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Resumo expandido apresentado no III Seminário Internacional de Educação do Campo e III Fórum de Educação do

Campo da Região Norte do Rio Grande do Sul: Resistência e Emancipação Social e Humana

A EDUCAÇÃO DO CAMPO NA PERSPECTIVA DO AGRONEGÓCIO

PADILHA, Leila1
VAZ PUPO, Marcelo2
1
Acadêmica do curso Educação do Campo, Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Dom Pedrito, RS,
leilarodrigues.padilha@gmail.com
2
Professor do curso Educação do Campo - Licenciatura, Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Dom
Pedrito, RS, marcelopupo@unipampa.edu.br

04 Organização do Trabalho Pedagógico na Educação do/no campo

RESUMO

O presente trabalho é um recorte do componente curricular Práticas Pedagógicas, do curso de Licenciatura em


Educação do Campo, da Universidade Federal do Pampa – Campus Dom Pedrito, que pretende identificar a
identidade econômica do município através da história de algumas grandes empresas. Caracteriza-se metodologi-
camente como um estudo de caso, de três empresas localizadas no município de Dom Pedrito. Percebeu-se que
as empresas foram constituídas através de ações maiores, oriundas de outras localidades, começando a fazer par -
te integrante do município. Considera-se que a cultura acumulada historicamente vem se perdendo com as refor-
mas e a robotização imposta pelo trabalho, pois a busca incessante por qualificação profissional traz preocupação
nas demandas de trabalho, sendo que na visão do agronegócio percebe-se que não é prioridade uma educação li -
bertadora.

PALAVRAS-CHAVE: Educação, Trabalho, Agronegócio

INTRODUÇÃO

O presente trabalho busca analisar a educação na perspectiva do agronegócio a partir da identi-


ficação econômica do município de Dom Pedrito. No município existem algumas grandes empresas
que beneficiam ou beneficiaram o mesmo. Para essa análise usamos os conceitos de trabalho definido
por Lukács (1979) e Saviani (2007) como algo transformador e libertador do ser humano, dando con-
dições a este de exercer qualquer ato que seja necessário para o desenvolvimento social e gerando no-
vos conhecimentos.
Sendo assim, o trabalho como princípio educativo pode transformar o homem, criando formas
de interpretar a vida em todos os sentidos. O desenvolvimento do trabalho e das forças de produção
começou a produzir excedentes, possibilitou acúmulos, e exploração ou uma necessidade de separação
de setores e classes trabalhistas e até mesmo de escolarização. O que caracteriza o ser humano é o tra -
balho, e a escola faz essa mediação transformadora de acordo com o momento histórico que a comuni-
dade está vivendo.
Se o sujeito estiver realmente aberto a uma mudança o trabalho pode ser visto como um espa-
ço educativo porque tanto na escola quanto no trabalho existem regras, direitos e deveres a serem
cumpridos, ambas são instituições que agregam de formas parecidas a práxis na vida do aprendiz.
Segundo Marx e Engels (2007), a educação é determinada pela sociedade conduzindo a uma
contextualização entre educação e subordinação imposta pela sociedade porque o sujeito não vive só,
essa relação de homem e coletivo nos leva a um processo de subordinação a alguém ou a alguma coisa
que é próprio da convivência humana. A sociedade acaba por definir a educação, sendo assim, enten-
demos que a classe dominante acaba limitando o conhecimento do ser.
Desta forma, este trabalho é um recorte do relatório “Educação na Perspectiva do
Agronegócio”, do componente curricular de Práticas Pedagógicas, do curso de Licenciatura em Educa-
ção do Campo da Universidade Federal do Pampa, Campus Dom Pedrito. Tem como objetivo analisar
a educação na perspectiva do agronegócio a partir da identificação econômica do município de Dom
Pedrito.

Anais III SIFEDOC - Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS – Erechim, 29 a 31 de março de 2017.
ISSN: 2179-3624
Resumo expandido III Seminário Internacional de Educação do Campo e III Fórum de Educação do Campo
da Região Norte do Rio Grande do Sul: Resistência e Emancipação Social e Humana
METODOLOGIA

O presente trabalho caracteriza-se como um estudo de caso, tendo como foco um levantamen-
to histórico social e produtivo de três empresas localizadas no município de Dom Pedrito.
Este levantamento deu-se por meio de entrevistas, em conversa informal, aos representantes de
cada empresa, sendo elas: Cotrijuí (empresa que não contribuiu com entrevista), Engenho Coradini
( Representante legal: João Coradini) e C.Vale (Representante legal: Wilian Mezzomo), todas unidades
provenientes do próprio município.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Identificou-se que a empresa Cotrijuí referia-se a colônia de férias com o pensamento no bem
estar do funcionário e famílias, funcionava com a disponibilidade de viagens para divertimento em
parques, cidades turísticas, etc. A mesma chamava-se “Mãe Cotri”, contudo vários foram os fatores
que colaboraram para enfraquecer a estrutura dessa empresa, um dos entrevistados relata algumas situ-
ações como a falta de controle na produção artesanal, desta forma o que deveria render lucro acabava
por dar prejuízos. Isso remete a uma questão de auto-organização que já começava a dar sinal de fa-
lhas dentro do complexo. O que era considerada a maior cooperativa do Estado nos anos 80, começa a
ter uma queda significativa tendo 40% do patrimônio comprometido. A mãe Cotrijuí deixou uma co-
munidade inteira órfã de desenvolvimento econômico e sustentável e de valorização do produtor fami -
liar. Entretanto a história fica para servir de exemplo que a falta de organização autogestionária, profis-
sionalismo do grupo dirigente e comprometimento com o coletivo leva, mesmo uma cooperativa forte,
à falência.
A empresa Coradini nasceu em 1950 com a sociedade de dois irmãos, Carlos e Alcides Coradi-
ni, em Faxinal do Soturno, um trabalho totalmente coletivo, onde homens, mulheres e crianças traba-
lhavam para sobrevivência, tinham como foco principal a plantação de arroz e como meio de diversi -
ficar este trabalho a exploração de madeira. Os irmãos eram imigrantes, chegaram por Cachoeira, pas-
saram por Santa Maria e estabeleceram-se na quarta colônia, município de Faxinal do Soturno. Comer-
cializava o arroz nas regiões de colônia, por volta de 1965 e empresa fica mais forte abrindo filial em
Caçapava com vendas em Bagé e Dom Pedrito. Em meados de 1968 deixa a serralheria para dedicar-
se exclusivamente a plantação de arroz, nesta época surge uma possibilidade de compra de terra em
Dom Pedrito. Alcides fica em Faxinal e Carlos em Caçapava. Alcides se estabelece em Dom Pedrito
em 1970. As dificuldades para trabalhar eram significativas, o governo só fornecia a semente para o
plantio, diferente da realidade atual que contribui mais com fomentos de incentivo para o agricultor. O
total de funcionários é de 150 no engenho e no campo 100 funcionários, numa perspectiva mais em-
presarial, com um grupo que concebe e comanda a produção bem claro.
Já a empresa C. Vale instituída em Palotina (PR) constatou a falta de locais para armazena-
mento da produção no município, houve então a necessidade da formação de uma cooperativa, com
isso, cinco produtores tomaram a iniciativa de começar este empreendimento, a qual recebe primeira-
mente vinte e quatro associados. Vale ressaltar que todos os dirigentes entrevistados possuem forma -
ção superior, às dificuldades para o escoamento da safra e a ausência de crédito e assistência técnica
levaram este grupo de agricultores a fundar, em 7 de novembro de 1963, a Cooperativa Agrícola Mista
de Palotina Ltda (Campal). Em 1969 aconteceu o início efetivo das atividades da cooperativa com o
recebimento de trigo em armazém de um moinho de Palotina. Em 1970 teve início a construção do pri-
meiro armazém da cooperativa, que ficou pronto no início do ano seguinte.
O rápido crescimento da produção levou a Campal a iniciar a fase de estruturação física com a
construção de unidades para recebimento de cereais no município de Palotina. Com a divisão territori-
al da região oeste entre as cooperativas, a Campal expandiu-se para além das fronteiras de Palotina, o
que levou os associados a modificar a razão social da empresa, em 1974, para Cooperativa Agrícola
Mista Vale do Piquiri Ltda (Coopervale). Em 1981, a Coopervale passou a atuar no Mato Grosso e, em
1984, no estado de Santa Catarina.
No início dos anos 90, a Coopervale montou um Plano de Modernização ouvindo milhares de
associados, em trabalho coordenado por Alfredo Lang, que viria a assumir a presidência da cooperati-

Anais III SIFEDOC - Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS – Erechim, 29 a 31 de março de 2017.
ISSN:
Resumo expandido apresentado no III Seminário Internacional de Educação do Campo e III Fórum de Educação do
Campo da Região Norte do Rio Grande do Sul: Resistência e Emancipação Social e Humana

va em 1995. Naquele ano, a Coopervale começou a executar o plano para tornar a empresa mais com -
petitiva e iniciar o processo de agregação de valores aos produtos primários.
Era o início de uma nova era para a cooperativa. A largada desta etapa aconteceu em outubro
de 1997, quando foi inaugurado o complexo avícola C.Vale. Este projeto deu aos associados a oportu -
nidade de produzir frango em grande escala (em grande quantidade). Outro aspecto importante da ati-
vidade está na rastreabilidade da cadeia produtiva.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se que a cultura acumulada historicamente vem se perdendo com as reformas e a


robotização imposta pela lógica do mercado competitivo. A partir do que observamos nas empresas
pesquisadas a busca incessante por qualificação profissional traz preocupação nas demandas de traba-
lho, pois na visão do agronegócio percebe-se que não é prioridade uma educação libertadora, favore-
cendo fundamentalmente uma perspectiva técnica.
Acreditamos que a alternativa é questionar, por um lado, a lógica econômica dominante, que
se mostra extremamente excludente. Por outro lado, precisamos problematizar a concentração dos
meios de produção e a concentração dos processos decisórios na gestão da produção. Devido ao his -
tórico do cooperativismo no Brasil, é necessário que a cultura da autogestão seja uma prática presente
já na escolarização das crianças, de modo que possamos viabilizar a transformação da cooperação he -
terogestionária para a cooperação autogestionária, sob controle das trabalhadoras e trabalhadores. Isso
significa que a educação deve oportunizar espaços de emancipação e autocontrole dos sujeitos, não só
no trabalho produtivo, mas também na organização social.
O Engenho Coradini viabiliza projetos sociais importantes na cidade, a exemplo da reforma
feita na Escola Rural Sucessão dos Moraes. Na C.Vale, observou-se que como exigência para admitir
funcionários é necessário ter ensino superior ou estar cursando, tem como propósito de trazer o siste-
ma de trabalho da empresa para nossa região conquistando a confiança dos produtores que estão ressa-
biados com a cooperativa existente no passado. Esta, a qual nos referiu (Cotrijuí), não nos permitiu
observar sua visão de cooperativismo.
Diante do exposto, acredita-se que a educação, através da conquista de seu espaço, pode de-
senvolver um amplo trabalho no campo, articulando debates viáveis entre agronegócio, agricultura,
pecuária e pesca, no sentido de desenvolver sujeitos pensantes e críticos. Para uma transformação
emancipatória é necessária uma transformação humana, que valoriza a biodiversidade das terras e lutas
culturais. A Educação do Campo que precisamos é voltada para o entrelaçamento dos saberes científi -
cos com o popular, fazendo a mediação trabalho, educação e sujeito do campo. O Agronegócio apre -
senta seu demanda educativa, é preciso que outros setores sejam ouvidos na formulação das políticas
educacionais.
A Educação do Campo nos faz refletir com um outro olhar, uma espécie de óculos em relação
as classes sociais, com mais respeito a diversidade das culturas e saberes, Acreditamos na importância
das diversas comunidades no processo de relação/interação transferindo experiências e conhecimento,
agregando sabedoria para a sociedade.

REFERÊNCIAS

LUKÁCS, G. Ontologia do Ser Social - Os Princípios Ontológicos Fundamentais de Marx. São Pau-
lo: Livraria Editora Ciências Humanas, 1979.
SAVIANI, Dermeval. Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos . Rev. Bras. Educ., Abr
2007, vol.12, no.34, p.152-165. ISSN 1413-2478

Anais III SIFEDOC - Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS – Erechim, 29 a 31 de março de 2017.
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