presença compartilhada do ator) tenham encontrado um meio de se contra
por ao domínio formal da cultura midiática, rompendo com os velhos hábi
tos narrativos ligados ao mundo dramático. Em termos dialéticos, é como se a pressão dessa expansão midiática tivesse gerado seu contrário, ou ao menos tivesse feito com que o teatro mais experimental pudesse chegar perto de "uma reconciliação com sua própria existência ao virar para o exterior seu caráter de aparência, seu vazio interior", segundo os termos de Adorno. As dezenas de procedimentos teatrais aqui descritos de modo enciclopédico por Lehmann são tentativas de contramão, geradas por uma reflexão autocrítica sobre a condição material e existencial do próprio teatro. Tendo em vista o horizonte de uma nova situação histórica, o conceito de "teatro pós-dramático" é lançado ao debate na perspectiva de uma "oposição à categoria epocal 'pós-moderno"', como afirma Lehmann [p. 2 4 ] . Para ele, o que o melhor teatro surgido nesse momento pode fazer não é rejeitar a "mo dernidade", mas tentar subverter de modo radical as heranças formais domi nantes - sobretudo a dramática, que foi incorporada de modo tão rebaixado pelos meios de comunicação de massa. Por outro lado, a correção do aparato teórico do pós-modernismo por meio de uma historicização das formas con duz Lehmann a um embate com Peter Szondi, o principal autor a orientar o método da "semântica das formas". Em sua Teoria do drama moderno, Szondi formula a hipótese de que o grande teatro do modernismo foi aquele que su perou a crise histórica do drama burguês mediante experimentações épicas. Na opinião de Lehmann, essa hipótese pode restringir o entendimento de certos fenômenos artísticos posteriores, para os quais já não se pode aplicar sem mais nem menos o vocabulário do teatro épico (ainda que o recorte his tórico do livro de Szondi, 1880-1950, seja claro a esse respeito). Ademais, Lehmann argumenta que a superação épica empreendida por um autor modelar como Brecht não implicaria uma plena mudança qualita tiva em relação à tradição hegemônica do teatro, baseada no texto composto por diálogos entre figuras. Para dar sustentação a essa tese polêmica, o autor faz uso de um conceito expandido de "dramà'. Não se trata mais do drama burguês, baseado no diálogo intersubj etivo e na forma de um presente ab soluto e contínuo, apresentado sem mediações externas por meio de figuras