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O empoderamento

feminino: uma proposta


educomunicativa
Publicado em 23 de junho de 2015 por Tatiana Luz — Sem comentários ↓

Por Natália Cruz e Tatiana Carvalho

RESUMO

No presente trabalho, desenvolveu-se uma proposta de oficina para empoderamento da mulher de 40


a 55 anos. Tendo em vista o papel da educomunicadora como mediadora, foram elaboradas
dinâmicas em que, por meio da mediação das proponentes, as mulheres participantes possam fazer
uma leitura crítica da sua rotina, identificando tanto o machismo no contexto histórico, como aquele
sofrido diariamente. Propõem-se discussões sobre o tema ao longo do desenvolvimento das
dinâmicas. Como resultado, espera-se trazer novas perspectivas para que haja uma reflexão mais
crítica sobre o cotidiano de forma a proporcionar o rompimento de antigos paradigmas.

Palavras-chave: educomunicação; empoderamento; mulher; feminismo.

INTRODUÇÃO

A partir do entendimento de que todas as mulheres sofrem uma opressão diária das diferentes
instituições da sociedade – Governo, Igreja, escola, família -, acredita-se ser necessário que essa
opressão seja entendida e reconhecida por toda a classe, para que assim se possa construir uma luta
coletiva contra ela, buscando conquistas tanto no âmbito individual, como coletivo. Essas
instituições possuem seus discursos próprios, cada qual participa na formação dessa mulher, assim
como diz a professora Maria Aparecida Baccega:
O universo de cada indivíduo é formado pelo diálogo desses discursos, nos quais seu cotidiano está
inserido. E é a partir dessa materialidade discursiva que se constitui a subjetividade. Logo, a
subjetividade nada mais é que o resultado da polifonia que cada indivíduo carrega. (BACCEGA,
2004, p.3)
Sendo assim, a subjetividade dessa mulher é constituída pela polifonia de discursos dessas
instituições, dessa maneira é extremamente necessário que se ofereça a ela o discurso feminista
(mesmo que de maneira superficial) para que este dialogue com os possíveis discursos de submissão
e desvalorização aos quais ela é sujeitada.
Edgar Morin ajuda a entender essa constituição da subjetividade ao dizer que “(…) não só a parte
está no todo, mas também que o todo está na parte” (MORIN), sendo o ser humano ”(…) possuído
pela cultura que possui” (MORIN). Nessa linha, tem-se consciência de que não é possível mudar
pensamentos cristalizados constituintes dessa mulher, até porque a intenção não é causar traumas,
apenas pequenos desconfortos. Considerando que “(…) o processo social é um círculo produtivo
ininterrupto no qual, de algum modo, os produtos são necessários à produção daquilo que os produz”
(MORIN), quer-se inserir um discurso desconhecido até então na vida dessa senhora para que ela
não seja mais uma engrenagem alienada na máquina da sociedade patriarcal, mas uma engrenagem
consciente, ou até, quem sabe, um ponto fora da reta, que busca desconstruir essa cultura
hegemônica.
Para alcançar o que se deseja a estratégia foi pautada na ideia de que “(…) as informações –
fragmentadas – não são suficientes” (BACCEGA, 2004), ou seja, não adianta exagerar no número de
informações e oferecer informações soltas, mas sim, promover debates complexos – complexos
como Morin nos traz a ideia de “tecido junto” e inter-relacionado.
Consideramos, porém que informação não é conhecimento. Poderá até ser um passo importante. O
conhecimento implica crítica. Ele se baseia na interrelação e não na fragmentação. Todos temos
observado que essa equivalência do conhecimento à informação é resultado em uma diminuição da
criticidade. (BACCEGA)
Como o objetivo final, portanto, não se tem algo palpável em ações, ou seja, não se espera que essa
mulher obrigue o marido a lavar a louça. Mas sim, deseja-se transformar informação em
conhecimento, buscando levar informações contextualizadas, de forma a debatê-las para que se tenha
um senso crítico quanto às situações cotidianas.
É importante notar que, partindo dos preceitos da educomunicação, este projeto foi construído de
maneira a atender às emergências do público alvo, não sendo algo imposto de maneira vertical. Para
que isso se fizesse possível, o grupo fez uma pesquisa online – em anexo no fim do projeto – em que
perguntava questões referentes aos temas de interesse. Infelizmente, embora o número de mulheres –
de 40 a 55 anos, casadas, de classe média, com ensino médio completo – a quem se tenha mandado a
pesquisa tenha sido grande, apenas vinte e quatro responderam ao questionário. Por relatos, soube-se
que muitas ao lerem as questões desistiam de responder. O que já é sintomático da relação das
mulheres com o tema do machismo. Portanto, apesar de não se ter um número estatisticamente
suficiente de respostas para generalizar a emergência, o grupo trabalhou em cima disso para montar
a metodologia.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1. SOCIEDADE PATRIARCAL

Para entender a origem da opressão a mulher é preciso compreender o sistema no qual ela está
submetida historicamente e seus efeitos. Segundo Castells (2002) “O patriarcalismo é uma das
estruturas sobre as quais se assentam todas as sociedades contemporâneas. Esse modelo é
caracterizado por uma autoridade imposta institucionalmente, legitimando o poder de dominação do
homem sobre a mulher e os filhos”. Essa organização permeia toda a sociedade, da produção ao
consumo, na política, na legislação e na cultura. Os relacionamentos interpessoais saõ marcados pela
violência e opressão, uma vez que para ser perpetuado, exige uma relação de dominação e
submissão. Nesse cenário, se estabeleceu que enquanto ao homem é designada a tarefa de fornecer
casa, comida e estabilidade emocional; coube à mulher as incumbências domésticas e o cuidado dos
filhos.
Bruschini (1993) caracteriza a família patriarcal pelo controle da sexualidade feminina e
regulamentaçaõ da procriaçaõ , para fins de herança e sucessaõ . Com a propriedade privada e a
acumulação de bens, o homem percebe sua participação na gestação do filho e sente a necessidade
de que as relações se tornem monogâmicas, a fim de que o macho pudesse saber qual seria seu
herdeiro. Essa sociedade patriarcal transformaria a mulher em um elemento de exploração e
opressão. Segundo Engels (1980):
“À medida, portanto, que as riquezas aumentavam estas davam ao homem, por um lado, uma
situação mais importante na família que a da mulher, e, por outro lado, faziam nascer nele a idéia de
utilização dessa situação a fim de que revertesse em benefício dos filhos a ordem de sucessão
tradicional. Mas isso não podia ser feito enquanto permanecia em vigor a filiação segundo o direito
materno. Este deveria, assim, ser abolido e foi o que se verificou”. Assim “foi estabelecida a filiação
masculina e o direito hereditário paterno” (MARX, ENGELS, LENIN, 1980:15).
É possível afirmar que os papéis designados a homens, ou a mulheres, não são atribuições naturais
ou biológicas, mas sim construídos de acordo com as necessidades socioeconômicas de cada
sociedade.
Tal afirmação é comprovada a partir de relatos de sociedades matriarcais anteriores a origem da
propriedade privada, onde a mulher era vista como única detentora dos meios de reprodução, dessa
forma, acreditava-se que ela possuía uma espécie de divindade embutida em seu ser, o que gerava
respeito e submissão por parte dos homens. Apesar da teoria não ser unânime entre os historiadores,
fica evidente que a supervalorização do homem foi uma construção social e não natural como se
costuma acreditar.

2. O FEMINISMO: BREVE PANORAMA

Em resposta a opressão patriarcal, ao longo da história ocidental sempre houve movimentos de luta e
resistência contra esse sistema. Mulheres que lutaram pela liberdade e por vezes pagaram com suas
próprias vidas. Por exemplo, em 1791, durante o contexto do Iluminismo e da Revolução Francesa, a
feminista e revolucionária Olímpia de Gouges defendeu a democracia e os direitos da mulher por
meio de obra “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”, onde proclamou que a mulher
possuía direitos naturais idênticos aos homens e que, por essa razão, tinha o direito de participar,
direta ou indiretamente, da formulação das leis e da política em geral. Olímpia foi executada em
1793 por conta de suas obras, que foram o símbolo mais representativo do feminismo racionalista e
democrático.
Considera-se que o primeiro movimento feminista coletivo ou “A Primeira Onda” do feminismo
aconteceu a partir das últimas décadas do século XIX , quando as mulheres, primeiro na Inglaterra,
organizaram-se para lutar por seus direitos. O foco original era pela igualdade nos direitos
contratuais e de propriedade para homens e mulheres, e na oposição de casamentos arranjados e da
propriedade de mulheres casadas (e seus filhos) por seus maridos. As “suffragettes” eram assim
conhecidas justamente por terem iniciado um movimento no Reino Unido a favor da concessão, às
mulheres, do direito ao voto, o que lhes foi cedido em 1920.
A Segunda Onda do Feminismo refere-se a um período que teria começo na década de 1960 e
durado até o fim da década de 1980. Nos Estados Unidos emergia o movimento de Contra Cultura,
movimentos sociais passam a se mobilizar fortemente contra o moralismo que tomara conta da
década anterior. Essa busca por novos valores e quebra de paradigmas deu força ao movimento
feminista, que passou a pregar igualdade não só na esfera política, mas também no campo social e
moral. O movimento passa a encorajar mulheres a compreenderem aspectos de suas vidas pessoais
como fruto de uma construção social que refletia estruturas de poder sexista. Liberdade sexual e fim
dos trabalhos domésticos resignados unicamente às mulheres eram pautas relevantes.
Segundo GOLDENBERG (2001) “Os anos 70 marcaram uma reviravolta no movimento feminista,
que passou a colocar como um dos eixos da sua luta a questaõ da relaçaõ homem-mulher e a
necessidade de reformulaçaõ dos padrões sexuais vigentes”.
A Terceira Onda Feminista ocorre a partir da década de 1990. Essa terceira fase é marcada pela
contestação de definições essencialistas da feminilidade feitas pela Segunda Onda que colocaria
ênfase demais nas experiências das mulheres brancas de classe média-alta.
O movimento é fortemente marcado por uma concepção pós-estruturalista, refletindo claramente
abordagens micropolíticas preocupadas em responder o que é e o que não é bom para cada mulher.
Ela estava inserida em um contexto de novas perspectivas também das Ciências Humanas, como é o
caso da Micro-História, que passa a reconhecer a importância do movimento de organização das
mulheres. Além disso, com o próprio questionamento do padrão branco de classe média-alta das
feministas, mulheres negras começaram a se destacar no movimento e negociar seus espaços para
revelar as diferenças vividas por mulheres com diferentes condições sociais e étnicas. Marcado por
diversos questionamentos internos, as feministas passam a ter um olhar mais crítico sobre o próprio
movimento, o que permitiu o florescimento de novas ideias assim como um aprofundamento de
discurso, que também passa a ser mais abrangente.
Esse pequeno resumo serve para elucidar a importância dos movimentos feministas ao longo da
história. No ocidente, a democracia legitimou a maioria dos direitos civis das mulheres, igualando-as
judicialmente aos homens. No entanto, no campo social, ainda há uma discrepância entre os gêneros
no sentido de que o homem mantém seus privilégios do patriarcado, apesar da mulher muitas vezes
já ter assumido funções antes resignadas a ele. Hoje, a luta se dá principalmente pela conscientização
da opressão vivida como forma de fazer resistência a ela.

3. O EMPODERAMENTO DA MULHER
Por “empoderamento” entende-se a emancipação individual e alcance de uma consciência coletiva
para a superação de um estado de opressão, dependência social e dominação política. É a
conscientização e a participação com relação a dimensões da vida social, a capacidade do indivíduo
realizar, por si mesmo, mudanças necessárias para evoluir e se fortalecer.
Sharma Batliwala afirma que:
“O termo empoderamento se refere a uma gama de atividades, da assertividade individual até à
resistência, protesto e mobilizaçaõ coletivas, que questionam as bases das relações de poder. No caso
de indivíduos e grupos cujo acesso aos recursos e poder saõ determinados por classe, casta,
etnicidade e gênero, o empoderamento começa quando eles naõ apenas reconhecem as forças
sistêmicas que os oprimem, como também atuam no sentido de mudar as relações de poder
existentes. Portanto, o empoderamento é um processo dirigido para a transformaçaõ da natureza e
direçaõ das forças sistêmicas que marginalizam as mulheres e outros setores excluídos em
determinados contextos”. (BATLIWALA, 1994. P. 130)
O termo “empoderamento” vem sendo muito utilizado principalmente por dar o foco maior no
oprimido, ao invés do opressor, dando a ideia de “poder para” ao invés de “poder sobre” algo. A
conscientização do oprimido em relação a sua condição é essencial para que esse possa fazer o
movimento de resistência.
Segundo Mosedale (2005, p.243) existem alguns princípios para o empoderamento: ninguém
“empodera” outrem, o empoderamento nasce do oprimido, é um ato auto-reflexivo. No entanto,
pode-se facilitar o desencadear desse processo, criando condições para tal. A construção da
autonomia, capacidade de tomar decisões sobre a própria vida, assumindo o controle dela. O
empoderamento é um processo, não um produto. Não existe um estágio de empoderamento absoluto.
As pessoas saõ empoderadas, ou desempoderadas em relaçaõ a outros, ou entaõ , em relaçaõ a si
próprias anteriormente.
Sabemos que a opressão sofrida pelas mulheres ao longo dos séculos culminou numa
internacionalização de preceitos que resulta em sua baixa autoestima. Muitas vezes as mulheres
ainda se enxergam na condição de responsável por cuidar do lar, do marido e dos filhos, sustentando
uma imagem tradicional de si mesma, ao mesmo tempo em que na modernidade passa a trabalhar
fora de casa, assumindo mais de um papel. A maneira como a mulher se enxerga vem sofrendo uma
profunda mudança, porém de forma lenta, uma vez que muitas vezes ela própria, sob pressão da
sociedade, se submete ao que a tradição de gênero pressupõe. Portanto, para empoderar-se é
necessário uma transformação do conceito que a própria mulher tem dela mesma, em sua autoestima,
que refletirá em ações nas quais ela evidenciará e reforçará sua nova posição na sociedade.

OBJETIVOS

GERAL
Empoderamento feminino por meio da valorização de si e do próprio corpo.

ESPECÍFICOS
Reconhecimento da opressão e do machismo sofrido diariamente; mudança da concepção do
relacionamento – não viver para o homem, mas com o homem -; se reconhecer como mulher e saber
valorizar isso. Se comprometer a tomar pequenas atitudes

PÚBLICO ALVO

PRINCIPAL
Quinze mulheres de 40 a 55 anos de classe média, cis-heterossexuais, casadas e com ensino superior
ou médio completo.

MARGINAL
O marido dessa senhora e os possíveis filhos que terão suas rotinas alteradas caso ela atinja o
objetivo de empoderar-se e mude seu comportamento como esposa e mãe.
METAS A ATINGIR

O projeto visa trazer uma nova perspectiva para mulheres que a princípio – segundo a pesquisa – não
tem afinidade com o movimento feminista, criando espaço para debater e repensar sobre aspectos do
cotidiano. Espera-se que com a troca de experiências elas possam explorar questões que foram
reprimidas, além de refletir sobre novas questões que serão trazidas.
Sendo assim, não é possível quantificar uma meta específica, uma vez que nosso principal objetivo é
trazer uma conscientização sobre a condição histórica/social da mulher. No entanto, esperamos que
elas possam realizar pequenas mudanças em seu cotidiano na medida em que se acharem prontas
para isso, sendo essa uma forma de empoderamento.

METODOLOGIA

O encontro se realizará em dois momentos: no primeiro momento (dia 01) pretende-se discutir
machismo e opressão; no segundo (dia 02) a valorização da condição de mulher e valorização do
próprio corpo.
Inicialmente será feita uma atividade de discussão a partir de uma provocação: situações serão
colocadas dentro de um saco e conforme esse saco for passando pela roda, cada mulher tira um
papel, lê e todas as mulheres discutem. Exemplo de situações: “acabamos de fazer um jantar em
família. O que cada um vai fazer agora?”; “estou andando pela rua e um homem mexe comigo. O
que eu penso/sinto?”; “no trabalho tenho minha fala algumas vezes cortada e desvalorizada por
colegas homens. O que eu faço?”; “o sexo sempre acaba quando meu marido atinge o orgasmo. Isso
é normal?”. Conforme as discussões forem acontecendo, infográficos e charges serão mostrados em
uma apresentação de Power Point para que evidenciem aquele tema num contexto macro. Por
exemplo: quando a discussão for sobre desvalorização da mulher no âmbito do trabalho, serão
mostrados dados do IPEA – em forma de infográfico para que a leitura seja mais didática – que
mostram que as mulheres ainda ganham menos que os homens.
Em 2003, os homens recebiam, em média, R$695,4 ao mês, enquanto as mulheres recebiam apenas
R$439,9, o que equivale a cerca de 2/3 do salário masculino. De forma ainda mais intensa, os negros
recebiam cerca de 48% do salário dos brancos, perfazendo R$369 em média por mês, contra R$769
dos brancos. Os dados evidenciam, ainda, a situação das mulheres negras: Mulheres brancas
ganham, em média, 59,5% do que ganham homens brancos, enquanto as mulheres negras ganham
65% dos homens do mesmo grupo racial e apenas 30% do rendimento médio de homens brancos.
(IPEA)
O intuito dessa primeira atividade é obter um panorama geral sobre a opinião das mulheres em
relação as problemáticas machistas presentes no dia-a-dia: trabalhos domésticos que são resignados
as mulheres, assédio em espaço público, desvalorização da mulher no mercado de trabalho, etc. As
discussões serão feitas de acordo com a bagagem pessoal delas, de forma com que se sintam a
vontade, se conheçam melhor, troquem experiências, e possam pensar sobre um discurso machistas
que, de tão naturalizado, passa a ser reproduzido e validado por aqueles que sofrem com ele (nesse
caso, as mulheres).
Após essa discussão, as mediadoras farão uma pequena apresentação teórica sobre a sociedade
patriarcal e o feminismo. Os principais pontos serão: situar o movimento feminista historicamente,
indicando que muitas conquistas foram alcançadas, mas ainda há muito a que se trabalhar nessa
causa; mostrar que existem diferentes linhas de feminismo; mostrar que o grupo Femen não
representa a maioria das mulheres feministas, que suas ideologias radicais e não podem ser
referência de feminismo – embora a mídia tente dar a elas esse papel. A intenção é fazer com que as
participantes possam enxergar a opressão histórica sofrida pelas mulheres ao longo dos anos e que
permanece até hoje, entendendo que as atitudes que discutimos anteriormente são fruto de uma
construção social que privilegia os homens. Perceber que existe uma tentativa de legitimar atitudes
machistas sob o argumento de que existe um comportamento “natural” do homem e da mulher.
Buscar-se-á deixar claro que o feminismo não é uma luta de mulheres contra homens, mas sim a luta
contra a opressão e pela igualdade de gênero no âmbito público e privado.
Depois de uma pausa para o lanche será feita uma atividade chamada “Dinâmica da bexiga”.
Bexigas cheias serão amarradas ao pulso de cada mulher e será dito que esta representa sua
individualidade, portanto, muito preciosa, e será dado um palito de dente para cada, que é aquilo que
elas podem usar para se proteger, como forma velada de incitar a competição entre elas. Depois, a
sala será trancada e a chave deixada em um lugar longe de todas, difícil de alcançar. As mulheres
deverão conseguir sair da sala sem que a bexiga seja estourada. Caso a bexiga estoure, a participante
sai da brincadeira.
A reação esperada é de que, para se defender, uma tente estourar a bexiga da outra. Caso isso
aconteça, faremos uma roda para conversar porque elas chegaram naquela solução, se não haviam
outros meios de sair da sala sem atacar a individualidade da outra. Outra reação possível mas não
esperada é de que elas percebam que para sair não é necessário estourar a bexiga da outra. A
atividade é uma forma de ilustrar um comportamento frequente entre as mulheres: a competição. Os
palitos de dente representam a pressão intangível estimulada pela sociedade que faz com que as
mulheres sintam que precisam rivalizar umas com as outras como forma de autodefesa.
A dinâmica será aproveitada para discutir outras problemáticas da relação de mulheres com outras
mulheres: fofocas, xingamentos sexistas, e para introduzir o conceito de “slutshaming” ,
investigando sua origem e as razões porque esse comportamento é reproduzido.
Para finalizar a oficina do dia 01, serão mostrados casos de machismo institucionalizados de
antigamente que já foram superados, e será feito um contraponto com casos atuais, mostrando que
ainda há muito a ser feito e instigando essas mulheres a quererem
No segundo dia, a primeira atividade retomará a discussão do dia anterior sob uma nova perspectiva:
a valorização pessoal como forma de resistência a essa rivalidade socialmente construída.
Haverá um manequim onde estarão colados post-its com características vistas como negativas:
gorda, feia, peluda, desleixada, perua, etc. E será feita uma desconstrução desses conceitos. O intuito
da atividade é perceber que essas características são subjetivas e ferem o direito da mulher de decidir
a maneira com a qual ela quer se comportar e se portar (ex: não se depilar, não se arrumar, se
arrumar bastante). A intenção também é mostrar que isso é uma forma da sociedade de desqualificar
uma mulher por estar fora de um padrão de beleza insustentável. Perceber que a mulher sofre mais
pressão do que o homem para manter-se dentro desse padrão, e que a vaidade feminina não é algo
“natural” e sim fruto de mais uma construção social.
Será feita uma segunda atividade onde estarão expostas fotos de algumas artistas (modelos, atrizes e
celebridades) que foram tratadas por programas de edição de imagens, e outras fotos das mesmas
artistas que não foram tratadas. Nas fotos que não foram tratadas, ficam evidentes detalhes como
estrias, celulites, olheiras e outras “imperfeições” da pele. Será feita leitura crítica em conjunto das
imagens sob o ponto de vista midiático, como pretende a educomunicação – desconstruindo e
olhando criticamente aquele produto. A distorção da realidade feita pela mídia através de programas
de tratamento de imagem exalta um padrão de beleza inatingível (exemplo: Mulheres com mais de
40 anos sem rugas, manchas ou estrias), o que diminui a autoestima das mulheres, e faz com que elas
se sintam coagidas a consumir produtos de beleza e procedimentos estéticos que não trarão o
resultado idealizado: a satisfação dela com o próprio corpo.
Usando a aceitação do corpo como gancho, será apresentado um trecho de um episódio da série
“Orange is the New Black”, em que as personagens discutem a vagina e falam sobre a necessidade
de se conhecer.
Será feita uma conversa sobre prazer feminino de forma geral (sexo, orgasmo, masturbação),
fazendo uma análise tanto social, no sentido de discutir a opressão sexual vivida pela mulher, quanto
do ponto de vista prático, investigando com é a relação que elas tem com a própria sexualidade.
Nesse momento as mediadoras poderão se retirar para que aquelas mulheres tenham um momento de
troca de dúvidas e experiências, a qual se faz extremamente necessária para reatar o laço entre as
mulheres que a sociedade patriarcal faz questão de desatar, instigando a competição.
Como atividade final, serão explorados outros sentidos dessas mulheres, visto que o audiovisual já
foi bem utilizado. Cada uma irá se vendar e será colocado um áudio de mulheres desconhecidas
relatando casos de machismo sofrido em casa, na rua, na escola, no trabalho… Após, as mediadoras
pedirão – e auxiliarão nessa tarefa – que as participantes, ainda com os olhos vendados, toquem nas
mãos, nos rostos e nos cabelos umas das outras. A atividade será finalizada com uma roda em que
cada uma contará em uma palavra o que sentiu dessa experiência. O motivo desta é mostrar que
todas estão na mesma situação e são cúmplices, a partir da exploração da sinestesia. Por fim, será
feito um painel com atividades que elas acreditam que possam se comprometer a fazer de acordo
com tudo que foi compartilhado. O grupo se reencontrará um mês, seis meses e um ano depois para
avaliar como está se dando o progresso da turma.
AVALIAÇÃO

Para que se saiba se a meta foi atingida, serão realizados três encontros após o fim de semana da
intervenção: após um mês, após seis meses e após um ano. Dessa forma, será possível acompanhar
se a semente que foi plantada está germinando, germinou e já rendeu frutos ou murchou. A avaliação
será feita por meio de discussões, troca de experiências e dinâmicas.

CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

ENCONTRO DATA DURAÇÃO


Dia 01 Sábado 3h30min
Dia 02 Domingo 3h30min
Dia 03 Sábado um mês depois do final de semana inicial 1h30min
Dia 04 Sábado seis meses depois do final de semana inicial 1h30min
Dia 05 Sábado um ano depois do final de semana inicial 1h30min

BIBLIOGRAFIA

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