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Poder Judiciário do Estado de Sergipe

Campo do Brito

Nº Processo 201763001893 - Número Único: 0001768-65.2017.8.25.0010


Autor: ILA ALVES SOBRINHO
Réu: ESTADO DE SERGIPE

Movimento: Decisão >> Concessão >> Antecipação de tutela

ESTADO DE SERGIPE

JUÍZO DE DIREITO DA COMARCA DE CAMPO DO BRITO/SE

Processo n.º : 201763001893

Natureza : OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C TUTELA ANTECIPADA

Requerente : ILA ALVES SOBRINHO

Requerido : ESTADO DE SERGIPE

DECISÃO

Cuida-se de AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C TUTELA ANTECIPADA,

promovida por ILA ALVES SOBRINHOem facedo ESTADO DE SERGIPE/SE, objetivando, em

apertada síntese, compelir o requerido a promover o fornecimento dosmedicamentosdenominados


MESINA PIO 25/30mg, XIGDUO 10/1000mg e tiras reagentes Johnson & Johnson one touch ultraà

requerente, ao argumento de que esta não tem condições de arcar com as despesas de sua obtenção e há

premente dependência do mesmo para resguardar sua saúde.

Alega a parte autora necessitar urgente dos medicamentos, uma vez que é
portadora de Diabetes Mellitus tipo 2 (CID E10), com agravado estado de saúde já que não
está respondendo ao tratamento com medicamentos convencionais e, considerando a
impossibilidade de custear a aquisição dos novos remédios, socorre-se do Poder Judiciário a
fim de que seja o requerido compelido ao fornecimento dos medicamentos prescritos pelo
médico.

Por fim, pede a concessão de tutela antecipatória inaudita altera pars, sob
pena de aplicação de multa diária em caso de descumprimento.

Com a exordial vieram os documentos de fls. 29/44.

Autos conclusos.

É um breve relato.

Decido.

Ab initio, da leitura detida sobre o presente enleio, conclui-se tratar da


promoção de requerimento judicial com o intuito de resguardar um direito assegurado
constitucionalmente, pondo-se em risco o maior bem de qualquer indivíduo, qual seja, “A
VIDA”.

A teor do que dispõe o art. 196 da Constituição Federal, como bem ressaltou
o Ministério Público, verbis:

Art. 196.A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a
sua promoção e recuperação.

Nesse passo, consoante fincado também no art. 197 da Carta Magna, litteris:

Art. 197.Édever e responsabilidade do Estado o fornecimento de medicação,


exames e tratamentos clínicos e cirúrgicos a pacientes com doenças graves e
sem condições econômicas para aquisição com recursos próprios.

Como se pode observar, previu o constituinte originário a responsabilidade


do Estado no dever de instituir políticas públicas que sejam suficientes e eficazes para a
promoção, proteção e recuperação da saúde das pessoas, de modo a fornecer medicamentos,
exames e tratamento clínicos e cirúrgicos a pacientes que deles necessitem e não possuam
condições suficientes para aquisição.
Pois bem. De posse destas linhas introdutórias, passo a análise detida
acerca dos requisitos autorizadores do pleito antecipatório requestado. Reza o art. 300 do
nosso diploma de ritos, que:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução
real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer,
podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder
oferecê-la.

§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.

§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo
de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

Manuseando o procedimento em epígrafe, constato, de plano, a incidência


dos requisitos ensejadores à concessão da tutela vindicada.

Ou seja, a probabilidade do direito encontra-se devidamente demonstrada


pelo arcabouço probatório jungido aos autos, bem como por se conceber que é dever do Ente
Público, de qualquer esfera, assegurar a proteção, com eficiência, à vida e à saúde de todos,
sendo esta a realidade do caso em testilha.

Com efeito, a prova documental trazida pela requerente é assaz suficiente


para realçar a perspectiva de um bom direito, pois o diagnóstico constante do relatório médico
de fl. 38, no mínimo, nos dá a dimensão da gravidade da situação, principalmente se formos
aguardar uma sentença definitiva. É este, portanto, o “periculum in mora”, concebido também
como requisito indispensável à outorga da medida pleiteada.

Frise-se que, não se pode negar que a demora na prestação jurisdicional,


pode ensejar imensos prejuízos à doente, o que por certo já vem ocorrendo, vez que privada de
um tratamento adequado, correndo, inclusive, “risco de vida”.

No entanto, convém apenas ressaltar, por derradeiro, que o pedido de


fornecimento de medicamento à menor traduz-se em um direito a prestação estatal stricto
sensu, i.e., é um direito social fundamental, que, por sua vez, encontra-se diante de uma
dicotomia principiológica, qual seja, de um lado se justificaria em face da Dignidade humana, da
Proteção ao menor, do Direito à saúde, da Assistência social e da Solidariedade, mas, do outro
lado, encontra barreira diante do princípio Democrático e da Separação dos Poderes. No
entanto, adotando o modelo sintético de ponderação de princípios (Alexy), o extremo benefício
que a determinação judicial para fornecimento do medicamento proporciona à menor permite
concluir que os princípios constitucionais da Solidariedade, Dignidade humana, Proteção à
saúde da criança prevalecem sobre os princípios democráticos da Separação dos poderes que
estão sendo, averbe-se, minimamente atingidos no caso concreto.

Assim, a meu sentir, cabe ao Poder Judiciário determinar o cumprimento das


prestações contidas nas políticas públicas que garantam acesso universal e igualitário aos
serviços criados para atender ao dever do Estado e, também, realizar o exame da suficiência
da política pública para assegurar o conteúdo mínimo de proteção que o princípio constante no
direito fundamental de acesso à saúde exige.

Isto posto, com respaldo no art. 300 do Código de Processo Civil e nas
razões acima invocadas, DEFIRO o pedido e DETERMINO queseja compelido o requerido a
adotar as providências cabíveis a fim de garantir o fornecimento dos medicamentos
MESINA PIO 25/30mg, XIGDUO 10/1000mg e tiras reagentes Johnson & Johnson one
touch ultra, na forma e quantidade como prescrita pelo profissional médico que
acompanha o tratamento (fl. 38), sob pena de não o fazendo incidirem em multa diária no
importe de R$ 1.000,00 (mil reais) limitada a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), a ser revertida em
favor da requerente.

Cumpridas as providências acima determinadas, cite-se o réu, para que, se


assim o quiser, no prazo legal, apresente defesa.

Intimações necessárias, inclusive à Secretaria Estadual de Saúde.

Cumpra-se

Em, 21 de novembro de 2017.

DANIELA DE ALMEDA BAYMA VALDÍVIA

Juíza de Direito

Di

Documento assinado eletronicamente por DANIELA DE ALMEIDA BAYMA


VALDIVIA, Juiz(a) de Campo do Brito, em 21/11/2017, às 14:02, conforme art. 1º, III,
"b", da Lei 11.419/2006.

A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico


www.tjse.jus.br/portal/servicos/judiciais/autenticacao-de-documentos, mediante
preenchimento do número de consulta pública 2017001973375-59.

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