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Índice

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................1

1.1. OBJECTIVOS..........................................................................................................................2

1.1.Objectivo geral...........................................................................................................................2

1.2.Objectivos específicos...............................................................................................................2

1.3.Metodologia...............................................................................................................................2

2. REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................................3

2.1. Origem da Sociologia Criminal................................................................................................3

2.2. Escolas que Influenciaram o Estudo da Sociologia Criminal...................................................4

2.2.1. Escola Clássica......................................................................................................................5

2.2.2. Escola Positiva.......................................................................................................................7

3. Factores Sociais Como Causas da Criminalidade.......................................................................9

3.1. Desestruturação Familiar..........................................................................................................9

3.2. Educação.................................................................................................................................10

3.3. Ausência de Políticas Públicas para Jovens............................................................................11

3.4. Desemprego............................................................................................................................12

3.5. Desigualdade Social................................................................................................................13

3.6. Sistema Legal de Moçambique...............................................................................................14

no agente do crime ou de contravenção.........................................................................................14

4. Conclusão..................................................................................................................................15

5. Bibliografia................................................................................................................................16

0 Trabalho de pesquisa “Sociogenése da Sociologia Criminal” ISCTAC-2018


1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho de pesquisa tem como objectivo abordar o contexto do surgimento da


sociologia criminal, desde a antiguidade até ao positivismo. Analisa o despontar da criminologia
como ciência além de correlacionar a teoria do criminoso nato do médico italiano Cesare
Lombroso, baseada no livro “O Homem Deliquente”.

O estudo pretende ainda destacar noções históricas do pensamento penal e o despontar da


criminologia no tocante as ideias de Lombroso no universo do positivismo criminológico.

Para a consecução deste raciocínio utilizou-se de um método indutivo, ilustrando, por meio da
temática principal do enredo machadiano, algumas noções de positivismo criminológico, além de
trazer à baila dados históricos do despontar da sociologia criminal.

Durante toda a história o homem sempre buscou encontrar motivos para o cometimento de atos
ilícitos. Desde filósofos da antiguidade, até a atualidade, a busca pelo conhecimento do indivíduo
e seus objetivos quando este pratica uma ilicitude levaram a criação e desenvolvimento de uma
ciência específica para obter este entendimento: a criminologia. Esse estudo visa o criminoso e
os factores pelos quais o indivíduo é levado a cometer determinados atos sejam de pequeno
potencial ofensivo, ou mesmo atos que deixam a sociedade perplexa pela crueldade utilizada.

Os principais adeptos da escola positivista alguns médicos e outros juristas afirmavam ter
encontrado a fosseta ociptal média, que era o resultado dos estudos médicos realizados em
vários corpos de criminosos já falecidos que seria o defeito congénito que identificaria o
delinquente nato.

Com o passar dos anos, outras escolas foram se desenvolvendo, estudando não apenas os
aspectos físicos dos indivíduos, e sim levando em consideração o meio social em que vivemos,
além da personalidade do delinquente.

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1.1. OBJECTIVOS

1.1.Objectivo geral

 Fazer um estudo, no que concerne a origem da sociologia criminal e as respectivas


escolas que influenciaacm no seu surgimento.

1.2.Objectivos específicos

 Descrever o nascimento e origem da criminologia;

 Identificar as Escolas que Influenciaram o Estudo da Sociologia Criminal;

 Descrever a escola positivismo criminologia como ciência além de correlacionar a teoria


do criminoso nato do médico italiano Cesare Lombroso;

 Mensurar os principais Factores Sociais Como Causas da Criminalidade.

1.3.Metodologia

A pesquisa foi realizada mediante pesquisa bibliográfica e consultas na internet. Para isso foram
colectados dados da referida administração. A pesquisa bibliográfica fez-se necessária para a
conceituação de cada um dos dados colectados.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Origem da Sociologia Criminal

Topinard foi quem primeiro utilizou o termo criminologia em 1879, porém o reconhecimento
adveio em 1885 com a obra Criminologia de Garofalo (BARBOSA JÚNIOR, 2000. P. 15).

Há divergência quanto a origem da criminologia no século XVIII com a escola clássica de


Beccaria, ou no século. XIX com a escola positivista de Lombroso.

Na Idade Média, por volta do início do século XV, com a evasão dos campos para a cidade, a
criminalidade tem um aumento considerável, e as penas aplicadas eram de tortura, mutilações,
morte e banimento. A diminuição do valor da vida humana fez com que as penas aplicadas
fossem desproporcionais ao crime cometido (BATISTA, 1998. P.35).

Com o passar dos séculos, as penas foram mudando. A escassez de mão-de-obra faz com a
tortura seja deixada de lado gradativamente, transformando as penas anteriormente aplicadas em
trabalhos forçados (BATISTA, 1998. P.35).

Em 1764 a publicação da obra Dos Delitos e das Penas, escrito por Marquês de Beccaria, foi um
marco histórico. No final do século XVIII com a severidade das penas, vista como uma espécie
de vingança coletiva, Beccaria se insurge contra essa tradição tentando estabelecer um parâmetro
entre o delito e a pena a ele aplicada. A partir do estudo de sua obra, várias legislações de
diversos países foram alteradas de forma que a pena para o criminoso deixe de ser uma punição e
sim uma sanção (BARBOSA JÚNIOR, 2000. P. 18).

Ressalta que o castigo deve ser inevitável, mas não é a severidade da pena que traz o temor, mas
a certeza da punição. Segundo Beccaria (1764. P.13) a pena deverá advir da necessidade, pois do
contrário, é tirânica.

Em 1876 Lombroso lança a obra O Homem Delinquente. Considerada revolucionária no campo


do direito penal, sociologia e na medicina legal, seus estudos foram considerados ultrapassados
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para a época em que fora lançado, mesmo assim foi um marco muito importante, pois foi uma
das primeiras tentativas de se tentar explicar o que levaria o homem a delinquir, além de lançar
as bases da criminologia e da antropologia criminal (BARBOSA JÚNIOR, 2000. P. 18).

Em suas pesquisas buscava determinar tanto o que levava uma pessoa a cometer um crime como
as medidas que a sociedade deveria tomar para evitá-lo. Lombroso tinha como tese principal de
seus estudos que o poderia identificar um criminoso pela sua genética e que certos indivíduos já
nasciam com uma pré-disposição para o “mal” por razões congênitas (PENTEADO FILHO,
2013. P. 33).

A criminologia tem por sua origem histórica a interdisciplinariedade uma vez que seus
fundadores eram um médico “Cesare Lombroso”, um jurista sociólogo “Enrico Ferri” e um
magistrado “Raffaele Garofalo”, porém como já demonstrado é difícil pontuar uma época exata,
assim como, quem introduziu o primeiro estudo criminológico. Podemos concluir que foram
vários os autores, em épocas diferentes, que introduziram na sociedade a necessidade de se
estudar os motivos as pessoas a se tornarem delinquentes como uma forma de melhor conseguir
evitá-los, através da prevenção e caso não fosse possível evitá-los a criminologia também
introduziu novas maneiras para que o delinquente fosse punido de maneira que fosse
ressocializado e não voltasse a cometer crimes (BARBOSA JÚNIOR, 2000. P. 15, 16).

2.2. Escolas que Influenciaram o Estudo da Sociologia Criminal

Desde que surgiram os primeiros estudos relacionados a criminologia, a mesma vem tentando
explicar a origem do delinquente através dos mais variados métodos e objetos de estudo. Fato é
que já existiram várias tendências que influenciaram os estudos na seara criminológica, pois
isoladamente tanto as maneiras sociológicas quanto médicos legais que tentaram desvendar o
origem do delinquente não prosperaram (GOMES, MOLINA, 2002. P. 41).

De qualquer forma a criminologia transita entre as ciências e teorias que buscam explicar,
analisar o crime, a criminalidade, a vítima e as condições que levaram o indivíduo a chegar no
ponto de transgredir as regras impostas pela coletividade para o bom convívio em sociedade.

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Assim, não é uma ciência exata, e sim empírica, uma ciência do ser (GOMES, MOLINA, 2002.
P. 41).

Com a Revolução Francesa (século XVIII) houve o apogeu do iluminismo, destacando-se nomes
como Montesquieu, Voltaire e Rousseau, pensadores que criticavam a legislação vigente na
Europa nessa época, afirmando a necessidade de a pena ser individualizada, com a redução da
crueldade existente na aplicação das mesmas, sendo proporcionais aos crimes cometidos
(PENTEADO FILHO, 2013. P. 31).

Cesare Beccaria (1764. P 27) propôs a Teoria penológica, ou seja, a pena deve ser justa ao ato
praticado:

“O grau de pecado depende da maldade no coração, que é impenetrável aos seres finitos. Como
pode então, o grau de pecado servir de referência para determinar o grau de um crime? Se isso
fosse admitido, o homem poderia punir quando Deus perdoa e perdoar quando Deus condena,
agindo assim, em contradição ao Onipoente”.

Aproximadamente no final do século XVIII muito se buscava uma definição para o crime e o
criminoso que levou a elaboração de vários estudos, a partir deste momento surgiram as escolas
criminológicas que tem por objeto buscar tal definição.

Segundo BASTOS (2011), a criminologia clássica surge para explicar as causas do crime, e é
composta por três escolas: A Escola Clássica, a Escola Positiva e a Sociologia Criminal, as quais
serão visas a seguir.

2.2.1. Escola Clássica

O conceito Escola Clássica foi dado por positivistas, com certa conotação pejorativa, não
havendo propriamente uma. Essa escola não reunia juristas dessa corrente com um
posicionamento homogênio (BITENCOURT, 2008. P. 50)

O fundamento básico para essa linha de pensamento surgiu com a obra Dos delitos e das penas,
escrita por Céssare Bonesana, mais conhecido como Marquês de Beccaria, lançado no ano de
1764. Essa obra trouxe uma humanização das ciências penais, fazendo com que as obras que lhe

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sobrevieram defendessem a liberdade do individuo, indo contrária a legislação da época
(BITENCOURT, 2008. P. 50).

Em suas palavras: “Parece-me absurdo que as leis, que são a expressão da vontade pública, que
abominam e punem o homicídio, o cometam elas mesmas e que, para dissuadir o cidadão do
assassínio, ordenem um assassínio público” (BECCARIA, 1764.)

A Teoria Clássica partiu de suas outras teorias distintas: de Grócio, Teoria do Jusnaturalismo,
com a ideia de um direito penal natural, afirmando que o ser humano era de natureza imutável, e
a Teoria do Contratualismo, de Rousseau, que defendia a ideia de que o Estado advém de um
grande pacto entre os homens, que cedem uma parcela de sua liberdade e direitos em benefício
da segurança coletiva (PENTEADO FILHO, 2013. P. 31).

Mesmo representando doutrinas opostas, pois uma defendia a ideia que o direito decorria da
eterna razão (Jusnaturalista), e a outra decorria de acordo de vontades (Contratualista),
coincidiam em um ponto: as normas jurídicas eram superiores e anteriores ao Estado, indo
contrária a tirania estatal (BITENCOURT, 2008. P. 50).

Então, como ambas buscavam a dignidade da pessoa humana e o direito do cidadão em face ao
Estado, fundamentando o individualismo, surgiu dessas duas correntes os pensamentos da Escola
Clássica (BITENCOURT, 2008. P. 50).

Assim, houve dois grandes períodos dessa Escola: o teórico –filosófico, sob a influência do
Ilusionismo, adotando a necessidade de um direito penal social, tendo início com Cessare
Beccaria, e o período ético-jurídico, onde o jusnaturalismo passa a ser dominante no direito
penal, com a presença ética de retribuição, trazendo a sanção penal. O maior nome do segundo
período da Escola Clássica foi Francesco Carrara, criador da Dogmátca Penal, com a lógica
jurídica e admirável capacidade de sistematização. Para Carrara, o crime era composto de uma
força física e moral, atualmente conhecidos como elemento objetivo e subjetivo do crime
(BITENCOURT, 2008. P. 50).

Para Carrara, (apud BARBOSA JUNIOR, 2000. P. 35) “o homem é submetido as leis criminais.
Por causa de sua natureza moral, por conseguinte, ninguém poderá ser socialmente responsável
por seu ato se não moralmente responsável”.

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A Escola Clássica responsabiliza o delinquente em razão de sua responsabilidade moral e se
sustenta pelo livre-arbítrio que o ser humano possui. Em outras palavras, o ser humano é
racional, capaz de tomar suas próprias decisões e arcar com as consequências de seus atos
(PENTEADO FILHO, 2013. P. 32).

Um pensamento um pouco esquecido na atualidade, pois trata-se de derivação do utilitarismo,


que traz a ideia de que as ações humanas deveriam ser julgadas conforme trazem mais ou menos
prazer ao indivíduo, e se contribuem ou não para a sociedade (PENTEADO FILHO, 2013. P. 32).

2.2.2. Escola Positiva

A escola positiva teve início o século XIX, influenciada pelos iluministas e fisiocratas do século
anterior. Possui três fases: a antropológica, com seu maior nome César Lombroso; a sociológica,
desenvolvida por Henrique Ferri; e a terceira fase conhecida como jurídica com seu maior
expoente Rafael Garofalo (PENTEADO FILHO, 2013. P. 32).

Devida a ineficácia das concepções clássicas, descrédito das doutrinas espiritualistas e a


aplicação dos métodos de observação ao estudo do homem, surge a Escola Positiva, com novas
ideologias políticas na realização da finalidade social, e afirmavam que o Estado protegeu
demais direitos individuais, deixando de lado direitos coletivos. (BITENCOURT, 2008. P. 55).

Com influência direta do cientista Charles Darwin, a análise do delinquente passou a ser feita
antropologicamente. Cesare Lombroso foi o criador da antropologia criminal, com a obra
Tratado Antropológico Experimental do Homem Delinquente, publicada em 1876, que trouxe
estudos da anatomia humana para explicar como a pessoa se tornava delinquente (BARBOSA
JÚNIOR, 2000. P. 18).

Lombroso não criou uma nova teoria, apenas criou um sistema reunido de conhecimentos antes
obtidos, inspirando-se também em fisionomistas para traçar perfil criminosos. Com uma função
multidisciplinar, com conceitos psiquiátricos e antropológicos, desenvolveu o conceito do
criminoso nato (PENTEADO FILHO, 2013. P. 33).

Nessa teoria, o criminoso assim se tornaria, devido a múltiplas causas, como variáveis sociais e
ambientais, o clima, abuso de bebida alcoólica, educação, trabalho, etc. Assim, afirmava que o
crime não é entidade jurídica, mas sim um fenômeno biológico, com as seguintes características
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físicas: Fronte fugidia, crânio assimétrico, cara larga e chata, grandes maçãs do rosto, lábios
finos, canhotismo na maioria dos casos, barba rala, olhar errante ou duro, dentre outras
(PENTEADO FILHO, 2013. P. 33).

Ressalte-se que as pesquisas feitas por Lombroso ocorreram na maioria das prisões a
manicômios, levando-o a conclusão que o criminoso é atávico, selvagem, que nasce criminoso.
Sua degeneração é causada por epilepsia, atacando seu centro nervoso (PENTEADO FILHO,
2013. P. 33).

Conhecido como pai da Sociologia Criminal, Enrico Ferri, a criminalidade tinha contribuição de
diversos fatores, como individuais, físicos e sociais. Ferri (apud BARBOSA JÚNIOR, 2000. P.
24) a definia como “a ciência da criminalidade e da defesa social contra esta”.

Os factores sociais eram predominantes, e o delito possuía uma dinâmica própria e etiológica
específica, e a pena é ineficaz, caso não venha acompanhada ou precedida de reformas
econômicas, sociais, etc. (BARBOSA JÚNIOR, 2000. P. 24).

Para Ferri, não existia o livre-arbítrio, que não passava de ficção, como base da imputabilidade, e
entendia que a responsabilidade social deveria substituir a responsabilidade moral, e a prevenção
geral é mais eficaz que a repressão, por isso a razão de punir é a defesa social. Classificou os
criminosos como natos, loucos, habituais, de ocasião e por paixão (PENTEADO FILHO, 2013.
P. 35).

Rafael Garofalo, outro grande nome da Escola Positiva, era jurista italiano. Sua obra mais
famosa chama-se Criminologia, com publicação datada em 1885. Também se influenciou, como
Lombroso, pelo Darwinismo, estabelecendo os seguintes princípios: o fundamento para a
responsabilidade do delinquente é a sua periculosidade; a prevenção especial como fim da pena;
o direito de punir diante da teoria da Defesa Social, ficando em segundo plano os objetivos
reabilitadores e definiu sociologicamente o crime natural, com a intenção de superar a noção
jurídica (BITENCOURT, 2008. P. 57).

Garofalo apresentava, em suas obras, um certo cetiscismo no que tange a reabilitação do


delinquente, insistindo na necessidade de individualizar o castigo, e sugeria a necessidade de
pena de morte àqueles criminosos que não demonstrassem capacidade para adaptação, com uma

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preocupação nessa incapacitação, e não na recuperação do delinquente (BITENCOURT, 2008. P.
56).

3. Factores Sociais Como Causas da Criminalidade

3.1. Desestruturação Familiar

A ausência de estrutura familiar representa um dos aspectos importantes para inserção do jovem
no mundo do crime, uma vez que a família é a principal instituição social responsável pelo
desenvolvimento da consciência cidadã do indivíduo. È notório que os filhos costumam seguir os
passos dos seus genitores e tentem a cópia os hábitos e costumes dos seus antecedentes, por isso
é de fundamental importância a analisar a base familiar do indivíduo, conhecer o seu contexto, as
suas dificuldades e tentar sanar seus problemas
A desestrutura não significa o tipo de família na qual o cidadão está inserido, mas sim os
problemas diários que atingem seus membros direta ou indiretamente, sendo alguns deles:
ausência dos pais nas ações cotidianas dos filhos, falta de demonstração de afeto e carinho com
os mesmos, brigas entre pais na presença dos filhos, bem como a incapacidade de impor limites
sobre estes. Além desses exemplos, vale destacar que separação dos cônjuges também
influenciam negativamente nos filhos, pois com o divórcio, sabe-se que na maioria dos casos, a
guarda direta fica com a genitora.
Dessa forma, ocorre uma inevitável ruptura do contato entre o pai e o filho, sendo que tal
carência paterna influencia diretamente no comportamento infanto-juvenil, incluindo sua entrada
no mundo dos vícios como o alcoolismo e o uso de drogas ilícitas.

De acordo com Roudinesco (2003, p.19):


“a transmissão da autoridade vai se tornando então cada vez mais problemática
à medida que divórcios, separações e recomposições conjugais aumentam”. Vale
destacar que, pais ou mães viciados em drogas e álcool também influenciam para
a formação de comportamento do filho, pois é onde este perde seu referencial
para seguir de exemplo.
A família exerce função de suma relevância na vida dos jovens, uma vez que a partir dela são
dadas as diretrizes para o caminho do futuro, sendo a instituição pioneira à qual o jovem faz
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parte, possuindo dessa forma, papel fundamental no norteamento dos objetivos e na preparação
para a vida adulta.
A ausência ou falha da família ocasionará no jovem, carência afetiva e o incentivará a buscar
solidariedade em outros lugares e até mesmo na rua. Portanto, a desestrutura não está nos
modelos da família, ou seja, está ligado às condições mínimas de afeto e convivência intra-
familiar. Na falta da família, as crianças ou jovens crescem sem referenciais morais e sendo
assim seu comportamento transforma-se numa explosiva combinação de revolta e ódio, que
apresentam como vítima: a sociedade.

3.2. Educação

A educação de uma criança (futuro jovem) não se faz em um rápido período de tempo, mas sim
durante toda a fase infanto-juvenil, onde é realizada a transmissão contínua de aprendizado e
bom comportamento. Diversos são os fatores contribuintes para explicar a relação do jovem com
a criminalidade, porém bem poucos se aproximam tanto de um consenso entre os especialistas da
área, como o fator educação. O acesso à educação de qualidade, minimiza a possibilidade de o
jovem ingressar no universo do crime, uma vez que é um método compensatório contra seus
problemas em casa com a família, caso exista tais problemas.
Afirmar que uma educação de qualidade resolveria todos os problemas, seria exagero, entretanto
a interação entre a mesma e o fator família seria de suma relevância para a resolução deste
dilema, já que a família representa a raiz de tudo no indivíduo, inclusive a construção de valores
morais e éticos de seus descendentes.
Em contrapartida, é um erro confirmar que pessoas “bem-educadas” jamais cometerão crimes,
pois outros fatores, além de educação e desestrutura familiar, estão envolvidos na formação da
personalidade do indivíduo. O facto é que mesmo fora do convívio familiar e escolar, o jovem
pode seguir para a trilha da violência, pois ele continuará encontrando um mundo sem
oportunidades, onde a criminalidade estará acessível.
A junção entre a baixa escolaridade e a falta de oportunidade de emprego para desenvolver
competências mínimas, contribui significamente pra muitos jovens ir ao encontro da
criminalidade, levando ao crescimento da violência no país.

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Na educação constroem-se conhecimentos, desempenhando importante papel na formação do
sujeito, pois isso significa também trabalhar com as emoções, problemas, fracassos, conquistas,
enfim tudo que envolve a rotina do indivíduo, sendo estes elementos estressores extremamente
necessários para o cidadão humanizar-se. O país tem o desafio de investir mais na educação,
pois, só através desta, o jovem constrói sua identidade de forma digna, sendo capaz de tolerar e
respeitar o seu próximo.

3.3. Ausência de Políticas Públicas para Jovens

Todos sonhamos em ver a humanidade restaurada, com suas instituições devidamente


reformadas, livre da corrupção, injustiça e violência. Porém vivemos dias difíceis em uma
sociedade vítima do medo, onde os valores cristãos estão sendo cada vez mais açoitados pela
mídia. A religião representa uma instituição que exerce grande influência sobre o comportamento
do jovem e sua maneira de se relacionar com a sociedade, pois é na prática religiosa que se
ensina valores éticos e morais ao jovem. A ausência desses valores leva o indivíduo a tendências
de comportamento que comprometem a moral e os bons costumes. Reconhecemos a importância
da educação cristã, principalmente no contexto familiar, sob a responsabilidade dos pais.
A criança, o adolescente e o jovem educados nos princípios cristãos, aprende que o crime não é
uma prática digna e honesta, compreendem ainda que ao trilhar a violência, o resultado trás
conseqüências drásticas e na maioria das vezes irreversíveis à vida do jovem, anulando assim,
todos os seus sonhos e perspectivas para o futuro. É necessário que os pais entendam que
precisam investir não apenas na formação profissional, mas também espiritual dos seus filhos,
afim de instruí-los a uma formação adequada. As maioria das instituições educacionais dos dias
atuais, adotam uma filosofia educacional materialista se individualista, se preocupando apenas
com o mercado de trabalho.
A educação secularizada, a não ser nas escolas tradicionais evangélicas, não investem na
formação cristã das crianças, jovens e adolescentes.
Os alunos recebem meras informações de cunho técnico e não estão sendo preparados com
valores éticos e cristãos que fortalece o seu caráter para enfrentar todo bombardeio que a
sociedade atual e suas mazelas lhes proporciona ou para se relacionarem com o próximo se
comprometendo com o bem estar do outro numa convivência harmoniosa.

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Por conseguinte, tais valores não trabalhados na escola, tais como o respeito ao próximo,
fraternidade e solidariedade são relegados a segundo plano e o reflexo desse modelo educacional
gera uma sociedade de valores deficientes e de falta de amor e respeito ao próximo.

Por fim acredita-se que a religião é um mecanismo importante e fundamental de mobilização


espiritual no indivíduo no que diz respeito à formação de seu comportamento e caráter perante a
sociedade, o qual é responsável por resgatar os princípios morais e éticos para uma sociedade
bem estruturada.

3.4. Desemprego

O desemprego é um problema cada vez mais grave para os jovens, pois resulta não apenas em
perdas econômicas para o país, como também em altos custos para a sociedade, uma vez que
diante da completa desesperança com o futuro, o jovem está predisposto a trilhar a vida na
criminalidade em busca de roupas, carro, dinheiro e outros bens. Cardia (2004, p. 339)
corrobora:
[...] a perda dos empregos não só empobrece as famílias, mas pode afetar a
estrutura delas e, deste modo, o relacionamento dos jovens com os pais. Esta
cadeia de eventos pode ter impacto sobre o desempenho dos jovens na escola,
desempenho que talvez seja uma das poucas saídas, ainda que não totalmente
segura, deste círculo vicioso de pobreza e desesperança.
O desemprego exerce grande influencia no comportamento dos jovens, pois está intimamente
relacionado à auto-afirmação pessoal ou não, e até mesmo a sobrevivência da vida. A ausência
do primeiro emprego acarreta fortes implicações para o jovem, já que desenvolve um sentimento
de impotência que é acentuado com a inatividade durável. O jovem torna-se vulnerável ao crime,
incluindo o mundo das drogas, por não ter o que fazer e principalmente pela tentativa de suprir
todas as exigências impostas por uma sociedade capitalista.
Alguns especialistas afirmam que o desemprego tem relação direta com a criminalidade, haja
vista que quando o jovem procura o primeiro emprego, para sua inserção no mercado de trabalho
e não obtém sucesso, sua auto-estima, bem como a sua perspectiva de vida é abalada
intensamente Espinheira (1999, p. 18) afirma que:

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(...) sendo os jovens impedidos de trabalhar, já que o sistema produtivo não
oferece a chance do primeiro emprego, estes se entregam a um ócio improdutivo
e desonesto (...) quando as possibilidades de trabalho são bloqueadas, a
transgressão e o crime tornam-se as únicas alternativas reais, para o jovem obter
seu sustento e objetos de ambição pessoal.

3.5. Desigualdade Social

A pobreza não representa causa direta da violência, mas a falta de recursos e a desigualdade
social, torna os jovens mais vulneráveis à criminalidade. Nesse contexto, tem-se de um lado,
jovens bem vestidos, com um bom nível de escolaridade e trabalhando. Porém, por outro lado
tem-se cidadãos analfabetos, mal vestidos, desempregados ou trabalhando apenas informalmente
para comprar pelo menos seu pão de cada dia.
Esta situação de extrema desigualdade em Moçambique, está entre as principais razões da
violência entre jovens moçambicanos.
Acredita-se que a violência não significa apenas o acto de traficar, roubar, matar, espancar ou
estuprar, mas sim um constrangimento físico e moral para a vítima, sendo tal violência,
resultantes da desigualdade social que também pode ser compreendida como a situação de
miséria que diversos indivíduos se encontram. Portanto, os próprios fatores que contribuem para
a criminalidade como a desigualdade, a exclusão social, a má qualidade de vida, podem ser
considerados como a própria violência.
A desigualdade social é um dos factores responsáveis pelo crescimento das evasões escolares,
aumento das mortes violentas causadas por armas de fogo, contribui para a formação do crime
organizado, além de limitar as chances de uma vida digna.
A desigualdade social é um problema que está piorando há décadas, já que tem-se um mundo
cada dia mais capitalista e competitivo. Dessa forma, o jovem não tendo outro meio de suprir
suas ambições e nem de obter sua subsistência, entra nos caminhos da criminalidade e
dificilmente consegue se restabelecer.

3.6. Sistema Legal de Moçambique

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A República de Moçambique baseia-se no sistema jurídico de inspiração romano-germânica,
onde a lei é a principal fonte de direito. Por isso, a jurisprudência dos tribunais resultante do
julgamento de casos não tem valor vinculativo tal como acontece nos sistemas Anglo-saxónicos.
Diante da Constituição Moçambicana e do código Penal Moçambicano demonstrasse que é
necessário a existência de uma tipificação do delito para enquadrar a conduta como crime.
É sabido também que a sociedade, num contexto global, tende a evoluir. Dessa forma, a medida
que novos delitos vão surgindo, necessário ser a classificação e a tipificação do mesmo.
Nos termos do artigo 29 do Codigo Penal Moçambicano, ressalta–se que a responsabilidade
criminal recai, única e individualmente,
no agente do crime ou de contravenção.

De acordo o entendimento de alguns doutrinadores e legisladores o menor de idade não possui


desenvolvimento mental completo para compreender o caráter ilícito de seus atos.
È importante acrescentar que países como Estados Unidos e Inglaterra, levam em conta a índole
do criminoso e sua consciência a respeito da gravidade do acto cometido. A maioridade penal
não coincide, necessariamente, com a maioridade civil, nem com as idades mínimas necessárias
para votar, para dirigir, para trabalhar, para casar etc
Outros países no mundo a idade mínima para a responsabilidade criminal é variável, sendo, por
exemplo, de 07 anos na Austrália e Egito; 08 anos na Líbia; 09 anos no Iraque; 10 anos na
Malásia e Inglaterra; 12 anos no Equador, Israel e Líbano; 13 na Espanha; 14 na Armênia,
Áustria, China, Alemanha, Itália, Japão e Coréia do Sul.

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4. Conclusão

Chegando o fim deste trabalho, pode-se se verificar que hoje, existe na Ciência da Criminologia
um grande avanço, trazido pelos pensamentos de grandes autores. Mesmo pensamentos escritos
há séculos atrás, se faz presente em nossos estudos e são atuais.

Ao abordarmos a área sociológica no sentido de dar a devida importância à interdisciplinaridade


para análise, interpretação e solução a um dado problema, considerando a relevância do fator
social na existência da criminalidade, que é inerente a toda sociedade, mas se agrava quando esta
possui deficiências em setores básicos, deixando os indivíduos expostos ao mundo do crime, em
elevadas proporções e aperfeiçoamento das práticas, abrindo espaço para modalidades como o
crime organizado.

Cada Escola trouxe uma particularidade para ser utilizada por nós hoje, e os avanços
conseguidos são fonte de anos de evolução e pesquisa, muitas vezes discordância entre os
pensadores, porém é o que nos fez chegar onde estamos.

É de sua importância analisar os delitos cometidos por todos os ângulos, porque sabemos que
infrações não são cometidas por fatos isolados, e sim por uma somatória de acontecimentos na
vida do indivíduo que o leva a se tornar um delinquente.

Assim, o entendimento das razões acerca do cometimento do delito é facilitado, e como


consequência é possível ser feito um levantamento do que está errado para que a sociedade possa
diminuir a incidência dos crimes cometidos, e que haja justiça em nosso meio.

Quanto aos factores sociais geradores da criminalidade, é notório que os fatores sociais
elencados nesse artigo estão diretamente ligados a formação do indivíduo. Desta forma, faz-se
necessário cuidar dos nossos jovens e adolescentes antes que eles sejam tragados pela
criminalidade, a qual na maioria das vezes é um caminho sem volta. Uma possível solução para o
problema em tela seria investir na base que o menor está inserido, conforme já foi argüido nesse
artigo ninguém nasce criminoso.

15 Trabalho de pesquisa “Sociogenése da Sociologia Criminal” ISCTAC-2018


5. Bibliografia

I. BASTOS, Gabriel Caetano. A Evolução Histórica da Criminologia e a Acepção Moderna


de Crime. Conteudo Jurídico, Brasilia-DF: 12 maio 2011. Disponivel
em: http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.32015&seo=1 . Acesso em: 14
out. 2013.
II. BARBOSA JÚNIOR, Avelino Alves. Criminologia. 1. Ed. Porto Alegre: Síntese, 2000.
III. CABETTE, Eduardo Luiz Santos. A criminologia no século XXI. Disponível
em http://atualidadesdodireito.com.br/eduardocabette/2012/08/01/a-criminologia-no-
seculo-xxi/. Acesso em 15/10/2013.
IV. CALHAU, Lélio Braga. Breves considerações sobre a Importância do Saber
Criminológico pelos membros do Ministério Público. Disponível
em http://www.conamp.org.br/Lists/artigos/DispForm.aspx?ID=108 . Acesso em
15/10/2013.
V. MOTA, Juliana. A evolução da Criminologia. Disponível
em http://www.webartigos.com/artigos/a-evolucao-da-criminologia/4308/ . Acesso em
10/10/2013.

16 Trabalho de pesquisa “Sociogenése da Sociologia Criminal” ISCTAC-2018

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