo a identidade do seu morador.
O interesse na criação de habitações de interesse social (HIS) surgiu na época dos
cortiços (Figura 2.2), onde os trabalhadores eram trazidos para o centro, com garantia de
emprego, e obtinham, ainda, um pequeno espaço para viver com a família e demais
trabalhadores, atendendo, pelo menos, as necessidades básicas.

Figura 2.2 - Cortiço.


Fonte: http://acertodecontas.blog.br

No final do século XIX e início do século XX as cidades começavam a apresentar


características de concentração urbana, os trabalhadores morando em cortiços devido à
expansão do mercado de trabalho e sua construção era de iniciativa privada (BONDUKI,
1998). As instalações sanitárias eram coletivas, o que propiciava a disseminação de epidemias
– doenças físicas e morais (GHAB, 1999).
No Brasil, é crescente o problema da habitação, sendo mais evidenciado na
população de baixa renda, ou seja, com renda média de até três salários mínimos. Devido a
isto, o governo brasileiro, aprovou a lei 11.888 em 2008, que assegura às famílias de baixa
10

renda, assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de


interesse social. É nesta faixa de renda que se encontram as moradias mais precárias, que
muitas vezes não estão ligadas ao sistema de saneamento, e onde muitas pessoas dividem o
mesmo cômodo da casa.
Como o valor econômico dessas moradias é elevado para a população mais
carente (devido ao valor do terreno, aos custos com todo o processo, que engloba: os projetos,
consultoria, execução, entre outros), quando se é possível a construção destas, há certa
miniaturização dos espaços, gerando desconforto e insatisfação. Além de o tempo consumido
ser elevado e o processo ser exaustivamente burocrático, fazendo com a população prefira por
conta própria executar sua habitação, levando um tempo menor, porém muitas vezes o
produto gerado não apresenta a durabilidade desejada, nem a qualidade esperada.
A falta de espaço na moradia está relacionada com a saúde da população, onde
existem relatos de: acidentes domésticos, apatias, irritabilidade constante, conflitos, entre
outros.
O desenvolvimento de uma área mínima razoável para essas moradias, com
divisões coerentes, que respeitem a privacidade e que realizem seu papel de abrigo e que
ainda garanta que a população assistida possa pagar pelo lar é um grande desafio.
A preocupação com as habitações de interesse social no Brasil vem sendo
estudada e avaliada há muito tempo. Iniciou-se com os Institutos da Aposentadoria e Pensões
– IAPs, passando pelo Banco Nacional da Habitação – BNH, pelas Companhias Habitacionais
– COHABs e Cooperativas Habitacionais – INOCOOPs, que realizavam as construções de
interesse social. Após crises em todos esses projetos e com o fechamento do Banco Nacional
de Habitação em 1986, toda a responsabilidade passou a ser da Caixa Econômica Federal -
CEF, e desde então as tipologias apresentadas para a moradia social possuem praticamente o
mesmo espaço interno, onde o valor econômico prevalece sobre o tamanho adequado para a
habitação (RIFRANO, 2006).
Quando o BNH buscou reduzir os custos da moradia para atender a população que
vinha empobrecendo, ao invés de alterar o processo de gestão e produção que encarecia o
produto final, optou por rebaixar a qualidade da construção e o tamanho da unidade,
financiando moradias cada vez menores, mais precárias e distantes dos centros. Mesmo assim,
as soluções oferecidas pelo Estado permaneciam inacessíveis à população de renda baixa que,
sem alternativas, tomou para si a construção da casa, que passou a ter uma característica
11

amadora de modo cada vez mais improvisada, em loteamentos precários e em favelas,


empreendida pelo próprio morador. Este processo determinou a formação de favelas nas
periferias de todas as cidades brasileiras e com toda a problemática social que as acompanha
(BONDUKI, 1998).
Segundo Silva (1982), a produção da habitação pode se dar de duas formas. A
primeira ocorre através de via não institucional que corresponde ao esforço isolado da família
que constrói sua própria moradia em regime de mutirão. A segunda, pela via institucional, que
é feito pelo esforço governamental através do financiamento de construções econômicas, em
projeto de habitação de massa. Dessas duas formas de construção, podem-se obter moradias
com um mínimo de habitabilidade.
Durante a elaboração dos projetos, via institucional, a decisão que prevalece é
quanto ao valor que o governo está disposto a investir e as ideias dos técnicos envolvidos, que
desenvolvem o projeto dentro dos seus escritórios, sem a participação dos usuários, que são os
mais interessados em saber se a casa responderá aos seus anseios e perspectivas. Caso, o
usuário não se agrade com a organização do projeto executado, dará inicio a uma série de
adaptações, buscando a sua identidade. Quase sempre essas pessoas não dispõem de poder
aquisitivo para a contratação de técnicos que desenvolvam as mudanças desejadas, causando
muitas vezes, grande desperdício e retrabalho (SANTOS, 2001).

2.1.1 O Projeto

Denomina-se por projeto, sob a ótica genérica, como: “... a ação de intervir
ordenadamente, mediante atos antecipatórios no meio ambiente. A ação pode manifestar-se
em produtos, edifícios, sinais, avisos publicitários, sistemas, organizações, tanto em estruturas
físicas, como em estruturas não físicas” (BONSIEPE, 1993 apud RAMOS, 2002, p.21).
O projeto deve ser visto como o meio de solucionar os problemas, gerando
intervenções práticas e que caracterizem os anseios dos usuários, buscando sempre investir
em técnicas que minimizem os prazos e os custos. É na fase de projeto que tudo é definido, a
localização, as aberturas para a circulação de ar, a busca pelo aproveitamento da iluminação
natural, entre outras. Nesta fase, também, é onde se deve ter maior atenção, já que um erro de
dimensionamento ou especificação pode onerar a obra, com possibilidade de inviabilizar a
construção, por erros, divergências, omissões, interferências.
12

Os envolvidos no projeto (arquitetos, engenheiros, projetistas, fornecedores,


prestadores de serviço, entre outros) precisam evidenciar toda a potencialidade da edificação,
facilitando a compreensão e a leitura do projeto, tendo o cuidado de realizar a
compatibilização, e procurar apresentar de forma clara ao interessado na aquisição da
habitação (RIFRANO, 2006).
Projetar é simular as alternativas possíveis para uma escolha adequada, que atenda
aos aspectos de economia, segurança, qualidade e garantia de um custo praticável, sem
esquecer-se da durabilidade e da necessidade de manutenção (preventiva e/ou corretiva). Para
que se consiga baixo custo com qualidade, é essencial que sejam padronizadas algumas
exigências legais nos mais diversos âmbitos municipais, estaduais e federais e das Normas
Técnicas. Para cada cidade, existe uma série de leis e orientações diferentes a serem seguidas
para a elaboração dos mesmos projetos, podemos citar: tamanho dos ambientes, alturas,
recuos, índices, entre outros.
Na arquitetura e urbanismo usa-se maquete para os modelos que simulam as
qualidades espaciais, volumétricas ou aparentes dos edifícios, os vazios e o construído, entre
outras. A maquete simula especialmente as questões perceptivas entre o construído e não
construído, a inserção urbana, o público e o privado, as relações entre a verticalidade e a
horizontalidade e aspectos da luz no volume projetado.
A utilização de tipologias, para diferentes abordagens, acrescenta rapidez ao
conhecimento prévio do “uso” a ser desenvolvido em uma proposta arquitetônica. A análise
do desenho, de suas relações internas e externas revela conhecimentos diversos sobre as
formas de apropriação social e tecnológica dos espaços e sobre as hierarquias e relações de
seus componentes, bem como orientações de determinada cultura, na época estudada.

2.2 Legislação para HIS

No Brasil a política para Habitação, principalmente a de HIS, tem sido


desenvolvida ao longo dos anos e foram criados alguns órgãos e secretarias responsáveis pelo
assunto, todos subordinados ao Ministério das Cidades.
Em 2004, com o acontecimento de diversos seminários pelo país foi elaborada
uma Política Nacional de Habitação, com o objetivo de retomar o processo de planejamento
do setor habitacional e garantir novas condições institucionais para promover o acesso à
13

moradia digna a todos os segmentos da população. E já em 2005, foi criado o Sistema


Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS), instituído pela Lei Federal nº 11.124 de
16 de junho de 2005, que veio para implementar políticas e programas que possibilitassem o
acesso a pessoas de baixa renda, diminuindo assim o déficit habitacional do País. É dentro
deste Sistema que se encontram todos os programas e projetos destinados a HIS. Esta mesma
lei, instituiu o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), que centraliza os
recursos orçamentários dos programas de Urbanização de Assentamentos Subnormais e de
HIS (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2006).
A Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades coordenou a
elaboração do Plano Nacional de Habitação - PlanHab, um dos mais importantes instrumentos
para a implementação da nova Política Nacional de Habitação - PNH, previsto na Lei
11.124/05, que estruturou o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social - SNHIS.
O processo participativo foi um dos pilares constitutivos do PlanHab. Ao longo de
sua elaboração, a Secretaria Nacional de Habitação buscou consolidar um amplo pacto
nacional para a garantia do direito a moradia digna. Foram organizados diversos debates
regionais e setoriais, envolvendo especialmente o acompanhamento direto dos representantes
do Conselho das Cidades e do Conselho Gestor do Fundo Nacional de Habitação de Interesse
Social - CGFNHIS. Essas diversas instâncias de participação foram importantes espaços de
interlocução política, proposição e deliberação (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2006).
Após a finalização da consultoria do Consórcio PlanHab, formado para a
elaboração do plano, um conjunto de mudanças no cenário nacional impactou diretamente o
setor habitacional. As mudanças estruturais observadas no cenário macroeconômico
brasileiro, tais como a melhoria de renda da população, as recentes ações implementadas pelo
Governo Federal para mitigar os efeitos da crise financeira internacional na economia
doméstica e a elevação expressiva do volume de crédito e dos investimentos no setor
habitacional desenharam um cenário propício para garantir o sucesso de uma política
habitacional de longo prazo, especialmente voltada para a baixa renda.
Nesse sentido, o PlanHab é parte de um processo de planejamento de longo prazo
para o setor habitacional, que pressupõe revisões periódicas e articulação com outros
instrumentos de planejamento orçamentário-financeiro do Governo Federal, como os planos
plurianuais, permitindo que suas metas de produção física e de avanços institucionais possam
14

estar associadas ao planejamento dos recursos necessários para sua cobertura e tendo o ano de
2023 como horizonte final para a elaboração de estratégias e de propostas.
Com ele se pretende implementar um conjunto de ações capazes de construir um
caminho que permita avançar no sentido de atingir o principal objetivo da PNH: universalizar
o acesso à moradia digna para todo cidadão brasileiro (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2006).

2.2.1 O Conceito de “renda disponível”

Quando se fala em renda familiar, é feito o somatório da renda de todas as pessoas


que vivem na mesma residência, sendo este valor a referência para as análises de créditos e
financiamentos.
Outros países, como Estados Unidos e Inglaterra, já estão propondo a mudança do
termo renda familiar para renda disponível, onde para este novo cálculo seria descontado o
montante usado para a compra de alimentos, facilitando assim a divisão em outros grupos,
tornando mensurável a renda real disponível das famílias para o investimento em moradia.
Para calcular as despesas com alimentação das famílias tomam-se por base as
estimativas produzidas anualmente pelo Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS).
O IETS calcula anualmente, para as regiões metropolitanas brasileiras e alguns estados, o
custo de uma cesta básica de produtos alimentícios que possa contemplar as necessidades
calóricas mínimas de um indivíduo adulto do sexo masculino. Considera-se que as famílias
que não têm renda suficiente para adquirir uma cesta de consumo alimentar mínimo para cada
um dos seus membros situam-se abaixo da chamada “linha de indigência”, indicador de
privação absoluta.
Essas cestas (Figura 2.3) englobam, assim, um conjunto de alimentos escolhidos
de acordo com as preferências alimentares locais e quantificados a partir do consumo
observado de cada item pelas famílias. Tanto a seleção dos itens que compõem a cesta quanto
o peso de cada um dentro dela são estimados a partir da Pesquisa de Orçamento Familiar
(POF), realizada quinquenalmente pelo IBGE e que observa a estrutura de gastos das famílias
ao longo de um dado período de tempo.
15

Figura 2.3 - Cesta básica.


Fonte: http://www.meionorte.com

Desta forma, dispondo da estrutura de consumo de alimentos em cada região


brasileira, da quantidade de alimentos de cada tipo consumido, e dos preços atualizados dos
alimentos, o IETS calcula anualmente o valor da cesta de indigência para diversas áreas
geográficas brasileiras.

2.2.2 Lei 11.888/2008

A lei 11.888/2008 assegura às famílias de baixa renda assistência técnica pública e


gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social e altera a Lei nº 11.124
(de 16/06/2005).
Além de assegurar o direito à moradia, visa também:
Garantir assistência técnica;
Aperfeiçoar e qualificar o uso do aproveitamento racional do espaço
edificado e de seu entorno, bem como dos recursos humanos, técnicos e
econômicos empregados no projeto e na construção da habitação;
16

Formalizar o processo de edificação, reforma ou ampliação da habitação


perante o poder público municipal e outros órgãos públicos;
Evitar a ocupação de áreas de risco e de interesse ambiental; e propiciar e
qualificar a ocupação do sítio urbano em consonância com a legislação
urbanística e ambiental.
O artigo 3º desta lei assegura ainda o apoio financeiro da União aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios para a execução de serviços permanentes e gratuitos de
assistência técnica nas áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia.

2.3 Legislação de Fortaleza

O Código de Obras e Posturas/1981 (COP) dispõe sobre a execução de obras


públicas ou particulares, dentro do Município de Fortaleza, alertando sobre as medidas de
polícia administrativa de competência do município, abrange o respeito à ordem pública,
higiene, instalação e funcionamento de equipamentos e atividades, visando assegurar as
condições adequadas às atividades básicas do homem como habitação, circulação, recreação e
trabalho, melhorar o meio ambiente, garantindo condições mínimas de conforto, higiene,
segurança e bem estar públicos, nas edificações ou quaisquer obras e instalações dentro do
município, refere-se ainda a posturas urbanas e as exigências aplicáveis a obras em geral,
complementando a Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) (PREFEITURA DE
FORTALEZA, 1996).
A LUOS foi criada para regular o uso e a ocupação do solo no tecido urbano da
cidade, definindo diretrizes e normas relativas ao sistema viário e a relação deste com o uso
do solo urbano, projetando as futuras expansões através das diretrizes gerais e setoriais de
desenvolvimento e de crescimento do Município, tentando evitar a concentração em apenas
uma área da cidade de determinadas atividades, procurando implantá-las em áreas pouco
exploradas.
Esta Lei dispõe sobre a divisão do Município em Microzonas de Densidade e
Zonas Especiais, regula o uso e a ocupação do solo considerando as características de cada
zona, como também a classificação viária, tendo em vista os seguintes objetivos
(PREFEITURA DE FORTALEZA, 1996):
17

I - a ordenação das funções da cidade através da utilização racional do território,


dos recursos naturais, e do uso dos sistemas viário e de transporte, quando do parcelamento do
solo, da implantação e do funcionamento das atividades industriais, comerciais, residenciais e
de serviços;
II - a preservação e a proteção do ambiente natural e cultural;
III - a racionalização do uso da infraestrutura instalada, inclusive sistema viário e
transportes, evitando sua sobrecarga ou ociosidade;
IV - a compatibilidade da densidade das atividades urbanas com as condições
naturais, bem como com a infraestrutura instalada e projetada;
V - a intensificação do processo de ocupação do solo, à medida que houver
ampliação da capacidade da infraestrutura preservando-se a qualidade de vida da coletividade;
VI - a compatibilidade do uso do solo à função da via garantindo a segurança, a
fluidez, a circulação, o conforto e as restrições físico-operacionais da mesma;
VII - o atendimento à função social da propriedade imobiliária urbana,
preconizado na Constituição Federal;
VIII - o incentivo para as áreas com concentração e com tendência à concentração
de atividades, possibilitando o desenvolvimento de núcleos alternativos aos existentes, através
da aplicação dos instrumentos urbanísticos e fiscais.

2.4 Desenho universal para HIS

Desenho Universal tem por premissa o pensamento do espaço quanto a sua


acessibilidade, não excluindo nenhum tipo de limitação do ser humano. De acordo com o
Manual: Desenho Universal, Habitação de Interesse Social, publicação da Prefeitura de São
Paulo em 2010, a área interna do imóvel e seus acessos devem apresentar dimensões
adequadas, conforto, segurança e bem estar. Para isso, o projeto deverá prever vãos de portas
e corredores com larguras adequadas (Figura 2.4), correta solução de portas, facilidade de
manobra e de acesso às janelas, soluções de ventilação, intercomunicação entre os ambientes,
revestimentos antiderrapantes, louças sanitárias em alturas acessíveis a todos os usuários,
presença de desníveis acentuados ou inclinações inadequadas, entre outros itens.
Todos os critérios e parâmetros técnicos a serem observados, se encontram na
NBR 9050:2004 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos.
18

Figura 2.4 - Referências para o desenho universal.


Fonte: http://www.tecnologiaoutonal.com.br

2.5 Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV)

O Programa Habitacional Federal MCMV, lançado em 2009, tem como objetivo


atender as necessidades de habitação da população de baixa renda nas áreas urbanas,
garantindo o acesso à moradia digna com padrões mínimos de sustentabilidade, segurança e
habitabilidade. O programa funciona por meio da concessão de financiamentos a beneficiários
organizados de forma associativa por uma entidade organizadora e com recursos provenientes
do Orçamento Geral da União – OGU, aportados ao Fundo de Desenvolvimento Social – FDS
(CARTILHA DO PROGRAMA MCMV, 2009).
Em 16 de junho de 2011, foi lançada a segunda fase do Programa MCMV, do
Governo Federal, que visa à construção de dois milhões de habitações até 2014. Um dos
19

pontos aguardados e alterados foi à revisão do preço máximo para HIS, porém o valor
definido ainda não é uma questão de discussão entre governo e empreiteiras.
A faixa de renda dos beneficiários do Programa foi alterada, podendo ser
visualizada no Quadro 2.1:

Quadro 2.1- Faixa de renda dos beneficiários do PMCMV I e II.


MEIO URBANO MEIO RURAL
FAIXAS RENDA MENSAL RENDA ANUAL
MCMV I MCMV II MCMV I MCMV II
1
(0 A 3 SALÁRIOS Até R$ 1.395,00 Até R$ 1.600,00 Até R$ 10.000,00 Até R$ 15.000,00
MÍNIMOS)
2 Até R$ 2.790,00 Até R$ 3.100,00 Até R$ 22.000,00 Até R$ 30.00,00
3 Até R$ 4.650,00 Até R$ 5.000,00 Até R$ 55.800,00 Até R$ 60.000,00
Fonte: Ministério das Cidades.

Na primeira fase do programa, o número de unidades destinadas às famílias de até


três salários representava 40% do total. Nesta nova etapa, a faixa 1 (de 0 a 3 salários mínimos)
foi privilegiada e receberá 60% da meta - 1,2 milhão de moradias.
Outras mudanças ocorreram nas especificações, destacadas no Quadro 2.2.

Quadro 2.2 - Comparação entre áreas e especificações do PMCMV I e PMCMV II

ITENS COMO ERA NO MCMV I COMO FICOU NO MCMV II


CASA: 35,00 m² CASA: 39,60 m²
TAMANHO MÍNIMO
APARTAMENTO: 42,00m² APARTAMENTO: 45,50m²

MOTIVO DO AUMENTO DE ÁREA: MELHORIA DE ACESSIBILIDADE

PISO CERÂMICO NO BANHEIRO, PISO CERÂMICO EM TODOS OS


COZINHA E ÁREA DE SERVIÇO. AMBIENTES

AZULEJO NAS PAREDES DAS AZULEJO EM TODAS AS PAREDES DA


ÁREAS MOLHADAS COZINHA E BANHEIRO

ESPECIFICAÇÕES AQUECEDOR SOLAR EM 40 MIL AQUECEDOR SOLAR EM TODAS AS


UNIDADES CASAS

TODAS AS PORTAS COM 0,80m E


LIMITE MÍNIMO APENAS PARA JANELAS MAIORES PARA MELHORIA
PORTAS EXTERNAS (0,80m) DAS CONDIÇÕES DE ILUMINAÇÃO E
VENTILAÇÃO
Fonte: Ministério das Cidades.

Os projetos devem seguir a orientação da NBR 15575:2008 – Edifícios


habitacionais de até 5 pavimentos – Desempenho, que tem seu foco na funcionalidade da
construção, definindo o desempenho mínimo obrigatório para alguns sistemas das edificações
ao longo de sua vida útil, com requisitos qualitativos e critérios quantitativos.
20

3 METODOLOGIA

O início do trabalho foi composto por pesquisa bibliográfica, presente em livros e


acervos digitais disponibilizados em sites de pesquisa e orientação sobre a HIS e de ideias já
iniciadas durante o ano de 2010 no ETecS, que já vinha estudando e procurando elaborar um
projeto básico para a implantação de tipologias que pudessem ser utilizadas durante os
trabalhos desenvolvidos pelo escritório, visando à diminuição do tempo entre o atendimento
da população que o procura, buscando o projeto e a construção de novas moradias, e as bases
da Lei 11.888 de 2008, que assegura assistência técnica gratuita para construção de novas
moradias à população de baixa renda, que ganha até três salários mínimos.
Para que o projeto tivesse uma consistência maior, foi definido inicialmente que
se trabalharia no município de Fortaleza, limitando a pesquisa à legislação municipal, já que
cada cidade possui legislação própria para a ocupação e parcelamento do solo.
Com o estudo bibliográfico e os dados obtidos na legislação, composta entre
outros por Código de Obras e Posturas (COP) e Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), foi
possível definir algumas premissas para o início da pesquisa, sendo então observados os
seguintes pontos presentes na legislação.
Quanto ao COP de Fortaleza, que dá definições, observações e limites para as
construções dentro do Município:
a) As edificações residenciais unifamiliares correspondem a uma unidade por edificação;
b) Toda habitação unifamiliar deverá contar com ambientes para repouso, alimentação,
serviço e higiene;
c) É considerada casa popular a edificação destinada à residência cuja área construída
não ultrapasse 80,00m2 (oitenta metros quadrados), e que não possua laje de forro;
d) As casas populares devem conter, no mínimo: cozinha, banheiro, quarto e sala;
e) As edificações de HIS deverão ter dimensões e áreas mínimas dos ambientes e
condições de ventilação, iluminação e insolação de acordo com o
f) Quadro 3.1, que está presente na Lei por meio de anexo;
21

Quadro 3.1 - Valores adotados para HIS.

ÁREA PROFUNDI-
CÍRCULO ILUM. VENT. PÉ DIREITO
MÍNIMA DADE
INSCRITO (m) MÍNIMA MÍNIMA MÍNIMO (m)
(m2) MÁXIMA
SALA DE 3 VEZES O PÉ
2,50 10,00 1/6 1/12 2,50
ESTAR DIREITO
SALA DE
1,80 5,00 1/6 1/12 2,50 -
JANTAR
COPA 1,80 4,00 1/6 1/12 2,50 -
COZINHA 1,80 4,00 1/6 1/12 2,50 -
1º E 2º
2,50 7,50 1/6 1/12 2,50 -
QUARTOS
DEMAIS
2,00 5,00 1/6 1/12 2,50 -
QUARTOS
BANHEIRO 1,00 1,50 1/8 1/15 2,20 -
CORREDOR 0,80 - - - 2,30 -
Fonte: Código de Obras e Posturas do Município de Fortaleza / 1981.

Quanto a Lei de Uso e Ocupação do Solo de Fortaleza, foi possível a identificação


dos índices por bairros, a determinação dos recuos necessários (ambos apresentados no Anexo
F e Anexo G). Atentando a observação 17, desta lei, que deixa claro que é permitido encostar-
se às laterais do terreno, sendo respeitados os recuos de frente e de fundo, a taxa de ocupação,
o índice de aproveitamento, a taxa de permeabilidade da zona e as condições mínimas de
ventilação e iluminação dos compartimentos, foi possível definir a posição da tipologia dentro
do terreno.
A Tabela 3.1 apresenta os dados extraídos da legislação:

Tabela 3.1- Valores dos índices praticados nos bairros onde as tipologias poderão ser adotadas.

RESUMO DOS DADOS OBTIDOS NA LUOS


ÍNDICES UND. VALOR ADOTADO
TAXA DE PERMEABILIDADE % 40,00
TAXA DE OCUPAÇÃO % 45,00
FRAÇÃO DO LOTE - 100,00
ÍNDICE DE APROVEITAMENTO - 1,00
ALTURA MÁXIMA m 48,00
DIMENSÕES DO LOTE
TESTADA m 5,00
PROFUNDIDADE m 25,00
ÁREA m² 125,00
RECUOS
RECUO DE FRENTE (FT) m 4,00
RECUO LATERAL (FL) m 1,50
RECUO DE FUNDO (FD) m 3,00
22

De posse desses dados, verificaram-se quais bairros de Fortaleza possuíam os


índices coincidentes. Dos 116 bairros, foi constatado que apenas 13 bairros poderiam ser
trabalhados com a mesma tipologia, são eles:
Da Macrozona Urbanizada:
• Antônio Bezerra;
• Padre Andrade;
• Vicente Pinzon;
• Parangaba;
• Manuel Sátiro;
• Dionísio Torres;
• São João do Tauape;
• Barra do Ceará;
• Álvaro Weyne;
• Henrique Jorge;
• João XXIII.
Da Macrozona Adensável:
• Messejana;
• Parque Iracema.
Após a definição de todos os índices, chegaram-se as áreas apresentadas na Tabela
3.2.

Tabela 3.2 - Relação das áreas com a influência dos índices.

RESUMO DAS ÁREAS


ÁREA DO TERRENO (5,00 X 25,00)m m² 125,00
ÁREA COM RECUOS (FT E FD) m² 90,00
ÁREA PERMEÁVEL (40%) m² 50,00
ÁREA DA TAXA DE OCUPAÇÃO (45%) m² 56,25
ÁREA LIVRE PARA EDIFICAR m² 56,25

Com todos esses dados definidos, os responsáveis pelos projetos arquitetônicos do


ETecS, elaboraram os projetos apresentados em anexo, sendo eles em 3 tipologias (terrenos
com testada de 3,0m, 4,0m e 5,0m), já que a realidade de grande parte da população de baixa
renda, é a aquisição de terreno com dimensões reduzidas. Para as tipologias de 3,0m e 4,0m,
foram elaboradas duas versões, uma com um dormitório e outra com dois dormitórios, para
23

atender a necessidade da família ocupante da habitação de uma futura ampliação. Para a


tipologia de 5,0m, foi elaborada apenas uma versão, com três dormitórios.
A ideia inicial é que a família inicie a construção pela moradia mais simples e
com menor custo que é aqui representada pela tipologia de um dormitório, e quando houver a
necessidade ou oportunidade financeira para a execução da ampliação da moradia, não haja
“quebra-quebra” exagerado, causando desperdício de bens e geração de resíduos durante a
obra. É ainda apresentado no Anexo E, as dimensões dos equipamentos utilizados no interior
da edificação para que não haja a perca da mobilidade em seus ambientes e que as atividades
não sejam prejudicadas.
Após a elaboração dos projetos arquitetônicos, foram elaborados os projetos
complementares, que são: projeto estrutural, projeto de instalações hidrossanitárias e
instalações elétricas.
O projeto de estrutura baseou-se na NBR 6118 – Projeto de Estruturas de
Concreto e NBR 6120 – Cargas para o Cálculo de Estruturas de Edificações. Foram
considerados pilares em concreto estrutural em pontos estratégicos (contorno da edificação e
local que abrigará a caixa d'água), as alvenarias serão assentadas sobre alvenaria de pedra e
sobre o banheiro deverá ser executada uma laje para a sustentação da caixa d'água. As
alvenarias principais, que receberão cargas maiores, deverão ser “amarradas” por meio de
viga.
Os projetos de Instalações (Hidrossanitárias e Elétricas) foram desenvolvidos a
partir da compatibilização dos demais projetos, sendo observada a quantidade de moradores e
a observância ao exposto no Anexo D.
As especificações básicas para as tipologias foram retiradas da Cartilha do
Programa MCMV 2, publicada em 16 de junho de 2011 e com consulta ao caderno do
Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon/CE) para a orientação quanto
a descrição dos serviços, previstos no Memorial Descritivo de 2009.
Ao final, foi gerado em desenho em 3D, um esquema básico para facilitar a
visualização de pessoas leigas em projetos, para a maior clareza durante a apresentação das
tipologias, quanto à distribuição dos ambientes e os equipamentos possíveis para a utilização
na edificação.
Cada tipologia foi orçada e os orçamentos encontram-se nos Anexos: A, B e C,
para a real comparação entre os custos de cada uma e futura comparação com as tipologias
24

existentes no mercado, além de apresentar ao futuro proprietário quanto será necessário para
que a sua casa seja construída. A tabela base utilizada para o conhecimento dos custos, foi a
tabela SINAPI / CEF de Out/2011(representada apenas por números), SEINFRA Jul/2011
V17A (representada pela inicial com letra C) e Maracanaú Jul/2011 (representada pela inicial
com letra M). Todos os valores utilizados não tem incidência de BDI.
25

4 RESULTADOS

Ao final deste trabalho, foi possível a montagem de kits, contendo tipologias e


seus respectivos documentos complementares. Cada Kit possui: projeto arquitetônico, projeto
estrutural, projeto de instalações hidrossanitárias, projeto de instalações elétricas, memorial
descritivo, orçamento e desenho em três dimensões.
Foram nomeadas da seguinte forma:
4.1 Tipologia com frente de 3,00m
Tipologia 03/01 – área de 31,50m² (01 dormitório)
Tipologia 03/02 – área de 40,80m² (02 dormitórios)
4.2 Tipologia com frente de 4,00m
Tipologia 04/01 – área de 43,00m² (01 dormitório)
Tipologia 04/02 – área de 55,60m² (02 dormitórios)
4.3 Tipologia com frente de 5,00m
Tipologia 05/01 – área de 48,00m² (03 dormitórios)
As tipologias são apresentadas nos anexos A, B e C deste trabalho.
O projeto arquitetônico foi elaborado através das áreas já estabelecidas na Tabela
3.2, mas deve-se observar que o lote mínimo tem as dimensões: 5,00 x 25,00m, e das
tipologias apresentadas, apenas a Tipologia 05/01 atende a este requisito. Para as referências
apresentadas no Quadro 3.1, foi possível identificar a não conformidade com relação as
circunferências que devem ser inscritas em cada ambiente, por se tratar de uma área reduzida,
sendo necessária ainda a redução da espessura da alvenaria para 0,10m (alvenaria acabada)
para não haver mais perda de espaço no interior da edificação, prejudicando principalmente a
circulação. Para a tipologia de 04/01 e 04/02, as áreas necessárias foram atendidas, porém a
circulação ainda permanece com 0,70m e o ideal seria deixar uma distância de 0,80m, para
não prejudicar a mobilidade dos moradores e uma possível mudança ou transporte de
materiais e equipamentos. O projeto desta tipologia é muito semelhante a anterior, a principal
mudança é o ganho de área em todos os ambientes e a dimensão das janelas que fazem a
ligação do fosso com os dormitórios, melhorando a ventilação.
A Tipologia 05/01, atende aos requisitos de projeto, sendo adequada ao terreno
adotado, respeitando seus índices e limites da LUOS e da COP. Esta possui um número
26

superior de dormitórios, num total de 3, o que possibilita a morada de uma família em maior
número de componentes.
Como a legislação permitiu a união da edificação ao limite lateral do terreno
(Observação 17, do Anexo 8.1 da LUOS), não foi possível a abertura de janelas para as
laterais, adotando assim um fosso como solução para a ventilação dos banheiros e dos
dormitórios. O ar entra no fosso por cobogós na parte mais alta da edificação e chega aos
ambientes pelas janelas existentes.
No Anexo D, é apresentado um Memorial Descritivo da execução dos serviços,
retirado do guia do Sinduscon/Ce.
Uma lista com equipamentos previstos e especificações de revestimentos e pisos
para HIS é apresentada no Anexo D, retirado do Programa MCMV.
A coberta conta com uma inclinação de 25%, inclinação usual na nossa região.
A verificação da iluminação e da ventilação mínima para as tipologias, não foi
possível devido ao não conhecimento da localização exata da moradia, já que para esse estudo
é necessário além das dimensões das aberturas, estudo de fatores quanto a fontes naturais,
orientação da fachada, espaço físico e destinação do ambiente, além de decidir sobre a
iluminação/ventilação natural ou artificial, caso haja necessidade de melhorar as condições do
ambiente. Logo, essa verificação deverá ser feita para cada situação.
A partir do projeto arquitetônico foi gerado um desenho em três dimensões,
colaborando para a melhor visualização de leigos em leitura de projetos.
O orçamento obtido refere-se a uma tipologia a ser aplicada em terreno plano,
onde não há grande movimentação de terra, logo cada tipologia deverá ser adequada ao
terreno a ser implantada, bem como seu orçamento deverá ser atualizado levando em conta as
mudanças ocorridas.
Os orçamentos encontram-se no Anexo A, B e C, e é apresentado um resumo no
Quadro 4.1, dos custos das Tipologias:

Quadro 4.1 - Resumo dos orçamentos e relação de custo/m2.

TIPOLOGIA ÁREA (m²) CUSTO (R$) R$ / m²


03/01 31,50 30.390,41 964,77
03/02 40,80 37.398,14 916,62
DIFERENÇA 7.007,73 -
04/01 43,00 34.256,05 796,65
04/02 55,60 43.066,65 774,58
DIFERENÇA 8.810,60 -
05/01 48,00 39.009,85 812,71
27

As tipologias atenderam aos valores defendidos pelo governo, apresentados no


Quadro 4.2, e ainda como forma de obter uma relação de mercado, é possível comparar o
custo/m² com o CUB praticado no Ceará (extraído do endereço eletrônico do Sinduscon/Ce),
apresentado no Quadro 4.3.

Quadro 4.2 - Orientação de valores para HIS (1 a 3 salários mínimos) por estado.

Fonte: Ministério das Cidades.

Quadro 4.3 - Comparação do custo/m2 das tipologias e o CUB utilizado no Ceará.


CUB (CE) - OUT /
TIPOLOGIA CUSTO (R$) R$ / m² DIFERENÇA
2011
03/01 30.390,41 R$ 964,77 R$ 182,84
03/02 37.398,14 R$ 916,62 R$ 134,69
04/01 34.256,05 R$ 796,65 R$ 781,93 R$ 14,72
04/02 43.066,65 R$ 774,58 R$ - 7,35
05/01 39.009,85 R$ 812,71 R$ 30,78
28

Pode-se perceber que os custos das tipologias quando comparadas com o CUB,
mostra que apenas a Tipologia 04/02 está abaixo do valor adotado para este parâmetro.
Grande parte do orçamento, cerca de 20% do custo total, foi destinado aos serviços de
Fundações e Estruturas, pelo fato de se ter projeto uma estrutura em concreto armado para a
edificação. Podendo este item ser um dos serviços a serem analisados e adequados a real
solicitação de uma edificação de configuração térrea, colaborando com a diminuição dos
custos e a possibilitando o acesso de mais pessoas a uma moradia digna e que se adeque ao
orçamento familiar.
Com a elaboração destes kits, é previsível a diminuição do tempo gasto pelos
técnicos do ETecS na elaboração de projetos desta natureza, desde que o terreno apresentado
seja pertencente a um bairro que esteja sugerido neste trabalho, servindo inclusive de
divulgação entre a população de interesse do Escritório e fazendo com que a Lei 11.888 de
2008, possa ter um grande colaborador para diminuir a falta de moradia digna do país.
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5 CONCLUSÕES

Com a apresentação dos kits com as tipologias para HIS, em dimensões de testada
diferentes, a abrangência de famílias a serem beneficiadas poderá ocorrer em maior número,
já que o ETecS conseguirá atender a uma quantidade maior de solicitações em menor tempo,
e sem a necessidade de elaborar um novo projeto caso o morador deseje aumentar a habitação,
pois já é proposta uma ampliação para as tipologias 03/01 e 04/01. Essas tipologias mostram
um estudo de espaço que seja pensado para pessoas que não possuem um alto poder aquisitivo
sem abrir mão da privacidade e de uma divisão coerente, tentando aproveitar o máximo do
custo benefício.
É necessário que estes projetos sejam postos em prática para avaliar se há
aceitação por parte do público alvo do Escritório, ou seja, se os possíveis bairros candidatos a
receberam as tipologias possuem alguma demanda. É ainda interessante o acompanhamento
da construção dessas tipologias e ao final realizar a Avaliação Pós-Ocupação, obtenção
críticas e sugestões para a melhoria e correção de aspectos relacionados aos projetos.
Deverá ser feita uma avaliação contínua e atualização sempre que necessário, já
que as legislações utilizadas como base para este estudo são de 15, 30 anos atrás.
É de fundamental importância, este serviço prestado pelo Escritório, tanto pela
ajuda que a população recebe, o que colabora para a diminuição do déficit habitacional de
Fortaleza, como também pela vantajosa experiência dada aos alunos de Arquitetura e
Engenharias, que começa a trabalhar com um tema relevante a profissão, mas que é tão
esquecido por meio da sociedade, que é a HIS.
Para os futuros trabalhos, seguem algumas sugestões para complementação deste:
Comparação entre projetos e orçamentos do ETecS e os apresentados no mercado
de Fortaleza, bem como um estudo para melhorar técnicas, materiais e revestimentos
empregados;
Obtenção do histórico das construções de algumas tipologias, verificando as
mudanças feitas pelos moradores e se em alguma houve a ampliação sugerida, elaborando
estudo pós-ocupação, quando houver um número considerável de tipologias executadas;
Verificar a quantidade de projetos atendidos pelo ETecS, antes e depois da
elaboração das tipologias, já que um dos objetivos era reduzir o tempo gasto entre todo o
processo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIKO, A. K. “Introdução à gestão habitacional”, São Paulo, EPUSP, 1995 (Texto


Técnico da Escola Politénica da USP, Departamento de Engenharia de Construção Civil,
TT/PCC/12)

BONDUKI, N. Origens da habitação social no Brasil: arquitetura moderna, lei do


inquilinato e difusão da casa própria. São Paulo: FAPESP, 1998.

BRASIL: Cartilha do Programa do Governo Federal Minha Casa Minha Vida. 2009.

BRASIL. Lei nº 11.888 de 24 de dezembro de 2008. Assegura às famílias de baixa renda


assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de
interesse social e altera a Lei 11.124, de 16 de junho de 2005. – Brasília, 24 de dezembro de
2008; 187o da Independência e 120o da República.

FORTALEZA: Lei nº 5530, de 17 de dezembro 1981. Dispõe sobre o código de obras e


posturas do município de fortaleza e da outras providências. – Fortaleza, 17 de dezembro
de 1981;

FORTALEZA: Lei nº 7987 de 23 de dezembro de 1996, consolidada. Dispõe sobre o uso e a


ocupação do solo no município de fortaleza, e adota outras providências. – Fortaleza, 23
de dezembro de 1996;

GHAB. Recomendações e alternativas para novos projetos de habitação popular a partir


da avaliação das interações entre usuários e moradia. Florianópolis: UFSC / FINEP, 1999.

Habitação. Disponível em: <http://habitare.infohab.org.br>. Acesso em: 15 de abril de 2011.

Habitação. Disponível em: < http://www.cidades.gov.br>. Acesso em 20 de maio de 2011.

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moradia social/Luiz Rifrano. – São Paulo: Ensino Profissional, 2006. 161p.

MALARD, M. L. Os objetos do quotidiano e a ambiência. Anais do 2º Encontro de


conforto no ambiente construído. Florianópolis, 1993.
______. Avaliação Pós-Ocupação, participação de usuários e melhoria da qualidade dos
projetos habitacionais: uma abordagem fenomenológica com apoio do Estúdio Virtual
de Arquitetura – EVA. Belo Horizonte: UFMG / FINEP, 2002.

MOORE, C.; ALLEN, G.; LYNDON, D. A Casa: forma y diseño. Barcelona: Gustavo Gili,
1985.

RAMOS NETO, A. C. Incorporação Imobiliária: roteiro para avaliação de projetos.


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31

RIFRANO, L. Avaliação de projetos habitacionais: determinando a funcionalidade da


moradia social. 2. ed. São Paulo: Ensino Profissional Editora, 2006. 161p.

SÃO PAULO: Cartilha: Diretrizes do desenho universal na habitação de interesse social


no estado de São Paulo. 2010.

SANTOS. V. Modelo de Avaliação de Projetos - Enfoque Cognitivo e Ergonômico.


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Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina.

SILVA, E. Geometria funcional dos espaços da habitação: contribuição ao estudo da


problemática da habitação de interesse social. Porto Alegre: Ed. da Universidade, 1982.

SINDUSCON. Memorial Descritivo. Fortaleza, julho de 2009.


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GLOSSÁRIO

I – Acessibilidade significa não apenas permitir que pessoas com deficiências ou mobilidade
reduzida participem de atividades que incluem o uso de produtos, serviços e informação, mas
a inclusão e extensão do uso destes por todas as parcelas presentes em uma
determinada população;

II – Altura Máxima da Edificação é a distância vertical tomada em meio da fachada,


e o ponto mais alto da cobertura, incluindo as construções auxiliares, situadas acima do teto
do último pavimento (caixa d'água, casas de máquinas, halls de escadas) e os elementos de
composição da referida fachada (platibandas e frontões), observando-se:

a) relativamente ao afastamento das construções quanto ao alinhamento com o logradouro


-público, a altura será contada a partir da cota altimétrica do passeio, no plano da fachada,
coincidindo com o centro da mesma;

b) relativamente ao afastamento das construções, quanto às divisas laterais e de fundos, a


altura será contada a partir da cota altimétrica do terreno que coincidir com o centro da
fachada correspondente;

III – Compatibilização é definida como atributo do projeto, cujos componentes dos sistemas,
ocupam espaços que não conflitam entre si;

IV – Cortiço é um aglomerado de casas que serve de habitação coletiva para a população


pobre;

V – Desenho Universal visa democratizar, facilitar, simplificar o uso e promover segurança


nos espaços privativos dos imóveis e das áreas de uso comum, inclusive no acesso às vias
públicas e aos equipamentos urbanos, obedecendo a parâmetros que levam à criação de uma
moradia para atender as expectativas e necessidades de todos os públicos;

VI – Fração do Lote é o índice utilizado para o cálculo do número máximo de unidades


destinadas à habitação ou ao comércio e serviço do lote;

VII – Habitabilidade é um conjunto de condições que um lugar ou habitação (casa,


apartamento, loja, indústria, outras.) possui que o tornam habitável;

VIII – Índice de Aproveitamento é o quociente entre a área parcial de todos os pavimentos e a


área total do terreno;

IX – Macrozona Adensável constitui a área do município atendida em parte pelo sistema de


abastecimento d'água, sem sistema de coleta de esgoto, onde se verifica uma tendência de
expansão das atividades urbanas, possibilitando o ordenamento e direcionamento da
implantação da infraestrutura sem prejuízo da ocupação existente;

X – Macrozona Urbanizada constitui a área do município atendida integralmente pela rede de


abastecimento d'água e parcialmente pela rede de esgoto, inclusive as expansões projetadas,
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onde se verifica a maior concentração da população e das atividades urbanas com as melhores
condições de infraestrutura;

XI – Manutenção Corretiva trata-se de uma manutenção não periódica que variavelmente


poderá ocorrer, a mesma possui suas causas em falhas e erros, que equipamentos dispõem
nesta instância, trata da correção dos danos atuais e não iminentes;

XII – Manutenção Preventiva é uma manutenção planejada que previne a ocorrência


corretiva;

XIII – Maquete é uma representação em escala de grandes estruturas, objetos, edifícios, entre
outros;

XIV – Modulação pode ser entendida como a relação de grandezas e de objetos distintos que
devem ser unidos, causando mínimos ajustes ou modificações;

XV – Profundidade é a distância média entre a frente e o fundo do lote;

XVI – Recuos é a área de terreno não edificável, compreendida entre as divisas do terreno e
os alinhamentos dos recuos.

XVII – Taxa de Permeabilidade é a relação entre a parte do lote ou gleba que permite a
infiltração de água, permanecendo totalmente livre de qualquer edificação e a área total dos
mesmos;

XVIII – Taxa de Ocupação é a percentagem da área do terreno ocupada pela projeção da


edificação no plano horizontal, não sendo computados nesta projeção os elementos
componentes das fachadas, tais como: brises, jardineiras, marquises, pérgolas e beirais;

XIX – Testada do lote é a distância horizontal, medida no alinhamento, entre as divisas


laterais do lote;

XX – Tipologia significa o estudo sistemático de tipos;

XXI – Via Arterial I e II são vias destinadas a absorver substancial volume de tráfego de
passagem de média e longa distância, a ligar polos de atividades, a alimentar vias expressas e
estações de transbordo e carga, conciliando estas funções com a de atender ao tráfego local,
com bom padrão de fluidez;

XXII – Via Coletora é a via destinada a coletar o tráfego das vias comerciais e locais e
distribuí-lo nas vias arteriais e expressas, a servir de rota de transporte coletivo e a atender na
mesma proporção o tráfego de passagem e local com razoável padrão de fluidez;

XXIII – Via Comercial é a via destinada a atender ao tráfego local nas Áreas de Urbanização
Prioritária com baixo padrão de fluidez;
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XXIV – Via Expressa é a via destinada a atender grandes volumes de tráfego de longa
distância e de passagem e a ligar os sistemas viários urbano, metropolitano e regional, com
elevado padrão de fluidez;

XXV – Via Local é a via destinada a atender ao tráfego local, de uso predominante nesta via,
com baixo padrão de fluidez;

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