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Aquele que instaura uma acção em tribunal (petição inicial) é o autor, sendo o réu
aquele contra quem a acção é intentada, podendo este defender-se através da
contestação.
Mas para propor acção em tribunal é necessário cumprir e satisfazer diversas regras,
requisitos e pressupostos técnicos.
Isto é o Direito Processual Civil - conjunto das regras e dos comandos normativos
que acompanham a vida de uma acção em tribunal, desde que ela é instaurada até que
seja proferida a decisão que lhe ponha termo. O direito processual civil não só
acompanha a vida de uma acção em tribunal como também lhe impõe uma tramitação
própria, com normas de verificação de todos os requisitos, definindo também as regras
relativamente ás partes (autor/réu) e do próprio tribunal.
A tramitação de uma acção é feita de acordo com um conjunto de regras com limites
previstos e impostos na própria lei, tudo se desenvolve com método e rigor, tendo que se
respeitar um rito processual. O processo consiste numa evolução lógica de actos e
técnicas devidamente previstas na lei. O processo civil é uma via onde a partes
caminham passo a passo, numa sequência progressivamente lógica e previsível até ao
fim. Este processo só pode avançar nunca retroceder.
Acção declarativa – nesta acção o que autor pede ao tribunal é que profira uma
declaração final de direito, é uma sentença que resolva o seu conflito com o réu e
através desta declaração final pôr termo ao litigio.
Assim, o fim da acção declarativa consiste nessa declaração que o juiz vai proferir que
vai resolver o caso levado a tribunal. É a sentença, e é com esta que se esgota a acção
declarativa.
Se o réu não cumprir a sentença, o autor vai instaurar uma acção executiva. Vai pedir
que sejam tomadas medidas á reparação efectiva do seu direito, vai pedir ao tribunal que
assegure com efectividade e materialidade a reparação do seu direito conforme o art. 4/3
CPC.
O processo civil abrange duas etapas, uma que visa obter uma ordem de comando (fase
declarativa ou declaratória) e outra que visa a efectiva concretização desse comando
fase executiva ou executória). Poderá ainda dizer-se que nem sempre à acção declarativa
se segue a executiva e que esta pode ser instaurada sem precedência daquela.
Acção declarativa de condenação - art. 4/2 CPC tem como origem num estado
de violação de um direito. Na petição inicial o autor, titular desse direito, invoca a
violação desse direito por parte do réu e pede ao tribunal não só que confirme a
declaração da titularidade do direito e da violação, mas que também condene o réu a
realizar uma prestação de reintegração desse direito. O autor pede que o réu seja
condenado, a pagar certa quantia, ou a entregar certo objecto, a presta qualquer facto, ou
mesmo a abster-se de determinada conduta. Exemplo A empresta a B certa quantia em
dinheiro, que o mutuário se obrigou a restituir em data convencionada. Se B não
cumprir a obrigação assumida, pode A instaurar uma acção judicial, alegando os factos
constitutivos do seu direito e da violação do mesmo pelo réu, pedindo que o tribunal
condene o réu na restituição da quantia devida.
Acções declarativas de simples apreciação são aquelas em que se visa obter a
declaração da existência ou inexistência de um direito ou de um facto, conforme art. 4/2
a) CPC, sendo de apreciação positiva as primeiras e de simples apreciação negativa as
segundas. Este tipo de acções é justificado pela necessidade de reagir contra uma
situação de incerteza acerca da existência ou não existência de um direito ou de um
facto, ao contrário das acções de condenação, aqui o motivo para a instauração da acção
está no facto da falta de cumprimento de uma obrigação por parte do réu. Nas acções de
simples apreciação não se exige ao réu prestação alguma, porque se não imputa a falta
de cumprimento de qualquer obrigação, o autor só quer pôr termo a uma situação de
incerteza que o prejudica.
Acções executivas, são estas as acções em que o autor pede ao tribunal não uma
declaração de direito, mas as providências materiais adequadas á reparação efectiva do
direito violado, como consta no art. 4º /3 do CPC. O que se pretende é que a sentença ou
um documento com valor igual repare o direito, não há aqui um conflito a resolver antes
uma obrigação a cumprir coercivamente, uma obrigação a executar. As acções
executivas podem ser para pagamento de quantia certa, entrega de coisa certa e
prestação de facto, positivo ou negativo, como prevê o art.º 45/2 CPC
Titulo executivo, art. 45/1 CPC, resulta daqui que para aceder a uma acção
executiva, o credor tem que estar investido de um titulo executivo, um documento a que
a lei reconheça força bastante para tal, sendo este titulo uma condição necessária para a
instauração de uma acção executiva
Espécies de títulos executivos – art. 46/1 CPC este artigo enumera os títulos
executivos, e são títulos executivos só aqueles que ali constam.
O primeiro título executivo previsto na lei é a sentença condenatória (art. 46/1 a) CPC),
são nesta categoria as sentenças proferidas em acção declarativas de condenação, as
acções declarativas constitutivas sempre que delas resulte alguma imposição a que o réu
fique adstrito. Por força do art. 48/1 CPC, também estão inseridas nesta categoria de
títulos executivos os despachos e quaisquer outras decisões ou actos judicias ou actos de
autoridade judicial que condenem num cumprimento de uma obrigação.
Os segundos títulos executivos previstos na lei são os documentos exarados ou
autenticados por notário ou serviço com competência para a prática de actos de registo
(art. 46/ 1 b) CPC), este documentos são os autênticos, os exarados com formalidades
legais, os outros são os autenticados. São também títulos executivos os documentos em
que tenham intervido serviço com competência para a pratica de actos de registo, art
46/1 c), também nos diz que são títulos executivos os documentos particulares
dependendo a sua exequibilidade de uma série de requisitos, são eles: estes estarem
assinados pelo devedor, deles constar uma obrigação pecuniária, ou a obrigação de
entrega de coisa móvel ou imóvel, ou uma obrigação de entrega de coisa ou de
prestação de facto. Uma ultima categoria de títulos executivos são os documentos a que
por disposição especial, lhe seja atribuída força executiva que são os chamados títulos
administrativos estes são os emitidos por repartições do Estado ou pessoas colectivas
exemplo disso são os títulos de cobrança de contribuições, juros de mora, impostos,
taxas entre outros créditos relativos ao Estado – art. 46/2 CPC
Processo ordinário constitui a forma mais solene do processo comum e está previsto
nos art. 467 e art. 782 do CPC, aplica-se ás acções declarativas que não sendo especiais,
tenham um valor superior ao da alçada da relação ( art462 CPC).
O processo sumário, aplica-se a acções declarativas, que não sendo especiais, tenham
um valor igual ou inferior ao da alçada da relação e não devam observar a tramitação do
processo sumaríssimo, está previsto nos art.º 783 e art791CPC.
Processo sumaríssimo, aplica-se a acções declarativas que não sendo especiais tenham
um valor igual ou inferior á alçada da 1º instância (cumprimento de obrigações
pecuniárias, á indemnização por dano e entrega de móveis parte final do art. 462CPC).
O processo sumaríssimo está previsto nos art.º 793 e art. 796 CPC.
Processo executivo comum este segue forma única (art465 CPC)
Personalidade jurídica à luz do art. 5/1 do CPC, esta personalidade jurídica consiste
na susceptibilidade de ser parte, estabelecendo o n.º 2 do mesmo artigo - quem tiver
personalidade jurídica tem igualmente personalidade judiciária.
De acordo com art.66/1 do CC a personalidade jurídica adquire-se no momento do
nascimento completo e com vida, adquirida a personalidade jurídica, isto é a capacidade
civil de gozo de direitos, qualquer pessoa maior ou menor, capaz ou incapaz pode ser
parte numa causa, estão também contempladas as pessoas colectivas, porque estando
estas dotadas de personalidade jurídica têm igualmente personalidade judiciária.
A personalidade judiciária é o pressuposto processual relativo às partes não havendo
esta, não há sequer parte no processo.
O CPC atribui personalidade judiciária a certas entidades que não ou ainda não a têm,
são excepções previstas nos art. 5/2, e 6 CPC, por exemplo a al. a) deste artigo quando
fala em herança jacente, o artigo 2046 CC diz-nos que esta é uma herança sem titular,
ou porque não se conhece os sucessores ou ainda porque não aceitaram a herança. Todas
as entidades que são reconhecidas a personalidade jurídica nos termos dos art. 6 e 7
CPC são representadas em juízo por quem o art. 22 CPC determinar.
Capacidade jurídiciária nos termos do art. 9/1/2 do CPC esta a capacidade judiciária
consiste na susceptibilidade de estar por si em juízo, e tem por base e por medida a
capacidade do exercício de direitos.
A capacidade judiciária decorre da capacidade jurídica prevista no art. 67 CC, também
aqui o CPC estabelece uma equiparação entre a capacidade de exercício de direito e a
capacidade judiciária.
Para litigar não basta ter personalidade judiciária, é necessário que possa estar por si
própria em juízo (não careça de qualquer representação), não podendo estar ele próprio
em juízo, a sua intervenção judiciária deverá fazer-se através de representante legal nos
termos do art10/1 CPC, ficando assim suprida a capacidade judiciária.
São incapacidade os casos previstos na lei como a menoridade, a interditação e a
inabilitação, a menoridade nos termos do art. 122 do CC, é caso dos menores de dezoito
anos, da conjugação do art. 123 do art. 9/.2 do CPC, resulta em que o menor não tem
capacidade judiciaria, assim para litigiar tem que ser suprida essa incapacidade com a
conjugação do art. 124 do CC com o art10 do CPC.
A Interdição é prevista no art. 138 do CC, o interdito é equiparado ao menor, isto é não
dispõe de capacidade jurídica, e por consequência disso de capacidade judiciária,
conjugando os arts. 139 e 123 do CC com o art. 9/2 CPC. A interdição é decretada em
acção especial nos termos do art. 944 a 958 do CPC, sendo que a sentença designa o
representante legal do interdito.
A inabilitação prevista no art. 152 CC, é semelhante á interditação, embora neste caso
não seja necessária uma absoluta incapacidade, esta também é decretada por sentença á
luz do art.944 a 958 do CPC, definindo o curador assim como os actos que este possa
praticar, podendo ele intervir e citado se for réu nos termos do art. 13/1 CPC ficando
contudo a acção subordinada á orientação do curador conforme art. 13/2 CPC.
A lei contempla situações de pluralidade das partes, esta pode ser activa, isto é com
vários autores, passiva com vários réus ou dupla, com vários réus e vários autores.
Esta pluralidade pode se verificar logo na petição inicial ou posteriormente no decorrer
da acção.
As figuras de pluralidade são o litisconsórcio e a coligação.
O litisconsórcio ocorre quando se discute em juízo uma determinada relação jurídica
envolvendo diversos sujeitos por isso são partes na acção. Quer dizer a unicidade da
relação convertida corresponde a uma pluralidade de partes. O litisconsórcio pode ser
voluntário ou facultativo, necessário ou forçoso.
Diz-se que é voluntário quando a pluralidade das partes resulta da vontade do ou dos
interessados, cabe ao autor e por sua vontade propor a acção contra todos os
interessados, ou porque vários interessados decidiram instaurar em co-autoria a acção.
O art. 27 CPC, refere a hipótese de a acção poder ser instaurada por todos ou contra
todos os interessados. O litisconsorcio necessário corresponde a uma pluralidade de
partes obrigatória, não dependente da simples vontade dos interessados. Está previsto no
art. 28 CPC, no nº 1 corresponde ao litisconsórcio legal quando deriva da exigencia da
lei. Litisconsórcio necessário convencional isto quando a pluralidade das partes é
determinada por estipulação dos interessados art. 28/1 CPC, pode ainda ser natural
quando a intervenção de todos os interessados se mostre necessária para que a decisão a
obter produza o seu efeito útil normal (art. 28/2 CPC).
Outra espécie de pluralidade de partes é a coligação de autores e de réus prevista no art.
30 CPC, e o que a distingue do litisconsórcio é que na coligação há pluralidade de
partes e pluralidade correspondente de relações materiais controvertidas, no
litisconsorcio há pluralidade de partes, mas unicidade da relação controvertida.
Nos art. 30/1 e 2 CPC, estão os requisitos para que as coligações de autores e réus sejam
admitidas.