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SALA DE AULA
RESUMO
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INTRODUÇÃO
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
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Para analisar e compreender melhor esses conteúdos programáticos,
efetivamos uma leitura detalhada dos currículos oficiais. Nessa análise,
procuramos apontar alguns elementos que se configuram como limitadores para o
desenvolvimento e formação dos alunos. Para isso, definimos duas questões
norteadoras: a maneira como os autores dos PCNs caracterizam o campo
brasileiro está em sintonia com o processo de conscientização dos alunos sobre a
própria realidade social em que vivem? Os conteúdos presentes no documento
são eficazes para construir uma consciência crítica com o aluno sobre a questão
agrária do país?
Os conteúdos programáticos da Geografia, presentes nos PCNs e
refletidos no Currículo do Estado de São Paulo, são ineficazes para fornecer ao
aluno uma visão crítica da questão agrária no Brasil. Isso nos leva a concordar
com Oliveira (1999) que, ao analisar o conteúdo teórico contido nos currículos,
afirmou que na concepção dos autores desses documentos, a sociedade é
concebida como uma simples reunião de pessoas, ao invés de uma união
contraditória de classes sociais envolvidas numa luta constante. Tal fato levou
esse autor a afirmar que o objetivo real do currículo nacional é o de “formar
cidadãos que apenas se enxerguem como indivíduos, não conseguindo, portanto,
enxergarem-se como classe” (idem, p. 54).
Apoiados por essa concepção, realizamos a análise desses conteúdos
apresentados que nos levou à seguinte constatação: o modo como o espaço
agrário brasileiro foi caracterizado compromete a formação da consciência crítica
do aluno sobre a realidade. Podemos perceber que a intenção desses conteúdos
é a de simplesmente conduzir o aluno a uma simples percepção da existência de
diferentes temporalidades no espaço, sem, no entanto, se preocupar em levá-lo à
causa dessas diferenças. Dessa forma, transmite-se a ideia de um campo
brasileiro, que reflete na prática do professor em sala de aula, onde a relação
entre o tradicional e o moderno é vista de uma forma pacífica, sem nenhum tipo
de conflito.
O processo de implantação do currículo oficial pressupõe que o principal
problema da educação é o despreparo do professor. E esse problema, segundo
seus defensores, pode ser resolvido com um caderno bimestral que determina os
conteúdos que serão apresentados aos alunos e a forma como os professores
devem desenvolvê-los. E, para qualificar o “sucesso” ou “fracasso” dos alunos e
professores, são realizadas avaliações diagnósticas bimestrais, promovidas pelas
diretorias de ensino. É dentro desse sistema que o trabalho do professor fica cada
vez mais restrito, não só ao limitar a sua capacidade criadora, mas também ao
gerar inúmeras confusões na forma de organização das suas aulas, como
podemos ver na fala do professor abaixo:
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Como podemos notar, o currículo exige que o professor altere a sua
organização e sequência de conteúdos que está acostumado a utilizar e também
espera que esse trabalhe com seus diferentes grupos de alunos da mesma
maneira, de forma homogênea. No entanto, o professor que nunca aprendeu a
trabalhar dessa forma, que não se adequou a essa nova organização curricular,
facilmente é levado ao estranhamento e à rejeição dessa proposta.
Portanto, fica muito claro a urgência na revisão e rediscussão dos
currículos oficiais pelos principais sujeitos envolvidos, os professores. É
necessário que essas discussões sejam permanentes para que o currículo não se
configure como um modelo rígido a ser seguido e respeitado, sem nenhuma
possibilidade de mudança.
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sociais, a urgência de uma reforma agrária, enfim, todas as contradições
socioeconômicas existentes no campo brasileiro são tratadas de forma superficial
e dentro de um contexto pacífico e harmonioso.
Figura 03: Fotografias utilizadas pelo livro didático para retratar o campo.
Fonte: ADAS, M; ADAS, S. Expedições Geográficas. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2011.
Organização própria.
Livro didático
Maquete
N° de alunos
Internet
Outros
0 5 10 15 20 25 30 35
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No que se refere à abordagem dos conteúdos de Geografia Agrária nos
livros didáticos, os professores, em sua maioria, estão insatisfeitos com a
organização dos conteúdos adotados por esses materiais. Apesar de
questionarem os livros didáticos, por considerarem que seus conteúdos não estão
inseridos da forma correta, a abordagem dos assuntos, por alguns professores,
ocorre também de forma muito simplória, como podemos notar na fala abaixo:
a gente vive numa área urbana, mas a gente sabe que depende
bastante do que acontece no campo. E, por viver na área urbana,
evidente que, até pela minha forma de trabalho, eu parto do
concreto, eu tento trabalhar com meu aluno a partir do lugar que
eu estou. Ai a gente fica abordando muito o urbano pra pelo
menos tentar entender o próprio espaço. Então, eu sei da
importância da Geografia Agrária por ser ela que fornece o
alimento, basicamente, pra gente que está aqui na área urbana.
Então, eu acho que a importância maior da Geografia Agrária é
essa: a alimentação, que é o mínimo da vida. (Professor de
Geografia, Diadema, novembro de 2014).
CONCLUSÃO
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impede que se sirva de outros recursos para apresentar os conteúdos aos seus
alunos.
É dessa forma, pensando novas possibilidades de produção de
conhecimentos na escola, que encontramos significado para o presente trabalho.
Esperamos que o mesmo tenha contribuído para reflexões produtivas, e que ele
possa se constituir como um instrumento de apoio para a construção de um
ensino de Geografia eficiente na formação de indivíduos que sejam capazes de
pensar e compreender o mundo em sua complexidade.
REFERÊNCIAS