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de São Paulo.
São Paulo
2013
Tema de pesquisa em Ciência Política
condições naquele momento, assim como a assimetria de poder entre os atores, travaram
Quinalha (2013: 227), havia uma preocupação em estabilizar a nova ordem e garantir a
as transições.
criaram aquilo que Quinalha (2013: 229) chama de “uma rede de litigância estratégica
Direitos Humanos, proferiu, nos últimos anos, sentenças sobre casos de violações de
Latina.
Direitos Humanos como ligado à OEA e composto por dois órgãos, a Comissão
regimes autoritários dos dois países. A demanda do caso Gomes Lund diz respeito à
realizou investigação penal para julgar e punir os responsáveis e, além disso, não
à Corte no caso chileno, por sua vez, diz respeito à falha de investigação e punição de
na Lei da Anistia chilena, instituída pelo Decreto Lei 2191, de 1978, assim como à falta
caso Almonacid-Arellano vs Chile (2006); entender qual o contexto em cada país que
Estados e quais foram as medidas tomadas para o cumprimento das sentenças; entender
Interamericana tiveram repercussão direta na luta pelo direito à justiça nos dois países,
mas que a efetivação deste direito no Brasil sofre maiores dificuldades devido a uma
verificar esta hipótese, caberá comparar as posições dos atores políticos na conjuntura
sentenças da Corte Interamericana dos casos Gomes Lund et al. vs Brasil (2010) e
Artigos de Raphael Neves (2012) e Raquel Lima (2012) irão colaborar para o
violações de direitos humanos dos regimes autoritários do Brasil e do Chile antes dos
como os Estados têm agido para tomar as medidas que lhes foram determinadas. Para
verificar o posicionamento dos Estados, documentos oficiais e declarações públicas de
autoridades serão buscados. Para a compreensão das posições dos outros atores
pesquisados.
Disciplinas X X X
Revisão Teórica X X
Redação do Texto X X
Revisão e Entrega X
humanos no Brasil e está na ordem do dia do debate público no país, em vista dos
Verdade estaduais, municipais e setoriais, assim como da maior visibilidade da luta por
reavivar o conflito anterior. Desta forma, não foram atendidas as vontades das vítimas
famílias não tiveram seus reclamos por justiça atendidos. “Quais são os direitos das
que as demandas das vítimas e de seus familiares não podem mais ser negadas sob o
qual houve restrição das possibilidades, mas o que se tem hoje é um “Estado de Direito
atravessado por uma ordem internacional que tem em alta conta os direitos humanos e
que é capaz de conjugar essas vinculações com sua soberania” (Quinalha, 2013: 235).
que possuem poder ainda hoje para influenciar as decisões políticas, situação que afeta a
efetivação dos direitos básicos da vítima, inclusive em casos ocorridos nos dias atuais.
Este estudo tenta entender, por uma perspectiva comparada entre análises de caso do
da Corte Interamericana para a garantia do direito à justiça” tenta lidar com estes
Por fim, além da pauta central do direito à justiça, cabe lembrar que o Sistema
interesses dos Estados Unidos. Ao analisar os dois casos mencionados, este trabalho
poderá dar uma contribuição para este debate que tem ganhado espaço na opinião
pública e na academia.
violadores.
faz referência quando analisa o plano de abertura lenta, gradual e segura, aquele
local do corpo, que teve sua existência sujeita a ser apagada. Para o autor, o
impede a realização do luto e não permite substituição do rastro dos desaparecidos, que
relação a sua herança autoritária, que se faz presente pelo poder mantido por setores
Anistia aprovada em 1979. Em outubro de 2008, a OAB propôs uma ADPF para que o
dos seus preceitos fundamentais, que a anistia concedida pela citada lei aos crimes
políticos ou conexos não se estende aos crimes comuns praticados pelos agentes da
pois em seu artigo 5º XLIII, o crime de tortura é insuscetível de anistia (Ventura, 2011:
dos torturadores. O voto do relator julga que a anistia foi bilateral e fruto de um acordo
caso Gomes Lund et al. vs Brasil (2010). Na exposição do tema do projeto, explicou-se
civis e políticos no continente, aos quais foram adicionados direitos sociais, econômicos
Corte.
pelo Partido Comunista do Brasil. O partido defendia no final dos anos 1960 a luta
armada, na perspectiva de uma guerra popular prolongada, que nascesse no campo e se
expandisse para outras áreas, tomasse o poder e derrubasse o fascismo no país (Campos
Filho, 2003: 30). Muitos militantes do PCdoB que estavam sendo perseguidos nas
cidades pela repressão precisavam fugir e foram deslocados para a missão na região do
dia dos moradores locais, embora ainda não tivessem conseguido realizar trabalho
político. Foram para a mata adentro quando o Exército começou a chegar e os combates
se iniciaram. As duas primeiras campanhas das Forças Armadas não foram bem
Cecília MacDowell Santos (2007: 41) analisa o andamento da luta dos familiares
de Direitos Humanos neste caso. A Corte analisou o mérito das violações dos direitos
investigar os fatos, julgar e, se for o caso, punir os responsáveis, à qual foi seguida a
determinação para que haja esforços para definir o paradeiro das vítimas, identificar os
dano material e de uma quantia por dano imaterial aos familiares das vítimas e
2010: 93-113)
direitos humanos ocorridas durante o período das ditaduras militares na América Latina.
2011: 381)
Estado revelar o que aconteceu com alguém sob sua custódia constitui uma violação da
integridade dos familiares da vítima por causar-lhes sofrimento psíquico e moral (artigo
efetivo à justiça e que as vítimas sejam ouvidas por um juiz (artigo 8º da CADH). Em
um caso de 1998 contra a Guatemala, a Corte entendeu que os familiares têm o direito
de investigação efetiva por parte das autoridades, por meio de jurisdição criminal com a
deve investigar, julgar e punir os responsáveis pelas violações de direitos humanos, caso
contrário violará o direito à proteção judicial previsto na CADH. Para a Corte, o direito
à verdade está vinculado ao acesso à justiça (Neves, 2012: 171) e seu titular é um
indivíduo, por meio de uma ação penal, para além do direito coletivo da sociedade de
Raquel Cruz, ao estudar este tema, percebe que ao longo dos anos, a Corte
proteção judicial e de que a impunidade é ofensiva aos direitos humanos (Cruz, 2012:
Estado. No caso Barrios Altos vs. Peru de 2001 sobre violações ocorridas no regime
humanos” (Cruz, 2012: 203). Para as reparações, a Corte entende que se deve
Humanos.
Não restam dúvidas de que o caso Gomes Lund é um divisor de águas no debate
brasileiro sobre justiça de transição. Conforme aponta, Raquel da Lima Cruz, “tendo
sido o Brasil o único país da América Latina que não adotou nenhum dos principais
a sentença da Corte foi a primeira grande vitória dos movimentos de direitos humanos
dos violadores de direitos humanos, sobre o direito de reparação das famílias das
vítimas, sobre o acesso às informações e o direito à verdade, que foi atravancada por
mais de duas décadas por setores conservadores, ganhou nova força, atingiu a opinião
pública, o que obrigou o Estado brasileiro a tomar medidas, mesmo que de forma
mobilizados para mitigar a dívida histórica do Estado com os familiares das vítimas do
regime militar.
Quanto ao caso chileno, cabe apontar que o regime militar daquele país
seqüestros, detenções ilegais e outros delitos cometidos entre 1973 e 1978, condutas que
violação de direitos humanos (Pereira, 2011: 293). No caso Almonacid Arellano versus
Chile, cujo objeto era a validade deste Decreto-Lei à luz das obrigações decorrentes da
102)
Os rumos deste trabalho envolvem estudar, à luz da teoria e dos demandantes,
que direito à justiça é esse que buscam, se a leitura da Corte Interamericana atende a
seus anseios por justiça e está de acordo com o entendimento histórico sobre violações
do que foi o caso Gomes Lund e de qual foi a análise da Corte sobre o direito à justiça
efetivação da sentença da Corte Interamericana para os dois casos deve ser estudada,
assim como a posição dos atores políticos e da opinião pública, para que consigamos
Bibliografia
no sistema interamericano de direitos humanos”. In: Lua Nova, São Paulo, Ed. 86.
vítimas do regime militar (uma comparação entre Brasil, Argentina e Chile)”. São
NEVES, Raphael (2012). “Uma Comissão da Verdade no Brasil?”. In: Lua Nova, São
NOSSA, Leonencio (2012). Mata! O Major Curió e as guerrilhas no Araguaia. 1.ed. São
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