Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
REVISTA ACADÊMICA
O USO ABUSIVO DAS NOVAS MÍDIAS E TECNOLOGIAS PELA
SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
THE ABUSIVE USE OF NEW MIDIA AND TECNOLOGIES BY
CONTEMPORARY SOCIETY
RESUMO
A problemática atual principal de toda a sociedade contemporânea é o isolamento dos
indivíduos, desencadeado pelo uso dos mais variados aparelhos tecnológicos, que provoca
grande alteração no comportamento social de crianças, adultos e idosos. Esse uso desregrado
interfere diretamente no convívio e nas relações interpessoais, resultando no individualismo.
O presente artigo tem como objetivo despertar a conscientização da sociedade, principalmente
das famílias, sobre o uso excessivo de smartphones, tablets, vídeo-game, computadores entre
outros. O consumo dessa enxurrada tecnológica afeta a todos e consideravelmente às crianças,
que são privadas de vivenciarem experiências com os diferentes elementos da natureza e
momentos lúdicos preciosos para o seu aprendizado e desenvolvimento integral; vivências
fundamentais para que as mesmas não cresçam em uma desnecessária dependência
tecnológica.
Palavras-Chave: Tecnologia, Família, Individualismo, Relações Interpessoais.
ABSTRACT
The main current problem of the contemporary society is the isolation of the people caused by
the use of the most variety of technologic devices, which causes great alterations on social
behavior of children, adults and old-aged persons. This disorderly use of this stuff interferes
directly with social interation and in the interpersonal relationship, leading to individualism.
This article is intended to awareness raising of the society, mainly families about excessive
use of smartphones, tablets, video games, computers, among other devices. The use of this
technological torrent affects everyone, substantially children, who are deprived of
experiencing the diverse elements of nature and precious ludic moments for their learning and
integral development; essential experiencies for their growth without a needless technological
dependency.
Keywords: Technology, family, individualism, interpersonal relationships.
1. INTRODUÇÃO
A necessidade de dialogar é algo que está presente na vida do ser humano desde os
tempos mais remotos, quando a prática de registrar os fatos, trocar informações, experiências
e expressar as emoções certamente contribuíram para a evolução das diferentes formas de se
comunicar e relacionar. Conforme a sociedade foi se tornando mais complexa, o homem passa
a utilizar sua capacidade racional para desenvolver novas ferramentas tecnológicas, com o
objetivo principal de distribuir, reunir e compartilhar informações em tempo real em todo o
planeta.
Diante dessa constante necessidade mundial de inovar e agilizar as diferentes formas
de comunicação, o progresso tecnológico tornou-se incontrolável e consequentemente
surgiram também os seus malefícios. O uso excessivo e suas possíveis consequências são um
dos principais problemas da sociedade contemporânea, que persiste em negar o consumo
desenfreado de suas criações eletrônicas.
Diante de tantos avanços digitais, o presente artigo tem como objetivo sensibilizar a
sociedade contemporânea para a necessidade do uso ponderado das tecnologias, para que as
relações sociais e afetivas permaneçam prioritariamente na vida real. Problemática que já foi
abordada por Lipovetsky (2005) em A Era do Vazio, na qual ficou explícito o declínio dos
costumes de toda a sociedade e um inédito modo de individualização,dando iniciou a era do
ser fechado em si mesmo e do consumo de massa.
Na última década com a revolução digital e das mídias, o acesso à internet foi
democratizado, proporcionando o rápido consumo de informações ao redor do mundo. O
universo informatizado possui linguagem própria com expressões peculiares, como a sigla
TIC que é a abreviação de “Tecnologia de Informação e Comunicação” utilizada para
denominar o conjunto de recursos tecnológicos que, se estiverem integrados entre si, podem
proporcionar a comunicação de diferentes áreas em tempo real.
O consumo desenfreado dessas novidades eletrônicas provocou um bombardeio de
informações em toda a sociedade, desencadeando inevitáveis efeitos colaterais como: o
individualismo, o sedentarismo, a dependência digital, Nomofobia, Phubbing, Cibercondria
ou Hipocondria Digital, Depressão Facebook, entre outros.
Criar um ponto de equilíbrio entre o uso das tecnologias e as relações interpessoais, na
qual uma complementa a outra, torna-se fundamental nos dias atuais.
As redes sociais existem desde sempre na história humana, tendo em vista que os
homens estabelecem relações entre si formando comunidades ou redes de
relacionamentos presenciais. Hoje, por meio da internet, estamos transcrevendo
nossas relações presenciais no mundo virtual deformas que aquilo que antes estava
restrito a nossa memória agora está registrado e publicado. (LORENZO, 2012 apud
COSTA, 2012, p.23)
Segundo Morin (2007), “a existência de uma imprensa infantil de massa é o sinal de
que uma mesma estrutura industrial comanda a imprensa infantil e a imprensa adulta”.
Como ocorre em relação ao ar e à água, não devemos nem abraçar nem evitar as
mídias, mas usá-las conscientemente e de maneira focada. As mídias são inevitáveis,
poderosas e cada vez mais essenciais. Inerentemente, elas não são nem malignas
nem benéficas, mas podem vir a sê-lo, dependendo de como são usadas.
Reestruturando seu uso como uma realidade quase onipresente em nosso mundo e
baseando nossas decisões nas evidências científicas sobre como o uso das mídias
influencia o desenvolvimento das crianças e sua saúde física, mental e social,
podemos manejá-las de modo que beneficiem e evitem danos. (ABREU;
EISENSTEIN; ESTEFENON, 2013 p.31)
A principal tarefa dos responsáveis pelas crianças e adolescentes está em
compreender, reconhecer e usar o potencial das mídias, discernindo quando seu uso não for
benéfico. Estando conscientes que o mecanismo de defesa está na autonomia de desligá-las
quando julgar necessário.
Agora o indivíduo tem uma nova maneira de lidar com seu egocentrismo, onde há um
estímulo exagerado ao “direito de ser ele mesmo” em detrimento das relações com o outro e
com a sociedade. Trata-se de uma era de socializações com variadas vivências e experiências
a serem iniciadas sob a proteção e apoio do “eu”.
De acordo com Morin (2007) a sociedade sofre a forte influência que a estimulação do
consumo desperta e é marcada pelo individualismo, transformando o modo de pensar e agir de
indivíduos que apresentam dificuldades em lidar com a própria realidade.
Dificuldades que permeiam os indivíduos também na atualidade, onde estes sofrem as
consequências do consumo de massa condicionado ao status social, que aprisiona,
desencadeando sentimentos de frustação e apego ao supérfluo.
Levando principalmente aos mais jovens a criarem nas redes sociais uma identidade
digital irreal, que ostenta o apego aos bens materiais. Gerando nesses indivíduos a
necessidade psicológica de ficarem conectados por longos períodos, em diferentes redes
sociais. “...a informação, a grande imprensa pesca cada dia, o novo, o contingente, o
“acontecimento”, isto é, o individual. Fazem o acontecimento passar nos seus moldes para
restituí-lo em sua unicidade. (MORIN, 2007, p.25)
Com o uso excessivo das mídias e redes sociais diversos transtornos estão sendo
identificados: Dependência digital, Nomofobia, Phubbing, Cibercondria ou Hipocondria
Digital, Depressão Facebook entre outros.
4.2 Nomofobia
Além da dependência normal e dependência patológica, existe hoje um transtorno
chamado Nomofobia, vem do inglês “Mobile phonephobia". Que causa medo ou pânico,
gerado pela incapacidade de comunicação por ficar longe do seu próprio celular ou aparelhos
tecnológicos.
A nomofobia não costuma aparecer sozinha. Geralmente está associada aos
transtornos de ansiedade, que podem ser síndrome do pânico, transtorno bipolar, estresse pós-
traumático, entre outros. Tratando essas doenças com remédios e terapia, a nomofobia
também desaparece.
4.3. Phubbing
As novas tecnologias estão substituindo os hábitos das gerações passadas, de
conversar ao telefone, se encontrar no shopping, o diálogo com os amigos e familiares,
pequenas coisas já perderam a sua essência, o aparelho tecnológico passou a ser distrações
digitais que afastam a pessoa do esforço real de se relacionar, manter a intimidade e a
comunicação.
O nosso mundo está ficando cada vez menor e deveríamos nos sentir mais
conectados com as pessoas que nos cercam, mas às vezes as próprias tecnologias
digitais que parecem nos conectar com os outros nos alienam, isolam e nos tornam
dependentes. (ABREU;S. YOUNG, 2011, p.185)
As pessoas que se esquecem do mundo a sua volta, para ficarem conectados, são
chamados de phubbing. A palavra é uma união entre “phone” (telefone) e “snubbing”
(esnobar) e foi criado por Alex Haigh que chegou a criar, inclusive, uma campanha chamada
“Stop Phubbing”, tem dado forças a um movimento que se originou da digitação do mundo
real e do excesso de consumo, buscando reconectar as pessoas e as afastar do mundo
cibernético.
Os casamentos e relacionamentos sofreram um impacto significativo pelo uso e abuso
de internet e de outros aparelhos de mídia digital. O Phubbing é relacionado principalmente às
mídias sociais, então a sociedade, recorre ao mundo virtual e não procura contatos e eventos
reais.Muitas vezes a tecnologia nos protege e nos anestesia de situações desconfortáveis do
cotidiano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Era da informação iniciou-se de maneira mais expressiva após a década de 1980
promovendo alterações nos costumes, no comportamento, nos hábitos dos indivíduos, e na
sociedade em diferentes aspectos.
Percebe-se que o avanço tecnológico trouxe ao longo do tempo um desenvolvimento
incontestável à humanidade em diferentes áreas do conhecimento,ficando evidente que os
benefícios se sobressaem em relação aos malefícios.Porém, o seu uso deve ser dosado para
que os avanços continuem a proporcionar melhorias ao nosso mundo globalizado.
REFERÊNCIAS
ABREU, Cristiano Nabuco; EISENSTEIN, Evelyn; ESTEFENON, Susana Graciela Bruno
(Org.). Vivendo esse mundo digital: impactos na saúde, na educação e nos comportamentos
sociais. Porto Alegre: Artmed, 2013.
LORENZO, Eder Maia. A Utilização das Redes Sociais na Educação: A Importância das
Redes Sociais na Educação. 2 ed. São Paulo: Clube de Autores, 2012.
MORIN, Edgar. Cultura de massas no século XX: neurose. Tradução: Maura Ribeiro
Sardinha. 9 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007.