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FUNDAGAO UNIVERSIDADE DE BRASILIA. Reltor Lauro Morhy Vice-Reitor ‘Timothy Martin Mulholland EDITORA UNIVERSIDADE DE BRASILIA Diretor ‘Alexandre Lima CONSELHO EDITORIAL Airton Lugarinho de Lima Camara, ‘Alexandre Lima, Estevio Chaves de Rezende Mavtins, José Maria G. de Alineida JGnior, Moema Malheiros Pontes cinhardt Adolfo Fuck, Sérgio Paulo Rouanete Sylvia Ficher 40 anos iii dea = Elizabeth Cancelli A cultura do crime e da lei 1889-1930 Prometey Heasers, Equipe eta: Aion Lorin Supervise etal: Roane Mteneses Aconpanhorent eters): Wilma Gonales own Satrll (Pepmao de origin) iar engu ‘Cosmo Wiina Gongaves Rows Saltarel (Revs) simund Dios (Eragon); Pete Andrade (Capa) CCoprigh © 2001 by Esha Cncei presto wo Broil Diritoexcisivs poset edi: ‘nba oF Trout) saeate Tarot) 560 Shite “Todos s dios seas. Nema pare des publiagto ned Ser armada ou reposiida Po qvlqer mo sem 2 ova po escrito db Ete Fics estalogrfin elaborada pa ‘iviteca Cental dx Universidade de Basin (Cacel lizabeth cas "Aeutum do crime ed fei 18801920 / Eiabeth Cone Bestia "Bios Universidade de Basa, 20, 358 p-~ (Sie Prometen) ISDN; 85-2500596 Bigs Humans. 1. Chimes = Bhai, 2. Viléncia socal ~ Bras 3. Crimes conta a orl € of bans costumes. Til. i see cpus8s71@1) mas4@n, Hi alguns anos, quando assisti ao filme A estra: nha familia de Anténia, emocionei-me muito, porque ‘i retratada na tela do cinema, de forma muito proxi: ma, a maneira de viver e encarar a vida sempre pre- sente na casa de meus avis maternos. Solidatiedade, dignidade e respeito & individvalidade foram valores que fizeram daquela casa um centro de convivio que alimentou com forca espirtual nfo s6 0 ntcleo famili- ar, mas parentes, vizinhos e estranhos que Iutavam pela vida em uma pequena vila de descendentes de alemes no interior do Rio Grande do Sul. Meus avs © aquela forma de viver hé muito se foram, mas fica- ram entre nds 0s principios pelos quais tragaram a trajetra de suas e de outras vidas, E 6 a esta familia © 8 sua meméria que fez perpassar valores fundamentais dda vida privada para a esfera piblica que dedico este trabalho. Solidariedade, dignidade e respeito a indivi ‘dualidade so fundamentais para se chegar & liberda- de, nem que seja pela resisténca, As éstranhas familias, Sumario AGRADECIMENTOS, 9 IwtRoDUGAO, IT Captruto 1 (CRIMINOSOS E NAO CRIMINOSOS NA HISTORIA, 19 Cavtruto2 4 E A CIENCIA DESCOBRE AS “CONSCIENCIAS SOM- BRIAS": CRIME E LEI, $3 CawtruL03 “QUANDO 0 RELOGIO DO _CORAGAO ANDA Mais ATRASADO DO QUE © DO CEREBRO”: OS CRIMES Di PAIXAO, 97 Captruto4 ‘ConstRuINDo EsricMas, 149 Captrutos EM TORNO Dos DiREIros DO ESTADO, 193 CaptruLo 6 AORGANIZAGAO LEGAL, 231, ANEXO, 251 Binuiograrta, 285 Agradecimentos Trés insttuigdes foram fundamentais para que ppidesse ser concluido este trabalho. O CNPg, que fi- nanciou a pesquisa e assim possibilitou meu desloca- ‘mento a varios pontos do Brasil; a Unicamp, que me acolheu em pés-loutorado © segue me recebendo ‘como parte do grupo de pesquisa Histéria e Tingua- gens politicas: razio, sentimentos sensibilidades ligado a0 Departamento de Hist6ria; © a UnB, em vrias instancias, desde o Departamento de Hist ‘40 Decanato de Pesquisa e Pos-graduagio e a Edit dda UnB, onde sempre, gentilmente, fui incentivada a publicar. No mundo universitrio, onde escolhi trilhar mew ccaminho profissiona, tive a sorte de fazer grandes amigos. Pessoas que muito me ensinaram e de quem uero sempre estar perto. A todas elas, velhos e novos sujeitos em minha vida, gostasia de fazer um agrade- cimento muito especial pelo prazer e pelo imenso divertimento que tem sido estar por pert, apesar dos tempos difices e instaveis por que passamos nas tuni- -versidades pOblicas brasileira. [No caso especifico deste livzo e, 6 claro, livan- do-os de toda a responsabilidade sobre o resultado, ‘quero agradecer pelo incentivo sempre dado por Ema~ uel Araijo, que no chegou a ver este livro publica 0 Elizabeth Cancel do, Sonia Lacerda, Airton Lugarinho, Geralda Dias, Vavy Pacheco Borges e Stella Bresciani, ‘A Regina Weber e Maria Luiza Mati, profissio- ais sensiveis, devo minha gratidio por terem aberto seus bragos e seu coracio em um momento dificil da ‘vida em que precisei ausentar-me da UnB. ‘Acs meus orientandos ¢ alunos, obrigada pelas discussdes e por compartilharem ideias; em espectal, a Getilio N. Cunha, Rosana Botelho, Daniel Barbosa A. dle Faria e Roberto Baptista Jinior pela assiduidade na frequncia intelectual No Rio, em Sio Paulo, em Porto Alegre © em Brasilia, ainda pude contar com uma colegio de ami. ‘gos excepcionais. Em especial, devo agradecer aos que apoiaram minhas decisées, respeitaram minha individualidade © ajudaram a retragar caminhos. Os Rieth sabem disso. Introducio Gustavo Flavio, personagem de Rubem Fonseca, estava sentado a mesa de um restaurante earioca, ten. tando fazer com que Amanda percebesse coma era ‘importante aprender a ver, ¢ como eserever pressupy nha sempre fazer opcdes. Depois do periodo em que insistiu para que ela observasse o casal que sentava a0 Indo, Gustavo virou-see disse: No fim eu iia dizer voet que 0 papel do esertor & fazer 0 letor ver 0 que ele, oeseitor, vit. EO ‘que esctitor v€ no deve ser necessariamen realidade convencional. Essa nossa conversa 0 ra para ensinarvoe® a vero que pode ser vst, ‘as a vero que no se v8. Voc® nto pode adolar 4 semidtiea de méicos © policais, que através os sinais de que dispdem precisim descobvie uma verdade.! Pois bem, se me permite o leitor, gostaria de ex- plicar que, a exemplo do que propse Gustavo, durante {odo o tempo em que construi o texto deste livro, fiz ‘opgies e pretendi, de certa forma, buscar ver o que * Rubem Fonseca, E 10 meio do mando prostouo 16 amores ‘tuardet oo meu char, Sao Palo, Companhia das Let, 1997. Gusavo Fi amin fi pesomagem de Rubem Fone. 2m Bufo & Spallanan. 2 tizbeth Cancel 10 se vé. Tentei encontrar uma cultura que os livros Je historia e de ciéncias sociais estdo minimizando ou ssquecendo. Espero ter vislumbrado caminhos dife- ‘enciados, peco desculpas pelos tropecos. ‘Aos que acham que enveredo pelo campo do Di- reito, da repressio da violéacia, em um entendi- mento restito, adianto: estou fazendo Histéria Polit a, buscando a hist6ria das iéias no Brasil. Por isso, 0 ponto de partida deste livro 6 0 de que a violencia, 9 crime ¢ Direito fazem parte da politica. Ou melhor ddizendo, na medida em que a violencia é a negagio da propria politica, estudar os insrumentos de violencia © repressio de uma sociedade € mergulhar no interior da caltura politica desta sociedsde Por esse motivo este trabalho tenta analisar como os homens eriam suas ‘concepgbes de sociedade e as relacionam com a vio- Jencia em alguns dos seus aspectos. Acima de tudo, ‘como constroem a cultura que reprime, insttui e ad- ‘ministra 0s instrumentos de violencia sociale insti ‘ional esquisar os varios discursos que compuseram a cultura do crime © da lei no Brasil da passagem do século XIX para o XX pressupée, a priori, que no aceitamos 0 eatendimento historiogréfico de que os {ntelectuais teriam sido aliads da vida pablica com o aadvento da Repiblica, mesmo que algins publicstas © agitadores do movimento republicano tenham desapa- recido por completo. Ao contro, atuantes, eles esta- 7 Sobre estes pressopostos, baslome, pricipalment, em tés ‘mabalhos de Hanna Aen ano humana, ida do Ditto Elman em Jerai, Accltura do crime eda lei 2 ‘vam presentes na vida péblica, influenciando, deci indo, marcando posicdes, mas no necessariamente ‘cupando acento no patlamento. Um caso parecido com 0 que acontecew com a burguesia empresaril, a cexemplo do que tao bem demonstra Angela de Castro Gomes em seus estudos.’ ‘Se Buclides da Cunha dizia-se abandonado pela Repiblica de “mentalidade curl”, certamente seu Posicionamento nio poderia ser generalizado, até por. ‘que a amplidao, a freqiéncia e a intensidade dos de~ Dates politicos que tomaram lugar na assim chamada Repaibica Velha evidenciavam - por meio da dinimi- a das instituigbes, do grande nimero de jornais e da ‘quantidade de publicacies,além da agressividade das discussbes — que a caracterizagio simplista que grande parte da historiografia dé a0 que chama de uma Rept biica de “oligarquias”, de “coronéis”, de “café-com- leite” € inadequada, porque, antes de mais nada, es- conde, ou tenta esconder, por meio da caricatura, do ‘mau emprego de conceitos © do reducionismo, 0 fato de que se faziam construir vérios projetos diferentes, ¢ muitas vezes divergentes, de construgio social, insti. tucionale politica do Brasil ‘Ao adentrarmos a vida pablica e buscarmos a historia das idéias polticas que desenharam as inst tuigies brasileiras, percebemos que a definigéo de pro- * Angela de Castro Gomes, Burguesia€ ahah: plitca ¢ t lado socal. 1917-1937, Rio de ani, Campos 197, Mais lade autora vai desenvolver esa ids em so ato A re pile oigrquic o liberalism do empress, nS Serio Siva e Tumis Samresiny, Matra condi’ de Primera Replica, S30 Pas, HvcteciF apes, 1996 as Elizabeth Cancel Jeon para constusto de una nal de sas ast figs pasa gor ques que pits pos src dos problemas do home nivel ed Bs ¢ que, ponaio, presopuniam uns conpleidade que falvem sls longe do que & Gap ete peta "lpi () eae com mites scbins on de ron” (com eins polis Tio seri no elo da carseat primis 4 acs de Replica cone una Dlghrguica” que podesamos encontrar esposts que Ddesem aoe evar a umn compeesto policy ¢ Eutral do Bras dagel Spc, Busca, sim, ‘econ alguns ds disctsos gue malian pe ‘opal dor qi, roca conju So ‘aloes cose moras que fojuam 0 entendiments Ualeie da sociedade ‘AS difengs enconadas aa ormulagio das auestes qu on homens do séelo XIX © ino do stelo XX fram a conse a cara do eine Sa el efernt ao period prtizaram a complexidade {th fomlagto dss socedae, Prune rocuperet no corpo do estdo us dierengas de vise de und, oe oplrostoricamente por feta ess cons tagh eno scumbir ao carat costume de Hentnear grips ©, por inten. dels, monet Conjunos snssonoe de pensamento, Desa forms éntendemos,pudemos petcher a dvergeacias © semethans, mes este aul a quem costa stassifear como peencentes a uma mesma flag itetigie, como Syvio Romero ¢ Tobias Bae os asim chaatoradepos da “Esa do Rel Comtaos, antzomans, penn, ira co ‘Acaltura do crime e a ei as servadores, liberais radicals ou darwinistas. sociais, Bente como Sylvio Romero que abominow © comtis, ‘mo. ou Tobias Barreto, f& dos intelectuais alemaes, ou Evaristo de Moracs com suas tendéncias social tas, ot ainda Elysio de Carvalho, militante anarquista, fazem parte deste universo multifacetado que deixou ‘marcas profundas e defiitivas na constituicdo do ima. indrio nacional, ainda hoje, como na época, earregado ‘do legado romintico em que a heranga ea tradigio ‘ordenam a nagio e desenham marcos autoritirios. ‘Se nio houve uniformidade de pensamento ~ ¢ esta foi uma grande riqueza que a historiogratia nig poderia deixar escapar ~, existiram eixos que demar. ‘aram de forma muito clara os valores étnicos e mo- ais, a idéia de sociedade © mesmo a de nagio que vinham sendo delineadas.? infvéciapositvsanSo aparece af yor acaso; uma inn. ia que no inlicava~ Tonge disso = ama Beli est 8 owina de Comte, Ais, desde 1880, o sucesso des dating 5 deveu muito menos ace seus dleiplosotodonos Soe azrupados na iej pstvsta do Rio de lneto = do que moe seus propagandists mas lives ¢.). Daiel Peculiar leetait € politica no Brest: ene povo e « nig, io Paulo, Aca, 1989p. * Soe esta questi, videos estudos de Mata Stella M. Brescia 1 O charme da cic ea sadupd cdo ajeividade i Sergio Siva Tams Seneesiny, op. cit, © M. Stl Mt. Brescia O iaiio da Repitica, Revista do USP, Dossier, ‘mofsolbealisno, 17, margo-maio de 1993. Com enfoqee Aiferete« eoncuses até confitantes com as de Brecon om est estud, mis chamando a stengso pares dveridad, & interessant tlh de Lica Lipp Olivet gusto noc al na Prineira Repo, So Pato, Bsns, 199, 16 tizabeth Canes iiante do pais, impuseram-se cada vez mais as eanbes de Estado” para que se forjasse 0 nascimento «de um tipo de sociedade ou civilizagao e um tipo de individuo com determinadas peculiaidades cultura, ‘Quando se partiu do principio de que os homens nio seriam iguais, no nasceriam iguais e possuriam ca- rcteristicas sociais, culturas, psicol6gicas ¢ fisicas {que os toravam diferentes, partthou-se do determi- nism estreito da teoria lombrosiana e de seu principio bisico da desigualdade nata entre os homens. Como identificar essas.peculiaridades, perguntavam-se 0s homens daquele tempo? O desafio era desvendar 0 ado oculto do comportamento humano, ou seu com- portamento iracional. 'No interior desses debates, vimos a intensidade ‘como se pensavam dicotomias construfdas, como en- {re 0 modemo e o atrasado, por exemplo, to estreita- ‘mente relacionadas 3s virias idéias de construgio das Por isso, fizemos wm exe oram curiosamentesilenciados pela ‘quando muito, taxados de “bacharelescos”. Partimos do principio de que varios dos aicerces intelectuais e culturais que fundarientam grande parte da vida sociale politica brasileira giraram em torno de jquestOes que pretendemos focar neste estudo. Fugi- mos de modelos teGricos predeterminados ¢ trtamios de percorrer caminhos turvos © pouco conhecidos. Foi M, Sells M.Brescian, Oca da Repco, Acultura do crime e a ei 2 Gite torts, ms achamos qu conseguimos ver, como Gustavo ips a Amana, igure exis itrenciadose pinta para qustes duc julgiamos insliveis quando problematizaias sos mole do que vinha Sendo normalimentepredido repel papel ds elites do cotdans das rns, dos jelganens th, dh congo fen, ds cies comune pl tco, da vadingem edo taal, enfin, Je uma tna de questes correlates que iver como pan de fat, do debates aeiadas na fre do Diet ¢ da policy, em orm da ciencia da Verda. ‘As dvegtncla ea semelangas de iis gu sbsoltamens, io pecizaram um eonjnto among de pensament ambem nto etavam “fora de iar no eam filo de sincretismo gros, tanpeuts podria se classiicadas como Woolas 0 ee Akates sobre raga © meio, Num ambiente de Inova, G8es e conto, surgiam, sim, ramiiengSr do Densamento que consulta nova tdi inlet, Cala, jue epolicn no Bras, Diverse pe Sadamesie entre trtigdes de pensamento ue ia we Gircunscreviam a0 racism versus berlin, mas infiatamente mais, ene 9 osivismo eo liberal tm, como enftza Stella Biescian em seus eos ts Ys postivimos «tray ae te Auanto tena exisdo em outs lugares eau eae, Gialmente em reagto aos postvismos,impregnarin, deforma ieparel, nos cata do ete el no Brasil, mis a nog de mundo de tants dels (alos), soils ¢anarguss e oten meses Aue, defoma gra, respaldas pot ago qu cone tram e eonsteem como iene verdade pete. dem salvar © mundo, nem que para isso tena de fextinguir ow estigmatiaar meia humanidade. Sal ‘mo-nos deles, de sua infalibilidade e de seu autorta: Capitulo 1 Criminosos e nao criminosos na historia Janeiro de 1890, Carta de um malandeo ‘Marcos Valente ‘Meu cao redstor — Ao velho érgio democritico de Paulicta, iexpugnével bluare das iberdades pi bea (como ainda se usa dizer em moments sle- ‘es como esteem que tenho 2 hora de achar-me), 10 Fado, ex- Provincia de Sto Paulo, & que eu de referncia dijo a presente carta em que ven po ugnar os meus sagrados direitos de ida ocioso Como sabeis, acha-s travada na imprensa esta capital, animada contenda a propsito de tum trecho do relatério do cidadio Alberto Bran- ‘io, dietor da Fazenda do Estado do Rio de Ta. nero, no qual trecho Jo relatri, 8. B. pede seve ‘a represelo da ociosidade e que seam os libertos {be 15 de maio compelidos ao trabalho nas fazen- as que abandonaram. ‘Ora, eu sou malandroe preso-me disso A mina ocupago habitual é nio me ocupar 4 cousanenhuma; todos os meus afazeresresu- ‘mem-se em ado ter 0 que fazer, Infelizmentenio me sobra tempo para outra Elizabeth Canc io trabalho; m print lgar porque nfo syst, em segundo, pogoe nao pec, et se fect 0 tabi cousa degrade, OF- auorme de sro re da ceagy sin indie gun em tnbracne qu fi eto imagem © ‘tincihangn de Devs elo ie casa de conte: revi «ea cm he ae gic sada ds Fass de Ls Fonsi 90 quote wea figra sobre do homem clevendose Bhrnadoa oberon ete toda bik con- regada chum. rama yao, lias 9 corp, deform bea mas ela ema prea de Dove ‘Oug dizer uc plo takalo gues ag rea ier mas doxrme bom em ea. Nio tenho tnbigtes Tim mco de care, sm coo de Sg rae, oma afeara deca, u bom eign, uma rede © Am soriao meigo de moet ~ eis uo o que de= Se. Ore, todo ete poco evo poss e bat Par que tabla pergutar-me- 2 feme- rosa anid, lors dt soiedae =a Lei De modo ona sinples¢ Honest ed qua tropes de mes piso lz como bel 3x0 Al it cm ro am de itn «una porta de fen, a qm me conve parjantere nso me 2 igtos. [Asim tno vio oe mes nae unas «ami de exsenia plantar, © no peed ‘em pretend, ava Des = modifi a {vel sistema de vd, Leto agora ie se projeta Shige aaa Acaltura do crime eda lei a Com que dizeito? Pergunto eu. Com que di- reilo vem a sociedade meter-me nas mos uma ‘enxada forcar-me a ganhar 0 pio com 0 swor do ‘meu roso, s€ nio peso A sociedade, seni leo, sein ofende, se nto incomoda? [Nio ando bebendo pelas mas; as poucas ‘chuvas que apanho, enxugo-as em eas, em fami lia, enre a minha amantee meu gato, [No brigo, nfo fut, do jogo. (E que jogs: jgaria 0 que € met.) io ofendo neahum dos direitos dos meus bnscios de civlizcio, respeitando-Ihos todos, como faso, tenho 0 diteito de empregar 0 mee tempo de dispor do meu bento carpinho como ‘eu entender melhor. Logo ~ a sociedade, a Lei tem o dever de deixar-mo cabular & vontade, de ‘empregar 0 tempo e mati-lo e de dispar do Cor- Pou adescansélo, Tenho, pois, 0 diteito de ser malando € exerio-o consientemente CConseguintemenie, 2 Le que viessecoagirme 20 trabalho seria ingua eesti; iniqua porque stentaria contra a minha liberdade de a¢%0, esti ida porque revelaiaignoraraineflesca absoluta os esforgos humanos e que segundo a doutrina cristo pri trabalho évaidade, visto que 56 0 to € amar servir a Deus. Ora, eu s0v cristo pela gaga de Deus, ‘Avogue, pois, sehr redator, a causa sa cralssima dos amigos do dolce far niente, garanta «8 vadiagdo aos vadios, como deve garantr~ eal sino garante—o trabalho dos trabalhadores. ‘A sociedade tem tanto a drei de impede de no fazer nada, como teria ode obsta aque eu zesealguma cousa, 2 lnabeth Cancel Direito a0 raalho,diceo 8 vaagto; sto aguas gulmente respi proteus, em nme da Replica ito dard, Sta a projtads le de repress & ‘aclager. Deus mois hee ota fei Vode, seo redator, que alm dos argu- mentor xpendios tenho met a. tin, ‘Said ateridade, Um maid’ Quando Marcos Valente esereva esta debochada carta 20 jomal O Estado de S. Paulo, 0 novo Codigo Penal de’ 1890 ainda nio havi sido aprovado, mas a vagabundagem, de long data, e de mancias diferen- ciadas,é bem verdade, vinha Sendo enquadrada como ascunto criminal. Um lugar na sociedade a ser norma tizado. ‘Mas como um transgressor confesso, um vaga- bundo, um malandeo, vinha a pablico questionar se ‘sua vida estaria ou nfo permeada pela ilieitaattude de ‘opiar pelo descumprimento da Lei? Como. Marcos Valente poderia ganharespaco na primeira pégina do jomal O Estado de S. Paulo para retorquit coatea a *imposigio de uma nova (sic) ica do trabalho"? ‘A historiografia brasileira mais recente, de cevta forma, tent responder a essa questo. Primeir, quan- do admite que & dima década do século XIX e as as primeiras déadas do século XX eorresponde umn period “terminantementedecisivo do longo proceso " Mars Valente, Cara de um malenro, 0 Estado de S Paulo, ‘Sto Palo, sana XVI, o4.42, 18 de ani de 18D ‘Acaitura do crime eda le 2 estrutural de implantacio de uma ordem burguesa’”2 Isto é, associa a imposicéo da ética do trabalho a0 controle social. , segundo, quando confrontada com. arealidade, a partir do século XIX, em que a dinimica do espago urbano se toma cada vez mais intensa, ela reconhece que tudo que se relaciona com o crime passa a ser de interesse da sociedade como um todo e “componente integrante” do dia-adia® do cidadéo, as duas vertentes, nio excludentes, por assim dizer, caberiam interpretagdes para a existencia da carta de Marcos Valente, jé que a vagabundagem ocupa o Iu- {g1r do ilfcito e se contrapse a disciplina do trabalho. Embora essa aproximacio com a temitica ‘do crime e do ilicitoesteja presente na historiografia¢ cla 106 narre, analise,inroduza e até pontifique crimes ¢ ctiminosos, falta & historiogratia a construgio sobre 0 que se relaciona de fato a esse mundo criminal. Ou seja, faltam-nos trabalhos que busquem no ctime ‘conjungdes que produzam sobre (eda) a sociedade um {odo diferenciado de imagens, uma vez que este “componente integrante” do dia-a-dia~o crime e seus riminosos, para nos referirmos mais uma vez ao tra * Argumentodefenido por Sidney Chalob, em eu Trabalho, lar « batequim:ocoidian dos rabaladorss na Bele Epoque $80 aul, Bsiliense, 1986, conptliada por Maria Alce Rez. et Berenice C. Brando e ali A Policia ea forga pola no Rio de Janie, PUC Rio de Janeiro, 98, Série Eau, * O mais conecido tat, e provavelmenteo mais imports, subre eines a hstoviogai 60 de Bois Faso, Crime eco ‘ano: eriminaldade em Sto Paulo (18801924), Sto Paul, raslense, 1984. Nese live, um dos pons fondamentai de nls de Bors &o de qu acontce a “naturlagio™ do eine no cotdiano da vis pai, 2 izabeth Cancel bao de Bors Fausto embora constitinte, az par te, nas investidas da Historia da reaidade que sep tnd expt dua cat, ie fm din esigio, quer na forma de normatizagio. Da mancira oo os estids tm sido montadoy, forest ext smameate‘ife compreender a. meticalizagio a patologizagio social, senio a infindivel eriago. de tos socais deingdentes esigmatiados a partir do final do séulo XIX e principio do século XX, uma ver que os estidos apresentam quase que invariavel- ‘mente 0 crime como isa marginal do soci surpreendente que, embor a historiograiabra- sileira, nos limes 15 anos, tena procurado noves tematicas, abordagens © conceitval, susitando uma erent enorme de indagagBes que contiburam para © amadurecimento inteleetal da produgio histone, ela tea consiuido o mando de anise dos crimes ¢ os eriminosos assentada fandamentalmente no 25- io da dinamizagio econdmicae socal ede proet- Feasio (oda inmpem prolarzagio) sdvinias do fim da escravido, da industialzagioe da imiragso em massa quer essas quests estejam ou no infor. 0 mattor exempo 0 importante tmbalho de Boris Fausto ‘Marin do Aves Esteves, no se li, nina perddat, ne sun ands histiea com palnvat do rsa Jose Viveios de Cast sobre questes sexu, pa dz que ss preocupaoes do sts actavam er um “contexto onde se organiza pla live e republican evivencia-e um esptacolr aumento der sxsfico(.) result, pinciplmeat, da imigraao (.) dees raves libero (.)e da intesitcaio da igrago etangsire Premise a iesiogia do uabalho como fondant de qalqe pritia socal, © nao hd qualquer reterenia 0 nov0 oa oe bipanidriza a Soiedede em eximinososv ao crminasos, ‘A cultura do rime eda ei 2s mada, elo poo de putida da somata Una igi o taba ‘Taatede de cares miliplos que ignoam os ésimes oo ctininoson a pat de oa praia fo. dante, Ouse, buseam at manfstages de Pecan ceito socal = eapeilmente conta nepos¢imipents © ocomiagenepoplacional pobre ou engmatonde oo ig do abo ox pocedmentos qu eer tminam pias sci que nara ret, a Donigi eo contol, Dat ifindade de invests no tundo das instiiges a discpinatzaghos de me, Aiclizaco come tenaivs de tanopor para Bra do séeulo XX ial do XIX a teldades econ as por Mice Focal em seus estes, em qoc hajam lar atento a mundo que se esc ong Go cme eds eximinosos, Nada, so nv das istics que se dbricam de una ferme edges sobre a timid, o cone a repressioe Sa bien urbana E nfo sobre o cine prepiamente do e's smb camo ermine. Pcs ley 4 patologiago soca rai ignornda sin sos trio ea seus novos pardimns, Stosonarics de Hisria que gnram 0 clvado racism incre, do por Nina Rodrigues e seus discpulon no oda ‘Marth de Abreu Esteves, Meninas perder os populares 0 aiiana do amor na Rio de Sane da Belle Epoyus, Ri Se Janeiro, Pe Tes, 198, * Como em Marprth Rago, Do cabaré ao lar a wopia da cide. 4 cpr Bras (8901930, Ri ea azar 1985, © Os prazees da note: promtuigtoe edgar de seve, dd feria em So est (890-183, Ri Toe Pat ¢ er, 1991 por rem a Antrpologia Criminal no Brasil Como, por txemplo, Chaos pode afar gue os proceso que esta “rvelam de forma notirit a prencapag dos gente plicisejuriica em esjurnnay, cone. cer, sear mesno os aspetos mis retndton da ‘ita cotdians, sem se deer sobre constugao dos Datedigmas que apostam pra a patlogizagio soci? como tent entender faa sem tr opis bisens Crimes ¢ criminosos, 6 certo, constituiam-se, de alguma forma, como patte relevante da historia da ‘humanidade. Foram também alvo de repressio, puni so, controle. Mas, com advento da modernidade, fornaram-se objeto de estudo. Primeiro, com 0 nasci- mento da Criminologia propriamente dita, que se de- brugard sobre os aspectos nio-legais do crime, suas ‘causa, suas corelagbes sua prevengio, © que ter, no século XVII, seus primeiros representantes: Beccaria, Jeremy Bentham, Samuel Romy, John Howard, ete Depois, no século XIX, € muito’ importante frisar a cexisténcia de uma corrente bastante forte de pensado- res ~ a da Escola Positva e a da Antropologia Crimi nal ~ que se dedicaré a especulacio cieatifica, basi- camente no principio da neutralidade de Comte — ‘Sobre a inscrigio da predisposigdo ao crime nos diver- ‘Nin Rodrigues dat nto a uma verdad sco atavés de ‘sn aul de Medicina Lega na Uaiversiade do Rio de Janet, ds qu fizeram pare, ete cuts, Ani Peixoto, Leonlo Ribeitoe Arthur Ramos in: Gti Nested Cana, Cent polocas: a estigmatzay do ude como “age soil” (189. 150), Bsa, se de mest inet, 1998 90 * Vota se muito paras peal. tind — ‘Acaltura do rime dale 2 805 individuos, Uma corrente que encontraré no Brasil terreno fértl para sua disseminagio e seu aprofunda- Nao é compreensivel como historiograia bra- sileira pode ignorat a simbiose entre a virias espect lidades de conhecimento, em especial as teorias nists, a Psiquiatia, a Sociologia, a Estatistica e, por fim, a prépria Criminologia, que estabeleceram novas verdades conceituais e novos standarts moras 2 parti {de meados do século XIX; portanto, a compreensto do homem contemporineo e da fundimentagio de scus ‘ontomas de loucura/sanidade e de crime/nao crime, Pierre Darmon’ mostra como, sob a Pinel (1809), se delineou um primeiro esbogo de An. {ropologia Criminal. Depois, Gall enuncia que os de~ litos recebem seus caractores da natureza e da condi ‘edo das individuos que os cometem, © Pritchard formula a teoria da moral sanity, que dé status de Youcos morais aos eriminosos. Lucas publica em 1857 "tp inane on ce kin dips ‘nm scm Cota ‘Emre osha sc emi tres lg eo je Se eae in is angie Se Saree iret ed pon mina See Enron usc hae enna Sos ance anata Sohn acto aay Nene rage onc tart bi sees tn en se “Ree Dance ie ak BS pe, sto 2 lzaboth Cancel 0 Tratado de degenerescéncias fisicas, inelectuais e ‘morais da espécie humana, ¢ Morel, o médico ale nista, com sua teria da degenereseénei,dizia que sob a influéncia de nocividades diversas, de or ‘2m patolégica (aumento da tuberculose eds Tis) ou socal Gndustilizagto rbanizagio, paupe rismo, desregramento de costumes, alcoolismo, tabagismo), a8 forgas do mal prepondecariam do: ravante sobre a fore do bem, © 2 humanidade foftedors, j4 no declive da degenerescénca, nio teria nada mals a oferecer além de uma grande quantidade de frutos seeos, “imbecis", “hist os", “eretinos", caja mulilicagdo antnciaria 0 fim dos tempos, (..) o eriminoso seri, portant, spenas um simples produto da degenerescEncia.” Fortemente influenciados por Darwin, os cientis- tas do século XIX (contemporineos de Morel, Casper e Wislow) estudam ainda a fisionomia dos criminosos ‘eas relagdes entre crime e loueura.* Esse & por assim dizer, o caminho que precedew ‘0 advento da Escola Positiva de Direito © o da Antro- pologia Criminal, criada no mesmo século XIX. Com clas, 0 tempo se organizara ou pensaré se organizar (portanto se consteuiré) numa sociedad composta dos cixos da ctiminalidade ou da ndo-cfiminalidade. Fun- dda-se uma espécie de narraiva mitica assentada em ® cs Piewe Damon, pt, pA. "Idem, biden, p43. E158, slit autor, o siesta Des: Pine apeseoa um long esta dor eriminosos em set Trot Sobre a loucur,e 9 alenist ingles Maudsley, er Mental res. ‘Pons: ata qu a loucua mera seria um mal heredio, a” ee | Acaltura do erie eda et 2 preceitos cientificos sobre as entanhas da mente, jo Ponto de partda € o da existincia do erimtinoso nato, ou seja, de uma espécie de meméria genética inst tuinte do mundo agora bipartidarizado entre erimino- 508 € nio cximinosos,” sejam eles mentalmente sos © apogeu dessa construgio € atingido espe- cialmente na Ilia e acabou por levar a fama o médico Cesare Lombroso' ¢ 0s juristas Enrico Fer "0 Dr. Lact tra enunclado pela praia vez, cm 1847, 2 ‘s0gS0 de hetdtaiedade eemsnoe mas & Lamibroso quem nunc uma obra de grande inpatopublcads em 1837. Tree des degeniscences physiques, melee et morals de es nice hamabe i: Petre Dato, op, pL "Lai Antnlo Francisco de Soua tet ar uma gag entre CCriminologin eine. Poca em seu excelente tabalo, ene: "ant, porno conseguir desolre ds precios da isis. _rafia teense ignore o caninko doe criminologist, no sent 46 de adentar 2 mente e onsrie © mundo biparideendo ‘Alia, eoneamente, carder do element acl como died undated Crimiologia, qu somente a pesterir incorpo fia coneciments de cuts dress. Ne ingenude de ses co. loeagdes, coneal que, "na prea, © duro criminolico Imostov-s exten incorporain ov adap de todo 9 po Aarediamos que a identdage deses bands devs ser diverse agua estas por Michelle Pen, pri de 1902, pice os “Apaches”, primeiobando de joveaspakeae, ems et los ponte o espitodsordelro em comm poss ser buses ho, CE; Michele Perot, Or exeluoe da Hira: opening, Imuhers,prstners, Rio de lero, Paz e Tetty 1988, paises. _Acalitura do crime e dale 35 stancias criminais pela moralidade e pelos costumes. Surgem também tes sujeitos novos no mundo crim nal: 0 céften profissional, « menor infrator e 0 menor abandonado. Havia ainda ambientes nos quais a priticaeximi- ‘nosa se generalizava entre 0s freqiientadores do local Exam, principalmente, os bares, as pens6es e 0s clu- bes. Muitos clubes funcionavam, na realidade, como cassinos." Fles atendiam todas as classes sociais e, apesar das batidas policiais,tinham enderego conheci do." Sobre 0 Jogo do Bicho, depois de surgido no Rio ‘em junho de 1892, também Sao Paulo teta iniciado seu ciclo de incursio nessa roda ilegal, em 1896. Como 0 jogo, a prosttuicio era outra obsessio social Os bares e as pensies eram lugares privilegiados da 2 Em So Paulo, oSportnan Clb, naw So Bent, 34; 0 Cube ‘es Polos, na JoeéBonficio, 41; 0 Circa Pista, na Mac tech Deodor, 6A; € no mais fino dle, o Clabe dos Gi- ‘endines, 2 Marechal Deodor, 8 Ja: Guido Poneto eit 8. so aig iio Ctimial, 1 pena ea de 15 2 60 dias de ‘iso para funcionamento de cs de tvolagem ella cor ‘espondente, cand lve de pena os jogadores. Maso Codigo Petal de 1890 aunfeioa as peas de tvolagem, Ar 369, ¢ po nu os jgsdores. A Let 1.09, de 18 de setenv de 1860, Ar 116 §1403% completano dsposites do Césign Cima, p nin teria fo atvizadhs. La 1.899 reprimia mais ni ‘mente que 0 Opa, o Jogo do Bic (Ll 628 de 2 de ou {ubyo de 1899, Ar'3},ca Lei 2321, de 3 de demo de 1910, Ar. 31, §€, pais com mis rigors leis no autor ‘ads disiando a comprcesio de loleriss ef «enue ‘de pessons pide. oo Pal a Elzabeth Canes prostituigio.® Noles, além do comércio sexual, havia Imasica, dang, jogos, bebidas e txicos. ‘Assim, os crimes ¢ as contravengées, inovadores fou no quanto sua forma ou ocorréncia, vinam ‘agora acompanhados de um novo olhar. A propria vadiagom deixa de receber “nolas de comiseragio dos relatdrios de policia e presidentes de provineia™” para “tevelarem uma visio da vadiagem como desvio comportamental ¢ no como decorténcia de contin- sgéncias sociais”* Na solugio cienifica, como bem ‘observou sairicamente Machado de Assis, um eritico {do cienticismo,” no caso de um assassinato envelven- do um tatuado: ‘Quando os médicos examinaram este homem f zeram-no com Lombroso namo, e acharam 0 Siais que 0 célebre italiano di para conbecer umt fiminoso nao (..) Bu, para completa juan ci- ic, madara a0 meste Lombroso copia das ‘atuagens, pedindo-Ihe que dssesse se um homem * Guid Fonseca chama tengo para oft de que exsiam bres ‘servos por utheese que também apresentvar expticuls, ‘como o Bela Venez, argo Moca hoje praca Joo Me- tenes, equ cram dads 3 prosiugio. As princpaspeasbes Psi Elegant, Palio de Cristal, Maison Derr, Maxims CE Guido Fone, op. it, pT Borst ap 4 * ide, biden, p43. croso que Beis Foust tna ntdo 2 Aires, as abbas a fo e ue 2 questo vaagem to lea to "malar impinca en ua ea por mito tempo = india do pnt de visa ecard esasament rbarizad » Vide este eset a plémica de Machado com Sylvie Rome- 10, be Lila Moritz Setanta, O epedculo dos rags cents tax, intngber © questo rail no Bri (1870-1930), $80 Paul, Compania ds Lats, 1983, 40 ‘Aclturs do crime eda le » to dado a amores, que os esrevera em si mes- imo, pode ser verdairamente assassino." ‘A. maneira diferenci cane e se disseminava, Mas como seria 0 c6digo sob o qual o cidadio e a sociedade, de uma forma geral, além de jurists, juzes, aadvogados, promotores¢ criminosos, se espelhavam? © Céstigo Penal de 1890," que vigorou até 1942,” fo dividido em quatro livros: dos crimes; das penas; da da percepeio era cho- Machado de Asis, A Semana, Rio de Jani, W. M. Jeon, 2 (1910), ta: Lai AF Sua, pei, 28. Durante o prio colonial, vigoraram a5 Ordenagiee do Rina, [Napoca do descbrineato, vigorvam em Porgal ss Ordena: es Aonsins, susttutdas no scevlo XVI pelas Masoctios, Em 1603, vigoraram as Orénaoies Flin, As ts eden {8s imitavam as Decreisde Gracia, Em 1830, 0 he {hn Constinigao de 1824, 0 Caign Cina (rovavelmenteo primeiro Cigo Peal da Amndicn Latin fetivaronte mac seo a precede da cond ermnoe eta Sade a reertcia lea da pena es indvieaieago aca tamento ds princpos gras da iuaade fora perme el, ‘1aboigto ds age para pena ves; frat as mares defer quent; ds penas de conic de infimiatinviolai- Tidade do domictiog garana do dito de propiedsde, ‘incpio ds habea-corpus, ee. Distinguia cime da tentaiva Ae crine e atria epartcipaso. Chega a inspira epilgSo tspantios, mas mistuou ibenade com aria © presence ‘alors paiaras Algo das Onlenagbes Filipinas permanecey no Imperio. Flor compliador, ua vex gue a8 Ondenages ‘ram um mist de despotism ebratice Mra e fro que cone funda erm com pea, fn Gerson Peers dos Sots, 0 ity pp 403-465. ° Em 19220 feta a Considag das Leis Pens, em 19400 Estado Novo sprovos 0 novo igo, qe entra em vigor em 1942. Cf: Bzsbeth Canc, Oma da lnc: a Pile as tHasbeth Cancel das contravengdes em espécie; e das disposigdes ge~ rais. Estes estio divididos em titulo, que podem divi- dirse em capitulos e em artigos. Como eriagto da lei, a opsio téenica do Cédigo de 1890 é a da bipartidari- zasio, ou seja, existem crimes © contavengées, a0 contrério do Cédigo Francés, por exemplo, com tripatdarizacio, no qual hi o crime, a contravengio © 0 delito2* Como inovagio, o Cédigo assinala que 0 ‘rime nio € apenas uma acho, mas pode ser também ‘A confusio era tanta em torno do Céigo Penal, que, em 1917, por exemplo, juzes autoridades pol ciais comumente invocavam ¢ aplicavam os artigos revogados™ em 1910 sobre questdes relativas a loter as e 4 rif. Houve, a 1917, vatias comisbes. na (Camara para a reforma do Césdigo Penal: uma presi da por Galdino Siqueira; a de-1893, presidida por Joao Vieira de Araijo (um simpatizante declarado da Es- cola Positiva); a de 1896, presida por Avistides «de ra Vargas, Basa, Esitor Universidade de Brain, 1993, 78: O Decreto-Lei 2548, de7 de dezembro de 1940, arovou © novo Cédigo baseado no projto de Alcntrs Machado, ‘iso pela comisco presi por Francisco Campos formads por Roberto Lis, Marelno Gucteze Visia Baga. O codigo ‘iprou a 1969 Joo Vieira de Arai, Célgo Penal cnmenado therica ¢ pratcamente, Kio de SaneaSio Pao, Laemmert & Cin 1856 Na trpariaragh, stags puna pla pl traengio: com penascatecionis, dose com ena airs cu nfane, eine, * Bras, dats da Confréncia adiliria—plicial:convocado por durelio de Araijo Leal. chee de police do Distrito Fate. Fal Rig de Janet, Ingress Nalonl, 1918p. 233, ‘A cultura do crime eda le » Milton, © o substitutivo dos deputados Jodo Vieira, Piinio Casado e Alfredo Pinto, de 1917. Todos rlega. sos a0 esquecimento. Houve vitias alteragdes no Ci digo, e, pelo Decreto 22.213, de 14 de dezembro de 1932, incorporou-se o trabalho do desembargador Vi- cente Piragibe efez-se a Consolidacio das Leis Penais. Esse aspecto hibrido em que se envolveu 0 C6: ‘20 Penal era importante nio apenas porque a lei era ‘um parametro de principios mais gerais que construia © olhar sobre a sociedade, mas porque regulava de fato 0 dia-a-dia das pessoas, desde a opgio de culto até as atividades profissionais. Era assim que a poli- cia, por forga dale, nfo podia consentir que Individuos arvorados em advogados, médicos, ‘engentirs, sem titulo legal © sem abservincia dos. preceitos.regulamentare, se. insitusem doutores e, 2 sombra do titulo usurpado, abuses sem escandalosamente da credulidade piblica; «que se realizassem publicamentesesses e esp ‘ism ou feiiaria; e que, corum popu, exer- ‘essem as suas profissdes a8 catomantes, a6 ‘tomantes, os migicos ¢ outros embusteras.” Ou, ainda, que fosse permitida a vagabundagem de “individuo maior de qualquer sexo, que sem meios de subsisténcia, por fortuna propria ou por profissio, arte ou oficio ocupacdo legal e honesta em que ganhar vida, vague pela cidade em ociosidade”.”” Bil, Amnais da Conferncla utr, . 30, % 0 Dect 6.94, de 19 demo de 1908, At, 52, $1 allerouo ‘Art 399 do Cdigo ena, subetuindo a prs cellar port. ‘losio par os vagsbundos. Mas © menor de vinte ano, pelo ~ Etiabeth Cancel As novas conotagdes tebricastrazidas pela Escola Positva evidenciavam-se, entretanto, pela questio que ppassou a ser simbolo da virada de una visio sobre 0 ‘elit, cutivada pela Escola Clissica, para uma visio sobte 0 criminoso, ponto de partida dos positvistas. Essa nova postura era a do enquadramento do louco no Cédigo Penal de 1890, porque 0 Art. 27 dizia que ‘no eram criminosos “os que por imbecilidade nativa ‘ou enfraquecimento senil forem absolutamente inca- ppazes de imputacZo” e “os que se acharem em estado de completa privacio dos sentides e de inteligéncia no ato de cometer o crime”.” Estava introduzida af uma questio que fazia mister o estudo da delingiéncia no Direito Penal, para que se pudesse, em funcio da Lei, estabelecer quem era ou aio “privado dos sentidos de inteligéncia no ato de cometer o crime”. A conse- iléncia imediata desta nova postura era a de que se colocava em xeque o cardter normative da penalogia, fe recorriase 20 cardter explicativo. Af, auxiliado pela Antropologia Criminal e pelos dados estatstcos, 50 as, € que poderia ser imputado 0 ‘estado de loucura ou de irrespoasabilidade. Segundo Jogo Vieira de Araljo, o presidente da comissio que {fez reformas no Cédigo em 1893: ‘A Antropologia Criminal € uma sintese ds o0- nhecimentos abtidos pelos processos cietfcns «da observagio e da experiénia no esto do bo- ‘mesmo detec, pot ser intemado em Coldaia Coton (G2do Ar 5) 2" També Taal 3 entregn dos locos © os emisoes 8s respects alia prota sv pnigoenguant nse edo se tchassem. Angas 2 68, TT ‘Acaltura do crime ed lei a ‘em criminoso consierado por todos os seus ca ‘acters piquio-somitico (.) df vem a associa ‘elo dessa eincia com a psiquiatea, as ciéncias Penais, isto 6, aos estudes do exime como ago hhumara, da pena come reacio socal e dos ssi ‘mas de sua aplicagio e execucio por meiosefca= ‘es que correspondem ao devileratum fina. da Suprema fungao de punir que exerce 0 Estado” ‘A propria nocdo de crime aparecia a partir do ctiminoso propriamente dito, ¢ nio do ato eriminal Mas no se tratava de classificar 0 normal ou 0 dege- nerado. Uma nota de primeira pagina, em 5 de feve- teiro de 1890, dO Estado & esclarecedora de como a inogio de degeneracio parte dos mistérios do oérebro. © jommal chamava & atengio para o fato de que Lom ‘broso advertia que todos os homens de g2nio possui- am caracteres de degeneragio.” O propria Lombroso instituira uma tabela para delimitagio do criminoso, Nela, os elementos anatémicos, os psicol6gicos e os sociolégicos. ‘A tpificagio feita quanto ao tipo de crimes tam- bbém partia do lugar do sujeito. Especulava-se que hhavia duas divisbes recorrentes na sociedade: os er ‘mes cometidos por atavismo (ipicos das sociedades ppouco esclarecidas e nas classes populares. pobres, tudes, privadas de cultura e das lzes da ciéneia, como 1 martirizagio, as pancadas, as mutilagées, os hom dios voluntétios realizados por meio de machados, ‘cacetete); © 0s crimes cometidos por evolugdo, que se 28 Joo Vieira e ato, opt, p. 268. * 0 nome do mésiotallano populrizava-se no pals. A nots de (0 Estado de Poul sabe sseunto era de 25 inks, a nabeth Cancel ‘cometeriam nas sociedades civilizadas:® envenena- mentos Ientos e sistemilicos, como na administragao progressiva de veneno,*'sugestGes hipndticas, a fim se inc lividuo ao crime, 3s vingancas pessoais refinadas, & chantagem, commérages mentirosos ¢ a jutros vicios de tortura) A pilhagem, 0 r0ubo,o furto de objetos de algibeira seriam também caractersticos dda classes bainas; das alts, as concussoes, universal- ‘mente espalhadas por via do jogo de cartas, das mantes, nas transagoes de hoora nas eleigdes, as especulagies bancérias fraudulentas, o desvio de dinheito piblico, vvenda de empregos, et!” A ctiminalidade ativica, enfim, seria 0 retorno de certs individuos, cuja consttuigo fisiologica e psico- Igica seria enfermica, aos mens violentos a Tuta pela vida, e suprimidos para sempre pela civilizagio, Dai 0 hhomicido, o roubo, o estupro. A criminalidade evolut va seria “jgvalmente perversa,talvez mais na intencio, Como bem demonsra advo relative as tpos de crime, 0 saber da crminologi reafasobee tod 2 scitde © 80 af ‘as sobre “toa una funa urbana empenads em faut ee sist discipline ue logo se toms bjt de saber espcico, oo de formas deiner veagio inciiment ocanes ene triminloglae 0 alleasno", como quer M. Clementina P. Conte, CE M.C. PGi pity 24 * Bineressante como» adinsrosdo de veaeoo como nits do assusiato nat case aes inflenciou 4 ertrn poll da por, mesmo onde a Fao Pstva no tve tata inflnci, ‘oo na Inglaterra. Vide ete reseto os lives de uma das ‘alors eset de plc, Dorthy L. Sayers Flemming), SSpeciamente seu Song Faison ““Cindido Mota, Clanfeneao dos crimnasos:ttredurdo a0 xo do Direlto Pon Sso Pl, 1 Reset 125, p ae 13, © fom, tides ‘cultura do crime e da li 2 ‘mas muito’ mais civil em seus meios", pois substituiia 4 forga ea violéncia pela asticiae pelo dolo:* seria por acaso que, principalmente a part dos anos 1910, os pareceres médicos passariam ser cmitidos nos processas juridicos com freqiéncia Esses parecetes seguiam, para efeito de andlise, viios tipos de classificagdo paras eriminosos: a de Ferrus, Despine, Nicholson, Valentini, Bettinger, Sallour, Hastings, Du Care, Virgilio, Morselli, Michux, Petit Hurel, Ascott, Woblberg, Beltrani-Sealia, Munsloff, Le Bon, Arboux, Lacassagne, Fobring, Polleti, Liz Krauss, Benedict, Prins, Topinard, Croses, Garofalo, Badik, Laurent, ‘Olrik, Aschaffenburg, Ingenieros, M.L. Patrizi eo da Unido Nacional de Criminalistas. E interessante notar a classificagio psicogenética de PatriziSeveri,” reproduzida por Cindido Motta. Ela dé uma idéia dos parimetros sob os quais se regi- am o saber médieo e o juidico: s criminosos estariam divididos ene natos de sentimento e criminosos de inteleto (ou lovcos, sdementes). Os criminosos de sentiment, por sus ver, so apresentados nesta classificasio psicopenética dem idem. 15. Sobre enc, vide Boris Fausto, op. p00. “ Cindido Mot, op. ct pd 4, “ Bnvco Fei ea socials, aif, um dos maior drgentes socialists europeus no info do sfeulo.Inserviese na coe ‘eae do socialism posit ialan. Professor de Dire em Roma em Pia, tia odio ae sua classifiagso acta Congress de Antopsogi Crimioal de Rema Els seam ts timinses nats, os lacie abuses de cca © osaleados “ Etasbeth Cancel ‘om dus categorias: os ntletualmente incapazes (Ceficientes, ausentes)e dlingaentes por exalta ‘ho de sentimento. No primeira caso, esti 0 de Tingdente nto, 0 delingiente epileptic, o d&bil ‘menial, 0 delingiente primitive, © delinguente de hibito, © delingiente de ocasii, e a prositut Enire os delinguentes por exaltagio de sentiment fi uma subdivisdo entre delingentes emotivos ‘ou delingentes de fmpeo,vitimas de uma forga inresistivl, e 06 delinguenis passions por pai ‘bo comum (conservagio da espécie ou do indi- io, delinguéncia police ou religiosa © dlin- ‘qdenesintelectuais(Seatimento intelectual), ‘Quanto aos criminosos de inteleci, hs tés categoria: impotente intelecuais (ots, cr ‘os, imbecis, surdos-mudes, ec) 0$ louens ree becidos (epitpticos, maniacs, paransions, ee.) € 0s inconscienes (soambulos,sigestionados, sob feito de delito t6xco ou feb, os embragados), Caracteristcas fisicas comuns soriam encontradas entre os diversos grupos de criminosos, para qualquer das classficagdes construfdas. A escola, entretanto, ‘nfo chegava a afirmar que algum sujeito seria um ‘riminoso por apresentar fais caraceristicns, mas que. lais caracteristicas, no exclusivamente anatémicas, ‘eram predominantes nos cximinosos. Assim é que Garofalo dizia que o primeio fatoincontestivel & ‘que nos cérceres se distinguem facilmente os ides dos assasinos. Estes oferecem, quase "importante nour que «escola, por interméio de cd stor, via Ineretgsescifeenciadas que partem de una mesma ‘Acaltura do crime e de ss sempre (.), como a observa de todos os dias © confirma, um olkat vitro, fo, ive, algumas vezes sangneoe injetado:narz frequentemente aquilino, adunco, sempre volumoso; 38 mand las fortes, as orelhas compridas, largos os zigo- ras; cresps, abundantes ¢ escures os cabelos, a bacba feguentssimamente rara: muito desenvol- vidos 0s eaninos (..)"E de tal mad constante & acentuado este tipo, que 0s assassinos diferem muito mas dos inividos normals do seu pas do {ue estes diferem da populagia de um pals etno sraficamente divers.” ‘A argumentagio relativa a0 homem, ¢ nio 20 crime, que esté comtda nesta constragio repousa sobre a ineréneia do crime na natureza do homem. O ponto de partida era o de que, como s6 Deus ¢ perfeito, 0 elito€ inerente, uma manifestacio de inadaptabilida- de a0 meio que se habita, um fendmeno solidario de alguma perturbacio social. “A estatistica, tanto quanto (© exame antropoldgico, nos mostra(ia), em suma, 0 crime como um fendmeno natural, um fendmeno (di- ram alguns flésofos) necessdrio, como o nascimento, ‘morte, a concepcao”." ‘ose: a narativa miticn assetada em precios cleo de ‘memoria genética isin. Ouofl, po exemplo, em ¥82 ‘eum tipo anropolépic, insti ts clases de ciminoss: 0 ssusin, 0 violent, o aro, Sobre Garofalo, vide Lilia M. Schwarz, op cit. 167, Fp al segue um lncontvel nmr de corsets pris dow aang, 2 In Candido Mat, op, ci, p99. A inspiragdo pra esta citagfo de Cindido Mott vem de F Puglia. CE: Cladido Mota, ap cit. 10e I. fa Elizabeth Cancli Da mesma forma, a nitida obsessio pela observa ‘glo da moralidade e dos costumes encontra-se arta ‘da na tradicio da Escola Positiva, porque este tipo de crime apresentaria, na verdade, o efeito de aber. Gio dos instintos, com manifestagdes primitivas ‘matSidicas” que caracterizariam persontlidades apar- tadas do normal. Observa-se, neste particular, uma recorséncia sistemitica dos ‘positivistas is teorias freudianas™ © a virias etapas do desenvolvimento sexual infantil no que se relaciona as fixagbes que poderiam® redundar nas neuroses ou’ nas perversdes. Pressupostos que ganhavam maior significacio, na ‘medida em que no proprio cédigo o cxime seria tanto ‘mais grave quanto maior sua importinci ora do de~ ver moral violado, ora do preceito social limitado pela moral, ou vice-versa." Com a introducio dessa inovacio como visio de ‘mundo © no conjunto das leis penis, a maior eritica * A medida que Freud vai publicando« ganhando nooriedae, Juntamente com a Sociedate Internacional de Psceslis, fa aga em 1910, suas teoras so mais mae Incoporads 25 nls dos adepos da Paola Posi eda Antaoplogia Ci las 90 Bras Helo Fragoso, ao cicar a Escola Positv, diz que se cia umn inca eas explitive, com fore aptcgo Yo méto experimental o que esas em dezacordo com 2 ltl Pe a quo esto do Diselosera oda ll «noo do exis. Por so, 0 precios uric do posts sesiam os dados anropolipens eos esastions. Heleno Frapos, Diet Peal ¢ timiolopa Revita Foren, 153, 9031, Rio de ane 10,1954, 949-53, * Sisiemas mais ou menos anpos, subordinados a eletsmo do {ste do til Jobo Vira de Arse op. ha p.378 Acaltura do crime eda et dos posiivistas ao céigo baseava-se no princtpio do livre-abitrio da Escola Cissiea, Dizia-se que una leislasio apoiada no live-abitrio(..) tera como conseqitacia uma perigosa impunida- 4e geal, ma vez que, pars um cienista que ui "ase 08 métodos da moderna anlise pstoldgica (ou que peneirase a mente), sera difcil respon. der afirmativamente gue 0 acusedo extra mo Era como salientava o editorial da Gazeta Médi- a, em 1897: 0 Cidigo Penal esté ertado, vé 0 crime € no 0 timinoso. De ordem secundira & por sem divide ‘ natureza do dlito, Antes de tudo a identiticagdo ‘mental do riminoso, pela inspegio médico-fisiea © sun qualificagio & espécie que pertnoe @ que interes, Em ditima instincia, diziam os adeptos da Escola Positiva que a definigio de criminoso envolvia a consttuigio de elementos anatémicos, psicologicos sociais. A definiglo tanto dos tipos de crimes como © Alig € de Nina Rodigues. CE: Matiz Corts, A usdes (da iterate escola de Nin Reigns ¢ 9 Anspabg ne sf Sto Pl, USP, ese de dora, ie, 19810) p40, * 4 questo social acho‘ sempre presente neta ais cid, fandamenalmente, pela Soclogs. De una cet fra, ates ito que M. Clementna Cath tena desconsiead eta ‘uso 20 arma, po exempo, que: "Nessa ct, 0 abinte bno sect expressimenteresponsbilizado pel ego de un Iimero cescente de “deemed cu elgem nhs € seca, as tizabeth Cancll de mio paris cepa, me meds em 9 sas crcurtics eons here mde A fan cogénia&esoo mor comm a wretches nesses apne pel pee SEMI Ateertnces us ase A ems sim, cj ctu de tomo Cole donc sca mane prt o amen ve tlans emer sins pre ism Chto an aennn, hc sam snag cance acs an rane ano (tt Grose ou, inteite espa), Even Site deepen esr eta © po STtoaspalpoy, posta meme pig oem uma ore fre inp pr sas Stiminss proven de eget bees Sequin ese camo, aes merece e pec tene qe coe aaa Je Eatine 0 progeatismo do branco & evidentemente umes tigma de egressio do tipo acest; enretano, ele ‘moral ow esac, mas auld, sobretdo, i determines ‘Boles de eretaedde” I MLC. PCa, op. p25. Bm Masiahusets, Estados Unidos, o principio acto do erini- noo alo ta feito com que fase probido 0 exsamento de plea, losis e sitios na Pensivnia de sifitices, nnoréiccs,eplgpins, lpsdanos, ubercuoses © sujetos 3 90 Texas, de epics. Um tl depuado [Edgar teri resend, em Michigas, um pojxo de Tel pare (que todas as pessoreenceradas em casas de S884 por ain ‘io ment, eileen 08 condenadas pel terceia vez pela et oss subwntiosheterlizagio. Ct: Cladido Mots, ope pr2ters. Acultura do crime « de » faz parte da constituigio fisica do negro, euj raga interior porter se conservado esacionsia.” A medida dos ofrebros brancos, segundo as aulas de Candido Motta na Faculdade de Direto do Largo de ‘io Francisco, pesa 1.534 gramas, dos negros 1.371 € dos australianos 1.228. Estas diferencas de organiza ‘io fisica implicariam diversidade de cardter. Os ne- {70s seriam sensuais, com tendéncia a imitacio servi falta de iniciativa, horror 3 solidio, & mobilidade, Te” riam o amor desordenado do canto e da danga, o gosto invencivel dos omamentos dos enfeites. Seriam indiscretos, imprevidentes © preguigasos. Em com- pensacio, suas quaidades seriam apreciaveis: sensivel bons tratos, suscetivel de uma grande dedicagio, sem prejuizo da capacidade para o 6dio e para vingan- «gs cruéis. Enfim, com as qualidades e os defeitos do hhomem primitive.” Cada tipo de criminoso teria caracteisticas espe- ciais:® Os ladies seriam mentirosos, por exemplo; 0 criminoso nato, ou de instinto, apresentaria auséncia ia de senso mora, cuja co insensibilidade fisica e moral; 0 criminoso de impeto iprevidencia nfo hereditéria, mas de momenti- sia de sentimentos; ¢ 0 criminoso de acasiso setia apenas um fraco que ndo soube resistr &simpul- shes exteriores. 2% Candido Mona, op. p31 2 em, tide, 32,35, $650, "© edacaio statin nio como clement formador do carter, ‘ss comb elemento moifesdor so Elizabeth Cancel Todo esse conjunto de fatores apresentado pela construgio cientifiea da Escola Positiva impunha in- ‘da uma espécie de esdigo de conduta normativa, tanto no que diz respeito 20 criminoso, como no que se refere & Justica, & Policia (agentes repressivos e disci plinadores), aos médicos higienistas ou & sociedade ‘como um todo. ‘Assim, retornando a0 nosso ponto de parti, se a ‘obsessio pela moralidade, por exemplo, fazia parte dessa visio de mundo, como entender a dimensio cultural da disciplinarizacio na Primeira Repiblica sem que se tome conhecimento dos paradigms insti- tints de uma “normalidade comportamental”? ‘A influgncia da Escola Positiva no Brasil é in- contestivel ndo s6 na reformulacio do Cédigo Penal, ‘em 1940, em plena vigéneia do Estado Novo, como ‘no tipo de atuacdo juridica, polical, psiquidtrica, pri- nal ou normativa da sociedade como um todo. Com ‘© avango dessa tendéncia, 0 saber sobre a normalida- de, o crime © 0s criminosos passou a ser tido como incontestivel, na medida em que a ulizagio de certe- _2as estatistica, psiqudtricas, médicas ejudiciais fazia Margreth Rago chegs a dizer que “indices de uma anormal Ate socal spas populares de vid laze dos taba ‘fabri, dos improves, dos pes, ds malkeres pics, As rang qo vageiamsbandonadae nas us vio se tena do objeto de profundapreacapagso de médica higieisan de ‘utoidaes peblicas, de setores da burgers instil df lantopos reformadores soins, nas dada inns do sel XX", mas procede, no uanscorer de su tho, como se ‘consrico sobre a queso da snommalidade no exisise. Ct Margret Rago, Do calaro or wtpia dead icp ‘nar Bras (1890-1930), Sto Pal, Pare Te, 1985, p12 Acaltura do crime e det com que no pudesse haver margem para dividas. 0 cédigo oficial de condutas era tnico, aio dando margem a normas de grupos sociais diferentes e dife- Tenciadas, principalmente no que se relacionava aos crimes contra os costumes (estupro, seducio, tentado ao pudor,lbidinagem, ec). ‘Mas essas questOes, 0 que parece, foram ignora- as pela historiografia. Passou-se a observagio da patologizacdo, ignorando as raizes consirtivas desta patologizagio, como se a mudanga de paradigma no Brasil nio houvesse existido, ‘Cumpre enfatizar que, do ponto de vista analitico, impossivel estudar o contexto criminal sem entender {que a partir do final do séeulo XIX todo 0 processo dos rtuai, da simbologia, do pensar e da atuacio dos lores e do inventério éico encontra-se assentado no individuo, no seu comportamento e em preceitos de uma narrativa mitica qu institui um mundo constitu 4o, fundamentalmente, de criminosos ¢ nfo eximino- sos. AS chamadas “classes perigosas”, que tio facil mente foram incorporadas ao jargio. de nossa historiografia, epousam também no saber da Medici- na Legal, que, pr6xima da Policia e do Judiciério, se tomna a grande coqueluche intelectual dos médicos na virada do século XIX para 0 XX. Daf os estudos sobre © cximinoso, 0 alcoolismo, a epilepsia, a prostituicio, « embriaguez e a alienacio. Higienizat e moralizar as cidades, antes de tudo, significard combater a degene- rescfncia do individuo para a coletividade, em nome da citnci e nl do individuo, Capitulo 2 E a ciéncia descobre as “conscién- cias sombrias”: crime e lei Mas fata muito para que o mundo imelgente s1fa1t0 bem governao quanto o mundo fsteo Po, ‘nora aque ambi poset qe, por sa Nt rea to artes ele do obsess com a ‘mesma cnsanoa cam aia © muda fico abedece ‘Montesquieu Se no processo a principal autoridade era o juz; a a, 0 sujeito do espeticulo; e a imprensa, uma expécie de catalisadora de emogies, @ criminalidade nas ras no 86 refletia como era parte consttuinte do sislema das normas estabelecidas pelo io da Repaiblica. Ou seja,o texto juridi- Formulago de Esmeraldino Bandzite para define os objetivos dos estas de Enc Fer, in: Esmerldng ©. 1. Banden, studs de poe evimina, Rio aero, Typogzaphia Le ng. 236 * Qhurls de Secondt Montesquieu, O espa das les, So Pau to, Marins Fontes, 1983, s tinabeth Cancel co € os efeitas jurfdicos das regras eram, como cost ‘mam ser, préticos ¢ direcionados para a aplicagéo social. OS agentes apontadas como os responsiveis, Portanto ~ a organizacio judictéria e polics tiam-se de competéncia, ao mesmo tempo social © \éenica, para exercer a legitimada visio do mundo dia-a-dia da criminalidade, por isso, ficava muito além dos espeticulos produzidos apenas pelos crimes de paixio, mas constituia igualmente um as- sunto palpitante e apelativo nos jomais e a razio de sor do aparato repressivo e vigilante. Longe de retratar a banalidade do mal, esses espoticulos eram o retrato do prestigio do mal: 0 fascinio pelo proibide, pelo ile. ‘As taxas de criminalidade tendiam a ser mostra- das num crescendo, © a preocupacio social com a presenca do proibido era debatida abertae largamente pela sociedade. Embora fosse médico e nio jurista, [Nina Rodrigues, a0 contestar a liberdade da vontade € ao afirmar que a liberdade das ages humanas era apenas iluséria, apontava a tendéncia dos volvides com a Escola Positiva, que insis cessidade de estabelecer principios preventivos e repressivos para o crime. Intensificava-se uma cultura jridica necessria& prtecSo dos bens e des individuos. répido crescimento do Rio de Janeiro e de Sio Paulo nos primeitos decénios do século fazia com que ‘0 discurso protetore alarmista da lei e da poicia, cal- ceado na recente inttodugdo dos dados estatisticos, ‘chamasse a atencdo para a necessidade de incrementar 4 vigilincia sobre 2 populacio. A estatistica era, por ‘Aculturs do crime eda leh 2 {sso, oinstrumento do método positive por exceléncia, Seu servigo, administrative e subserviente a missio do Estado. Quanto a seus processos, eram considerados “tecnicamente perfeitos”? Toda a téenica de invest cio e distingio do objeto de eéleulo do crime part da estatistica,¢ a reducio a unidade calculével permi tia a ago sob o fator eriminal “determinado cent ‘camente”. Isso queria dizer que, sob © ponto de vista do mal a ser combatido, nio poderiam ser levantadas Aividas, uma vez que 0 apoio cientfico tomava in. ‘questionével sobre quem, por qué, como ¢ onde deve iam atuar lei e seus agentes. Um aumento nos miime- ‘0s signficava sempre um aumento na criminaidade, [Nio se pensava em atribuir 0 aumento dos nimeros a0 acréscimo da eficécia policial ou da demanda exes. ‘cent do piblico em relagdo a presenga polical. As inovagies em termos de agio que viriam a ser {ntroduaidas pela estatistca, entretanto, nio estavam cchegando sozinhas. Faziam parte de um conjunto ‘maior de medidas e politcas que visavam no s6 ins. trumeatalizar a policia, mas prové-la de um arcabougo Cientfico, A estatistca, por si 6, criava, por meio dos ‘iimeros, a sugestibilidade e a cedulidade necessétias indugio da agio. Ou sea, a estatstca representava 0 interesse ou a orientacio das autoridades quando for- ‘mulavam uma politica criminal. Pela utlizagio das lives de natureza fisica, bioldgica, socioligica ¢ psiquica do homem, na verdade da Antropologia Po- iva, a ciéncia permiticia prever e planejar os aconte- * Roberto Lita, O método estatsco, Cnet do Dire (evista nig 10, 107-12 do Servigo Policia 1907, AHN — idem, = 155 (ity * Ct Cat de AfrnoPeiot, dirtor do Savio Métco-Leal, so chee de Policia em 6 de setembra de 1912. AHN ~ Secret finde Poli do DE 6D 15 (Gif) A mir parte desesexames de snidade er ete indigenes, para que pudessem dr ensada na Cas de Mien (19, e inivduos ques apreseatavaen par ltameto dn Gu Civica da expt Somente 15 foram para dar etre em hospi, Relariocorespondente ao anode 198, apresetado ao pes dente do Estado, Se Cornel Femandes Pees de Abus ‘qe, plo Dr. Jose Pte de vein seseto dos Nepicion ‘Acultura do crime eda te o Satisfeitos os requsitos cientificos, chegava a vez a estatstica,* e, por isso, as secretatias de Policia ‘mantinham levantamentos exaustivos sobre as mortes Violentas examinadas pelos legistas, No caso da cids dde do Rio de Janeiro, eujos dados exam os mais bem cstruturados do pals, havialevantamento mensal sobre ‘esse tipo de cadaver. As fichas a serem preenchidas pediam dia, cor, idade, nacionalidade, profisio, dis {rito em que foi encontrado o morto, género e causa da ‘morte, mas no especificavam 0 sexo. Pelo tegistro dos nomes, entretanto, sabe-se que dos 76 casos r gistrados, no més de Setembro de 1912, 52 eram de homens e 16 de mulheres (8 descoahecidos); deles, 52 tinham cor branca, 13 eram pardos © 11 eram pretos. ‘As causas das mortes violentas eram 51 acidentes, 12 hhomicidios, 1 suicidios e uma divida quanto a hom cidio e outra quanto a suicidio, Trinta¢ oito das pes- soas que haviam morrido violentamente eram brasilei- ‘as; 21, porluguesas; 5, italianas; 2, espanholas; uma, americana e uma drabe; e 8 eram desconhecidas, Os ddados quanto & profissio exam muito confusos, uma ‘vez que no distinguiam profissio de atividade, Como trabalhadores mortos violentamente, estavam registr ddos 14. Das trés meretrizes classificadas, todas havi- am cometido suicfdio. Os demais suicidas eram trés ‘domésticas, um empregado da Light, um estudante, dois empregados no comércio e um trabalhador sem 6 Jstga de Sto Paulo, So Paulo, Tioga do Dio Ota, 1855 p47 MA sittin criminal fo toemalmenteintoduids 60 Brasil peo Reg. 120 1812. 0 Elizabeth Cancel ia, Te dom frm, san jo empregados no comes, rn estudant, um mili trumpet rstebuoee™ Na dada de 1910, a Pola possfa um comple xo fonmliio para a idetiiago dos erie comet des e para pester a confegio esas times tral. Comesuva pelo nizero de onde, © cpu os ions a seem observaos era: més em gue for cone: too crime; qoates pessoas tara part crimes sets pestoas erm conbecas ow niet frag a, peas on Solas; qual o rime (Citgo Pena & ae cor basa, pada pres, qual a maioalidae?, $e brasileir,om qual exado mise socio casa ou vivo, gual isrgic?, superior, mei, ra rena ov ola; que ide tem? gual profs (of Gio, ccupagdo ou meio de vida, eopeticamente)? hove flagrante ov not em que lca fi 0 tine praticado (ata de fai, de chmod, de pit, de Prosiuilo,repargies pbc, prises, airs Ae justi, case de comeci, oteguins tavernas esters industri, via pli, te) al melo car bem 0s meios empregados na pritica dos crimes contra a segurana de pessoa ¢ vida (Arts. 294 e 314 ‘do Cédigo Penal) © nos crimes de latrocinia (359) e roubo (356), em relagio a este tltimo, dizer, por cexemplo, se houve arrombamento, emboscada, esca- ada, emprego de chaves fasas, etc; 0 crime foi eo- AMIN Secretaria de Policia do DF, Servigo feito pels méticos sts no mls de eerbro de 1912 ~ 6D ~ 159 (Gi). Vide, Jguslmente,leventament par msde agnsto, com 72 casos Acultura do crnie da let n ‘etido & noite ou de dia?; em que di o crime foi pra ticado: em dia dil ou nio?; houve fiana?, qual seu vvalor?;notase observagoes. Este longo e formal questiondrio tentava respon: dor As clissicas perguntas que faziam parte do univer. so de uma investigacéo: quem era a vitima, o exato lugar em que o fato ocorreu, como 0 erime foi come- fido, com que arma e quais os meios empregados, ‘quando fo¥ o alaque e qual a identidade da vitima e do afacante. Reunidas as informagSes, elas iriam rechear 0s relatérios anuais das chefias de Policia e das se. cretarias de Justca. Justificavamse, entio, as agbes ¢ 8s previsbes orcamentérias. Existam crfticas severas em relagdo ao desenvol- vimento téenico do Servigo Estatstico, E se no Rio de Janeiro eles eram os melhores, até porque havia uma ccentralizacio poticial forte com empenho na elabora- ‘s20 de dads © porque Distrito Federal estava es. quadrinhado de mancira bastante eficiente,” nada ™ Eram 29 Dsits Policia: Candela, Sata Ris, Sacrament, Tirade, Sto José, Glia, Lagoa, Gambos, ESpitto Sant, Sto Cistivio, Saige, Sano Aatinion "Sant "Theses Sant'Anma, Eagenho Veino, Andra, Tea, Eagenho Nove, Meyer, Piedad, Givea, latina, Iss Ica Cams ‘Grane, Guar, Sata Cuz tha do Governor Tha de Ee ‘ques. HIN ~ Gabinete de Investiggioe Esatsica 6) 91 (Gif), 3 ide de Sto Pl, em 1920, esqusdrinharase em ‘ito circuses. Relatrio das delegacis de capital, Relay tio apresentado a0 Exmo, St. De. Washnglon Lata Pesci de Souss presidente do Estado, pelo secret da Justi eda Se. grange Pili, Francisco Cardoso Ribeiro, Estado Sto Paulo, Serta da Jostia eds SeguangaPéblce, Typosaia (Casa Gar, 192 n Etaabeth Cancel impedia que © ministo Goulart de Oliveira, procura- ot-geral do Distrito Federal, em seu relario assina- Iasse que esse servo nio foi sequertentado, com fic ia, ene nos. A Justiga tein 0 mas element sparelhamento nesse sentido, donde meramente conjectural toda e qualquer conchsio tira dos ‘imetos sem signiticaio real, que servem de dices de ciminalidade aparente extrados de es critragdesimperetas, tegulres e acomplets.” Os congressos poicias ¢ juridicas que se realiza- ‘iam exemplificavam os avangos que a5 questOes re Iativas a crimes e a criminosos e os avancos cientfi- 0s vinhiam atingindo, No Congresso Policial de 1905, entre Argentina, Chile, Urugual e Brasil, stabeleceu-se a permuta de antecedentes de “individuos perigosos”, tendo como base o sistema de identficagio datilose6- pica, segundo o sistema Vucetich, filiagio, dados civis, Aesctigio morfologica (Bertillon), dados judicidrios € fotografia de frente e de perfil Tal acordo vinha 80 encontro das cortentes observag%es policiis de que o Brasil, por suas caracteristicas de pats de imigrantes, ‘muitos dos quais emigrados depois de terem passado pela Argentina precisava trocar informagies, Pronunciamento em 31 de mato de 1992. Ct: Roberto Lin, ‘Novas excoles pools. Sitse das idan do paid nd. ‘ise das propsis do presente. Perspecivae dos raldader do far, Bio de Sac, Ears Boro, 1956 *"Lepaldo ibe, oo ‘Aculturado crime eda eh n Mesmo antes desse acordo, um caso mostrava ‘bem como as autoridades legais encaravam o fat: Um dos mais distintos delegades da chefetura passada estava encarregado de uma diligéncia Importantissima para a captara de um grande es. {elionatério reso, que constava acha-se em Sao Paulo e que havi praticado um exime de milhares 4 Fibeas estelinas Traziasinaisgeais, como hos azus, barba toura, allo, faland algumas lings, russ de or em, te, além disso uma fotografia. Foi facil encontrr-se em um cavalir, ne gociante (distnssimo, alls) todos aquele Ii, que pertencem & muitos europeus do nore, ¢ trande semelhanga com a fotografia eaviada pela autoridade que requisitavaa pristo, CConvidado & chegar & polica, foi entio de perto conftontado como retrato com as Indica ‘es reecbdas,e vida alguma parocia estar so ‘re este fato. Bra evidentemente ele 0 lado de mithares de librasesterlinas que a policia procs: rava,e foi detido Dando-se este flo 8s duas horas du tarde, hhouve tempo de se avisar alguns amigas desse ‘comerciant, ¢ em poucas horas a Policia Cental estava repeta de tudo 0 que hé de melhor no co- ‘mércio alemdo, inclusive 0 cdnsul,garatindo & todos que se tatava de um lastimavel engano, por isso que o eavalheiro detido era alemio, filho de importante famiia de Hamburgo © domiciiado ‘em So Paulo desde muitos anos, onde era chefe “em estado de superexitagio nervo- sa" 0 estado do infeliz”,” “os desesperadas”,” “in- feliz velho",” “tresloucada homem”.” Na verdade, todos eles tentavam demonstra 0 estado de transtomn0 cede paixio em que se encontravam os que pretendiam, acabar, na maior parte das vezes em nome do amor, ‘com a prépria vida. Muitos também eram os casos em que os suc dios se faziam acompanhar de um assassinato. Pela narrativa empregada nos jornais, fazia-se com que 0 leitor seguisse a historia lentamente e que, de alguma forma, sofresse com os envolvidos no’ infortinio, AA técnica era a explorada no melodrama romantico, ‘no qual todos os envolvidos tinham seus dramas mi {ntimos expostos © no qual a psicologizacio das per sonagens desse a sensagio de que 0s leitores parti pavam da trama." Essas ocorréncias faziam parte do ‘grupo dos chamados erimes de honra. Faziam muito sucesso, quando noticiados: ‘Um novo caso emacionante se verifcou ontem nesta capital e, como fantos outros que ultima * tiem, tbidem, sida, 23 de evereco de 1918, ano XLV, 01 % 0 Bsiado de S. Paulo, 19 de fevecco de 1918, ao XLIV, of 14297, > Hem, idem, squndstirs, 4 feverelo de 1918, ™ 0 Bsiado d'S Pal, segunda, 17 demo de 1920, ano XLVI 15.108, 2 Idem iden “Idem, biden, quai, 10 de stembeo de 1918, ano XLN, 1486 “No era ieee na Franga, por exemplo. Cf Rh Hans op Ezabeth Cancel mente nos tems ocupido, Filho do cme ov do despeito, ou de amb as coisas conjuntamente ‘A ovoreéncia de que vamos trata passe fem plena rua, pouco anes das 22 hora, no bait ‘de Santa Figen, Foi uma hora em que boa parte

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