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Boletim do
Instituto de Pesca
volume 34 número 2 2008
INSTITUTO DE PESCA
São Paulo - SP - Brasil
Governo do Estado de São Paulo
Secretaria de Agricultura e Abastecimento
Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios
Instituto de Pesca
Governador do Estado
José Serra
Secretário Adjunto
Antonio Júlio Junqueira de Queiróz
Chefe de Gabinete
Antonio Vagner Pereira
Boletim do
Instituto de Pesca
Revista Científica de Pesca, Aqüicultura e Limnologia
Scientific Journal of Fisheries, Aquaculture and Limnology
INSTITUTO DE PESCA
São Paulo - SP - Brasil
ISSN 0046-9939
Não publicado em 1997.
Periodicidade: irregular
A partir do v. 26, n. 1, 2000, faz parte da
Série Ciência APTA, da SAA/APTA
1. Pesca, Aqüicultura, Limnologia – Periódico. I. São Paulo.
Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios.
II. São Paulo. Instituto de Pesca.
CDD 551.48
Instituto de Pesca
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Conselho Editorial da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios
César Roberto Leite da Silva (Instituto de Economia Agrícola)
Elaine Fender de Andrade Talmelli (Instituto de Pesca)
Ivani Pozar Otsuk (Instituto de Zootecnia)
Márcia Maria Rebouças (Instituto Biológico)
Nelson José Beraquet (Instituto de Tecnologia de Alimentos)
Oliveiro Guerreiro Filho (Instituto Agronômico)
Distribuição e Divulgação
Centro de Comunicação e Transferência do Conhecimento
Núcleo de Informação e Documentação
ISSN 1678-2305
V. 34 n. (2) 2008
CONTEÚDO / CONTENTS
Biografia
O centenário de um grande ictiologista: Pedro de Azevedo
Hélio Ladislau Stempnievski
Artigos Científicos
Desempenho produtivo do pintado, Pseudoplatystoma corruscans (Spix & Agassiz, 1829), submetidos a diferentes
densidades de estocagem em dois sistemas de criação: intensivo e semi-intensivo
Produtive performance of Pseudoplatystoma corruscans (Spix & Agassiz, 1829) in two rearing systems: intensive and
semi-intensive
João Donato Scorvo Filho; Elizabeth Romagosa; Luiz Marques da Silva Ayroza; Célia Maria Dória Frascá-
Scorvo ..................................................................................................................................................................181-188
Hematological assessment in four brazilian teleost fish with parasitic infections, collected in feefishing from
franca, São Paulo, Brazil
Avaliação da hematologia de quatro peixes teleósteos brasileiros com infecções parasitárias, coletados em pesque-pagues
de Franca, São Paulo, Brasil
Marcos Tavares-Dias; Flávio R. Moraes; Maurício L. Martins .................................................................189-196
Índices de condição corporal em juvenis de Brycon amazonicus (Spix & Agassiz, 1829) e Colossomoma macropomum
(Cuvier, 1818) na Amazônia
Body condition indices for Brycon amazonicus (Spix & Agassiz, 1829) e Colossomoma macropomum (Cuvier, 1818)
in Amazon
Marcos Tavares-Dias; Jaydione L. Marcon; Jefferson R. G. Lemos; Jorge D. I. Fim; Elizabeth G. Affonso;
Eduardo A. Ono .................................................................................................................................................197-204
Avaliação de técnicas de defumação para mexilhão Perna perna: análise sensorial e rendimento
Evaluation of smoking techniques for Perna perna mussels: sensorial analysis and yield
Maurício Gustavo Coelho Emerenciano; Maria Luiza de R. de Souza; Nilson do Prado Franco ......213-219
(Continua.)
ISSN 1678-2305
V. 34 n. (2) 2008
CONTEÚDO / CONTENTS
(continuação)
Canibalismo em larvas de matrinxã, Brycon cephalus, após imersão dos ovos à diferentes concentrações de
triiodotironina (T3)
Cannibalism of matrinxã, Brycon cephalus, larvae after immersion of eggs to different triiodothyronine (T3)
concentration
Antônio Fernando Gervásio Leonardo, Marcio Aquio Hoshiba, José Augusto Senhorini, Elisabeth Criscuolo
Urbinati ...............................................................................................................................................................231-239
Stomach contents of the caribbean pomfret Brama caribbea (Mead, 1972) from stomach contents of great pelagic
predators from southwestern equatorial atlantic
Conteúdo estomacal da palombeta-do-caribe Brama caribbea (Mead, 1972), proveniente do conteúdo estomacal de grandes
predadores pelágicos do atlântico sudoeste equatorial
Teodoro Vaske Júnior, Rosângela Paula Lessa; Taciana Martins Barbosa; Mariana Travassos Tolotti;
Aurelyanna Christine Bezerra Ribeiro .........................................................................................................241-249
Ecologia populacional de Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) (Bivalvia, Veneridae) na Baía de Paranaguá,
Paraná, Brasil
Population ecology of Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) (Bivalvia, Veneridae) on Paranaguá bay, Paraná,
Brazil
Guisla Boehs; Theresinha Monteiro Absher; Andrea C. da Cruz-Kaled ...............................................259-270
Digestibilidade aparente de rações contendo levedura íntegra, levedura autolisada e parede celular pela
tilápia do nilo
Apparent digestibility coefficient of diets supplemented with whole yeast, autolyzed yeast and yeast cell wall by nile
tilapia
Hamilton Hisano, Fernanda Garcia Sampaio; Margarida Maria Barros; Luiz Edivaldo Pezzato......281-287
Redução no consumo de efluente gerado em abatedouro de tilápia do nilo através da implantação de conceitos
de produção mais limpa (P+L)
Reduction in the consumption of effluent generated in nile tilapia slaughterhouse through the concepts implantation of
cleaner production (CP)
Milena Alves de Souza; Rose Meire Vidotti; Abílio Lopes de Oliveira Neto “in memorian” .........289-296
(Continua.)
ISSN 1678-2305
V. 34 n. (2) 2008
CONTEÚDO / CONTENTS
(continuação)
Nota Científica
A quantitative approach to subsidize the precautionary management of the small-scale fisheries in Itaipu
Reservoir, Brazil
Aproximação quantitativa para subsidiar o manejo precaucionário das pescarias em pequena escala no Reservatório de
Itaipu, Brasil
Serguei Aily Franco de Camargo; Edson Kiyoshi Okada; Miguel Petrere Jr. .......................................297-302
Produção de ortofosfato, amônia, nitrito e nitrato no cultivo de Litopenaeus vannamei utilizando dietas com
diferentes níveis de proteína vegetal e animal
Production of orthophosphate, ammonia, nitrite and nitrate in the cultivation from Litopenaeus vannamei culture using
diet with different vegetal and animal protein levels
Waleska de Melo Costa; Alfredo Olivera Gálvez; Luis Otavio Brito; Elton Lima Santos...................303-310
Growth of juvenile fat snook Centropomus parallelus in cages at three stocking densities
Crescimento de juvenis de robalo-peva Centropomus parallelus em tanques-rede em três densidades de estocagem
Mônica Yumi Tsuzuki ; Rafael Ferreira Cardoso; Vinícius Ronzani Cerqueira ...................................319-324
Relato de Caso
João Donato SCORVO FILHO 1; Elizabeth ROMAGOSA 1; Luiz Marques da Silva AYROZA 2;
Célia Maria Dória FRASCÁ-SCORVO
RESUMO
O objetivo deste estudo foi o de analisar o desempenho zootécnico de juvenis de pintado,
Pseudoplatystoma corruscans, criados em dois sistemas, intensivo (tanques-rede, TR) e semi-intensivo
(viveiros escavados, VE), com três tratamentos e nove repetições, na região do Vale do Ribeira,
SP, durante out./02 a jul./03: Tratamento 1 (T1) = 67 peixes/m3, {total de 450 peixes/VE – 03 TR
dispostos em um VE}; Tratamento 2 (T2) = 133 peixes/m3, {total de 900 peixes/VE – 03TR dispostos
em um VE}; Tratamento 3 (T3) = 0,75 peixes/m2, {total de 450 peixes/VE}. Cada TR, no caso dos
tratamentos T1 e T2, e cada VE, no caso do tratamento T3, foi considerado uma repetição. Os peixes,
com médias de peso e comprimento inicial de 73,82 g e 23,21 cm (T01); 72,96 g e 23,10 cm (T02) e
73,14 g e 22,99 cm (T03), foram alimentados com ração extrusada (40%proteína bruta). Na Fase I
(60 dias) foram dadas 03 porções diárias com 4,0 mm de diâmetro, 5-10% do peso vivo e nas Fases
II (120 dias, 6,0 mm) e III (93 dias, 8,0 mm), 02 porções variando de 5-3% e 3-1%, nas respectivas
fases. As médias finais de peso e comprimento final foram de: 712,49 g e 45,10 cm (T1); 852,13 g e
46,33 cm (T2) e 1.179,17 g e 53,72 cm (T3); GPMD: 2,34 g (T1); 2,85 g (T2) e 4,05 g (T3); BTf: 223,01 g
(T1); 541,10 g (T2) e 384,40 g (T3); CAA: 5,2:1,0 (T1); 5,0:1,0 (T2) e 4,6:1,0 (T3); sobrevivência: 69,55%
(T1); 70,56% (T2) e 72,44% (T3). O T3 demonstrou diferença significativa dos demais (P<0,001). Os
parâmetros físicos e químicos analisados estiveram dentro dos padrões aceitáveis. O resultado
deste estudo, nas condições em que foi conduzido, mostra que o pintado apresentou um melhor
desempenho produtivo, quando criado em viveiros escavados.
Palavras-chave: Pseudoplatystoma corruscans; viveiros escavados; tanques-rede; densidade de
estocagem
ABSTRACT
The objective of this study was to analyze the zootechnical performance of Pseudoplatystoma
corruscans juvenile, reared in intensive (2.25m³ net-cages – NC- with 20mm mesh) and semi-
intensive (600m² earthen ponds - EP) systems with three treatments and nine repetitions, in the
Vale do Ribeira, in the town of Pariquera-Açu, Sao Paulo, Brazil between October 2002 to July
2003: Treatment 1 (T1) = 67 fish/m³, a total of 451 fish/pond –three net-cages placed in a pond
(EP); Treatment 2 (T2) = 133 fish/m³, a total of 900 fish/pond – three net-cages placed in a pond
(EP); Treatment 3 (T3) = 0.75 fish/m², a total of 450 fish/pond. Each net-cage (treatments T1 and
T2), and each pond (treatment T3) was regarded as a repetition. The fish, with initial mean weight
and length of 73.82g and 23.21cm for T1; 72.96g and 23.10cm for T2, and 73.14g and 22.99cm for T3
were fed daily extruded feed (40% crude protein). The fishes received three servings of the ration
of 4.0mm of diameter in the Phase I (60 days), 5 to 10% of the live weight and in the Phases II (120
days, 6.0mm) and III (93 days, 8.0mm), the fish were fed in two servings, the quantity ranging
from 5-3% and 3-1% in Phases II and III. At the end of the studied period, the fish presented the
following mean values: final mean weight and length: 712.49g and 45.10cm for T1; 852.13g and
46.33cm for T2; 1,179.17g and 53.72cm for T3. Daily mean weight gain: 2.34g for T1; 2.85g for T2,
and 4.05g for T3. Final total biomass: 223.01g for T1; 541.10g for T2, and 384.40g for T3. Apparent
feed conversion: 5.2:1.0 for T01; 5.0:1.0 for T02; 4.6:1.0 for T03. Survival rate: 69.55% for T1; 70.56%
for T2; 72.44% for T3. Relative condition factor: 1.01 for T1 and T2, and 1.00 for T3. The T3 were
significantly different from the other treatments (P≥0.001). The physical and chemical parameters
analyzed were within the acceptable standards for the species. The results of this study, under
the conditions it has been carried out, indicate that the P. corruscans exhibited higher productivity
when reared in earthen ponds.
Key words: Pseudoplatystoma corruscans; earthen ponds; net-cages; stocking density
2003, totalizando um ciclo de 273 dias. de 2HP de potência, que funcionou durante o período
Foram utilizados juvenis de pintado, Pseudoplatystoma noturno (das 18h até as 6h).
corruscans, com peso médio e comprimento médio Foi utilizada a benzocaina como anestésico
total de 72,82 ± 1,0g e 23,0 ± 0,9 cm, respectivamente. (2g/150 mL álcool/20L água) para amenizar o
Os peixes já estavam condicionados a ingerir ração estresse dos peixes, provocado pelo manejo de
seca. Os peixes foram estocados em 05 viveiros captura durante as biometrias.
escavados de terra de aproximadamente de 600 m2 de As biometrias ocorreram a cada 28 dias, onde 10%
espelho d’água (12,0 m x 50,0 m), com profundidade dos exemplares de cada TR e VE foram capturados e
média útil de 1,20 m e abastecimento e escoamento seus comprimentos, (CT em cm) e pesos (PT em g),
independentes. Foram instalados, na parte mais foram registrados. A cada 56 dias, em todos os TR
profunda (1,80 m), de 2 viveiros, três tanques-rede e VE, foi realizada contagem total do número de
flutuantes de 2,25 m3, cada (1,5 x 1,5 x 1,0 m), com indivíduos sobreviventes no período.
abertura de malha de 20,0 mm.
Neste experimento não foi fornecida alimentação
Três tratamentos que consistiam de três densi- noturna. Os peixes foram alimentados manualmente,
dades de estocagem em dois sistemas de criação: sendo que na Fase I (durante 60 dias), receberam três
tanques-rede (TR) e viveiros escavados (VE) foram refeições (05h 30min; 11h 30min: 19h 30min. – duas
estabelecidos: refeições em horário de baixa luminosidade), com
• Tratamento 1, sistema intensivo: 67 peixes/m3 ração comercial com teores mínimos de 40 % de
em 3 TR (150 peixes/TR, 450 peixes por viveiro); proteína bruta, diâmetro de 4,0 mm. Nas Fases II
• Tratamento 2, sistema intensivo: 133 peixes/m3 (durante 120 dias) e III (durante 93 dias), os peixes
em 3 TR (300 peixes/TR, 900 peixes por viveiro); receberam a mesma ração, porém variando o diâme-
tro do peletes com 6,0 mm para a Fase II e 8,0 mm
• Tratamento 3, sistema semi-intensivo: 0,75
para a Fase III (Tabela 1), entretanto, os peixes foram
peixes/m2 em 3 VE (450 peixes por viveiro).
habituados à se alimentarem durante o dia em
Cada tanque-rede, no caso dos tratamentos T1 horários de plena luz, onde a freqüência alimentar
e T2, e cada viveiro, no caso do tratamento T3, foi foi reduzida à 2 refeições diárias (7h e 18h). A
considerado uma repetição. quantidade de ração fornecida na Fase I variou de 10 a
Todos os viveiros (VE), 15 dias antes do início do 5 % do peso vivo e, nas Fases II, 5 a 3 % e III, de 3 a 1 %,
experimento, foram esvaziados, limpos e receberam sendo ajustada periodicamente, nas biometrias.
um tratamento com 5 gramas de cloro/m2 (3 kg/ Os viveiros escavados, sem tanques-rede, foram
viveiro) e 133 gramas de calcário dolomítico/m2 cobertos, parcialmente, com tela sombrite 40%
(80 kg/viveiro). (12,0 m X 20,0 m). Os tanques-rede tiveram suas
Em cada viveiro foi instalado um aerador de pás tampas revestidas com a mesma tela.
Tabela 1. Fases, duração e diâmetro dos peletes e quantidade de ração na alimentação de P. corruscans.
Fases (g) Duração (período) Diâmetro dos PELETES Peso vivo (%)
Fase I (70 - 250g) 60 dias (01 out. a 01 dez.) 4,0 mm 10 a 5
Fase II (250 - 900g) 120 dias (02 dez a /01 abr.) 6,0 mm 5a3
Fase III (900g – 2,3kg) 90 dias (02 abr. a 01/jul.) 8,0 mm 3a1
Foram calculados os valores médios iniciais • S (%) = (número final de peixes x 100) ÷ número
e finais de comprimento e de peso total e dos inicial de peixes.
respectivos coeficientes de variação. • GPMD (g.dia-1) = (peso médio final – peso
A taxa de sobrevivência (S%); o ganho de peso médio médio inicial) ÷ ciclo de produção em dias
diário (GPMD), a biomassa total final (BTf), o ganho • BTf (kg) = peso médio final x número final de
de biomassa (GB) e o índice de conversão alimentar peixes.
aparente (CAA), foram estimados, respectivamente, • GB (kg) = biomassa inicial – biomassa final.
pelas seguintes expressões matemáticas: • CAA = ração fornecida(kg) ÷ GB (kg).
A Curva de Crescimento (CC) para a análise da com três rações comerciais, somente quando foram
relação Pt /Ct foi obtida através de diagramas de registrados valores de temperatura próximos de
dispersão, ajustada a expressão matemática Pt = a. 8,5 ºC, durante o outono-inverno, no município de
Ctb, e os valores de a e b estimados pelo método Inhaúma, MG.
dos mínimos quadrados, após a transformação Em relação ao pH, pôde-se verificar que os valores
logarítmica. médios variaram de 6,0 (manhã) a 8,4 (tarde) nos três
O Fator de Condição (K) foi calculado através tratamentos. Nos valores médios de transparência
da expressão K = a. Ptb x 1000 onde, b = coeficiente da água observou-se um decréscimo significativo,
angular da relação Ct/Pt (PAULY, 1984). A análise de 0,70 m em setembro de 2002 para 0,20 m em
da variação deste fator foi efetuada calculando-se o fevereiro de 2003.
valor médio durante todos os períodos estudados, Os valores para oxigênio dissolvido variaram
considerando-se os três tratamentos separadamente. de 4,6 mg L-1 a 9,0 mg L-1, salientando que havia, no
O delineamento experimental empregado foi período das 18h até as 06h, um aerador ligado o que
inteiramente casualizado com três tratamentos e três incrementava a concentração de oxigênio dissolvido
repetições. Os dados foram submetidos à análise dos na coluna d’água.
contrastes de médias testados através do método de Os parâmetros físicos e químicos analisados esti-
Tukey, ao nível de 5% de probabilidade. E o teste de veram dentro dos padrões aceitáveis para a espécie
qui-quadrado (χ2) para analisar a proporção entre os (CAMPOS, 2005).
sexos (ZAR, 1998). Os peixes neste estudo se apresentaram bastante
Foram registrados, semanalmente, temperatura calmos e tolerantes ao manejo nas despescas e nas
(termômetro de máxima e mínima), pH (peagometro transferências para outros viveiros. Entretanto,
DIGIMED), oxigênio dissolvido (oxímetro YSI) da LIRANÇO et al (prelo) recomenda o cuidado durante
água dos viveiros, estas foram medidas 3 vezes por a manipulação destes animais, pois, os mesmos
semana, às 8h e às 16h 30min. Uma vez por semana, possuem ferrões nas nadadeiras laterais e dorsais
foram obtidos os valores da concentração do teor de podendo causar ferimentos entre os peixes e no
fósforo total, amônia, nitrato, nitrito (APHA, 1989) e manipulador durante os momentos de concentração
a transparência com a imersão do Disco de Secchi, da nas redes de pesca.
água de todos os viveiros e, mensalmente, os valores Os índices de desempenho dos pintados durante
de alcalinidade (método titulométrico). o experimento, correspondentes à média dos três
No final do experimento todos os animais foram tratamentos, estão apresentados na Tabela 2.
sacrificados dos dois sistemas de criação para a Os comprimentos e pesos médios iniciais dos
estimativa da proporção entre os sexos. juvenis mostraram-se uniformes, não apresentando
diferenças entre os tratamentos (P≥ 0,05). Entretanto,
RESULTADOS E DISCUSSÃO observou-se que, ocorreu uma grande variação
A temperatura da água, parâmetro físico que do peso, demonstrado pela amplitude do desvio-
influi diretamente no crescimento dos organismos padrão, sugerindo a necessidade de triagens perió-
aquáticos, mostrou valor médio máximo de 31,4 ºC, dicas e seleção por tamanho, para esta espécie,
e média mínima de 19,5 ºC. Segundo determinada quando mantida em confinamento, esta variação
empresa citada por KUBITZA et al (1998), os pinta- como mostra a Tabela 2, o peso médio final dos peixes
dos toleram bem a queda de temperatura da água, em cada tratamento apresentou um desvio-padrão
durante o inverno, até valores ao redor de 14,0 °C, amplo, principalmente, para aqueles dos tratamentos
sem haver registro de mortalidade. Resultados sob sistema intensivo, tanques-rede, o que sugere
divulgados por ROMAGOSA et al (2003), estudando uma influência deste sistema na heterogeneidade
o P. fasciatum, foram semelhantes aos da empresa, do lote.
uma vez que, foram registrados casos de morte, Segundo OZORIO et al., (2004) e CAMPOS (2005)
somente quando os valores médios de temperatura o segredo de uma terminação bem sucedida dos
da água foram inferiores a 17,0 ºC. Entretanto, bagres está no sistema e eficiência de triagem durante
BURKERT (2002) relata que os maiores índices o crescimento, ou seja, quanto mais homogêneos
de mortalidade (média 92,6%) foram encontrados forem os lotes de peixes, maior a produção final.
com juvenis de pintado criados em tanques-rede, Entretanto, em experimentos de pesquisa torna-se
TRATAMENTOS
T1 T2 T3
Densidade Estocagem (peixes/m ) 3
67 133 0,75
Número inicial de peixes 450 900 450
Peso inicial (PTi, g) ± dp 73,82 ± 3,28a 72,96 ± 2,98a 73,14 ± 3,18a
Peso final (PTf, g) ± dp 712,49 ± 24,9a 852,13 ± 21,3a 1.179,17 ± 9,17 b
Comprimento inicial (CTi, cm) ± dp 23,21 ± 3,3a 23,10 ± 3,6a 22,99 ± 3,4a
Comprimento final (CTf, cm) ± dp 45,10 ± 4,8a 46,33 ± 2,6a 53,72 ± 3,9b
Ganho de peso médio diário (GPMD, g dia-1) 2,34a 2,85a 4,05b
Biomassa Total final (kg) 223,01a 541,10a 384,40a
Conversão alimentar aparente (CAA) 5,2:1,0a 5,0:1,0a 4,6:1,0b
Número final de peixes 313 635 326
Sobrevivência (%) 69,55a 70,56a 72,44b
(dp = desvio-padrão da média ) *para cada variável, letras diferentes diferem entre si (P≤0,05).
O ganho de peso médio diário (GPMD) também 5,0:1 e 4,6:1 para os tratamentos T1, T2 e T3, respecti-
apresentou diferença significativa entre os trata- vamente. Estes valores são maiores que os resultados
mentos (P≥ 0,05). Os peixes criados livres nos viveiros divulgados por KUBITZA et al. (1998) que mostram
escavados obtiveram um ganho diário melhor variação dos valores de CAA em relação ao tamanho
que aqueles confinados nos tanques-rede (T1 = dos peixes com médias de 1,3:1 para indivíduos de 5,0
2,34 g dia-1, T2 = 2,85 g dia- 1 e T3 = 4,05 g dia-1). Estes a 50g, 1,5:1 para os de 50,0 a 600g e de 2,0:1 de 600 a
resultados são melhores que aqueles obtidos por 3000g ou seja, índices tão bons ou mesmo superiores
COELHO e CYRINO (2006), na criação de surubim aos registrados para muitas outras espécies de peixes
em tanques-rede, sendo inferiores aos relatados por herbívoros/onívoros se considerado o peso final dos
KUBITZA et al., (1998) e CAMPOS (2005), estes com surubins ao redor 2,5 a 3,0 kg/animal. Entretanto,
peixes criados em viveiros escavados. valores intermediários foram obtidos por BUCKERT
Neste estudo, as médias de CAA dos peixes manti- (2002), em cultivos realizados em nove TR de 13,5
dos em TR foram superiores quando comparada a m3/cada, 230 juvenis de surubim, Pseudoplatystoma
conversão conseguida com os peixes criados nos sp, utilizando-se três rações comerciais, na qual
viveiros escavados (P≥0,05). Os valores foram 5,2:1, obtiveram médias de CAA ao redor de 3,0.
(TE) valores menores de crescimento, tanto em Pseudoplatystoma coruscans (Spix e Agassiz, 1829).
peso como em comprimento, conseqüentemente de In: BERNARDO BALDISSEROTTO e LEVY DE
ganho de peso médio diário e de biomassa total final. CARVALHO GOMES. Espécies nativas para a
Também, o índice de conversão alimentar aparente piscicultura no Brasil. Editora UFSM, Santa Maria,
e a taxa de sobrevivência foram menores para os RS. P.327-344.
peixes em tanques-rede quando comparados com
os de viveiros escavados. No entanto, devem ser COELHO, S.R.C. e CYRINO, J.E.O. 2006 Custos
realizados mais estudos que tratem da alimentação na produção intensiva de surubins em gaiolas.
do pintado, no sentido de melhorar a conversão Informações Econômicas, v. 36, nº 4: 1-14.
alimentar, tanto em tanques-rede como em viveiros
COLT, J. e MONTGOMERY, J. M. 1991 Aquaculture
escavados, acompanhados de analises da viabilidade
Production Systems. Journal of Animal Science, v.
econômica da criação. Quanto à proporção entre os
69, p. 4183-4192.
sexos foi verificada predominância das fêmeas sobre
os machos. J.E.P. 2000 Condicionamento Alimentar e
CYRINO, ����������������
Exigência Nutricional de Espécies Carnívoras. 200p.
AGRADECIMENTOS Livre Docência. Texto sistematizado apresentado
À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária na Especialidade Aqüicultura. �����������
ESALQ/USP,
(EMBRAPA) que financiou parte deste projeto. Piracicaba.
Aos técnicos de apoio à pesquisa, Benedito Martins
de Aguiar e Edilberto Rufino de Almeida do Pólo FRASCÁ-SCORVO, C.M.D.; BACARIN LEONARDO,
Regional do Vale do Ribeira, pelo apoio no manejo A.E.; VIDOTTI, R.M.; ROMAGOSA, E.; SCORVO
dos viveiros. FILHO, J.D.; AYROZA, L.M.S. 2004 Influência
do Sistema de Criação no Rendimento de Carcaça,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Sabor, Odor e na Composição Centesimal
ANDRADE, V.X.L.; MOREIRA, R. G.; SCHREINER, do Pintado, Pseudoplatystoma coruscans. In: I
M.; SCORVO FILHO, J.D.; ROMAGOSA, E. CONGRESSO DA AQUABIO AQUIMERCO,
2005 Desempenho do pintado Pseudoplatystoma Vitória, Espírito Santo, Anais... Vitória: Aqua
corruscans (Spix & Agassiz, 1829) alimentado com Ciência, 2004. 148 p.
três dietas em tanques-rede. In: 16º ENCONTRO
HUANG, C.M. e LIAO, J.C. 1990 Response
�����������������
to mass
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in the fish from two feefishing are demonstrated P. mesopotamicus, while B. amazonicus presented the
in the Table 1. Ichthyophthirius multifiliis Fouquet, smaller prevalence and intensity of parasites.
1876; Piscinoodinium pillulare Schäperclaus, 1954, Parasitized P. mesopotamicus showed significant
Lom, 1981; Trichodina sp.; Myxobolus colossomatis decrease (p<0.05) in the condition factor and
Molnar and Békési, 1993 and Henneguya piaractus thrombocytes percentage compared to unparasitized
Martins and Souza, 1997; copepodids and adults of fish. Parasitized fish with A. penilabiatus and
Lernaea cyprinacea Linnaeus, 1758, Argulus sp. and P. pillulare showed increase (p<0.05) in the monocytes
monogeneansweretheobservedparasites.Monogeneans percentage and decrease (p<0.05) in the thrombocytes
from the gills of P. mesopotamicus were identified percentage (Table 2). Under these conditions, the
as Anacanthorus penilabiatus Boeger, Husack and blood smears revealed the presence of vacuolated
Martins, 1995. The larger prevalence of A. penilabiatus monocytes, generally accumulated and of different
and intensity of Trichodina sp. was observed in sizes (Figure 1).
Table 1. Mean intensity and prevalence (P %) of parasites from 305 examined fish in feefishing from farm Franca,
São Paulo, Brazil during April/1997 to March/1999. *Copepodids of L. cyprinacea
Hosts P. mesopotamicus L. macrocepahlus Hybrid tambacu B. amazonicus
Mean Mean Mean Mean
Parasites intensity
P (%)
intensity
P (%)
intensity
P (%)
intensity
P (%)
Table 2. Mean values ± standard deviation of condition factor and hematological parameters of unparasitized (N=15)
and parasitized P. mesopotamicus, independently of the parasite species (General values) (N=42), parasitized by
A. penilabiatus (N=18), by A. penilabiatus and P. pillulare (N=15). In each line, values followed by the same letter are
not significantly different (p>0.05) by Tukey test; ����������������������������������������
PAS-GL= PAS-positive granular leukocytes
Unparasitized Parasitized
Parameters General A. penilabiatus
Control A. penilabiatus
Values and P. pillulare
Condition factor 13.9�������
±������
0.27Aa 10.6������
±�����
0.12B 10.6������
±�����
0.17b 10.5������
±�����
0.10b
Hemoglobin (g/dL) 10.3±3.4A,a 9.7±3.4A 10.5±3.5a 9.3±3.7a
Hematocrit (%) 37.0±10.2A,a 34.1±9.3A 35.8±10.1a 34.5±7.8a
MCHC (g/dL) 28.0±4.6A,a 29.7±11.0A 31.3������
±�����
10.5a 27.7�����
±����
9.3a
Thrombocytes (%) 61.7��������
±�������
12.4A,a 53.5������
±�����
16.2B 56.7������
±�����
10.7b 50.4������
±�����
17.9b
Lymphocytes (%) 17.4±7.6A,a 22.3±11.0A 21.5�����
±����
9.5a 20.7������
±�����
10.6a
Neutrophils (%) 14.7±8.5A,a 13.5±11.5A 13.9±7.1a 17.2±18.0a
Monocytes (%) 8.7±4.4A,b 14.5±15.2A 10.8±7.4b 12.2±9.7a
PAS-LG (%) 3.9±3.3A,a 5.8±2.2A 4.9�����
±����
1.5a 6.0�����
±����
3.4a
Eosinophils (%) 1,4±0.6A,a 0.9±1.1A 1.0�����
±����
1.4a 0.6�����
±����
0.3a
Figure 1. Blood cells of P. mesopotamicus parasitized with A. penilabiatus and P. pillulare. Note monocytes (arrow) with
agglomeration and vacuoles of different size, after staining with MayGrünwald-Giemsa-Wrigth. Bars= 8 µm
In parasitized L. macrocephalus there was a the parasitism did not provoke significant changes
significant increase (p<0.05) in the condition factor (p>0.05) in the hematological variables and in the
and decrease of the lymphocytes percentage. leukocytes and thrombocytes percentage (Table 4).
Hematocrit, hemoglobin concentration and MCHC No difference (p>0.05) in the hematocrit, hemo-
did not alter when compared to unparasitized globin and MCHC was observed in parasitized
fish. In this specie of fish, the association between B. amazonicus. However, parasitized fish showed
monogenean and P. pillulare infection caused significant decrease (p<0.05) in the condition factor
decrease in lymphocytes percentage accompanied by and increase in neutrophils percentage compared
increase in neutrophils percentage (Table 3). to unparasitized fish. A reduced value in the
In parasitized hybrid tambacu was found high lymphocytes percentage was observed in parasitized
condition factor (p<0.05) than in controls. However, fish but without significant difference (Table 5).
Table 3 – Mean values ± standard deviation of condition factor and haematological parameters of unparasitized
(N=17) and parasitized L. macrocephalus, independently of parasite species (General values) (N=38), parasitized by
monogenean (N=21), by monogenean and P. pillulare (N=18). In each line, values followed by the same letter are not
significantly different (p>0.05) by Tukey test
Parasitized
Unparasitized
Parameters Monogenean
Control General values Monogenean
and P. pillulare
Condition factor 10.2��������
±�������
0.20B,b 20.8±0.43A 20.6±0.50a 20.1± 0.24a
Hemoglobin (g/dL) 9.5±2.6A,a 8.9±2.0A 10.1±1.4a 8.9±3.1a
Hematocrit (%) 34.6±6.6A,a 35.6±7.9A 35.6±1.1a 33.5±5.8a
MCHC (g/dL) 27.7±6.6A,a 25.6±5.6A 27.5±4.8a 26.9±6.3a
Thrombocytes (%) 51.3±16.6A,a 53.0±15.6A 55.6±12.0a 50.2������
±�����
18.9a
Lymphocytes (%) 30.7��������
±�������
14.5A,a 19.5������
±�����
11.9B 25.1������
±�����
12.3a 13.9������
±�����
10.0b
Neutrophils (%) 14.6±5.3A,b 19.8±15.3A 17.0±7.5b 24.9±20.6a
Monocytes (%) 8.7±3.8A,a 12.6±11.8A 9.0±4.3a 14.8������
±�����
13.5a
Basophils (%) 4.2�������
±������
1.6A,a 5.4±2.4A 3.6±2.3a 6.3±2.8a
Table 4 – Mean values ± standard deviation of condition factor and haematological parameters in unparasitized
(N=14) and parasitized hybrid tambacu, independently of the parasite species (general values) (N=18), parasitized by
monogenean (N=09), by L. cyprinacea (N=08), by monogenean and P. pillulare (N=10). In each line, values followed by
the same letter are not significantly different (p>0.05) by Tukey test;�����������������������������������������
PAS-GL= PAS-positive granular leukocytes
Parasitized
Unparasitized
Parameters Monogenean
Control General values Monogenean L. cyprinacea
and P. pillulare
Condition factor 10.1��������
±�������
0.16B,b 13.4±1.30A 13.1±1.33a 13.4±2.16a 13.2±0.86a
Hemoglobin (g/dL) 13.1±2.9A,a 14.1±3.8A 16.9±1.3a 13.1±3.8a 14.9±3.0a
Hematocrit (%) 38.8±10.0A,a 39.9±9.5A 41.5±2.6a 39.8±11.9a 37.4±6.9a
MCHC (g/dL) 35.4±11.1A,a 35.5±7.5A 33.0±6.9a 33.2±2.9a 40.4±7.2a
Thrombocytes (%) 52.8±17.5A,a 56.3±10.4A 62.4±12.2a 52.7±7.8a 57.1±9.7a
Lymphocytes (%) 26.0±19.1A,a 23.5±8.6A 22.1±7.6a 23.3±13.7a 22.8±6.8a
Neutrophils (%) 15.1�������
±������
6.0A,a 15.5±7.9A 9.7±3.0a 17.1±13.9a 16.6±4.8a
Monocytes (%) 11.1±6.8A,a 10.6±3.1A 7.8±2.5a 11.8±4.3a 12.0±2.5a
PAS-LG (%) 4.3±1.7A,a 4.7±1.4A 4.3±1.3a 4.6±1.6a 2.4±0.5a
Eosinophils (%) 0.8�������
±������
0.4A,a 0.7±0.5A 0.9±0.4a 0.9±0.4a 0.7�����
±����
0.6a
Table 5 – Mean values ± standard deviation of condition factor and hematological parameters in unparasitized (N=21)
and parasitized B. amazonicus by monogenean, I. multifiliis and P. pillulare. In each line, values followed by the same
letter are not significantly different (p>0.05) by t test
thrombocytes represent a link between innate and Immune adaptive response induced by Bicotylophora
adaptive immunity (PASSANTINO et al., 2005). In trachinoti (Monogena: Diclidophoridae) infestation
P. mesopotamicus, independently of parasite species, in pompano Trachinotus marginatus (Perciformes:
was found decrease in thrombocytes percentage. Carangidae). Fish & Shellfish Immunology, New
Similar change has been reported for P. mesopotamicus York, 21: 242-250.
with Argulus sp. (TAVARES-DIAS et al., 1999b), for
B. bendelisis with trypanossomiasis (RAUTHAN EKANEM, D.A. and OBIKEZIE, A.I. 1996 Growth
et al., 1995), Salmo trutta with Diphyllobotrium reduction in African catfish fry infected
dentriticum (RAHKONEN and PASTERNACK, with Trichodina martinkae Basson & Van As,
1998) and for O. niloticus with I. multifiliis and 1991(Ciliophora, Peritrichida). Journal Aquaculture
Saprolegnia sp. (TAVARES-DIAS et al., 2002). in the Tropics, 11:91-96.
Possibly, the thrombocytes were being mobilized
HORTON, T. and OKAMURA, B. 2003 Post-
to contribute in the organic defense mechanisms,
hemorrhagic anaemia in sea bass, Dicentrachus
because these cells together with the leukocytes seem
labrax (L.), caused by blood feeding of Ceratothoa
to represent an important defense line in these hosts.
oestroides (Isopoda: Cymothoidae). Journal of Fish
However, other factors should be also considered.
Diseases, Stirling, 26: 401-406.
RAHKONEN and PASTERNACK (1998) suggested
that this thrombocytopenic response might serve LAIDLEY, C.W., WOO, P.T.K.; LEATHERLAND,
to release clotting factors in preparation for tissue J.F. 1988 The stress-response of rainbow trout
damage. to experimental infection with the blood parasite
To summary, the results demonstrated different Cryptobia salmositica Katz, 1951. Journal of Fish
leukocytes responses to the parasites, which may be Biology, 32: 253-261.
due to different degree of susceptibility of each host.
Fish were captured with hook and line, and had food LIZAMA, M. DE LOS A.P.; TAKEMOTO, R.M.;
in their stomach, then probably were not captured PAVANELLI, G.C. 2006 Parasitism influence on
sick fish, because fish in an advanced disease stage the hepato, splenenosomatic and weight/length
have not appetite. Therefore, this fact was responsible and relative condition factor of Prochilodus lineatus
for non-change in the hemoglobin concentration, (Valenciennes, 1836) (Prochilodontidae) of the
hematocrit and MCHC of fish studied. upper Paraná River floodplain, Brazil. Rev. Bras.
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thrombocytes in sick carps (Cyprinus carpio).
Veterinaria Medicina, Stockholm, 46:12�����
-16.
RESUMO
O fator de condição relativo (Kn), relação esplenosomática (RES) e relação hepatosomática (RHS)
foram comparados em juvenis de Brycon amazonicus (matrinxã) e Colossomoma macropomum
(tambaqui). Espécimes de B. amazonicus e C. macropomum pesando entre 18,0 e 38,0g e 14,0 e 79,0g,
respectivamente, foram coletados de viveiros da Coordenação de Pesquisa em Aqüicultura,
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Manaus, Brazil). O Kn em B. amazonicus variou de
0,90 a 1,10 e em C. macropomum de 0,79 a 1,25. Os valores médios da RES em C. macropomum foram
significativamente maiores (P<0,05) que em B. amazonicus, enquanto os valores médios da RHS
não apresentaram diferenças significativas (P>0,05) entre as duas espécies. Em C. macropomum o
peso esplênico e o peso hepático estiveram positivamente correlacionados com a massa corporal.
Porém, em B. amazonicus essa relação não ocorreu entre o peso esplênico e a massa corporal,
indicando um padrão espécie-específico. A observância do Kn, RES e RHS em B. amazonicus e C.
macropomum sugere que os indivíduos dessas espécies apresentaram boas condições de higidez.
Portanto, recomenda-se a ampliação desses índices como indicadores de higidez para outras
espécies ícticas de importância econômica ainda não estudadas neste contexto.
Palavras-chave: Brycon amazonicus, Colossoma macropomum, fator de condição, relação
esplenosomática, relação hepatosomática
BODY CONDITION INDICES FOR Brycon amazonicus (SPIX & AGASSIZ, 1829) E
Colossomoma macropomum (CUVIER, 1818) IN AMAZON
ABSTRACT
A study comparing the relative condition factor (Kn), splenosomatic index (SSI) and hepatosomatic
index (HSI) was carried out in juveniles of Brycon amazonicus (matrinxã) and Colossomoma
macropomum (tambaqui). ���������������������
Individuals of both, B. amazonicus e C. macropomum, ranging from 18.0
to 38.0g and 14.0 to 79.0g respectively, were provided by the Department of Aquaculture, National
Research Institute of the Amazon (INPA, Manaus, Brazil). The Kn was very similar and varied
from 0.90 to 1.10 for B. amazonicus and from 0.79 to 1.25 for C. macropomum. The splenosomatic
index was higher (p<0.05) in C. macropomum than in B. amazonicus, while for the HSI no significant
difference (p>0.05) was found between the two fish species. Positive relationship regarding spleen
and liver weight to body mass was observed for C. macropomum. However, this relationship was
not found for spleen weight to body mass of B. amazonicus, indicating a species-specific pattern.
The Kn, SSI and HSI of C. macropomum and B. amazonicus suggest that both species presented
good health condition. Therefore, we recommend using these indices as indicators of the health
condition for other fish species that have not been studied.
Key words: Brycon amazonicus, Colossoma macropomum, condition factor, hepatosomatic index,
splenosomatic index
Tabela 1. Valores médios ± desvio padrão do peso total (Wt), comprimento total (Lt), fator de condição relativo (Kn),
relação hepatosomática (RHS%) e relação esplenosomática (RES%) em B. amazonicus e C. macropomum. Os valores
entre parênteses representam amplitudes de variação. Letras diferentes, em uma mesma linha, indicam diferenças
significativas (p< 0,05) entre as duas espécies
O tamanho do baço pode variar entre as espécies (TAVARES-DIAS et al., 2000a). Porém, os valores
(TAVARES-DIAS et al., 2000a; TAVARES-DIAS, médios da RHS em C. macropomum foram menores
2004; RANZANI-PAIVA e TAVARES-DIAS, que o de C. macropomum mantidos experimentalmente
2002). No presente estudo, o tamanho do baço em em restrição alimentar ou não, durante 28 dias
C. macropomum foi maior que em B. amazonicus (ITUASSÚ et al., 2004).
(Tabela 1). Porém, o baço de C. macropomum foi Variáveis como a idade, condição fisiológica
maior que de Piaractus mesopotamicus provenientes do peixe e o próprio ambiente, podem contribuir
de tanques do CAUNESP, Jaboticabal (SP), espécie para a ocorrência de variações no tamanho do
ecologicamente próxima da primeira espécie fígado desses animais (TAVARES-DIAS et al.,
(TAVARES-DIAS e MATAQUEIRO, 2004). Por 2000a; TAVARES-DIAS e MATAQUEIRO, 2004).
outro lado, o tamanho deste órgão foi menor que Esse órgão estoca grande quantidade de gordura
o de P. mesopotamicus e híbrido tambacu coletados e glicogênio (GERMAM e KOZLOVSKAYA,
em pesque-pagues de Franca, SP (TAVARES-DIAS 2001), ingredientes energéticos estratégicos para
et al., 2000a). Todavia, o tamanho do baço além a manutenção da homeostasia (TAVARES-DIAS
desta especificidade pode variar com a idade e sexo et al., 2000a; RANZANI-PAIVA e TAVARES-DIAS,
(VAINIKKA et al., 2005), estado fisiológico do animal, 2002), principalmente durante condições adversas.
ou ainda em resposta ao ambiente (TAVARES- VILLACORTA-CORREA e SAINT-PAUL (1999)
DIAS et al., 2000a; RANZANI-PAIVA e TAVARES- demonstraram para tambaquis coletados em seu
DIAS, 2002; TAVARES-DIAS e MATAQUEIRO, ambiente natural, que a RHS variou em função da
2004). Interessantemente, os valores médios da taxa de utilização dessas reservas, necessárias para
RES registrados aqui para juvenis de B. amazonicus suprir suas demandas energéticas durante o período
foram similares aos relatados para indivíduos de escassez de alimentos, bem como para a produção
maiores (jovens) dessa espécie e de B. orbignyanus, de gametas na reprodução. Nos sistemas de cultivo,
provenientes do nordeste de São Paulo (TAVARES- a oferta de alimento é contínua, independente da
DIAS, 2004), indicando que a idade e o ambiente não época do ano. Contudo, se essa oferta consistir em
tiveram influencia nessas espécies de briconíneos. uma alimentação desbalanceada e inadequada para
o peixe, aumentos (inclusive por acúmulo excessivo
A correlação positiva observada entre o peso cor-
de gorduras) ou diminuições no tamanho do órgão
poral e o peso esplênico nos juvenis de C. macropomum
podem ser também observados e, essa análise, pode
(Figura 1A) sugere que o baço cresce proporcionalmente
ser importante para uma avaliação mais ampla e
ao aumento corporal, nessa espécie. Resultados
conclusiva sobre o grau de higidez e bem estar dos
similares foram demonstrados em outras espécies,
peixes em ambientes de cultivo.
como Oreochromis niloticus (YAMAMOTO e SHIMA,
Embora o fígado possa variar no formato e
1990) e Leporinus macrocephalus (TAVARES-DIAS
tamanho entre as espécies de peixes (TAVARES-
et al., 2000a). Por outro lado, esse padrão não se
DIAS et al., 2000a; TAVARES-DIAS, 2004; RANZANI-
aplica às outras espécies de peixes, como Mugil
PAIVA e TAVARES-DIAS, 2002), nos juvenis de
platanus (RANZANI-PAIVA e TAVARES-DIAS,
C. macropomum e B. amazonicus, o tamanho deste
2002), P. mesopotamicus e seu híbrido, o tambacu
órgão foi proporcional ao peso corporal do animal
(TAVARES-DIAS et al., 2000a), bem como para os
(Figura 2A-B), corroborando o que foi anteriormente
juvenis de B. amazonicus analisados no presente
demonstrado para O. niloticus, P. mesopotamicus,
estudo (Figura 1B). Portanto, além do tamanho do
L. macrocephalus e o híbrido tambacu (TAVARES-DIAS
baço variar entre as espécies de peixes, o seu peso
et al., 2000a). Por outro lado, essa proporcionalidade
pode ser proporcional à massa corporal somente em
não foi observada para M. plantanus (RANZANI-
alguns peixes.
PAIVA e TAVARES-DIAS, 2002), sugerindo que
Os valores médios da RHS em juvenis de essa relação pode ter comportamento espécie-
B. amazonicus da Amazônia foram similares aos específica e, que generalizações baseadas em um
de juvenis de C. macropomum (Tabela 1) e também número reduzido de espécies devem ser tomadas
em relação aos valores descritos para jovens de com cautela, principalmente quando consideramos
B. amazonicus e B. orbignyanus oriundos do nordeste a ampla variedade de espécies de importância
de São Paulo (TAVARES-DIAS, 2004), bem como econômica pertencentes à ictiofauna amazônica
para jovens de P. mesopotamicus e híbrido tambacu ainda não investigadas nesse contexto.
Figura 1. Relações entre o peso esplênico e o peso corporal em (A) C. macropomum (n=40) e (B) B. amazonicus (n=25).
Em C. macropomum essa vinculação é significativa (R2= 0,501; p<0,001) e pode ser explicada pela equação y = -0,00463
+ (0,000571 x peso corpóreo). Na segunda espécie essa relação não foi observada (p>0,05)
Figura 2. Relação entre o peso hepático e o peso corporal em (A) B. amazonicus (n=25, R2= 0,292; p=0,005) e (B)
C. macropomum (n=40, R2 = 769; p<0,001). As equações y= -0,0143 + (0,000571 x peso corpóreo) e y= -0,0817 + (0,0141
x peso corpóreo) explicam essas relações para a primeira e segunda espécie, respectivamente
com condições similares. Apesar dos tamanhos do ITUASSÚ, D.R.; SANTOS, G.R.S; ROUBACH, R.;
baço e fígado variarem entre as diferentes espécies de PEREIRA-FILHO, M. 2004 Desenvolvimento
peixes, é possível obter estimativas relativas precisas de tambaqui submetido a períodos de privação
do tamanho desses órgãos, com a utilização das alimentar. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília,
relações espleno e hepatosomática, especialmente 39: 1199-1203.
nas espécies em que o peso de seus órgãos tem
vinculação direta com o peso corpóreo do animal. LE CREN, E.D. 1951 The length-weight relationship
Assim, recomenda-se a ampliação desses índices de and seasonal cycle in gonadal weight and condition
condição corporal como indicadores de higidez para in the perch (Perca fluviatilis). Journal of Animal
outras espécies ícticas de importância econômica, Ecology, New York, 20: 201-219.
ainda não investigadas.
LIZAMA, M.A.P. e AMBRÓSIO, A.M. 2002 Condition
factor in nine species of fish of the Characidae
AGRADECIMENTOS
Family in the upper Paraná River floodplain,
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas Brazil. Brazilian Journal of Biology, São Carlos,
(FAPEAM, Proc.: 2203/05 e 2204/05) e ao CNPq 62: 113-124.
(Proc.: 35.0117/2005-5), pelo apoio financeiro.
RANZANI-PAIVA, M.J.T. e TAVARES-DIAS, M.
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Pisces: Bryconidae), para indução reprodutiva. TAVARES-DIAS, M. 2004 Características biométricas
Boletim do Instituo de Pesca, São Paulo, 25: 95-99. de Brycon amazonicus e Brycon orbignyanus
(Characidae) oriundos de cultivo intensivo no
DALMO, R.A.;IGEBREGSTSEN, K.; BOGWALD, J. Brasil. CIVA 2004 (http://civa2004.org), 286-289.
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TUFTS, B. Fish respiratory. New York: Academic 157-162.
Press. Cap. 6p, p. 185-227.
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hepato e esplenossomática em teleósteos de água
GOMIERO, L. M. e BRAGA, F.M.S. 2003 Relação peso- doce naturalmente parasitados. Acta Scientiarum,
comprimento e fator de condição para Cichla cf. Maringá, 22:533-537.
ocellaris e Cichla monoculus (Perciformes, Cichlidae)
no reservatório de Volta Grande, Rio Grande- MG/ VAINIKKA, A.; JOKINEN, E.I.; KORTET, R.; PAUKKU,
SP. Acta Scientiarum, Maringá, 25: 79-86. S.; PIRHONEN, J.; RANTALA, M. J.; TASKINEN, J.
José Antônio Salgado de Moura MUNIZ 1; Maria Teresa Jansem de Almeida CATANHO ²;
Athiê Jorge Guerra dos SANTOS ¹
RESUMO
Devido a características importantes como sabor, rusticidade, rápido crescimento entre outras
qualidades, fazem do tambaqui, Colosoma macropomum, um dos peixes mais importantes da
piscicultura brasileira. Por ser um peixe reofílico, não desova naturalmente em cativeiro, o que se
faz necessária que a sua ovulação seja induzida artificialmente. No presente trabalho investigaram-
se os efeitos do fotoperíodo natural na ovulação do referida espécie, quando induzida com o LHRH,
decapeptídeo de uso veterinário. Níveis plasmáticos do hormônio 17α OH-P foram analisados
antes e após as injeções hormonais. Utilizaram-se 17 fêmeas e 16 machos em maturação final, os
quais foram induzidos com hormônio o LHRH (gonadorrelina) em dois protocolos fotoperiódicos
naturais: no protocolo A, indução hormonal iniciou-se entre as 19-20 horas, enquanto no protocolo
B a indução hormonal iniciou-se entre às 8-9 horas. Em ambos os grupos, as dosagens hormonais
decisivas foram aplicadas entre 12-13 horas após a primeira injeção. As concentrações totais nas
fêmeas variaram entre 500-1200 μgLHRH/peixe. Os machos receberam dosagem única de 50-
100μgLHRH/peixe. Não houve ocorrência da ovulação no protocolo A, enquanto todas as fêmeas
do protocolo B, ovularam. Os níveis do hormônio 17α OH-P plasmático foram estatisticamente
diferentes entre os dois grupos durante o considerado período de latência do hormônio indutor.
Os resultados apontam para a existência de um ‘gatilho fotoperiódico’ que favorece a ocorrência
da ovulação em fêmeas de tambaqui, quando são induzidas com o LHRH (gonadorrelina) de uso
veterinário.
Palavras chave: LHRH, fotoperíodo, ovulação
controle, que receberam apenas soro fisiológico. O peixe, divididas em duas aplicações entre de 12-14
peso das fêmeas variou entre 9,5-14,0 kg (Tabela 1). horas, ou em dose única, exceto as duas fêmeas
As concentrações hormonais na primeira e segunda controle que receberam apenas soro fisiológico
injeção variaram de acordo com a evolução gonadal (Tabela 2). O peso das fêmeas variou entre 10,6-15,5
de cada fêmea. Nesse protocolo, a primeira injeção kg. Diferentes do protocolo A, as primeiras injeções
hormonal foi aplicada entre as 19-20 horas (Figura 1). hormonais nesses últimos testes começaram entre
Cada macho recebeu dosagem hormonal única, 08-09 horas (Figura 1). Os machos também receberam
variando entre 50-100 μgLHRH/peixe, de acordo dosagens única, variando entre 50-100 μgLHRH/
com o estádio gonadal (i.e grau de fluidez de esperma peixe, de acordo com o seu estádio gonadal
sob ligeira pressão abdominal), no momento da As concentrações totais do LHRH (gonadorrelina),
segunda aplicação hormonal das fêmeas. empregadas nas fêmeas e machos de ambos os
Protocolo B: 7 fêmeas e 6 machos. Cinco fêmeas protocolos fotoperiódicos, são consideradas eficazes
foram induzidas à ovulação com o mesmo hormônio; à indução da ovulação e espermeação do tambaqui.
as dosagens totais variaram entre 500-1200 μgLHRH/ (PEREZ, 2003 ; SANTOS et al, 1991).
Tabela 1. Dados de fêmeas obtido durante a ação do protocolo fotoperiódico A: peso (kg); dosagens hormonais e
ocorrência de ovulação.
Protocolo fotoperiódico A
Peso Dosagem (μgLHRH/peixe) (μgLHRH/peixe)
Testes Fêmeas Ovulação
(kg) total (μgLHRH/peixe) 1o dose 2o dose
1 12,5 250 450 -
A 700 (56)* 700 (43)
2 16,3 250 450 -
1 12,7 750 (59) 250 500 -
B
2 9,5 750 (79) 250 500 -
1 10,8 1150 (106) 450 700 -
C
2 11,5 1050 (91) 400 650 -
1 12,5 950 (76) 350 600 -
D
2 13,5 850 (63) 350 500 -
Controle 14,0 --- --- --- -
Controle 15,5 --- --- --- -
**O número em parênteses significa μgLHRH/kg.
Figura 1. Calendário das injeções hormonais nos tambaquis e estimativas dos momentos de ovulação nos protocolos
A (início da indução hormonal entre19-20h) e B (início da indução hormonal entre19-20h). (*) significa momento
do acasalamento
Tabela 2. Dados de fêmeas obtido durante a ação do protocolo fotoperiódico B: peso (kg); dosagens hormonais
e ocorrência de ovulação.
Protocolo fotoperiódico B
Peso Dosagem (μgLHRH/peixe) (μgLHRH/peixe)
Testes Fêmeas Ovulação
(kg) total (μgLHRH/peixe) 1o dose 2o dose
1** 14,7 500 - (34)* 500 --- -
2** 12,5 500 - (40) --- 500 +
E
3 10,6 850 - (80) 320 330 +
1 12,7 1000 - (80) 400 600 +
F
2 15,0 1200 - (80) 450 750 +
Controle 13,0 --- --- --- -
Controle 15,5 --- --- --- -
* Número em parênteses significa μgLHRH/kg.
**Dosagem única.
Tabela 3. Variação da progesterona (17α OH-P em ng/ sexuais antes da primeira indução hormonal tenham
mL) de fêmeas pertencentes ao protocolo A, nos tempos contribuído para esse resultado. Nota-se que no
0, 12 e 24 horas após a primeira indução do LHRH. tempo ‘0’, os níveis do 17α OH-progesterona nas
Peixe 0 hs 12 hs 24 hs fêmeas do protocolo fotoperiódico A estavam mais
♀ 0,08 33,69 25,49 baixos do que aqueles das fêmeas pertencentes ao
protocolo B, no qual ocorreu a ovulação (Tabelas 3
♀ 0,06 55,11 23,61 e 4). Em carpa comum, Cyprinus carpio, existe um
♀ 0,05 51,06 21,19 gatilho fotoperiódico que determinada o momento
♀ 0,03 45,57 12,72 da ovulação (Santos et al, 1986) e assim como
acontece em outros peixes teleósteos, a elevação
Média 0,05 a
45,57 b
20,75c
dos níveis de GTH durante a ovulação parecer ser
Dp 0,02 8,06 4,88 dependente dos níveis plasmáticos dos esteróides
Obs. Nos dois peixes controles, não foi possível analisar a sexuais (Ainda et al, 1986). No tambaqui, pesquisas
quantidade do hormônio ao longo do experimento, exceto mais ampla são necessárias a fim de elucidar se a
no ‘tempo 0’, que foram 0,07a e 0,05a ng/mL. As letras influência fotoperiódica está condicionada aos níveis
mostram se existem diferenças estatísticas (α = 0,05).
plasmáticos de esteróides sexuais ou outro de fatores
fisiológicos.
Tabela 4. Variação da progesterona (17α OH-P em
ng/mL) de fêmeas pertencentes ao protocolo B, nos
tempos 0, 12 e 24 horas após a primeira indução do
LHRH.
Peixe 0 13 24
♀ 0,71 30,01 62,02
♀ 0,09 42,41 51,65
♀ 0,12 43,56 -------
Média 0,31 a
38,66 b
56,84c
dp 0,28 6,13 5,18
Do experimento, exceto no ‘tempo 0’, que foram 0,05a e Figura 2. Valores médios do 17α OH-progesterona
0,07a ng/mL. As letras mostram se existem diferenças plasmático nas fêmeas de tambaqui do protocolo
estatísticas (α = 0,05). A, antes e após a indução à ovulação com o LHRH
(gonadorrelina).
As Figuras 2 e 3 mostram a variação do hormônio
17α-hidroxiprogesterona plasmático nas fêmeas
pertencentes aos protocolos A e B, linhas de
tendência e os coeficientes de determinação (r 2).
Diferente do protocolo A, a variação do hormônio
nas fêmeas do protocolo B foi sempre ascendente, o
que provavelmente favoreceu o desencadeamento
do processo ovulatório, após a inversão do
fotoperíodo no momento da primeira injeção
hormonal. Os resultados apontam para a existência
de um “gatilho fotoperiódico” quando a ovulação
o tambaqui é induzida com o decapeptídeo LHRH Figura 3. Valores médios do 17α OH-progesterona
(gonadorrelina). plasmático nas fêmeas de tambaqui do protocolo
B, antes e após a indução à ovulação com o LHRH
Nenhuma ovulação, portanto, foi observada nas
(gonadorrelina).
fêmeas do protocolo fotoperiódico A. Como os testes
nesse protocolo foram realizados logo no início do Variações de sGnRH (hormônio liberador da
considerado período normal de desova do tambaqui gonadatropina de salmão) foram temporariamente
na região, presume-se que, além do fotoperíodo, correlacionados com os níveis de GTH I (gonadatropina
outros fatores, tais como, níveis basais de esteróides vitelogênica) e GTH II (gonadatropina maturacional)
da pituitária e plasmática, seguidas por alterações male masu salmon, Oncorhynchus masu. General
fotoperiódicas da maturação gonadal (AMANO, Comparative Endocrinology, 95(3) : 368-37.
1994 e DAVIES et al, 1999). Estudos apontam para a
BROMAGE, N.; PORTER, M.; RANDALL. C. 2001. The
influência da melatonina no processo da maturação
environmental regulation in farmed finfish with
gonadal de peixes teleósteos (BROMAGE, 2001).
special reference to the role of photoperiod and
Similar às aves, a melatonina plasmática de peixes
melatonin. Aquaculture, Amsterdam, v. 197(1-4)
apresenta uma variação circadiana, pois é alta
: 63-98.
durante o dia e baixa durante a noite. Embora os
recentes estudos apontem para uma influência DAVIES, B. ; BROMAGE, N. ; SWANSON, P. 1999.
da melatonina na maturação gonadal de peixes, a The brain-pituitary-gonadal axis of female
importante pergunta que ainda permanece é como rainbow trout Oncorhymchus mykiss. Effects of
os sistemas endógenos circadianos e circanual photoperiod manipulation. General Comparative
interagem com a função reprodutiva dos peixes, Endocrinology, 115(1) : 155-166.
inclusive o tambaqui.
GOULDING, M. and CARVALHO, M.L. 1982.
Vários relógios-biológicos genéticos têm sido
Life history and management of the tambaqui
identificados em muitos mamíferos. Contudo, o
(Colossoma macropomum, characidae): An
envolvimento desses genes no controle da função
important Amazonian foodfish. Revista Brasileira
circadiana e circanual da melatonina ainda não é
de Zoologia, Viçosa,1(1) : 107-138.
conhecido (Brierley, et al. 1999 apud BROMAGE
2001). MATSUYAMA, M.; YOSHIHIDE, H.; MATSUURA,
S. 1990. Effects
����������������������������������������
of steroids on germinal vesicle
CONCLUSÃO breakdown in vitro of intact follicules in the
Os resultados obtidos apontam para uma japonese whiting, Sillago japonica, a marine teleost.
influência fotoperiódica no processo ovulatório Comparative Biochemistry and Physiology,
do tambaqui, Colossoma macropomum quando Elmsford, v. 96(2) : 257- 261.
induzido com o LHRH (gonadorrelina) e que o
PEREZ, C.J.B. 2003. �������������������������������
Novas metodologias de ovulação
grau dessa influência pode estar condicionado a
induzida no tambaqui, Colossoma macropomum,
níveis plasmáticos de esteróides sexuais no inicio da
com o LHRH comum (gonadorrelina) Rel. Tecn.
indução hormonal.
Est. Aqüicultura/UFRPE,Recife, 8p.
AGRADECIMENTOS SANTOS, A.J.G.; CARMO, J.L.; WALSLEY, S.M.
À Estação de Aqüicultura Continental, 1991. Efeitos do LHRH na ovulação induzida do
do Departamento de Pesca e Aqüicultura da tambaqui Colossoma macropomum e do curimatá
Universidade Federal Rural de Pernambuco pelo pacu Prochilodus marggravii. Anais XII Congresso
apoio à realização do presente experimento e ao Brasileiro de Engenharia de Pesca. Santos, São
Departamento de Biofísica da Universidade Federal Paulo, p.103-110.
de Pernambuco, pelas análises hormonais.
SANTOS, A.J.G.; FURUKAWA, K.; BANDO, K.; AIDA,
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Aida, K.; Kobayashi, M.; Shimizu, A.; Santos,
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Procedings Natural Academy Science, 80(9) :
AMANO, M.; OKUMOTO, N.; KITAMURA, S.;
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IKUTA, K.; SUZUKI Y.; AIDA, K. 1994 Salmon
�������
gonadotropin-releasing hormone and gonadotropin VENTUERI, R. e BERNARDINO, G. 1999. Hormônios
are involved in precocius maturation induced na reprodução artificial de peixes. Panorama da
by fotoperíod manipulation in underyearling Aqüicultura, Rio de Janeiro, n.55(9) : p. 39-49.
RESUMO
O objetivo do presente trabalho foi avaliar duas técnicas de defumação, a tradicional a quente e a
que utiliza aroma natural de fumaça ou “fumaça líquida”, tendo como testemunha o cozimento a
vapor de mexilhão Perna perna. Foram avaliadas as características sensoriais (aparência, cor, aroma,
textura, sabor e teor de sal) e o rendimento do processamento. O delineamento experimental foi
inteiramente casualizado com três tratamentos (T1= defumado por fumaça líquida; T2 = defumação
tradicional e T3 = controle, apenas cozido), com nove repetições. Para a análise sensorial foram
utilizados 30 consumidores, onde cada um foi considerado um bloco. Houve diferença significativa
para o rendimento do processamento entre os tratamentos (P<0,05), entretanto não houve diferença
significativa independente da técnica de defumação aplicada. Contudo, a técnica de defumação
utilizando aroma natural de fumaça se mostrou mais atrativa, apresentando melhores resultados
quanto às características sensoriais e do produto final embalado para comercialização.
Palavras-chave: mexilhões, defumação, fumaça líquida, rendimento, Perna perna, características
sensoriais
ABSTRACT
The objective of the present work was evaluate two techniques of smoking, the hot traditional
and with use of smoke natural aroma or “liquid smoke”, having as control Perna perna mussels
vapor cooked. Sensorial characteristics were appraised (appearance, color, aroma, texture, flavor
and salt tenor) and yield processing. The experimental design was completely randomized with
three treatments (T1 = smoked with liquid smoke; T2 = traditional smoked and T3 = just cooked,
control), with nine repetitions. For sensorial analysis 30 people were used, where each one was
considered a block. There was significant difference for processing performance among treatments
(P<0.05), however there was not significant difference independent of smoked technique applied.
Nevertheless, smoking technique using smoke natural aroma was more attractive, presenting
better results with relationship to sensorial characteristics and final product packaged for
commercialization.
Key-words: mussels, smoking, liquid smoke, yield, Perna perna, sensorial characteristics
em defumador artesanal de inox com geração de da câmara de defumação, para uma prévia drenagem
fumaça fora da câmara de defumação. e secagem por um período de 75 minutos a 60 ºC.
Para a defumação tradicional a quente, os mexi- Transcorridos esse período foram defumados com
lhões embalados em sacos de tule, após a salmouragem, fumaça densa por 90 minutos com uma variação de
foram dispostos nas bandejas de tela metálica dentro temperatura de 60 a 80ºC (Figura 1).
O produto defumado foi submetido a limpeza a sensoriais das amostras foram transformados de
seco, para remover fuligens aderidas à superfície, acordo com a fórmula : √ (x + 0,5), para tabulação no
nova pesagem e acondicionados em vidros contendo programa estatístico e normalização dos dados.
óleo comestível de boa qualidade (girassol). O delineamento experimental foi inteiramente
As amostras para análise sensorial foram casualizado em três tratamentos (T1 = defumação
estocadas sob refrigeração (5 ºC) até o momento com fumaça líquida; T2 = defumação tradicional a
da análise, realizada 24 horas após o término do quente; T3 = controle, cozido no vapor), com nove
processo de defumação. repetições. A unidade experimental foi considerada
Para a técnica de defumação com fumaça líquida a embalagem de tule contendo os cinco exemplares
os mexilhões após a salmouragem foram imersos de mexilhões.
em fumaça líquida (diluição 4:1, ou seja, para cada Para a análise sensorial foram utilizados 30
quatro partes de água, uma de fumaça líquida), por repetições, no delineamento em blocos casualizados,
aproximadamente 10 segundos. Após, os moluscos onde cada consumidor foi considerado um bloco.
foram dispostos em bandejas de tela metálica dentro Os dados foram submetidos à análise de variância
do defumador de inox (sem uso de fumaça natural), (ANOVA – uma via), levando em consideração as
para desidratação por um período de 75 minutos a premissas e, se detectadas diferenças significativas
60ºC. Decorrido o período foram novamente pesados (P<0,05), foi aplicado o teste de Tukey (BANZATTO
para avaliação de rendimento e acondicionados em e KRONKA, 1995).
óleo de girassol em frascos de vidro (200ml), para
análise da forma de apresentação do produto para RESULTADOS E DISCUSSÃO
comercialização. No presente trabalho não foram observado efeitos
O rendimento foi calculado em relação ao peso (P>0,05) nos pesos das amostras depois de cozidas,
inicial total da amostra in natura, pós-cozimento e depois de processadas, bem como nos rendimentos
pós-defumação e a partir deste, foram analisados as cozidos e entre as técnicas de defumação T1 e T2
variáveis de rendimento através das perdas ocorridas (líquida e tradicional, respectivamente). No entanto,
no processo. quando analisado o rendimento processado, as
Amostras de mexilhões Perna perna foram amostras que foram somente cozidas (T3), foram
avaliadas sensorialmente por uma equipe de 30 observadas diferenças significativas (P<0,05)
consumidores (não treinados), cerca de 24 horas conforme a Tabela 1, com rendimento bem maior
após a defumação. As amostras pesando em média que as demais.
5 gramas foram embaladas em papel alumínio e Em relação ao peso das amostras in natura
oferecidas aos consumidores. (incrustações + concha + parte comestível), as
Os consumidores receberam de maneira aleatória mesmas apresentaram diferenças entre si, sendo que
as amostras, já drenadas do óleo e recém retiradas do T3 apresentou o menor peso. Apesar das amostras
refrigerador (mantidas em caixas de isopor e gelo), em terem sido selecionadas aleatoriamente, esse fato
pratos codificados com números também aleatórios ocorreu possivelmente devido às diferenças de
e uma ficha para análise sensorial. Os consumidores peso, nível de incrustação das conchas (SEED,
receberam o mínimo necessário de informações, a fim 1969), tamanho de conchas (PILAR, 1979), entre as
de evitar respostas induzidas no formulário. Além amostras. No entanto, quando foram analisados os
da degustação dos mexilhões, também foi realizada pesos das amostras cozidas e processadas, as mesmas
uma análise visual, em relação à apresentação na não diferiram entre si.
embalagem de vidro. Os mexilhões foram mantidos A variação sazonal da taxa de crescimento de
em frascos de vidro transparente. Foram avaliadas moluscos cultivados em países de clima temperado
as características sensoriais (aparência, cor, aroma, e sub-tropical têm sido observados por DARE e
textura, sabor e teor de sal, além da aceitação geral DAVIES (1975), PILAR (1979), HICKMAN (1979),
do produto. Para tanto, foi utilizada uma ficha entre outros. Segundo PEREZ e ROMAN (1979) e
com escala hedônica de 9 pontos com os extremos PILAR (1979), a influência da temperatura é um fator
1 (desgostei muitíssimo) e 9 (gostei muitíssimo) determinante e bem conhecido no crescimento desses
(MORAES, 1993; STONE e SIDEL, 1993; DUTCOSKY, animais, sendo esta influência um possível indício na
1996). Os dados dos resultados das características variação dos pesos in natura.
Tabela 1. Valores médios para peso e rendimento dos mariscos Perna perna nos diferentes parâmetros analisados
T1 T2 T3
Parâmetros Defumação Defumação Cozimento Teste F CV (%)1
Líquida Tradicional Controle
Peso in natura 285,05A (2) 257,60A 214,35B 9,71* 14,33
Peso Cozido e desconchado 56,95A 53,85A 46,40A 1,74NS 24,83
Peso Processado 39,10A 34,80A 46,40A 3,09NS 26,32
Rendimento Cozido 19,99 A
20,78 A
21,34 A
0,47NS
15,11
Rendimento do Processamento 13,72 B
13,40 B
21,34 A
32,35* 15,46
Rendimento do Defumado 13,72 A
13,40 A
- 0,09NS
17,76
(1)
Coeficiente de Variação
(2)
Médias na mesma linha, com a mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey (P>0,05).
NS
– não significativo (P>0,05) * - significativo (P<0,05)
entre as duas técnicas aplicadas. Observando este rendimento, aroma, textura, sabor, e teor de sal.
resultado, pensa-se que se os mexilhões fossem Não houve diferença (P>0,05) para o teor de sal
submetidos à defumação, por um período superior, entre o T2 (defumação tradicional) e T3 (cozidos,
melhorasse a coloração do produto. No entanto, testemunha). Todavia, estes diferiram do T1
outros aspectos poderiam ser alterados como peso, (defumação líquida).
Figura 2. Valores médios das notas atribuídas pelos consumidores às características sensoriais visuais dos mexilhões
Perna perna processados. Em cada coluna, médias seguidas de mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey
(P> 0,05), sendo T1 = defumação com fumaça líquida; T2 = defumação tradicional a quente; T3 = testemunha, cozido
no vapor.
Figura 3. Valores médios das notas atribuídas pelos consumidores às características sensoriais dos mexilhões Perna
perna processados. Em cada coluna, médias seguidas de mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey (P>
0,05), sendo T1 = defumação com fumaça líquida; T2 = defumação tradicional a quente; T3 = testemunha, cozido no
vapor.
RESUMO
Foram avaliadas as características morfométricas corporais, o rendimento de cortes e a composição
centesimal da carne do armado (Pterodoras granulosus), capturados no reservatório de Itaipú.
Utilizou-se 81 exemplares, distribuídos em um delineamento experimental inteiramente
casualizado, composto por três tratamentos e 27 repetições. Considerou-se como unidade
experimental o peixe inteiro. Os tratamentos foram constituídos pelos animais apresentando-se
dentro das classes de peso: menores que 550g, entre 551 e 1000g e acima de 1001g. Avaliaram-se as
relações morfométricas de comprimento da cabeça/comprimento padrão (CC/CP), comprimento
da cabeça/altura da cabeça (CC/AC), comprimento padrão/comprimento total (CP/CT), largura
do tronco/comprimento do tronco (LTR/CTR), largura do tronco/altura do tronco (LTR/ATR) e
altura do tronco/comprimento do tronco (ATR/CTR); e em seguida os rendimentos dos cortes da
carne de tronco limpo (TL), filé (FL), musculatura abdominal (MA) e, dos resíduos como cabeça
(CAB), vísceras (VISC), gordura visceral (GVISC) pele e nadadeiras (PENAD). Para a realização
das analises da composição centesimal utilizaram-se 15 exemplares distribuídos de forma idêntica
à anterior, contudo apresentando apenas cinco repetições. Foram avaliados os parâmetros de
umidade (UM), resíduo mineral fixo (MM), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE), dos cortes
FL e MA. Os dados foram avaliados por análise de variância e teste de comparação de médias de
Duncan. Verificou-se efeito (P<0,05) para as variáveis CP/CT, MA, VISC e PB do FL, com maiores
resultados para a classe de peso acima de 1001g. Conclui-se que exemplares acima de 1001g
apresentam maior rendimento relacionado com a parte comestível.
Palavras-chave: Pterodoras granulosus, processamento do pescado, rendimento de carcaça,
composição centesimal
ABSTRACT
Were evaluate the body morphometric characteristics, the meat cuts yielding and centesimal
composition of armado’s meat (Pterodoras granulosus), catching in the Itaipú reservoir. One used
81 animals, distributed in a random experimental desing, composed for three treatments and
27 replication. One fish was considered itself as an experimental unit. The treatments had been
constituted by the animals inside of tree body size classrooms: below of 550g, between 551 and
1000g and above of 1001g. Initially the morphometrics relationship of head length/standard
length (HL/SL), head length/head height (HL/HH), standard length/total length (SL/TL), body
width/body length (BW/BL), body width/body height (BW/BH) and body height/body length
(BH/BL) were evaluated; and after that the meat cuts yielding of body clean (BC), fillet (FL),
abdominal muscle (AM) and the by-products as head (H), viscera (VISC), visceral fat (GVISC) and
skin and fins (SKF). To the meat centesimal composition analyzes were used 15 animals distributed
as the previous one, however presenting only five replications. The parameters analyzed were the
humidity (UM), ash (MM), crude protein (CB) and fat (EE), from meat cuts FL and AM. The gotten
data had been submitted to the ANOVA, and applied the Duncan’s mean test. Were verified effects
(P<0,05) to CP/CT, AM, VISC and CB from FL, with greater result to animals with body size above
1001 g. One concludes that animal above 1001g presented greater portion of the edible part.
Key words: Pterodoras granulosus, fish processing, carcass yielding, centesimal composition
peixes, como o filé nas tilápias (BOSCOLO et al., perdas de rendimento (OLIVEIRA et al., 2001; FARIA
2001) ou no jundiá (CARNEIRO et al., 2003). Outra et al., 2003).
relação importante é CC/AC, a qual relaciona o Os resultados de rendimento de TL e FL não
tamanho da cabeça do peixe e, considerando que a apresentaram diferença entre os tratamentos (P>0,05),
cabeça não é aproveitada como porção comestível, e os valores médios variaram de 32,01 a 33,51 % e
elevadas proporções desta parte podem levar às 28,48 a 29,30% (Tabela 2), respectivamente.
Tabela 2. Rendimento (%) dos cortes da carne e de resíduos do processamento do armado (Pterodoras granulosus)
capturado no Reservatório de Itaipu, em diferentes classes de peso
Classes de peso (g)
Variáveis (%) P C.V. (%)
<550 551-1000 >1001
Cortes da carne
Tronco limpo 33,51 33,16 32,01 0,08 11,84ns
Filé de peixe 29,30 28,64 28,48 0,08 8,98ns
Musculatura Abdominal 7,97b 8,53ab 9,29a 0,05 22,39*
Resíduos
Cabeça 29,60 28,58 32,91 0,12 83,17ns
Vísceras 16,12b 17,74ab 19,03a 0,05 22,01*
Gordura Visceral 1,71 2,24 2,39 0,23 92,65ns
Pele e Nadadeiras 10,68 9,83 9,95 0,09 15,56ns
*Dados apresentando diferença significativa (P<0,05). nsDados não significativos (P>0,05). Letras diferentes na
mesma linha indicam diferença significativa entre os tratamentos pelo teste de Duncan
Valores médios de PB superiores aos do presente assimilação pelos tecidos dos organismos (MARCHI,
trabalho, foram encontrados em filés de outras 1997). Por outro lado, a presença de gordura pode
espécies de peixes, como para a matrinxã (Brycon se tornar prejudicial, visto que ela é um dos fatores
cephalus) (MACEDO-VIEGAS et al., 2000), a traíra influentes na vida útil do produto e na sua aceitação
(Hoplias malabaricus) (SALES e SALES, 1990), a tilápia pelo consumidor, devido às reações de lipólise e
nilótica (Oreochoromis niloticus) (VISENTAINER et al., autoxidação sofridas pelos lipídeos (PEREIRA e
2003), o jundiá (Rhamdia quelen) (LAZZARI et al., 2006) CAMPOS, 2000).
e a truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) (MACEDO- O processamento da musculatura abdominal é
VIEGAS et al., 2002), com valores percentuais de uma das formas de melhorar o aproveitamento deste
18,70%; 21,50%; 18,40%; 17,40% e 19,05% de PB peixe, pois é uma parte normalmente descartada
respectivamente. Considerando-se o teor de PB do pelos pescadores. Assim, o seu aproveitamento total
filé, em comparação com outras espécies de peixe, o ou parcial na elaboração de produtos processados
filé do armado apresenta-se com qualidade inferior, pode permitir uma maior agregação do valor ao
contudo, com valor nutricional adequado para pescado (BOMBARDELLI et al., 2005), seja através
alimentos protéicos de origem animal (PEREIRA, do seu processamento, como a defumação (NUNES,
2003), comparável aos níveis do ovo, de outras carnes 1999), ou a prática de embutidos (DIETERICH, 2003)
e leite (GONÇALVEZ e PASSOS, 2003). ou outras formas de beneficiamento (OGAWA, 1999;
As demais variáveis da composição centesimal BOMBARDELLI et al., 2005).
analisadas do FL, não apresentaram efeito (P>0,05)
entre os tratamentos (Tabela 3), contudo, seus valores CONCLUSÃO
estão dentro dos recomendados por OGAWA e O armado (Pterodoras granulosus) capturado no
MAIA (1999). Reservatório de Itaipu, não sofre influencia do peso
Os resultados de composição centesimal da MA corporal sobre o rendimento de filé. No entanto, pei-
não foram influenciados (P>0,05) pelos tratamentos xes acima de 1001 g, possuem uma maior proporção
(Tabela 3). Apesar de a MA apresentar elevados da parte comestível, por apresentarem maiores
valores de EE, em comparação ao FL desta espécie resultados de rendimento do corte da carne “muscu-
de peixe, do ponto de vista nutricional a gordura latura abdominal”. Além disso, os peixes dentro
pode apresentar-se benéfica, pois altos teores de desta classe de peso corporal possuem uma melhor
ácidos graxos poliinsaturados presente na carne qualidade nutricional da carne por apresentarem
dos peixes asseguram melhor digestão e rápida maiores percentuais de proteína bruta no filé.
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RESUMO
O trabalho observou o canibalismo em larvas de matrinxã, Brycon cephalus, oriundas de ovos expostos
a triiodotironina (T3), das 36 às 72 horas pós-eclosão. Foram avaliados: o peso e comprimento das
larvas, conteúdo estomacal, ocorrência de canibalismo e tipos de ataques. O estudo foi realizado no
Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros Continentais (CEPTA/IBAMA), Pirassununga
- SP, em novembro de 2004. Três fêmeas foram induzidas hormonalmente à reprodução os ovócitos
extrusados foram misturados, fertilizados e divididos em quatro alíquotas que constituíram os
tratamentos: L1 (controle - água); L2 (0,01 ppm T3); L3 (0,05 ppm T3) e L4 (0,1 ppm T3). Os ovos
foram hidratados por 15 minutos em água e nas soluções com diferentes concentrações de T3. Em
seguida, foram distribuídos em 12 incubadoras cônicas de 60 L (três repetições por tratamento)
(500 mL de ovos por incubadora) e as larvas foram contadas no momento da eclosão. Foram
realizadas quatro coletas durante a ocorrência de canibalismo (36, 48, 60 e 72 horas pós-eclosão)
sendo coletadas 30 larvas por tratamento, em cada coleta. O peso das larvas predadoras (com
restos de larvas no estômago) foi 50% maior que o das não predadoras (sem restos de larvas
no estômago) e o comprimento 9%, independente do tratamento hormonal. Os coeficientes de
variação do peso e comprimento não diferiram entre tratamentos, indicando homogeneidade de
tamanho. A análise do conteúdo estomacal revelou que o canibalismo ocorreu em cerca de 50-60 %
das larvas, independente da exposição dos ovos à triiodotironina, e os ataques se caracterizaram
por confrontos cabeça-cauda e cauda-cabeça.
Palavras chave: Larvicultura, Brycon cephalus, hormônio tireoidiano, predação
ABSTRACT
The present work evaluated larvae cannibalism of matrinxã, Brycon cephalus, originated from eggs
exposed to triiodothyronine, in the period of 36 to 72 hours after hatching. Observed parameters
were: weight and length of larvae, stomach content, presence of cannibalism and type of attacks.
This study was carried out at Centro de Pesquisa e Gestão de Recursos Pesqueiros Continentais
(CEPTA/IBAMA), Pirassununga - SP, in November 2004. Three females were hormonally induced
to spawn and pooled oocytes were fertilized and separated into four batches that constituted the
treatments: L1 (control - water); L2 (0.01 ppm T3); L3 (0.05 ppm T3) and L4 (0.1 ppm T3). Eggs were
exposed during 15 minutes to water or to solutions containing the different concentrations of T3.
Eggs were distributed in 12 conic incubators (60 L), with three replicates per treatment. There was
stocked 500 mL of eggs per incubator and hatched larvae were counted. Samples of 30 larvae per
treatment were colleted during occurrence of cannibalism (36, 48, 60 and 72 hours post hatching).
Predator larvae (with rests of larvae in the stomach) were 50% of the total number of larvae and
they presented weight 50% higher compared to that of non predator larvae (without rests of larvae
in the stomach) and 9% higher regarding length. Coefficient of variation of weight and length
did not differ among treatments, showing similarity in relation to the size. The stomach content
revealed that cannibalism occurred in around 50-60 % of larvae, regardless the exposure to the
triiodothyronine, and attacks were characterized as head-tail and tail-head attacks.
Key words: Larviculture, Brycon cephalus, thyroid hormones, attacks
variação do comprimento ou peso; S - desvio padrão; entre aquelas não imersas a triiodotironina (grupo
X - média do comprimento ou peso (JOBLING, controle), seguido por aquelas expostas à concentração
1994). média de T3 (0,05 ppm). Os resultados diferem dos
Para determinação do conteúdo estomacal, os encontrados em Brycon orbignyanus submetido aos
tubos digestórios das 30 larvas de cada tratamento mesmos tratamentos hormonais (LEONARDO,
foram abertos examinando o conteúdo por 2005). No estudo citado, observou-se o maior número
microcirurgia em lupa (aumento de 4,5 vezes), com de larvas eclodidas quando os ovos foram expostos a
0,01 e 0,05 ppm T3 e o valor mais baixo foi encontrado
auxílio de agulhas. As larvas foram fotografadas em
com o uso de 0,1 ppm T3.
estereomicroscópio Olympus SZ51 para registro das
formas dos ataques. Quando analisados o peso e comprimento no
momento da eclosão, os valores mais altos foram
Os resultados foram submetidos ao teste F para
encontrados no tratamento hormonal L4 (0,1 ppm
análise de variância (ANOVA) e teste de Tukey para
T3) e esse perfil se mantém na última coleta (72hpe)
comparação de médias ao nível de 5%.
nas larvas não predadoras (sem restos de larvas no
estômago) (Tabela 2), mas não nas larvas predadoras
RESULTADOS E DISCUSSÃO
(com restos de larvas no estômago), que, entretanto se
O número, peso e comprimento das larvas de destacaram por apresentar, às 72 hpe, peso 50% maior
matrinxã, eclodidas são apresentados na Tabela 1. que das não predadoras embora o comprimento fosse
O maior número de larvas eclodidas foi encontrado numericamente semelhante (Tabela 3).
Tabela 1. Valores médios (± desvio padrão) do número, peso e comprimento das larvas eclodidas de matrinxã, Brycon
cephalus, provenientes de ovos imersos à triiodotironina (T3).
Número Peso (mg) Comprimento (mm)
L1 (Controle) 290.600 ± 36,1 a
0,70 ± 0,05b
3,32 ± 0,06b
L2 (0,01 ppm T3) 193.600 ± 23,5b 0,83 ± 0,07b 3,33 ± 0,04b
L3 (0,05 ppm T3) 257.000 ± 32,32ab 0,98 ± 0,06ab 3,53 ± 0,23b
L4 (0,1 ppm T3) 190.000 ± 17,32b 1,04 ± 0,01a 3,93 ± 0,15a
* Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (p>0,05).
Tabela 2. Valores médios (± desvio padrão) do peso e o comprimento corporal de larvas de Brycon cephalus, não
predadoras, provenientes de ovos imerso a triiodotironina (T3) em diferentes tempos de cultivo (horas pós-eclosão
- hpe).
Peso (mg) Comprimento (mm)
Tratamento
36 hpe 72 hpe 36 hpe 72 hpe
L1 (controle) 1,68 ± 0,12a*
2,00 ± 0,15b 6,25 ± 0,22a
6,53 ������
±�����
0,26ab
L2 (0,01 ppm T3) 1,86 ± 0,08a 2,05 ± 0,06b 6,29 ± 0,08a 6,20 ������
±�����
0,05b
L3 (0,05 ppm T3) 1,88 ± 0,08a 2,22 ± 0,05b 6,45 ± 0,05a 6,45 ������
±�����
0,05ab
L4 (0,1 ppm T3) 1,88 ± 0,05a 2,56 ± 0,11a 6,51 ± 0,10a 6,57 ± 0,08a
*Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey
(p>0,05)
Tabela 3. Valores médios (± desvio padrão) do peso e comprimento corporal de larvas predadoras de matrinxã,
Brycon cephalus, provenientes de ovos imerso a triiodotironina (T3), 72 horas pós-eclosão (hpe).
Tratamentos Peso (mg) Comprimento (mm)
L1 (controle) 4,67 ± 0,37 a*
6,99 ± 0,07a
L2 (0,01 ppm T3) 4,11 ± 0,51a 6,98 ± 0,08a
L3 (0,05 ppm T3) 4,44 ± 0,20a 7,04 ± 0,06a
L4 (0,1 ppm T3) 4,45 ± 1,07a 7,02 ± 0,05a
* Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste
de Tukey (p>0,05)
Isso ocorreu em todos os tratamentos, de modo Alguns autores relatam que o crescimento
que o crescimento elevado das larvas predadoras heterogêneo inicial é a chave para o canibalismo
mascarou a resposta da triiodotironina verificada onde indivíduos maiores predam os menores (De
nas larvas não predadoras, às 72 hpe. O crescimento ANGELIS et al., 1979; De ANGELIS et al., 1980;
maior das larvas predadoras reflete a maior ingestão LOADMAN et al., 1986; HECHT e APPELBAUM,
de proteína animal em comparação com as larvas 1988; KATAVIC et al., 1989; BARAS, 1998; BARAS,
que se alimentaram apenas da reserva vitelínica. 2000; KESTEMONT et al., 2003). Segundo HECHT
Descarta-se a possibilidade desse crescimento e PIENNAR (1993), a forma de se controlar o
ter sido favorecido por mais disponibilidade de canibalismo seria a classificação dos indivíduos por
espaço, pois as larvas predadoras e não predadoras tamanho. Entretanto essa classificação só poderia ser
encontravam-se na mesma incubadora. feita durante a fase de juvenil, pois separar as larvas
Em teleósteos, a ocorrência do canibalismo foi por tamanho é inviável, uma vez que, para isso, seria
descrita em 36 famílias (SMITH e REAY, 1991). preciso pesá-las e medi-las.
Entre algumas condições que podem levar ao Na Tabela 4, estão expressos os valores dos
canibalismo, HECHT e APPELBAUM (1988) e coeficientes de variação do peso e comprimento das
KATAVIC et al. (1989) destacaram a alimentação larvas. O coeficiente de variação de peso e compri-
inadequada, freqüência de alimentação e a densidade mento é utilizado para expressar a variação de peso e
de estocagem. Neste experimento, as condições de comprimento nos grupos de larvas (JOBLING, 1994).
alimentação foram semelhantes para larvas de todos Entretanto, neste experimento não houve diferença
os grupos, mas com relação à densidade o grupo significativa entre os coeficientes de variação indican-
controle foi o que tinha maior número de larvas do homogeneidade no tamanho das larvas em todos os
seguido do grupo exposto a 0,05 ppm de T3. tratamentos, tanto em peso como em comprimento.
Tabela 4. Valores médios (± desvio padrão) do coeficiente de variação de peso e comprimento de larvas de Brycon
cephalus, proveniente de ovos imerso a triiodotironina (T3), em diferentes tempos pós-eclosão (hpe).
Coeficiente de variação Coeficiente de variação
Tratamento Peso (mg) Comprimento (mm)
36 hpe 72 hpe 36 hpe 72 hpe
L1 (controle) 12,0 ± 6,39a* 7,83 ± 2,66a 5,78 ± 0,88a 3,77 ± 0,60a
L2 (0,01 ppm T3) 10,4 ± 3,26a 6,61 ± 3,40a 5,69 ± 2,42a 2,74 ± 0,90a
L3 (0,05 ppm T3) 13,7 ± 3,22a 7,38 ± 1,50a 4,46 ± 0,56a 4,46 ± 0,60a
L4 (0,1 ppm T3) 10,5 ± 2,19a 3,89 ± 1,50a 3,45 ± 1,41a 6,57 ± 2,20a
*Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si, pelo teste de Tukey (p>0,05).
Neste trabalho no momento da eclosão das larvas as menores conseguindo engolir a presa, mas isso não
o tratamento L1 (controle) tinha em média 29.600,00 é regra, pois indivíduos do mesmo tamanho corporal
± 3666 larvas seguido do tratamento L3 (0,05 ppm também apresentam predação entre si (Figuras 1 A, B
T3) com 26.000,00 ± 3412 os resultados mais baixos e C). A diferença é que acabam morrendo com a presa
foram as concentrações com as maiores e menores na boca não conseguindo engoli-las, enquanto larvas
doses de hormônio L4 (0,1 ppm T3) 19.000,00 ± 1732 menores se aproveitam para predar larvas maiores
e L2 (0,01 ppm T3) 19.600,00 ± 2771. que estão debilitadas, apresentando natação com
Entretanto, a diferença de densidade nas incuba- dificuldade ou mesmo quando duas larvas do mesmo
doras não foi associada a incidência de canibalismo, tamanho ficam presas umas às outras levando-as a
como mostra a Tabela 5. Esse comportamento morte (Figuras 2 E e F).
ocorreu na mesma proporção em todos os grupos BARAS (2000) descreveu dois tipos de canibalismo
de larvas. durante a fase larval de Brycon moorei, ou seja, do tipo
Com relação aos tipos de ataque não houve dife- I, presente em torno de 26 hpe, quando as larvas ainda
renças entre larvas provenientes de ovos tratados com apresentavam saco vitelínico e pesavam 1,2 mg, e do
T3, ou não tratadas. Verificou-se independentemente tipo II, presente às 46 hpe, quando a reserva vitelínica
do tratamento hormonal que larvas maiores predam tinha sido absorvida e as larvas pesavam 2,8 mg. A
digestão completa das larvas ingeridas ocorreu às de desenvolvimento. Observa-se na Figura 2 D que
96 hpe, quando as larvas pesavam 10mg. as larvas de matrinxã apresentam a reserva vitelínica
Por meio das Figuras 1 e 2, pode-se identificar bem visível e já estão a predar.
algumas formas de ataques, sendo o frontal o que Na criação de peixes, a ocorrência de canibalismo
ocorre quando uma larva de maior comprimento na fase larval é de 15% a 90%, segundo HECHT
corporal ataca uma larva de menor comprimento, BERNARDINO et al. ���������
e PIENNAR (1993). ����������� (1993) e
ingerindo-a no sentido cabeça-cauda (Figuras 1 ROMAGOSA et al. (2001) relatam que o sucesso na
A e B). Segundo a classificação de BARAS (2000), obtenção inicial de larvas não garante a criação do
esse tipo de canibalismo seria do tipo II, pois na gênero Brycon em cativeiro, pois a partir de 32 a 35
Figura 1 C, observa-se a larva na cavidade celomática horas após a eclosão tornam-se canibais, resultando
da predadora. A diferença é que, em B. moorei, a em até 99% de perda. Os valores de canibalismo
digestão ocorreu às 96 hpe e a larva pesava em torno obtidos neste estudo, por meio da análise do conteúdo
de 10 mg, enquanto no matrinxã a digestão ocorreu estomacal das larvas de matrinxã, mostraram
às 72 hpe e a larva pesava em torno de 4,5 mg. Os ocorrência de predação na fase de desenvolvimento
ataques ocorreram no sentido caudal (Figuras 1 D, E e inicial de 50-60 % (Tabela 5).
F) e as Figuras 2 A e B mostram as larvas no estômago A análise do conteúdo estomacal mostrou
sendo digeridas 72 hpe. Observa-se nas Figuras 2 C e predação semelhante nas larvas dos diferentes trata-
D que a região estomacal apresenta uma massa mais mentos hormonais, indicando que a triiodotironina
escura, provavelmente uma larva digerida, e a seta não afetou o comportamento de canibalismo nas
fina na Figura 2 D indica que a larva ainda tem parte larvas de matrinxã no presente experimento.
da reserva vitelínica. Esses resultados diferem tanto dos encontrados
Observa-se que os ataques bem sucedidos por HEY et al. (1996) em Stizostedion vitreum, que
partem de larvas maiores para as menores, mas relataram aumento de canibalismo nas larvas
isso não significa que larvas menores não possam tratadas com T 3, quanto dos encontrados por
predar. Esses ataques geralmente levam à morte de URBINATI et al. (2003) que encontraram maior
duas ou mais larvas envolvidas, pois as larvas que sobrevivência e redução de canibalismo em larvas
apresentam o mesmo comprimento corporal, e as de matrinxã, sob o efeito de T3 de origem materna.
menores, acabam morrendo com a outra na boca Entretanto neste último estudo, a forma de adminis-
(Figuras 2 E e F). Esse comportamento foi descrito tração do hormônio diferiu, tendo sido injetado nas
por BARAS (2000) como canibalismo tipo I, no qual fêmeas antes da desova e não nos ovos durante a
os predadores atacam as presas debilitando-as e fertilização.
dificultando a natação, ou mesmo chegam a engolir Diariamente, às 8:00 e 18:00 horas, registrou-se a
a cauda e depois regurgitam. Isso faz com que a larva temperatura da água (26,6 ± 1,3 ºC), a concentração de
que foi atacada fique mais fraca. oxigênio dissolvido (6,6 ± 0,7 mg/L) e valores de pH
Segundo LIAO et al. ����������������������������
(2001), o canibalismo é uma (7,0 ± 0,2) e determinou-se a concentração de amônia
estratégia de alimentação que ocorre mais prova- total (0,01 ± 0,1 mg/L). Os valores encontrados estão
velmente em períodos de recursos alimentares dentro da faixa recomendada para cultivo de espécies
limitados, sendo comum em larvas e juvenis na fase tropicais (BOYD, 1990).
Tabela 5. Conteúdo estomacal das larvas de matrinxã, Brycon cephalus, provenientes de ovos imersos a triiodotironina
(T3), em diferentes tempos pós-eclosão (hpe).
Tratamentos Ausência de Conteúdo Presença de Conteúdo Canibalismo (%)
L1 (controle) 15* 15 50
L2 (0,01 ppm T3) 15* 15 50
36 hpe
L3 (0,05 ppm T3) 12* 18 60
L4 (0,1 ppm T3) 15* 15 50
L1 (controle) 12* 18 60
L2 (0,01 ppm T3) 12* 18 60
72 hpe
L3 (0,05 ppm T3) 12* 18 60
L4 (0,1 ppm T3) 12* 18 60
(*) ausência de larvas no estomago.
B. Inst. Pesca, São Paulo, 34(2): 231 - 239, 2008
236 LEONARDO et al.
Figura 1. Fotomicrografia de larva de matrinxã, Brycon cephalus. A) Canibalismo no sentido cabeça – cauda. B) Detalhe
mostrando a ingestão e evidenciando a pigmentação dos olhos. C) Larva já ingerida a posição dos olhos indicando o
sentido da predação. D) Canibalismo no sentido cauda – cabeça, com predação lateral. E) Larva sendo parcialmente
engolida. F) Presa sendo engolida pelo predador evidenciando o canibalismo.
Figura 2. Fotomicrografia de larva de matrinxã, Brycon cephalus. A) Larva ingerida indicando a direção da predação
pela posição dos olhos no estomago. B) Detalhe mostrando a região da cabeça e estomago do predador. C) Larva já
digerida. D) Seta indicando resquícios do saco vitelínico. E) Predador sendo predado. F) Aumento da fotomicrografia
E.
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ABSTRACT
The Caribbean pomfret, Brama caribbea, is a common food item of pelagic predators in the
Southwestern equatorial Atlantic. Stomach contents of 185 B. caribbea, obtained from stomach
contents of great pelagic predators were analysed to know the food spectra, and determine
which portion of the micronekton takes place in his feeding habits. The main food items were
Euphausiacea, the hiperiids Brachyscelus crusculum and Phrosina semilunata, the fishes Myctophidae
and Acanthurus sp., the cephalopods Enoploteuthidae, Cranchiidae and Ommastrephidae, and
the heteropods. The diet composition of B. caribbea was 86.8% similar to the composition of the
organisms found in the regional micronekton collected by midwater trawl.
Key words: Caribbean pomfret, Brama caribbea, feeding
RESUMO
A palombeta-do-Caribe Brama caribbea, é um item alimentar comum de grandes predadores no
Atlântico sudoeste equatorial. Conteúdos estomacais de 185 B. caribbea obtidos de conteúdos
estomacais de grandes predadores foram analisados para se conhecer o espectro alimentar e para
determinar qual porção do micronécton é parte dos seus hábitos alimentares. Os principais itens
alimentares foram Euphausiacea, os hiperídeos Brachyscelus crusculum e Phrosina semilunata, os peixes
Myctophidae e Acanthurus sp., os cefalópodes Enoploteuthidae, Cranchiidae e Ommastrephidae, e
os heterópodes. A composição da dieta de B. caribbea foi 86,8% similar à composição de organismos
encontrados no micronécton da região coletado por rede de meia água.
Palavras-chave: Palombeta-do-Caribe, Brama caribbea, alimentação
2001), there is no commercial fishery targeting out between October 2004 and November 2005
adults of B. brama in Brazil, where they are caught (Figure 1). The specimens of B. caribbea, in very good
occasionally by pelagic longline in the Southeastern conditions, were obtained from frozen stomach
and Southern regions (ZAVALA-CAMIN, 1981; contents of the blue marlin (Makaira nigricans),
TOMÁS et al., 1988), and deep bottom longline white marlin (Tetrapturus albidus), and bigeye tuna
(HAIMOVICI et al., 2004). B. brama is also reported (Thunnus obesus) that are commonly caught by
to Argentinian waters (CASTELLO and VERA, 1973). longliners in this region. The stomachs of B. caribbea
Among adult bramids in the Southwestern equatorial were removed by opening the abdominal cavity
Atlantic only T. longipinnis are reported in longline and by severing them from the intestine and the
catches. Other bramid species were recorded as esophagus, and than preserved in formalin at 5%.
larvae or juveniles in the same area (ANDRADE, Food items in the stomach contents were identified
2000; BEZERRA JÚNIOR, 1999; FIGUEIREDO et al., to the lowest possible taxon. For each stomach data
2002; LESSA et al., 1999; MADUREIRA et al., 2005; such as the number of individuals of each food
VASKE JÚNIOR et al., 2005a). The pomfrets, B. brama item, total length for all organisms, and wet weight
and B. caribbea, are two of the most abundant prey of each individual were recorded. Total length was
of pelagic predators in the Southwestern equatorial registered in milimeters and weight in grams. The
Atlantic, most of them found as juveniles in stomach stomach fullness was recorded according to a five-
contents of great pelagic predators (MATTHEWS point scale of estimated percentages of total fullness:
et al., 1977; VASKE JÚNIOR, 2000; VASKE JÚNIOR empty, 25% full, 50 % full, 75% full, and full.
Figure 1. Sample area in the Southwestern equatorial Atlantic. RA- Rocas Atoll; FNA – Fernando de Noronha
Archipelago; SPSPA – Saint Peter and Saint Paul Archipelago. Black squares are the hauls of the midwater trawl
fish Alepisaurus ferox and Gempylus serpens. Baits of full stomachs, which means that B. caribbea have
were present in 17.7% of the stomachs. The degrees a constant amount of food in the stomachs, chiefly
of stomach fullness were 6.9% empty, 17.2% of 25% between 25% and 75%.
full, 30.1 % of 50% full, 23.6% of 75% full, and 22.0 %
Table 1. Prey species composition of Brama caribbea in number (N), weight (W), frequency of occurrence (FO), IRI
ranking, and organisms composition of midwater trawl in the Southwestern equatorial Atlantic
Table 1. Continuation
Table 1. Continuation
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VASKE JR., T.; LESSA, R.P.; MONTEIRO, A.; BEZERRA
Julio César ORTIZ1, Sebastián SÁNCHEZ1, Juan Pablo ROUX1, Alfredo Oscar GONZÁLEZ1
Resumen
Se evaluó el crecimiento compensatorio de juveniles de pacú (Piaractus mesopotamicus) de
pequeña talla a través de cuatro ciclos de “no alimentación/re-alimentación” (NA/RA). El
ensayo experimental se realizó con tres lotes de peces que presentaron pesos medios iniciales de
0,19, 0,54 y 2,11 g, los que fueron considerados como bloques. Se compararon dos tratamientos
experimentales contra un control con ciclos de: 2 días NA/3 días RA (tratamiento A), 3 días NA/2
días RA (tratamiento B) y alimentación continua (control). No se observaron diferencias para el
peso medio a lo largo de todo el experimento. La Tasa de Crecimiento Específico general mostró
diferencias significativas, donde el tratamiento B presentó un crecimiento menor que el control.
El análisis por ciclos permitió detectar que el control presentó mayor crecimiento que ambos
tratamientos experimentales en el segundo ciclo y respecto del tratamiento B en el cuarto ciclo;
las diferencias entre bloques fueron evidentes solo en los dos primeros ciclos a favor de los peces
de mayor tamaño. La Razón de Eficiencia Proteica no evidenció diferencias cuando se analizó
en forma general; sin embargo, pudo observarse que en el segundo período el tratamiento B fue
menor que el control. El efecto de bloques presentó un resultado similar al encontrado para la
Tasa de Crecimiento Específico. Los resultados sugieren que existe respuesta compensatoria en
juveniles de pacú de pequeña talla y que el tamaño de los peces afecta el desempeño de los mismos
durante la etapa de compensación.
Palabras clave: Piaractus mesopotamicus - restricción alimentaria/realimentación - crecimiento
compensatorio
cálida (QIAN et al., 2000) y en particular en pacú, Agropecuaria “Las Breñas” del Instituto Nacional
especie con la cual se realizaron experiencias en etapa de Tecnología Agropecuaria (INTA) con 28% de
de engorde (SOUZA et al., 2003), no así con animales proteína cruda en su composición.
de pequeña talla o en período de alevinaje. En la experiencia se utilizaron dos tratamientos
La capacidad individual de acceso al alimento, experimentales consistentes en distintas estrategias
cuando este escasea, probablemente favorezca de alimentación y un tratamiento control, los que
la formación de rangos sociales, determinando consistieron en:
la aparición de jerarquías en la alimentación, las • Tratamiento Control, se alimentaron los
cuales a lo largo del tiempo determinan diferencias peces diariamente con el alimento mencionado a lo
de talla (SÆTHER y JOBLING, 1999). Bajo estas largo de toda la experiencia,
circunstancias los individuos dominantes, por talla o
• Tratamiento A, se realizaron cuatro ciclos
agresividad, se ven favorecidos en cuanto al control
de “no alimentación/re-alimentación” cada uno de
de los recursos (GRANT, 1997).
los cuales consistió en privar de todo alimento a los
El objetivo del presente trabajo fue analizar el individuos durante 2 días y posterior reanudación
crecimiento compensatorio en juveniles de pacú de de la alimentación los siguientes 3 días ( 2NA/3RA);
pequeña talla, a través de tres indicadores zootécnicos, y
a lo largo de cuatro ciclos de “no alimentación/re-
• Tratamiento B, en el cual los ciclos de “no
alimentación” en comparación con un grupo
alimentación/re-alimentación” consistieron en la
alimentado en forma continua, considerando tres
privación del alimento durante 3 días y posterior
tamaños distintos de individuos.
alimentación los siguientes 2 días (3NA/2RA).
Materiales y métodos Repitiéndose así cuatro ciclos de cinco días en los
tratamientos experimentales. En todos los casos los
El ensayo experimental se realizó durante el mes
peces fueron alimentados con una ración del 4% de
de mayo de 2005 en las instalaciones del Instituto de
la biomasa de cada acuario, las cuales se ofrecieron
Ictiología del Nordeste de la Facultad de Ciencias
manualmente divididas en dos comidas diarias.
Veterinarias, Universidad Nacional del Nordeste
Las raciones fueron corregidas al comienzo de cada
(INICNE-FCV-UNNE) (Corrientes, Argentina),
ciclo.
donde se utilizaron como unidades experimentales
9 acuarios de vidrio de aproximadamente 25 litros Para evaluar la evolución de los peces a lo largo
de capacidad y aireación forzada, en cada uno de los de cada ciclo los mismos fueron pesados al final de
cuales se introdujeron 5 juveniles de pacú (Piaractus estos con una balanza electrónica con capacidad de
mesopotamicus) de pequeña talla (peso promedio 400 g, precisión de 0,01 g.
inicial: 0,98 g). La temperatura ambiente del laboratorio se reguló
Los peces fueron adaptados a las condiciones con estufa eléctrica para su mantenimiento entre
experimentales durante un período previo de una 22º y 24º C. La temperatura del agua y la saturación
semana; la asignación de los grupos experimentales y concentración de oxígeno fueron medidas
se realizó según un diseño en bloques completamente diariamente, el pH y la conductividad eléctrica
aleatorizados, donde los individuos fueron agrupados medidos al momento de realizarse el control de
en tres tamaños distintos cuyos pesos medios peso. Los promedios de las variables físico-químicas
iniciales fueron: 0,19g (± 0,01), 0,54 g (± 0,02) y estimados para los diferentes tratamientos se
2,11 g (± 0,11) para los peces pequeños, medianos compararon utilizando el test de Tuckey (p> 0,05).
y grandes, respectivamente, y luego distribuidos Los restos de alimentos y detritos se eliminaron
al azar en cada uno de tres acuarios, respetando el de las unidades experimentales diariamente,
tamaño para completar las unidades experimentales; aproximadamente una hora después de la
quedando de esta forma, un acuario de cada tamaño segunda comida, mediante sifonaje, renovándose
para cada uno de los tres grupos con tratamientos diariamente el 25% del volumen de cada acuario.
alimentarios diferentes. Adicionalmente, se realizó el recambio completo de
La única oferta alimentaria durante el ensayo agua simultáneamente con el pesaje al final de cada
experimental fue una dieta balanceada pelletizada ciclo experimental.
para engorde elaborada en la Estación Experimental Los resultados obtenidos al final de cada ciclo,
se analizaron mediante ANOVA a dos vías para un por ciclos permitió detectar diferencias significativas
diseño experimental en Bloques Completos al Azar, entre el control y ambos tratamientos experimentales
utilizándose como bloques el tamaño de los peces, en el segundo ciclo (p<0,05) , mientras que en el
con 3 réplicas por tratamiento. Recurriéndose al cuarto ciclo solo el tratamiento B resultó inferior al
mismo diseño se analizaron los promedios generales control (p<0,05), siendo que en los otros períodos
para todo el ensayo, donde solo se consideraron los experimentales no pudieron observarse diferencias
guarismos obtenidos al inicio y al final del mismo. (Figura 3); el efecto de bloques difirió a lo largo del
Observadas diferencias significativas entre trata- ensayo, mostrando diferencias significativas entre los
mientos, las medias se compararon utilizando el test tamaños (p<0,05) únicamente en los dos primeros ci-
de Dunnet. clos, no así en la segunda mitad del ensayo (Figura 3).
Los indicadores zootécnicos utilizados como
variables dependientes fueron: Figura 1. Evolución del peso medio de los tratamientos
durante el ensayo de evaluación de crecimiento
• peso medio, compensatorio de pacú. ns: diferencias no significativas
• Tasa de Crecimiento Específico (TCE) respecto del control (p>0,05). Efecto de bloque
(Hepher, 1993): significativo en todos los períodos
Resultados
La calidad del agua se mantuvo en valores adecua-
dos para la cría de pacú (Tabla 1), presentando muy
pocas oscilaciones en las variables físico-químicas.
Tabla 2. Promedios de Tasa de Crecimiento Específico e Intervalos de Confianza (95%) en evaluación de crecimiento
compensatorio de pacú. ns: diferencias no significativas (p>0,05) respecto del control. *: diferencias significativas
(p<0,05)
Tratamiento Promedio Límite Inferior del IC Límite Superior del IC
Control 1,501769 0,891764 2,111775
A 0,892445 ns 0,282440 1,502451
B -0,031634 * -0,641639 0,578371
Control: Alimentados diariamente; A: 2NA/3RA; B: 3NA/2RA
Figura 3. Promedios estimados para la Tasa de ciclos experimentales (Figura 5) pudo observarse
Crecimiento Específico por período en evaluación de que en el segundo período el tratamiento B es
crecimiento compensatorio de pacú. ns: diferencias no significativamente distinto al control (p<0,05), sin
significativas respecto del control (p>0,05). *: diferencias
observarse diferencias en los restantes períodos; el
significativas (p<0,05). Efecto de bloque significativo
(p<0,05) en los dos primeros períodos de crecimiento efecto de bloques para esta variable se comportó
de manera similar al encontrado para la Tasa de
Alimentados diariamente 2NA/3RA 3NA/2RA Crecimiento Específico, mostrando diferencias
significativas entre los tamaños (p<0,05) en los dos
primeros ciclos, pero no en la segunda mitad de la
experiencia.
Tabla 3. Promedios de Razón de Eficiencia Proteica e Intervalos de Confianza (95%) en evaluación de crecimiento
compensatorio de pacú. ns: diferencias no significativas respecto del control (>0,05)
Tratamiento Promedio Límite Inferior del IC Límite Superior de IC
Control 1,392148 0,34847 2,435825
A 1,236217 ns 0,19254 2,279894
B -0,013421 ns -1,05710 1,030256
Control: Alimentados diariamente; A: 2NA/3RA; B: 3NA/2RA
Figura 5. Razón de Eficiencia Proteica por período en representar una restricción excesiva para los peces
evaluación de crecimiento compensatorio de pacú. de pequeña talla, indicando que quizás la respuesta
Las barras indican el Intervalo de Confianza de 95%. fisiológica no es suficiente para contrarrestar
ns: diferencias no significativas respecto del control
(p>0,05). *: diferencias significativas (p<0,05). Efecto
la escasa alimentación a través del crecimiento
de bloque significativo (p<0,05) en los dos primeros compensatorio (JOBLING, 1994). En cuanto al
períodos de crecimiento tratamiento A, los valores registrados en la Tasa de
Crecimiento Específico a lo largo de la experiencia
Alimentados diariamente 2NA/3RA 3NA/2RA
concuerdan con los resultados hallados por EGEA
NICOLÁS et al. (2002) en Diplodus puntazzo tras
un período de diecisiete días de ayuno; asimismo,
HAYWARD y WANG (2001) encontraron tasas de
crecimiento específico similares al control en lotes
de Perca flavescens sometidas a distintos períodos de
restricción alimentaria previa a la oferta ad libitum
del alimento.
La Razón de Eficiencia Proteica se utilizó como
indicador zootécnico sobre la base de lo expuesto
por RUEDA et al. (1998), quienes encontraron
que cuando se desata la respuesta compensatoria
pueden distinguirse dos fases: una temprana con
movilización mayormente de proteínas y una
tardía con gran movilidad de lípidos. Por lo tanto,
la Razón de Eficiencia Proteica representaría una
herramienta válida para evaluar la utilización de
Discusión
ese nutriente por los peces en respuesta a cortos
Las condiciones ambientales se mantuvieron en períodos de privación de alimentos. Sin embargo,
parámetros adecuados para la cría del pacú, con muy los bajos valores registrados para esta variable en
escasa variabilidad de los parámetros considerados, los tratamientos experimentales pueden deberse a
por lo que puede descartarse la influencia del que no se permite el desarrollo pleno de la respuesta
ambiente en los rendimientos zootécnicos observados hiperfágica debido a la limitación impuesta en la
en los tratamientos. ración en las etapas de re-alimentación, la cual no
El hecho de no haberse encontrado diferencias en permitiría una completa recomposición del tracto
la evolución de los pesos medios demuestra que los digestivo necesaria para lograr un más eficiente
individuos sometidos a los tratamientos experimen- aprovechamiento de la proteína ofrecida, como fuera
tales presentaron crecimiento compensatorio, observado por QIAN et al. (2000) en Carassius auratus
considerando que consumieron 40% y 60% menos gibelio. Además, un deterioro del estado nutricional
alimento que el control para los tratamientos A y B, inducido por sucesivos ciclos de escasa alimentación
respectivamente. pudo haber afectado la respuesta compensatoria
Sin embargo, estos resultados no son favorables como fuera observado en híbridos de Lepomis
a los tratamientos experimentales cuando nos refe- cyanellus x L. niacrochirus (HAYWARD et al., 1997).
rimos a la Tasa de Crecimiento Específico y a la Si bien las diferencias entre el tratamiento
Razón de Eficiencia Proteica, las cuales en función control y los tratamientos experimentales resultan
al crecimiento compensatorio mostrado, se supone, apreciables, especialmente con el tratamiento B, estas
podrían implicar mejores resultados tanto en el no son estadísticamente significativas en varios ciclos
tratamiento A como en el B. Por el contrario, este experimentales debido, en parte, probablemente
último presenta una Tasa de Crecimiento Específico al aumento de la variabilidad, situación que fuera
negativa, demostrando que, si bien gana mucho peso observada en varias especies cuando son sometidas
en el primer período, esta ganancia es prácticamente a situaciones de disminución de oferta alimentaria
nula en el tercer ciclo, resultando negativa en los dos (MC CARTHY et al., 1992; JOBLING y KOSKELA,
restantes. Esta situación demuestra que la estrategia 1996; JOBLING y BAARDVIK, 1994; CARTER et al.,
alimentaria propuesta en el tratamiento B puede 1996; SÆTHER y JOBLING, 1999). Este aumento en
RESUMO
O estudo analisou, entre abril de 1996 e dezembro de 1997, a distribuição espaço-temporal e alguns
aspectos da estrutura populacional do berbigão, Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) em dois
baixios entremarés da Baía de Paranaguá (PR, Brasil). A. brasiliana foi observada desde a entrada
do estuário, com salinidade média superior a 30, até setores a montante com salinidade mínima
de 17. Áreas preferenciais de assentamento das larvas foram observadas na faixa superior dos
baixios, onde as densidades populacionais foram significativamente mais baixas. A redução na
densidade das populações no verão deve-se, provavelmente, a incrementos nas taxas de predação
e precipitação pluviométrica, e a fatores populacionais intrínsecos, que podem favorecer os
assentamentos de A. brasiliana durante o outono.
Palavras-chave: Anomalocardia brasiliana; ecologia populacional; planícies de maré; Baía de
Paranaguá
ABSTRACT
From April 1996 to December 1997, the spatial and temporal distribution and some aspects of the
population structure of the pointed venus, Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791), was studied
on two tidal flats of the Paranaguá Bay (PR, Brazil). A. brasiliana was observed from the entrance
of the estuary, with mean salinity higher than 30, to the inner sectors with a minimum salinity
17. Larval settlement was observed to occur preferentially on the higher level of the tidal flats,
where population densities were significantly lower. Summer reductions in population density,
were probably due to an increase in predation and pluviosity during this period, and to intrinsic
population factors, that may favour the settlement of A. brasiliana during autumn.
Key words: Anomalocardia brasiliana; population ecology; tidal flats; Paranaguá Bay
expressos em escala φ (fi), logaritmo negativo de base MANN, 1992): IC = (Wb/Wsh) x 100, onde: Wb =
2 da granulometria em milímetro, cujos números peso seco da carne (g) e Wsh = peso seco da concha
inteiros são coincidentes com a escala de Wentworth (g). Diferenças significativas entre o número de
(SUGUIO, 1973). As análises de sedimento foram machos e fêmeas foram verificadas através do
realizadas no Laboratório de Oceanografia Geológica teste Qui-Quadrado. ANOVAs unifatoriais (α =
do Centro de Estudos do Mar/UFPR. Análises de 0,05) foram utilizadas para comparar a variação
variância unifatoriais (α = 0,05) foram utilizadas para espacial e temporal dos índices de condição
comparar variações nos fatores físico-químicos entre (lote A), assim como as densidades populacionais
locais, níveis amostrais e no período. (lote B).
Para o estudo dos atributos populacionais de
Anomalocardia brasiliana, foram utilizados dois lotes RESULTADOS
de animais. O lote A foi obtido por coleta manual, Fatores físico-químicos
constou de 30 animais/mês com tamanho mínimo de Ambos os baixios apresentaram sedimento areno-
20 mm de comprimento, e destinou-se à verificação da lodoso, com aproximadamente 90% de areia, 5% de
proporção sexual e índices de condição. Este lote de finos (siltes e argilas) e 3% de cascalho. De acordo
animais foi coletado entre julho de 1996 e dezembro com a classificação textural de SHEPARD (1954),
de 1997. O lote B foi coletado com o auxílio de um houve o predomínio de areias muito finas (AMF; φ
amostrador cilíndrico de PVC com 25 cm de diâmetro médio = 3,1) na Est. I e de areias finas (AF; φ médio =
(área: 0,049 m2), enterrado a 10 cm no sedimento, com 2,8) na Est. II. Uma diminuição gradual no tamanho
a tomada de cinco repetições aleatorizadas em cada médio dos grãos ocorreu do nível entremarés mais
nível amostral, e destinou-se à avaliação de atributos baixo (N3) ao mais alto (N1), em ambos os locais.
populacionais como: abundância, distribuição O teor de matéria orgânica no sedimento foi de
espaço-temporal e estrutura de tamanho. O período aproximadamente 2%, a umidade esteve em torno
de coletas deste lote de animais compreendeu abril de 25%, e ambos tiveram pequena variação entre
de 1996 a outubro de 1997. locais (p>0,05). O carbonato biodetrítico foi mais
As amostras foram acondicionadas em sacos alto (p<0,05) na entrada do estuário (Tabela 1) e mais
plásticos etiquetados e transportadas ao Centro de baixo no N1.
Estudos do Mar/UFPR (Pontal do Sul, PR), onde A temperatura da água e do sedimento variou
foram processadas. Os animais do lote B foram de 14,8°C a 30°C, com pouca variação entre locais
triados sobre peneira com 1 mm de abertura de (Tabela 1) e níveis, mas com diferença acentuada
malha, fixados em formaldeído a 4% e após 48 horas (p<0,05) entre o inverno (junho-agosto) e o verão
transferidos para álcool 70%. Foi tomada a medida (dezembro-fevereiro) (Figuras 1 e 2). A salinidade
de comprimento de concha (eixo ântero-posterior) de foi mais baixa durante o verão, período de chuvas
cada exemplar, com a utilização de um paquímetro na região, o que ficou mais evidente na Est. II, onde
com precisão de 0,01 mm. Os animais do lote A há um aporte próximo de água fluvial (Figuras 3 e
também foram medidos quanto ao comprimento e 4). Na Est. I, localizada na entrada do estuário, as
posteriormente, ainda frescos, foram abertos. Com o salinidades foram mais altas (p<0,05) do que na
auxílio de um bisturi, uma pequena porção do tecido Est. II (Tabela 1; Figuras 3 e 4). Não houve diferença
gonádico de cada exemplar foi retirada por punção, significativa deste fator entre níveis amostrais. O
posta sobre lâmina e examinada ao microscópio potencial hidrogeniônico (pH) foi mais baixo na
óptico para a identificação dos sexos. Carne e concha Est. II (Tabela 1) e no nível superior (N1) de ambos
deste lote foram pesadas sobre balança com precisão os locais. Os valores de oxigênio dissolvido (OD) da
de 0,001 g, para a obtenção do peso úmido. Depois, água intersticial foram, em geral, expressivamente
ambas foram mantidas em estufa durante 24 horas mais baixos do que os da água adjacente aos baixios
a 80°C, e posteriormente pesadas para a obtenção (Tabela 1). Condições de hipoxia e de anoxia foram
do peso seco. freqüentes na água intersticial, especialmente no
Os índices de condição incluíram o cálculo do N1. Não houve diferença acentuada desse fator
Rendimento (R) = (Wb/Wt) x 100, onde Wb = peso entre locais, entretanto, a água intersticial da Est.
úmido da carne (g) e Wt = peso úmido total (g), e I apresentou valores mais altos (p<0,05) durante o
o Índice de Condição (IC) (Ci-shell; RAINER and verão (dezembro-fevereiro).
Tabela 1. Caracterização físico-química do sedimento, água intersticial e água adjacente, de dois baixios entremarés
da Baía de Paranaguá (Paraná, Brasil) (Est. I, entrada do estuário e Est. II, setor mediano), entre abril de 1996 e
outubro de 1997.
Est. I Est. II
Média Valores Média Valores
N N
(± DP) mín. - máx. (± DP) mín. - máx.
Sedimento:
Temperatura (°C) 22,6 (± 3,7) 15 - 30 54 22,4 (± 3,8) 14,8 - 29 54
Diâmetro dos grãos (φ) 3,1 (± 0,1) 9 - -1
1 1
6 2,8 (± 0,2) 9 - -1
1 1
6
Umidade (%) 25,8 (± 2,5) 19,2 - 30,9 54 25,1 (± 2,2) 21,1 - 34,4 54
Matéria orgânica (%) 2,3 (± 0,8) 0,8 - 6 54 2,1 (± 0,5) 0,9 - 3,9 54
Carbonato biodetrítico (%) 5,9 (± 2,6) 1,6 - 11,3 54 4,6 (± 2,2) 1,4 - 13,1 54
Água intersticial:
Salinidade 31,6 (± 1,7) 28 - 35 54 26,9 (± 3,7) 17 - 33 54
Oxigênio dissolvido (%) 7,7 (± 7,3) 0 - 28,1 48 6,6 (± 6,2) 0 - 25,4 42
Potencial hidrogeniônico 7,9 (± 0,3) 7,2 - 8,8 54 7,7 (± 0,3) 6,8 - 8,5 54
Água adjacente:
Temperatura (ºC) 21,4 (± 2,9) 16,5 - 27 18 21,4 (± 3,3) 14,8 - 27,4 18
Salinidade 31,1 (± 1,9) 28,5 - 35 18 25,1 (± 4,1) 14 - 30 18
Oxigênio dissolvido (%) 18,5 (± 2,7) 12,7 - 24,1 16 17 (± 5,1) 9,6 - 28,9 16
Potencial hidrogeniônico 8,1 (± 0,3) 7,1 - 8,5 18 7,6 (± 0,3) 6,7 - 8,1 18
1
Intervalo de φ
Est. I Est. II
30
AA 30 AA
27 N1 N1
27
N2 N2
24 N3 24 N3
C
21 21
o
o
C0
C0
18 18
15 15
12 12
Abr Jun Ago Out Dez Fev Abr Jun Set Mai Jul Set Nov Jan Mar Mai Jul Set
Mai Jul Set Nov Jan Mar Mai Jul Out Jun Ago Out Dez Fev Abr Jun Ago Out
Meses 1 Meses 2
Est. I Est. II
36 35
35
34 30
33
25
32
S
31
20 AA
S
S
30 AA
N1
N1
29 15 N2
N2
28 N3
N3
27 10
Abr Jun Ago Out Dez Fev Abr Jun Set Mai Jul Set Nov Jan Mar Mai Jul Set
Mai Jul Set Nov Jan Mar Mai Jul Out Jun Ago Out Dez Fev Abr Jun Ago Out
Meses 3 Meses 4
Figuras 1-4. Variação da temperatura ( C) e da salinidade (S) na água e no sedimento da Baía de Paranaguá, entre
o
abril de 1996 e outubro de 1997. AA = água adjacente aos locais; N1 = nível amostral-superior; N2 = nível amostral-
intermediário; N3 = nível amostral-inferior
Atributos populacionais de Anomalocardia brasiliana Condição (IC) apresentou valor médio de 3,1% (DP ±
Machos (M) representaram 53,5% do total de 0,4) e de 4,7% (DP ± 0,6), respectivamente (Figura 5b),
indivíduos (n = 480) na Est. I e 61,7% (n = 510) na e ambos os índices diferiram significativamente entre
Est. II. A razão sexual F: M foi de 1: 1,15 e de 1: 1,61, locais. Não houve variação temporal significativa dos
respectivamente, com diferença significativa (p<0,05) índices em ambas as populações.
na Est. II. Nas gônadas de berbigões de ambos os As densidades de A. brasiliana apresentaram
sexos foi observada a presença freqüente de larvas variações significativas nos locais, entre os locais e
de trematódeos digenéticos da família Bucephalidae, no período. As mais baixas densidades ocorreram
porém, não foi realizada a quantificação da infestação. na faixa superior dos baixios (N1), onde, entretanto,
O Rendimento (R) médio dos berbigões foi de 15,5% os animais de pequeno tamanho (menores a 5 mm)
(DP ± 2,2) na Est. I e de 21,1% (DP ± 2,2) na Est. foram mais expressivos do que os demais, principal-
II (p<0,05 entre locais) (Figura 5a). O Índice de mente em relação ao N3 (inferior) (Figuras 6 e 7).
(a) (b)
26 5,6
5,2
24 Índice de Condição (%)
4,8
22
Rendimento (%)
4,4
20
4,0
18
3,6
16
Rendimento (%)
3,2
Índice de condição (%)
14
± Desvio padrão 2,8
± Desvio padrão
± Erro padrão
12 ± Erro padrão
Est. I Est. II Média 2,4
Est. I Est. II Média
Local
Local
Figura 5. Comparação gráfica do Rendimento (R) (a) e do Índice de Condição (IC) (b) em berbigões Anomalocardia
brasiliana maiores a 20 mm obtidos mensalmente em dois locais da Baía de Paranaguá (PR) entre julho de 1996 e
dezembro de 1997. Total de indivíduos analisados: 1.050 (Est. I: 510; Est. II: 540). Nível de significância: 95%
Figuras 6-7. Densidades das diferentes classes de comprimento de Anomalocardia brasiliana nos níveis entremarés
(N1-superior; N2-intermediário e N3-inferior) de dois baixios entremarés da Baía de Paranaguá (Paraná, Brasil) no
período entre abril de 1996 e outubro de 1997 (Est. I: 1.950 animais; Est. II: 6.724)
Os valores médios de densidade foram de 95 de indivíduos recém assentados no local, isto é, com
inds.m-2 na Est. I e de 489 inds.m-2 na Est. II. Os comprimento inferior a 3 mm (Figura 8). Na Est. II
valores máximos foram de 885 e 1.804 inds.m-2, houve diminuição de abundância do primeiro ao
respectivamente. Na Est. I, as densidades mais segundo ano de amostragem e o recrutamento do
altas ocorreram durante o outono (março-maio), inverno/97 (junho-agosto) pouca influência teve
particularmente no segundo ano de amostragem, sobre o tamanho da população (Figura 9).
fato que foi fortemente influenciado pela presença
Figura 8. Histogramas mostrando as freqüências relativa e absoluta das classes de comprimento (mm) de Anomalocardia
brasiliana na população da Est. I (N = 1.950), entre abril de 1996 e outubro de 1997
Figura 9. Histogramas mostrando as freqüências relativa e absoluta das classes de comprimento (mm) de Anomalocardia
brasiliana na população da Est. II (N = 6.724), entre maio de 1996 e outubro de 1997
O comprimento máximo de A. brasiliana registrado de hipoxia e até de anoxia foram registradas com
para a região foi de 33 mm. Na Est. I, os animais com certa freqüência em ambos os baixios deste estudo,
tamanho entre 23 e 28 mm, seguramente adultos, principalmente no N1, uma faixa com granulação
predominaram na primeira fase de coletas (abril- mais fina (o que dificulta a difusão do oxigênio do
dezembro/96). No restante do período, de forma ar para dentro do sedimento) e maior quantidade de
geral, os indivíduos recrutas e juvenis foram mais siltes e argilas, onde, embora em densidades mais
freqüentes em relação aos adultos. Nesse local, baixas, A. brasiliana esteve presente. O aumento
observou-se recrutamento praticamente contínuo, significativo do oxigênio dissolvido na água
porém com maior expressividade no outono (março- intersticial da Est. I durante o verão (dezembro-
maio), e no segundo ano de coletas, também no fevereiro) observado neste estudo, é provavelmente
inverno e na primavera (junho-outubro) (Figura o resultado de aumentos nas taxas de produção
8). Na Est. II, o recrutamento foi mais restrito em microfitobêntica durante essa época do ano no
relação à Est. I e inexpressivo no primeiro ano de setor do estuário em que se localiza este baixio, fato
amostragem. Nesse local, apesar de ter ocorrido uma anteriormente observado por FONSECA (1998).
diminuição gradativa na proporção de animais nas Mecanismos fisiológicos e comportamentais
classes maiores, os adultos foram predominantes provavelmente auxiliam A. brasiliana na redução de
durante todo o período. E, similarmente ao ocorrido estresses ambientais possíveis de ocorrerem, tanto
na Est. I, uma expressiva fase de recrutamento foi durante as baixamares (e.g., resultantes de choque
observada no outono-inverno (março-setembro) do térmico e/ou dessecação) quanto nas preamares
segundo ano de amostragens (Figura 9). (e.g., em função de choque osmótico). Com relação
à salinidade, LEONEL et al. (1983) classificaram essa
DISCUSSÃO espécie como eurihalina, com grande tolerância aos
Conforme observado neste e em estudos anteriores meios hiperosmóticos, o que provavelmente favorece
(GOFFERJÉ, 1950; NARCHI, 1974; SCHAEFFER- a sua sobrevivência durante períodos de entrada da
NOVELLI, 1980; MONTI et al., 1991), A. brasiliana água oceânica durante as marés altas. Com relação
habita locais com águas calmas, com sedimento aos períodos de exposição ao ar, NARCHI (1972)
arenoso e, principalmente, areno-lodoso, onde observou que estes animais enterram-se muito
enterra-se superficialmente no sedimento, tanto rapidamente no sedimento durante as marés baixas,
no infralitoral raso quanto nas regiões entremarés, o que diminui riscos de choque térmico e dessecação.
incluindo as marismas e os baixios não vegetados, Esse autor também relatou a retenção da capacidade
sendo pouco freqüente nos manguezais. Nesses de mobilidade horizontal nesta e em outras espécies
locais, pode ser numericamente dominante sobre de Veneracea, fato que potencialmente permite
outras espécies bênticas (SCHAEFFER-NOVELLI, migrações nas faixas entremarés para áreas com
1980; BOEHS et al., 2004) formando, muitas vezes, os menor adversidade ambiental.
bancos de A. brasiliana. Nas assembléias de moluscos Ao sucesso do estabelecimento de A. brasiliana no
correspondentes às estações I e II do presente setor mediano da Baía de Paranaguá, isto é, na Est. II,
estudo, BOEHS et al. (2004) observaram proporções BOEHS et al. (2004) levantaram a hipótese de menor
de A. brasiliana de 30% e de 62%, respectivamente. competição interespecífica em relação à Est. I, local
PEZZUTO e ECHTERNACHT (1999) observaram com maior riqueza de espécies. O setor mediano da
densidade média de até 2.135 inds./m 2 desse Baía de Paranaguá sofre eutrofização em algumas
molusco na Ilha de Santa Catarina (SC) em época de épocas do ano e a principal causa seria a descarga
recrutamento, valor que supera os valores máximos doméstica da Cidade de Paranaguá (MACHADO
encontrados no presente estudo. et al., 1997). O esgoto resulta em matéria orgânica e
A rusticidade de A. brasiliana provavelmente a decomposição desta pelas bactérias do sedimento
favorece o seu estabelecimento nas regiões entremarés, pode reduzir o teor de oxigênio dissolvido no
faixas de reconhecida variabilidade ambiental. substrato. Por possuir boa adaptação a condições
HIROKI (1977) verificou, através de um estudo de hipoxia, esse fato pode, supostamente, favorecer
experimental, que essa espécie é bastante resistente, a presença de A. brasiliana em locais com essa
tanto à deficiência do oxigênio dissolvido quanto condição, em relação a outras espécies. BORGES
à presença do sulfeto de hidrogênio, condições (1989) considerou também a importância dos
freqüentemente observadas nesses locais. Condições detritos orgânicos em suspensão para os bivalves,
bênticos nas faixas entremarés da Baía de Paranaguá aparentemente não sofreram impactos significativos
durante o verão em função de aumentos nas taxas de nos dez anos que transcorreram entre a coleta dos
predação. Não obstante, considerando-se a influência dados e a divulgação dos resultados, entretanto,
conjunta de fatores intrínsecos e extrínsecos na sugere-se a realização de novos estudos nos locais,
regulação das populações de A. brasiliana, na Baía de que possam corroborar ou não esse pressuposto.
Paranaguá, a diminuição dos estoques de berbigões
adultos durante o verão, potencialmente favorece o AGRADECIMENTOS
estabelecimento dos juvenis no período subseqüente, À CAPES, pela concessão de bolsa de estudos
isto é, a partir do outono. Nesse contexto, além de ao primeiro autor. Ao Centro de Estudos do Mar
ocorrer a liberação de espaço para o assentamento da UFPR (CEM), pelo apoio logístico. À Márcia S.
dos recrutas, o crescimento das coortes recrutadas no Bernini e Sirlei Ghisi, do Laboratório de Oceanografia
final do verão e no início do outono, pode ainda ser Geológica do CEM, pelas análises granulométricas.
favorecido, na região, tanto pela redução das chuvas
quanto pela diminuição das taxas de predação REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
durante o inverno.
ARAÚJO, M.L.R. and ROCHA-BARREIRA, C.A.
Conforme também evidenciado por outras 2004 Occurrence of Bucephalus sp. ������������
(Trematoda:
técnicas (BOEHS, 2000), A. brasiliana parece apresentar Bucephalidae) in Anomalocardia brasiliana (Gmelin,
reprodução contínua no litoral paranaense, com dois 1791) (Mollusca: Veneridae) at Canto da Barra
picos reprodutivos, um na primavera (setembro- Beach, Fortim, Ceará State, Brazil. Arq. Ciênc. Mar,
outubro) e outro no outono (março-maio). NARCHI Fortaleza, 37: 35-37.
(1976) verificou um resultado idêntico no litoral
norte do Estado de São Paulo. O presente estudo ARRUDA-SOARES, H.; SCHAEFFER-NOVELLI, Y. e
mostrou que na Baía de Paranaguá, os assentamentos MANDELLI JR., J. 1982 “Berbigão” Anomalocardia
provenientes da eliminação de gametas na brasiliana (Gmelin, 1791), bivalve comestível da
primavera, parecem se caracterizar pela baixa taxa de região da Ilha do Cardoso, Estado de São Paulo,
sobrevivência dos recrutas nos meses subseqüentes, Brasil: aspectos biológicos de interesse para a pesca
isto é, durante o verão, fato talvez relacionado comercial. B. Inst. Pesca, São Paulo, 9: 21-38.
a choques osmóticos e à predação. ARRUDA-
SOARES et al. (1982) observaram, no litoral sul do BARREIRA, C.A.R. e ARAÚJO, M.L.R. 2005 Ciclo
Estado de São Paulo, juvenis presentes em todas reprodutivo de Anomalocardia brasiliana (Gmelin,
as estações do ano, com incrementos na primavera, 1791) (Mollusca, Bivalvia, Veneridae) na Praia do
o que talvez seja o reflexo dos assentamentos bem Canto da Barra, Fortim, Ceará, Brasil. B. Inst. Pesca,
sucedidos do outono, naquela região. Também São Paulo, 31(1): 9-20.
PEZZUTO e ECHTERNACHT (1999) observaram,
BIGARELLA, J.J.; KLEIN, R.M.; LANGE, R.B.; LOYOLA
em Santa Catarina, maior expressividade de juvenis
na primavera, atribuída a uma emissão de gametas E SILVA, J.; LARACH, J.O.I. e RAUEN, M.J. 1978
no outono. A Serra do Mar e a Porção Oriental do Estado do Paraná.
Curitiba: Secretaria do Planejamento, Governo do
A leve predominância de machos em A. brasiliana
Estado do Paraná. 249p.
foi verificada também em outras regiões da costa
brasileira (GROTTA e LUNETTA, 1980; ARRUDA- BOEHS, G. 2000 Ecologia populacional, reprodução
SOARES et al., 1982; BARREIRA e ARAÚJO, 2005). A e contribuição em biomassa de Anomalocardia
presença de trematódeos digenéticos em A. brasiliana brasiliana (Gmelin, 1791) (Bivalvia: Veneridae) na
foi anteriormente observada por NARCHI (1966) Baía de Paranaguá, Paraná, Brasil. Curitiba. 201p.
(São Paulo), BOEHS e MAGALHÃES (2004) (Santa (Tese de Doutoramento. Universidade Federal do
Catarina), e ARAÚJO e ROCHA-BARREIRA (2004) Paraná).
(Ceará).
Principalmente por se tratar de uma espécie de BOEHS, G.; ABSHER, T.M. and CRUZ-KALED, A.C.
interesse comercial e com potencial para o cultivo, 2004 Composition and distribution of benthic
os dados sobre densidade e recrutamento são molluscs on intertidal flats of Paranaguá Bay
importantes para o manejo dos estoques e tentativas (Paraná, Brazil). Scientia Marina, Barcelona, 68
de cultivar A. brasiliana. Os bancos analisados (4): 537-543.
BOEHS, G. e MAGALHÃES, A.R.M. 2004 Simbiontes matter in Paranaguá Bay, Pr, Brazil. Nerítica, Pontal
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RESUMO
Uma pescaria de polvo em pequena escala se desenvolve nas águas rasas da plataforma da Área
de Preservação do Arquipélago de Fernando de Noronha, localizado a 350 km da costa nordeste
do Brasil. A população local de 3000 habitantes, além de um máximo de 500 turistas, inclui 45
pescadores de polvo, sendo que a maior parte pesca apenas esporadicamente. Como parte
de um estudo mais abrangente sobre polvos de águas rasas do Nordeste brasileiro, a pescaria
do Arquipélago foi estudada entre os anos de 2003 e 2005. Pescadores e comerciantes foram
entrevistados periodicamente para obtenção de informações a respeito de locais de pesca, esforço,
capturas e quantificar o consumo. Os pescadores, a maioria nativos entre 18 e 42 anos, coletaram
polvos através de mergulhos livres, em média duas vezes por semana, com uma captura média de
8 kg. Uma estimativa aproximada da captura total anual de polvo no arquipélago foi de 3 toneladas
das quais uma é comercializada. Entrevistas em restaurantes e hotéis sugerem um consumo de em
torno de 8,2 toneladas anuais, dos quais apenas 11% foram supridos pela pesca local. Considera-se
que, devidamente regulamentada e mantida no nível atual, esta pescaria é sustentável.
Palavras chaves: polvo, Octopus, pescaria, Arquipélago de Fernando de Noronha
ABSTRACT
The Fernando de Noronha Archipelago, 350 km offshore northeastern Brazil, has a small scale
fishery aiming octopus in the shallow waters of the Environmental Preservation Area. The resident
population of 3000 habitants, besides up to a maximum of 500 tourists, includes 45 octopus
fishers, most of them part-time. As part of a wider scope study of the shallow water octopods in
northeastern Brazil, the octopus fishery was studied between 2003 and 2005. Fishers and buyers
were interviewed periodically for information requests about the fishery sites, effort, catch and
consumption. The fisherman, most native between 18 and 42 years old, collected octopus by
diving (snorkeling), in mean two times a week, with a mean catch of 8 kg. A rough estimate of
the total yearly catch is at least 3 tons, from which around 1 ton was commercialized. Interviewed
restaurants and hotels suggest consumption around 8.2 tons annually, where the local fishery
provide less than 11% of this demand. This small scale fishery can be sustainable if kept at its
present level and adequately controlled.
Key words: octopus, Octopus, fishery, Fernando de Noronha Archipelago
Figura 1. Área de estudo: Arquipélago de Fernando de Noronha. Linha pontilhada delimitando os limites
do Parque Nacional Marinho e da Área de Preservação Ambiental. Os polígonos delimitados correspondem
às áreas onde são realizadas as pescarias de polvo com suas respectivas áreas
O Arquipélago de Fernando de Noronha, nas relacionadas à utilização desse recurso nas ilhas.
últimas duas décadas, esta numa fase de consolidar Entre os resultados alcançados apresentados neste
uma política pesqueira/ambiental adequada para trabalho estão: a determinação da espécie que
garantir a conservação do seu ambiente, fauna e comporta a totalidade das capturas, a identificação
recursos pesqueiros. Neste sentido, em 1988 foram das áreas de pesca e suas importâncias relativas,
criadas duas áreas de preservação, o Parque Nacional a quantificação do numero de pescadores ativos,
Marinho e a Área de Preservação Ambiental, e a descrição da cadeia produtiva, as estimativas do
posteriormente elaboradas medidas de conservação consumo de polvo pela indústria turística, e da
para diversas espécies marinhas e terrestres locais contribuição da pesca local ao total e uma avaliação
(FERREIRA, et al. 1990). Apesar do polvo se enqua- da importância econômica e social desta pescaria.
drar dentro desta política, até o ano de 2005 não
existia nenhuma regulamentação específica para este Material e Metodos
animal. A carência de conhecimento sobre a biologia, Características oceanográficas da área de estudo
a importância ecológica, bem como da atividade O clima do Arquipélago de Fernando de Noronha
pesqueira recreacional e comercial foram, até é tropical oceânico com duas estações bem definidas:
recentemente, empecilhos para a o estabelecimento uma estação chuvosa de janeiro a junho e uma seca no
de normas visando à conservação desse recurso. restante do ano. Localizado na região denominada de
Segundo relatos dos descendentes dos primeiros Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), Fernando
habitantes do Arquipélago de Fernando de Noronha, de Noronha é caracterizado por baixa pressão
a pesca de polvos realizada para subsistência, ou atmosférica e constantes ventos alísios (TCHERNIA,
de forma recreacional, ocorre desde a ocupação das 1980). Entre abril e outubro predominam ventos
ilhas. Apesar dessa pescaria nunca ter tido um papel dos quadrantes leste a sudeste que atingem o lado
de destaque na atividade econômica local (LESSA sudeste do arquipélago conhecido como Mar de Fora,
et al, 1998), sua atual intensificação para atender a gerando ondas com forte arrebentação e condições
demanda gerada pelo turismo, pode vir a acarretar de mar agitadas e, na fase nordeste do arquipélago
efeitos negativos tanto para o meio ambiente chamada de Mar de Dentro, as condições do mar
marinho, como para o eco-turismo, visto que os permanecem calmas. Entre novembro e março
polvos constituem parte da chamada megafauna passam a predominar ventos dos quadrantes oeste a
carismática cujo valor simbólico e essencial para o sudoeste que provocam fortes ondulações no Mar de
ecoturismo (PRIMACK e RODRIGUES, 2001), como Dentro e de calmaria no Mar de Fora. A temperatura
também desempenha um papel importante como média da água é de 270 C e a salinidade de 35.5%0
predadores ativos da fauna bentônica (AMBROSE, (TCHERNIA, 1980; LINSKER, 2003).
1986), e como presa de animais marinhos topos da
cadeia alimentar (CLARKE, 1962). Coleta de dados
Em ambientes frágeis como as ilhas oceânicas, o O estudo de diversos aspectos da pescaria de
manejo da fauna marinha requer o estabelecimento polvo foi realizado a partir de amostragens das
de normas específicas para espécies chave, como o capturas e entrevista realizadas entre 2003 e 2005,
polvo, levando em consideração suas características além de um levantamento bibliográfico (FERREIRA
biológicas, sua importância ecológica e seu valor et al., 1990; ADEFN, 2004; IBAMA, 2005). Nas
econômico e cultural para a comunidade local amostragens da captura dos pescadores, de cada
(SALM, et al. 2000). Neste sentido, estudos sobre exemplar foi registrado o comprimento dorsal do
a biologia e ecologia da principal espécie de polvo manto (CM) até a linha que passa pelos olhos, o sexo
presente nas ilhas oceânicas do NE brasileiro vêm e o peso dos exemplares. As áreas dos locais de pesca
sendo desenvolvidos desde 1999 (LEITE, 2002; LEITE indicadas pelos pescadores foram calculadas a partir
e HAIMOVICI, 2006). Com o objetivo de suprir a falta da determinação das posições dos pontos extremos
de conhecimento sobre a única pescaria de polvo em com um G.P.S. de mão (Garmin Etrex).
ilha oceânica do Brasil, a pescaria do Arquipélago de A produção foi definida como o total de polvo
Fernando de Noronha foi estudada a partir de dados capturado. A captura por unidade de esforço (CPUE)
obtidos em entrevistas e amostragens realizadas ao foi definida como a captura de cada pescador
longo de dois anos entre 2003 e 2005, assim como por hora de pesca. A produtividade foi calculada
os aspectos socioeconômicos e cadeias produtivas dividindo a CPUE pelas áreas dos diferentes locais.
Para análise de produtividade das áreas de pesca número corresponde aos que aceitaram se cadastrar
algumas áreas foram consideradas conjuntamente no IBAMA de março a agosto de 2005 para o
(ex. Porto esquerdo + Biboca), visto que o pescador recebimento da carteira do Plano de Manejo dos
abrange toda a área em apenas uma pescaria. polvos de Fernando de Noronha. Apesar do baixo
As informações solicitadas aos diferentes número de pescadores, o número total de pessoas
participantes do “sistema pesqueiro” foram envolvidas na pesca recreativa de polvo é elevado,
organizadas em questionários referentes à: (1) visto que nas entrevistas realizadas com residentes
atividade de pesca nas quais foram registradas que se dizem não-pescadores (n=46), 41,3 % já pescou
informações como áreas de pesca, número de polvo alguma vez na vida, sendo a proporção mais
pescarias por semana, duração das pescarias, elevada entre os homens 68% (n=25) que entre as
quantidade de polvo capturado por hora e por mulheres 9,5%. (n=21).
semana, quantidade de polvo vendido e quantidade O polvo é capturado com ganchos chamados
consumida por semana; (2) características sócio- de “bicheiros” em percursos das áreas descobertas
econômicas dos pescadores; e (3) consumo e de arrecife ou através de mergulhos livres. Sobre
comercialização do produto da pesca com perguntas os arrecifes descobertos e em profundidades
sobre as quantidades, em peso e valor, dos polvos inferiores a 1,5 m de profundidade, em geral, são
comprados, consumidos e vendidos, provenientes capturados exemplares jovens. Os exemplares
do arquipélago e do continente. maiores são capturados através do mergulho livre
em profundidades superiores a 2 m.
RESULTADOS A pesca nas partes rasas dos arrecifes é uma
No total foram realizadas 163 entrevistas: 31 atividade o do Molhes Porto Santo Antônio, até o
entrevistas sobre a atividade pesqueira com 16 Morro da Viuvinha, Biboca, Praia do Cachorro, Praia
pescadores ativos, definidos como aqueles que da Conceição, Laje do Boldró, Vinte Patacas e Laje da
tinham pescado pelo menos uma vez nos quinze dias Cacimba (Figura 1). A pesca ocorre principalmente
anteriores a entrevista. Estes mesmos 16 pescadores sob platôs e rochas, desde as áreas expostas durante a
responderam o questionário socioeconômico. Foram maré seca, até as profundidades atingidas em apnéia
realizadas 99 entrevistas junto aos responsáveis por pelos pescadores.
restaurantes e pousadas que oferecem polvo em seus Nos períodos de setembro e outubro de 2003,
cardápios. Adicionalmente 46 pessoas nativas ou junho e julho de 2004 e abril de 2005 foram
moradoras a mais de 10 anos do Arquipélago foram aplicados questionários a 30 pescadores que
entrevistadas para avaliar sua relação com a pesca efetivamente estiveram pescando na semana anterior
recreativa de polvo. as entrevistas. Os pescadores realizaram entre uma
Estima-se que no mínimo 45 pescadores, a quatro pescarias por semana totalizando de uma
correspondendo a 1.8% da população residente de a cinco horas de pesca, capturando de 4,4 até 26 kg
Fernando de Noronha, atuaram com freqüência semanais. A captura média por hora de pesca foi de
ou esporadicamente na pesca de polvo. Este 3,14 kg (Tabela 1).
Tabela 1. Dados referentes às atividades de pesca de polvos obtidos através de questionários semanais aplicados
aos 16 pescadores mais ativos no Arquipélago de Fernando de Noronha (N=30) entre 2003 e 2005freqüentemente
realizada por crianças, mulheres e homens que ocasionalmente saem à procura de polvo para consumo próprio ou
isca. Já a pesca através do mergulho realizado em apnéia por pescadores experientes que, sozinhos ou em dupla,
mergulham entre profundidades de 1 até 25 m. A pesca ocorre sempre durante o dia, uma vez que é totalmente visual.
A visibilidade da água de Fernando de Noronha pode chegar a 50 m favorece este tipo de pescaria.
Segundo pescadores e autoridades, até recente- dezembro quando ocorrem longos períodos de mar
mente era freqüente o uso água sanitária borrifada calmo ao sudeste e sul da ilha. As áreas em que
nas tocas para expulsar o animal. Esta prática impede foram registradas pescarias de polvo foram: o lado
que outros polvos ocupem as tocas afetadas pelo esquerdo e direito
cloro por longo tempo, dificultando a pescaria e vem As maiores capturas por pescador foram
sendo abandonada. Um outro efeito do uso de água registradas em junho de 2004 com uma média de
sanitária é a destruição dos recifes. 10,4 kg de polvo pescados por semana, porém um
As mudanças sazonais do regime de ventos em teste de X2 não evidenciou uma diferença significativa
torno do Arquipélago influenciam diretamente em relação aos outros períodos de pesca (X2 = 4,88,
a pescaria de polvo na APA, única parte da ilha gl = 4, p >0,05). Os rendimentos por hora de pesca
em que é permitida. A pesca de polvo no Mar de variaram de 2 a 4,2 kg, também sem diferença
Dentro, onde se localiza a APA é possível a partir significativa entre os pescadores (X2 = 13,00, gl = 12,
do mês de abril e estende-se até o início do mês de p >0.05) (Tabela 2).
Tabela 2. Rendimentos semanais dos pescadores de polvo de Fernando de Noronha entrevistados entre 2003 e 2005
(N= no de entrevistas, D. P. Desvio Padrão)
Média no
Média de CPUE
Período de de polvos
N captura D.P. D.P. média D.P.
amostragem capturados na
semanal (kg) (kg/hora)
semana
Outubro/03 6 6,0 1,67 6,67 1,97 2,4 1,40
Novembro/03 1 6,0 - 4 - 2 -
Junho/04 10 10,4 6,11 9,8 8,62 4,2 3,70
Julho/04 11 7,3 4,86 7,82 4,92 2,79 2,2
Abril/05 2 6,0 1,41 7 1,41 2,4 0,11
Total 30 7,95 4,87 8,07 5,85 2,76 2,66
registrado na Praia da Conceição, 5,58 kg/hora, a Praia da Cacimba do Padre (0,006 kg/hora/Km2)
qual também foi a área mais produtiva, com 0,415 kg/ (Tabela 2). Apesar das diferenças entre as médias,
hora/km2. A área com menor produção, e também estas não apresentaram variação estatisticamente
a menos produtiva, foi a Laje dos Dois Irmãos, na significante (x2 = 3,757, df = 4, p >0,05).
Tabela 3. Principais áreas de pescaria, número de pescadores atuantes, área (km2), produção média por hora (CPUE)
e produtividade (CPUE/área). (D.P. Desvio padrão)
No de CPUE Produtividade
Área (kg/hora)
Área de pesca pescadores D.P. média
(m2)
atuantes Min. Méd. Máx. (kg/hora/km2)
Laje do Boldró 5 136,16 0,8 2,6 6,7 2,88 0,019
Porto lado direito 12 267,02 0,9 3,6 10 2,88 0,013
Praia da Conceição 4 13,45 2,2 5,6 9 4,83 0,415
Porto lado esquerdo 5 171,16 1,25 2,89 10 2,47 0,017
Laje da Cacimba 2 79,02 - 0,50 - - 0,006
Capturas e destino do pescado sendo que 23,8% eram juvenis, 50% de sub-adultos
Foram amostrados 49 espécimes provenientes e 26,2% adultos. A distribuição de freqüência de
das capturadas da pesca. Os CM variaram de 54 comprimento do manto e pesos dos espécimes
a 140 mm, com uma média de 92,3 mm. Os pesos medidos mostrou que mais de 30 % dos indivíduos
variaram de 71 gramas a 1,5 kg, e média de 460 pertenciam à classe de CM de 80 a 90 mm e 35 %
gramas. Todos foram identificados como Octopus sp, pesaram entre 200 e 400 gramas (Figura 2).
Figura 2. Freqüência de comprimento (a) e de peso dos polvos (b) provenientes das capturas da pesca comercial de
Fernando de Noronha
Comercialização de polvo (cadeias produtivas) (setembro e outubro de 2003, janeiro de 2004, maio e
Os polvos capturados são utilizados tanto na junho de 2004, julho e agosto de 2004, março e abril
alimentação familiar como para a comercialização. de 2005). O consumo médio semanal foi estimado
Dos 16 pescadores entrevistados, 7 pescavam em 10,7 kg por estabelecimento. O maior consumo
exclusivamente para a comercialização, 6 para por estabelecimento ocorreu em setembro de 2003,
consumo próprio e 2 afirmaram consumir e vender. média de 20,6 kg/semana, e o maior consumo médio
As capturas comercializadas foram vendidas pelo total de estabelecimentos ocorreu em março de
a pousadas, restaurantes ou moradores locais. 2005, média de 256,6 kg/semana (Figura 3).
Em média os pescadores consumiram 1,35 Kg. e O total anual comercializado foi de 8,2 toneladas,
venderam 6,55 Kg de polvo por semana. O consumo com um intervalo de 90% de confiança entre 7 e 9,3
das pousadas e restaurantes de Fernando de Noronha toneladas. O consumo anual de polvos pescados no
foi estimado através de 99 entrevistas em cinco Arquipélago foi estimado 931 kg ou 11,4% do total
períodos representando as diferentes épocas do ano consumido. O polvo comercializado anualmente
pelos 9 pescadores mais ativos foi em torno de Nesta pescaria não existe a figura do atacadista
2,3 t, entretanto, parte dessa captura é adquirida por ou atravessador, o pescador vende a captura
moradores, como sugerem as entrevistas informais diretamente ao restaurante, pousada ou pessoas
realizados com moradores e pescadores. da comunidade. O preço do polvo vendido pelos
pescadores aos restaurantes na ilha variou entre
R$12,00 e R$20,00 reais o quilo, com vísceras. O
300
Média por es tabelec im ento polvo vindo do continente chega à ilha ao custo de
250
Polvo consumido (kg/semana)
Total todos os es tabelec im entos R$ 9,00 a R$15,00 por quilo, fora o preço do frete do
200 barco ou do avião. Nos cardápios dos restaurantes
150 ou pousadas os diversos pratos feitos à base de
polvo tinham preços que variaram de R$35,00 a
100
R$45,00. Considerando um consumo anual médio
50
de 8.167 kg e que cada porção a base de polvo leva
0 em torno de 400 g cru, o polvo das ilhas contribui
jul-04
jun-04
out-03
ago-04
set-03
mai-04
mar-05
R$ 816.700,00.
Mes es am os trados
Caracterização socioeconômica dos pescadores
Figura 3. Consumo médio de polvos por semana (kg)
por restaurantes e/ou pousadas do Arquipélago de Baseado no total de 45 questionários aplicados aos
Fernando de Noronha, e consumo total por semana pescadores que foram se cadastrar para recebimento
em todos os estabelecimentos durante os meses da carteira foi verificado que a �������������������
maior parte nasceu
estudados
ou se criou em Fernando de Noronha. O pescador de
polvo do Arquipélago de Fernando de Noronha tem
No período estudado, outubro de 2003 e agosto
em média 32 anos, variando de 18 a 42 anos a exceção
de 2004 foram os meses de maior aquisição de polvo
de um pescador de 55 anos e, em média, pescavam
local, com uma média de 5,4 e 5,0 kg/semana por
polvo há 14 anos. Mais de 80% aprenderam a pescar
estabelecimento nos respectivos meses. O mês com
com os pais e têm envolvimento com a pesca de
maior aquisição de polvo do continente foi setembro
polvo desde a infância ou adolescência. A���������
maioria
de 2003, com uma média de 24,5 kg/semana por
possui algum tipo de curso profissionalizante, sendo
estabelecimento. No mês de junho de 2004 houve
os mais freqüentes marinheiros e guia turístico. Dos
����
a maior aquisição de polvo do arquipélago, média
16 pescadores entrevistados um pescador completou
4,1 kg/semana por estabelecimento, em relação ao
a alfabetização, três o ensino fundamental, sete o
polvo do continente, 3,9 kg/semana (Figura 4). Isto
ensino médio incompleto e cinco o ensino médio
indica que apenas em época de baixo consumo, os
completo.
restaurantes adquirem este recurso do próprio local
em quantidade suficiente. Com base em questionários detalhados aplicados
a 16 pescadores verificou-se que a���������������
maioria pesca
duas vezes por semana, variando entre duas vezes
30 P roveniente do A F N por mês e seis vezes por semana. A renda mensal
P roveniente do c ontinente
da pesca de polvo pode variar de R$ 100,00 a R$
estabelecimento (kg/semana)
Polvos adquiridos por
jun-04
out-03
ago-04
set-03
mai-04
mar/05
origem vulcânica isoladas do continente por oceanos maior captura de animais menores e imaturos
profundos, nunca tendo estado conectadas por terra (Figura 2), visto que os animais maiores foram
com outros continentes. O isolamento e o tamanho encontrados na maior parte do ano entre 5 e 30 m de
reduzido dessas ilhas são responsáveis pela formação profundidade. Apenas durante o período de maior
de um ambiente diferente daqueles encontrados atividade reprodutiva, de junho a agosto, foram
no continente, limitando assim a variedade de encontrados animais maiores em comportamento
espécies de plantas e animais nativos, aumentando de formação de casais e cópulas em áreas rasas do
a possibilidade de endemismo e acarretando uma Arquipélago (LEITE, 2005). Segundo GUERRA (1981)
maior vulnerabilidade em relação às atividades a ocorrência de polvos de tamanhos relativamente
humanas, como a pesca e o turismo intenso. Em grandes nas regiões mais profundas pode estar
função da fragilidade de seu ecossistema muitas ilhas relacionada ao fenômeno de migração dos recifes, de
oceânicas do mundo são consideradas atualmente onde os animais se deslocam, para se desenvolver em
áreas de preservação ambiental de algum nível águas mais profundas, retornando ao recife apenas
(SALM, et al. 2000). para fins reprodutivos.
O Arquipélago de Fernando de Noronha apesar A produção de polvo no AFN é comparável
de possuir duas áreas de preservação ambiental é a uma área recifal de 4,5 km2 na costa da Bahia,
um exemplo de ilha oceânica que vem aumentando onde foi registrada uma captura anual de 4 t entre
significativamente sua população residente, bem 2000 e 2001 (JAMBEIRO, 2002), como também com
como a exploração turística e pesqueira, sendo a outros ambientes insulares oceânicos como as Ilhas
única ilha oceânica do Brasil a suportar pescarias de Canárias no Atlântico Norte subtropical, onde
polvo com caráter comercial e de subsistência. foram capturadas anualmente de 7 a 25 t de polvo
entre 1989 e 1994 (HERNÁNDEZ-GARCIA, et al,
A pescaria de polvo realizada caminhando sobre
1998), e o Havaí, cuja pesca artesanal atingiu uma
o recife descoberto ou durante o mergulho livre,
produção anual em torno de 10 toneladas (DAR,
utilizando o bicheiro como petrecho de captura é
2002). Por outro lado, os rendimentos dos pescadores
classificada como uma forma de pesca ativa, visto
entrevistados no AFN, de 3,14 kg/hora/pescador,
que envolve uma varredura de uma área por parte
foram superiores aos registrados na Bahia, de 1,54
do pescador. Este tipo de pesca é também o mais kg/pescador/hora (JAMBEIRO, 2002). Esta diferença
utilizado em pescarias na costa nordeste do Brasil pode ser atribuída à presença de uma área de
(JAMBEIRO, 2002; MENDES, 2002; CEPENE/ exclusão de pesca, o Parque Nacional Marinho do
IBAMA, 2002). O uso do bicheiro (gancho) como Arquipélago de Fernando de Noronha, localizado
artefato principal de captura faz com que a pescaria próximo às áreas de pesca, o que não ocorre no
em Fernando de Noronha tenha uma grande litoral baiano.
capacidade de seletividade, tanto de tamanho como
Os rendimentos sem diferença significativa entre
de espécie, visto que o pescador pode escolher qual
os meses de pescaria, e entre as áreas de pesca,
animal quer capturar. Este tipo de arte permite
indicam uma captura regular durante o período
delimitar o tamanho mínimo de captura, visto que
estudado, com um pequeno pico nos meses de junho
o pescador pode facilmente visualizar o tamanho do
e julho e na área de Praia da Conceição. As capturas
polvo a ser capturado.
regulares condizem com a situação de uma área tropi-
Foi verificado que as áreas de pesca de polvo em cal sem grandes mudanças climáticas sazonais.
Fernando de Noronha são restritas a regiões rasas
O valor de comercialização dos polvos em AFN é
dentro da Área de Preservação Ambiental, em função
compatível com o preço por kg na Europa (U$S 7.00
da proibição de pesca na área do Parque Nacional a U$S 11.00) ou Japão (U$S 12.00) (www.globefish.
Marinho. Uma vez que estas áreas se encontram org, junho/2006), porém é muito superior aos preços
todas no “Mar de Dentro” da ilha, as mudanças cobrados nas praias da costa do NE do Brasil que
oceanográficas que ocorrem no Arquipélago de variam de R$ 6,00 a R$ 10,00 reais. O preço mais
Fernando de Noronha impedem a pescaria na APA elevado do polvo no AFN é comum à maioria dos
entre os meses de dezembro a março, possibilitando produtos comercializados na ilha, seja de origem
assim o repovoamento dessa área. local ou proveniente do continente. O caráter insular
A pesca nas águas mais rasas do arquipélago, adiciona o custo do transporte, e a oferta reduzida
entre 0 e 2 metros de profundidade, acarreta numa aliada ao grande fluxo turístico de consumidores
com forte poder de compra (ADEFN, 2004) tende a divertimento. Esta importância cultural na pesca
manter os preços mais elevados que no continente. O de polvo pode ser verificada em ilhas oceânicas
alto valor de venda dos polvos em Noronha, aliado como o Havaí (CASCORBI, 2004), onde a pesca
a ausência de intermediários permite que mesmo recreacional de polvo tem profundas implicações
com capturas reduzidas os pecadores consigam uma para o manejo.
renda que justifica a atividade pesqueira.
Apesar de não ser uma atividade econômica CONCLUSÃO
muito rentável para os pescadores, a venda de Embora os dados disponíveis sejam limitados,
polvos em pousadas e restaurantes gera uma a partir dos resultados apresentados parece que a
movimentação econômica expressiva e deve ser pesca de polvo apesar de fazer parte dos costumes
levada em consideração. Como comprovado neste locais, a mesma não exerce pressão importante
estudo, mesmo com o aumento da captura de polvo sobre o recurso polvo no Arquipélago nos limites
no Arquipélago nos últimos anos (comunicação em que se encontra. Considera-se que devidamente
pessoal, Marcos Aurélio, Chefe do Parque Nacional regulamentada e mantida no nível atual, esta pescaria
Marinho do Arquipélago de Fernando de Noronha), pode ser sustentável.
a quantidade de polvos capturados não é suficiente
para suprir a alta demanda. A maior parte dos polvos AGRADECIMENTOS
consumidos pelos estabelecimentos foi proveniente Agradecemos a Fundação Boticário e ao CNPq
de cidades da costa nordestina, especialmente pelo apoio financeiro, à administração de Fernando
Recife e Natal, onde também não existe nenhuma de Noronha e ao IBAMA pelo suporte logístico, aos
forma de manejo da pesca de polvo até o momento. pescadores de polvo de Fernando de Noronha pelas
Esta diferença entre produção e demanda mostra informações e amostras doadas, e aos estabelecimentos
a constante necessidade dos estabelecimentos que colaboraram com informações de consumo.
comerciais do Arquipélago em adquirir esse recurso Agradecemos também aos voluntários e estagiários
para suprir seus estoques, incentivando cada vez da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e
mais a exploração comercial do polvo na área de Fundação Universidade Federal do Rio Grande pela
preservação ambiental, além do aumento do preço ajuda nas coletas e análises do material.
deste recurso.
REFERÊNCIAS BIBILOGRÁFICAS
Caracterização socioeconômica dos pescadores
ADMINISTRAÇÃO DE FERNANDO DE NORONHA
No litoral de vários Estados do Nordeste a (ADEFN). 2004 Perfil do turista de Fernando de
pesca de polvo é a principal atividade para muitos Noronha. Comparativo 2001/2002/2003. 26p.
dos pescadores envolvidos na mesma, como por
exemplo, na Bahia (JAMBEIRO, 2002; MENDES, ALMEIDA, L. 2004 Monitoramento Marinho do
2002). Já em Fernando de Noronha a pesca de polvo Parque Nacional de Fernando de Noronha (março a
constitui uma complementação de renda, que pode dezembro de 2003). Relatório Técnico Final/IBAMA
chegar até R$ 800,0 reais mensais. A diferença Brasília. 28 p.
deve-se as maiores oportunidades de renda em
AMBROSE, R.F. 1986 Effects of octopus predation on
função do alto fluxo turístico e da falta de mão de
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também esta intimamente ligada com questões BOYLE, P.R. 1987 Cephalopod Life Cycles, Vol. II.
culturais. Ser um bom pescador de polvo reflete Academic Press, London. 441p.
acima de tudo a condição de ser bom mergulhador,
atividade bastante respeitada entre os ilhéus. A maior CASCORBI, A. 2004 Seafood Watch. Seafood Report:
parte dos pescadores cadastrados afirmou que pesca Hawaiian Octopus Octopus cyanea. �������������
Monterey Bay
apenas para comer, dar para os amigos, ou apenas Aquarium.
para se divertir e testar suas habilidades como
CEPENE/IBAMA. 2002 Boletim Pesqueiro do Litoral
mergulhador. Normalmente quando um pescador
Nordeste. Pernambuco: Tamandaré.
cozinha polvo em sua casa, isto indica uma ocasião
social importante, ou motivo de comemoração e CLARKE, M.R. 1962 The identification of cephalopods
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para obtenção do título de Bacharel em Ciências Vol 03. Pergamon Press. 253p.
Biológicas: Universidade Federal da Bahia).
RESUMO
Os coeficientes de digestibilidade aparente para matéria seca, proteína bruta, extrato etéreo, energia
bruta de rações suplementadas com levedura íntegra (1,0; 2,0 e 3,0%), levedura autolisada (1,0; 2,0
e 3,0%) e parede celular (0,1; 0,2 e 0,3%), desidratadas por spray dried, além de um controle (isenta
dos ingredientes teste) foram avaliadas para tilápia do Nilo. Foram utilizados um total de 80 peixes
(83,0±8,5g), alojados em dez aquários de 250 L para alimentação e quatro de mesmo volume para
a coleta de fezes, ambos dotados de sistema de recirculação contínua de água, com filtro físico-
biológico e temperatura controlada. As rações que receberam levedura íntegra, levedura autolisada
e parede celular apresentaram, em média, coeficientes de digestibilidade aparente superiores ao
controle. Conclui-se que a suplementação da levedura e derivados proporcionam melhora no
coeficiente de digestibilidade aparente das rações experimentais, e que os níveis estimados de
suplementação com 2,13 a 2,36% de levedura autolisada apresenta resultado de digestibilidade
superior.
Palavras-chave: Saccharomyces cerevisiae, Oreochromis niloticus, glucanos, mananos
ABSTRACT
Apparent digestibility coefficient of dry matter, crude protein, ether extract, gross energy, of diets
supplemented with spray dried whole yeast (1.0; 2.0 e 3.0%), autolyzed (1.0; 2.0 e 3.0%), yeast cell
wall (0.1; 0.2 e 0.3%) plus a additional diet with no yeast and yeast derivatives were evaluated to
Nile tilapia. Eighty juveniles (83.0±8.5g) were placed in eight 250L aquaria for feeding and four
aquaria of the same volume for collecting faecal samples. Both sets were equipped with flow-
trough recirculation system provided with mechanical and biological filter. Diets supplemented
with whole yeast, autolyzed yeast, and yeast cell wall presented, as mean, superior apparent
coefficient digestibility than control. It can be concluded that supplementation of yeast and yeast
derivatives improve apparent coefficient digestibility of experimental diets and diets supplemented
with estimated level of 2.13-2.36% autolyzed yeast shows better digestibility.
Key words: Saccharomyces cerevisiae, Oreochromis niloticus, glucans, mannans
favorecer decantação das fezes. Tanto os aquários de água, composto por filtro físico e biológico e,
de alimentação, como os aquários de coleta de fezes sistema digital para manter constante a temperatura
eram dotados de sistema de recirculação contínua da água (27,0°C).
Tabela 1. Composição percentual e químico bromatológica das rações experimentais (matéria original)
Tratamento
Levedura íntegra Levedura autolisada Parede celular
Ingrediente (%) Controle 1,0% 2,0% 3,0% 1,0% 2,0% 3,0% 0,1% 0,2% 0,3%
Farelo de soja 66,00 66,00 65,50 65,00 66,00 65,50 65,00 66,00 66,00 66,00
Fubá de milho 17,00 16,00 15,50 15,00 16,00 15,50 15,00 16,90 16,80 16,70
Farelo de trigo 8,40 8,40 8,40 8,40 8,40 8,40 8,40 8,40 8,40 8,40
Levedura íntegra - 1,00 2,00 3,00 - - - - - -
Levedura
- - - - 1,00 2,00 3,00 - - -
autolisada
Parede celular - - - - - - - 0,10 0,20 0,30
DL–metionina 0,36 0,36 0,36 0,36 0,36 0,36 0,36 0,36 0,36 0,36
Fosfato bicálcico 3,90 3,90 3,90 3,90 3,90 3,90 3,90 3,90 3,90 3,90
Óleo de soja 3,59 3,59 3,59 3,59 3,59 3,59 3,59 3,59 3,59 3,59
Suplem. vit/min1 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50
Vitamina C 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03
NaCl 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
BHT 2 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02
Cr2O3 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Composição (%)
PD (%) (3) 32,43 32,89 33,08 33,05 32,75 32,89 33,01 31,60 31,74 31,77
ED (kcal/kg) (4) 3212 3273 3360 3342 3393 3382 3391 3292 3362 3353
FB (%) 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00 5,00
EED (%) (5) 3,89 3,90 4,01 3,71 3,88 3,76 3,77 3,96 4,12 3,90
Cálcio (%) 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20 1,20
Pdisp. (%) (6) 0,70 0,70 0,70 0,70 0,70 0,70 0,70 0,70 0,70 0,70
Metionina (%) 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60 0,60
Treonina (%) 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00
Lisina (%) 1,70 1,70 1,70 1,70 1,70 1,70 1,70 1,70 1,70 1,70
1
Suplemento vitamínico e mineral (Supre Mais): nível de garantia por kg do produto: Vit. ��
A ��
= ����������������������
1.200.000 UI; vit. D3 ��
= ��������
200.000
UI; Vit. E = 12.000mg; Vit. K3 = 2.400mg; Vit. B1 = 4.800mg; vit, B2 = 4,800mg; Vit. B6 = 4.000mg; biotina = 48mg; colina =
65.000mg; niacina = 24.000mg; Fe= 10.000mg; Cu = 600mg; Mn = 4.000mg; Zn = 6.000mg; I =20mg; Co = 2mg e Se = 20mg;
8 Vitamina C : sal cálcica 2-monofosfato de ácido ascórbico - 42% de princípio ativo.
2
BHT = (antioxidante) = Butil hidroxi tolueno.
3
PD= Proteína digestível, Valores determinados, por meio do coeficiente de d������������������������������������������
igestibilidade aparente para proteína das
rações experimentais.
4
ED= energia digestível, Valores determinados, por meio do coeficiente de digestibilidade aparente para energia das rações
experimentais.
5
EED= extrato etéreo digestível. Valores determinados, por meio do coeficiente de digestibilidade aparente para extrato
etéreo das rações experimentais.
6
Pdisp.= Fósforo disponível. Cálculos realizados com base nos valores apresentados por Gonçalves (2003).
Os peixes foram alojados em dez gaiolas plásticas, uma semana. Durante o período da manhã, os peixes
uma para cada tratamento experimental. O período foram alimentados a cada duas horas e, no período
de adaptação prévio das rações experimentais foi de da tarde, a alimentação foi intensificada a cada hora.
Este manejo foi aplicado ao grupo (cinco aquários valores que compreendem a faixa de 6,5 a 9,0 de pH
de alimentação) do qual seriam coletadas as fezes, são as mais adequadas para a produção de peixes.
diferindo do outro grupo por não se intensificar a Na Tabela 2 encontram-se apresentados os
alimentação. Foram efetuadas quarenta coletas, coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) para
caracterizando quatro repetições por tratamento, matéria seca (MS), proteína bruta (PB), energia bruta
durante período de 2 semanas. (EB) e extrato etéreo (EE) das rações experimentais
As análises químico-bromatológicas das rações contendo os diferentes níveis de suplementação de
e das fezes foram realizadas pelo Laboratório da levedura íntegra (LI), levedura autolisada (LA) e
Mogiana Alimentos (Labtec-Alta Tecnologia), parede celular (PC) para juvenis de tilápia do Nilo.
segundo padrões da Association of Official Analytical Os valores médios dos CDA da MS e EB
Chemists (1990). A concentração de cromo foi quando submetidos à análise de variância revelaram
determinada no Laboratório de Química Analítica diferenças significativas (P<0,01) para tratamentos
do Departamento de Química do Instituto de (Tabela 2). Pode-se observar que o desdobramento
Biociências da UNESP – Campus de Botucatu, dos graus de liberdade de tratamentos, constituído
segundo metodologia proposta por BREMER NETO pelos contrastes ortogonais entre totais de tratamentos
et al. (2003). O coeficiente de digestibilidade aparente revelou que o CDA da MS e EB das rações contendo
foi calculado com base na seguinte fórmula: LA diferiram (P<0,01) daquelas rações contendo LI e
PC. Por meio desse tipo de comparação, foi possível
detectar que a suplementação de LA melhorou o
CDA destas variáveis. Os valores digestíveis da
MS e EB refletem quantitativamente a qualidade
da ração, uma vez que seu CDA representa a
Onde: soma da digestibilidade dos nutrientes que a
Da(n) = Digestibilidade aparente; constituiu. Em função do rompimento da parede
Cr2O3r = % de óxido de crômio na ração; celular durante o processo de autólise, alguns
componentes intracelulares podem estar mais
Cr2O3f = % de óxido de crômio nas fezes;
disponíveis, melhorando o aproveitamento de alguns
N r = Nutrientes na ração; nutrientes.
N f = Nutrientes nas fezes. Os valores médios do CDA da PB foram
significativos (P<0,01) para os totais de tratamentos.
O estudo estatístico das variáveis de desempenho Por meio dos contrastes ortogonais foi possível
produtivo, coeficiente de digestibilidade aparente verificar que o CDA da PB dos grupos contendo LI
foram realizados a partir da técnica de análise de e LA diferiram (P<0,01) do grupo PC, no entanto,
variância (STELL e TORRIE, 1984). A análise incluiu quando se comparou LI e LA, não foram detectadas
os contrastes ortogonais entre totais de tratamentos diferenças significativas. Para o CDA do EE, não se
(levedura íntegra, levedura autolisada e parede observou diferença entre os totais dos grupos LI,
celular), bem como a análise de polinômio ortogonal LA e PC.
para estimativa do nível ótimo de suplementação. A suplementação dos diferentes níveis de LI
Todas as análises foram realizadas utilizando-se o revelou diferença significativa no CDA da MS, sendo
procedimento GLM do programa computacional encontrado efeito polinomial quadrático (P<0,01), o
SAS Institute (1985). qual pode ser expresso pela equação Y = 70,38+3,73x-
0,97x2, com o melhor CDA apresentado pela inclusão
RESULTADOS E DISCUSSÃO de 1,91% de LI na ração.
Durante o período experimental a temperatura Para a suplementação de LA, também houve
da água variou de 25,2 a 26,5ºC. Os níveis médios diferença significativa entre os diferentes níveis
de oxigênio dissolvido oscilaram entre 7,4 a estudados para CDA da MS, revelando efeito
8,2 mg/L, valores considerados satisfatórios para polinomial quadrático (P<0,01) expresso pela
o desenvolvimento dos peixes (BOYD, 1990). Os equação Y = 69,99+4,78x–1,01x 2, com o melhor
valores de pH obtidos no presente estudo variaram CDA apresentado pela inclusão de 2,36% de LA na
de 6,5 a 7,3. Segundo ARANA (1997) as águas com ração.
Tabela 2. Média dos coeficientes de digestibilidade aparente (CDA) para matéria seca (MS), proteína bruta (PB),
energia bruta (EB), extrato etéreo (EE) das rações contendo levedura íntegra e seus derivados para tilápia do Nilo
Variável
MS (%) PB (%) EE (%) EB (%)
Tratamento (p<0,01) (p<0,01) ns (p<0,01)
LI (1) x LA (2) (p<0,01) ns ns (p<0,01)
LI x PC (3) ns (p<0,01) ns ns
LA x PC (p<0,01) (p<0,01) ns (p<0,01)
Levedura Íntegra MS (%) PB (%) EE (%) EB (%)
ANOVA Tratamento (p<0,01) ns ns (p<0,01)
Coeficiente de variação (%) 0,76 0,22 1,80 0,99
Modelo quadrático (p<0,01) ns ns (p<0,01)
Ponto de máxima 1,91 - - 2,19
Coeficiente de correlação (%) 89,00 - - 86,00
Controle 70,35 90,54 95,08 71,54
LI 1,0% 73,24 90,08 94,91 74,95
LI 2,0% 73,84 90,82 95,39 75,46
LI 3,0% 72,83 90,77 95,41 75,21
Levedura Autolisada MS (%) PB (%) EE (%) EB (%)
ANOVA Tratamento (p<0,01) ns ns (p<0,01)
Coeficiente de variação (%) 0,82 0,57 2,00 1,33
Modelo quadrático (p<0,01) - - (p<0,01)
Ponto de máxima 2,36 - - 2,13
Coeficiente de correlação (%) 85,00 - - 87,00
Controle 70,35 90,54 95,08 71,54
LA 1,0% 72,69 90,37 95,36 75,41
LA 2,0% 76,58 91,38 95,81 78,84
LA 3,0% 74,86 90,52 94,83 76,74
Parede Celular MS (%) PB (%) EE (%) EB (%)
ANOVA Tratamento (p<0,01) ns ns (p<0,01)
Coeficiente de variação (%) 0,87 0,90 2,66 1,36
Modelo quadrático (p<0,01) ns ns (p<0,01)
Ponto de máxima 0,30 - - 0,29
Coeficiente de correlação (%) 70,00 - - 71,00
Controle 70,35 90,54 95,08 71,54
PC 0,1% 70,99 88,84 93,57 72,80
PC 0,2% 75,31 89,14 93,97 76,01
PC 0,3% 73,99 89,63 94,71 75,27
1
LI = levedura íntegra; 2 LA = levedura autolisada;3 PC = parede celular;
Coeficientes dos contrastes ortogonais: LAxLI (Co=0, LI 1%=1, LI 2%=1, LI 3%=1, LA 1%=-1, LA 2%=-1, LA 3%=-1, PC
0,1%=0, PC 0,2%=0, PC 0,3%=0); LIxPC (Co=0, LI 1%=1, LI 2%=1, LI 3%=1, LA 1%=0, LA 2%=0, LA 3%=0, PC 0,1%=-
1, PC 0,2%=-2, PC 0,3%=-3); LAxPC (Co=0, LI 1%=0, LI 2%=0, LI 3%=0, LA 1%=1, LA 2%=1, LA 3%=1, PC 0,1%=-1,
PC 0,2%=-1, PC 0,3%=-1);
ns = não significativo.
A ação positiva da levedura sobre a digestibilidade do conteúdo celular. Segundo MACHADO (1997),
da MS confirmou os resultados obtidos por HISANO entre o grupo de nutrientes presentes na levedura,
et al. (2004), quando avaliaram o CDA de diferentes existe várias vitaminas do complexo B, enzimas
dietas contendo levedura e zinco. Estes autores que melhoram a eficiência alimentar, como fitase
observaram melhora e interação positiva entre os e enzimas digestivas, ácidos graxos voláteis como
níveis de LI e do Zn sobre os a digestibilidade da ácido lático e isoácidos, minerais quelatados como
MS, quando da utilização de 1,0% de LI e 300 mg de o zinco e o magnésio, fatores de crescimento como
Zn/kg de ração. estimulantes bacterianos e antiobióticos naturais,
Os diferentes níveis de suplementação não aminoácidos como glutamatos, nucleotídeos como
resultaram em efeito significativo em relação aos isoniatos e guanilatos e peptídeos como hidrolisados
CDA da PB das rações do grupo LI, LA e PC. O de proteína, que proporcionam maior palatabilidade
ao alimento, melhor desempenho, maior resistência e
mesmo foi encontrado para os CDA do EE das rações,
menor estresse ao animal alimentado com levedura.
demonstrando que os níveis de inclusão destes
De acordo com essas informações, pode-se inferir
produtos (LI, LA e PC) não resultaram em diferenças
que os melhores resultados apresentados pelas
dentro de cada grupo para a digestibilidade do EE
rações suplementadas com LA, possa ter ocorrido
das rações.
pela maior disponibilidade desses elementos acima
Assim como observado nesta pesquisa (Tabela 2), citados, que proporcionaram melhor aproveitamento
a melhora no CDA da PB foi constatada por MARTIN dos nutrientes.
et al. (1993), quando trabalharam com a truta arco-íris
Os resultados deste estudo permitem concluir
e concluíram que a digestibilidade da fração protéica
que a suplementação da levedura e derivados
elevou-se com o acréscimo da biomassa de levedura
proporcionam melhora no coeficiente de
de petróleo nas dietas. Confirmam, ainda, SOUZA
digestibilidade aparente das rações experimentais,
e MATTOS (1989) que em pesquisa com o tambacu,
e que a levedura autolisada apresenta resultado
destacaram o efeito interativo entre nutrientes e o
de digestibilidade superior, quando nos níveis
elevado valor nutritivo da LI na dieta. SOUZA e
estimados entre 2,13 a 2,36%.
MATTOS (1989) concluíram que a presença da LI
melhorou significativamente a digestibilidade das REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
dietas, possibilitando um índice médio de 82,86%
AGRIANUAL. 2006 Anuário da agricultura
de digestibilidade para a PB e DABROWSKI et al.
brasileira.10.ed. São Paulo. FNP Consultoria e
(1980) que alimentaram alevinos de truta arco-íris
Comércio.
com levedura de petróleo e constataram que o ácido
nucléico da dieta reduziu a motilidade do intestino, ARANA, L.V. 1997 Princípios químicos de qualidade da
aumentando desta forma o tempo disponível para a água em Aqüicultura. Florianópolis: Ed. UFSC,.
digestão e a absorção de proteínas e minerais.
ASSIS E.M. 1996 Componentes da parede celular de
O CDA da EB da ração contendo LI revelou
leveduras: Proteínas e polissacarídeos de interesse
efeito polinomial quadrático (P<0,01) expresso pela
das indústrias farmacêuticas e de alimentos. In:
equação Y = 71,65+3,89x-0,91x2, com o melhor CDA
“Workshop” Produção de biomassa de levedura:
apresentado pela inclusão de 2,0% de LI na ração.
Utilização em alimentação humana e animal.
Para a LA, pode-se observar efeito polinomial
Anais...Campinas, Brazil: ITAL, pp 41-51.
quadrático (P<0,05) com a equação Y = 71,29+6,37x–
1,49x2, sendo o nível ótimo estimado em 2,13% de ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL
LA. O mesmo efeito polinomial quadrático (P<0,01) CHEMISTS -AOAC. 1990 Official methods of
foi observado para PC, representado pela equação Y analysis of the Association of Official Analytical
= 71,25+29,37x–50,0x2, com o melhor CDA estimado Chemists. �������������������������
15th ed. ����������������
Arlington: AOAC.
de 0,29% de PC na ração.
BOYD, C.E. 1990 Water quality management in ponds
Todas as rações que receberam LI, LA e PC
for fish culture. New York: Elsevier Scientific
apresentaram, em média, CDAs superiores ao Publishing Company.
controle, especialmente as rações que continham
LA. Durante o processo de autólise, o rompimento BREMER NETO, H., GRANER, C.A.F., PEZZATO,
da espessa parede celular melhora a disponibilidade L.E., PADOVANI C.R. 2003 Diminuição do teor
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Production of Candida utilis as aquaculture feed.
Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos,
Journal of Science Food and Aquaculture, v.61, p.363-
Universidade de São Paulo, Pirassununga).
370.
RESUMO
A indústria alimentícia é um segmento que dispõe de alto consumo de água devido à necessidade
da higienização dos estabelecimentos e a manutenção da boa qualidade do alimento. Entre as
indústrias alimentícias com maior consumo de água temos a indústria de pescado, a qual gera
efluente em torno de 5,4 m3. t-1 de peixe processado. Este trabalho teve como objetivo a redução
no consumo de água do processamento de tilápia do Nilo através da implantação de técnicas de
P+L, para tanto foram realizadas alterações hidráulicas nas mesas filetadoras visando o mínimo
consumo possível de água para dois métodos de filetagem, eviscerado e não eviscerado, assim como
a observação das alterações na qualidade do efluente gerado. No presente estudo, a redução no
consumo de água na filetagem correspondeu a 98,16% para o método EV considerando um tempo
médio de processamento de 3 horas para 32,99 kg de peixe, e para o método NEV a redução foi de
97,97% com tempo médio de processamento de 2,1 horas para 34,96 kg de peixe, demonstrando
assim que as técnicas de P+L são eficazes para a redução do consumo de água.
Palavras-chave: P+L, Produção Mais Limpa, Processamento, Tilápia do Nilo, Qualidade de Água
Como descrito na Agenda 21 a TAS protege simples tempo de retorno de 5 anos em eficiência
o meio ambiente, reduzindo a poluição, através energética. Um exemplo disso é a negociação feita
do uso de recursos de forma mais sustentável, em 1999, entre o governo da Holanda e um número
reciclando resíduos e o manejo dos mesmos de de indústrias para restringir a emissão de gases
forma mais aceitável daquelas tecnologias que foram causadores do efeito estufa através da eficiência
substituídas. Em resposta a Agenda 21, muitas energética. As indústrias têm se dedicado à este
instituições estabeleceram programas para promover acordo ambiental para atingir a taxa de 10%. Distante
o uso de TAS e a adoção de conceitos e práticas de disso a prevenção de resíduos sólidos tem sido pouco
P+L em países em desenvolvimento dentre estas exigida nas licenças consideradas (REIJNDERS,
instituições cita-se UNIDO/UNEP National Cleaner 2003).
Production, a qual tem como principal objetivo o Outro fator importante para a implantação da
aumento da capacidade nacional de promover e P+L é a percepção de que a adoção da mesma não
ajustar-se aos conceitos de P+L nas condições locais confere custos ao empreendedor, ao contrário,
(LUKEN et al., 2004a). fornece redução de custos (diretos e indiretos) no
A P+L e as TASs são distintas devido ao fato processo através do gerenciamento do consumo de
da TAS incluir a manipulação de matéria residual energia e matéria prima utilizada, aumentando a
(tecnologias fim de tubo) assim como a reciclagem eficiência e a competitividade. Porém o baixo custo
pós processo e não incluem algum gerenciamento e dos recursos utilizados, principalmente água e
mudanças no processo produtivo, como a modificação energia, desfavorecem a adoção da P+L mantendo
do produto através da substituição de componentes o alto consumo e não havendo conscientização
que possam ser potencialmente prejudiciais ao meio ambiental. Uma ferramenta eficaz para evitar tal
ambiente (LUKEN et al., 2004a). postura seria a redução dos subsídios para tais
Conforme CICOZZI et al. (2003)
����������������������
a disseminação recursos, aumentando o valor para o consumo
do conceito da prevenção da poluição, culminando dos mesmos, incentivando a racionalização do uso
em atitudes pró-ativas, depende da conscientização (REIJNDERS, 2003).
ambiental nos países e da efetividade das agências Porém com o aumento da pressão econômica, da
reguladoras, as quais nos países em desenvolvimento competição global e as preocupações ambientais, a
nem sempre agem de forma ativa. indústria deve constantemente inovar e melhorar seu
As regulamentações são um importante fator para processo de produção para torná-la mais sustentável.
a difusão da P+L, assim como foi para as tecnologias Esforços são necessários para que a adoção de
de fim de tubo especialmente no período de 1970 tecnologias limpas mantenha o nível de produção
e início de 1980. O problema atualmente é que atual da indústria, melhorando o gerenciamento dos
estas regulamentações permanecem como foram recursos naturais e minimizando o lançamento de
concebidas, os que dificulta a difusão do conceito de poluentes (UTTAMANGKABOVORN et al., 2005).
P+L (REIJNDERS, 2003). Com relação à indústria alimentícia esta apresenta
Para que a excelência ambiental seja garantida, alto custo no que diz respeito à utilização de água,
faz-se necessária a inclusão de conceitos de P+L sendo este representado pelo fornecimento de água
nas políticas ambientais, principalmente no que diz e sua disposição, adicionado às perdas no processo
respeito aos instrumentos de gestão ambiental, para a qual é descartada como efluente da indústria e
isso o conceito de P+L deve ainda ser plenamente perdas com energia para a descarga e tratamento
compreendido, para que este possa funcionar destes efluentes (HEBBLETHWAITE, 1980). Frente
principalmente em países populosos (LUKEN et al., a estes fatores a indústria de processamento de
2004a). alimentos deve considerar algumas estratégias
Uma das formas de incentivo da P+L é através para a redução do consumo de água e de geração
da adoção desta como critério para concessão de de resíduos. Uma das estratégias a se considerar
licença de operação, como já utilizada com sucesso é a adoção de unidades de processo que visem à
pela União Européia. A concessão de operação redução no consumo de água, otimizando o sistema
é basicamente fundamentada em exigências hidráulico da indústria, reduzindo processos onde
consideradas razoáveis e se baseiam em uma taxa não há o controle hidráulico para a minimização da
de retorno financeiro esperada de 15% ou em um utilização de água, assim como a adoção de sistemas
Foram avaliados dois métodos de filetagem: Prasertsan e Hittikun (2005) e Afonso e Bórquez
eviscerado, filetagem com peixe inteiro eviscerado, (2002a) estudaram metodologias de redução de
e não eviscerado, filetagem com o peixe inteiro sem consumo de água em indústria de pescado, e
eviscerar, ambos os métodos foram realizados em observaram que após a redução do consumo no
água corrente durante dez dias cada. processo a carga orgânica do efluente gerado,
A coleta do efluente foi realizada em cada etapa medida em DQO, é maior do que a carga orgânica
do processamento: abate, armazenagem, filetagem em processos com alto consumo de água. Afonso
e efluente final. e Bórquez (2002a) relatam ainda que a geração
de efluente durante o processamento de pescado
No abate a coleta foi realizada após a transferência
em indústrias chilenas apresenta uma baixa vazão
dos peixes para a caixa de armazenagem com gelo.
(20 – 40 m3 h-1) para uma planta com capacidade de
Na armazenagem realizou-se a coleta após o término
100 toneladas de peixe por hora, em contrapartida
do processamento. Na filetagem, foi colocada uma
este efluente apresenta altas concentrações de carga
caixa de aço inoxidável no escoamento da mesa
orgânica, havendo assim a necessidade de diluição
filetadora para captação do efluente, este foi coletado
deste efluente com a água de caldeira antes da
após a homogeneização. A amostra de efluente
descarga, obtendo-se assim uma vazão total de 1.000-
final foi obtida a partir da mistura proporcional da
1.200 m3 h-1 e DQO de 3-9 g O2 L-1.
geração de efluente determinada em cada etapa, esse
procedimento foi necessário devido a ausência de
uma caixa de captação do efluente final gerado no Tabela 1. Valores de F, com os respectivos níveis
abatedouro de peixes. Dessa forma, cada coleta de mínimos de significância, e as médias obtidas na análise
estatística das variáveis de Demanda Bioquímica de
cada etapa compreendeu 3 amostras de 250 ml.
Oxigênio (DBO), Demanda Química de Oxigênio
A concentração de matéria orgânica do (DQO), Nitrogênio Total Kjeldahl (NTK) e Número de
efluente gerado no processamento foi determinada peixes processados.
para cada etapa do processo (abate, armazenagem, Valores de F
filetagem e efluente final). Esta determinação ocorreu
através da análise de DQO pelo método colorimétrico Nº peixes
Estatística DQO(mg L-1)
(peixes dia-1)
HACH, utilizando-se colorímetro HACH DR 890, por
meio da nacionalização do reagente. PR 6,76(0,0114) 5,97(0,0171)
O delineamento estatístico utilizado foi TR 14,44(<0,0001) 0,00(1,000)
inteiramente casualizado esquema fatorial 2 x 4 PR x TR 0,76(0,5178) 0,00(1,000)
sendo dois métodos de filetagem (eviscerado e CV (%) 40,62 10,44
não eviscerado) e quatro etapas de processamento Médias para PR
(abate, armazenagem, filetagem e efluente final), NEV 600,46a 34,94a
perfazendo oito tratamentos com 10 repetições, EV 472,77b 32,99b
sendo as repetições correspondentes aos dias de Médias para TR
processamento. Abate 379,25b 33,98a
Armazenagem 451,63 b
33,98a
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Filetagem 801,41a 33,98a
Os resultados obtidos para DQO e número de
Final 509,61 b
33,88a
peixes abatidos para cada método de filetagem e
Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre
etapas do processamento estão apresentados na si pelo teste de Tukey (P>0,05).
Tabela 1.
Para a DQO e número de peixes abatidos, Para a etapa de filetagem, foi observada a maior
observa-se que os métodos diferem entre si (P<0,05), concentração de matéria orgânica medida em DQO
tendo para o método não eviscerado maiores (média de 801,41 mg L-1), diferindo das demais etapas
valores de DQO, sendo estes valores elevados do processamento.
quando comparados com outros trabalhos, isso U t t amangkab o v o rn e t a l . , ( 2 0 0 5 )
devido à redução do consumo de água no processo, observaram que as concentrações de DQO em
acarretando em maiores concentrações de matéria diferentes etapas do processo, tendo valores de 4.364
orgânica no efluente final. Uttamangkabovorn; mg L-1 de DQO na armazenagem pré-processamento
Tabela 2. Desdobramento da interação entre método de filetagem e etapas do processamento para consumo de água
por quilo de peixe (Ca Kg-1), consumo de água total (CAT).
Etapa do processamento (TR)
Método de
Variável Efluente Média
filetagem Abate Armazenagem Filetagem final
NEV 55,61Cb 39,95Da 149,91Bb 243,62Ab 119,16
CAT
EV 58,52Ca 39,59Ca 193,17Ba 294,91Aa 142,74
MÉDIA 57,07 39,77 171,54 269,26
NEV 1,60Cb 1,15Ca 4,33Bb 7,05Ab 3,44
CA Kg-1
EV 1,80Ca 1,21Ca 5,77Ba 8,81Aa 4,28
MÉDIA 1,70 1,18 5,05 7,93
Médias seguidas de diferentes letras maiúsculas nas linhas e letras minúsculas nas colunas diferem estatisticamente pelo teste de Tukey
(P<0,05). CAT: Consumo de água total (L); CA Kg-1: Consumo de água Kg-1 (L Kg-1); NEV: não eviscerado; EV: eviscerado.
O mesmo comportamento é observado para o ressaltar que o valor descrito pelo autor diz respeito
consumo de água por quilo de peixe processado, somente ao consumo de água para armazenagem do
tendo para todas as etapas maior volume utilizado peixe após este ter sido processado.
para o método EV, sendo (P>0,05) entre os métodos Uttamangkabovorn et al., (2005) quantifi-
para etapa de armazenagem, assim como observado caram o montante de água utilizada na armazenagem
para o consumo total de água. Para o método NEV de atum e determinaram um consumo de 0,09 L kg-1
não houve diferença significativa (P>0,05) entre as antes da implantação de instrumentos de P+L, tendo
etapas de abate e armazenagem, entretanto para após a implantação destes, um consumo de 0,07
filetagem e efluente final obteve-se P<0,05, o mesmo L kg-1, correspondendo a uma redução de 22,22%
foi observado para o método EV. nesta etapa.
Avaliando-se o consumo de água em todo o Para o trabalho desenvolvido foi obtido um
processo para cada método e por quilo de peixe consumo médio de 1,18 L kg-1 de peixe processado
processado, observa-se que o método NEV confere estando acima da quantidade obtida por estes
menor consumo de água, sendo mais adequado autores, no entanto o trabalho desenvolvido por estes
para a indústria de filetagem de pescado, visando a autores foi em escala industrial, conferindo assim,
redução de consumo e menor custo de processo. um rápido processamento da matéria-prima tendo a
Vale salientar que dos poucos trabalhos armazenagem em gelo somente quando ocorre algum
encontrados sobre a caracterização do consumo atraso no processo.
de água utilizado em processamento de peixes, A relação de peixe e gelo encontrada pelos
Nair (1990) relatou para armazenagem do peixe autores citados acima foi de 3:2 de peixe e gelo
processado um consumo de 0,36 L kg-1 , valor este na armazenagem pré-cozimento e uma relação de
menor ao obtido no presente trabalho, no entanto vale 2:1 para a armazenagem da matéria prima pós-
cozimento, para o presente trabalho manteve-se uma fish meal effluents by ultrafiltration. Trends in food
relação de 1:1,18 para peixe (kg) e gelo, para ambos science & Technology, Cambridge, 15: 506-512.
os métodos, havendo maior consumo de água, no
entanto todos os peixes a serem processados eram ALMAS, K.A. 1985 Aplications of crossflow membrane
armazenados, o que provavelmente confere maior technology in the fishing industry. Desalination,
consumo de água no processamento avaliado, Amsterdam, 53: 167-180.
quando comparado com os descritos pelos autores ASPÉ, E.; MARTI, M.C.; ROECKEL, M. 1997 Anaerobic
citados. treatment of fishery wastwater using a marine
No presente estudo, a redução no consumo sediment inoculum. Water Research, New York,
de água na filetagem correspondeu a 98,16% para 31(9):2147-2167.
o método EV considerando um tempo médio de
processamento de 3 horas para 32,99 kg de peixe, BELLEVILLE, P.; QUÉMÉNEUR, F. 1984 Possibilites
e para o método NEV a redução foi de 97,97% com d’utilisation des procedes à membrane pour
tempo médio de processamento de 2,1 horas para la valorisation des produits de la mer et dans
34,96 kg de peixe. l’aquaculture. Le latí, [S.l.], 64: 286-297.
Segundo Mittal (2005), após a implantação BRAILE, P.M.; CAVALCANTI, J.E.W.A. 1995 Manual
de programas de redução e reuso de água pode de águas residuárias. ������������������
São Paulo: CETESB.
ocorrer a geração de efluentes mais concentrados em
substâncias recuperáveis, ou seja, em abatedouros CASANI, S., ROUHANY M.,KNOCHEL. 2004 A
a redução no consumo de água além de conferir discussion paper and limitations to water reuse
menor custo a produção, gera efluente com altas and hygiene in the food industry. Water Research,
concentrações de proteínas configurando alto New York, 2004. No prelo.
potencial de recuperação da mesma através de
tecnologias de filtração por membrana. CICCOZZI, E.; CHECKENYA, R. RODRIGUEZ,
A.V. 2003 Recent expencices and challenges
CONCLUSÃO
in promoting cleaner production investiments
in development countries. Journal of Cleaner
Com base nos resultados obtidos conclui- Production, Amsterdam, 11: 629-638.
se que a implantação de conceitos de P+L confere
uma redução significativa no consumo de água para CIVIT, E.M.; PARIN, M.A.; LUPIN. ����������������
2003 Recovery
ambos os métodos de filetagem, sendo esta redução protein and oil from fishery bloodwater waste.
maior para o método eviscerado, em contrapartida a Water Research, New York, 16(6): 809-814.
redução no consumo de água proporciona o aumento
DRIVSSHOLM, T.; NIELSEN, E.W. 1998 Fish meal
nas concentrações de matéria orgânica efluente
industry improvements in water and air quality
medida em DQO havendo assim a necessidade de
using cleaner technology. Journal of Cleaner
tratamento do resíduo e/ou reaproveitamento do
Production, Amsterdam, 1(1):.221-229.
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Abstract
Professional inland fisheries are an important economic activity in the region of Itaipu reservoir.
The dam was closed in 1982, and in 1998, 619 professional fishermen landed 1192t of fish, composing
10 commercial species. In the 1990s there were 509 fishermen month-1 on average working in the
reservoir. This number falls to approximately 365 fishermen month-1 between 2000 and 2002 as a
consequence of the fishing ban. The reservoir consists of 12 fishing areas, distributed in 3 zones:
fluvial (influenced by Paraná River), transition (influenced by the tributaries) and lacustrine (near
the dam). There were differences in fishermen densities in these zones: 42% work in the lacustrine,
41% in the fluvial and 17% in the transition. The main fishing gears employed is nets and hooks. The
Itaipu royalties’ payment to the municipalities in the region may possibly incentive the reduction
of the level of professional fisheries. Between 1991 and 2001, it has been observed that there is a
strong negative relation between the amount of royalties paid and the level of fishing effort. In this
context, it was proposed a preliminary bio-mathematical model to subsidize the formulation of
guidelines, based on the statements of precautionary management, as the predominant orientation
in the literature. It was elaborated a model via the software Vensim PLE to describe and predicting
small-scale fisheries consequences upon the reservoir fish stock, and it was tested the relation
between the decrease of fishing effort and Itaipu royalties’ payment to the municipalities via a
regression model.
RESUMO
A pesca profissional é uma importante atividade econômica na região do reservatório de Itaipu. A
barragem foi fechada em 1982, e em 1998, 619 pescadores profissionais desembarcaram 1192t de
pescado, composto por 10 espécies. Em 1990 havia 509 pescadores mês-1 em média trabalhando no
reservatório. Este número caiu para aproximadamente 365 pescadores mês-1 entre 2000 e 2002 como
conseqüência da proibição da pesca. O reservatório é composto por 12 áreas de pesca, distribuídas
em 3 zonas: fluvial (influenciada pelo rio Paraná), transição (influenciada pelos tributários) e
lacustrina (próxima da barragem). Há diferenças nas densidades de pescadores no reservatório,
com 42% operando na zona lacustrina, 41% na zona fluvial e 17% na zona de transição. Os principais
aparelhos utilizados são redes e anzóis. O pagamento dos royalties de Itaipu para os municípios da
região do reservatório possivelmente incentiva a redução das pescarias profissionais. Entre 1991 e
2001, foi observado que há uma forte e negativa relação entre o montante de royalties repassados
para as Prefeituras e o nível de esforço pesqueiro. Assim, foi proposto um modelo bio-matemático
preliminar para subsidiar a formulação de orientações setoriais, baseadas nos princípios do manejo
precaucionário, conforme a orientação predominante na literatura. Elaborou-se também um modelo
através do software Vensim PLE para descrever e prever as conseqüências da pesca profissional
sobre o estoque, e testou-se a relação entre o decréscimo do esforço pesqueiro e o pagamento de
royalties de Itaipu para as Prefeituras da região através de um modelo de regressão.
Palavras-Chave: Manejo Precaucionário; Pesca Interior; Reservatório de Itaipu
Mortality Rate
Transition Zone
Nets Transition
Zone
Hooks pr2
Transition Zone
pa2
Where: pri (proportion of net fisheries at the zone i); pai (proportion of hook fisheries at the zone i); qi (proportion of landings at the zone i); czi
(total landings at the zone i).
Figure 1. Flowchart of the considered model to describe the fisheries in Itaipu Reservoir
Table 2. Landings and royalties data. short period. This behavior enforces the necessity to
Royalties adopt precautionary actions, as stated in the Code of
Production of transference to Conduct for Responsible Fisheries (FAO), which was
Year the reservoir (t) municipalities of validated in Brazil by the Decree 5.382/2005, aiming
- PAT State of Paraná to promote social and environmental sustainability
– RAT (US$) of the professional fisheries.
1991 1589 7740
1992 1663 11215
Figure 2. Result of the simulation for exploitable fish
1993 1542 7842 stock=1560t year-1 with 20% of increment in the fishing
1994 1297 42602 effort
1995 1373 42635 Current
1996 1411 57571
Exploitable fish stock
1997 1192 71518 2,000
1998 . 71906
1999 1182 73493 1,500
2000 1253 75562
2001 1051 74169 1,000
2002 . 80568 Birth
1,564
2003 . 61840
2004 . 31020 1,563
1,563
Results AND DISCUSSION CZFh3
The result of the simulation is presented in 800
Figure 2, considering the peculiarities of the three
zones of the reservoir. The exploitable fish stock 600
was considered at the same level of the maximum
sustainable yield, estimated by Okada et al. (1996) 400
and FUEM (2002) as 1560t year-1. It was set as an initial CZIh2
value and simulated an increase of the fishing effort 600
of 20% year, during 10 years. The results indicated
that the disruption of the exploitable fish stock is 500
immediate. The mathematical routines, allowed
the insertion of economic sub-routines as shadow 400
variables in the reservoir zones. It is important to CZLh1
point out that this scenario was simulated with an 800
opposite tendency, in fact, FUEM (2002) mentions
600
that fishing effort has been reduced from 1997 to
2001. During 2004 the total production was 632.4t,
400
with, in average, 332 fishermen month-1 working
Natural Losses
in the reservoir (unpublished data). This scenario
2
was developed according to the precautionary
management statements (Camargo and Petrere, 1.5
2004), allowing the fisheries officers to estimate
different levels of fish stocks exploitation and its 1
consequences. 0 2.5 5 7.5 10
Time (Year)
According to figure 2 it is possible to conclude that
the model, under the conditions described above, is
stable. On the other hand, any increment on fishing On the other hand, it was observed that the
effort ( ≥ 20%) will disrupt the exploitable fish stock in increment of fishing effort is closely related to Itaipu
royalties’ payment to the municipalities in the region da UHE-Tucuruí (Pará, Brasil). Acta Amazonica
of the reservoir. This relation was tested in a linear 34(3): 473-485.
regression model. The total annual production
FUEM. NUPÉLIA/ITAIPU BINACIONAL 2002
of the reservoir from 1991 to 2001 was set as the
Reservatório de Itaipu: Estatística do Rendimento e
dependent variable and the total annual amount of
Sócioeconomia da Pesca. Maringá. 344p. (Relatório
royalties paid to 11 municipalities of the Brazilian
Anual: 2002 – apoio Itaipu Binacional).
side (the Paraguayan margin is poorly inhabited
and with three conservation units), during the same Okada, E. K.; Agostinho, A. A.; Petrere, M.
period, was set as the independent variable. The 1996 Catch and effort data and the management
total annual production (landings) of the reservoir of the commercial fisheries of Itaipu reservoir in
(Y), in average, from 1991 to 2001 was 1355.3t the upper Paraná river, Brazil. In: I. G. Cowx (ed.)
(n=10; minimum=1051t; maximum=1663t), and Stock Assessment in Inland Fisheries. Oxford: Fishing
the total annual royalties payment (X), during the News Books. p. 155-161.
same period, was in average US$4 8750.3, (n=11;
minimum=US$7740.0; maximum=US$75562.0). This Okada, E.K.; Agostinho, A.A.; Gomes, L.C.
regression analysis presented a negative relationship 2005 Spatial and temporal gradients in artisanal
(Y=1648.8-0.006*X; r2=0.838**; s2 YX = 7092.9; n = 10). It fisheries: a case study of the Itaipu Reservoir,
means that the local population prefers to work in Brazil. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic
other activities. In this case, small-scale fisheries are Sciences 62: 714-724
an alternative to unemployment in the urban zone.
Petrere, M.; Agostinho, A. A.; Okada, E. K.;
This fact indicates the importance of the royalties
Júlio Jr., H. F. 2002 ���������������������������
Review of the fisheries in
to these cities, enhancing the employment level
the Brazilian portion of the Paraná/Pantanal basin.
of the population, contributing indirectly to the
In: I. G. Cowx (ed) Management and Ecology of
maintenance of the present levels of fishing effort.
Lake and Reservoir Fisheries. Oxford: Fishing News
Conclusions Books. p. 123-143.
In this moment, it is possible to present two main VensiM 2005 Software developed by Ventana
conclusions: i) the model supports the inclusion of Systems, Inc. Available from: http://www.
complementary routines, permiting the avaliation of vensum.com. Accessed in: July 29, 2005.
the effects of the fishery effort over the stocks and; ii)
the royalties payment to the municipalities influences
the employment level in the commerce, indirectly
affecting the fishery effort in the reservoir.
ACKNOWLEDGMENTS
We thank UEA, FAPEAM for a PGCT Grant for
SAFC, ITAIPUBINACIONAL, UEM/NUPELIA for
the fisheries data and field support, UNESP and
CNPq, for partially supporting this research.
REFERENCES
Agostinho, A. A.; Okada, E. K.; Gregoris, J.
1999 A Pesca no Reservatório de Itaipu: Aspectos
Sócioeconômicos e Impactos do Represamento. ���� In:
R. Henry (ed.) Ecologia de Reservatórios: Estrutura,
Função e Aspectos Sociais. Botucatu: FUNDBIO/
FAPESP. p. 280-319.
RESUMO
O presente estudo avalia a influência da fonte protéica vegetal sobre a qualidade de água. Em 24
tanques foram distribuídos 432 juvenis de camarões Litopenaeus vannamei com peso médio de 2,86
± 0,09g, onde foram submetidos ao arraçoamento quatro vezes ao dia, com quatro dietas em quatro
repetições cada, com diferentes níveis de proteína animal e vegetal na ração, respectivamente: A)
75 e 25%; B) 50 e 50%; C) 25 e 75% e D) ração comercial, durante 60 dias. A quantidade de ração
e a freqüência de alimentação, não diminuíram as concentrações de ortofosfato, amônia, nitrito e
nitrato quando comparadas a ração controle (p<0,05).
Palavras-chave: nutrição, qualidade de água, camarão, Litopenaeus vannamei, dieta,
sustentabilidade
ABSTRACT
This study evaluates the influence of vegetal protein sources in the water quality. 432 juveniles of
L. vannamei shrimp average weight 2.86 ± 0.09g were stocked in 24 tanks, fed 4 times a day, with 4
different diets and 4 repetitions each. These diets had different animal and vegetal protein levels,
respectively: A) 75 and 25%; B) 50 and 50%; C) 25 and 75% and D) commercial feed, during 60 days.
The quantity of feed and feeding frequency, didn’t decrease orthophosphate, ammonia, nitrite and
nitrate concentrations compared to the control treatment (p< 0.05).
Key words: nutrition, quality water, shrimp, Litopenaeus vannamei, diet, sustainability
Nutrientes Rações
A B C D*
Proteína bruta (%) 34,99 34,97 34,95 (mín) 35,00
Fibra bruta (%) 2,56 3,46 4,92 (máx) 6,00
Cinzas (%) 13,83 10,98 8,90 (máx) 13,00
Extrato Etéreo (%) 10,44 8,01 7,46 (mín) 8,00
Cálcio (%) 3,50 2,44 1,52 (máx) 3,00
Fósforo (%) 1,85 1,45 1,21 (mín) 0,70
Umidade (%) 10,72 11,52 11,78 (máx) 13,00
Energia bruta (kcal/kg) 4.169 4.148 4.236 -
Energia digestível (kcal/kg) 3.190 3.127 3.135 -
*Níveis de garantia do fabricante.
Os ingredientes utilizados nas rações foram em geral, a qualidade de água não se apresentava
moídos em moinho de facas, com peneira para se adequada para o cultivo de camarão na região
apresentarem com diâmetro máximo de 0,5mm. meridional do Vietnã, nas 12 fazendas monitoradas.
A farinha de peixe, farelo de soja, farelo de trigo, Em oito delas, o oxigênio dissolvido apresentava
milho, óleo de soja, fosfato bicálcico, premix e sal níveis letais de 1-2 mg/L.
comum foram homogenizados e peletizados e, Os valores da concentração oxigênio dissolvido
posteriormente, secos em estufa. recomendado pela Global Alliance Aquaculture são
Os juvenis foram alimentados quatro vezes ao de uma concentração inicial mínima de oxigênio
dia, 08h; 12h; 16h e 22h, com ração contendo 35% de de 3 mg/L, podendo chegar até 4 mg/L (BOYD,
proteína, em uma proporção de 4% da biomassa nas 2002).
3 primeiras semanas, e 3% nas 4 semanas seguintes A temperatura da água nos tanques quase não
e finalmente 2% nas 3 últimas semanas, totalizando apresentou variação durante o cultivo, tendo como
60 dias de cultivo. Diariamente foi realizada limpeza menor média final 27,27 ± 0,78ºC no tratamento B e
dos aquários, por sifonagem, para retirada dos maior 27,65 ± 0,72ºC no C. Segundo BOYD (2001b),
eventuais resíduos e fezes. as espécies cultivadas em águas tropicais crescem
Todos os dados abióticos obtidos foram analisados melhor em temperaturas de 25 a 32ºC. Os dados
no Laboratório de Física e Química do Solo e Água do de temperatura deste experimento estão, portanto,
Departamento de Energia Nuclear da Universidade dentro da faixa sugerida.
Federal de Pernambuco. Não houve diferença estatística (p>0,05) para as
Os procedimentos das análises das amostras de rações testadas. Os valores semanais da qualidade
nitrito, nitrato, ortofosfato e amônia seguiram os de água para as rações A, B, C e D, estão nas figuras
métodos estabelecidos no Standard Methods for the 1, 2, 3 e 4.
Examination of Wastewater (APHA, 1995). A quantidade de ração e a freqüência de alimenta-
A análise estatística de qualidade de água foi ção 4 vezes/dia, não aumentou as concentrações
realizada a partir da técnica de análise de variância de ortofosfato, amônia e nitrato ao final do cultivo,
(ANOVA) no nível de 5% de significância. O teste que se encontram de acordo com as normas iniciais
de Tukey foi utilizado na comparação múltipla das da GAA que para o fósforo total nos efluentes da
médias. carcinicultura é que seja de no máximo 500µg/L.
Estudos realizados no México por Páez-Osuna
RESULTADOS E DISCUSSÃO
et al. (1997, 1998, 1999) acompanharam em dois
Durante o período experimental, a temperatura ciclos de cultivo, fazendas que utilizavam densidade
da água variou de 26,0 ºC a 28,0 ºC, os níveis médios médias de 17 camarões/m2, taxas de renovação de
de oxigênio dissolvido e a salinidade permaneceram 3 a 20% e uso de alimento artificial. Nestes estudos
constantes com valores acima de 5,6 mg/L e 35,80‰± foi demonstrado que os sistemas de produção
1,00, respectivamente e, os valores de pH variaram semi-intensivos são responsáveis por incrementos
de 7,2 a 7,80, com média de 7,7. Os resultados estão consideráveis de sólidos totais suspensos, fósforo
condizentes com as concentrações indicadas por disponível, nitrito, nitrato, nitrogênio amoniacal,
KUBITZA (2003), que sugere valores acima de 4 entre outros. Apresentaram ainda que no caso
mg/L para o oxigênio nos cultivos. do fósforo, 83,4% são provenientes dos alimentos
VINATEA (2002) relata que as concentrações artificiais, onde apenas 6,1% são incorporados à
médias padrões observadas em aqüicultura, para biomassa de camarão e 30,3% são perdidos para o
pH e o oxigênio dissolvido, são 6,5-8,0 e 100% de ambiente através dos efluentes.
saturação, respectivamente, para águas com 35‰. A taxa de renovação de água, em geral, não
As águas dos viveiros de camarão devem ter, como ocasionou uma retenção nos níveis de fósforo do
padrão, um pH entre 7,5 a 8,5 (BOYD, 2001a), presente experimento (Figura 1). Os valores permane-
sendo assim, os valores encontrados no presente ceram abaixo do nível recomendado, apenas na 2ª
experimento são considerados satisfatórios. e 6ª semanas do tratamento A chegou a alcançar
JOHNSTON et al. (2002) obtiveram resultados de 71,17µg/L e 59,31µg/L e na 4ª semana do tratamento
pH ácido (6,5) e baixo oxigênio dissolvido (3,7 mg/L) C ultrapassou 70 µg/L onde os níveis se mostraram
em seu experimento. Esses autores observaram que um pouco elevados em relação às outras semanas.
Velasco et al., (1999), trabalhando com o L. de ação da amônia do seguinte modo: a presença
vannamei, verificaram que o acúmulo de fósforo excessiva de NH3 altera o metabolismo celular devido
total é prejudicial ao crescimento do camarão. ao aumento da alcalinidade; o excesso de amônia nas
Lawrence et al. (2003) relatam que as rações têm mitocôndrias causa reversão da enzima glutamato
sido identificadas como o poluente mais importante desidrogenase alterando o metabolismo oxidativo
na composição dos efluentes. É importante ressaltar do ácido tricarboxílico, resultando na diminuição
que o manejo alimentar é o maior fator causador das concentrações celulares de ATP e a amônia
de poluição dos efluentes e, conseqüentemente do inibe o transporte ativo dos íons sódio, podendo
meio ambiente. afetar o transporte dos íons cloreto, bicarbonato e a
Ostrensky (1991) sumarizou os mecanismos reabsorção de água em epitélios transportadores.
Figura 1. Teores de ortofosfato na água dos tanques dos camarões alimentados com as rações A, B, C e ração D, ao
longo das semanas
A B
Figura 2. Teores de amônia na água dos tanques dos camarões alimentados com as respectivas rações A, B,
C e D, ao longo das semanas
As rações contendo as proteínas de origem vege- sua qualidade, reduzir o crescimento, aumentar o
tal, não influenciaram na diminuição dos níveis de consumo de oxigênio e excreção da amônia, e até
amônia na água, em relação à ração controle (p<0,05), mesmo causar alta mortalidade dos camarões (Lin
reforçando os estudos realizados por Páez-Osuna e Chen, 2003).
(1997, 1998, 1999), onde encontraram que 76% da Os valores encontrados no experimento de nitrato
origem do nitrogênio são provenientes dos alimentos e amônia nem sempre estiveram na faixa de tolerân-
artificiais e cerca de 37% de nitrogênio são perdidos cia. Kubitza (2003) relata que nem sempre todas
para o ambiente de através dos efluentes. A estima- as variáveis estão dentro dos limites adequados ao
tiva é que para cada tonelada de camarão produzida, bem estar dos animais e ao suporte da produtividade
perdem-se para o ambiente 28,6 kg de nitrogênio e desejada nos sistemas intensivos de produção.
4,6 kg de fósforo.
Estudando o efeito de quatro freqüências de
O nitrito é considerado um produto intermediário alimentação (3, 4, 5 e 6 alimentações/dia), como o
da amônia dentro do processo de nitrificação bacteri- P. monodon, Smith et al. (2001) encontraram que
ana da amônia ou da desnitrificação do nitrato (Lin e os níveis de amônia, nitrito/nitrato, fósforo total,
Chen, 2003). Nunes, et. al, (2005) recomenda níveis oxigênio, pH, temperatura e salinidade, não apresen-
inferiores a 1 mg/L e para Boyd (2000), a concen- taram diferença significativa entre os tratamentos.
tração máxima de nitrito aceitável é de 0,3 mg/L,
Durante o experimento, ocorreram pequenas
estando os resultados do experimento abaixo dos
variações nos níveis de nitrato e apenas durante a
níveis aceitáveis.
6ª semana de cultivo que os valores ultrapassaram
Os valores de nitrito e nitrato deste experimento os 98,52 µg/L de nitrato com o fornecimento da
são apresentados nas Figuras 3 e 4 respectivamente. ração C (Figura 4), provavelmente ocasionado pela
Para todas as rações testadas, após a 5ª semana houve biomassa fornecida, bem superior as outras semanas,
um aumento dos níveis, com tendência a estabilizar mas sempre abaixo dos níveis indicados para a
após a 7ª semana quando o nível de fornecimento carcinicultura. Nunes et. al, (2005) recomenda níveis
de ração foi menor em relação à biomassa. Entre a inferiores ou iguais a 60mg/L e Boyd (2000) relata
7ª e a 10ª semanas, os valores permaneceram entre que a concentração máxima aceitável de nitrato
97,0 µg/L e 118,0 µg/L, o que talvez tenha indicado pode variar de 0,2 a 10 mg/L, estando portanto,
melhor aproveitamento da ração pelos animais. os valores do experimento inferiores aos níveis
O acúmulo do nitrito na água pode deteriorar a recomendados.
A B
Figura 3. Teores de nitrito na água dos tanques dos camarões alimentados com as respectivas rações A, B, C e D, ao
longo das semanas de cultivo
Figura 4. Teores de nitrato na água dos tanques dos camarões alimentados com as respectivas rações A, B, C e D, ao
longo das semanas de cultivo
Muir et al. (1991), demonstraram que as BOYD, C. E. 2001b Parâmetros de qualidade da água:
concentrações de 1,0 mg/L é letal para o protozoea fósforo total. Revista da ABCC, Recife, v. 3, n. 3,
Penaeus monodon, constituindo o mais baixo relato p. 34-36.
da toxidade aguda do nitrato para organismos
BOYD, C. E. 2002
����������������������������������������
Parâmetros da qualidade de água:
marinhos.
oxigênio dissolvido. Revista ABCC, Recife, ano 4,
Cavalli et al. (1996), encontraram uma
n. 1, p. 66-69.
tolerância alta para nitrato nos reprodutores de P.
paulensis. O nível seguro calculado foi de 217.2 mg/L, CAVALLI, R. O.; WASIELESKY Jr., W.; FRANCO, C.
um valor não habitual em sistema de maturação para S.; MIRANDA FILHO, K. 1996 ������������������
Evaluation of the
camarão, até mesmo quando água é recirculada. short-term toxicity of ammonia, nitrite and nitrate
Pelo fato de não ser um composto muito to Penaeus paulensis (CRUSTACEA, DECAPODA)
importante em matéria de toxidez, poucos trabalhos broodstock. Arq. Biol. Tecnol. 39 (3): 567-575, set.
tem sido realizados para medir os efeitos do nitrato.
CHEN, J. C.; LIN, C. Y. 1992 Lethal effects of ammonia
Porém este composto pode tornar-se potencialmente
on P. chinensis Osbeck juveniles at different salinity
tóxico em sistemas de recirculação de água, em que
levels. J. Exp. Mar. Biol. Ecol., 156:138-148.
altos níveis podem ser alcançados como resultado da
nitrificação da amônia (Vinatea, 1996). EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de suínos e
Os compostos nitrogenados nos tanques de Aves- CNPSA. 1989 Tabela de composição química
cultivo podem ser diminuídos através de várias e valores energéticos de alimentos para suínos e aves.
medidas básicas, como, evitar sobras de alimentos Concórdia. Não paginada.
resultantes de uma alimentação superestimada, evitar
FAO/NACA/UNEP/WB/WWF. 2006 International
altas densidades de estocagem, diminuindo assim o
Principles for Responsible Shrimp Farming.
volume excretado e utilizar renovações periódicas
Network of Aquaculture Centres in Asia-Pacific
de água. Diante disso, no presente experimento, as
(NACA). Bangkok,
�������������������������
Thailand. 20 pp.
substituições dos diferentes níveis de proteína vegetal
na ração para camarão não diminuíram a carga de Johnston , D.; M Lourey, M.; Van Tien, d.;
nitrito, nitrato, amônia e ortofosfato do cultivo, sendo Luu, T.T.; Xuan, t.t. 2002 Water quality and
necessário buscar outros meios para que os valores plankton densities in mixed shrimp-mangrove
da qualidade de água permaneçam abaixo dos níveis forestry farming systems in Vietnam. Aquaculture,
recomendados para a carcinicultura. Amsterdam, .33(�������������
10): 785-798.
BOYD, C. E. 2000 Manejo da Qualidade de Água MUIR, P. R.; SUTTON, D. C.; OWENS, L. 1991 Nitrate
na Aqüicultura e no cultivo do Camarão Marinho. toxicity to Penaeus monodon protozoea. Mar. biol.,
Tradução: Josemar Rodrigues. 157p. 108: 67-71.
NUNES, A. J. P., GESTEIRA, T. C. V., OLIVEIRA, G. G., VELASCO, M.; LAWRENCE, A. L.; CASTILLE, F. L.
LIMA, R. C.; MIRANDA, P. T. C.; MADRID, R. M. 1999 Effect of variations in daily feeding frequency
2005 Princípios para boas práticas de manejo na and ration size on growth of shrimp, Litopenaeus
engorda de camarão marinho no Estado do Ceará. vannamei (Boone), in zero-water exchange culture
Instituto de Ciências do Mar (Labomar/ UFC). tanks. Aquaculture, Amsterdam, 179: 141-148.
Programa de Zoneamento Ecológico Econômico
(ZEE) do Estado do Ceará, Fortaleza, Ceará, VINATEA, L. A. 1996 Princípios químicos da qualidade
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camarões. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 166 p.
OSTRENSKY, A. 1991 Toxidade da amônia e do
nitrito no processo produtivo de pós-larvas do VINATEA, L. A 2002 Qualidade da água na
camarão-rosa, Penaeus paulensis Pérez-Farfante, carcinicultura. Revista ABCC, Recife, ano 4, n. 3.
1967. Tese Mestrado, Univ. Fed. Paraná, Curitiba,
PR, 105 pp.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho e a sobrevivência dos alevinos de carpa-capim
submetidos a diferentes freqüências de alimentação. Foi realizado um experimento no Laboratório
de Aqüicultura da Universidade Estadual de Maringá, utilizando-se oitenta alevinos com peso
médio inicial de 0,76 ± 0,12 g e comprimento médio inicial de 4,32 ± 0,19 cm distribuídos em 16
tanques-rede (40x40x30 cm), com cinco peixes cada, nas freqüências de 2, 3, 4 e 5 alimentações/dia,
em um delineamento inteiramente casualizado com quatro tratamentos e quatro repetições. Foi
utilizada uma ração contendo 30% de proteína digestível e 3000 Kcal/Kg. As variáveis avaliadas
foram peso final médio (PF), comprimento final médio (CF), ganho de peso (GP), fator de condição
(FC), conversão alimentar aparente (CA), uniformidade do lote (UNI) e. sobrevivência (S). Os
valores de PF e CA foram superiores com o fornecimento de quatro alimentações/dia (p<0,05) e os
de GP e CF com o fornecimento de 4 a 5 alimentações (p<0,05). A UNI, o FC e a S não apresentaram
diferenças significativas (p>0,05). Os parâmetros físico-químicos permaneceram dentro da faixa
recomendada para a piscicultura. Concluiu-se que a freqüência de alimentação a ser utilizada para
os alevinos de carpa-capim para um melhor desempenho e sobrevivência em uma temperatura
média de 24ºC é a de quatro vezes ao dia.
Palavras-chave: alimentação, Ctenopharyngodon idella, desempenho, nutrição
Abstract
The objective of this paper was evaluating the grass carp fingerlings performance and survival
submitted to different feeding frequency. Was carried out an experiment in the Aquaculture’s
Laboratory of the Maringá State University eighth fingerlings were used with initial medium
weight of 0.76 ± 0.12 g and initial medium length of 4.32 ± 0.19 cm divided in 16 net cages (40x40x30
cm) with five fishes each at frequencies of two, three, four and five feedings/day in a completely
randomized design with four treatments and four replications. Was use diet with 30% of digestible
protein and 3000 Kcal/Kg. The evaluated variables were final mean length (FL), final mean weight
(FW), weight gain (WG), condition factor (CF), feed conversion (FC), size variation weight (SW),
survival (S). The FW and FC were higher in treatment with four feeding. FL and WG were higher
in treatment with four and five feeding (p<0.05). The CF, SW and S didn’t present significative
differences (p>0.05). Physical and chemical parameters remained within appropriate limits.
Concluded that the feeding frequency to be used for grass carp fingerlings to better development,
survival in temperature average 24ºC at four times during a day.
Key words: Ctenopharyngodon idella, feeding, performance, nutrition
para 1000 litros. Cada tanque-rede (40x40x30 cm faca com peneira 0,5 mm e, posteriormente pesados,
= 4,8 litros) com cinco alevinos (aproximadamente misturados e umedecidos em água à 50ºC de acordo
1 alevino por litro) foi considerado como unidade com HAYASHI et al. (1999). A ração foi peletizada
experimental. Cada tanque possuía uma torneira em moinho de carne, seca em estufa de ventilação
para entrada de água e um sifão a 5 cm do fundo forçada a 55ºC, desintegrada e peneirada para que
para a saída, de modo que houve uma troca diária fosse fornecida no tamanho adequado à boca dos
de 10% do volume total. peixes (MEURER et al., 2000).
Para a alimentação dos alevinos foi utilizado o O arraçoamento foi à base de 10% da biomassa por
tanque dos alevinos, sendo esta quantidade aferida a
manejo alimentar com o uso de uma ração contendo
cada 7 dias, com a pesagem de todos os indivíduos de
30% de proteína digestível e 3000 Kcal.kg -1 de
cada unidade experimental. A quantidade de ração
energia digestível (Tabela 1), formulada de acordo
foi acrescida em 5% diariamente, para adequação
com as exigências nutricionais da tilápia do Nilo da quantidade de ração ao crescimento dos alevinos
pelo NRC (1993), calculado com base em valores de (BOSCOLO et al., 2002b).
digestibilidade dos alimentos para a tilápia do Nilo
Os parâmetros físico-químicos da água: pH,
(Oreochromis niloticus), determinados por BOSCOLO
condutividade elétrica e oxigênio dissolvido foram
et al. (2002a) e MEURER (2002). monitorados semanalmente, enquanto a temperatura
Os ingredientes utilizados na confecção da ração da água duas vezes ao dia (manhã e tarde) durante
foram moídos individualmente em moinho tipo o período experimental.
Os parâmetros avaliados foram peso final médio, de uma equação proposta por FURUYA et al. (1998),
ganho de peso, fator de condição, conversão alimentar para determinar a uniformidade em peso de peixes.
aparente, comprimento final médio, uniformidade do Utilizando-se as medidas de peso total dos peixes,
lote e sobrevivência. O fator de condição foi calculado com base nos dados de cada unidade experimental
com base na equação: calculou-se a média, sendo então, quantificados o
FC = (Peso x (Comp3) -1) x 100 número de indivíduos que se apresentavam com
peso dentro do intervalo correspondente a 20% acima
e a conversão alimentar: CA = Ração consumida
e abaixo da média.
x Ganho de peso total-1.
Para avaliar a uniformidade dos lotes de peixe em
cada unidade experimental, realizou-se a adaptação
Tabela 2–Valores médios de desempenho dos alevinos de carpa-capim submetidos a diferentes freqüências de
arraçoamento diários
O efeito da freqüência de alimentação na sobrevi- BOSCOLO, W.R.; HAYASHI, C.; MEURER, F. 2002b
vência não foi avaliado para o “Artic charr”(JOBLING, Farinha de varredura de mandioca (Manihot
1983) e nem para o esturjão branco (CUI et al., 1997). esculenta) na alimentação de alevinos de tilápia
De acordo com MACINTOSHI e DE SILVA (1984), do Nilo (Oreochromis niloticus, L.). Rev. Bras. de
este parâmetro é mais afetado por outros fatores de Zootecnia, Viçosa, 31(2):546-551.
manejo ou ainda por problemas genéticos. Relatos
dos efeitos da freqüência alimentar nas taxas de CASTAGNOLLI, N. 1979 Tecnologia da alimentação de
sobrevivência foram realizados por SANCHES e peixes. In: FUNDAMENTOS DE NUTRIÇÃO DE
HAYASHI (2001) e observaram resultado similar ao PEIXES. São Paulo: Livroceres,.p. 278-289.
obtido neste experimento, diferindo apenas quanto
CASTAGNOLLI, N. 1992 Piscicultura de água doce.
à porcentagem de sobrevivência. ����������������
Por ������������
outro�������
lado,
Jaboticabal: FUNEP. 108p.
HAYASHI et al. (2004)
��������������������������������
trabalhando o lambari do
rabo amarelo (Astyanax bimaculatus), observaram CASTAGNOLLI, N. 1997 Piscicultura intensiva e
que esta variável foi significativamente afetada pela sustentável de espécies nativas brasileiras. In:
freqüência de arraçoamento, apresentando redução SIMPÓSIO SOBRE MANEJO E NUTRIÇÃO DE
em função do número de alimentações diárias. PEIXES, Piracicaba, 1997. Anais... Piracicaba:
A carpa-capim obteve um melhor desempenho Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, p.117-
com o fornecimento de quatro alimentações diárias, 130.
assim como o lambari do rabo amarelo (HAYASHI
CUI, Y.; HUNG, S.S.O.; DENG, D.F.; YANG, Y. 1997
et al., 2004) enquanto que WANG et al. ������������
(1998), LEE
Growth performance of juvenile White Sturgeron
et al. �������������������������������������������
(2000) e LAMBERT e DUTIL (2001) observaram
as affected by feeding regimen. The Prog. Fish Cult.,
resultados diferentes.
Bethesda, 59(1): 31-35.
O melhor resultado obtido no tratamento onde
foram fornecidas quatro alimentações diárias pode EGNA, H.S. and BOYD, C.E. 1997 Dynamics of pond
ser explicado pela melhor distribuição dos nutrientes aquaculture. Boca Raton: CRC Press, 342p.
essenciais ao metabolismo do animal. O arraçoamento
realizado em um número menor de vezes pode FURUYA, W.M. HAYASHI, C.; FURUYA, W.M.
restringir o consumo de toda a ração fornecida em 1998 Dietas
������������������������������������������
peletizada e extrusada para machos
função da capacidade do trato digestório do peixe e revertidos de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus)
assim o alimento perderá os nutrientes para a água, na fase de terminação. Ciência Rural, Santa Maria,
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ABSTRACT
Survival and growth parameters were evaluated in juvenile fat snook Centropomus parallelus held
at different stocking densities in floating cages. Juveniles of 156 Days After Hatching (DAH) (5.7±
1.27 g wet weight; 8.5 ± 0.69 cm total length: mean ± SD) stocked at 50, 100 and 200 fish/m3,
in 1m3 cages, presented no difference in survival and growth as wet weight, total and standard
length, specific growth rate, and coefficient of variation for weight and total length, after 59 days
of experiment (P> 0.05). Specific growth rate and food conversion ratio were near 0.9 %/day, and
1.6, respectively, at the densities tested (P>0.05). Feeding behavior of fat snook was directly related
to light condition as higher feed consumption occurred at hours of lower sunlight exposure on the
fish cages. From the results obtained in the present study, the use of stocking densities up to 200
fish/m3 did not affect survival, growth performance and food conversion ratio of juveniles of fat
snook. However, final biomass and production per area were significantly different, being higher
at 200 fish/m3, density considered among the stocking densities tested, more adequate for growing
fat snook at the juvenile phase in cages.
Key words: fat snook, Centropomus parallelus, growth, stocking density, cages
RESUMO
Sobrevivência e parâmetros do crescimento foram avaliados em juvenis de robalo-peva Centropomus
parallelus cultivados em diferentes densidades de estocagem em tanques-rede. Juvenis de 156 Dias
Após a Eclosão (DAE) (5,7± 1,27 g peso úmido; 8,5 ± 0,69 cm comprimento total: média ± DP)
estocados em 50, 100 e 200 peixes/m3, em tanques-rede de 1m3, não apresentaram diferenças na
sobrevivência e crescimento como peso úmido, comprimento total e padrão, taxa de crescimento
específico, e coeficiente de variação para peso e comprimento total após 59 dias de cultivo
(P>0,05). Taxas de crescimento específico e conversão alimentar foram próximas a 0,9 %/dia, e
1,6, respectivamente, nas densidades testadas (P>0,05). O comportamento alimentar do robalo-
peva foi diretamente relacionado à condição luminosa uma vez que o maior consumo de alimento
ocorreu em horas de mais baixa exposição da luz solar nos tanques-rede. A partir dos resultados
obtidos no presente estudo, o uso de densidades de estocagem ate 200 peixes/m3, não afetou a
sobrevivência, o crescimento e a conversão alimentar de robalo-peva. Entretanto, a biomassa final
e a produção por área foram significativamente diferentes, sendo maiores em 200 peixes/m3,
densidade considerada mais adequada entre as densidades de estocagem testadas para a engorda
de robalo-peva na fase de juvenil em tanques-rede.
Palavras-chave: robalo-peva, Centropomus parallelus, crescimento, densidade de estocagem,
tanques-rede
and Discussion Section) with a commercial extruded maximus (IRWIN et al., 1999), European sea bass
diet (40 % CP, 10 % fat; 2-2.5 mm diameter). Fish Dicentrarchus labrax (HATZIATHANASIOU et al.,
behavior was monitored at feeding. Every week, the 2002; SAILLANT et al., 2003) and jundiá Rhamdia
amount of food consumed in each cage was recorded quelen (BARCELLOS et al., 2004), possibly due
for food conversion ratio calculation (FCR = weight to social interactions leading to intraspecific size
of feed in g/biomass gain in g). variation and feeding dominance (YAMAGISHI
Thirty fish were sampled at the beginning of the et al., 1974; JOBLING, 1985), competition (IRWIN
experiment, and all fish were measured and weighed et al., 1999), space limitation (EWING et al., 1998),
at the end of the growth period. Animals were rapidly insufficient food (ANDREW et al., 2004) and low
anesthetized with benzocaine (84 g of benzocaine dissolved oxygen (YI et al., 1996). On the other hand,
per 1L alcohol 96 %), weighed to the nearest 0.1 g higher growth occurred at higher densities in the
Arctic charr Salvelinus alpinus (BROWN et al., 1992),
and measured (total and standard length) to the
and in the European sea bass (PAPOUTSOGLOU
nearest 1 mm. Feeding was discontinued 24 h prior
et al., 1998), result generally attributed to a decreased
to measurements.
social interactions or lack of aggressive actions at the
The following rates were determined: Specific- increased densities.
growth rate (SGR, %/day) = 100 X (ln final weight
Juvenile fat snook, within the stocking densities
- ln initial weight)/ number of days; coefficient of
tested in this study (50 to 200 fish/m3), does not
individual body weight and total length variations
belong to the fish category which is characterized by
as (CV weight, %) = 100 X (standard deviation/ mean
an inverse or positive correlation between stocking
body weight) and (CV length, %) = 100 X (standard
density and growth rate as previously cited, as no
deviation/ mean total length), respectively. Final
difference in survival and growth as wet weight,
biomass (kg) and production per area (fish/m3) were
total and standard length, specific growth rate, and
also calculated.
CV for weight and total length was observed after
All treatments were run in triplicate. Differences 59-days of cultivation in cages (P> 0.05) (Table 1).
between replicates and treatments were analyzed PASPATIS et al. (2003) found that a stocking density
by one-way analysis of variance (ANOVA) with of up to 1,000 fish/m3 does not affect European sea
subsequent Tukey test. Statistical significance was bass juveniles (5.3 g) kept in tanks. ROWLAND et
assumed at P < 0.05. al. (2004) found that growth and condition were not
affected by stocking density in silver perch Bidyanus
RESULTS AND DISCUSSION bidyanus fry reared at 50, 100 or 200 fish/m3 in cages
In several species, growth rate is characterized for 140 days. CAVERO (2003) showed that growth
by an inverse correlation with stocking densities of pirarucu Arapaima gigas juveniles in floating
as observed in rainbow trout Onchorhynchus mykiss cages was not affected by stocking densities or by
(PAPOUTSOGLOU et al., 1987), turbot Scophthalmus intraspecific interactions.
Table 1 – Growth of fat snook Centropomus parallelus held at different densities in floating cages during 59 days.
Data shown as mean ± SD. Minimum and maximum values are presented in brackets. Different letters at the same
column are statistically different (P<0.05).
Density Weight (g) Total length Standard length CV2 CV Final
(cm) (cm) SGR1 Weight Length FCR3 Biomass
(fish/m3) Initial Final Initial Final Initial Final (%) (%) (kg)
5.8 10.1 8.6 9.9 7.0 8.2
0.9 27.4 9.9 1.7 0,50
50 ±1.18 ±0.47 ±0.66 ±0.97 ±0.56 ±0.99
±0.05 ±3.93 ±1.87 ±0.09 ±0,31a
(3.3-8.7) (4.2-16.9) (7.1-9.9) (7.4-12.1) (5.7-8.1) (6.0-10.0)
In the present study, survival rates were excellent peaks per day, one approximately 2 hours before
(100% for 50 fish/m3; 99% for 100 and 200 fish/m3) sunrise, and the second 2-3 hours following sunset
at the end of the growth period in all treatments. (ECKELBARGER et al., 1980).
Mean specific growth rate was 0.9 %/day, and food From the results obtained in the present study,
conversion ratio was around 1.6 at the densities the use of stocking densities up to 200 fish/m3 did
tested. Similar growth and food conversion rates not affect survival, growth performance and food
have been obtained for younger fat snook juveniles consumption of juveniles of fat snook Centropomus
fed with different commercial diets, non-specific for parallelus. However, final biomass and production
marine fish (BERESTINAS, 2006). The determination per area were significantly different, being higher at
of the nutritional requirements and the development the highest stocking density (200 fish/m3).
of a more appropriate diet may improve growth
performance of fat snook. ACKNOWLEDGEMENTS
When compared to a similar species, the common We would like to thank Davi Poluzzi Mezel for
snook Centropomus undecimalis, fat snook presented technical support, and Alexander Camara Berestinas
lower growth and less efficient feed utilization. for helping in the statistical analysis.
TUCKER (2000) reported for common snook a food
conversion ratio of 0.7 and around 80 g weight gains REREFERENCES
at 5- month age. Although fat snook grows slower ALVAREZ-LAJONCHÈRE, L.S. 2001 Fat snook
than common snook, it has been already produced at breakthrough in Brazil. World Aquaculture, Baton
constant and stable levels in laboratory (ALVAREZ- Rouge, 31: 23-25.
LAJONCHÈRE et al., 2001, 2002b), and therefore,
technology for massive production of juveniles has ALVAREZ-LAJONCHÈRE, L.S. 2004 Cultivo de
been already established. On the other hand, there is robalos: potencialidades e resultados. Panorama
a need to increasing knowledge on common snook da Aqüicultura, Botafogo, 14: 15-21.
larvae and juvenile production (SANCHEZ et al.,
ALVAREZ-LAJONCHÈRE, L.S.; CERQUEIRA, V.R.;
2002, ALVAREZ-LAJONCHÈRE, 2004). Additionally,
REIS, M.A. 2002a Desarrollo embrionario
due to its sporting and culinary attributes, and a high
y primeros estadios larvales del robalo gordo,
market price, fat snook can be commercialized as a
Centropomus parallelus Poey (Pisces, Centropomidae)
“plate size fish” (around 300 g, whole fish) and used
con interés para su cultivo. Hidrobiológica, México,
for recreational fisheries purposes.
12: 89-99.
Although no difference in survival and growth
performance was detected, final biomass was ALVAREZ-LAJONCHÈRE, L.S.; CERQUEIRA, V.R.;
significantly higher at the highest stocking density SILVA, I.D.; ARAÚJO, J.; REIS, M.A. 2002b
(Table 1). As mortality rates were close to 100 %, Mass production of juveniles of the fat snook
production per area also showed a positive relation Centropomus parallelus in Brazil. J.World Aquac.
with stocking density (50.0 ± 0.0; 99.0 ± 1.3; 198.0 ± Soc., Baton Rouge, 33: 506-516.
3.4 fish/m3 at 50, 100 and 200 fish/m3, respectively)
ANDREW, J.E.; HOLM, J.; KADRI, S.; HUNTINGFORD,
(P<0.05).
F.A. 2004 The effect of competition on the
Feeding behavior of fat snook was directly feeding efficiency and feed handling behaviour in
related to light condition as higher feed consumption gilthead sea bream (Sparus aurata L.) held in tanks.
occurred at hours of lower sunlight exposure on Aquaculture, Amsterdam, 232: 317–331
the fish cages. Initially, fish were fed 2-times a day
(morning and afternoon). However, in the cages with BARCELLOS, L.J.G.; KREUTZ, L.C.; QUEVEDO,
higher sunlight incidence in the morning period, fish R.M.; FIOREZE, I.; CERICATO, L.; SOSO, A.B.;
tended not to eat. In the afternoon, as all the cages FAGUNDES, M.; CONRAD, J.; BALDISSERA,
were in the shade, feed consumption increased and R.K.; BRUSCHI, A.; RITTER, F. 2004 Nursery
was uniform. Apparently, early morning and late rearing of jundia´, Rhamdia quelen (Quoy &
afternoon are the best hours for fat snook feeding, Gaimard) in cages: cage type, stocking density
suggesting that they are low-light feeders as reported and stress response to confinement. Aquaculture,
for the common snook, that presents two feeding Amsterdam, 232: 383–394.
BERESTINAS, A.C. 2006 Efeito de diferentes dietas e FERRAZ, E. de M.; CERQUEIRA, V.R.; ALVAREZ-
freqüências alimentares no crescimento de juvenis de LAJONCHÈRE, L.S. 2002 Indução da desova
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in cages on their growth and yield in cages and
Paspatis, M.; BOUJARD, T.; MARAGOUDAKI, D.; in ponds containing the cages. Aquaculture,
BLANCHARD, G.; KENTOURI, M. 2003 Do Amsterdam, 146: 205– 215.
stocking density and feed reward level affect
growth and feeding of self-fed juvenile European
sea bass? Aquaculture, Amsterdam, 216: 103– 113
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi fechar o ciclo larval de Stenorhynchus seticornis através de adaptação
da tecnologia utilizada para o camarão Macrobrachium rosenbergii. As larvas foram provenientes da
desova de uma fêmea em um dos aquários do Laboratório de Aqüicultura da Universidade Federal
de Pernambuco. Cinqüenta larvas foram colocadas em um béquer com dois litros de água nas mesmas
condições da desova. A média diária da temperatura foi 28,7 oC, oxigênio 6,7 mg/L, salinidade 35,1
‰ , pH 8,4 e amônia 0,01 ml/L. A alimentação foi fornecida ad libitum três vezes ao dia e consistiu de
peixe triturado e náuplios de Artemia sp. A primeira megalopa ocorreu após dez dias de cultivo e 50%
dos sobreviventes passaram a este estágio após doze dias de cultivo. A sobrevivência final foi 30%.
Os resultados demonstraram a possibilidade do cultivo de Stenorynchus seticornis para a aqüicultura
ornamental utilizando a tecnologia de Macrobrachium rosenbergii.
Palavras-chave: Stenorynchus seticornis, Majidae, cultivo larval, ornamentais marinhos
ABSTRACT
The aim of this work was close the larval cycle of Stenorhyncus seticornis using techniques developed
for commercial prawn Macrobrachium rosenbergii. The Stenorhyncus seticornis larvae came from a spawn
in aquarium in Aquaculture Laboratory of the Federal University of Pernambuco. Fifty larvae were
transferred to a circular vessel with two liters of water in the same conditions of spawn. Means value
for water quality parameters were: 28.7oC for temperature, 6.7 ml/L oxygen, 35.1 ‰ salinity, 8.4 pH
and 0.01ml/L ammonium. The larvae were fed ad libitum with chopped fish and nauplius of Artemia
sp. three times a day. The first megalopa occurred after ten days and 50% of survivors passed to
megalopa stage after twelve days. The final survival was 30%. The present findings demonstrate that
this crab may be cultured using standard techniques developed for commercial prawn Macrobrachium
rosenbergii industry and this species potential to ornamental aquaculture.
Key words: Sternorynchus seticornis, Majidae, larvae culture, marine ornamental, aquarium
do laboratório, proveniente de uma fêmea ovada (8,20 de 30%, quando todas as larvas passaram ao estágio
mm LC) capturada a 2 metros de profundidade na de megalopa após 15 dias de cultivo.
praia de Porto de Galinhas, PE. Foram retiradas 50 YANG (1976) cultivando S. seticornis obteve
larvas e transferidas para um becker de capacidade 41% de sobrevivência, das 54 larvas eclodidas no
para 3 Litros (L). laboratório. A duração média dos estágios larvais
A metodologia utilizada foi semelhante a do cultivo foi de 12 dias de zoea até megalopa. RHYNE
larval para Macrobrachium rosenbergii (MENDES, et al. (2003) e CALADO et al. (2003) levaram 6 dias
1986). O béquer utilizado como ambiente de cultivo para o desenvolvimento de zoea até megalopa de
foi preenchido com 2L de água do aquário de eclosão Mithraculus sculptus, um caranguejo também da
das larvas (S =35 ‰, pH = 8,4, T = 28oC) e mantido família Majidae, com uma duração de três dias para
com aeração moderada para não prejudicar as larvas cada estágio de zoea, porém a sobrevivência final foi
tanto na captura do alimento quanto na muda dos de apenas 22%.
estágios larvais. Os parâmetros hidrológicos médios neste estudo
Diariamente, no final da tarde, era renovado 50% do foram: temperatura com um mínimo de 27,50 C e um
volume do béquer de cultivo com água proveniente de máximo de 29,20C, o pH 8,4, oxigênio dissolvido
um aquário de 120 L, o qual era dotado de um sistema ficou entre 6,5 e 6,8 ml/L. O nitrito variou entre
de filtro biológico composto por placas perfuradas 0,00 e 0,03 ppm, e a amônia entre 0,00 e 0,02 ppm.
cobertas por cascalho, ligadas a uma tubulação que A salinidade manteve-se em 35‰. No cultivo larval
acionava o filtro com fluxo contínuo de ar através de de S. seticornis feito por YANG (1976) a temperatura
um soprador de 3 HP. variou de 17 a 29oC e a salinidade entre 32 a 36‰,
A alimentação, fornecida três vezes por dia, era o autor não menciona os valores de pH, oxigênio,
composta de duas refeições (8 h e 14 h) de alimento amônia e nitrito da água, apenas diz que a água do
cultivo era trocada diariamente.
inerte e uma (17 h) de náuplios de Artemia sp. recém
eclodida. O alimento inerte utilizado foi filé de peixe A temperatura é um dos principais fatores
passado através de uma peneira de 325 µm de abertura ambientais que afetam o desenvolvimento e
de malha. Os náuplios de Artemia sp. eram fornecidos crescimentos dos crustáceos.
após a troca d’água (50%). Isto se fazia necessário YANG (1976) obteve sucesso no cultivo das larvas
para que houvesse disponibilidade de alimento provenientes dos adultos coletados em águas rasas (2
vivo durante o período noturno, além desse tipo de m) da Flórida em temperaturas de 17 a 29oC, porém
alimento não causar aumento nas taxas de compostos dos ovos provenientes de adultos coletados em
nitrogenados tóxicos na água do cultivo. águas profundas (200 m) apenas cinco eclodiram em
Todos os dias às 8 horas eram mensurados o prezoea em temperaturas de cultivo de 25oC.
oxigênio dissolvido e a temperatura, através de ZHANG and LIN (1998) observaram diferenças
oxímetro digital YSI model 55; o pH e amônia através no tempo de desenvolvimento larval de Lysmata
de métodos colorimétricos Fuga Mortal (1993) e a wurdemanni em experimento onde variaram a
salinidade através de um refratômetro. temperatura do cultivo. Segundo estes autores a
A sobrevivência foi observada no décimo segundo temperatura tem um importante papel no tempo
dia e no final do cultivo (décimo quinto dia), quando de desenvolvimento larval e pode ser usada para
ocorreu a metamorfose em todas as larvas. encurtar a duração da larvicultura de crustáceos.
Nesta pesquisa, a temperatura não deve ter
RESULTADOS E DISCUSSÃO influenciado negativamente, visto que ficou entre
As larvas cultivadas neste trabalho eclodiram em 27,5 e 29,2oC, valores considerados adequados para
zoea e a primeira megalopa ocorreu com dez dias de espécies tropicais.
cultivo. Estes resultados confirmam que Stenorynchus A nutrição é outro fator importante no desenvol-
seticornis passa por três estágios larvais: dois zoea e vimento larval e sobrevivência, o valor nutricional
um megalopa (PINHEIRO et al., 1994; RHYNE et al., do alimento parece afetar a eficiência da assimilação
2003). A sobrevivência no décimo segundo dia de em crustáceos (ZHANG et al., 1997). A alimentação
cultivo foi de 40% (20 sobreviventes dos 50 iniciais), inerte utilizada neste trabalho consistiu apenas de
quando 10 caranguejos (50% dos sobreviventes) filé de peixe (Scianidae), o qual não deve ter atendido
passaram para megalopa. A sobrevivência final foi todos os requerimentos nutricionais das larvas, em
Os resultados alcançados nesta pesquisa são CALADO, R.; NARCISO, L.; MORAIS, S.; RHYNE,
bastante promissores, visto que teve apenas a finali- A. L.; LIN, J. 2003 A rering system for the
dade de estudar a possibilidade de fechar o ciclo culture of ornamental decapod crust��������������
acean larvae.
larval em ambiente controlado. Aquaculture, Amsterdam, v. 218, p. 329-339.
SILVA et al. (2002) realizaram trabalho sobre
CALADO, R. e NARCISO, L. 2003 �������������������
Can all ornamental
ocorrência de Majidae na costa norte brasileira e
decapods be raised in captivity? The pros and
constataram que dentre os 155 indivíduos dessa
cons of profitability in conservation. In: WORLD
família, o Stenorhynchus seticornis foi o menos
AQUACULTURE 2003 – Book of Abstracts,
representativo com apenas três exemplares. Este
Salvador, 2003. Abstract, p. 145.
resultado já pode ser um alerta. SCHRIEVER (1977)
já alertava sobre a necessidade de informações sobre COBO, V.J. e OLIVEIRA, D. F. 2002 Maturidade
a reprodução e ciclo larval deste crustáceo. fisiológica do caranguejo aranha Stenorhynchus
Atualmente, pesquisadores, comerciantes, seticornis (Crustacea, Majidae) na Ilha das
coletores e aquariofilistas estão unindo-se em Couves, litoral norte paulista. In: CONGRESSO
um esforço mundial para minimizar a crescente BRASILEIRO DE ZOOLOGIA 24, Itajaí, 2002.
pressão sobre as populações de espécies marinhas Resumos, Itajaí: Editora e Gráfica Berger, p. 65.
ornamentais e para promover a sustentabilidade
CORBIN, J. S. 2001 Marine Ornamentals`99, conference
destes recursos (CORBIN, 2001). No entanto, este
highlights and priority recommendations. In:
objetivo só estará perto de ser alcançado quando a
BURGESS, P. (Ed.), Marine Ornamental Conference,
coleta de organismos selvagens for significativamente
Hawaii. Aquarium Sciences and Conservation, v.3,
substituída pelo cultivo destas espécies.
p. 3-11.
Por apresentar um ciclo larval de curta duração
o caranguejo aranha S. seticornis é um candidato HULINGS, N. C. e HEMLAY, D. W. 1963 Investigation
promissor para a aqüicultura ornamental. Um cultivo of the feeding habits of two species of sea stars.
comercial desta espécie irá reduzir a demanda por Bull. of Mar. Sci. of the Gulf and Carib., v. 13, n. 2,
espécimes selvagens e, conseqüentemente, a pressão p. 250-254.
sobre os ecossistemas marinhos costeiros onde
habitam. Porém mais estudos sobre a nutrição e MELO, G. A S. de. 1996 Manual de Identificação dos
manejo larval são necessários visando aumentar a Brachyura (caranguejos e siris) do litoral brasileiro. São
sobrevivência. Paulo: FAPESP. 604 p.
Peixes de Aquário. São Paulo: Editora Três S/A. p. ZHANG, D. e LIN, J. 1998 Effects��������������������
of food and
192-193. temperature on survival and development in the
peppermint shrimp Lysmata wurdemanni. Journal
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FRANSOZO, M. L. 1994 Estimativa da 29, n. 4, p. 471-476.
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a família Majidae (CRUSTACEA, DECAPODA,
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YANG, W. T. ���������������������������������������
1976 Studies on the western atlantic
arrow crab genus Stenorhynchus (Decapoda,
Brachyura, Majidae) I. Larval characters of two
species and comparison with other larvae of
Inachinae. Crustaceana, Leiden, v. 31, n. 2, p.
157-177.
RESUMO
No sul do Brasil a partir do ano de 2001 ocorreu um incremento significativo do volume de capturas
de dourado durante os meses de verão motivado por uma demanda das empresas exportadoras de
pescado sediadas em Itajaí, no estado de Santa Catarina. A maioria das capturas foram realizadas
por barcos semi-industriais da frota de Itaipava (estado do Espírito Santo) que operam com anzóis e
linhas. Este trabalho apresenta descrições das capturas, esforços de pesca e CPUEs e uma discussão
sobre a estratégia adotada pelos pescadores. O pico de produção aconteceu em 2003 quando 711 t
foram desembarcadas. A CPUE decaiu de 585 kg em 2001 para 184 kg a cada mil anzóis em 2005. A
estratégia de pesca adotada pelos pescadores sugere um alto grau de especialização da frota.
Palavras-chave: captura, esforço pesqueiro, espinhel de superfície
ABSTRACT
The amount of dolphin-fish caught in south of Brazil during summer increased since 2001 due to
demand of exportation companies based in Itajaí, in the state of Santa Catarina. Most of catches
was landed by semi-industrial boats of Itaipava (Espírito Santo state) that fishes with hooks and
lines. This work there are descriptions of catches, fishing effort and CPUEs and a discussion about
the strategy adopted by the fishermen. Production peaked in 2003 when 711 t were landed. CPUE
declined from 585 kg/1000 hooks in 2001 to 184 kg/1000 hooks in 2005. Fishing strategy adopted
by fishermen suggests a high degree of specialization of the fleet.
Key words: catch, fishing effort, surface longline
que opera na costa central do Brasil (COSTA et al., a pequena profundidade a que o anzol é lançado
2005; MARTINS et al., 2005; OLAVO et al., 2005). na coluna d’água, indica o direcionamento para a
O espinhel é composto por uma linha principal de captura de uma espécie epipelágica que se distribui
nylon monofilamento de 3,6 mm de diâmetro, com preferencialmente muito próxima da superfície
comprimento médio de 5,2 milhas náuticas (10 km). durante o dia, como é o caso do dourado (CAMPOS
As linhas secundárias possuem em média 3,2 m de et al., 1993).
comprimento e, segundo os mestres, são armadas
para operarem a cerca de 2,5 m de profundidade.
Tabela 2. Composição das capturas da frota de Itaipava
São utilizados dois anzóis em cada seção, delimitada
durante as temporadas de pesca de dourado (Coryphaena
por duas bóias. Normalmente há cerca de 500 bóias hippurus) em águas catarinenses
ou seções e são utilizados, em média, 955 anzóis
por lance de pesca. Os anzóis têm forma de “J” com Espécie Captura (%)
hastes de 5 cm de comprimento, curvatura de 5 cm, Coryphaena hippurus 94,71
ponta com 1,5 cm, distância entre a ponta e a haste de Xiphias gladius 0,78
2,2 cm e garganta de 2,5 cm (para maiores detalhes Thunnus spp. 0,61
sobre as partes básicas de um anzol recomenda-se Carcharhinus spp. 0,49
BJORDAL and LOKKEBORG, 1996). Sphyrna spp. 0,47
As iscas utilizadas foram pedaços de bonito- Prionace glauca 0,38
listrado (Katsuwonus pelamis) e sardinha-verdadeira Trichiurus lepturus 0,29
(Sardinella brasiliensis). Em muitos casos mais de um Isurus oxyrinchus 0,26
Outros 2,01
tipo de isca é utilizado na mesma viagem. As capturas
foram compostas por 31 espécies sendo o dourado a
mais importante com 95% do total capturado em peso A frota de Itaipava atuou sobre a plataforma
ao longo dos anos analisados (Tabela 2). continental em profundidades que variaram entre
As estratégias de pesca empregadas por esses 100 e 200 m desde o norte de Paranaguá até o sul da
barcos durante a safra de verão revelam um elevado ilha de Florianópolis, entre 26ºS e 28ºS (Figura 1). As
grau de especialização da frota que resulta em uma viagens duram em torno de onze dias, dos quais, oito
pescaria praticamente monoespecífica. Por exemplo, são efetivamente empregados na pesca.
Figura 1. Área de pesca utilizada pela frota de Itaipava para a captura do dourado (Coryphaena hippurus) nos períodos
de verão entre os anos de 2001 e 2005. As linhas representam as isóbatas de 100 e 200 m
Nas operações de pesca podem ser utilizadas duas Aproximadamente 96% destas capturas acontecem
estratégias quanto ao tempo de imersão dos anzóis em um curto período de cerca de três meses (outubro,
na água e número de lances por dia. A mais utilizada novembro e dezembro), que caracteriza a “safra” da
consiste no lançamento do espinhel duas vezes ao pescaria (Figura 2). A sazonalidade nas capturas de
dia, a primeira em torno das cinco horas da manhã. dourado observada no presente trabalho é similar
O tempo médio de imersão dos anzóis, do final do àquela registrada por KLIPPEL et al. (2005) para os
lançamento até o começo do recolhimento é de 9,4 desembarques realizados na costa central do Brasil.
horas (ou 9 h 25 min). O lançamento é uma tarefa As estimativas do esforço de pesca total mostram
relativamente rápida, no entanto o recolhimento é que 4.223.286 anzóis foram utilizados pela frota de
mais demorado e pode durar cinco horas ou mais, Itaipava em Itajaí entre 2001 e 2005. No ano de 2003,
dependendo do sucesso na captura. O recolhimento cerca de 1.670.988 anzóis foram lançados na água, o
do primeiro lance começa em torno do meio-dia e que corresponde a 39,5% de todo o esforço aplicado
quase que simultaneamente o espinhel é novamente no período analisado (Figura 2).
lançado ao mar. Após mais nove horas de imersão, o
A CPUE sofreu uma queda contínua passando
espinhel é recolhido novamente ao final do dia. Na
de 585 kg, em 2001, para 184 kg a cada mil anzóis
segunda estratégia utilizada, o espinhel é lançado
em 2005, uma redução de 30% em apenas cinco
uma única vez ao dia e nesses casos o período de
temporadas de pesca (Figura 2).
imersão dura em média 13 horas. O tempo de imersão
nos casos em que a estratégia é lançar o espinhel
duas vezes ao dia foi tomado como referência para a
padronização do esforço de pesca por viagem, como
indicado na equação 1 (Tabela 3).
Número Período de
Número de Desvio
de imersão
observações padrão
lances médio
1 20 13h00min 1h54min
2 72 9h25min 2h13min
integração de dados de captura e esforço de pesca do Brasil (estados do Espírito Santo e Bahia) para
direcionado ao dourado nos diferentes estados na um ano padrão (1997-2000). In: COSTA, P.A.S.;
região sudeste e sul. As informações apresentadas MARTINS, A.S.; OLAVO, G. Pesca e potenciais
por este relato de caso retratam a dinâmica de uma de exploração de recursos vivos na região central
pescaria muito concentrada no espaço e no tempo e da Zona Econômica Exclusiva brasileira. Rio de
direcionada a uma importante parcela do estoque Janeiro: Museu Nacional. p. 71-82.
de dourado explorada no sudeste e sul do Brasil. Os
KRAUL, S. 1999 Seasonal abundance of the
autores sugerem a consideração dessas informações
dolphinfish, Coryphaena hippurus, in Hawaii and the
para uma avaliação mais completa desse importante
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