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Gazeta Mercantil, SÃO PAULO, 6 de junho de 2001

USP testa resistência de aparelhos a apagões.

Quando cai um raio e queima um eletrodoméstico, a história é quase sempre a mesma. Começa o
jogo de empurra entre a empresa distribuidora e o consumidor. O dono do aparelho quer que a
concessionária pague o prejuízo. A empresa alega que não pode controlar onde os raios vão cair
e a agência reguladora, no meio, avalia caso a caso. A conclusão, na maioria das vezes, também
é parecida: alguém sai insatisfeito. Um convênio entre a Eletropaulo e o Centro de Estudos em
Regulação e Qualidade de Energia (Enerq), da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
(USP), pretende dar parâmetros mais concretos para a solução dessas discussões.

Os professores envolvidos no projeto trabalham, literalmente, até queimar aparelhos domésticos


pagos pela Eletropaulo. Trata-se da única forma de testá-los até o limite. Os resultados servirão
como indicadores para análise das reclamações do público, que chegam aos balcões das agências
da distribuidora.

O primeiro passo do estudo foi simular, em laboratório, as ocorrências mais comuns nos cerca de
1,5 mil circuitos administrados pela Eletropaulo. 'Foi elaborada o que chamamos de Tabela
Verdade', diz o professor Nelson Kagan, da Escola Politécnica, um dos coordenadores do projeto.
Segundo ele, para cada uma das ocorrências - programadas ou não pela Eletropaulo - foram
checados os efeitos na rede elétrica. 'Verificamos, a cada teste, se houve sobre ou subtensão e a
quanto elas chegaram', diz o professor Kagan.

Na atual fase, os aparelhos domésticos estão sendo colocados em situações similares às


encontradas pelos pesquisadores. São TVs, geladeiras, fornos de microondas, videocassetes,
rádios-relógios, aparelhos de som, de ar condicionado, microcomputadores, além de aparelhos de
fax e telefones sem fio. Todos submetidos a uma sucessão de situações de sub e sobrecarga de
eletricidade. 'São mais de 100 testes para cada um dos eletroeletrônicos', diz Silvio Xavier
Duarte, engenheiro responsável pelo laboratório de testes da Enerq. Duarte está sempre perto de
um extintor de incêndio. 'Se pegar fogo, é preciso ser rápido', afirma.

Além de submeter os aparelhos às situações que ocorrem em função de problemas na rede


elétrica, os professores da USP irão até o limite de queimá-los. 'É importante que, depois de
danificados, os aparelhos sejam consertados para que possamos avaliar exatamente o que ocorre
por conta dos problemas na rede de distribuição de energia', diz Duarte.

A pesquisa tornou-se ainda ma is útil no momento em que as reclamações de consumidores


contra as distribuidoras de energia sobem vertiginosamente. Zevi Kann, comissário-geral da
Comissão de Serviços Públicos de Energia do Estado de São Paulo (CSPE), diz que, em 1999,
cerca de 1,2 mil pessoas entraram com reclamações contra as distribuidoras paulistas. No ano
seguinte, o número aumentou para 5,2 mil. Em 2001, apenas até o mês de maio foram
aproximadamente 30 mil reclamações registradas.

O aumento tem vários motivos. 'No final de 2000, foram realizadas campanhas de esclarecimento
à população, que divulgaram os números de telefones das ouvidorias da CSPE e da Aneel', diz
Kann. a elevação mais significativa, contudo, ocorreu quando ficou determinado por lei que o
telefone da comissão de energia fosse divulgado nas contas enviadas aos consumidores. 'Aí
passamos a receber 200 telefonemas por dia de reclamações', afirma o comissário.
'Somadas as ligações para esclarecimentos sobre o racionamento, o total chega a 400 ligações.'
Vale ressaltar que boa parte das reclamações não têm nada a ver com a queima de aparelhos
domésticos. Muitas são por desligamento indevido, demora na ligação ou religação, entre outros
motivos.

Em meados deste ano, o projeto da Enerq terminará. Está em elaboração, como parte do
trabalho, um software que administrará o banco de dados da pesquisa. 'A idéia é que o programa
cruze as informações trazidas pelo consumidor com as de ocorrências na rede e com as dos
testes com os eletrodomésticos', afirma Kagan. 'Será possível saber se houve problema no local
onde mora o reclamante e se a ocorrência pode ter queimado o aparelho em questão', informou
ele.

Zevi Kann, da CSPE, acredita que esse tipo de pesquisa pode contribuir para resolver muitos
problemas entre concessionárias e consumidores, mas alerta para o fato de que nem sempre as
informações podem ser utilizadas de forma direta. 'O comportamento de um televisor novo e o de
outro com dois anos de uso, mesmo que da mesma marca e modelo, por exemplo, podem ser
diferentes quando submetidos às mesmas condições', diz o comissário-geral. (Gazeta
Mercantil/Página A6) (Cláudio Bacal)

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