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Resumo
Este artigo apresenta a política estadual para a pós-graduação em Minas Gerais
baseada na cooperação entre a FAPEMIG e a CAPES. Foco especial é dado aos dois
Acordos de Cooperação entre as Agências, sendo que no primeiro mostram-se os
resultados e no segundo as perspectivas de aprofundar e aperfeiçoar uma parceria
de sucesso. Procura-se demonstrar que, por um lado, os cursos de pós-graduação
podem ganhar muito e avançar mais rapidamente na busca pela excelência e,
por outro, que a pós-graduação pode colaborar efetivamente na melhoria da
educação básica no País. Para isso a política nacional de pós-graduação precisa
ser mais robusta, consistente e focada como no modelo descrito que requer a
participação efetiva das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa. O artigo
apresenta recomendações que poderão colaborar na elaboração desta política e
no uso deste modelo com vistas à melhoria da qualidade da educação nacional.
Palavras-chave: Pós-graduação. Política de Fomento. PNPG.
1 Professor Associado da Universidade Federal de São João Del Rei – UFSJ; Presidente da FAPEMIG; E-mail: mari-
oneto@fapemig.br
2 Professor Emérito da UFMG; Membro da Academia Brasileira de Ciências; E-mail: fcsabarreto@gmail.com
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focused on the results achieved so far and the second on the expectations to deepen
and refine this successful partnership. It tries to demonstrate, one the one hand, how
graduate courses may be benefited and the search for excellence accelerated and,
on the other, that these courses may effectively collaborate to improve the quality
of primary education in the country. In order to achieve this, the national policy for
post graduate courses must be as focused, consistent and strong as demonstrated in
the presented model which, in turn, requires the participation of the state agencies
together with the federal ones. The paper presents recommendations that may help
in the design of this policy on a national level, aiming at improving the national
education as whole.
Keywords: Post-graduation. Education Policies. PNPG.
Introdução
Historicamente, apenas a partir de 1931 é que, no Brasil, surgiu a possibili-
dade de implantação de cursos de pós-graduação. O Estatuto das Universidades
Brasileiras de 1931 consagrava também os critérios gerais de organização das
universidades, apresentando uma preocupação com a pesquisa (BRASIL, 1931).
O Estatuto da Universidade do Brasil (antiga Universidade do Rio de Janeiro),
de 1946 evidenciava em seus artigos os princípios da pós-graduação (ALMEIDA;
BORGES, 2007). Entretanto, apenas a partir dos anos 60, é que várias instituições
de ensino superior dão início a um movimento nacional de implantação de cursos
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Desde então a CAPES tem buscado cumprir o seu papel na implantação e consolida-
ção de mestrados e doutorados em todas as unidades federativas do Brasil, investindo
nos cursos e na formação de pessoal qualificado e subsidiando o Ministério da Educa-
ção (MEC) na formulação de políticas públicas para a pós-graduação nacional. Suas
atividades básicas compreendem linhas de ação como: a avaliação da pós-graduação
stricto sensu (mestrado e doutorado), acesso à divulgação da produção científica,
investimentos na formação de recursos humanos de alto nível no país e no exterior
e a promoção da cooperação científica internacional. Mais recentemente, em 2007,
assumiu também a tarefa de cuidar da qualidade da educação básica (BRASIL, 2010).
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No que diz respeito à pós-graduação, o Estado hoje conta com 302 cursos de mestrado e
155 de doutorado. Nos dados mais recentes da CAPES, o número de cursos em Minas Gerais
perfaz cerca de 10% do total de programas de pós-graduação em todo o País (GeoCAPES
2010). Por isso Minas Gerais ocupa o 3o lugar no ranking nacional, após São Paulo e Rio de
Janeiro, em número de pesquisadores, conforme Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq
(CNPq, 2010). Nesses programas e em suas instituições se acha o berço onde se formam os
pesquisadores e se desenvolvem as pesquisas de interesse do País e do Estado.
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Cursos de Pós-Graduação em MG
Em 2008 foram recomendados para receber apoio cinco cursos com nível 7, cinco
programas com possibilidades de promoção do nível 6 para 7 e quatro programas
com possibilidades de promoção do nível 5 para 6.
Entre 2008 e 2011 o PACSS atendeu, no total, a seis cursos com nota 7 e quatorze
cursos com notas 5 e 6. O investimento total no Programa PACSS atingiu R$ 6,6 milhões.
Como resultado destes investimentos e do intenso esforço das IES Mineiras, orientadas
pelo Programa, pode-se constatar o aumento de cursos nota 6 e 7 no Estado como está
apresentado na Tabela a seguir.
2007 2 17 6 23
2010 5 18 13 31
Os cursos com notas 6 e 7, esta a mais alta concedida pela CAPES, são considerados
de padrão internacional e saltaram de 23 para 31 na última avaliação, veja tabela. O
maior destaque fica com os cursos nota 7 que mais do que dobraram em quantidade,
passando de seis para treze no intervalo de apenas uma avalição trienal. Isso caracte-
riza a melhoria do padrão dos cursos de pós-graduação stricto sensu no Estado. Esta
melhoria é fruto também, entre outras iniciativas das próprias IES que as oferecem, dos
investimentos da FAPEMIG e da CAPES nos programas PAPG e PACSS.
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Bolsa acoplada
O programa Bolsa Acoplada é constituído de um estágio sanduíche no exterior, nos
moldes descritos acima, seguido de uma bolsa de pós-doutorado em instituição de Minas
Gerais, de duração máxima de três anos. Estas serão implementadas ao retorno dos alunos de
doutorado que tiveram a experiência internacional e imediatamente ao concluírem o curso.
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17 168 5.000.000,00
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Por fim, a taxa de alunos titulados por alunos matriculados evoluiu de aproxima-
damente 10% em 1987 para 20% em 2009.
A evolução dos discentes de mestrado de 1987 a 2009 é a seguinte: crescimento
absoluto da ordem de 300% para o número de matriculados, 485% para novos
alunos e 970% para os titulados.
Em 2009, as bases ISI e Scopus indicavam o Brasil na 13ª posição em números de artigos
publicados (BRASIL, 2010). Segundo a Scopus, entre os anos de 1981 e 2008, a taxa de
crescimento da produção brasileira de artigos científicos é maior do que a media mundial.
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Tendo como base os cinco eixos, o Plano apresenta as diretrizes gerais, da se-
guinte forma:
as seguintes diretrizes que deverão ser observadas, imple-
mentadas por ações específicas e induzidas, e definidas pelos
governos e pela comunidade:
• estímulo à formação de redes de pesquisa e pós-graduação,
envolvendo parecerias, nacionais e internacionais, no nível
da fronteira do conhecimento, com vistas à descoberta do
‘novo’ e do inédito;
• ênfase nas questões ambientais, associadas à busca do
desenvolvimento sustentável e do uso de tecnologias limpas;
• garantia do apoio ao crescimento inercial do SNPG, fa-
vorecendo não obstante o uso de parcelas significativas do
• orçamento das agências como instrumento de implantação
de políticas inovadoras;
• consideração, nos diferentes programas visando ao de-
senvolvimento, economia, saúde e educação no Brasil, das
características culturais da população-alvo;
• atenção às atuais gerações de crianças e jovens, particular-
mente nas áreas de saúde e educação em ações voltadas para o
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São três linhas temáticas conforme tabela abaixo que terão o financiamento
de itens como custeio e bolsas nas modalidades de: iniciação científica júnior -
BIC-JR e de graduação - BIC, de apoio técnico - BAT, de mestrado e de professor
supervisor - PIBID.
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Considerações finais
Este artigo procurou demonstrar que uma política de pós-graduação ampla,
abrangente e robusta baseada na aliança entre a CAPES e a FAPEMIG é um tipo de
apoio público estratégico para o futuro do Estado e do País. Não só pela soma dos
recursos investidos por cada Agência, mas também, e principalmente, por possibilitar
programas desenhados para as particularidades regionais assim como por atuar
junto à educação básica – gargalo ainda a ser resolvido.
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Agradecimento
Os autores agradecem aos Professores Jorge Almeida Guimarães e Emídio Can-
tídio de Oliveira Filho, dirigentes da CAPES, pelas contribuições. O autor Francisco
César Sá Barreto agradece o apoio da Capes (programa PVNS-professor visitante
nacional sênior) que permitiu sua presença na UFSJ como professor visitante.
Referências
ALMEIDA, N. N.; BORGES, M. N. A Pós-graduação em Engenharia no Brasil: uma
perspectiva histórica no âmbito das políticas públicas. Ensaio: avaliação e políticas
públicas em Educação. Rio de Janeiro, v. 15, n. 56, p. 323-339, jul./set. 2007.
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CNPq. Censos: séries históricas: diretórios dos grupos de pesquisa no Brasil. 2010.
Disponível em: <http://dgp.cnpq.br/censos/series_historicas/pesquisadores/in-
dex_pesquisadores.htm>. Acesso em: 18 nov. 2011.
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