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PONTOS IMPORTANTES
Peculato
Peculato culposo
Material exclusivo. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo.
Vedada a distribuição, ainda que gratuita.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de
metade a pena imposta.
COMENTÁRIOS
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5. Objeto jurídico: tutela-se a Administração Pública, a moralidade
administrativa.
6. Tipo objetivo: a conduta típica, punida com pena de reclusão, de dois a doze
anos, e multa consiste em apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em
razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. São duas as
hipóteses de peculato previstas no caput do dispositivo. Na primeira, espécie
de apropriação indébita, o agente comporta-se como se dono fosse da coisa.
Apropria-se do objeto material, em razão do cargo, como se lhe pertencesse. É
o caso do carcereiro que se apropria do relógio do preso sob sua guarda ou do
chefe de posto de saúde que se apropria de remédios para uso em consultório
particular. Tal conduta é chamada de peculato-apropriação. A outra hipótese é
o desvio. O agente altera o destino do bem de que tem a posse. Dá ao
dinheiro, valor ou qualquer bem móvel, outro caminho do que aquele que lhe foi
determinado, em proveito próprio ou alheio. É emprestar, o funcionário, o
dinheiro apreendido que está sob sua guarda ou desviar latas de leite em pó da
escola pública para a casa de um amigo em seu proveito, ou ainda de Diretor
de Escola Estadual que desvia, em seu proveito, videocassete adquirido com
numerário público, para uso do estabelecimento. Já se reconheceu o crime na
conduta do funcionário público que recebeu passagens aéreas e diárias pagas
com verba pública, para viagens em finais de semana, para cuidar de interesse
particular. Denominado pela doutrina de peculato-desvio.
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sabe onde se encontra o objeto material, ou, mesmo desconhecendo, se
aproveita das facilidades decorrentes do cargo para cometer o delito ou
concorrer para que outro o cometa. O particular que praticou a subtração
responde por peculato e não por furto. A qualidade de funcionário público é
elementar do crime e, portanto, se estende ao particular, conforme regra
constante no art. 30 do CP. Ademais, o peculato (art. 312) é norma especial em
relação ao furto (art. 155 da lei penal). É irrelevante à configuração do delito em
estudo a intenção do funcionário em restituir aquilo que apropriou. O que
importa no crime de peculato não é tanto a lesão patrimonial, mas
principalmente a ofensa aos interesses da Administração Pública de que os
funcionários são guardiões, deles se exigindo lealdade sem fraquezas e
fidelidade sem vacilações. Assim tem decidido reiteradamente nossos tribunais.
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8. Consumação: crime material que exige o resultado para a sua consumação.
Esta ocorre no momento em que o agente efetivamente se apropria (converte a
coisa em sua), desvia (dá um fim diverso na coisa) ou subtrai (quando a coisa
sai da esfera de proteção do funcionário) o objeto material. Consuma-se o
crime de peculato, no caso de desvio, no instante em que o funcionário público
da às coisas destino diverso, empregando-as em fins outros que não o próprio
ou regular.
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acertadamente, leciona que o § 2º deve ser interpretado em conjunto com o
caput e § 1º referentes apenas a espécies de peculato. Pela nossa lei penal
não há participação culposa em crime doloso. Exige-se no concurso de
pessoas (art. 29 da lei penal), a homogeneidade de condutas, a unidade de
desígnios, vale dizer, o agente deve ter ciência de que está colaborando para a
realização de um crime. Assim se a empregada doméstica, por descuido,
deixar a porta da residência aberta, propiciando a entrada de ladrões, não
responde pelo delito. Todavia quando o agente é funcionário público abre-se
uma exceção. Pune-se aquele que tem o dever legal de evitar que isso
aconteça contra a Administração Pública, e não o faz por desídia, por desleixo,
contribuindo, assim, para o crime de outrem. Se o escrivão de polícia deixa o
cofre aberto e, na sua ausência, o investigador subtrai armas ou drogas,
responde este por peculato doloso e aquele pelo delito culposo. Tinha o dever
de impedir o resultado. Sua negligência deu causa a um crime doloso. Nesse
caso a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a
punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. A reparação
não isenta o funcionário de eventual responsabilidade administrativa.
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em improbidade administrativa. A Lei nº 8.429/1992 tipifica o abuso funcional
ensejando a punição do agente público. Dispõe seu art. 9º:
(...)
(...)
COMENTÁRIOS
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3. Sujeito passivo: o Estado e a pessoa prejudicada pelo crime.
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erro e o fato será considerado atípico. A doutrina majoritária, porém, adota
posição contrária. Regis Prado entende ser possível a tentativa na conduta do
funcionário que, ao receber determinada quantia por erro de outrem, não
consegue apropriar-se do valor, em face da oportuna intervenção do seu
superior hierárquico.
COMENTÁRIOS
4. Objeto material: a ação criminosa visa dados falsos ou corretos dos sistemas
informatizados ou bancos de dados da Administração Pública.
6. Tipo objetivo: quatro são os verbos que compõem o tipo penal. Os dois
primeiros, inserir (introduzir) ou facilitar (permitir), referem-se à inserção de
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dados falsos, ou seja, informações de interesse da Administração Pública
armazenadas ou arquivadas de forma mentirosa. Nas outras hipóteses, alterar
(modificar) ou excluir (eliminar), os dados são verdadeiros, mas indevidamente
mudados ou removidos dos sistemas informatizados ou bancos de dados da
Administração Pública. Tem se entendido como banco de dados o lugar onde
uma organização armazena conteúdo, tais como dados, documentos, fotos ou
qualquer coisa que possa ser representada em um computador. O banco de
dados não apenas armazena todo este conteúdo, como também torna possível
recuperá-lo instantaneamente. Sistemas informatizados para Nucci é o
conjunto de elementos materiais ou não, coordenados entre si, que funcionam
como uma estrutura organizada, tendo a finalidade de armazenar e transmitir
dados, por meio de computadores.
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Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionário, sistema de informações ou
programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade
competente:
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automatizado (computadorizado) que abrange pessoas, máquinas, e/ou
métodos organizados para coletar, processar, transmitir e disseminar dados
que representam informação qualquer que seja seu uso. Programa de
informática é o software destinado a dar ao computador uma finalidade
qualquer, ou seja, é a utilização de métodos e técnicas no tratamento
automático da informação. A falta de autorização da autoridade competente
constitui o elemento normativo do tipo. Presente esta desaparece o ilícito.
COMENTÁRIOS
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1. Classificação doutrinária: crime próprio, formal, misto alternativo, subsidiário,
de ação múltipla ou de conteúdo variado, de forma livre, de dano, instantâneo,
unissubjetivo, comissivo ou omissivo (sonegar), unissubsistente (sonegar) ou
plurissubsistente (extraviar e inutilizar) e não admite tentativa na forma
unissubsistente.
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extraviado, sonegado ou inutilizado pelo funcionário público total ou
parcialmente. Crime formal que prescinde de dano à Administração Pública.
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públicas são dinheiros percebidos pela Fazenda Pública. A doutrina costuma
chamar o delito em estudo de crime de desvio de verbas. O tipo penal,
segundo pacífica jurisprudência, visa impedir o arbítrio administrativo no
tocante à discriminação das verbas, rendas e respectivas aplicações, sem a
qual haveria a anarquia nas finanças públicas, não cogitando do prejuízo
resultante do seu emprego irregular. Cometem, pois, o delito, o presidente da
República, os governadores de Estado, os prefeitos, os ministros, secretários
de Estado e os administradores públicos em geral. Hungria dá o exemplo do
prefeito que lança mão da verba destinada à construção de uma ponte rural,
para aplicá-la na construção de um jardim na praça onde tem sua residência.
Concussão
Art. 316. Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que
fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem
indevida:
COMENTÁRIOS
6. Tipo objetivo: a conduta típica, punida com pena de reclusão, de dois a oito
anos, e multa consiste em exigir (ordenar, determinar), para si ou para outrem,
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direta (pelo próprio agente) ou indiretamente (por intermédio de outra pessoa),
ainda que fora da função (férias, licença médica etc.) ou antes de assumi-la
(aguardando a posse), mas em razão dela, vantagem indevida.
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Pelas mesmas ações são incompossíveis os crimes de corrupção ativa
praticados por particular e de concussão cometido pela autoridade pública.
(STF – RHC – rel. Moreira Alves – RT 529/398 e RTJ 93/1.093)
9. Tentativa: entendemos que o tipo penal não comporta tentativa, a não ser
por razões de política criminal. Não há como fracionar a conduta delitiva. Ou o
agente exige a vantagem indevida e o crime se consuma ou não o faz e o fato
é atípico. A doutrina segue esse entendimento. Alguns doutrinadores, porém,
admitem a tentativa quando realizada a conduta por intermédio de uma carta e
esta é extraviada ou interceptada antes que chegue ao conhecimento da
vítima. Ora, se a carta extraviou não há qualquer relevância jurídica, trata-se de
um indiferente penal. Se for interceptada e não chegar ao conhecimento do
ofendido, a tentativa é inidônea, vale dizer, o meio foi ineficaz para produzir o
resultado almejado pelo agente. O crime é impossível (art. 17 do CP).
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obtenção ou não da vantagem aspecto de somenos importância, que não tem o
condão de descriminar a conduta. (TJMG – AC – rel. Pinheiro Lago – RT
728/623)
10. Excesso de exação: a pena será de reclusão, de três a oito anos, e multa,
se o funcionário exige tributo ou contribuição social (impostos, taxas e
contribuições de melhoria) que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando
devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza
(§ 1º). Crime próprio que admite a participação ou coautoria de particular. Aqui,
diferentemente do caput, o funcionário público não busca proveito próprio ou de
terceiro, mas sim, excede-se na cobrança de tributos. Na primeira parte do
artigo a conduta típica é a de exigir uma contribuição indébita, de coagir o
contribuinte, ou porque o tributo não é determinado por lei, ou porque é
cobrado em excesso, ou ainda por ele nada dever. A expressão sabe ou
deveria saber é indicativa de dolo, direto ou eventual. Já na segunda parte do
dispositivo, os tributos ou contribuições são devidos, mas o agente emprega na
cobrança meios que ferem a dignidade do contribuinte. Não há modalidade
culposa. A consumação ocorre na primeira figura com a efetiva exigência à
vítima, independentemente do recebimento. Na segunda modalidade com o
emprego do meio vexatório ou gravoso. Entendemos não ser possível a
tentativa. Dispõe o § 2º que se o funcionário desvia, em proveito próprio ou de
outrem, o que recebeu indevidamente para recolher aos cofres públicos, a
pena será de dois a 12 anos de reclusão e multa. Como se vê, a qualificadora
incide apenas no excesso de exação e não na concussão. Exige o dolo
específico (proveito próprio ou de outrem), consumando-se no momento do
desvio do tributo. Para nós, se desvia tem a posse do tributo indevido, logo não
há tentativa. Ensina Delmanto que o desvio precisa ser antes do recolhimento
ao tesouro público, senão poderá caracterizar peculato (art. 312 do CP).
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VI – Recurso improvido. Decisão unânime. (TJPA – Ap nº 200730078729/PA
(2007300-78729) – rel. João José da Silva Maroja – j. 16-12-2008 – DJ 19-12-
2008)
Corrupção passiva
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Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em
razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
COMENTÁRIOS
São três as condutas típicas previstas no tipo penal. Solicitar significa pedir,
para si ou para outrem, direta ou indiretamente uma vantagem indevida.
Receber é aceitar uma vantagem qualquer. Aceitar promessa de tal vantagem
é concordar, anuir em receber a oferta futuramente.
As ações criminosas devem ocorrer em razão da função, ainda que fora dela
ou antes de assumi-la. Como se vê, a lei empregou o termo função, um
conceito mais amplo e não cargo, em que o agente é titular de cargo público,
conceito mais restrito. Assim, quem praticar a conduta exercendo uma função
pública transitória como o jurado, o depositário, o tradutor, o perito, o contador,
entre outros, incorre no delito. Facilitação de fuga de preso pelo carcereiro
mediante recebimento de vantagem indevida; venda de carteira de motorista
por funcionário público; solicitação de quantia em dinheiro feita por fiscais da
Fazenda para regularizar escrita de contribuinte; omissão de investigador na
prática de atos de ofício relativos à repressão de jogos proibidos, são alguns
exemplos que configuram o delito em estudo.
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indevida é a não autorizada em lei, podendo ser patrimonial, moral, econômica
ou sexual. Se quisesse que a vantagem indevida fosse apenas de natureza
econômica, o legislador teria feito expressamente.
Ato de ofício é aquele que por lei se obriga o funcionário a realizá-lo. Ex.:
delegado que ao receber a vantagem, deixa de instaurar inquérito policial
contra o acusado. Infringir dever funcional é violar dever da função, é abusar do
cargo que ocupa à luz das normas legais. Ex.: policial prende ou solta o
suspeito de praticar um crime sem as formalidades legais. O corrupto que
pratica o ato com infração do dever funcional, constitua ou não esse ato, por si
só, outro delito ou não, terá sua pena agravada de um terço, operando o fato
como qualificador do crime de corrupção passiva. Alguns julgados, entretanto,
a nosso sentir constituindo-se num autêntico bis in idem, afirmam haver
concurso formal ou material entre a corrupção passiva qualificada e o crime
resultante, se o ato praticado pelo funcionário constitui por si só um crime (ex.:
arts. 305, 308, 320 etc.).
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12. Princípio da especialidade (Lex specialis derrogat generali): dispõe o art. 3°,
II, da Lei nº 8.137/1990 que constitui crime funcional contra a ordem tributária:
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6. Tipo objetivo: a conduta típica punida com pena de reclusão de três a oito
anos, e multa, consiste em facilitar, com infração de dever funcional, a prática
de contrabando ou descaminho. Facilitar significa tornar mais fácil, agir com
imprevidência, violando o dever de reprimir o contrabando ou descaminho. O
agente exerce funções específicas de prevenção e repressão do contrabando
ou descaminho, como os fiscais da receita federal ou aduaneiros. A conduta
pode ser comissiva ou omissiva. Contrabando é a importação ou exportação de
mercadorias cuja entrada no País, ou saída dele, é proibida.
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dispensa a prova da prática, consumada ou tentada, dos ilícitos a que está
vinculado (contrabando ou descaminho).
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Prevaricação
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2. Sujeito ativo: o crime só pode ser cometido por funcionário público, nada
impede, porém, a participação de particular (extraneus).
6. Tipo objetivo: são três as condutas delitivas descritas no tipo penal. Retardar
é protrair, postergar, protelar, indevidamente, ato de ofício. Deixar de praticar é
se omitir, é não realizar, indevidamente, ato de ofício. Praticá-lo contra
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disposição expressa de lei é executá-lo, contrariamente, às normas legais.
Indevidamente é o elemento normativo do tipo e deve ser entendido como
ilegalmente ou injustificadamente. Ato de ofício é aquele que diz respeito às
atribuições legais do funcionário. É o praticado em razão de sua atividade e
competência, encontrando-se no exercício de suas funções. Daí ser chamada a
prevaricação de infidelidade à função exercida. Os dois primeiros verbos são
omissivos e o terceiro de natureza comissiva. Interesse pessoal é a busca de
uma vantagem pelo funcionário, seja ela patrimonial, material ou moral.
Sentimento pessoal é o amor, a simpatia, a piedade, o ódio, o desejo de
vingança, a subserviência etc. Para a configuração do delito, portanto, é
necessário que o agente tenha agido com o propósito de satisfazer interesse
ou sentimento pessoal, sem o que a conduta será atípica. Assim, se a omissão
decorreu de erro do funcionário, por simples negligência, por dúvida quanto à
interpretação de lei ou de ordem de serviço, por excesso de serviço, não se
pode falar em prevaricação, para cuja prática se exige a satisfação de interesse
ou sentimento pessoal. Tem-se reconhecido nos tribunais o crime de
prevaricação na conduta de prefeito que ordena a construção de obra pública
sem a prévia concorrência, favorecendo a firma à qual está ligado por relações
de amizade; de fiscal que permite que amigos pesquem em local proibido; de
vereador, membro de comissão permanente da Câmara Municipal, que deixa
de devolver processos recebidos para emissão de pareceres, após substituído
naquele órgão técnico, retendo-os ilegitimamente; de policial militar que deixa
de tomar providências para beneficiar superior hierárquico; de oficial de Justiça,
que emite certidões de citação e intimação não condizentes com a verdade, por
comodismo, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal, deixando, pois,
de praticar diligências ordenadas pelo juízo; de prefeito que vende a preços
baixos terrenos urbanos para filhos e parentes próximos, satisfazendo
interesse e sentimentos pessoais, em desacordo com a Lei Orgânica do
Município, entre outros. Entende Feu Rosa que prevarica o promotor quando
requer a abertura de um processo, embora sabendo da inexistência de crime.
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ocorrências de conflito, qual a mais verossímil e, então, decidir contra quem
adotar as providências de instauração de inquérito ou autuação em flagrante.
Somente pode ser acusado de se deixar levar por sentimentos pessoais
quando a verdade transparecer cristalina em favor do autuado ou indiciado e,
ao mesmo tempo, em desfavor daquele que possa ter razões para ser
beneficiado pelos sentimentos pessoais da autoridade. (TACrim-SP – Rec. –
rel. Carvalho Neto – JUTACRIM 91/192).
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6. Tipo objetivo: a conduta típica, punida com pena de detenção de três meses
a um ano, consiste em deixar o Diretor de Penitenciária e/ou agente público, de
cumprir seu dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio
ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente
externo. A Lei nº 11.466/2007 acrescentou não apenas o tipo ora em estudo,
mas também acrescentou ao art. 50 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução
Penal) o inc. VII, passando a considerar como falta grave o condenado à pena
privativa de liberdade que “tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho
telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos
ou com o ambiente externo”. Em 1997, com a abertura de mercado de telefonia
móvel no Brasil, os líderes de organizações criminosas que se encontravam
presos começaram a utilizar os aparelhos, recebidos, geralmente, em dias de
visita, para comunicar-se com os seus membros em liberdade. A partir daí, as
penitenciárias pareciam filiais de empresas de telefonia devido ao imenso
número de condenados que se valiam desse expediente para planejar fugas,
rebeliões, roubos, mortes, ataques às instituições etc. Inúmeros inquéritos
policiais instaurados apontavam também para as facilidades proporcionadas
por maus funcionários na entrada de aparelhos telefônicos que permitiam a
comunicação com outros presos e com o ambiente externo. Assim, o tipo penal
visa reprimir a conduta do agente público que voluntariamente deixa de praticar
ato de ofício.
Condescendência criminosa
COMENTÁRIOS
2. Sujeito ativo: crime próprio, pois somente o funcionário público pode cometê-
lo, mas admite-se a participação de particular (extraneus) por induzimento ou
por instigação.
4. Objeto material: a conduta criminosa recai sobre a infração penal não punida
nem comunicada.
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6. Tipo objetivo: a conduta típica, punida com pena de detenção de 15 dias a
um mês, ou multa, consiste em deixar o funcionário, por indulgência, de
responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou,
quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade
competente. O tipo penal nada mais é do que uma modalidade de prevaricação
de menor potencial ofensivo. Na atividade pública não são raros os casos em
que superiores hierárquicos por simpatia, amizade ou camaradagem, deixam
de punir o subordinado por infrações penais ou administrativas cometidas no
exercício de suas funções. Indulgente é o tolerante, o benevolente que faz
vistas grossas, que perdoa, que “deixa pra lá” a conduta ilícita do subordinado.
Deixar de responsabilizar significa não apurar o fato ou, quando lhe faltar
competência, não comunicar à autoridade que a possuir. Faz-se necessário
para a configuração do delito que a falta do subordinado ocorra no exercício de
suas funções. Se o superior hierárquico tiver conhecimento de que o servidor é
viciado em jogo ou em bebida alcoólica, ou ainda que leva uma vida
desregrada, e não toma qualquer providência saneável, não incide no crime de
condescendência criminosa.
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ao tomar conhecimento da infração cometida pelo subordinado, se omite.
Tratando-se de crime formal, a consumação emerge independentemente do
resultado (aplicação da punição).
Advocacia administrativa
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Violência arbitrária
COMENTÁRIOS
2. Sujeito ativo: somente pode ser praticado por funcionário público, admitindo-
se, porém, a participação de particular por induzimento, instigação ou auxílio.
6. Tipo objetivo: a conduta típica, punida com pena de detenção de seis meses
a três anos, além da pena correspondente à violência, consiste em praticar
violência, no exercício de função ou a pretexto de exercê-la. O dispositivo
reclama para sua configuração o emprego de violência física (vis corporalis),
como vias de fato, lesão corporal e homicídio. Haverá concurso material deste
delito com os previstos nos arts. 129 e 121 do CP. A violência deve ser
arbitrária, pois do contrário, se legítima, não caracteriza o delito. Assim, se o
preso reagir à sua autuação em flagrante, poderá ocorrer uma pronta e
necessária ação vigorosa da polícia, no sentido de levar a efeito o ato legal.
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7. Tipo subjetivo: o tipo requer o dolo genérico consistente na vontade livre e
consciente do funcionário público de praticar violência arbitrária. Não se exige
uma finalidade específica, nem se prevê a modalidade culposa.
Abandono de função
Art. 323. Abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei:
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não incorrerá no delito o agente que abandonar a função em decorrência de
greve, estado de necessidade ou força maior.
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6. Tipo objetivo: as duas condutas típicas, punidas com pena de detenção, de
15 dias a um mês, ou multa, consistem em entrar no exercício de função
pública antes de satisfeitas as exigências legais, ou continuar a exercê-la, sem
autorização, depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido,
substituído ou suspenso. Função pública é a atribuição ou conjunto de
atribuições inerentes à execução de serviços públicos. Todo cargo tem função,
mas nem toda função corresponde a um cargo. Entrar no exercício de função
pública, antes de satisfeitas as exigências legais, primeira modalidade do
delito, significa iniciar a atividade pública de forma antecipada, irregular. Trata-
se de norma penal em branco que para ser complementada, ou seja, para se
saber quais são as exigências legais contidas no tipo, necessita de outra
norma. Estas estão definidas nos Estatutos dos Servidores Públicos Civis da
União e dos Estados. Continuar a exercer a função pública, sem autorização,
depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substituído ou
suspenso compõe a segunda modalidade típica. Aqui, diversamente do que
ocorre com o abandono de função, o funcionário permanece indevidamente no
cargo sem autorização de quem de direito. Essa autorização só poderá ser
dada em caso de absoluta necessidade, excluindo-se, assim, a ilicitude da
conduta. Ensina Hungria que não basta a simples notoriedade do ato de
exoneração, remoção, etc.: é indispensável a cientificação oficial. A boa-fé
exclui o dolo.
Art. 325. Revelar fato de que tem ciência em razão do cargo e que deva
permanecer em segredo, ou facilitar-lhe a revelação:
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1. Classificação doutrinária: crime próprio, formal, comissivo, doloso,
instantâneo, de forma livre, transeunte, unissubjetivo, de perigo ou de dano (§
2º), unissubsistente, subsidiário e teoricamente admite tentativa.
4. Objeto material: a conduta típica recai sobre o fato que deva permanecer em
segredo. A ação criminosa visa a revelação sigilosa.
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seus três poderes, devem ser norteadas pelos princípios da transparência e da
moralidade, mas, por outro lado, não se desconhece, também, que muitos atos
perdem a eficácia e a oportunidade se efetivamente revelados. A lei procura
impedir a revelação de fato que deva permanecer em segredo, porque sua
divulgação pode prejudicar ou pôr em perigo os fins que o Estado persegue. A
pena aplicada é a de detenção, de seis meses a dois anos, ou multa se o fato
não constitui crime mais grave. Trata-se de crime subsidiário. Se o funcionário
revelar segredo mediante solicitação de dinheiro, por exemplo, o crime será de
corrupção passiva, ficando o delito absorvido pela subsidiariedade explícita. Já
se decidiu que incidem no delito o professor, integrante de banca examinadora
de universidade federal, que, antecipadamente, fornece a alguns dos alunos
cópias das questões que iam ser formuladas nas provas; o assessor de
Comissão Especial de Investigações de Câmara Municipal que, como
jornalista, publica fatos atinentes a processo que corria em segredo, e ainda, o
serventuário de justiça que divulga aspectos relacionados com ação de
investigação de paternidade, para a qual a lei exige segredo de justiça.
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Vedada a distribuição, ainda que gratuita.
7. Tipo subjetivo: o tipo requer o dolo genérico consistente na vontade
deliberada e consciente do funcionário de revelar ou facilitar a revelação de
segredo indevido. Não se exige o elemento subjetivo específico, nem se prevê
a modalidade culposa.
9. Tentativa: são dois os núcleos que compõem o tipo penal: revelar segredo
ou facilitar a revelação. Em nosso entendimento, nenhum deles permite o
fracionamento da conduta criminosa. Ou revela o fato de que tem ciência e o
crime se consuma, ou não o faz, e o fato é atípico. Ou facilita a revelação, ou
não facilita. No facilitar, podemos imaginar, a gosto dos partidários da tentativa,
a hipótese em que o funcionário deixa, dolosamente, documentos sigilosos
expostos a terceiro, de fácil verificação, e este não consegue tomar
conhecimento do conteúdo, por circunstâncias alheias à vontade do agente
público. Para nós o fato é um indiferente penal. A doutrina é unânime em não
admitir a tentativa quando a revelação de segredo se manifestar de forma oral.
Para Hungria somente no último caso, com o ato de facilitação ao efetivo
conhecimento do fato, é possível a tentativa, pois só então haverá um iter
criminis. Noronha, por seu turno, afirma que se é exato não se poder falar em
tentativa de revelação oral, já o mesmo não acontece com a escrita: se o chefe
de repartição intercepta carta reveladora de segredo, não se dirá que o
funcionário-missivista não tentou revelar segredo; o ato de enviar a carta é
execução; sua leitura pelo destinatário é consumação. Paulo José da Costa
assegura que a segunda espécie delitiva se assumir aspecto omissivo não
admite tentativa.
10. Figura equiparada: nas mesmas penas deste artigo incorre quem:
Material exclusivo. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo.
Vedada a distribuição, ainda que gratuita.
I – permite ou facilita, mediante atribuição, fornecimento e empréstimo de
senha ou qualquer outra forma, o acesso de pessoas não autorizadas a
sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública. Aqui, o
funcionário público admite, tolera, consente ou torna mais fácil o ingresso de
pessoas a sistemas de informações ou banco de dados da Administração
Pública. Ney Moura Teles leciona que pode o agente facilitar o acesso, diante
das dificuldades, quando, por exemplo, deixa o sistema aberto para o acesso
de terceiro que, então, não necessita de utilização de senha para nele
ingressar. Assim, a conduta pode ser realizada por ação ou por omissão. A
consumação ocorre no momento em que o servidor permite ou facilita o acesso
indevido de pessoas não autorizadas a sistemas de informações ou banco de
dados da Administração Pública. Entendemos, na prática, ser impossível o
fracionamento da conduta criminosa. A doutrina majoritária, porém, manifesta-
se em sentido contrário;
11. Figura qualificada: a pena será de reclusão de dois a seis anos e multa, se
da ação ou omissão resultar dano à Administração Pública ou a outrem. É o
denominado crime qualificado pelo resultado. Ocorrendo o resultado
naturalístico, com prejuízo moral ou material à Administração Pública ou a
terceiro, a pena será agravada.
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Vedada a distribuição, ainda que gratuita.
Art. 326. Devassar o sigilo de proposta de concorrência pública, ou
proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo:
COMENTÁRIOS
Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins desta Lei, aquele que
exerce, mesmo que transitoriamente ou sem remuneração, cargo, função ou
emprego público.
§ 1º Equipara-se a servidor público, para os fins desta Lei, quem exerce cargo,
emprego ou função em entidade paraestatal, assim consideradas, além das
fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista, as demais
entidades sob controle, direto ou indireto, do Poder Público.
Funcionário público
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Vedada a distribuição, ainda que gratuita.
de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica
da Administração Pública.
COMENTÁRIOS
Nos termos do art. 327 do CP, para fins de direito penal, entende-se por
funcionário público não somente quem desempenha cargo criado por lei,
regularmente investido e nomeado, remunerado pelos cofres públicos, mas
qualquer pessoa que, de alguma forma, exerça função pública. Assim, ofender
empregado de empresa prestadora de serviços que exerce função em órgão
público torna-o sujeito passivo de crime de desacato. (STJ – 6ª T. – HC nº
9.602 – Rel. Hamilton Carvalhido – j. 23-5-2000 – RT 788/540)
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