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O Superior Tribunal de Justiça julgou um recurso especial interposto pela União Federal contra decisão do Tribunal Regional Federal que permitiu embargos de terceiro sobre bem penhorado. O STJ manteve a decisão, argumentando que o contrato de cessão de direitos sobre o bem foi celebrado antes da execução fiscal, mesmo sem registro, e o embargante comprovou quitação das obrigações, permitindo os embargos de terceiro.
O Superior Tribunal de Justiça julgou um recurso especial interposto pela União Federal contra decisão do Tribunal Regional Federal que permitiu embargos de terceiro sobre bem penhorado. O STJ manteve a decisão, argumentando que o contrato de cessão de direitos sobre o bem foi celebrado antes da execução fiscal, mesmo sem registro, e o embargante comprovou quitação das obrigações, permitindo os embargos de terceiro.
O Superior Tribunal de Justiça julgou um recurso especial interposto pela União Federal contra decisão do Tribunal Regional Federal que permitiu embargos de terceiro sobre bem penhorado. O STJ manteve a decisão, argumentando que o contrato de cessão de direitos sobre o bem foi celebrado antes da execução fiscal, mesmo sem registro, e o embargante comprovou quitação das obrigações, permitindo os embargos de terceiro.
RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : GILBERTO DEON CORRÊA JUNIOR E OUTROS RECORRIDO : LUÍS CARLOS LUCIANO DA ROSA E OUTRO ADVOGADO : DELMAR ELY ZIMMER
RELATÓRIO
EXMO. SR. MINISTRO FRANCIULLI NETTO (Relator):
Cuida-se de recurso especial, interposto pela União Federal, com amparo
no artigo 105, inciso III, alínea "a", da Constituição Federal, em face de v. acórdão proferido pelo Egrégio Tribunal Regional Federal da 5.ª Região, o qual firmou posicionamento no sentido de que os embargos de terceiro constituem instrumento adequado para "discutir penhora sobre bem adquirido por força de contrato de cessão de direitos, quando os embargantes tem a posse sobre o bem, com quitação de suas obrigações" (fl. 37).
A União Federal, irresignada com o improvimento do recurso de apelação
e remessa oficial, interpôs recurso especial, mediante o qual alega violação dos artigos 11 da Lei n. 5.741/71; 223 c/c o 222 da Lei dos Registros Públicos; 130, 134, II, e 135 do Código Civil, bem como artigo 333 do CPC.
Consoante narra a recorrente, o egrégio Tribunal a quo adotou
basicamente dois fundamentos para negar provimento ao recurso de apelação, a saber, "a existência de contrato anterior à penhora, estando o autor na posse do bem e a desnecessidade de registro das alterações contratuais que não importem novação do financiamento habitacional" (fl. 51).
Argumenta a recorrente, ademais, que o contrato celebrado não foi
averbado em cartório, bem como não possui firma reconhecida, o que, em tese, "permitiria indagar se não teria sido confeccionado ad hoc para legitimar o ingresso dos embargos." Adverte, ao ensejo da conclusão, que a simples celebração do contrato não Documento: 1302105 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 1 de 5 Superior Tribunal de Justiça implica transferência de posse.
É o relatório.
Documento: 1302105 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 2 de 5
Superior Tribunal de Justiça RECURSO ESPECIAL Nº 293.997 - RS (2000/0135816-2)
EMENTA
EMBARGOS DE TERCEIRO. CONTRATO DE CESSÃO DE
DIREITOS. AUSÊNCIA DE AVERBAÇÃO EM CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. CONTRATO CELEBRADO ANTERIORMENTE À PROPOSITURA DA EXECUÇÃO FISCAL. CABIMENTO DOS EMBARGOS DE TERCEIRO. PRECEDENTES. ENUNCIADO N. 84 DA SÚMULA DO STJ.
Cumpre esclarecer, desde logo, que as execuções fiscais
foram propostas em meados de 1993, o que ensejou a expedição de mandado de penhora em 06.12.93 (fl. 06). Ocorre, todavia, que o negócio jurídico foi celebrado em 09 de setembro de 1987, ou seja, cerca de seis anos antes do ajuizamento da execução fiscal.
No particular, por mais que o aludido contrato não esteja
averbado no registro de imóveis, ou seja, "a despeito da obrigatoriedade do registro da compra e venda no Cartório de Registro de Imóveis, para que se possa atribuir eficácia erga omnes ao negócio jurídico realizado, permanece vigente o enunciado 84 da Súmula desta Corte, que faculta a oposição de embargos de terceiro ao adquirente de boa-fé. (REsp 500.934/SP; Rel. Min. Castro Filho, DJ 25.02.2004, p. 169; AGREsp 507.767/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ 20.10.2003, p. 212).
Recurso especial improvido.
VOTO
EXMO. SR. MINISTRO FRANCIULLI NETTO (Relator):
Documento: 1302105 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 3 de 5 Superior Tribunal de Justiça
Cumpre esclarecer, desde logo, que as execuções fiscais foram
propostas em meados de 1993, o que ensejou a expedição de mandado de penhora em 06.12.93 (fl. 06). Ocorre, todavia, que o negócio jurídico foi celebrado em 09 de setembro de 1987, ou seja, cerca de seis anos antes do ajuizamento da execução fiscal.
Conquanto o negócio jurídico celebrado entre Luiz Carlos Luciano da
Rosa, ora recorrido, e José Carlos da Luz envolvesse tão-somente a cessão de direitos de um imóvel objeto financiamento junto ao extinto BNH, não se pode olvidar a boa-fé do adquirente no momento da conclusão do contrato.
No particular, por mais que o aludido contrato não esteja averbado no
registro de imóveis, ou seja, "a despeito da obrigatoriedade do registro da compra e venda no Cartório de Registro de Imóveis, para que se possa atribuir eficácia erga omnes ao negócio jurídico realizado, permanece vigente o enunciado 84 da Súmula desta Corte, que faculta a oposição de embargos de terceiro ao adquirente de boa-fé. (REsp 500.934/SP; Rel. Min. Castro Filho, DJ 25.02.2004, p. 169).
A teor da reiterada jurisprudência consolidada no âmbito deste egrégio
Superior Tribunal de Justiça, o contrato de gaveta – "designação atribuída aos negócios jurídicos de promessa de compra e venda de imóvel realizados sem o consentimento da instituição de crédito que financiou a aquisição (REsp 119.466/MG, Rel. Min. Ari Pargendler, DJ 19.06.2000, p.140) – representa uma realidade social a que o Direito não pode ignorar. Embora o recorrido não tenha efetivado a averbação do negócio jurídico no Cartório de Registro de Imóveis, promoveu o pagamento da integralidade das prestações decorrentes do financiamento, o que lhe proporcionou a quitação e a transferência do bem.
A par dessas circunstâncias, impende salientar, novamente, que a
recorrida logrou comprovar que a cessão de direitos foi celebrada anteriormente à propositura da execução fiscal. Desse modo, nos termos da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, "comprovando-se que o compromisso de compra e venda foi Documento: 1302105 - RELATÓRIO, EMENTA E VOTO - Site certificado Página 4 de 5 Superior Tribunal de Justiça celebrado antes do ajuizamento da execução fiscal, ainda que o registro seja posterior, o contrato é suficiente para provar a posse, admitindo-se os embargos de terceiro para ser afastada a constrição incidente sobre o imóvel em comento" (AGREsp 507.767/RS, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ 20.10.2003, p. 212).
Ante o exposto, nego provimento ao recurso especial.
É o voto.
Ministro FRANCIULLI NETTO, Relator.
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