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RPGM

REVISTA ACADÊMICA
O USO ABUSIVO DAS NOVAS MÍDIAS E TECNOLOGIAS PELA
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
THE ABUSIVE USE OF NEW MIDIA AND TECNOLOGIES BY
CONTEMPORARY SOCIETY

Vanessa Angela da Silva é graduada em Pedagogia pela Universidade Anhanguera – 2014.


Profissional atuando há 3 anos na educação infantil da prefeitura do Município de São Paulo.
Concluindo a pós-graduação em Docência do Ensino Superior na ESEF Paulista - 2017.
vanessa.angelasilva@yahoo.com

Márcia Prado Castro é mestre Profissional em Ensino da Matemática (PUC-SP), pós-graduada


em Informática Aplicada à Educação (Universidade Mackenzie), pós-graduada em
Planejamento, Implementação e Gestão de Educação à Distância (UFF), graduada em
Matemática e professora das Faculdades Integradas Campos Salles.
marcia.prado@superig.com.br

RESUMO
A problemática atual principal de toda a sociedade contemporânea é o isolamento dos
indivíduos, desencadeado pelo uso dos mais variados aparelhos tecnológicos, que provoca
grande alteração no comportamento social de crianças, adultos e idosos. Esse uso desregrado
interfere diretamente no convívio e nas relações interpessoais, resultando no individualismo.
O presente artigo tem como objetivo despertar a conscientização da sociedade, principalmente
das famílias, sobre o uso excessivo de smartphones, tablets, vídeo-game, computadores entre
outros. O consumo dessa enxurrada tecnológica afeta a todos e consideravelmente às crianças,
que são privadas de vivenciarem experiências com os diferentes elementos da natureza e
momentos lúdicos preciosos para o seu aprendizado e desenvolvimento integral; vivências
fundamentais para que as mesmas não cresçam em uma desnecessária dependência
tecnológica.
Palavras-Chave: Tecnologia, Família, Individualismo, Relações Interpessoais.

ABSTRACT
The main current problem of the contemporary society is the isolation of the people caused by
the use of the most variety of technologic devices, which causes great alterations on social
behavior of children, adults and old-aged persons. This disorderly use of this stuff interferes
directly with social interation and in the interpersonal relationship, leading to individualism.
This article is intended to awareness raising of the society, mainly families about excessive
use of smartphones, tablets, video games, computers, among other devices. The use of this
technological torrent affects everyone, substantially children, who are deprived of
experiencing the diverse elements of nature and precious ludic moments for their learning and
integral development; essential experiencies for their growth without a needless technological
dependency.
Keywords: Technology, family, individualism, interpersonal relationships.

Revista de Pós-Graduação Multidisciplinar, São Paulo, v. 1, n. 2, p. 273-282, jul./out. 2017.


ISSN 2594-4800 | e-ISSN 2594-4797 | doi: 10.22287/rpgm.v1i2.590
SILVA, V. A.; CASTRO, M. P.: USO ABUSIVO DAS NOVAS MÍDIAS E TECNOLOGIAS PELA SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA

1. INTRODUÇÃO
A necessidade de dialogar é algo que está presente na vida do ser humano desde os
tempos mais remotos, quando a prática de registrar os fatos, trocar informações, experiências
e expressar as emoções certamente contribuíram para a evolução das diferentes formas de se
comunicar e relacionar. Conforme a sociedade foi se tornando mais complexa, o homem passa
a utilizar sua capacidade racional para desenvolver novas ferramentas tecnológicas, com o
objetivo principal de distribuir, reunir e compartilhar informações em tempo real em todo o
planeta.
Diante dessa constante necessidade mundial de inovar e agilizar as diferentes formas
de comunicação, o progresso tecnológico tornou-se incontrolável e consequentemente
surgiram também os seus malefícios. O uso excessivo e suas possíveis consequências são um
dos principais problemas da sociedade contemporânea, que persiste em negar o consumo
desenfreado de suas criações eletrônicas.
Diante de tantos avanços digitais, o presente artigo tem como objetivo sensibilizar a
sociedade contemporânea para a necessidade do uso ponderado das tecnologias, para que as
relações sociais e afetivas permaneçam prioritariamente na vida real. Problemática que já foi
abordada por Lipovetsky (2005) em A Era do Vazio, na qual ficou explícito o declínio dos
costumes de toda a sociedade e um inédito modo de individualização,dando iniciou a era do
ser fechado em si mesmo e do consumo de massa.
Na última década com a revolução digital e das mídias, o acesso à internet foi
democratizado, proporcionando o rápido consumo de informações ao redor do mundo. O
universo informatizado possui linguagem própria com expressões peculiares, como a sigla
TIC que é a abreviação de “Tecnologia de Informação e Comunicação” utilizada para
denominar o conjunto de recursos tecnológicos que, se estiverem integrados entre si, podem
proporcionar a comunicação de diferentes áreas em tempo real.
O consumo desenfreado dessas novidades eletrônicas provocou um bombardeio de
informações em toda a sociedade, desencadeando inevitáveis efeitos colaterais como: o
individualismo, o sedentarismo, a dependência digital, Nomofobia, Phubbing, Cibercondria
ou Hipocondria Digital, Depressão Facebook, entre outros.
Criar um ponto de equilíbrio entre o uso das tecnologias e as relações interpessoais, na
qual uma complementa a outra, torna-se fundamental nos dias atuais.

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2. AS MÍDIAS E SUAS CONSEQUÊNCIAS NA VIDA DAS CRIANÇAS E


ADOLESCENTES
Atualmente, a sociedade vive uma “Era tecnológica”, em que se tem acesso a muita
informação através da internet, dos aplicativos e das redes sociais. Este cenário oferece
algumas preocupações, entre elas, o isolamento das pessoas e o sedentarismo. A maior
preocupação é ver o quanto este problema atinge nossas crianças que deixam de vivenciar
momentos em família que são fundamentais para o seu desenvolvimento cognitivo, e acabam
por se refugiar em um mundo virtual.

As redes sociais existem desde sempre na história humana, tendo em vista que os
homens estabelecem relações entre si formando comunidades ou redes de
relacionamentos presenciais. Hoje, por meio da internet, estamos transcrevendo
nossas relações presenciais no mundo virtual deformas que aquilo que antes estava
restrito a nossa memória agora está registrado e publicado. (LORENZO, 2012 apud
COSTA, 2012, p.23)
Segundo Morin (2007), “a existência de uma imprensa infantil de massa é o sinal de
que uma mesma estrutura industrial comanda a imprensa infantil e a imprensa adulta”.

As mídias, a internet e o celular não podem ser tratados como brinquedos. O


importante é que os próprios pais participem ativamente da rotina dos filhos, interagindo e
propondo passeios, atividades ao ar livre, entre outras, ou seja, atividades devem ser
realizadas pelo grupo familiar. Atividades estas que proporcionem olhares mais constantes
entre os familiares para que ampliem a liberdade, a criatividade, e a expressão corporal. Não
se deve delegar às tecnologias os cuidados que deveriam ser exercidos pelos pais ou
responsáveis.

Como ocorre em relação ao ar e à água, não devemos nem abraçar nem evitar as
mídias, mas usá-las conscientemente e de maneira focada. As mídias são inevitáveis,
poderosas e cada vez mais essenciais. Inerentemente, elas não são nem malignas
nem benéficas, mas podem vir a sê-lo, dependendo de como são usadas.
Reestruturando seu uso como uma realidade quase onipresente em nosso mundo e
baseando nossas decisões nas evidências científicas sobre como o uso das mídias
influencia o desenvolvimento das crianças e sua saúde física, mental e social,
podemos manejá-las de modo que beneficiem e evitem danos. (ABREU;
EISENSTEIN; ESTEFENON, 2013 p.31)
A principal tarefa dos responsáveis pelas crianças e adolescentes está em
compreender, reconhecer e usar o potencial das mídias, discernindo quando seu uso não for
benéfico. Estando conscientes que o mecanismo de defesa está na autonomia de desligá-las
quando julgar necessário.

A confusão entre os mundos real e virtual é incrementada pelo estimulo à fantasia,


característica própria da adolescência, assim como a necessidade de pertencer a um

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“grupo de iguais”. No mundo virtual, a identificação é com amigos reais, virtuais e


até com desconhecidos. E é dessa possibilidade de relacionamento com quem não se
conhece que surge o risco de se identificar com grupos ou redes de tráfico de drogas,
recrutamento em extremismo político, religioso ou até terrorismo, entre outros.
(ABREU; EISENSTEIN; ESTEFENON, 2013, p.224)

3. IMPACTOS NOS COMPORTAMENTOS SOCIAIS E NA SAÚDE


O autor Lipovetsky dedicou-se no início da década de 1980 a construção da obra A era
do vazio, que aborda uma nova maneira de a sociedade contemporânea se organizar, que teve
uma ruptura significativa nos seus costumes, livrando-se dos regulamentos e das regras que
estavam enraizadas.

Agora o indivíduo tem uma nova maneira de lidar com seu egocentrismo, onde há um
estímulo exagerado ao “direito de ser ele mesmo” em detrimento das relações com o outro e
com a sociedade. Trata-se de uma era de socializações com variadas vivências e experiências
a serem iniciadas sob a proteção e apoio do “eu”.

Não há como não ver que a indiferença e a desmotivação de massa, a progressão do


vazio existencial e a extinção progressiva do riso são fenômenos paralelos: por todo
lado surge a mesma desvitalização e a mesma erradicação das espontaneidades
pulsionais, a mesma neutralização das emoções, a mesma auto absorção narcísica.
(LIPOVETSKY, 2005, p.121)
Dessa forma fica evidente o quanto o estímulo desenfreado ao “direito de ser você
mesmo”, transformou os princípios, os costumes e a maneira das gerações do século XX e
XXI,redirecionando os avanços sociais, tecnológicos e de comunicação.

De acordo com Morin (2007) a sociedade sofre a forte influência que a estimulação do
consumo desperta e é marcada pelo individualismo, transformando o modo de pensar e agir de
indivíduos que apresentam dificuldades em lidar com a própria realidade.
Dificuldades que permeiam os indivíduos também na atualidade, onde estes sofrem as
consequências do consumo de massa condicionado ao status social, que aprisiona,
desencadeando sentimentos de frustação e apego ao supérfluo.
Levando principalmente aos mais jovens a criarem nas redes sociais uma identidade
digital irreal, que ostenta o apego aos bens materiais. Gerando nesses indivíduos a
necessidade psicológica de ficarem conectados por longos períodos, em diferentes redes
sociais. “...a informação, a grande imprensa pesca cada dia, o novo, o contingente, o
“acontecimento”, isto é, o individual. Fazem o acontecimento passar nos seus moldes para
restituí-lo em sua unicidade. (MORIN, 2007, p.25)

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Com o uso excessivo das mídias e redes sociais diversos transtornos estão sendo
identificados: Dependência digital, Nomofobia, Phubbing, Cibercondria ou Hipocondria
Digital, Depressão Facebook entre outros.

Muitas vezes, os pais têm pouco ou nenhumconhecimento do que está acontecendo


ou de como tudo isso funciona, e não percebem o nível de atividade ou abuso. Os
pais não sabem o que é normal ou razoável, e não querem que os filhos fiquem para
trás na curva de desenvolvimento digital. Essa falta de conhecimento e de poder
tecnológico contribui ainda mais para um possível abuso e dependência dessas
tecnologias. (ABREU;S. YOUNG, 2011 p..185)

Os transtornos que surgem geram dúvidas e anseios nas diferentes gerações e só


podem ser sanados por meio do conhecimento. Em alguns casos faz-se necessário a busca de
uma orientação especializada, onde um terapeuta tem o papel fundamental de orientar e
instruir os pais e cuidadores, fazendo-os compreender o quanto o consumo desenfreado da
mídia digital pode ser maléfico à saúde. Essa conscientização é fundamental para recuperar o
equilíbrio dentro do sistema familiar.

Não existe cidadania completa se não houver educação. A cidadania implica a


liberdade de escolha. Se o indivíduo não tiver essa oportunidade de escolher e optar,
a cidadania, por definição, estará atrofiada, não poderá ser exercida. (CORTELLA;
DIMENSTEIN, 2015, p.42)
Segundo os autores Cortella e Dimenstein (2015), não se pode deixar que a criação
soterre o criador, pois o uso excessivo digital provoca o distanciamento entre as pessoas, além
de provocar uma enxurrada de informações que se espalham rapidamente, trazendo
consequências muitas vezes irremediáveis aos envolvidos. A facilidade de publicação
possibilita a todos serem leitores e autores, porém faz-se necessário questionar a credibilidade
e relevância dos conteúdos, ou seja, torna-se primordial a socialização e mediação dos saberes
para que aconteça o empoderamento do indivíduo e que a ideia de curadoria do conhecimento
de fato aconteça”. Vivemos numa era em que todos são ao mesmo tempo consumidores e
produtores de informação”. (CORTELLA; DIMENSTEIN, 2015, p.20)

4. TRANSTORNOS CAUSADOS PELO USO EXCESSIVO DAS MÍDIAS


E REDES SOCIAIS
4.1 Dependência Digital
A dependência digital não está associada diretamente ao tempo que se dedica aos
aparelhos eletrônicos, mas sim quando o indivíduo não consegue controlar seu uso com a vida
real e social, causando isolamento, desconforto emocional, ansiedade, agitação, irritabilidade,

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depressão, perturbação, TOC (Transtorno-Obsessivo-Compulsivo) e começa a sofrer


prejuízos por causa do uso excessivo da tecnologia.
A dependência digital excessiva é avaliada em cinco dimensões do relacionamento do
indivíduo: Excitação, Segurança, Relevância, Tolerância e Conflitos na Vida Real.
Quanto mais se apega ao mundo tecnológico, mais há um afastamento da vida real, e a
vida passa a ser artificial. Com a tecnologia pode-se criar um mundo virtual no qual podemos
fugir da realidade da vida, sendo assim ocorre um afastamento dos afetos e de tudo aquilo que
é real.
A dependência digital passou a ser considerada patologia psiquiátrica, o tratamento
clínico e psicoterápico é direcionado a causa que esteja levando o indivíduo a fazer o uso
abusivo das tecnologias, ou seja, ao diagnóstico primário que pode ser um transtorno de
ansiedade ou outros transtornos.

4.2 Nomofobia
Além da dependência normal e dependência patológica, existe hoje um transtorno
chamado Nomofobia, vem do inglês “Mobile phonephobia". Que causa medo ou pânico,
gerado pela incapacidade de comunicação por ficar longe do seu próprio celular ou aparelhos
tecnológicos.
A nomofobia não costuma aparecer sozinha. Geralmente está associada aos
transtornos de ansiedade, que podem ser síndrome do pânico, transtorno bipolar, estresse pós-
traumático, entre outros. Tratando essas doenças com remédios e terapia, a nomofobia
também desaparece.

4.3. Phubbing
As novas tecnologias estão substituindo os hábitos das gerações passadas, de
conversar ao telefone, se encontrar no shopping, o diálogo com os amigos e familiares,
pequenas coisas já perderam a sua essência, o aparelho tecnológico passou a ser distrações
digitais que afastam a pessoa do esforço real de se relacionar, manter a intimidade e a
comunicação.
O nosso mundo está ficando cada vez menor e deveríamos nos sentir mais
conectados com as pessoas que nos cercam, mas às vezes as próprias tecnologias
digitais que parecem nos conectar com os outros nos alienam, isolam e nos tornam
dependentes. (ABREU;S. YOUNG, 2011, p.185)

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As pessoas que se esquecem do mundo a sua volta, para ficarem conectados, são
chamados de phubbing. A palavra é uma união entre “phone” (telefone) e “snubbing”
(esnobar) e foi criado por Alex Haigh que chegou a criar, inclusive, uma campanha chamada
“Stop Phubbing”, tem dado forças a um movimento que se originou da digitação do mundo
real e do excesso de consumo, buscando reconectar as pessoas e as afastar do mundo
cibernético.
Os casamentos e relacionamentos sofreram um impacto significativo pelo uso e abuso
de internet e de outros aparelhos de mídia digital. O Phubbing é relacionado principalmente às
mídias sociais, então a sociedade, recorre ao mundo virtual e não procura contatos e eventos
reais.Muitas vezes a tecnologia nos protege e nos anestesia de situações desconfortáveis do
cotidiano.

4.4 Cibercondria ou Hipocondria Digital


Cibercondria, ou hipocondria digital, é tratada como uma patologia que surge com o
avanço da tecnologia contemporânea. É uma doença psicopatológica ligada ao espaço
cibernético, na qual os indivíduos estão obcecados com seu estado de saúde, consultando por
meio da internet o que os está afetando. É esse o tipo de pensamento que passa pela cabeça de
um cibercondríaco, que juntam fatores médicos para chegar às conclusões do seu estado de
saúde.

4.5 Depressão de Facebook


Alunos da Universidade de Harvard criaram em 2004 o Facebook, com o objetivo
inicial de conectar seus alunos, colocando seus perfis em rede. Devido ao rápido sucesso, em
2006, abriu-se a rede para todas as pessoas que tivessem completado, no mínimo 18 anos de
idade, ou cursassem nível superior, com a ideia básica de conectar os estudantes para que
pudessem compartilhar conteúdos acadêmicos proporcionando uma interação social.
Tornou-se com o passar dos anos uma atividade rotineira para milhares de pessoas ao
redor do mundo navegar no Facebook. Muitas novidades são postadas em tempo real e
compartilhamentos de situações íntimas, vivências particulares acabam sendo expostas
desnecessariamente despertando diversos sentimentos aos seus usuários.

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Pesquisas realizadas em diferentes países constataram que o uso do Facebook pode


desencadear sintomas de depressão na medida em que as postagens provocam sentimentos de
inveja entre os usuários que estão sentindo-se frustrados em sua vida pessoal ou profissional.
Os usuários deixam de reconhecer o que genuinamente lhe faz bem com a
preocupação essencial de agradar aos outros. O desejo inconsciente de pertencimento ao
grupo social para saciar a própria insegurança ou alimentar o narcisismo.

4.6 Geração MMM


O comportamento da sociedade contemporânea, passou da geração Coca-Cola para a
nova geração MMM. Significa: Somos Multimídia, Multiconectados e Multitarefas.
Multimídia porque são acessados diferentes tipos de dispositivos (tablets,
smartphones, desktop, notebook). Multiconectados porque necessita-se de acesso à internet
em todo lugar e a qualquer hora.

Multitarefa porque são realizadas inúmeras atividades ao mesmo tempo, trocar


mensagens no celular enquanto assistimos TV. Estudos indicam que colocando todas as
atividades que realizamos em um dia de forma sequencial, uma depois da outra, temos mais
de 48 horas de atividades realizadas no mesmo dia.

A dependência de internet muito provavelmente seguirá definindo seus contornos


até que seja efetivamente reconhecida como um dos mais novos transtornos
psiquiátricos do século XXI. Embora ainda seja descrita como uma nova proposta
diagnóstica, imagina-se que seja somente uma questão de tempo até sua inclusão nos
futuros manuais de psiquiatria, como sugerem muitos pesquisadores. As
investigações já produzidas, somadas àquelas em andamento, estão, na verdade,
auxiliando na criação de uma crítica de conhecimento que pode ajudar na definição
de todas as peculiaridades e todos os contornos desse novo transtorno psiquiátrico.
(ABREU; EISENSTEIN; ESTEFENON, 2013, p.101)

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Era da informação iniciou-se de maneira mais expressiva após a década de 1980
promovendo alterações nos costumes, no comportamento, nos hábitos dos indivíduos, e na
sociedade em diferentes aspectos.
Percebe-se que o avanço tecnológico trouxe ao longo do tempo um desenvolvimento
incontestável à humanidade em diferentes áreas do conhecimento,ficando evidente que os
benefícios se sobressaem em relação aos malefícios.Porém, o seu uso deve ser dosado para
que os avanços continuem a proporcionar melhorias ao nosso mundo globalizado.

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As comunidades ao redor do mundo estão individualistas, adoecendo com o mal-uso


das mídias e das tecnologias, onde a essência de ser e sua subjetividade se constroem através
do ter, além de a convivência com a família e amigos aos poucos tem sua importância
diminuída, pois os relacionamentos estão se desenvolvendo em espaços virtuais, via
WhatsApp ou por meio de “likes”.
É imprescindível a sensibilização dos cidadãos contemporâneos sobre os excessos no
consumo das ferramentas tecnológicas e das mídias no cotidiano e suas reais consequências.
Onde se torna fundamental resgatar os valores familiares, os vínculos afetivos e a essência,
entretanto a problemática necessita de um período para que os resultados sejam atingidos;
tempo de reflexão crucial aos indivíduos para que percebam os impactos e se conscientizem
sobre suas atitudes.
A dependência trata-se de um tema bastante polêmico e que causa desconforto em
nossa sociedade, pois os indivíduos relutam em reconhecer que se tornaram dependentes dos
aparelhos tecnológicos. Sendo primordial essa autoavaliação, para que os afetados possam
procurar ajuda especializada e que após o tratamento retornem a utilizar as tecnologias de
maneira consciente e dosada. Sendo primordial nesta nova era a socialização e a mediação dos
saberespara que aconteça o empoderamento das tecnologias e suas nuances, a fim de que os
indivíduos se protejam.

REFERÊNCIAS
ABREU, Cristiano Nabuco; EISENSTEIN, Evelyn; ESTEFENON, Susana Graciela Bruno
(Org.). Vivendo esse mundo digital: impactos na saúde, na educação e nos comportamentos
sociais. Porto Alegre: Artmed, 2013.

ABREU, Cristiano Nabuco; S. YOUNG, Kimberly. Dependência de Internet: Manual e


Guia de Avaliação e Tratamento. Porto Alegre: Artmed, 2011.

CORTELLA, Mário Sérgio; DIMENSTEIN, Gilberto. A Era da Curadoria. O que Importa


é Saber o que Importa!.1 ed. Campinas: Papirus 7 Mares, 2015.

LIPOVETSKY, Gilles. A Era do Vazio - Ensaios Sobre o Individualismo


Contemporâneo.1 ed. Barueri: Manole, 2005.

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CONTEMPORÂNEA

LORENZO, Eder Maia. A Utilização das Redes Sociais na Educação: A Importância das
Redes Sociais na Educação. 2 ed. São Paulo: Clube de Autores, 2012.

MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX: neurose. Tradução: Maura Ribeiro
Sardinha. 9 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.

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