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NO TRIBUNAL DO REI
"Ame a Deus e viva como quiser." Agora estamos livres para pecar
sem quaisquer restrições? Será que podemos sair correndo daquele
tribunal, perdoados e justificados, e fazer tudo que quisermos? Sim; mas
agora você "nasceu de novo". Você não quererá cometer os erros antigos;
seus desejos mudaram.
Se você confiou em Jesus, e viu aquele profundo interesse que ele
demonstrou por você na cruz, pode afirmar como o apóstolo Paulo: "Pois
o amor de Cristo nos constrange" (2 Co. 5:14). As mudanças interiores
que Deus começa a operar em nosso caráter serão objeto de um capítulo
posterior. Mas elas se baseiam numa mudança de situação. Nós que antes
havíamos sido, com toda a justiça, condenados, somos agora, com toda a
justiça declarados justos, quando confiamos em Cristo.
Imagine o que um repórter de jornal faria com uma matéria dessas.
Conclusões do Testemunho
"Por que não consigo resolver meus problemas?" Esta pergunta fez-
me lembrar de uma historieta em quadrinhos da série Peanuts. Ela
mostra Lucy em sua "banca" psiquiátrica dando conselhos a Charlie
Brown. Charlie acaba de perder mais um jogo, e sente-se deprimido e
derrotado. Lucy, a psiquiatra, está-lhe explicando que a vida é toda feita
de altos e baixos. E Charlie afasta-se dali gritando: "Mas eu detesto os
baixos; quero só os altos."
Receio que muitas vezes nós, que pregamos a mensagem cristã,
damos a impressão de que, depois que uma pessoa aceita a Jesus Cristo,
ela nunca mais terá problemas. Isso não é bem verdade. A realidade é
que temos Alguém que nos ajuda a enfrentar os problemas. Temos uma
amiga que está paralítica há trinta anos. Apesar dos problemas que a
atormentam, para os quais não há solução, ela aprendeu não somente a
aceitar sua condição, mas, além disso, é uma pessoa radiante e vitoriosa,
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uma benção para os outros, e uma notável ganhadora de almas para
Cristo.
Paul Tournier, um dos maiores psiquiatras suíços, afirmou que na
vida cristã precisamos entender que cada dia nos apresenta novas
circunstâncias, e sempre teremos que fazer certas acomodações. Se viajo
de carro para outra cidade, não irei dirigir o tempo todo com as mãos
rígidas no volante, nem rodar sempre à mesma velocidade. Terei que
parar vez por outra, e dar partida no veículo, fazer ajustamentos. O
mesmo se aplica a nosso viver diário. Há sempre um preço a se pagar
pelo fato de sermos seres humanos; uma parte desse preço são dores e
problemas. Mas temos a promessa de Cristo de que está sempre conosco.
No Salmo 34, há três grandes afirmações acerca de nossos
problemas:
"Clamou este aflito, e o Senhor o ouviu e o livrou de todas as suas
tribulações." (V. 6.)
"Clamam os justos, e o Senhor os escuta e os livra de todas as suas
tribulações." (V. 17.)
"Muitas são as aflições do justo, mas o Senhor de todas o livra." (v. 19.)
A vida cristã não é uma via de "escape" da existência, mas um
caminho que nos conduz "através" dela. A palavra "livrar" nesses versos
não fala de uma libertação das dificuldades, mas de uma libertação "em
meio" a elas. O teólogo inglês, Dr. Arthur Way, colocou-os da seguinte
maneira: "É uma libertação em meio à provação, e não uma libertação
dela. Então, nesse sentido, a idéia é: "Conduziu-me em segurança
durante o conflito", e não "Simplesmente livrou-me de enfrentar o
conflito."
Outra pergunta é: "Sinto tanto senso de culpa – como posso
encontrar alívio?
A culpa é um elemento debilitante. Ela pode destruir nossa atitude,
nossos relacionamentos pessoais, e nosso trabalho. Às vezes, nos
sentimos culpados por havermos feito coisas erradas pelas quais temos
que aceitar o perdão de Deus.
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Médicos têm me dito que uma grande parte dos pacientes de
hospitais psiquiátricos poderiam ser liberados, se apenas se
convencessem plenamente do fato de que foram perdoados.
É fácil colocar a culpa em outrem. A comediante inglesa, Anna
Russell, escreveu um interessante poema a respeito da culpa, intitulado
"O Velho Sigmund Freud".
Fui ao psiquiatra para ser analisado
E saber por que chutei meu gato e "soquei" o olho de minha
esposa.
Ele deitou-me em seu divã, a ver o que descobria.
E eis o que arrancou de meu subconsciente:
Quando eu tinha um ano, minha mãe escondeu meu bonequinho
num baú.
E, por isso, naturalmente, estou sempre bêbedo.
Quando tinha dois, sofri de ambivalência com relação a meus
irmãos
E, por isso, naturalmente, enveneno minhas amadas.
Agora, estou muito alegre, pois aprendi algo que ele me explicou:
Que tudo que faço errado é culpa de outra pessoa que errou.
Para alguns, a culpa é uma desculpa. Não aceitam o perdão que lhes
é oferecido; é tão difícil acreditar. Parece bom demais que Deus nos
deixe ficar eternamente livres de nossos pecados – e, no entanto, esta é a
mensagem que o evangelho nos traz. Quando nos agarramos à nossa
culpa, deixamos de honrar a Deus e prejudicamos nossa vida terrivelmente .
O perdão é a oportunidade que Cristo nos ofereceu na cruz. Quando
aceitamos seu perdão, e nos dispomos a perdoar-nos a nós mesmos,
então encontramos alívio.
No sistema de esgotos de Londres, depois que, por um processo
automático, é aproveitado tudo que se pode aproveitar, os resíduos
sedimentados no rio Tâmisa são levados alguns quilômetros mar a
dentro, e ali depositados. Segundo consta, são necessários apenas alguns
segundos para que a água do mar esteja novamente pura, após o depósito
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dos detritos. Isso é uma bela ilustração de como nossos pecados são
sepultados no fundo do oceano.
Corrie ten Boom narra a história de uma garotinha que quebrou
uma xícara valiosa de sua mãe. A menina aproximou-se da mãe em
lágrimas. "Ah, mamãe, perdoe-me; quebrei sua linda xícara."
A mãe respondeu: "Sei que vocé está sentida, e a perdôo. Agora não
chore mais." E recolheu os cacos da xícara quebrada, e atirou-os no lixo.
Mas a filha parecia estar gostando daquele sentimento de culpa. Foi à
lata de lixo, pegou os cacos da xícara, levou-os à mãe, e disse-lhe, em
prantos: "Mamãe, sinto muito haver quebrado sua xícara."
Dessa vez a mãe lhe falou com toda a firmeza: "Pegue estes
pedaços, e os coloque no lixo. Não seja tola de apanhá-los novamente.
Eu já disse que a perdoei, e portanto não chore mais e não torne a pegar
os cacos da xícara."
A culpa é removida pela confissão e purificação. "Se confessarmos
os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda injustiça." (1 Jo. 1:9.)
Todavia, o relato do pecado de Davi demonstra que o perdão não
elimina as conseqüências naturais do pecado. Um assassinato pode ser
perdoado, mas não traz o morto de volta à vida.
Existe uma história bem conhecida de alguns homens escoceses,
que haviam passado o dia todo pescando. À noite, eles se encontravam
numa pequena estalagem tomando chá. Um dos pescadores, num gesto
característico para descrever o tamanho de um dos peixes que haviam
escapado, abriu os braços atabalhoado, exatamente no momento em que
a garçonete se inclinava para depositar a chávena diante dele. Sua mão
esbarrou na xícara, atirando o chá na parede caiada. Imediatamente, uma
feia mancha marrom começou a espalhar-se pela parede. O homem que
provocara o acidente estava muito constrangido, e desculpou-se repetidas
vezes. Outro freguês que ali estava, ergueu-se rápido, dizendo: "Não se
preocupe." E retirando do bolso uma caneta, começou a desenhar o
contorno da feia mancha. Logo todos puderam distinguir a figura de um
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magnífico veado real, com seus grandes "galhos". Aquele artista era Sir
Edwin Landseer, o melhor desenhista de animais da Inglaterra.
Este incidente sempre ilustra para mim o fato de que se
confessarmos não somente nossos pecados mas nossos erros para Deus,
ele pode fazer deles algo que redunde para nosso bem e sua glória. Por
alguma razão, parece mais difícil confiar a Deus nossos erros e tolices do
que os pecados. Nossos enganos e mancadas parecem tão grosseiros, ao
passo que os pecados parecem mais uma frutificação própria de nossa
natureza humana. Mas o texto de Romanos 8:28 afirma que se os
confiarmos a Deus, ele pode fazer com que tudo contribua para nosso
bem e sua glória.
Quando alguém faz um bolo, mistura vários ingredientes como
farinha, fermento, chocolate amargo, manteiga, etc., os quais, se
provados separadamente, não têm bom sabor, mas reunidos dão um
delicioso bolo. O mesmo se dá com nossos erros e pecados – embora não
sejam um bem em si mesmos, se os entregarmos a Deus, com fé simples
e sincera, ele os maneja à sua própria maneira e no tempo certo, e faz
deles algo que coopera para nosso bem e sua glória.
Pergunta: "É preciso que eu entenda tudo que diz respeito à morte
de Cristo?" A profundeza do amor de Deus ao enviar seu Filho para
pagar um preço tão terrível está acima da compreensão humana. Temos
que aceitar tudo pela fé, ou então continuaremos a carregar o peso da
culpa. A salvação vem somente por Cristo, pela fé somente, e somente
para a glória de Deus.
Jesus nunca disse: "Compreenda somente", mas, sim, "Crê
somente".