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mentos sobre sistemas familiares e preparo para convocar e dado com a saúde, lazer, socialização e educação/formação. O
coordenar uma reunião de família, encorajando-a a externar que define a família são os sentimentos, as sensações especiais
seus sentimentos. de união, pertenci mento, vínculo, interação e interdependência.
Grau 5 - terapia familiar. Exige do profissional preparo A abordagem familiar deve estar presente transversal
para o tratamento de famílias com padrões disfuncionais de mente nas discussões, desenvolvendo um olhar para a família
interação. Habitualmente nesse nível atuam os terapeutas fa e para o sujeito na família e um aprimoramento constante da
miliares. equipe de atenção primária.
São apresentados neste capítulo alguns conhecimentos
básicos para o entendimento da família que visam guiar in
tervenções de graus 3 e 4, que podem ser aprofundados pela 0 CUIDADO SISTÊMICO ÀS FAMÍLIAS
leitura da bibliografia recomendada (on-line). O trabalho a ser desenvolvido exige a aquisição de ferra
Estudos demonstram a eficácia da abordagem focada mentas de abordagem e de conhecimentos específicos, além do
na família nos cuidados de saúde: uma metanálise2 de 52 desenvolvimento das habilidades de observação, comunicação,
ensaios clínicos randomizados (total de 8.896 pacientes) intuição, intervenção e a capacidade de trabalhar em equipe.
comparando intervenções envolvendo a família em relação a Inicia-se a abordagem familiar por meio de três leituras:
intervenções-padrão em doenças cardiovasculares (incluindo
acidente vascular cerebral), câncer e artrite demonstrou que 1. Anatomia da família: utiliza-se o genograma como for
o envolvimento da família resulta em resultados significati ma de conhecer a estrutura (arquitetura familiar), nomes,
vamente melhores. Intervenções envolvendo mudanças nas datas, vínculos, profissão, escolaridade, origem, entre
relações familiares tenderam a ter melhores resultados do outros. Este pode ser complementado pelo ecomapa, que
que intervenções apenas psicoeducativas. Os efeitos foram mostra a rede de apoio da família.
moderados porém amplos, significativos e estáveis durante 2. Desenvolvimento familiar: analisa-se o ciclo de vida fa
longo período de tempo, envolvendo melhora do paciente e miliar e determina-se o estágio do ciclo em que os inte
de seus cuidadores. grantes da família se encontram, como passaram as fases
anteriores, se houve crises acidentais, e como superaram
as adversidades ao longo do tempo.
0 QUE É FAMÍLIA?
3. Funcionamento familiar: identificam-se as regras de fun
cionamento da família, a partir da história, da observação
Família é um tipo especial de sistema, com estrutura, pa da família e de suas relações no processo de evolução da
drões e propriedades que organizam a estabilidade e a mu vida familiar e do contexto em que estiveram inseridas.
dança.3 É também uma pequena sociedade humana cujos
Inúmeras ferramentas estão disponíveis para realizar
membros têm contato direto, laços emocionais e uma his- abordagem familiar, mas é importante que o profissional do
toria compartilhada. mine a ferramenta e, por esse motivo, parece adequado que
minimamente saiba fazer genograma, ecomapa, abordagem
do ciclo de vida e entrevista familiar. Essas ferramentas hoje
Partindo dessa premissa, podemos compreender famí
já são parte do cotidiano de várias unidades de saúde no Bra
lia como um sistema aberto, dinâmico e interconectado com
sil e estão cada vez mais fazendo parte das unidades da Es
outros sistemas (estruturas sociais) e outros subsistemas que
tratégia de Saúde da Família do Ministério da Saúde. Outras
compõem a sociedade, sendo assim constituída por um grupo
ferramentas, como FIRO4,5 e PRACTICE,56 que também são
de pessoas que compartilham uma relação de cuidados (pro
teção, alimentação e socialização), vínculos afetivos (relacio bastante usadas em serviços de medicina de família no Ca
nais), de convivência, de parentesco (consanguíneo ou não), nadá e na Inglaterra, exigem treinamento específico, motivo
condicionada por valores socioeconômicos, geográficos e cul pelo qual não são detalhadas neste capítulo (ver Leituras Re
turais, dando a esta uma significação interna contextualizada. comendadas, on-line).
A fig u r a 10.1 ilustra símbolos que podem ser utilizados na A análise da exposição gráfica das relações pode ser usa
construção de um genograma. Há variações nos símbolos, de da para questionar a fam ília/indivíduo sobre o investimento
pendendo da bibliografia utilizada ou do serviço.8,9 O impor que é feito e a validade desse investim ento. Todos esses da
tante é que os símbolos façam sentido para o profissional e a dos devem ser aproveitados na construção do plano de in
equipe que estarão construindo e interpretando o genograma. tervenção. Assim, se o indivíduo ou a fam ília despenderem
grande esforço na relação com algum elem ento de sua rede
social, sem o retorno esperado (p. ex., trabalho estressante,
Ecomapa mas pouco gratificante e com rem uneração abaixo do que 0
O ecomapa é a construção de um genogram a simples, indivíduo poderia obter em outro em prego), pode-se ques
identificando também a rede social e de apoio da família. Faz tionar a utilidade de despender esse esforço ou elaborar in
parte dos instrumentos de avaliação familiar, mas enquan tervenções para tornar esse fluxo recíproco (ou seja, que 0
to o genogram a identifica as relações e ligações dentro do indivíduo/família tam bém receba o devido benefício).
sistema multigeracional da família, o ecomapa identifica as
Outras vezes, o esforço parte predom inantem ente de al
relações e ligações da família com o meio onde habita. De-
gum elemento da rede social, sem a participação esperada da
família (p. ex., quando um a equipe de saúde despende gran
TABELA 10.1 -> Situações em que é útil ter 0genograma de estorço para auxiliar um a fam ília, m uitas vezes precisan
do fazer busca ativa, e esta não dem onstra atitudes concretas
Abertura de prontuário para conhecer a família e seu entorno
para m elhorar sua situação).
Pré-natal
Puericultura
A fig u r a 10.2 m ostra um exem plo de ecom apa, ilustrando
o uso desses elem entos gráficos.
Doenças crônicas
Má adesão a tratamento
1. Faça sempre no mínimo três gerações a partir do 4. Se achar necessário, utilize cores.
paciente identificado ou informante. 5. Sempre coloque a família de origem da pessoa
2. Utilize símbolos reconhecidos pelo seu serviço ou de referência ou que deu as informações.
reconhecidos internacionalmente. 6. Tudo o que não souber representar
3. Tenha sempre uma legenda, data da realização e escreva para discussão posterior.
das atualizações e o nome de quem colheu as informações.
□ Homem
Inserir idade dentro do
símbolo. Por exemplo,
Se óbito, inserir x dentro do
símbolo. Por exemplo,
Inserir, ao lado, profissão, doenças
ou outras informações
o Mulher ©Eva
(Eva, mulher de
32 anos)
X João
2001 (João, falecido
aos 45 anos, em
2001) © Maria
Aposentada
Diabetes, HAS
IAM recente
a [1 Q
Linha de casamento Linha de união Linha de separação Linha de divórcio
O 0 - 0 0+0 * o
0 = 0 0 W ' AAO O K 3
Relação conflituosa e de
Muita proximidade/fusão proximidade Abuso sexual
Q w vn ^ O
Ligação fusionada e
Distanciamento conflituosa Abuso físico
Q - D
IZ h —O
FIGURA 10.1 -> (continuação)
No Brasil, são poucos os jovens que moram sozinhos cente, vive maritalmente com seu parceiro na casa dos pais.
antes do casamento. Entretanto, há uma tendência social de Essa situação se deve, em geral, a uma gravidez inesperada.
aumento desse número, já que o casamento em alguns gru A equipe de APS tem um papel fundamental no acompa
pos é preterido devido às dificuldades socioeconômicas que nhamento e na educação continuada das famílias para preparar
postergam a independência do jovem. seus jovens a poderem pensar como querem organizar suas vi
Nas classes populares, com mais frequência do que nos das. 0 mais frequente é que as conversas nesse sentido sejam
outros extratos sociais, o jovem, muitas vezes ainda adoles- raras, mas isso pode aumentar por influência do profissional
de saúde. Sugere-se que o foco seja: como é sua família atual?
Como você deseja que seja a construção de sua própria família?
Casamento
Tradicionalmente, ou de maneira ideal, em nossa socie
dade, a família nuclear surge do encontro de dois adultos jo
vens, já independentes e diferenciados de suas famílias de
origem, que se escolhem livremente após um período de na
moro e noivado, significando um período em que ambos se
dedicam a preparar sua nova vida como casal.
A tarefa íundamental do início do casamento é o conhe
cimento recíproco e a construção de regras próprias de fun
cionamento, que guardam sem elhanças mas que podem dife
rir daquelas das famílias de origem. É um período no cjual o
casal vive mais distanciado de suas famílias, renegociando as
relações com seus pais e com seus amigos, velhos e novos.
Nessa fase, é comum que um dos cônjuges procure o
serviço de saúde com queixas orgânicas que podem ser a ex
FIGURA 10.2 -> Exemplo de ecomapa. pressão das dificuldades de adaptação (ver Capítulo Queixas
Somáticas sem Explicação Médica). São as mulheres que o Nessa fase, é importante que o profissional possa avaliar
fazem com maior frequência por sintomas como infecções se as consultas frequentes do casal, por problemas do bebê, são
urinárias, vaginites, dispareunia, cefaleias ou problemas com uma forma de externar os conflitos desse período de transição
anticoncepção, que podem ser a manifestação das dificulda de casal para família. Os problemas que motivam consultas
des do casal tanto em seu relacionamento quanto no processo com maior frequência são as dificuldades na amamentação, o
de independização das famílias de origem, seja por questões choro intenso, as cólicas e os transtornos do sono do bebê.
afetivas ou financeiras.
E essencial lembrar que vários transtornos psicológicos
O médico deve conversar com o jovem casal em conjun dos adultos aparecem nesse período, sendo o mais prevalen-
to e também com cada um individualmente. Deve procurar te a depressão na mulher, que muitas vezes se associa à de
entender as características do relacionamento entre ambos e pressão do parceiro.16 E também nesse período que se pode
as expectativas de cada um. A maior parte das separações e trabalhar preventivamente o risco de abuso de álcool, sobre
divórcios se dá nessa fase, por falta de capacidade de nego maneira no homem.16
ciar as diferenças entre o casal e construir objetivos em co
mum. Os profissionais de APS podem aprender a motivar e Família com filhos pequenos
mediar essas conversas. Parte da discussão deve ser também
a sua preparação para a parentalidade, definindo em conjunto O nascimento dos outros filhos apresenta características
como desejam educar seu filho. distintas. Devem ser antecipadas aos pais as possíveis difi
culdades entre os irmãos, como a regressão de habilidades já
adquiridas (fala, controle esfmcteriano), agressões aos pais e
Nascimento do prim eiro filh o ao bebê, dificuldades na escola e outras formas de manifesta
O período da gravidez é um momento de profundas ção de ciúme e medo de abandono. Esses sintomas tendem a
transformações na vida do casal, forçando uma reavaliação ser leves e limitados no tempo, não afetando o funcionamen
e criando a necessidade de questionamentos de alguns acor to global da criança.
dos. A gravidez toma a mulher mais sensível e introspectiva, Com a chegada de novos membros à família, as exigên
necessitando de apoio, atenção e carinho do marido, o qual, cias se multiplicam de forma geométrica, e as incapacida-
por sua vez, pode não entender essas mudanças e se afas des de atender as demandas acabam recaindo sobre os filhos
tar, ou agir favoravelmente, solidificando a relação. Muitas maiores. Pode haver, por exemplo, desnutrição porque a
vezes, cabe ao médico esclarecer a normalidade da situação amamentação é cortada em favor do irmão menor, negligên
de insegurança, aproveitando a consulta para promover uma cia e violência doméstica (como expressão de depressão e/ou
aproximação do casal e criar um espaço para que discutam drogadição ou associadas a elas).
as dificuldades, falem das fantasias e negociem os futuros
À medida que os filhos crescem, a família vai gradativa-
papéis de pai e mãe. mente abrindo-se para o exterior, fazendo contato cada vez
Com o nascimento do primeiro filho, constitui-se a famí mais íntimo com a sociedade, por meio de creches, maternais
lia propriamente dita, e os pais passam a desempenhar novas e da escola de ensino fundamental.
funções. A passagem de uma díade (casal) para uma tríade O ingresso na escola representa para as famílias um mo
(mãe, pai e filho) requer uma reorganização do casal. A mãe mento de auto e heteroavaliação e desafio, e alguns pais até
está ligada ao bebê e sente-se sobrecarregada pelas tarefas; o protelam, antevendo a dificuldade da separação. Muitas
o pai pode ficar distante, muitas vezes sem saber como se vezes, os pais relutam em aceitar a crescente autonomia dos
aproximar. Os problemas trazidos por essas transformações filhos e a influência do mundo externo sobre sua família.
devem ser antecipados e discutidos durante o pré-natal e nas
O médico pode ajudar a família a discutir as diferentes
consultas de puericultura, quando também se deve enfatizar
modalidades educativas, como usar a autoridade parental, a
a importância do apoio do pai à amamentação, para que esta
importância do estímulo à curiosidade infantil, mas também
seja bem-sucedida.15
a colocação de limites. Pode facilitar a discussão sobre que
As dificuldades das famílias de bom funcionamento em tipo de creche/escola escolher. Frequentemente o conflito
geral decorrem das exigências externas de trabalho, em que o dos pais se relaciona com sua própria criação e com pressões
pai, a mãe ou ambos são muito solicitados pelos seus inves atuais exercidas por seus próprios pais.
timentos profissionais, difíceis de conciliar com as intensas
demandas do bebê e com as angústias criadas pelos novos
Família com filhos adolescentes
papéis. É fundamental ajudar o casal com questões práticas
dos cuidados e com a formação de uma rede social efetiva Quando os filhos chegam à adolescência, os pais estão
que, na maioria dos casos, é fundamentada nas famílias de chegando à meia-idade e os avós, à aposentadoria e a velhice.
origem. Podem aparecer dificuldades de relacionamento com Não só o adolescente, mas toda a família vive uma crise de
os avós, muitas vezes relacionadas com conflitos sobre como desenvolvimento. Em geral, esta se manifesta por biigas dos
cuidar do filho. O médico pode esclarecer as diferenças e filhos com os pais por mais liberdade. Quanto mais em paz
ajudar no diálogo intergeracional. estão os pais e os avós com a nova etapa de suas próprias vi-
Esse período é, sem dúvida, o que mais tem sofrido mo
das, mais tranquila é a adolescência dos lilhos. O adolescente
dificações. Ocorre cada vez mais cedo nas classes populares,
tem por tarefa principal encontrar a sua própria identidade.
pois as mulheres ficam sós precocemente em tunção de re
Na classe média, esse período costuma ser longo, configu
lações de curta duração, sendo forçadas a chefiar e sustentar
rando uma etapa do ciclo vital. Nas classes populares, essa
famílias por um longo período de tempo, e cada vez mais tar
fase é cada vez mais curta; os adolescentes frequentemente
transformam-se em pais sem rituais de passagem, encurtando de na classe média, uma vez que as mulheres esperam mais
e antecipando fases do ciclo vital dessas famílias. tempo para ter filhos e porque a crise financeira dificulta a
independência econômica dos jovens. Com o aumento na ex
Nesse processo, sobretudo nos primeiros anos da adoles pectativa de vida, essa fase pode ser a mais longa do ciclo vi
cência, o jovem apresenta ansiedade e períodos de depressão tal, e o serviço de saúde vem sendo cada vez mais procurado
acompanhados de conflitos, em geral não muito intensos, com nesse momento, em especial pelas mulheres.
os pais. A ideia de que a adolescência seria um período de con
flitos graves não é comprovada por estudos epidemiológicos. As questões que o médico precisa abordar vão desde a
prevenção com o planejamento da aposentadoria e prepara
A prevenção das disfunções deve ser foco de trabalho da ção para a velhice até o tratamento de depressão que não é
equipe de saúde e é obtida trabalhando-se o difícil equilíbrio rara entre os velhos. Outro desafio do médico é acompanhar
que há entre dar liberdade e colocar limites, sendo necessário p s ic o lo g ic a m e n te as difíceis consequências das doenças
para o desenvolvimento tanto da capacidade de aceitar quan crônicas e a própria incapacitação progressiva do envelheci
to da de negociar as opiniões diferentes dentro da família. O mento, enfatizando a manutenção de uma rede social ativa e
médico pode orientar os pais a respeito das necessidades do que se envolva nos cuidados. Já está bem demonstrado que
jovem e facilitar a conversa e as negociações com o jovem a abordagem familiar nesses casos é mais eficaz do que a
durante a própria consulta. Frequentemente o tema central abordagem individual.2A etapa do processo de morte em si é
é o desejo de maior liberdade do adolescente ao qual os pais extremamente desafiadora e pode ser um período de grande
contrapõem seus medos relacionados ao mundo exterior. E desenvolvimento pessoal para quem se aproxima dela, sua
ambos os lados têm razão. Cabe ao médico ajudá-los a en
família, amigos e mesmo o médico. Aprender a prestar os
contrar acordos adequados para a sua realidade particular.
cuidados adequados para facilitar uma “boa” morte, se pos
A característica mais importante que a família deve ter sível em casa, é um dos maiores desafios atuais da medicina
nessa etapa é a flexibilidade para mudar algumas de suas re (ver Capítulo Cuidados Paliativos).4
gras, tornando suas fronteiras mais permeáveis ao exterior,
permitindo ao adolescente exercer sua recém-construída au
tonomia dentro e fora da família. Particularidades das famílias de classe popular
Quando a comunicação entre pais e adolescentes falha, As famílias de classe popular possuem características
são comuns transtornos no comportamento do jovem que se próprias delimitadas pelo seu contexto. A infância é um pe
expressam sob a forma de dificuldades escolares, abuso de ríodo relativamente curto, sem rito de passagem para a vida
drogas e álcool, tentativas de suicídio, acidentes e gravidez adulta e desta para a fase dos filhos adultos e o ninho que, em
indesejada. O papel do médico nessas situações é muito mais geral, nunca fica vazio.
difícil, precisando ajudar a diminuir os danos, encontrando As crianças de classe popular assumem precocemente
novas formas de relacionar-se dentro e fora da família. Nes papéis de adulto, como cuidar de irmãos menores, cuidar de
sas situações com frequência já há psicopatologia instalada idosos, medicações, compras e assuntos dependentes da sua
e é necessário avaliar a necessidade de outras intervenções, escolaridade e inserção digital maior que a dos seus pais.
desde o uso de psicofármacos, a indicação de psicoterapia
familiar e/ou individual, ou mesmo internação hospitalar. A fase adulta da classe popular costuma iniciar-se aos
13-14 anos, com o primeiro relacionamento amoroso, que
possui características e consentimento velado ou não para o
Ninho vazio
início da vida procriativa. Segue-se então a formação do ca
Quando os filhos começam a sair de casa, deixam atrás sal, que muitas vezes ocorre para promover independência
de si os pais novamente sozinhos, face a face consigo mes da família de origem. A fase adulta prolonga-se por muito
mos e um com o outro, vivendo a crise da meia-idade e a tempo, terminando em geral com o fim do período reprodu
perspectiva da morte de seus próprios pais, que também re tivo na mulher.
mete à própria finitude. Nessa fase, inicia-se a chamada “sín-
E frequente que ocorram vários relacionamentos ao lon
drome do ninho vazio”.
go do tempo e como consequência muitos filhos de pais di-
É comum a procura do serviço de saúde pela mulher de erentes, que costumam ficar com a mãe e, em muitos casos,
meia-idade com queixas vagas e múltiplas, como cefaleia, sem figura masculina de características parentais.
desânimo, transtornos de sono, dispareunia e leucorreias. Es
Nesta fase do ciclo vital, a chefe de família g e ra lm e n te é
sas queixas podem ser a expressão das dificuldades de adap
tação à nova situação de vida. uma avo que organiza e sustenta várias gerações de filhos e
netos, muitas vezes sendo a única fonte regular de sustento.