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Roberto Buchaim1
Celso Pissinatti2
Resumo
1 Prof. Dr. Departamento de Estruturas do Centro de Tecnologia e Urbanismo da Universidade Estadual de Londrina,
robbuch@uel.br
2 Formando em Engenharia Civil, Universidade Estadual de Londrina, celsopissinatti@hotmail.com
Roberto Buchaim, Celso Pissinatti
descrita, na qual se indicam os detalhes incluídos no As deformações específicas que aí aparecem são
programa eletrônico. O método da cur vatura apro assim definidas:
ximada refere-se ao ramo descendente da curva de – encurtamento último do concreto: εcu = 3,5‰ se
in
teração entre momento de flexão e força normal
fck ≤ 50 MPa,
no estado limite último, formado pelos domínios 4 90 – fck
e 5, em que possivelmente se incluem a maioria dos εcu = [2,6 + 35 ( ) 4]‰
100
pilares de edifícios, e mesmo pilares de pontes e de
galpões industriais, se considerados em balanço. O 50 MPa < fck , 50 MPa < fck ≤ 90 MPa,
referido ramo descendente é linearizado entre a divisa
dos domínios 3 e 4 e a compressão pura. Da mesma – deformação do aço no início do patamar de escoa
forma a curvatura da seção é linearizada nesse mes mento: εyd = fyd ⁄ Es, com fyd = fyk ⁄ γs, no caso Es = 210
mo intervalo da força normal, entre o valor correspon GPa, fyk = 500 MPa, γs = 1,15. Para fck ≤ 50 MPa a razão
dente ao momento do fim da divisa dos domínios 3 entre cobrimento e altura δ’ = d’ ⁄ h pode chegar até
e 4, pela expressão adimensional seguinte, e o valor 0,20, para 50 MPa < fck ≤ 90 MPa o quociente decresce
nulo da compressão pura:
com fck e diminui a 0,10 para fck = 90 MPa.
n
O momento solicitante total na seção central
do pilar padrão é igual à soma do momento total de
∑ in= 1 M 1d , i
c = αd π + (1 – αd )
2
primeira ordem e do momento de segunda ordem, ∑ni = 1MM
∑
1d , i
1d , i
resultante do efeito da esbeltez do pilar, dado pelo i =1 C
i (7)
produto da força normal pela excentricidade causada
por deformação de flexão de seu eixo, ou seja: NSd π (EI)sec
2
, Nd,cr =
Nd,cr le2
MSd,tot = M1d + M2d
(5)
n – é o número de casos de carga em questão;
n n 63 02
x2 le2 le 2x – momento de flexão máximo de primeira ordem do
∑
Ac ( r ,b) * xc ( r ,b) ) + =* NSd σ eaS+(i )α*b xMS Ad )qi(dSx * )+i( SHσd *+ NSde+a ) )b, r ( cx * )M
(i ) + b,
1d,iA *
r ( c ∑ ) b. r ( c σ ( =
dyR M ∑∑
n =i 1 8 4 n i-ésimo carregamento;
1 =i 1 =
b1 =r μSd,tot
(EI)sec – MSd,totr0 = 103 bh3 (0,85 fcd ) é a rigidez
κ0
Nessa expressão, tem-se: secante da seção;
ci – coeficiente correspondente ao i-ésimo carrega
– excentricidade por falta de retilineidade: mento, dependente da distribuição de curvatura de
l primeira ordem ao longo da barra.
ea = θ1 e ≥ (0,015 + 0,03 h), h em metros, com
2 Na barra biapoiada, sujeita à ação de:
1 1 1
≤ θ1 = ≤ para pilar biarticulado (a) falta de retilineidade, com a excentricidade
300 100 √le 200
1 máxima ea da deformada senoidal ci = π2;
e θ1 = para pilar em balanço;
200 (b) carga uniformemente distribuída qd em toda
– momento de primeira ordem (para as ações cf. Fi- altura equivalente ci = 9,6;
gura 1) (c) força horizontal Hd concentrada na seção
l2 l média do pilar ci = 12;
M1d = NSd ea + αbMAd + qd e + Hd e
8 4 (d) momentos M0d iguais nas extremidades, tra
cionando a mesma face do pilar ci = 8.
– excentricidade de segunda ordem (produzida por mo-
mento fletor) Na barra em balanço, engastada na base e de
1 le 2 l
e2 = c ( ro ) altura lb = e :
2
(e) falta de retilineidade, com a excentricidade
Em termos adimensionais divide-se a expressão máxima ea da deformada senoidal ci = π2;
(5) por 0,85fcd bh2, donde:
(f) carga uniformemente distribuída qd em toda
10 x le x -3 2 altura ci = 16;
μ2d σ= μ*1dA + * x c ) + ν xnSd* * σ∑∑σ * κ*nx0 + )
20 36 nn 63 02
= μSd,tot = μ1d + ∑∑
M Ryd ( c ( r .b ) c ( r ,b ) c ( r ,b ) ) i( S
2
) i( S S (i )
2
S (i ) ) b, r ( cx * ) b, r ( cA * ) b. r ( c σ ∑ ∑( dyR M
=
=r 1 =
b 1 h =i 11 =
i 1 =
b1 =
r
(g) força horizontal Hd concentrada no topo do
pilar ci = 12;
Md
μd = (h) momento M0d aplicado no topo ci = 8.
0,85 fcd bh2
Nessas expressões tem-se: ωdmín = 0,15νd ≥ 0,4% fyd / ( 0,85 fcd ) (9a)
2
l
∑∑
20 36
σ c ( r.b) *AAyc (= (10 ⁄ c) -3
r ,b ) * xc ( r ,b) ))i+
ν2 i(*S σ
x
nne
∑
∑ κ , com κ da expressão
x
∑ ∑ (2).
σ *S (i )2*yxS+(i)) )b, r ( cx *y)b, r ( cA * )b.r ( c σ
63 02
4%
M Ryd (
( Sx * )Sd h
n =i1 1=i n
( =
dyR M
ω = fyd / ( 0,85 fcd ) (9b)
8%
=r 1 =
b 1 1 =
b1 =r dmáx
Ay é o momento de segunda ordem para ν = ν ; Sd c,3/4
νc,3/4,μc,3/4: força normal e momentos de flexão norma- Para a taxa máxima, há as opções de 4% (emen
lizados de seção de concreto, calculados com o bloco das por traspasse) e 8% (sem emendas por traspasse).
retangular de tensões para a profundidade de LN na
divisa dos domínios 3 e 4. (d) O programa não faz distinção entre pilar
esbelto e não esbelto (efeito de segunda ordem local
Como se vê, o momento solicitante total inclui desprezível). Usualmente considera-se efeito de segun
o efeito de segunda ordem local. Entretanto, esse mo da ordem local se o momento solicitante total resul
mento não é necessariamente determinante. De fato, tante das ações e da esbeltez do pilar superar em 10%
se ocorrer MSd,tot < MAd, a armadura deve ser calculada o momento máximo de primeira ordem na seção cen
para esse último, o que só se decide após obter o mo tral do pilar padrão, i.e., se MSd,tot ≥ 1,1 M1d.
mento solicitante total. Além disso, há duas outras con
(e) Em pilar esbelto o programa considera sem
siderações a fazer no dimensionamento, a saber:
pre a excentricidade por falta de retilineidade, com
(1) conforme a NBR 6118:2014, item 11.3.3.4.3, variação senoidal no lance, tomando o maior valor den
o lance deve ser verificado para a ação da força normal tre os dois seguintes:
NSd e do momento mínimo M1d,min = NSd (0,015+0,03h),h
le h
em metros, atuando nas duas extremidades e tracionan ea = máx (θ1 , )
2 30
do a mesma face do pilar (αb = 1), sem nenhuma outra
ação adicional (nem falta de retilineidade, nem cargas (f) O método transforma o lance real do pilar
transversais ou eventuais momentos de extremidade biarticulado (fletido com momentos iguais ou desiguais
obtidos na análise). Novamente, aqui também é neces nas suas extremidades) no pilar padrão (fletido com
sário o cálculo de MSd,tot, por causa da esbeltez do lance; momentos iguais nas extremidades de valores αb MAd,
tracionando ambos a mesma face, e momento máximo
(2) a armadura predominante obtida de um dos no centro do lance), por meio do coeficiente αb = 0,6 +
três dimensionamentos anteriores deve ser comparada 0,4 MBd ⁄ MAd ≥ 0,4, com | MAd | ≥ | MBd |. Ver (a). No
com a mínima exigida pela NBR 6118:2014, cf. pilar em balanço é desnecessário levar em conta αb,
Equação (9a). E se essa armadura prevalecer, calculam- pois para os carregamentos considerados no programa
se adicionalmente os correspondentes momento resis e a correção da curvatura, já se tem o pilar padrão.
tente e a rigidez secante. Em resumo, há quatro verifi
cações a fazer no lance considerado. (g) O programa considera as limitações da geo
metria da seção, cf. NBR6118: 2014, item 13.2.3, (b,h)
≥ 140 mm e (área bh) ≥ 36000 mm2. Se ocorrer b ou
3 Orientações para Uso do Programa h no intervalo (140 mm, 190 mm), majoram-se apenas
no dimensionamento as solicitações pelo coeficiente
(a) Convenção de sinais: todos os dados de en adicional γn. Esse fato é considerado internamente
trada do programa são positivos, exceto o momento de no programa, com o cálculo de γn que majora a força
extremidade MBd que é positivo se tracionar a mesma normal e as ações aplicadas no lance. Logo o usuário
face que MAd, ou negativo, em caso contrário. não precisa fornecer as ações majoradas adicional
mente por γn.
(b) O pilar esbelto deve ter índice de esbeltez,
(h) Na planilha “Seção” dimensiona-se a seção,
λ = 12 (le / h) não superior a 90. A obrigatorieda também e apenas nos domínios 4 e 5, para o momento
de de consideração do ramo descendente da curva de solicitante total, Md, nas mesmas condições anterio-
interação Md ( Nd ) no ELU é dada pela condição NSd ≥ res, equivalente a ter-se esbeltez nula. Caso a seção seja
Nc,3/4 ou νSd ≥ νc,3/4. A condição obrigatória referente ao superabundante em área e/ou resistência, dimensiona-
cobrimento, cf. inequação (3), aço CA-50, δ’ = d’ ⁄ h ≤ se para NSd e o momento mínimo M1d,min = NSd (0,015 +
( εcu – εyd ) ⁄ ( 2εcu ), é usualmente satisfeita para os casos 0,03h), h em metros, respeitando-se ainda a armadura
da prática. Essa restrição está inclusa no programa. mínima.
(c) Taxas de armadura mínima e máxima con (i) O dimensionamento do pilar biarticulado é
sideradas: condicionado pelo máximo momento de flexão solici
tante, seja MAd (momento de máximo módulo entre os balanço. Mas nesse caso não se incluem a excentrici
momentos atuantes nas extremidades), seja o momento dade por falta de retilineidade e qualquer outra ação.
MSd,tot da seção central do pilar padrão, pois ao maior Às três verificações de (i) e (j), junta-se finalmente a
deles corresponderá a maior armadura, para a mesma da armadura mínima. Se essa armadura prevalecer, o
força normal, donde para fazer a escolha entre MSd,tot programa calcula também o momento resistente e a
e MAd é preciso calcular antes MSd,tot. rigidez secante correspondentes.
Índice de esbeltez:
10-3
κy = × 0,69 × 56,25 × 5,175 = 0,0201, os coefi-
le 3 10
λ= 12 = 12 = 26 ≤ 90 cientes de (8) são dados por:
h 0,4
Força normal no ramo descendente do diagrama de μc,3/4 – Ay – μd1 + (1 – νVd ) (0,5 – δ’)
interação: bκ =
(0,5 – δ’)
4022,1
νd = = 0,69 ≥ νc,3/4 = 0,452 0,124 – 0,0201 – 0,076 + 0,31 × 0,4
24,286 × 600 × 0,4 = = 0,3798
0,4
Condição de escoamento da armadura comprimida tam
bém nos domínios 4 e 5: [ μc,3/4 – Ay ] (1 – νd ) – (1 – νc,3/4 ) μd1
cκ =
d’ (0,5 – δ’)
CA – 50, = 0,10 ≤ 0,20, fck = 40 ≤ 50 MPa
h
0,124 – 0,0201 × 0,31 – (1 – 0,452) × 0,076
(b) Pilar padrão = = 0,0236
0,4
0
αb = 0,6 + 0,4 = 0,6, αb MAd = 0,6 × 204,9 =
204,9 A taxa mecânica da armadura resulta igual a:
= 122,9 kNm
− bκ + bκ 2 − 4cκ =
− 0, 405 + 0, 4052 + 4 x 0,0099
1 1 1 ωd,tot =
θ1 = = → θ1 = rad 2
100 3 173,2 200
20 36
x 1,5
n
0,4
n x
) + 2 * ∑ σS)(ii()S*x;*xS)(ii()Sσ ∑ *=
63 02
− 0,3798 0,37982 + 4 x 0, 0236
M Ryd ∑∑σ c(r.b) * Ac(r ,be) *axc=
( ( r ,b ) máx
n 0,0075
2
+ ) )b, r ( cx * )b, rm,
( cA * )N e∑=( =
b. r ( c σ ∑ 53,6
dyR M kNm
n
= = 0,0544
=r 1 =
b 1 200
=i 1
30
i
1 = 1 =
b1 =
r Sd a
2
Momento de primeira ordem na seção central: Momento resistente igual ao momento solicitante
total:
M1d = 122,9 + 53,6 = 176,5 kNm
20 36 n – νn x
x 1 + ω
μ1d =
176,5 =
24,286 × 600 × 0,42
= 0,076 M Ryd ( ∑∑ σ c ( r.μb)d *=A[μ r ,b ) +* ω
c (c,3⁄4 ( r ,b(0,5
xcd,tot 2
) ) + – δ’)]* ) i( Sσ
x *S ()d,tot
n 1 + ω – ν n
Sσ
ii)( *
=i
∑ ∑
xS (di ) * 2 + ) )b, r ( cx
=r 1=
b 1 1 d,tot 1 =
c,3/4
i
= 29812 × 109 Nmm2 = 29812 kNm2 (@ 29783 kNm2 plo de dimensionamento. In ABNT NBR 6118: 2014.
na Figura 4). Comentários e Exemplos de Aplicação. Ibracon, 2015.
ISBN 978-85-98576-24-4.
A Figura 4 mostra a solução pelo programa Cur BUCHAIM, R., Concreto Estrutural: Fundamentos e
vatura-V.1.1. Projeto. Flexão Simples e Composta Normal, Pilares
Esbeltos, C20 a C90. Editora da Universidade Estadual
de Londrina, EDUEL, 2016. ISBN 978-85-7216-846-
5 Referências 5, e ISBN 978-85-7216-847-2 (EBOOK) Londrina, Pr.
Comité Euro-International du Béton. CEB-FIP. MODEL
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). CODE 2010. Final draft. Volumes 1 and 2. Bulletins
Projeto de estruturas de concreto – Procedimento: 65 and 66. March, 2012.
NBR 6118: 2014. Rio de Janeiro, RJ, 2014. KIMURA, A. E., dos Santos, L. A., França, R. L. S.
BUCHAIM, R., Gonçalves, D. N. Método da curvatura Pilares. Exemplos de aplicação dos conceitos da seção
aproximada em pilares esbeltos de concreto armado. 15. Em Prática Recomendada IBRACON. Comentá
ABECE Informa 101 – Jan/Fev, 2013. rios Técnicos e Exemplos de Aplicação da NB-1. NBR
BUCHAIM, R. Pilar esbelto de alta resistência: Exem 6118: 2003.