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A nossa crença de que o português popular do Brasil possui uma gramática

marcadamente delineada por características que o explicam por meio de processos


derivados do contato entre línguas levou-nos a investigar o comportamento lingüístico
de três comunidades inter-relacionadas no interior do Estado da Bahia, na região
sudoeste do Estado.

cuja população transita entre o espaço rural e o espaço urbano,

Esse mesmo raciocínio levou-nos a postular que as comunidades urbanas próximas às


comunidades rurais poderiam estar influenciando os falantes do português popular rural a
seguirem a norma utilizada pelas pessoas cultas do meio urbano.

contínuo de urbanização, contínuo de oralidade-letramento, contínuo de monitoração


estilística.

Em relação ao contínuo de urbanização, ela considera que este pode ser representado da
seguinte forma:

Variedades rurais Área rurbana Variedades urbanas


isoladas padronizadas

(...) No contínuo de urbanização, não existem fronteiras rígidas que separem os falantes rurais,
rurbanos ou urbanos. As fronteiras são fluidas e há muita sobreposição entre esses tipos de
falares. (2004: 53)
estamos denominando ‘rurbanas’, valendo-nos de terminologia da antropologia social, as
comunidades urbanas de periferia, ondehá forteinfluência rural nacultura ena língua. (2004: 65)
Partindo de atividades propostas aos professores-alunos, introduz a importante noção de traços
graduais e descontínuos.

A proposta de Bortoni-Ricardo é imaginar três linhas, ou contínuos, quais sejam:


contínuo de urbanização, contínuo de oralidade-letramento e contínuo de monitoração
estilística. Cada evento de fala (e não cada falante!) pode ser classificado segundo esses
critérios: é um evento de variedade rural, evento de variedade urbana ou evento de
variedade “rurbana” (grupos urbanos com antecedentes rurais); é um evento de
oralidade ou evento de letramento; ou trata-se de um evento em que há mais
monitoração (formalidade) ou menos monitoração (informalidade). O interessante é que
a fluidez das fronteiras entre cada um desses contínuos permite classificações
intermediárias (um evento pode ser de média monitoração, por exemplo). As situações
em que há sobreposições entre esses tipos de falares, como a alternância entre rural e
“rurbano”, não são somente aceitas, mas também esperadas.
(iii) o nível de escolaridade não interfere na realização das construções de tópico. Este último
fato é confirmado ao se tomar como parâmetro as construções atestadas por Pontes (1986,
1987) do português brasileiro urbano na fala de pessoas escolarizadas, que também realizam
os mesmos tipos de tópico encontrados nas comunidades em estudo; (iv) a faixa etária parece
ter interferência nas realizações das construções de tópico.

Levando em consideração a semelhança entre as construções de tópico do português urbano


com o português rural afro-brasileiro, surge um inquietante questionamento: afinal, o
português brasileiro urbano influenciou ou sofreu influência do português rural afro-
brasileiro? Em princípio, acreditamos que o segundo tenha influenciado o primeiro,19 como
defende Tarallo (1993b), para quem, o processo de migração do campo para a cidade
favoreceu o intercâmbio linguístico e, consequentemente, a interferência dos falares rurais
nos falares urbanos. Salientamos, entretanto, que pesquisas mais aprofundadas a esse
respeito devem ser realizadas para responder a essa questão.

O referido modelo, conforme explicita a própria autora, é o mais adequado para tratar a
variação no português brasileiro, uma vez que não há fronteiras rígidas entre o rural-
urbano. Bortoni-Ricardo (2004) assinala que, no contínuo de urbanização, em um dos
polos estão as variedades rurais usadas pelas comunidades geograficamente mais
isoladas; no outro polo 35 oposto estão as variedades urbanas que recebem influência
dos processos de padronização da língua; já no espaço entre esses polos está a zona
rurbana. De acordo com a autora, os grupos rurbanos são formados pelos migrantes de
origem rural, que preservavam sua cultura e seu repertório linguístico, e pelas
comunidades interioranas que residem em núcleos semirrurais, que por sua vez recebem
influência urbana.

O contínuo de urbanização, segundo Bortoni-Ricardo (2004, p. 52), é representado do seguinte


modo: variedades rurais área variedades urbanas isoladas rurbana padronizadas Bortoni-
Ricardo (2004, p. 52) destaca que “se tomarmos o contínuo de urbanização como metodologia
para análise, podemos situar qualquer falante do português brasileiro em um determinado
ponto desse contínuo, levando em conta a região onde ele nasceu e vive”.

https://www.trabalhosgratuitos.com/Outras/Colegial/Resenha-L%C3%ADngua-
Materna-200496.html

Ainda na definição da variedade culta, FARACO (2008, p.44) procura associar o


modelo de três continua proposto por Bortoni-Ricardo, que o elaborou com o objetivo
de se conhecer e estudar mais profundamente as variações do português do Brasil. Ele
explica:

O modelo que, no momento, parece fornecer o melhor


instrumento para registro da diversidade já estudada é o proposto
por Stella Maris BortoniRicardo (2005), que busca distribuir as
variedades em três continua que se entrecruzam: o continuum
rural-urbano, o de oralidade-letramento e o da monitoração
estilística.

Do ponto de vista do contínuo rural-urbano, é possível identificar que, dada a grande


migração de brasileiros do campo para a cidade em meados do século XX, elementos da
cultura rural foram amplamente difundidos nas regiões urbanas, principalmente nas
periferias das grandes cidades. O chamado “dialeto caipira”, por exemplo, sofreu um
processo de mistura com a variedade urbana que predominava nas periferias. Assim, a
confluência entre os falares rural e urbano possibilitou o surgimento de um contínuo que
representa a linguagem que entremeia essas duas variedades; a esse dialeto intermediário
Bortoni-Ricardo (2005) denomina de continuum rurbano.

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