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Organizadora
Dileni Freitas
ISBN 85-7650
Foto da capa
Revisão
Elisa Sankuevitz
Helô Castro
7 APRESENTAÇÃO
9 NA VOZ DA ORGANIZADORA
11 PREFÁCIO
83 FONOAUDIOLOGIA E EDUCAÇÃO
Em busca de uma voz saudável
Mary V. Andrianopoulos e Bianca Noé LaRose
111 ÁGUA: UMA QUESTÃO DE SAÚDE
A educação ambiental e a lutapela melhoria na
qualidade de vida
Glaucia Aparecida Rosa Cintra Peretti
151 COLABORADORES
APRESENTAÇÃO
continuar a tecer as necessárias e ilimitadas conexões para
transformar a educação em nosso País.
Maurício Castanheira
Doutor em Filosofia e
Professor do Mestrado em Educação,
Universidade Católica de Petrópolis
Dileni Freitas
PREFÁCIO
11
E mais do que isso, as “vozes ouvidas” nos discursos dos
autores nos revelam a necessidade de construção de um novo
operador ético, que aponta para a resistência ao já instituído,
às formas de dominação. Essa luta não se funda na ação in-
dividual, mas na produção coletiva que se forma nas práticas
institucionais.
Ou seja, o desafio é produzir novas relações humanas,
pautadas no reconhecimento do outro, que não apenas o es-
pecialista; parafraseando Foucault, é criar formas que permi-
tam que o sujeito “invente a si mesmo como obra-de-arte”;
é tecer redes... Esse é o convite dos autores, dos quais me
aproximo para desejar a todos, que anseiam por uma recons-
trução de suas práticas profissionais – boa leitura e grandes
questionamentos.
INTRODUÇÃO
O ser humano se diferencia dos outros animais principal-
mente pela capacidade de comunicação por meio dos códi-
gos lingüísticos. Desde a Antiguidade essa capacidade comu-
nicativa foi objeto de estudo e sempre muito valorizada. Até
o século IV acreditava-se que falar bem era um dom natural.
Foi Aristóteles, filósofo grego, o primeiro a deixar um legado
escrito a respeito da oratória e da retórica, a Arte Retórica. A
partir desta época até os dias de hoje, a busca por uma comu-
nicação eficaz ainda é um desejo e uma necessidade.
A Fonoaudiologia, na última década, tem avançado seus
estudos na área da expressão oral. Livros, artigos e teses bus-
cam desvendar a utilização da voz, da fala e de todos os fato-
res que envolvem o ato de se comunicar. Dentro deste tema
abrangente, existe um segmento específico que é dedicado
ao estudo da expressão oral de profissionais. Entre os profis-
sionais que utilizam a expressão oral como veículo básico de
seu trabalho, podemos citar os profissionais das artes (canto-
res e atores), do marketing (vendedores e teleoperadores), do
jornalismo (locutores, telejornalistas e radialistas), do direito
(juízes e promotores), da educação (professores, coordenado-
res), entre outros (FERREIRA, 1995).
As realidades de cada profissão são diferentes e peculia-
res. O mundo de vivências e o contexto sociocultural em que
cada um desses profissionais está imerso são diversos entre
13
si. Estudos sobre a expressão oral de atores e locutores são
distintos, pois envolvem contextos diferentes. Vejamos um
exemplo: um ator necessita projetar a voz para que todos no
teatro possam escutá-lo, mas um locutor radiofônico não tem
essa necessidade. O ator trabalha com a interpretação corpo-
ral além da vocal; o locutor deverá dizer com autenticidade
sua mensagem valendo-se unicamente da voz falada. Essas
observações óbvias e simples demonstram a diferença entre
o uso que profissionais podem fazer da expressão oral.
Nosso objetivo é demonstrar como a Fonoaudiologia
pode contribuir para a Educação mediante o aperfeiçoamen-
to da comunicação oral do professor. Ser um bom falante traz
vantagens tanto na vida pessoal quanto na profissional. Pela
comunicação, o indivíduo se faz pessoa, indo do ser singular
para a relação plural. A comunicação compõe o processo bá-
sico para a prática das relações humanas, assim como para
o desenvolvimento da personalidade e para toda a troca de
conhecimentos e aprendizagens (POLISTCHUK e TRINTA,
2003).
Quando um indivíduo usa a comunicação profissional-
mente, é necessário que ele adquira um domínio das estra-
tégias que podem ser usadas no ato comunicativo. Em vá-
rias profissões, saber se comunicar torna-se uma necessidade
para que o profissional alcance o sucesso. Ser professor im-
plica, em termos vocais, falar e falar sempre e muito. É pela
comunicação oral que ele motiva, ensina, educa, conversa,
orienta seus alunos.
Segundo Roy (2001), são os professores que apresentam
maior incidência de queixas vocais específicas e de descon-
forto físico, quando comparados a outros profissionais. Um
professor com voz fraca ou que passe o tempo de aula senta-
do atrás da mesa, sem expressão corporal, poderá não moti-
var seus alunos a aprender.
A formação de um professor é ao mesmo tempo diver-
sificada, no que se refere às diversas correntes do saber hu-
mano, e setorizada, no que se refere ao conhecimento espe-
cífico daquilo que vai ensinar. Mas ele é sempre o indivíduo
intermediador e facilitador entre o conhecimento e o aluno,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora as novas tecnologias e recursos educativos possam
oferecer oportunidades e caminhos diversos para a aprendiza-
gem, a comunicação oral, por meio da voz e da fala, exercerá
sempre o domínio no lecionar, pois é o diálogo que nos permi-
BIBLIOGRAFIA
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Janeiro: Revinter, 2001.
35
expressões de sentimentos que necessitam ser reconhecidos
e compreendidos, indo assim contra a violência, já que esta
representa o oposto do diálogo, caracterizando a negação
do outro. Podemos então, caracterizar a humanização como
a oposição à violência, seja física, psicológica ou simbólica,
que se apresenta pela dor de não ter a compreensão de suas
demandas e expectativas.
A busca pela humanização nas escolas não considera so-
mente as necessidades dos alunos, mas, junto a esta preocupa-
ção se destaca a importância do cuidado com os profissionais
e funcionários, promovendo a humanização, também, nas
relações de trabalho. Para que este processo seja legitimado,
é preciso uma reflexão coletiva sobre a visão de mundo e de
sua identidade, sendo considerada uma questão de atitude e
não pode ser identificada somente pelo que se sabe, mas sim
como se utiliza o saber.
A escola deve assumir a tarefa de fortalecer a auto-estima,
respeitando os direitos, a subjetividade e a cultura de seus alu-
nos, ajudando a construir e fortalecer identidades, desenhar
rostos e formar sujeitos críticos e participativos. É urgente
a necessidade de reflexões sobre a tarefa que cabe à escola,
quais os saberes especificamente escolares que podem ajudar
na produção e apropriação cultural de seus alunos. Questio-
namentos constantes se levantam sobre a formação integra-
dora e humanizada que a escola se propõe. Para isso, destaca
Calvart (2002), a escola não pode ceder ao isolamento insti-
tucional, tornando-se alheia às necessidades de seus alunos.
É preciso identificar as possíveis contradições entre o que
esperam os alunos e professores e o que conseguem fazer.
A educação é um processo de apropriação da realidade,
que propõe o enfrentamento de desafios, descobertas de no-
vas possibilidades de transformação e revalorização da reali-
dade. Neste sentido, o indivíduo pode compreender seu pre-
sente, assumir e conduzir sua história. A escola é um espaço
que recebe uma diversidade expressivo de pessoas, dentre
elas um número muito grande de adolescentes. Assim, seu
currículo necessita ser construído com temas que apontem
para a realidade de sua população, escolhidos após um diag-
ASPECTOS BIOPSICOSSOCIAIS
DA GRAVIDEZ EM ADOLESCENTE
Por longos anos, a gravidez na adolescência não era tema
passível de discussão, por ser considerada um acontecimento
habitual para os padrões e costumes vigentes. A Revolução
Industrial e a Primeira Guerra Mundial, segundo Furtado
apud Santos (2003), trazem mudanças relevantes, eviden-
ciando um novo personagem, o adolescente que debutava
no mercado de trabalho. O autor ainda aponta a questão so-
cial em que a gravidez passou a ser encarada como obstáculo
ao sucesso profissional e comprometia a estrutura econômica
familiar.
Os trabalhos a esse respeito, segundo Gama (2004), aju-
daram a descortinar alguns pontos importantes sobre o as-
61
A Organização Mundial da Saúde (OMS) vem apresen-
tando ao longo do tempo as doenças crônicas como principal
causa de mortalidade e incapacidade do mundo. O Informe
de Saúde da OMS (2002) revela que, no ano de 2001, estas
doenças foram responsáveis por 60% dos 56,5 milhões de
óbitos no mundo, representando cerca de 46% da carga glo-
bal de doenças, com estimativas de chegar a 2020 com 57%.
Mais da metade das mortes atribuídas às enfermidades crôni-
cas deve-se as doenças cardiovasculares. Entretanto a obesi-
dade e a diabetes ocupam posição de destaque nestas estatís-
ticas, devido a sua tendência ascendente, principalmente de
forma cada vez mais precoce. De acordo com dados do Mi-
nistério da Saúde, as DCNT respondem pela maior parcela
dos óbitos no País e das despesas com assistência hospitalar
no SUS, totalizando cerca de 69,1% dos gastos com atenção
à saúde em 2002.
No Brasil, a transição epidemiológica não tem ocorrido
de acordo com o modelo experimentado pela maioria dos
países industrializados (Estados Unidos, Inglaterra) e mesmo
por nossos vizinhos latino-americanos como o Chile, Cuba
e Costa-Rica. Na realidade brasileira coexiste uma super-
posição entre as etapas nas quais predominam as doenças
transmissíveis (infecciosas e parasitárias) e as crônicas não
transmissíveis (obesidade, câncer, doenças cardiovasculares,
diabetes, entre outras). Esta transição vem acontecendo tam-
bém devido ao aumento do consumo de alimentos altamente
energéticos e à diminuição da oferta de frutas, legumes, ver-
duras e cereais, caracterizando o que se denomina de transi-
ção nutricional.
A TRANSIÇÃO NUTRICIONAL
E SUA RELAÇÃO COM A OBESIDADE
A transição nutricional também não vem ocorrendo exata-
mente no mesmo período de tempo e ritmo em todos os pa-
íses, embora se identifiquem elementos comuns na dieta das
populações, tendo como principais aspectos o alto teor de
açúcar, de gorduras (principalmente de origem animal), de
BIBLIOGRAFIA
BARROSO, M. G. T.; VIEIRA, N. F. C.; VARELA, Z. M. V. Edu-
cação em saúde: no contexto da promoção humana. Fortaleza: Edições
Demócrito Rocha, 2003.
83
e projeção de moléculas de ar ou sinais acústicos, que mi-
gram por meio dos tubos vocal, oral e nasal. A ressonância
contribui para aspectos únicos da fonação, mediante sons
que são reforçados ou prolongados quando refletem em ou-
tras estruturas do trato vocal. Respiração é a fonte de força
que coloca as moléculas de ar em movimento e as ppvv em
vibração. Uma quebra em um ou em todos estes processos
contribuirá para uma desordem da comunicação. Desordens
da Comunicação são diagnosticadas e tratadas por fonoau-
diólogos/as. Os aspectos médicos e fisiológicos encontrados
em cada desordem da comunicação são tratados por vários
especialistas médicos conforme a natureza do problema, as
desordens específicas e os mecanismos patológicos envolvi-
dos. As especialidades comumente agregadas ao trabalho dos
fonoaudiólogos/as são: clínica médica, otorrinolaringologia,
neurologia, pneumologia, psicologia, psiquiatria, alergologia
e educadores especiais, entre outros. Nos problemas rela-
cionados à voz, fonoaudiólogos trabalham em parceria com
otorrinolaringologistas e professores de técnica vocal para o
estabelecimento do diagnóstico diferencial e a reabilitação
dos distúrbios vocais. Assim também ocorre no treinamento
de profissionais da voz, como cantores, atores e tantos outros
que usam a voz como principal instrumento de trabalho.
De acordo com Titze (1995), nossas vozes revelam quem
somos e como nos sentimos, expondo consideravelmente a
estrutura, funcionamento e saúde do corpo humano. Perkins
(1968) sugeriu que da voz de uma pessoa podemos extrair in-
formações como: saúde física e mental; personalidade; identi-
dade; talento vocal, e outras orientações básicas. Além disso,
nossas vozes são como uma planta arquitetônica, não im-
portando o quanto agradável ou desagradável cada voz soa.
A planta arquitetônica dos sinais acústicos de um indivíduo
pode ser descrita de forma subjetiva (perceptiva) ou objetiva.
As propriedades acústico-perceptivas da voz humana inclui
como a voz soa e a maneira pela qual o ouvinte a percebe.
Em um nível subjetivo, a voz pode ser descrita como muito
aguda ou muito grave, de intensidade muito alta ou muito
baixa, tensa ou comprimida, instável, rouca, soprosa, meló-
FONOAUDIOLOGIA E EDUCAÇÃO 85
características vocais obtidas em várias línguas nativas têm
sido apresentadas por algumas culturas e raças, mas ainda
assim os dados são escassos e limitados (WHEAT, HUDSON,
1988; MAYO, MANNING, 1994; WALTON, ORLIKOFF, 1994;
MAYO, GRANT, 1995; TRENT, 1995; AWAN, MUELLER, 1996;
XUE, MUELLER, 1996; SAPIENZA, 1997; XUE, FUCCI, 2000;
ANDRIANOPOULOS, DARROW, CHEN, 2001; XUE, NEELEY,
HAGSTROM, HAO, 2001; XUE, HAGSTROM, & HAO, 2002;
ALTENBERG, FERRAND, 2005). Existe claramente a necessi-
dade de se estabelecer uma database internacional de dados
normativos de medição vocal padrão para que especialistas
da voz e fonoaudiólogos/as possam comparar dados objeti-
vos instrumentais para idade, sexo, cultura e raça, com o pro-
pósito de estabelecer uma distinção entre diferenças vocais e
distúrbios vocais clínicos. Medições instrumentais de função
vocal e saúde vocal também são obtidas através do uso de
imagem estroboscópica da laringe e ppvv, medidas aerodinâ-
micas, eletroglotografia (EGG) e eletromiografia (EMG).
Profissionais que fazem uso extensivo da voz em suas ocu-
pações precisam entender os mecanismos e manutenção do
estado saudável do seu instrumento vocal, para que possam
então usá-lo efetiva e eficientemente. Entre estes profissionais
estão incluídos cantores, atores, professores, vendedores, te-
lemarketers, telefonistas, palestrantes, advogados, técnicos es-
portistas e outros. Quanto mais um indivíduo depende da
voz para fins ocupacionais, mais devastadores são os efeitos
dos problemas vocais na qualidade de vida desta pessoa, não
importando a gravidade do problema. A Tabela 1 enume-
ra várias categorias de problemas vocais, exemplificando
problemas de base neurogênica, problemas sistêmicos que
afetam a voz e a laringe, mudanças estruturais afetando os
tecidos da laringe e das ppvv, distúrbios devido ao mau uso
e abuso da voz, contribuindo com fonotraumas, lesões trau-
máticas, problemas de base psicogênica ou de personalidade,
entre outros transtornos vocais e laríngeos.
FONOAUDIOLOGIA E EDUCAÇÃO 87
Inflamatória Laringite, aguda ou crônica
Hiperplasia, leucoplasia,
Mudanças epitelianas
hiperqueratose
Congênita ou
Diafragma laríngeo
adquirida
Processo de
Presbifonia
envelhecimento
Sulco Vocal Congênita ou adquirida
Distúrbios vocais secundários do uso vocal
Fonotrauma Mau uso/Abuso vocal
Uso excessivo da voz Fadiga vocal
Disfonia por Tensão Muscular (DTM
Tensão muscular
– I-IV)
Mudanca de sexo Transexual
Traumática
Cirúrgica ou por
Dano direto ou indireto do Nervo vago
injúria
Problemas psicogênicos
Psicossomático Disfonia psicogênica
Estresse Ambiental ou mental
Personalidade Identidade ou tratos de caráter pessoal
Outros Problemas de identidade
Problemas laríngeos e respiratórios
Obstrução aguda das Movimentos Paradóxicos de Pregas
vias aéreas superiores Vocais (MPPV)
Problemas congênitos
Estenose subglótica, laringomalácia
das vias aéreas
Irritação laríngea Tosse crônica, pigarro, MPPV, RLF
FONOAUDIOLOGIA E EDUCAÇÃO 89
diferenças entre sexos em 46,3% de mulheres comparadas
a 36,9% de homens, na qual elas não somente tiveram uma
prevalência mais alta de distúrbios vocais durante a vida,
como também tiveram uma prevalência significantemente
mais alta de distúrbios vocais crônicos, com duração de mais
de quatro semanas.
No decorrer da década passada, numerosos estudos em-
píricos publicados relataram os problemas negativos rela-
cionados ao magistério como uma ocupação e o início de
problemas vocais. Smith et al. (1998) constataram que 38%
de 554 professores/as se queixaram de que esta profissão tem
afetado negativamente suas vozes e que 39% tiveram de re-
duzir a carga horária de ensino direto como resultado. Nesta
investigação, Smith et al. (1998) relataram que 20% dos pro-
fessores/as neste estudo faltaram ao trabalho devido a distúr-
bios vocais, durante o ano de emprego anterior. Ausências no
trabalho devido a distúrbios vocais também foram relatados
por Sapir, Keidar, & Mathers-Schmidt (1993). Estes autores
constataram que, entre 237 professores, mais que um terço
deles perderam dias de trabalho devido a distúrbios vocais.
Ortiz et al. (2004) investigaram a prevalência de distúrbios da
voz no Brasil, utilizando um protocolo de diagnóstico multi-
disciplinar para descartar disfonia em usuários de voz pro-
fissional. Estes autores relataram que 40% dos participantes
afirmaram que o início da disfonia estava relacionado com o
trabalho, dada à demanda vocal de suas profissões. Ortiz et
al. (2004) ressaltaram que distúrbios vocais no ambiente pro-
fissional têm aumentado e que a produção econômica tem
sido afetada.
Evidências empíricas claramente apóiam que o início de
problemas relacionados à voz é um significante risco ocupa-
cional para professores. O desencadeamento de distúrbios
vocais não só põe em risco a carreira e a qualidade de vida
do professor, como também afeta negativamente a econo-
mia nacional do País, com respeito à perda de trabalho e às
despesas médicas impostas tanto ao cliente quanto às com-
panhias de seguro e aos convênios de saúde. Verdolini e Ra-
mig (2001) relataram que aproximadamente 25% ou mais da
FONOAUDIOLOGIA E EDUCAÇÃO 91
fatores ambientais (acústica da sala, umidade, temperatura
e substâncias irritativas) e fatores psicoemocionais (estresse,
emoção, composição de grupos e pressão no trabalho). Os
impactos coletivos e econômicos de problemas relacionados
à voz entre professores sem dúvida afetam a atuação no tra-
balho, a freqüência e possivelmente a escolha de carreira.
Parece lógico que educação, prevenção e tratamento precoce
de problemas da voz relacionados ao trabalho seja a aborda-
gem ideal e de baixo custo para minimizar estes problemas
em professores. A seguir, serão revisadas várias abordagens
terapêuticas que têm sido utilizadas por profissionais que fa-
zem extensivo uso da voz e apresentam disfonia.
FONOAUDIOLOGIA E EDUCAÇÃO 93
dos em professores. A eficácia de muitos destes tratamentos
terapêuticos para remediar problemas vocais em professores,
não tem sido estabelecida até o momento.
Tabela 2. Problemas mais freqüentemente relatados em professores
e exemplos de abordagens utilizadas para eliminação e alívio de
sintomas de voz e laringe, associados com o mau uso e abuso vocal
relacionados ao trabalho
Sintoma vocal e problema Abordagem terapêutica
Fatores de mau uso vocal/ Fatores de tensão muscular
Postura elevada da laringe Técnica manual
Aumento de tensão e circunlaríngea
compressão vocal Pressão laríngea + massagem
Aperto A-P da laringe + Rotação de cabeça +
PPVV alongamento
Aperto supraglótico látero- Técnicas gerais de
medial relaxamento
Dores crônicas de laringe Bocejo-expiração alta e lenta
Dificuldade de engolir Efeitos sonoros de lábio e
estrutura oral
Fatores fonatórios
Fadiga vocal Exercícios de aquecimento
vocal
Exercícios de função vocal
Hidratação
Nível de pitch inapropriado Exercícios de função vocal
glottal fry persistente ou Terapia de ressonância vocal
registro pulsatorio Perfil de limite vocal
Ausência de variação de pitch (Phonetograma)
Rouquidão Imagens
Fala/Canto fora do limite Chanta – Fala
individual
Problemas para falar ou
cantar
Voz monótona
Abuso vocal
Fala excessiva Higiene vocal, economia de
fala
Altura excessiva e Amplificação da voz
prolongada
FONOAUDIOLOGIA E EDUCAÇÃO 95
do métodos para aliviar a fadiga vocal em profissionais que
fazem uso intenso da voz usando programas de hidratação e
aquecimento vocal. Resultados publicados referentes à eficá-
cia destas abordagens variam em termos de evidências em-
píricas da eficácia dos mesmos. No entanto, a maioria dos
indivíduos que usaram estes métodos relatou uma redução
significante nas condições causadas pela fadiga vocal (ROY
et al., 2001).
Milbrath e Solomon (2003) relataram resultados clínicos
não conclusivos a respeito dos benefícios dos exercícios de
aquecimento vocal no alívio da fadiga vocal. Existe uma
variedade de técnicas de aquecimento relatadas na literatu-
ra. No entanto, as que têm recebido maior atenção incluem
Exercícios de Função Vocal (EFV), desenvolvidos por Stem-
ple et al. (1994), que foram planejados para balancear os sub-
sistemas fonatório, respiratório e ressonantório. Estes autores
revelaram uma melhora ocorrida após um período de quatro
a seis semanas de repetidas práticas diárias do EFV em adul-
tos jovens saudáveis e de vozes normais.
A duração dos exercícios de aquecimento vocal no trata-
mento varia significantemente. Blaylock (1999) demonstrou
que o aquecimento vocal administrado por um período de
pouco mais de quatro meses e meio foi efetivo no tratamento
de indivíduos com desordens relacionadas à voz. Outros in-
vestigadores têm mostrado que os exercícios de aquecimento
são efetivos imediatamente após a administração dos mes-
mos (MILBRATH & SOLOMON, 2003). Baseado nestes acha-
dos considera-se que os exercícios de aquecimento apresen-
tam melhores resultados imediatamente após sua execução e
também quando executados por um período regular.
Terapia de hidratação é outra técnica que tem sido usada
para reduzir a fadiga vocal. Titze (1983) sugeriu que a onda
de mucosa, uma camada tecidual na superfície das ppvv, tem
um papel muito importante em manter a voz saudável. A
facilidade da vibração das ppvv é diretamente relacionada
com a estrutura da camada mucosa, e como resultado, hi-
dratação própria e adequada do fluido corporal é necessária
(VERDOLINI-MARSTON et al., 1990). Estes autores enfatizam
FONOAUDIOLOGIA E EDUCAÇÃO 97
(TR), e Treinamento da Musculatura Respiratória (TMR).
Em uma testagem clínica aleatória envolvendo 58 professo-
res designados em um de dois grupos de tratamento (higiene
vocal versus exercícios de função vocal), Roy et al. (2001) re-
lataram diferenças significantes entre grupos de tratamento
designados com o EFV. Estes autores afirmaram que o EFV
deveria ser considerado como uma útil alternativa ou com-
plemento aos programas de higiene vocal no tratamento de
distúrbios vocais em professores. Em outro estudo de contro-
le, também aleatório, por Roy et al. (2002), 44 professores
com problemas de voz foram designados em um de três gru-
pos de tratamento: amplificação vocal usando o aparato de
amplificação ChatterVox, higiene vocal, e um grupo-controle
sem tratamento. Os professores designados para o grupo de
amplificação vocal revelaram significante melhora nas me-
dições resultantes no pós-tratamento, comparadas aos dados
obtidos antes do tratamento. Estes achados apóiam a utili-
dade clínica da amplificação vocal como alternativa para o
tratamento de problemas vocais em professores.
Por último, Roy et al. (2003) compararam os efeitos bené-
ficos de três abordagens de tratamento: amplificação vocal
usando o ChatterVox, Terapia de Ressonância (RT) e Treina-
mento da Musculação Respiratória (TMR) em 64 professores
com problemas de voz. Nesse estudo, o grupo de professores
designados a abordagem de amplificação vocal demonstrou
significativa melhora geral da voz, maior claridade vocal, e
maior facilidade de fala após o tratamento. Estes estudos são
apenas um passo na direção certa para a constatação estatística
da eficácia de alguns programas de tratamento freqüentemen-
te administrados em professores com problemas de voz.
Embora muitos estudos empíricos demonstrassem signifi-
cância estatística, a maioria das investigações tem falhado em
conduzir medições estatísticas de Tamanho do Efeito (TE)
para demonstrar significância clínica de seus achados sobre
tratamentos. Isto significa que ainda que uma investigação
tenha demonstrado diferenças estatísticas entre grupo ou for-
ma individual pós-tratamento, comparadas às mudanças do
pré-tratamento, o tamanho do efeito, ou significância clínica
FONOAUDIOLOGIA E EDUCAÇÃO 99
Sackett et al. (1996) definiram PBE como
o uso consciente, explícito, e judiciário de melhores
evidências atuais na tomada de decisões sobre o cui-
dado de pacientes individuais…por integrar expe-
riência clínica individual com a melhor evidência
clínica externa disponível provenientes de pesquisas
sistemáticas (p. 1).
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INTRODUÇÃO
Nunca é demais, nos tempos atuais, realçar a importância da
questão ambiental. Neste início de século, em que o mundo
vem passando por um importante processo de reorganiza-
ção, a questão ambiental tenta resgatar sua essência frente às
relações sociedade/natureza.
A atual problemática ambiental demonstra que há um de-
sequilíbrio na relação sociedade/natureza, e a inquirição da
origem desse fato nos conduz a uma concepção de natureza
enquanto recurso, o que ocorreu principalmente nos séculos
XVII e XVIII, com a revolução tecno-científica.
Desde o surgimento do homem na Terra a freqüência e os
tipos de impactos têm aumentado e se diversificado muito.
Na verdade, o primeiro impacto causado pelo ser humano
deve ter derivado do domínio do fogo. Assim, à medida que
ele foi desenvolvendo novas tecnologias e ampliando seu po-
der de controlar os elementos da natureza, os impactos am-
bientais aumentaram em intensidade e extensão.
O homem primitivo dependia da natureza, principalmen-
te como fonte de alimentos, o que o obrigava a ser nômade,
vivendo continuamente em busca de frutos, animais e outros
alimentos. Com o advento da agricultura e da pecuária, ele
deixa de ser nômade, tornando-se sedentário, hábito que o
levou a desenvolver certas tecnologias para melhor se apro-
priar dos recursos da natureza.
111
Vê-se, que o objetivo tecnológico sempre foi o de apro-
priação e domínio da natureza, para que o homem se liber-
tasse da dependência do meio.
Ao longo dos séculos, com o crescimento da população, o
consumo dos recursos renováveis e não-renováveis foi cres-
cendo, consideravelmente. Isso significa que novas tecnolo-
gias foram surgindo e aumentando de forma expressiva o
ritmo de expropriação da natureza.
Com a industrialização moderna do século XVIII, a na-
tureza passou a ser consumida de forma acelerada, os danos
naturais tornaram-se crescentes e o ciclo da reposição natural
foi brutalmente quebrado.
Segundo Bernardes e Ferreira, apud Cunha e Guerra
(2003:24):
...Desde o início do século XIX, a Ciência é vista
como intervenção na natureza com objetivos práti-
cos e econômicos. Estamos diante de uma relação
homem/natureza de absoluta externalidade a tudo o
que não é matemático, mecânico, sendo a natureza
vista como meio a atingir um fim, consagrando a
capacidade humana de dominar a natureza.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Educação Ambiental é, sem dúvida, um dos maiores desa-
fios do século XXI, mas não é utopia realizá-la. Por meio de
projetos simples, muitas escolas do Brasil já vêm conscien-
tizando seus alunos sobre a importância de se preservar o
ambiente para as presentes e futuras gerações.
BIBLIOGRAFIA
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volvimento de Cursos e Projetos. 2. ed. Universidade de São Paulo.
123
tos das ciências, uma preocupação maior com a Educação
Ambiental (EA).
A Educação Ambiental, como tema interdisciplinar lida
com a realidade e adota uma abordagem que considera to-
dos os aspectos que compõem a questão ambiental e socio-
cultural. Realizar um trabalho de ensino/aprendizagem com
o olhar voltado para a realidade sociocultural, econômica e
ecológica de cada região, de cada sociedade, de cada indiví-
duo, certamente facilitará o desenvolvimento do indivíduo,
permitindo-lhe compreender a natureza complexa do meio
ambiente, resultante das interações de seus aspectos biológi-
cos, físicos, sociais e culturais.
Dias (2003), em seu livro Educação ambiental: princípios e
práticas, afirma que as premissas da Educação Ambiental sur-
gidas de observações, conceitos, estratégias e objetivos so-
ciais, discutidos em conferências e encontros, permitem-nos
avaliar que as evoluções social e cultural são mais rápidas
do que a evolução biológica. Portanto, esta não é capaz de
acompanhar os desequilíbrios ambientais produzidos pela
ação do homem. A história da implementação da Educação
Ambiental no Brasil é recente, e o conhecimento dessa re-
alidade é um processo que demanda tempo para atingir a
população de modo geral. Aliada a essa demora, verifica-se
o desinteresse e o descaso com o assunto por parte de alguns
políticos e empresários que visam somente os lucros que po-
derão deixar de obter.
O resultado disso reflete-se na educação de modo geral.
Sabe-se que, até a década de 1970, pouco ou nada se fazia
pela pesquisa, estudo e divulgação das questões ambientais
no Brasil. Em alguns momentos, defendia-se até a tese de
que tais questões faziam parte do jogo de interesse dos países
desenvolvidos, que exauriram suas riquezas, seus recursos
naturais e queriam impedir o nosso desenvolvimento.
No ano de 2002, na Estância Turística de Presidente Epitá-
cio, teve início uma ação social de enfrentamento à exclusão
social de uma parcela da população representada por crian-
ças e adolescentes que, em situação de risco pessoal e so-
cial, necessitavam ter resgatadas sua auto-estima, cidadania,
RESULTADOS
Dos 60 questionários distribuídos aos pais ou responsáveis,
somente 38 foram respondidos. Representados no Gráfico I,
visualizamos o total de 98 indivíduos participantes do ques-
tionário.
Quando perguntados se já ouviram falar sobre Educação
Ambiental, do universo de 60 crianças, 6% dos indivíduos
responderam de forma negativa; 37 pais (ou responsáveis)
responderam ao questionário de forma positiva e um de for-
ma negativa, num total de 11 respostas negativas. Consta-
tou-se, então, que num universo de 98 indivíduos do grupo
pesquisado, 0,9% desconhecia o tema Educação Ambiental.
Quanto à importância do rio Paraná para a cidade de Pre-
sidente Epitácio, 90% dos alunos o consideraram importante
Objetivo geral:
Despertar e formar a consciência ambiental das crianças e
adolescentes dos Grumetes Mirins, a fim de que se trans-
formem em verdadeiros agentes ambientais do Município
de Presidente Epitácio, informando à população epitacia-
Objetivos específicos:
Informar aos Grumetes Mirins o verdadeiro significado e
a importância da Educação Ambiental.
Construir uma proposta de “Agenda 21” para o Município
de Presidente Epitácio.
Encaminhar a proposta à Câmara de Vereadores de Pre-
sidente Epitácio, para que se discutam as propostas e para
que elas sejam devidamente aplicadas na comunidade
epitaciana.
Procedimentos metodológicos:
No primeiro dia de aula, 5 de julho de 2005, foi realizado um
diagnóstico sobre o tema Educação Ambiental, com a apli-
cação de dois questionários para serem respondidos respecti-
vamente em grupo e de forma individual. Em conjunto com
os alunos, foi construído um conceito de EA. Explicou-se a
importância, os objetivos e as finalidades do curso de Edu-
cação Ambiental, que resultariam na aquisição de novos co-
nhecimentos, valores e atitudes necessárias para melhorar o
ambiente. A proposta era a formação de uma nova consciên-
cia ambiental com a participação da comunidade, resultando
numa mudança de comportamento baseada no respeito ao
meio ambiente.
Como trabalho de campo, foi proposto que a turma obser-
vasse as condições ambientais de seus bairros e também pes-
quisasse o motivo que estava tornando o planeta mais quente.
No dia 6 de julho de 2005, deu-se o intercâmbio entre os
Grumetes Mirins e cerca de 80 adolescentes da Guarda Mi-
rim Ambiental de Teodoro Sampaio. Neste dia, o Delegado
Fluvial de Presidente Epitácio ministrou uma palestra sobre
a preservação ambiental nos rios Paraná e Paranapanema,
bem como de uma parte do Atlântico Sul a que o Brasil tem
direito e precisa preservar, e que a Marinha do Brasil vem
Fonte: http://www.mar.mil.br/Marinha_do_Brasil/amazonia_azul.htm
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, tem-se questionado muito as formas de implan-
tação, objetivos, necessidades e resultados de programas de
Educação Ambiental. Entre as condições básicas evidencia-
das, observa-se que, para serem efetivos, programas e proje-
tos devem promover, simultaneamente, o desenvolvimento
de conhecimentos e as mudanças de atitudes, comportamen-
tos e habilidades necessários à preservação e à melhoria da
qualidade do meio ambiente, conforme afirma Jackson Mul-
ler ( JUNIOR, PELICIONI, 2002).
Analisando as ações desenvolvidas, podemos, de maneira
bastante positiva, afirmar que a implantação do Projeto foi ao
encontro dos anseios, da necessidade de conhecimento, de
mudança de hábitos e de atitudes da comunidade que nele
se envolveu. Os próprios funcionários, professores e alunos
perceberam comportamentos diferentes no relacionamen-
to com o meio ambiente. E isso aconteceu não só no trato
com a natureza em si. Concebeu-se uma dimensão ampla
de participação ativa e responsável de cada indivíduo e da
coletividade, percebeu-se que a Educação Ambiental ia mais
além do que o simples ato de plantar árvores ou preservar
determinada área. Verificou-se que a caracterização da EA se
dá também pela incorporação das dimensões ética, socioeco-
nômica, científica, política, cultural e histórica. Percebeu-se
BIBLIOGRAFIA
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Paulo, 10 agosto de 2005.
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O IMPARCIAL, Jornal. Edição de 1 de julho de 2005. Presidente
Prudente (SP).
INTRODUÇÃO
Como a educação se fundamentará no século XXI? Que ca-
racterísticas devem ter as organizações de ensino para que se-
jam perenes? Afinal, o que as organizações de ensino devem
fazer para estruturar as suas atividades?
139
Muitos profissionais que atuam na área de educação ainda
não pararam para pensar que educação é um negócio como
qualquer outro negócio, porém com características especiais
de prestação de serviços à sociedade como um todo e não
no sentido mercantilista, como alguns empresários de outros
setores econômicos praticam.
Surge, então, o dilema da educação: ser ou não ser um ne-
gócio? Na verdade, a educação sempre foi um negócio, mas
as organizações de ensino nem sempre pararam para pensar
nesse contexto como uma base fundamental para o aprimo-
ramento da educação. A verdadeira razão de existência das
organizações de ensino é cumprir uma missão: educar e esta-
belecer uma reciprocidade de lucro, no sentido de evolução
dos investimentos, tanto dos alunos como da própria organi-
zação de ensino.
Por um outro lado, os alunos estão se conscientizando
de sua importância no processo de educação e, atualmente,
querem ser considerados como clientes e não como meros
alunos. Não querem mais ser “sem luz”, como o próprio sig-
nificado do termo aluno (FERREIRA, 1986), mas exigem ser
clientes, não no sentido de “quem compra, ou quem conso-
me”, e sim de “pessoa protegida”, como o próprio significado
do termo cliente (FERREIRA, 1986). Este nosso paradigma re-
velou um novo e grande problema, segundo Garden (2006):
a diluição do rigor da educação.
Os professores passaram a ser classificados sob o ponto de
vista de o quanto os alunos gostam pessoalmente deles e da
disciplina em que atuam. Essa perspectiva tornou o professor
refém de uma situação insustentável: ser professor ou ser um
show man?
Diante desse dilema, o professor começou a se preocupar
com o conceito de cliente no sentido de “quem compra, ou
quem consome”. Garten (2006) compreende que esse con-
ceito é pernicioso, pois presume que os alunos sabem julgar
melhor que tipo de ensino devem receber. Esse contexto,
gerado pelo aprisionamento da relação “contratante e con-
tratado”, permitiu que os alunos percebessem que poderiam
impor o ritmo das aulas e manipular o conteúdo conforme
CONCLUSÃO
As organizações de ensino precisam refletir sobre suas práti-
cas de negócios. Já não é mais possível insistir em um modelo
de ação sem um modelo de administração. As organizações
de ensino não podem mais pensar que em educação tudo é
diferente do mundo empresarial. Devem, é claro, repensar
com critérios, posto que por não serem diferentes das demais
organizações, não significa que devam ser organizações de
produção mecanicista.
Para Guedes e Vieira (2006), ”a riqueza dos indivíduos,
das empresas e dos países, na nova sociedade do conheci-
mento, vai ter de passar por uma valorização da educação”.
O conhecimento, resultante do investimento em educação é
um ativo cada vez mais valioso. Em termos de negócios, o
BIBLIOGRAFIA
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151
Cândido Mendes. Especialização em Fonoaudiologia Hospi-
talar – UNESA. Especializanda em Voz – Núcleo de Estudos
da Voz Falada e Cantada – CLINVOZ.
ELISABETTA RECINE
Nutricionista. Doutora em Saúde Pública. Professora-adjun-
ta da Universidade de Brasília/Departamento de Nutrição.
Coordenadora do Observatório de Políticas de Segurança
Alimentar e Nutrição.
MARY ANDRIANOPOULOS
Professora. Doutora associada da Universidade de Massachu-
setts – Amherst. Seus interesses de pesquisa e experiência clíni-
ca são nas áreas de desordens sensório-motoras da fala, análise
de voz e medidas quantitativas acústico-perceptivas, diagnós-
ticos diferenciados e reabilitação de desordens sensório-moto-
ras da voz e da fala, fundamentos neurológicos das desordens
da comunicação, e novos paradigmas do aprendizado motor.
Pós-doutorado em Fonoaudiologia Hospitalar com enfoque nas
patologias da fala na Clínica Mayo, em Rochester, Minnesota.
Autora de várias publicações em jornais acadêmicos, capítulos
de livros e manuais de ensino, e tem apresentado suas pesquisas
internacionalmente. Atua revisando artigos para: Jornal Ameri-
cano de Fonoaudiologia (American Journal of Speech Language Patho-
logy), Linguagem, Fala e Audição nas Escolas (Language Speech and
Hearing in the Schools), e para o novo Programa de Investigadores da
RENATA BERNARDON
Nutricionista. Responsável técnica do Projeto “A Escola Pro-
movendo Hábitos Alimentares Saudáveis”. Observatório de
Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição” – UnB. Espe-
cialista em Nutrição Clínica e Esportiva pela Universidade
Católica de Goiás.