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Intervenção na Crise

Ano Lectivo 2017-2018

1º Semestre

Docente: Prof. Doutor José Ornelas

Discente: Pedro Maria Ferreira Silva

Gomes

Nº 26019
I
Caplan (1964) inicialmente definiu a crise como algo que ocorre quando os indivíduos

são confrontados com problemas que não podem ser resolvidos. Estes problemas

resultam num aumento de tensão, sinais de ansiedade, instabilidade emocional e

incapacidade de funcionamento por longos períodos de tempo. Algumas características

de crise são a perceção de um evento que precipita a crise ser percebido como

ameaçador, a existência de uma aparente incapacidade de modificar ou reduzir o

impacto de eventos stressantes, aumento de medo, tensão ou confusão, alto nível de

conforto subjetivo e um estado de desequilíbrio, seguido por uma rápida transição para

um estado ativo de crise.

Caplan (1989) descreve a crise em quatro estados. O primeiro estado é um aumento

inicial de tensão, que ocorre em resposta a um evento. Segue-se o aumento da tensão

que interrompe a vida diária. De seguida essa tensão não resolvida pode tornar-se numa

depressão. Finalmente, a incapacidade para resolver a crise pode resultar numa quebra

psicológica.

Uma pessoa que esteja a experienciar uma situação de crise, sofre geralmente de vários

problemas, entre eles, a incapacidade de manter a atenção, dificuldades na seleção e

recolha de informação, em relembrar experiencias passadas e em planear, implementar e

avaliar situações. Pode também dar-se uma deterioração da clareza do sentido de

eficácia pessoal.

A capacidade de resolução de problemas desta pessoa será influenciada pela sua

expectativa de sucesso em objetivos pessoais tal como a sua capacidade de seguir em

frente é fortalecida pela identificação e interiorização de valores e experiencias de

sucesso passadas. O acesso a recursos de suporte são de grande importância, pois


quanto mais suporte o individuo tem, maior será a sua capacidade de lidar com o stress.

Esse suporte pode ser dado por outras pessoas, redes de suporte, grupos ou até

instituições.

Caplan (1989) dá bastante enfase nas técnicas de sistemas de suporte, tendo estas um

papel fundamental na intervenção na crise. Para tal, Caplan utiliza as seguintes técnicas:

relembrar como era a situação antes do evento de crise; ajudar a manter um espirito de

esperança, tal como manter a pessoa focalizada no esforço e perseverança, mesmo tendo

em conta a frustração ou desconforto. É também importante um papel ativo de caracter

pratico, de forma a agir com a pessoa, facilitar a ação efetiva e o envolvimento em

tarefas concretas e relevantes para a alteração da situação atual. Será também necessário

monitorizar a capacidade da pessoa para confrontar a dificuldade, mas também os seus

níveis de fadiga, orientando a pessoa para o descanso de forma a recuperar forças para

lidar com a situação de crise, ajudando também a construir as defesas necessárias para

lidar com a situação. Finalmente, estes recursos de suporte podem funcionar como uma

força adicional para a pessoa e proporcionar-lhe contributos diretos a nível de

conhecimentos, competências e informações sobre recursos adicionais de suporte.

Roberts (1990), por outro lado, desenvolveu um modelo de intervenção na crise em sete

estágios. O primeiro é planear e realizar uma avaliação biopsicossocial e da própria

crise, incluindo também uma avaliação aos riscos de tendências suicidas e homicidas,

consumo de álcool e estratégias de como lidar com acontecimentos negativos. Para tal é

avaliada a resiliência e proteção da pessoa, bem como fatores como a família e outras

redes de suporte uteis. A segunda etapa prende-se com o contacto psicológico e a

criação de uma relação. Para tal deve ser transmitido o respeito e aceitação, mostrando

uma atitude neutra e sem julgamentos, fazendo assim com que o individuo estabeleça
uma relação solida com o terapeuta. O terceiro passo é examinar as dimensões do

problema ou crise, identificando quaisquer problemas que o individuo possa ter

enfrentado, especialmente aqueles que levaram à crise. Em seguida, na quarta etapa,

deve incentivar-se a exploração de sentimentos e emoções. Isto pode ser alcançado

escutando ativamente o individuo e respondendo com declarações encorajadoras, ou que

o levem a refletir sobre o problema. Na quinta etapa devem explorar-se estratégias e

alternativas positivas de lidar com o problema, já utilizadas no passado, vendo o

individuo como uma pessoa resiliente e com recursos. Na sexta etapa é implementado

um plano de ação, identificando outros indivíduos que possam servir de apoio e

contactar fontes de referencia. Aqui o individuo deve ser capas de implementar

estratégias para lidar com o problema (coping). Finalmente, na sétima e ultima etapa,

deve-se estabelecer um plano de acompanhamento, de forma a acompanhar o individuo

após a intervenção inicial e garantir a resolução da crise.


II
A 14 de dezembro de 2012, em Newtown, Connecticut, por volta das 9:35h da manhã,

Adam Lanza entrou na Escola Primária Sandy Hook armado com uma espingarda

semiautomática, dando inicio ao maior tiroteio em massa alguma vez registado numa

escola nos Estados Unidos. Desse tiroteio resultaram 27 mortos, sendo que 20 foram

crianças (todas elas entre os 6 e os 7 anos) 6 foram professores e auxiliares escolares, e

o ultimo foi o próprio Lanza.

As autoridades chegaram ao local aproximadamente às 9:39h, cerca de 4 minutos após a

primeira chamada para o 911 (numero de emergência). A policia de Newtown

mobilizou cães policia, equipas táticas, um esquadrão anti bombas e um helicóptero.

Após a sua chegada, a policia fechou a escola e começou a evacuar os sobreviventes,

uma sala de cada vez, acompanhando alunos e professores para longe da escola. A

escola foi revistada mais de quatro vezes, em busca de outros possíveis atiradores. Não

foi disparado um único tiro pela policia, visto que conseguiram localizar o atirador, já

após este se ter suicidado.

Por volta das 10h da manhã o Danbury Hospital enviou mais equipas médicas para o

local, com a expectativa de serem necessários para tratar um grande numero de vitimas.

Apenas três vitimas, duas crianças e um adulto, foram evacuadas para o hospital,

acabando todas elas por falecer.

O Departamento de Examinação Médica de Nova York mobilizou uma morgue portátil

para ajudar as autoridades. Os corpos das vitimas foram removidos e identificados na

noite após o incidente. Foi também atribuído um agente estatal a cada uma das famílias

das vitimas, de forma a proteger a sua a sua privacidade e prestar quaisquer informações

necessárias.
Em 2013 a escola foi indefinitivamente fechada, tendo os alunos sido transferidos para

uma escola provisoria. A escola foi posteriormente demolida, dando lugar a uma nova e

mais segura escola. Esta nova escola serve como representação de um renascimento da

comunidade de Newtown após o terrível incidente que teve lugar na antiga escola Sandy

Hook. Foi feita uma votação pelo quadro de direção escolar de Newtown, para que

todas as suas escolas passassem a ter segurança policial, de forma a evitar futuros

ataques como o de Sandy Hook. Foi também feito um inquérito referente aos 11

milhões de dólares angariados através de doações, desde o incidente. A maioria das

respostas defende que o dinheiro deve ser utilizado em cuidados de saúde mental e

aconselhamento para os sobreviventes e famílias das vitimas.

Em dezembro de 2014 alguns familiares das vitimas iniciaram uma ação judicial contra

a empresa fabricante das armas utilizadas no massacre. Em outubro de 2016 o juiz

decidiu que a queixa não era válida por leis federais, nem pelas leis do estado do

Connecticut.

Para alem da ação judicial contra o fabricante das armas, foram também organizados

protestos em Washington, levando até alguns dos familiares das vitimas a ir falar ao

parlamento com o intuito de renovar o debate relativo ao controlo de armas. Incluíam

propostas para tornar universal o sistema de controlo de antecedentes para compradores

de armas e para que a nova legislação proibisse o fabrico e venda de determinadas

armas, nomeadamente armas semiautomáticas. É de notar o discurso emocionado do pai

de uma das vitimas, principalmente na frase “A liberdade de uma pessoa possuir uma

arma de assalto militar em casa (…) é secundária ao direito à vida do meu filho.” O

senado acabou por votar contra as mudanças na legislação. Apesar da derrota, os

familiares das vitimas admitem continuar a lutar pela mudança da lei.


O apoio dentro da comunidade foi essencial à recuperação dos familiares das vitimas.

Pode dizer-se que os protagonistas da intervenção (na crise) foi a própria comunidade

de Newtown, desde familiares das vitimas, a professores, médicos, bombeiros, etc,

todos os que estiveram envolvidos no incidente e na recuperação após o mesmo. Um

dos grandes motivos pelo qual a própria comunidade foi a melhor ajuda na sua

recuperação, prende-se com a existência de uma enorme empatia entre todos os seus

membros, sendo que todos, de uma maneira ou de outra, passaram pela mesma

experiencia traumática, a mesma crise, facilitando assim a compreensão e focando-se no

recovery e não no problema.

Durante o documentário podemos ver exemplos deste apoio nas reuniões de

professores, nas quais falam da sua experiencia naquele dia e na forma como estão a

lidar com as suas emoções após o que aconteceu. Vemos também vários exemplos de

familiares de vitimas a falar com familiares de outras vitimas, ou até de sobreviventes,

partilhando a sua experiencia, podendo assim ajudar-se mutuamente a ultrapassar o

período de crise. Foram organizados eventos de apoio e homenagem aos familiares e às

vitimas do incidente.

Á luz desde e outros acontecimentos, foi recentemente criado pelo Departamento de

Segurança Interna e pelo exercito dos Estados Unidos da América, com a ajuda de

entrevistas e depoimentos feitos a sobreviventes de Sandy Hook, um programa de

computador com o objetivo de ajudar os professores a reagir numa situação semelhante.

O projeto conhecido como Enhanced Dynamic Geo-Social Environment (EDGE) é um

simulador que coloca a pessoa num cenário parecido àquele vivido em Sandy Hook, e

propõe-se a treinar os professores a reagir em tal situação. Cada professor tem várias

opções sobre como manter os alunos seguros, tendo no programa incluídos alunos
responsivos e não responsivos, o que obriga à resolução de vários tipos de problemas.

Os criadores esperam com este programa ajudar a treinar os professores, de forma a

salvar um maior numero de vidas, caso uma tragédia como a de Sandy Hook volte a

acontecer.
Referências bibliográficas

Snyder, K. A. (Director). (2016). Newtown [Motion picture]. USA: Netflix.

Caplan, G. (1989). Recent developments in crisis intervention and the promotion of

support service. The Journal of Primary Prevention, 10(1), 3-25.

Roberts, A. R., & Ottens, A. J. (2005). The Seven-Stage Crisis Intervention Model: A

Road Map to Goal Attainment, Problem Solving, and Crisis Resolution. Brief

Treatment and Crisis Intervention, 5(4), 329-339.

The Associated Press. (2017, December 27). School Virtual Shooter Training Program

Aimed at Survival. The New York Times.

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